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ANAIS DO 56 CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 56CBC
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Fissurao de Origem Trmica em Blocos de Fundao: Quando Refrigerar
o Concreto?
Thermal Cracks in Foundation Blocks: When Concrete Should be
Cooled?
Grazielle Ribeiro Vicente (1); Selmo Chapira Kuperman (2);
Eduardo Issamu Funahashi Jr. (3)
(1) Engenheira Civil, Desek Ltda., [email protected] (2)
Diretor, Desek Ltda., [email protected]
(3) Engenheiro Civil, Desek Ltda., [email protected] Av.
Nove de Julho, 3229, cj. 1511 Jardim Paulista, So Paulo, SP
Resumo
Alguns blocos de fundao podem ser considerados como estruturas
de concreto massa e requerem meios especiais para reduzir a
possibilidade de fissurao. O presente trabalho apresenta estudo
paramtrico, por meio de simulaes computacionais em modelo
tridimensional, da concretagem de 30 blocos de fundao com bases
quadradas, variando as larguras de 1x1 m at 10x10 m e as alturas de
1 a 3 m, com concretos de fck 30 MPa e 40 MPa, com cimento CPII E
40, para as condies ambientais e materiais usualmente utilizados na
cidade de So Paulo. O clculo tridimensional das temperaturas e
tenses geradas no interior das estruturas possibilitou determinar
as condies necessrias para minimizar a fissurao de origem trmica do
concreto. Neste trabalho verificou-se que blocos que usualmente no
seriam considerados como estrutura de concreto massa e que em geral
no so considerados grandes, mostraram-se propensos a esse tipo de
manifestao patolgica. De acordo com os casos estudados isto pode
ocorrer para blocos com volumes de concreto iguais ou superiores a
22,5 m. Conclui-se que para verificar a possibilidade de ocorrncia
de fissurao de origem trmica no basta apenas conhecer a geometria
do bloco, necessrio o conhecimento das propriedades do concreto,
materiais constituintes, condies ambientais, propriedades da
fundao, propriedades das formas, condies de cura e das metodologias
construtivas. Palavra-Chave: concreto massa, fissura, software
b4cast, estudo trmico, refrigerao do concreto.
Abstract
Some foundation blocks may be considered mass concrete
structures and require special procedures to reduce the possibility
of cracking. This paper presents a parametric study, through
computational simulations, of 30 concrete foundation blocks with
square bases and varying widths from 1x1m to 10x10m and heights of
1 to 3 m, with fck 30 MPa and 40 MPa, with cement CPII E 40,
considering environmental conditions and materials commonly used in
So Paulo city. The three-dimensional calculation of temperatures
and stresses generated within structures allows the determination
of the necessary conditions to minimize thermal cracking of the
concrete. In this study it was found that blocks that usually would
not be considered as mass concrete structure and are generally not
considered "large", were subjected to this type of pathological
manifestation. According to the studied cases this may occur for
concrete blocks with volumes greater or equal to 22,5 m. The
conclusion is that to check the possibility of thermal cracking
occurrence is not enough only to know the geometry of the block; it
is necessary to know the properties of the concrete components,
environmental conditions, foundation properties, formwork
properties, curing conditions and constructive methodologies.
Keywords: mass concrete, crack, b4cast software, thermal study,
concrete cooling.
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1 Introduo
Este trabalho procura responder duas perguntas que
frequentemente aparecem quando da concretagem de blocos de fundao:
ser que ocorrero fissuras de origem trmica? Ser que necessrio
efetuar alguma medida de precauo? Neste trabalho so analisadas as
temperaturas e tenses de trao mximas que podem originar fissuras de
origem trmica em blocos de fundao. Alguns blocos de fundao podem
ser considerados como estruturas de concreto massa, que por definio
qualquer volume de concreto com dimenses grandes o suficiente que
requeiram meios especiais para controlar o calor gerado pela
hidratao do cimento e a consequente mudana de volume, a fim de
minimizar o risco de fissurao (ACI COMMITTEE 116, 2000). A anlise
trmica das estruturas massivas pode ser feita por meio de estudos
trmicos realizados com a utilizao de softwares. Estes estudos
simulam as condies reais de lanamento do concreto, de forma
incremental e possibilitam verificar o comportamento trmico no
interior da estrutura estudada, calculando as tenses e temperaturas
atingidas. A anlise dos resultados obtidos possibilita verificar a
necessidade de mudanas nos mtodos construtivos com o objetivo de
minimizar o aparecimento de fissuras. 2 Componentes do Concreto
O cimento o material responsvel por provocar reaes exotrmicas
que se adicionado em grande quantidade ao concreto gera muito
calor. A quantidade de calor produzida num volume unitrio de
concreto depende do tipo de cimento e do seu consumo no trao. A
dinmica ou velocidade de reao depende basicamente da finura do
cimento, relao gua-cimento, temperatura e presso do sistema. Apesar
dos agregados serem inertes, sua presena pode modificar a estrutura
de aglomerao dos gros de cimento e alterar a cintica das reaes de
hidratao. Segundo Neville (2013), o mesmo valor total de calor
produzido em um perodo de tempo maior pode ser dissipado de forma
gradual e, por consequncia, com menor elevao de temperatura
consequente das reaes exotrmicas de hidratao. Cada tipo de cimento
tem influncia diferente no resultado da argamassa ou do concreto,
afetando suas propriedades. Caso seja possvel, para minimizar os
efeitos trmicos no concreto, utiliza-se cimento de baixo calor de
hidratao. A NBR 13116 (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 1994)
estabelece que os cimentos normalizados (CPI, CPII, CPIII, CPIV e
CPV ARI) podem ser considerados como baixo calor de hidratao, desde
que os valores mximos de calor de hidratao liberado aos 3 e 7 dias,
sejam, respectivamente 260J/g e 300J/g. A utilizao de agregados com
propriedades trmicas convenientes (condutividade trmica, calor
especfico e coeficiente de dilatao trmica), baixo consumo de
cimento e a adoo de procedimentos que permitam a
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reduo das temperaturas no interior das estruturas tambm
contribuem para minimizar a possibilidade de fissurao de origem
trmica. necessrio entender a contribuio de cada material na
temperatura do concreto fresco. A quantidade e temperatura de cada
material na mistura e seu calor especfico so variveis que
determinam a temperatura inicial do concreto fresco. 3 Fissurao de
Origem Trmica
O concreto quando submetido a elevadas temperaturas tende a se
expandir proporcionalmente ao seu coeficiente de dilatao trmica.
Nas idades iniciais o concreto se apresenta no estado plstico,
portanto, no apresenta restries considerveis, porm medida que as
reaes de endurecimento vo ocorrendo e o concreto passa para o
estado viscoelstico, as restries expanso do concreto aumentam,
submetendo-o a tenses de compresso, as quais so de pequena
magnitude devido aos efeitos de fluncia nas idades iniciais. A
expanso do concreto ocorre at o instante em que a temperatura mxima
atingida e a partir deste instante comea a ocorrer o seu
resfriamento e consequente contrao. O concreto tende a voltar sua
forma inicial e caso haja restrio sua movimentao podem ocorrer
tenses de trao. O resfriamento do concreto ocorre at a estabilizao
da temperatura, ou seja, at o instante em que o concreto atinge o
equilbrio com a temperatura ambiente, conforme apresentado
esquematicamente na Figura 1.
Figura 1. Variao de temperatura no concreto
Fonte: Marques Filho (2005, apud WENDLER; TURRA E SERIGHELI
JUNIOR, 2007, p. 19) De acordo com Mehta e Monteiro (2008), a tenso
de trao resultante do resfriamento do concreto pode causar fissurao
dependendo do mdulo de elasticidade, do grau de restrio e da
relaxao da tenso decorrente da fluncia do concreto e determinada
pela Equao 1.
TEKrt += .)].1/(.[ (1) onde:
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t - tenso de trao; Kr - grau de restrio; E - mdulo de
elasticidade; - coeficiente de fluncia; - coeficiente de expanso
trmica;
T - variao de temperatura. O concreto massa fica restringido,
externamente, pela fundao de rocha ou, internamente, pelas
deformaes diferenciais em diferentes reas do concreto devido
presena de gradientes de temperatura. No caso de fundao rgida, h
restrio total na interface concreto rocha ( Kr = 1,0) e medida que
aumenta a distncia em relao base, a restrio diminui, como
apresentado na Figura 2.
Figura 2. Grau de restrio de trao na seo central.
Fonte: ACI COMMITTEE 207 (1998, apud MEHTA e MONTEIRO, 2008, p.
111)
4 Controle da Temperatura do Concreto Massa
As principais tcnicas construtivas para minimizar os efeitos
trmicos so: subdiviso de camadas com espessuras menores, construo
de recessos ou buracos verticais para facilitar o resfriamento,
aumento de intervalos de tempo de lanamentos consecutivos,
pr-refrigerao do concreto fresco, ps-refrigerao atravs de rede de
tubos com circulao de gua refrigerada e, em alguns casos,
recobrimento das superfcies das camadas com material isolante.
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A pr-refrigerao pode ser obtida de vrias maneiras, sendo as mais
comuns: emprego de gelo em substituio de parte da gua de
amassamento, uso de gua gelada, refrigerao dos agregados grados, e
em alguns casos refrigerao dos agregados midos na fabricao do
concreto. De modo geral, quanto mais baixa a temperatura do
concreto ao passar da fase plstica para a fase elstica, menor a
tendncia de fissurao. A ps-refrigerao efetuada pela passagem de gua
gelada ou ar frio em tubulaes embutidas no concreto. Outra prtica s
vezes empregada a de se efetuar a refrigerao do concreto, aps sua
mistura, por meio de nitrognio lquido. 5 Simulaes
Computacionais
Para determinar as condies necessrias para o aparecimento de
fissuras em blocos de fundao decidiu-se simul-los
computacionalmente empregando geometria varivel, concretos com
propriedades distintas e usando o software de elementos finitos
B4CAST. Com base em verificaes de projetos de blocos de fundao
recentemente construdos foram considerados concretos com fck de 30
e 40 MPa aos 28 dias. As geometrias dos blocos foram variadas
considerando sees quadradas e alturas variveis. Na regio de So
Paulo verifica-se a disponibilidade de escria de siderrgica,
portanto, normalmente se utiliza o cimento Portland composto com
adio de escria granulada de alto forno (CPII E) e o cimento
Portland de alto forno (CPIII). Neste trabalho utilizou-se o
cimento CPII E 40 nas simulaes. 5.1 Trao
Para a obteno dos traos utilizados nas simulaes dos blocos de
fundao de concreto foi utilizado o mtodo ABCP. O Quadro 1 apresenta
os consumos dos materiais constituintes dos concretos, que foram
obtidos atravs do mtodo da ABCP e utilizados nas simulaes.
Trao fck (MPa) Cimento (kg/m)
Brita 0 (kg/m)
Brita 1 (kg/m)
Areia natural (kg/m)
Areia artificial (kg/m)
gua (kg/m)
01 30 358 322 751 384 384 190 02 40 422 322 751 357 357 190
Quadro 1 Consumos dos materiais constituintes dos concretos.
Definido o trao, torna-se necessrio conhecer as propriedades dos
materiais, tais como calor especfico, condutividade trmica,
coeficiente de dilatao trmica, entre outros. 5.2 Propriedades
Trmicas do Concreto
As propriedades trmicas dos materiais constituintes do concreto
foram estimadas com base em bibliografias e considerando as
caractersticas dos materiais disponveis na regio de So Paulo. Os
valores de calor especfico e condutividade trmica dos materiais
constituintes do concreto considerados nas simulaes esto
apresentados no Quadro 2.
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Materiais Calor Especfico (cal/g.C) Condutividade Trmica
(W/m.K)
Cimento CPII E 40 0,159 1,27
Areia natural (quartzo) 0,191 3,06
Areia artificial (granito) 0,176 2,89
Brita 0 (granito) 0,176 2,89
Brita 1 (granito) 0,176 2,89
gua 1,00 0,63
Quadro 2. Calor especfico e condutividade trmica dos materiais.
Fonte: adaptado de Furnas (1997)
A partir dos valores constantes do Quadro 2 possvel calcular o
calor especfico e a condutividade trmica do concreto. A partir da
mdia ponderada foram obtidos os valores de calor especfico e
condutividade trmica do concreto, que resultaram em 0,94 kJ/kg.C e
9,0 kJ/m.h.C, respectivamente para o trao 1 e 0,94 kJ/kg.C e 8,8
kJ/m.h.C, respectivamente para o trao 2. Outra propriedade
essencial para o clculo trmico o coeficiente de dilatao trmica do
concreto (). O valor do coeficiente de dilatao trmica da pasta foi
obtido do livro de Furnas (1997) atravs da relao gua-cimento. A
partir da mdia ponderada entre os coeficientes de dilatao trmica da
pasta e dos agregados, foram obtidos os coeficientes de dilatao
trmica dos concretos que resultaram em 11,0x10-6/C e 11,4x10-6/C,
para os traos 1 e 2, respectivamente. Os valores do calor de
hidratao do cimento Portland composto com adio de escria granulada
de alto forno empregados foram os obtidos em ensaios realizados em
2012. Os valores obtidos atravs dos ensaios so apresentados no
Quadro 3.
Resultados (J/g)
12h 24h 41h 72h 120h 168h 148 260 282 288 294 301
Quadro 3. Calor de hidratao do cimento CPII E 40. Fonte: acervo
pessoal
A partir dos valores obtidos foi ajustada uma curva de modo que
os valores intermedirios pudessem ser determinados. O Grfico 1
apresenta a evoluo do calor de hidratao do cimento CPII E 40.
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0
148
260
282 288 294 301
0
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80
120
160
200
240
280
320
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170
Ca
lor
de
Hid
rata
o (
J/g
)
Tempo(horas)
Calor de Hidratao - Cimento Portland CP II E 40
CURVA DA EVOLUO DO CALOR DE HIDRATAO - CP II E 40 DADOS DO
ENSAIO
Grfico 1. Evoluo do calor de hidratao do cimento CPII E 40.
Fonte: acervo pessoal
A partir da evoluo do calor de hidratao, do consumo do cimento,
da massa especfica e do calor especfico do concreto foram
calculados os valores de elevao adiabtica do concreto a partir da
frmula de Rastrup. A evoluo da elevao adiabtica dos concretos
apresentada no Grfico 2.
0
10
20
30
40
50
60
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
Ele
va
o
de
Te
mp
era
tura
(C
)
Tempo(dias)
Elevao adiabtica
Trao 1 (fck = 30 MPa) Trao 2 (fck = 40 MPa)
Grfico 2. Evoluo da elevao adiabtica do concreto. Fonte: acervo
pessoal
De acordo com Silva e Battagin (2012), as propores em massa de
cada material constituinte do concreto, seus respectivos valores de
calor especfico e temperatura influenciam na temperatura do
concreto. A temperatura de lanamento adotada para os concretos
utilizados nas simulaes computacionais foi considerada igual a 30C,
conforme resultados dos balanos trmicos.
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5.3 Condies de Contorno
As condies de contorno abrangem a temperatura ambiente, a
velocidade do vento, as frmas, entre outros. O valor da temperatura
mdia ambiente de So Paulo em 2012 considerado no clculo igual a
28C, com base nos estudos realizados pela Prefeitura de So Paulo em
2012. A velocidade do vento foi adotada como 10 km/h, baseado nas
informaes disponvel no site do Centro de Previso de Tempo e Estudos
Climticos (CPTEC). As propriedades do solo de fundao consideradas
na simulao so: - Massa especfica = 2600 kg/m; - Calor especfico = 1
kJ/kg.C; - Condutividade trmica = 2,2 kJ/m.h.C; - Mdulo de
elasticidade = 26 GPa; - Coeficiente de Poisson = 0,21. 5.4
Propriedades Mecnicas do Concreto
O coeficiente de Poisson foi estimado a partir da dosagem do
concreto. O valor do coeficiente de Poisson adotado para os clculos
foi de 0,21. A partir das resistncias caractersticas compresso do
concreto adotadas foi estimada uma curva aproximada das resistncias
compresso. Os resultados so apresentados no Grfico 3.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Re
sis
tn
cia
C
om
pre
ss
o
(M
Pa
)
Tempo(dias)
Resistncia Compresso Estimada
Trao 1 (fck = 30 MPa) Trao 2 (fck = 40 MPa)
Grfico 3. Evoluo da resistncia compresso do concreto Fonte:
acervo pessoal
Os valores de resistncia trao do concreto foram considerados
iguais a 10% dos valores de resistncia compresso. O Grfico 4
apresenta os valores considerados nos clculos trmicos.
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1
2
3
4
5
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Re
sis
tn
cia
T
ra
o
(M
Pa
)
Tempo(dias)
Resistncia Trao Estimada
Trao 1 (fck = 30 MPa) Trao 2 (fck = 40 MPa)
Grfico 4. Evoluo da resistncia trao do concreto. Fonte: acervo
pessoal
O mdulo de elasticidade do concreto foi calculado atravs da
frmula da NBR 6118 (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 2007)
que leva em conta os resultados de resistncia compresso. O Grfico 5
apresenta a evoluo do mdulo de elasticidade utilizado no estudo
trmico.
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
M
du
lo d
e E
las
tic
ida
de
(M
Pa
)
Tempo (dias)
Mdulo de Elasticidade Estimado
Trao 1 (fck = 30 MPa) Trao 2 (fck = 40 MPa)
Grfico 5. Evoluo do mdulo de elasticidade do concreto. Fonte:
acervo pessoal
6 Anlise dos Resultados
Para analisar os resultados obtidos atravs dos clculos e
comparar os blocos simulados foi necessrio estabelecer um padro de
anlise, ou seja, foram escolhidos alguns pontos de estudo. Os
pontos foram localizados no centro dos blocos variando de 10% a 90%
a altura acima da base, como mostra a Figura 3.
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Figura 3. Localizao dos pontos de estudo
Fonte: acervo pessoal A Figura 4 apresenta as isotermas obtidas
da simulao do bloco com dimenses 10mx10mx3m e concreto de fck = 40
MPa.
Figura 4. Isotermas fornecidas pelo software B4CAST - Localizao
dos pontos no bloco com dimenses
10mx10mx3m. As temperaturas mximas nos pontos de estudo dos
blocos de concreto so apresentadas no Grfico 6, Grfico 7 e no
Grfico 8, respectivamente.
30
35
40
45
50
55
60
65
70
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Tem
pe
ratu
ra (
C)
Porcentagem da altura do bloco
Temperaturas mximas nos blocos com altura igual a 1m
L=1 m L=3 m L=5 m L=8 m L=10 m
30
35
40
45
50
55
60
65
70
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Te
mp
era
tura
(C
)
Porcentagem da altura do bloco
Temperaturas mximas nos blocos com altura igual a 1m
L=1 m L=3 m L=5 m L=8 m L=10 m Grfico 6. Temperaturas mximas nos
pontos de estudo dos blocos com altura igual a 1 metro
(concreto
com fck = 30 MPa, esquerda, e fck = 40 MPa, direita).
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11
30
40
50
60
70
80
90
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Tem
pe
ratu
ra (
C)
Porcentagem da altura do bloco
Temperaturas mximas nos blocos com altura igual a 2m
L=1 m L=3 m L=5 m L=8 m L=10 m
30
40
50
60
70
80
90
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Te
mp
era
tura
(C
)
Porcentagem da altura do bloco
Temperaturas mximas nos blocos com altura igual a 2m
L=1 m L=3 m L=5 m L=8 m L=10 m
Grfico 7. Temperaturas mximas nos pontos de estudo dos blocos
com altura igual a 2 metros (concreto com fck = 30 MPa, esquerda, e
fck = 40 MPa, direita).
30
40
50
60
70
80
90
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Tem
pe
ratu
ra (
C)
Porcentagem da altura do bloco
Temperaturas mximas nos blocos com altura igual a 3m
L=1 m L=3 m L=5 m L=8 m L=10 m
30
40
50
60
70
80
90
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Te
mp
era
tura
(C
)
Porcentagem da altura do bloco
Temperaturas mximas nos blocos com altura igual a 3m
L=1 m L=3 m L=5 m L=8 m L=10 m Grfico 8. Temperaturas mximas nos
pontos de estudo dos blocos com altura igual a 3 metros
(concreto
com fck = 30 MPa, esquerda, e fck = 40 MPa, direita).
Atravs da anlise do Grfico 6, Grfico 7 e do Grfico 8 possvel
verificar que as maiores temperaturas se encontram entre 30% e 50%
da altura dos blocos simulados, ou seja, onde a dissipao de calor
menor. Nos pontos localizados abaixo de 30% da altura verifica-se
que as temperaturas mximas so menores devido troca de calor entre o
concreto e o solo e acima de 50 % da altura ocorre a dissipao de
calor para o meio externo e quanto mais prximo da superfcie
superior dos blocos, menor a temperatura mxima. Verificou-se, como
era de se esperar, que as temperaturas mximas dos blocos com
larguras da base iguais a 1 metro so consideravelmente inferiores s
temperaturas mximas dos blocos com larguras da base iguais a 3, 5,
8 e 10 metros e que as temperaturas mximas obtidas nestes ltimos
blocos so prximas. Observou-se tambm que quanto maior a altura do
bloco, maiores so as temperaturas mximas obtidas. Para verificar a
possibilidade de fissurao do concreto foram determinadas as tenses
mximas de trao nos pontos de estudo e comparadas com a resistncia
trao do concreto. Nos pontos em que as tenses de trao mximas
superaram a resistncia do concreto trao podem ocorrer fissuras.
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As tenses de trao mximas nos pontos de estudo dos blocos de
fundao com alturas iguais a 1, 2 e 3 metros e larguras da base (L)
variveis so apresentadas no Grfico 9, Grfico 10 e no Grfico 11,
respectivamente.
Grfico 9. Tenses de trao mximas nos pontos de estudo dos blocos
com alturas iguais a 1 metro
(concreto com fck = 30 MPa, esquerda, e fck = 40 MPa,
direita).
Grfico 10. Tenses de trao mximas nos pontos de estudo dos blocos
com alturas iguais a 2 metros
(concreto com fck = 30 MPa, esquerda, e fck = 40 MPa,
direita).
Grfico 11. Tenses de trao mximas nos pontos de estudo dos blocos
com alturas iguais a 3 metros
(concreto com fck = 30 MPa, esquerda, e fck = 40 MPa,
direita).
No Grfico 9, Grfico 10 e no Grfico 11 observa-se que as tenses
mximas de trao ocorrem nos pontos localizados entre 10% e 40% da
altura e que as tenses de trao mximas aumentam medida que as
dimenses dos blocos tambm aumentam. As tenses de trao so maiores
para os blocos de concreto com fck igual a 40 MPa aos 28 dias do
que para os blocos de concreto com fck igual a 30 MPa aos 28 dias.
Alm disso,
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os blocos com altura igual a 1 m no apresentaram fissurao,
considerando fator de segurana igual a 1,0. As tenses de trao
mximas nos pontos de estudo localizados a 10%, 20%, 30%, 40% e 50%
da altura dos blocos (representados por 0,1H; 0,2H; 0,3H; 0,4H e
0,5H, respectivamente) com dimenses da base iguais a 1m, 3 m, 5 m,
8 m e 10 m, respectivamente so apresentados no Grfico 12, Grfico
13, Grfico 14, Grfico 15 e Grfico 16.
Grfico 12. Tenses de trao mximas nos pontos de estudo at 50% da
altura dos blocos com largura da
base igual a 1 metro (concreto com fck = 30 MPa, esquerda, e fck
= 40 MPa, direita).
Grfico 13. Tenses de trao mximas nos pontos de estudo at 50% da
altura dos blocos com largura da
base igual a 3 metros (concreto com fck = 30 MPa, esquerda, e
fck = 40 MPa, direita).
Grfico 14. Tenses de trao mximas nos pontos de estudo at 50% da
altura dos blocos com largura da
base igual a 5 metros (concreto com fck = 30 MPa, esquerda, e
fck = 40 MPa, direita).
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Grfico 15. Tenses de trao mximas nos pontos de estudo at 50% da
altura dos blocos com largura da
base igual a 8 metros (concreto com fck = 30 MPa, esquerda, e
fck = 40 MPa, direita).
Grfico 16. Tenses de trao mximas nos pontos de estudo at 50% da
altura dos blocos com largura da
base igual a 10 metros (concreto com fck = 30 MPa, esquerda, e
fck = 40 MPa, direita).
Com base na anlise do Grfico 12, Grfico 13, Grfico 14, Grfico 15
e Grfico 16 possvel observar que, considerando fator de segurana
igual a 1,0, os blocos com largura da base igual a 1 m no
apresentaram fissurao, entretanto, os blocos com largura da base
igual a 3 m apresentam fissurao quando a altura superior a 2,7 m,
para concreto com fck = 30 MPa e 2,5 m, para concreto com fck = 40
MPa e os blocos com larguras da base iguais a 5 m, 8 m e 10 m
apresentaram fissurao quando a altura superior a 1,5 m. Verifica-se
que quanto maior o volume de concreto dos blocos, maiores so as
tenses de trao mximas e que a evoluo das temperaturas e tenses de
trao mximas dos blocos de concreto com fck igual a 30 MPa e 40 MPa
aos 28 dias apresentam comportamentos similares, porm com valores
distintos. Os blocos com larguras da base iguais a 5 m, 8 m e 10 m
apresentam valores de tenses mximas de trao prximos. Como as tenses
de trao esto relacionadas ao grau de restrio, mdulo de elasticidade
do concreto, ao gradiente de temperatura, entre outros fatores,
estes resultados podem ser justificados pela proximidade destes
valores nestes blocos.
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7 Concluses As temperaturas mximas nos concretos aumentam
proporcionalmente s dimenses dos blocos sendo que para uma mesma
altura, os blocos com reas da base superiores a 3x3 metros
apresentam temperaturas mximas praticamente iguais. Portanto, as
temperaturas mximas do concreto, para blocos com mesma altura,
propriedades, condies de contorno e de lanamento no so
significativamente influenciadas para blocos com rea da base
superiores a 3x3m. As temperaturas mximas so maiores nos pontos
localizados entre 30% e 50% da altura dos blocos e as tenses mximas
de trao so maiores nos pontos localizados entre 10% e 40% da altura
dos blocos a partir das fundaes. Os resultados obtidos nos blocos
de concreto com fck igual a 30 MPa aos 28 dias apresentaram
comportamentos similares aos resultados dos blocos de concreto com
fck igual a 40 MPa aos 28 dias, porm, as temperaturas e tenses de
trao mximas so maiores nos blocos com fck igual a 40 MPa aos 28
dias. Isto se deve principalmente pelo fato de que o consumo de
cimento maior no concreto com maior fck, portanto, as temperaturas
so maiores e consequentemente as tenses. De acordo com os
resultados obtidos neste estudo verifica-se que os blocos com
volumes de concreto superiores a 22,5 m (3mx3mx2,5m) para fck = 30
MPa e 24,3 m para fck = 40 MPa podem ser considerados como
estruturas de concreto massa, devido possibilidade de fissurao por
origem trmica. Conclui-se que para verificar a possibilidade de
ocorrncia de manifestaes patolgicas de origem trmica no basta
conhecer apenas a geometria do bloco, mas tambm necessrio ter
conhecimento das propriedades do concreto, de seus materiais
constituintes, das condies ambientais, das propriedades da fundao,
propriedades das frmas, condies de cura e das metodologias
construtivas. Para reduzir a possibilidade de fissurao de origem
trmica, recomenda-se a realizao de estudos trmicos para determinar
os procedimentos necessrios para a minimizao deste problema
potencial. Os procedimentos utilizados para minimizar as fissuras
de origem trmica so: reduo do consumo de cimento, utilizao de
cimento com baixo calor de hidratao, utilizao de materiais
pozolnicos, utilizar gelo em substituio gua, resfriar os agregados,
aumentar o intervalo de lanamento entre as camadas de concretagem,
reduzir a altura das camadas de concreto, lanar o concreto quando
as temperaturas ambientes so baixas, ps-resfriamento do concreto
atravs da colocao de tubulaes embutidas, remoo precoce das formas
ou utilizao de formas de ao para contribuir para a dissipao de
calor.
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8 Referncias
ACI Committee116. Cement and Concrete Technology (ACI 116R-00).
American Concrete Institute, Farmington Hills, Mich., 2000.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 6118: Projeto de
estruturas de concreto - Procedimentos. Rio de Janeiro, 2007.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 13116: Cimento Portland
de baixo calor de hidratao. Rio de Janeiro, 1994. FURNAS.
Concretos: Ensaios e Propriedades. So Paulo: Ed. PINI, 1997. MEHTA,
P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: Microestrutura, Propriedades e
Materiais. 3. ed. So Paulo: Ed. IBRACON, 2008. NEVILLE, A.M;
BROOKS, J.J. Tecnologia do concreto. 2. ed. Porto Alegre: BOOKMAN,
2013. 448p. SILVA, C. O.; BATTAGIN, A. F. Impacto da temperatura do
cimento na temperatura do concreto. Revista Concreto e Construes,
So Paulo, n. 65, p. 19-24, jan./mar. 2012. WENDLER, A. P.; TURRA,
C.; SERIGHELI JUNIOR, I. Estudo de fissurao trmica do concreto em
barragens. 2007. 78 f. Monografia (Especializao em Patologia em
Construo Civil)-Universidade Tuiuti do Paran, Curitiba, 2007.