PERFURAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL NOS BLOCOS PN-T-137, PN-T-151 E PN-T-165, NA BACIA DO PARNAÍBA, PIAUÍ Estudo de Impacto Ambiental - EIA Coordenador: Técnico: Índice 1/1 3095-00-EIA-RL-0001-00 Setembro de 2016 Rev. nº 00 ÍNDICE 5 - Diagnóstico Ambiental ........................................................................... 1/20 5.1 - Meio Físico .................................................................................. 1/20 5.1.1 - Geologia Local e Regional.......................................................... 1/20 ANEXOS Anexo 5.1.1-1 Mapa Geológico do Bloco PN-T-137 - 3095-00-EIA-MP-2001 Mapa Geológico do Bloco PN-T-151 - 3095-00-EIA-MP-2002 Mapa Geológico do Bloco PN-T-165 - 3095-00-EIA-MP-2003
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5.1.1 - Geologia Local e Regional 1/20 - semar.pi.gov.br · Figura 5.1.1-8 - Carta de eventos do sistema petrolífero da Bacia do Parnaíba ..... 17/20 Figura 5.1.1-9 - Seção sísmica
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Cenozoicos. (BANDEIRA, 2013). Na Figura 5.1.1-5, pode-se observar a seção geológica
esquemática da Bacia do Parnaíba.
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Fonte: Modificado de Góes et al., 1993
Figura 5.1.1-5 - Seção Geológica Esquemática da Bacia do Parnaíba
A Bacia do Parnaíba é composta por sedimentos desde o cambriano até o mesozoico (Figura
5.1.1-6). Em toda a porção meridional e oriental afloram os sedimentos paleozoicos, enquanto
em suas partes ocidental e setentrional predominam as coberturas mesozoicas. As considerações
aqui resumidas foram extraídas do Boletim de Geociências da Petrobras, vol. 15, n° 2, pg. 253-
263, 20072.
O embasamento pré-cambriano da Bacia do Parnaíba é constituído por rochas metamórficas,
ígneas e sedimentares, por correlação com os litotipos existentes nas bordas da bacia, cujas
idades abrangem um longo intervalo: do Arqueano ao Ordoviciano. Duas unidades sedimentares
da Bacia do Parnaíba fazem parte do embasamento: Formação Riachão, do proterozóico médio
ou superior, e Grupo Jaibaras, possivelmente de idade cambro-ordoviciana.
Cinco megasequências formadas por ciclos transgressivos e regressivos podem ser caracterizadas:
Sequência Siluriana, Mesodevoniana-Eocarbonífera, Neocarbonífera-Eotriássica, Jurássica e
Cretácea. Estas megasequências são limitadas por discordâncias que se estendem por toda a
bacia.
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A sequência Siluriana assenta-se discordantemente sobre o embasamento. Corresponde
litoestratigraficamente ao Grupo Serra Grande, que é composto pelas formações Ipu, Tianguá e
Jaicós. A Formação Ipu é constituída por arenitos conglomeráticos com matriz areno-argilosa.
Predominam ambientes periglaciais. A Formação Tianguá é composta por folhelhos escuros e
arenitos finos a médios, depositados em ambiente plataformal raso. A Formação Jaicós é
constituída de arenitos grossos, contendo seixos angulares, maciços ou com estratificação
cruzada, depositados em sistema fluvial entrelaçado.
A sequência Mesodevoniana-Eocarbonífera, assentada discordantemente sobre a sequência
sotoposta, corresponde litoestratigraficamente ao Grupo Canindé, que por sua vez compreende
cinco formações, a saber: Formação Itaim, Formação Pimenteiras, Formação Cabeças, Formação
Longá e Formação Poti. A Formação Itaim é composta por arenitos finos a médios com
intercalações de folhelhos na base. Os depósitos são de origem plataformal com influência de
marés e tempestades. A Formação Pimenteiras consiste, principalmente, de folhelhos cinza
escuros a pretos, radioativos, ricos em matéria orgânica, e representam a transgressão marinha
que gerou o evento anóxico do Frasniano. Esta sedimentação deu-se em um ambiente
plataformal dominada por tempestades. A Formação Cabeças é composta predominantemente
por arenitos médios a grossos, com intercalações de folhelhos e diamictitos na parte superior. A
ocorrência de tilitos e seixos estriados denotam um ambiente periglacial. A Formação Longá é
caracterizada por folhelhos cinza-escuros a pretos, bioturbados, com intercalações de arenitos
em sua porção mediana. A parte basal da Formação Poti compreende uma sucessão de estratos
de arenitos cinza-esbranquiçados, médios, com lâminas dispersas de siltito, e a parte superior de
arenitos e folhelhos com níveis de carvão.
A sequência Neocarbonífera-Eotriássica compreende o Grupo Balsas, composto pelas formações
Piauí, Pedra do Fogo, Motuca e Sambaíba. A Formação Poti é composta por arenitos médios,
maciços ou com estratificações cruzadas de grande porte, intercalados com folhelhos. Já a parte
superior contém arenitos vermelhos com intercalações de folhelhos vermelhos, calcários e finas
camadas de sílex. Interpreta-se um ambiente fluvial com contribuição eólica, num clima semi-
árido a desértico. A Formação Pedra do Fogo, de idade Permiana, apresenta uma gama variada
de rochas: sílex, calcário pisolítico e oolítico, eventualmente estromatolíticos, intercalados com
arenitos, folhelhos e anidritas. Estas sequências foram depositadas em ambiente marinho raso
com planícies de sabkha. A Formação Motuca, sobreposta à Formação Poti, corresponde a um
siltito vermelho, intercalado a arenitos brancos, finos a médios. Anidritas e calcários estão
subordinados. Um ambiente desértico é proposto para esta formação. A Formação Sambaíba é
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composta por arenitos vermelhos, finos a médios, com estratificações cruzadas de grande porte
com feições típicas de sedimentos eólicos.
A sequência Jurássica é constituída pela Formação Pastos Bons. Na sua base predominam
arenitos brancos, fino a médios; na parte média ocorrem siltitos, folhelhos e argilitos. Na parte
superior encontram-se arenitos avermelhados, gradando para siltito. A Formação Pastos Bons
assenta discordantemente sobre as formações paleozoicas. Predominam ambientes lacustrinos
em clima semiárido a árido.
A sequência Cretácea é constituída pelas Formações Codó, Corda, Grajaú e Itapecuru. A
Formação Corda é constituída por arenitos vermelhos, muito finos a médios, ricos em óxidos de
ferro. Estratificações cruzadas de grande porte associadas a dunas eólicas são comuns nessa
unidade. A Formação Grajaú é composta por arenitos esbranquiçados, médio a grossos,
intercalados com níveis de conglomerados. Estruturas cruzadas acanaladas e marcas de carga são
abundantes. Na Formação Codó é encontrado folhelhos, calcários, siltitos, gipsita, anidrita e
arenitos. A Formação Itapecuru é formada por arenitos finos, friáveis, com estruturas diversas,
como, por exemplo, estratificações cruzadas swaley, hummocky, tabular escorregamento de
massa.
Na Bacia do Parnaíba ocorreram dois importantes eventos magmáticos. O primeiro, de idade
Triássico-Jurássico, compreende os corpos intrusivos da Formação Mosquito, em forma de diques
e soleiras que intrudem nas sequências Siluriana e Mesodevoniana-Eocarbonífera. A Formação
Sardinha, de idade do Cretáceo Inferior compreende derrames de basalto que se interdigitam às
formações da sequência do Cretáceo.
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Fonte: Petrobras, 2007
Figura 5.1.1-6 - Carta Estratigráfica da Bacia do Parnaíba.
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5.1.1.3.1 - Caracterização Geológica
Nesta seção é apresentada a descrição das unidades litoestratigráficas presentes nos Mapas
Geológicos - 3095-01-EIA-MP-2001, 3095-01-EIA-MP-2002 e 3095-01-EIA-MP-2003 e
apresentados nos Anexo 5.1.1-1. Tanto os nomes quanto as siglas das unidades foram extraídas
do GEOBANK da CPRM. Para as descrições das unidades foram utilizadas as informações do
mesmo banco de dados organizando as unidades de mapeamento sempre da mais recente para a
mais antiga.
5.1.1.3.1.1 - Quaternário
Q2a – Depósitos aluvionares
Ambiente resultante de acumulação de sedimentos de origem predominantemente fluvial
composto por dedimentos aluvionares inconsolidados constituídos por seixos, areias finas a
grossas, quatzosas ou quartzo-feldspática, com níveis de cascalhos, lentes de material silto-
argiloso e restos de matéria orgânica, relacionados a planícies de inundação, barras de canal e
canais fluviais atuais. Às vezes são capeados por sedimentos coluvionares e, localmente,
podem conter matacões (CPRM, 2010).
Na área de estudo aparecem apenas nos blocos exploratórios PN-T-137 e PN-T-151.
NQc – Depósitos colúvio-eluviais
Sedimento areno-argiloso, conglomerático, inconsolidado, composto por fragmentos
angulosos, grânulos, seixos, blocos e matacões de variados tipos de rochas, além de blocos de
arenitos esbranquiçados e ferruginosos. Alto potencial erosivo caracterizado por processos
erosivos que se iniciam superficialmente em forma de sulcos rasos e, posteriormente, evolui
para voçorocas.
Na área de estudo aparecem apenas no bloco exploratório PN-T-151.
5.1.1.3.1.2 - Cretáceo
J2c - Corda, Grupo Mearim
Unidade litoestratigráfica depositada sob regime continental desértico. Sua litologia é
constituída por arenitos avermelhados e arroxeados, com porções argilosas, de granulação
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fina a média e intercalações de níveis de folhelhos e siltitos. Está assentada sobre
paleodepressões de rochas basálticas e de diabásios, os quais funcionam como assoalho
semipermeável dessa unidade (CPRM, 2010).
Na área de estudo do empreendimento, essa unidade foi mapeada no bloco exploratório
PN-T-137.
K1_beta_s – Sardinha
Esta formação representa as manifestações vulcânicas na Bacia do Parnaíba que provenientes
de magmatismo do Cretáceo inferior de maneira correlata ao magmatismo Serra Geral com
caráter extrusivo, formando derrames e, secundariamente, diques. Ela possui porosidade
secundária e baixa permeabilidade gerada pelas fraturas incipientes, o que provoca a
redução de fluxo das águas das formações nas zonas de contato. Não apresenta boas
condições hidrogeológicas, sendo classificada como um aquiclude (CPRM, 2010)
Na área de estudo aparecem apenas no bloco exploratório PN-T-151.
5.1.1.3.1.3 - Permiano
P12pf - Pedra - de - Fogo, Grupo Balsas
A sequência sedimentar da Formação Pedra de Fogo é marcada por arenitos róseos de
granulação bimodal, com estratificação cruzada de baixo ângulo configurando dunas de
grande porte com base plana. Intercalam na base níveis de oncólitos e para o topo arenitos
róseos de grão fino com esteiras algálicas. No topo, os arenitos de granulação fina são
vermelhos e intercalados com argilitos vermelhos. Os arenitos apresentam acamamentos
lenticulares, gretas de dissecação, tepees, estruturas sigmoides de baixios arenosos e baixios
de maré. Arenitos róseos de granulação fina intercalam esteiras algálicas e níveis de
estromatólitos (Figura 5.1.1-7) (SANTOS, 2004).
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1 - arenito rosa, de grão fino, matriz
argilosa, acamamento ondulado.
2 - argilito vermelho e amarelo,
ondulado, com níveis de
estromatólitos.
3 - arenito rosa, de grão fino, com
esteiras algálicas.
4 - camadas de arenitos rosas, com
granulometria bimodal, estratificação
cruzada acanalada, base plana.
5 - estratificação plano-paralela.
6 - níveis oncólitos e silexitos.
Fonte: Adaptado de SANTOS (2004).
Figura 5.1.1-7 - Perfil esquemático da Formação Pedra de Fogo.
Para o topo, a sequência é transgressiva, com os sedimentos pelíticos de ambientes
subaquáticos onde ocorrem os níveis de atividade orgânica como esteiras algálicas e
estromatólitos. A Formação apresenta, na seção superior, arenitos argilosos silicificados com
níveis de esteiras algálicas e marcas de bioturbação. A sequência de sedimentação é
interpretada como sendo lagunar.
Essa unidade foi mapeada na área de estudo nos blocos exploratórios PN-T-151 e PN-T-165.
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5.1.1.3.1.4 - Carbonífero
C2pi – Formação Piauí, Grupo Balsas
Litologicamente esta formação compõe-se na parte inferior por arenitos róseos, homogêneos
ou com estratificação cruzada de grande porte, e intercalações de folhelhos vermelhos. Na
parte superior é constituída por arenitos avermelhados com intercalações de folhelhos
vermelhos, níveis de sílex e ocasionais calcários. O ambiente deposicional desta formação é
fluvial, com alguma contribuição eólica, e ocorreu em clima semiárido a desértico, com
breves incursões marinhas.
Esta unidade apresenta alta vulnerabilidade geotécnica em função da presença de material
inconsolidado, podendo ocorrer voçorocamentos e ravinamentos.
Na área de estudo essa unidade se encontra mapeada nos blocos exploratórios PN-T-137, PN-
T-151 e PN-T-165.
C1po – Formação Poti, Grupo Canindé
O nome dessa formação foi usado pela primeira vez para descrever os folhelhos carbonáceos
expostos no vale do rio Poti, no Piauí e, posteriormente, foi confirmada a presença de um
pacote sedimentar, situado estratigraficamente entre as formações Longá e Piauí. Composto
por arenito, siltito, folhelho e conglomerado de ambiente deltaico e de planícies de maré
dominadas por ondas e tempestades(CPRM, 2010).
A Formação Poti consiste em arenitos finos com ondulações truncadas (hummocky) e
laminações plano-paralelas, além de intercalações de arenitos e folhelhos contendo estruturas
wavy e linsen, mostrando marcas onduladas, caracterizando o retrabalhamento por ondas,
devido, provavelmente, a tempestades. Em alguns afloramentos, as marcas onduladas indicam
paleocorrente para sudoeste (SANTOS, 2004).
Na área de estudo, esta unidade pode ser encontrada nos blocos exploratórios PN-T-137 e
PN-T-151.
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5.1.1.3.1.5 - Devoniano
D3C1l - Formação Longá, Grupo Canindé
Composto por arenito, folhelho e siltito. Ambiente nerítico plataformal dominado por
tempestade.
A Formação Longá é constituída por delgadas intercalações de camadas de arenitos com
espessura variando de 3 a 10 cm, separadas por níveis de silte e/ou argila com 1 a 2 cm de
espessura. Os arenitos geralmente apresentam estratificação plano-paralela, mostrando
gradação normal e bases abruptas; às vezes laminação cruzada e marcas onduladas
assimétricas, indicando transporte para sudoeste (SANTOS, 2004).
Na área de estudo aparecem apenas no Bloco 137.
5.1.1.4 - Lineamentos Estruturais
Um lineamento pode ser caracterizado como uma feição linear mapeável da superfície, cujas
partes estão alinhadas numa relação retilínea ou levemente curvilínea que definem os padrões
das feições adjacentes e que presumivelmente refletem um fenômeno de subsuperfície (O'LEARY,
1976). Com o uso de técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento, além de consulta a
bancos de dados e mapeamentos oficiais, foram identificados e mapeados os lineamentos
marcantes que transpõe a área de estudo, os mesmo estão sendo apresentados nos Mapas
Geológicos - 3095-01-EIA-MP-2001, 3095-01-EIA-MP-2002 e 3095-01-EIA-MP-2003, apresen-
tados no Anexo 5.1.1-1.
Considerando as análises de Geologia Regional, cabe destacar a presença dos principais
lineamentos que estruturam a Bacia do Parnaíba: Lineamento Transbrasiliano, Senador Pompeu e
Picos-Santa Inês.
5.1.1.5 - Mapa Litoestratigráfico e Estrutural da AE
Como resultado da caracterização direto dos levantamentos secundários, estão sendo
apresentados os Mapas Geológicos - 3096-01-EIA-MP-2001, 3096-01-EIA-MP-2002 e 3096-01-
EIA-MP-2003, apresentados no Anexo 5.1.1-1, representando espacialmente todas as unidades
litoestratificas e lineamento estruturais.
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5.1.1.6 - Sistemas Petrolíferos
A exploração de hidrocarbonetos na Bacia do Parnaíba iniciou-se na década de 40 do século
passado. Com a entrada em cena da Petrobras, uma campanha exploratória foi intensificada nas
décadas de 50 e 60 com a perfuração de poços exploratórios baseados somente em geologia de
superfície. As primeiras atividades sísmicas só tiveram seu início nos anos 70. Em função da
escassez de dados, nenhuma descoberta foi realizada. Apenas foram constatados indícios de
hidrocarbonetos, principalmente gás, durante a perfuração e testes de formação. Os principais
indícios se localizavam na sequência Devoniana, Formações Cabeças e Poti, e na sequência
Siluriana, Formação Ipu.
A confirmação de indícios de gás recuperados em testes de formação demonstrava que havia um
sistema petrolífero atuante. Análises geoquímicas já mostravam que os folhelhos da Formação
Pimenteiras apresentavam alguns intervalos com um teor de matéria orgânica compatível com
uma rocha geradora. Não obstante, frente aos fracos resultados obtidos, a Bacia do Parnaíba foi
relegada a um segundo plano, tendo cessado as atividades exploratórias.
Durante a década de 80, com o avanço das técnicas geofísicas de gravimetria, magnetometria e
sísmica, a atividade exploratória foi retomada pela Petrobras, culminando com a descoberta de
gás no poço Capinzal, em arenitos da Formação Cabeças. Por razões econômicas à época da
descoberta o programa exploratório não foi levado avante.
Com a mudança do regime de monopólio para o regime de concessão, no leilão realizado pela
ANP em 2007, a empresa OGX arrematou vários blocos na Bacia do Parnaíba, incluindo aquele no
qual se encontrava o poço 2-CP-1-Ma (Capinzal), perfurado pela Petrobras. O poço 1-OGX-16-MA
foi perfurado na mesma estrutura e confirmou uma acumulação comercial de gás na Bacia do
Parnaíba, confirmando o potencial gaseífero.
O sistema petrolífero passou a ser denominado como Pimenteiras-Cabeças! e Pimenteiras-Poti!,
onde a rocha geradora é constituída pelos folhelhos betuminosos da Formação Pimenteiras e os
reservatórios são os arenitos das Formações Cabeças e Poti. Os elementos do sistema petrolífero
podem ser observados na Figura 5.1.1-8.
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Figura 5.1.1-8 - Carta de eventos do sistema petrolífero da Bacia do Parnaíba
5.1.1.6.1 - Rocha Geradora
A rocha geradora comprovada é constituída pelos folhelhos betuminosos e radioativos da Fm.
Pimenteiras, do Devoniano. Pelas análises geoquímicas realizadas, este folhelho encontra-se
imaturo, devido ao baixo soterramento. No entanto, postula-se que as intrusões ígneas da Fm
Mosquito, principalmente sob a forma de soleiras de diabásio, aceleraram o processo de
transformação da matéria orgânica dos folhelhos, colocando-os na fase regressiva de geração de
gás. Também os folhelhos da Fm. Tianguá (Siluriana) e Longá (Devoniana), apresentam níveis
com razoáveis teores de matéria orgânica. Não se pode negligenciar, do ponto de vista
exploratório, os folhelhos betuminosos da Formação Codó (Cretáceo Inferior).
5.1.1.6.2 - Rocha Reservatório
A principal rocha reservatório constatada até o momento é o arenito da Fm. Poti
(Eocarbonífera). Este arenito apresenta porosidade da ordem de 16%. Secundariamente, também
o arenito da Fm. Cabeças (Devoniana) apresenta porosidade de 11%. As Formações Ipú e Jaicós,
silurianas, e a Formação Piauí (Neocarbonífera) também podem apresentar condições de
porosidade e permeabilidade condizentes para a acumulação de gás. Não é desprezível a
possibilidade de ocorrerem reservatórios na seção pré-siluriana.
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5.1.1.6.3 - Selo
Os folhelhos das formações Tianguá, Pimenteiras, Longá e Pedra do Fogo constituem-se em selos
de razoável espessura e continuidade na bacia. Entretanto, o que se tem verificado nas
acumulações encontradas até o momento, é que o magmatismo intrusivo da Fm. Mosquito
desempenha um papel importantíssimo no sistema petrolífero conhecido. O magmatismo, além
de seu papel na maturação da matéria orgânica, ele propicia o fenômeno do metamorfismo de
contato nas encaixantes, sejam elas arenitos e ou folhelhos, gerando rochas metassedimentares
que atuam como selo, devido à sua baixíssima permeabilidade.
5.1.1.6.4 - Trapa
As intrusões ígneas, através dos saltos de soleiras, parecem contribuir com a formação dos
arqueamentos e estruturas positivas na formação das trapas. Não se pode descartar a ocorrência
de anomalias estruturais positivas decorrentes das falhas transcorrentes ativas durante a história
geológica da bacia. Inclusive, pode-se argumentar que as intrusivas ígneas se valem das falhas e
da fissilidade dos folhelhos para se intrudirem e provocarem as anomalias estruturais. Deste
modo, as trapas reconhecidas são do estilo estrutural (Figura 5.1.1-9). No entanto, não se
podem excluir as ocorrências de trapas paleogeomórficas associadas às grandes discordâncias
advindas das orogênias, principalmente a Orogênia Caledôniana, relacionada ao grande
aplainamento do topo do Siluriano.
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Fonte: ZALAN (2015)
Figura 5.1.1-9 - Seção sísmica em tempo passando pelo poço descobridor de gás 2-CP-1-MA. Notar estrutura condicionada pelas falhas transcorrentes (amarelo), as soleiras de diabásio (refletor vermelho e seta preta) e o topo do reservatório da Fm. Cabeças (refletor amarelo)
5.1.1.6.5 - Geração/Migração/Acumulação
Na parte central e setentrional da bacia as rochas geradoras do Devoniano atingiram as condições
de maturação térmica por ação da atividade ígnea. Os geradores pré-silurianos, se presentes,
podem ter atingido a maturação térmica por subsidência e soterramento ainda no Paleozóico.
A migração se daria dos depocentros em direção às trapas via carrier beds , dos quais podem-se
destacar as formações Jaicós-Itaim e Poti-Piauí, capazes de conduzir e redistribuir os
hidrocarbonetos. A tectônica transcorrente reativada ao longo de toda a história da bacia, teria
tido condições de acumular os hidrocarbonetos gerados em processos de qualquer idade, desde o
Pré-siluriano até o Cretáceo (BACOCCOLI, 2001).
PERFURAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL NOS BLOCOS PN-T-137, PN-T-151 E PN-T-165, NA BACIA DO PARNAÍBA, PIAUÍ
Estudo de Impacto Ambiental - EIA
Coordenador: Técnico:
5.1.1 – Geologia Local e Regional
3095-00-EIA-RL-0001-00 Setembro de 2016 Rev. nº 00
20/20
5.1.1.7 - Considerações Finais
De maneira geral o empreendimento será implantado sobre depósitos arenosos/areno-argilosos,
assim como em solos e sedimentos argilosos/silto-arenosos, que são bastante friáveis. A região
passa, em toda a sua história geológica, por um processo de entalhamento natural da rede de
drenagem, processo este, que pode ser intensificado por técnicas inadequadas de manejo de solo.