7/18/2019 29 - CONCUPISCÊNCIA http://slidepdf.com/reader/full/29-concupiscencia 1/22 Cornelius a Lapide, sj (1597-1637) + CONCUPISCÊNCIA Tradução por Uyrajá Lucas Mota Diniz O que é concupiscência Em si mesma, a concupiscência é o apetite dos sentidos, uma inclinação natural aos bens sensíveis; esta inclinaço, este apetite no so maus, a no se! "ue se#am cont!$!ios % !a&o e % 'ei e eus* + concupiscência no é uma potência mal p!ou&ia pelo emnio; nenuma potência poe se! m$ po! si mesma, nem poe se! p!ou&ia pelo emnio* + concupiscência no é tampouco o pecao o!i.inal; po!"ue o pecao o!i.inal é est!uío pelo /atismo, en"uanto a concupiscência aina pe!manece* 0o é, po! im, como o "ue! 2alvino, uma coisa co!!ompia pelo pecao o!i.inal e semelante a um o!no semp!e aceso "ue vomita o pecao* A concupiscência não é o pecado. O pecado vem da vontade + concupiscência, nascia o pecao o!i.inal e p!opa.aa po! ele, no é o pecao, seno uma pena o pecao* um motivo contínuo e combate, e luta e e vit4!ia; no é o pecao, a no se! "ue a vontae se una a ela*
Texto de Cornélio à Lápide traduzido da Obra "TESOROS DE CORNELIO Á LÁPIDE" - Tomo I, por Uyrajá Lucas Mota Diniz.
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
c) enim, pela concupiscência o o!.ulo a via; "uano le instou a "ue
e p!ecipitasse ese o alto o pin$culo o Demplo, p!ometeno-'e "ue
os +n#os !ecebe!iam-0o em suas mos*
Essa t!íplice concupiscência é cont!$!ia % antíssima D!inae
a) a os olos, "ue é a ava!e&a, é cont!$!ia a eus ai; po!"ue Ele é
libe!alíssimo e comunica sua essência e tuo o "ue tem ao Cilo, ao
Espí!ito anto e, po! participação, %s c!iatu!as*
b) + concupiscência a ca!ne é cont!$!ia ao Cilo, cu#a .e!aço no é ca!nal,
mas espi!itual*
c) < o!.ulo a via o é ao Espí!ito anto, "ue é Espí!ito e umilae e e
oçu!a*
Concupiscência da carne
+ concupiscência a ca!ne é o amo! aos p!a&e!es os sentios; tais p!a&e!es
viciam este co!po mo!tal o "ual i&ia o aulo es.!açao e mim, "uem me
libe!ta!$ este co!po e mo!teK -n1eli3 ego omo4 0uis me li"era"it de corpore
mortis ujus5 ( (om$ 8, :F)*
<s p!a&e!es os a&em esc!avos; venem-nos pa!a se!mos esc!avos o
pecao; ine!e-se o mesmo +p4stolo &enundatus su" peccato ( (om$ 8, 1F)* omais pesao os #u.os*
Esta concupiscência a ca!ne #$ at!aiu toos os males, toas as ene!miaes,
o ilAvio, a mo!te, causou a est!uiço e ooma etc*
Esta!mos aicionaos aos p!a&e!es os sentios é-nos al.o unestíssimo;
leva-nos ao mal, % .ula, % luA!ia, a ecessos espantosos* + concupiscência a ca!neé uma planta envenenaa "ue estene seus !amos em toas as i!eçBes e !oeia o
co!po* L$ em nossa ca!ne uma isposiço sec!eta, um levantamento unive!sal
Uniuiue sua cupiditas tempestas est$ .maas saeculum, a"sor"e"it! amatores suos
'orare no'it, non portare (#erm$ > de &er"is Dom$ in Matt$)*
< co!po "ue se co!!ompe é uma ca!.a pa!a a alma, i& a abeo!ia Corpu
uod corrumpitur, aggra'at animam (#ap$ >, 15)*
e a concupiscência no osse o.o, no evo!a!ia a casa, i& o =oo
2!is4stomo ( omil$ ad pop$)*
+ina "ue +o e sua !aça tivessem sio e!ios em sua inteli.ência, em sua
mem4!ia, em sua vontae e em seu apetite i!ascível, no o oi, contuo, muito mais
p!ounamente no apetite concupiscível* +ssim como uma e!a selva.em e aminta
se lança sob!e sua p!esa pa!a evo!$-la, a mesma manei!a a concupiscência se
lança sob!e o omem pa!a captu!$-lo, a!!ast$-lo aos eleites selva.ens e c!ueis, e
ent!e.$-lo aos at!ativos o pecao* e satisa&es os cap!icos e tua alma, ela a!$
e ti a i!!iso e $bula e teus inimi.os, i& o Eclesi$stico #e praestes animae tuae
concupiscentias ejus, 1aciet te in gaudium inimicis tuis ( 2ccli$ >8, 31)*
+o omem "ue se eia a!!asta! e omina! pela concupiscência poem se
aplica! a"uelas palav!as o almista 0o $ pa!te saia em too o meu co!po po!
causa e Dua ini.naço; est!emecem-me os ossos "uano consie!o meus pecaos,
po!"ue minas ini"uiaes sob!epu#am po! cima e mina cabeça, e como uma
ca!.a pesaa elas tem-me sob!eca!!e.ao* Jinas ca.as apo!ece!am-se e
co!!ompe!am-se po! causa e mina insensate&* Estou cobe!to e misé!ia, e
encu!vao até o solo ano too o ia cobe!to e t!iste&a* o!"ue minas ent!anas
esto plenas e a!o!, e no $ em meu co!po pa!te s* +li.io estou e abatio em
et!emo; a o!ça os .emios e meu co!aço me a& p!o!!ompe! em ala!ios* Jeu
co!aço est$ contu!bao, pe!i minas o!ças e até a p!4p!ia lu& os meus olos #$
me altam Non est sanitas carne mea, a 1acie irae tuae9 non est pa3 ossi"us meis, a
1acie peccatorum meorum$ 0uoniam iniuitates meae supergressae sunt caput
meum, sicut onus gra'e gra'atae sunt super me$ %utruerunt et corruptae sunt cicatrices meae, a 1acie insipientiae meae$ Miser 1actus sum, et cur'atus sum usue
ad 1inem9 tota die contristatus ingredie"ar$ 0uoniam lum"i mei impleti sunt
E, epois "ue o e& .asta! tuo, uma ome et!ao!in$!ia sob!evêm na"uela alma
ap!isionaa, e a ini.ência ce.a a ela a passos a.i.antaos 2t postuam omnia
consummasset, 1acta est 1ames 'alida, et ipse coepit egere ( Luc >8, 1F)* Ento, oti!ano a "uem ent!e.ou-se, envia-le a .ua!a! po!cos* +li, bem "uise!a a alma
sacia!-se com o "ue comem a"ueles animais imunos, po!ém nem isto le est$
pe!mitio Missit illum ut pasceret porcos$ 2t cupie"at implere 'entrem suum de
siliuis uas porci manduca"at, et nemo illi da"at ( Luc$ >8, 15-16)*
+ concupiscência é um mal "ue ato!menta a alma ano-le uma see e um
ese#o contínuo as coisas a te!!a "ue no poem p!eencê-la, nem saci$-la* 2e.a
a ve!-se plena e cap!icos, e pesa!es, e ecepçBes, temo!es e mil o!es*
ese#ais, e no tenes o "ue ese#ais Concupiscitis, et non a"etis9
1G ese#ais, po!"ue no tenes, e este ese#o p!ova "ue sois pob!es e
es.!açaos;
:G ese#ais e no tenes po!"ue a concupiscência é insaci$vel;
3G ese#ais e no tenes po!"ue o "ue tenes #$ no vos basta; é insípio pa!a
v4s;
FG ese#ais e no tenes po!"ue, no mesmo momento em "ue uma coisa "ue
buscais com a!o! p!opo!ciona-vos um p!a&e! eême!o, este p!a&e!
esapa!ece !apiamente;
5G ese#ais e no tenes po!"ue no possuis tanto o "ue ese#ais uanto ele
vos possui a v4s mesmos; tem-vos, e v4s no o tenes;
6G muitas ve&es, v4s no poeis .o&a! o "ue ese#ais;
7G muitas ve&es, no vos at!eveis a se!vi!-vos ele epois e tê-lo cobiçao
po! muito tempo*
+ssim é o ava!ento, amontoano !i"ue&as, vive com uma su!p!eenente
pa!cimnia, so!e p!ivaçBes, e "uase se mata e ome; en"uanto no tem, espe!a;"uano tem, p!iva-se* Eis a"ui como a concupiscência aina &omba e suas vítimas
e as a& ininitamente es.!açaas*
Castigos impostos ao consentimento da concupiscência
+ concupiscência no é mais "ue um sono "ue ato!menta* +"uele "ue
obeece % concupiscência é casti.ao pela mesma concupiscência, po!"ue, como se
lê no 'iv!o a abeo!ia, per uae peccat uis, per aec et toruetur (#ap$ >, 17)*
< ava!ento cobiça as !i"ue&as; elas se!o seu to!mento; o impuico busca o p!a&e!;
seus p!a&e!es se!o seu suplício* Essas poucas .otas e mel selva.em ama!.a!o a
taça em "ue ele as bebe* Enve!.ona!-se-$ e si mesmo*
< omem "ue cee ao impulso a concupiscência, aca na mesma satisaçoe seus ese#os, a pe!a a !a&o e a mem4!ia, a vontae, a libe!ae, a saAe,
a o!mosu!a, a !eputaço, a via; ele aca as t!evas, a emência, a esc!avio, as
um an#o e atan$s pa!a "ue me esboeteie* + !espeito o "ual, po! t!ês ve&es, pei
ao eno! "ue o apa!tasse e mim; e !esponeu-me /asta-te mina .!aça, po!"ue o
meu poe! b!ila e conse.ue sua inaliae po! meio a !a"ue&a, isto é "rila
mais sustentando ao omem em meio :s mais 'iolentas tentaç;es$ +ssim, é com
.osto "ue me .lo!ia!ei e minas !a"ue&as ou en1ermidades; pa!a "ue aça mo!aa
em mim o poe! e 2!isto3*
< melo! .ua!a a vi!tue, i& o @!e.4!io, é o sentimento a ebiliae
ante a es.!aça e as tentaçBes; e somente a so!emos com ce!ta meia, a im e
"ue a alma iel, "ue se eleva inte!io!mente %s vi!tues mais sublimes, mas
ete!io!mente est$ tentaa, no tena ocasio nem e esespe!a!-se, nem e
envaiece!-se* elo t!eco "ue caminamos na via a pe!eiço, escob!imos o "ue
!ecebemos e eus; com nossas culpas, ap!enemos e n4s mesmos a"uilo "ue
somosF*
eus, i& o /e!na!o, pe!mite "ue a concupiscência viva, toavia, em n4s*
+li.e-nos p!ounamente pa!a umila!-nos e pa!a "ue, coneceno o "ue a .!aça
nos p!opo!ciona, encont!emo-nos inclinaos a pei-la sem sessa!* +ssim, ope!aeus a nosso !espeito, t!atano-se e altas li.ei!as; #amais nos vemos intei!amente
liv!e elas, pa!a ap!ene! "ue, se no poemos evita! toos os pecaos veniais, no
é se.u!amente com nossas p!4p!ias o!ças "ue evita!emos os .!aves; e a im e "ue,
semp!e com vi.ilncia e temo!, ponamos toos os nosso cuiaos, toa a nossa
solicitue, no poe! a .!aça, cu#a inispens$vel necessiae tanto conecemos po!
uma contínua necessiae (#erm$ in Coena Domini)*
o! cu#a causa, continua o +p4stolo, eu sinto satisaço e alegria em minas
ene!miaes, nos ult!a#es, nas necessiaes, nas pe!se.uiçBes, nas an.ustias em
ue me 'ejo po! amo! e 2!isto* ois, "uano estou ébil, ento com a graça sou
3 2t ne magnitudo re'elationum e3tollat me, datus est mii stimulus carnis meae angelus #atanae ut me
colapizet$ %ropter uod ter Dominum roga'i ut discederet a me! et di3it mii9 %u&&icit ti$i gratia mea: nam
'irtus in in1irmitate per1icitur$ Li"enter igitur gloria"or in in1irmitati"us meis, ut ina"itet in me 'irtus
Cristi ( -- Cor >, 7-9)*4 <ptima 'irtutis custos est in1irmitas, 'el pressurarum, 'el tentationum9 et 1it certo moderamine, ut dum
uisue santorum jam uidem interius as summa rapitur, sed aduc tentatur e3terius, nec desperationis
lapsum, nec elationis incurrat9 sisue cognoscimus in pro1ectu uod accepimus, in de1ectu uod sumus ( Li"$
?ue eliciae encont!am o espí!ito, o co!aço, a consciência e a ca!ne em
combate! e em vence! a concupiscência* Ento a ca!ne est$ su#eita ao espí!ito, o
espí!ito a eus, e eus abençoa o co!po e o espí!ito* o co!po, =esus 2!isto a& seus
memb!os, e o Espí!ito anto seu templo; este Espí!ito e amo! estabelece sua
mo!aa na alma, ivini&a-a*
( necess)rio empregar energia para vencer a concupiscência
Escutai a De!tuliano + t!ombeta apost4lica, i& ele, anima ao combate os
solaos e 2!isto, a&eno !essoa! em seus ouvios as se.uintes palav!as 0o
!eine o pecao em vosso co!po mo!tal e moo "ue obeeçais a suas
concupiscências Non regnet peccatum in 'estro mortali corpore, ut o"ediat
concupiscentiis ejus ( (om$ 8, 1:)* 2ombatamos com valo!, a im e vence! e
e!!uba! a nossos inimi.os; e com o cuiao também e "ue no se#amos n4s os
vencios e umilaos* Em semelante combate, no ica! e!io si.niica uma
vit4!ia completa6*
+ p!oisso c!ist, i& o 'ou!enço =ustiniano, no consiste em a&e! mila.!es, em anuncia! o po!vi!, em ala! com elo"uência e conece! a uno as
a.!aas Esc!itu!as; consiste em combate! e !ep!imi! as concupiscências7*
<s meios e vence! a concupiscência so
1G o temo! e eus* eno!, t!anspassai minas ca!nes com vosso temo!, i&
o almista Con1ige timore tuo carnes meas ( %salm$ 2>8, 1:O)* Este
temo! sau$vel é uma leca poe!osa "ue mata os ese#os a concupiscência
a ca!ne*
:G o aulo inica o se.uno meio e alcança este im Ja!cai se.uno o
espí!ito, esc!eve aos @$latas #piritu am"ulate (7al$ 8, 16)* 84s vos6 Milites cristianos apost8lica tu"a isto sonitu accendit in praelium9 Non regnet peccatum in 'estro mortali
corpore, ut o"ediatis concupiscentiis ejus$ . criter dimicemus, ut ostes nostros mor1icicemur$ -n tali autem
pugna, sanitas erit tota 'ictoria ( .d Mari$)*7 <mnis disciplina cristianae pro1essionis, non in miraculis 1aciendis, non is 1utura praedicando, non in
eloui composito #cripturarumue e3planation! sed in resecandis concupiscentiis commendatur ( De -nter$