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192 Sant’Ana do Livramento Edição comemorava - Não pode ser vendido separadamente Sant’Ana do Livramento. Quinta-feira, 30 de julho de 2015 A PLATEIA 192 Sant’Ana do Livramento Anos
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Jul 22, 2016

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192Sant’Ana do Livramento

Edição comemorativa - Não pode ser vendido separadamente

Sant’Ana do Livramento. Quinta-feira, 30 de julho de 2015

A PLATEIA 192Sant’Ana do Livramento

Anos

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2 Sant’Ana do Livramento Quinta-feira, 30 de julho de 2015

A PLATEIA

192 Anos

DIAGRAMAÇÃO Jonathan Almeida Hendrick Soares

REVISÃO Michele AlbuquerqueEDItORA-chEfE

Elis Regina Cartaxo

Expediente

EDITORIAL

FOTO EDITORIAL

NOSSA CAPA

Terra de valentes

[email protected]

[email protected] 55 8446 8872 / 55 3242 2939

É sempre muito difícil resumir Livramento. Para cada um, pode-se dizer: uma Livramento. Mas se fosse possível, o que dizer? Livramento é terra para muitos, desde sua campanha até a cidade ela abraça cada vi-sitante e cada filho. São 192 anos de história e sempre vale lembrar suas paisagens, sua história, suas figuras mais ilustres e suas pessoas simples, que fazem do co-tidiano um prazer viver. A lição que fica para mais um aniversário é a daquele que cantou a sua terra num hino chamado de Cidade Diferente: “A terra que com os seus diferentes climas é capaz de formar, assim, pessoas valentes”. Sant’Ana do Livramento, terra de valentes.

Foto de Marcelo Pinto, o registro é uma visão aérea da cidade percorrendo em especial a chegada pela BR e suas avenidas principais.

Registro de Roberto Lemos, a foto fala por si do calor e da imensidão que nos dá a cidade, recheada de mis-térios, luz, tranquilidade e esperança; ao fundo o Cerro de Palomas.

DIREtORIA Antônio Badra Kamal Badra

EDIÇÃO Elis Regina Cartaxo

fOtOS Marcelo PintoMarcos OzananJadir PiresSandra Marques

Foto

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emo

s

PROJEtO GRÁfIcO Hendrick Soares

2 Sant’Ana do Livramento Quinta-feira, 30 de julho de 2015

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3Sant’Ana do LivramentoQuinta-feira, 30 de julho de 2015

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Sant’Ana do Livramento, por mais distante que esteja da capital, pode se orgulhar de ser uma cidade privilegiada. Ela está a uma distância de 498 km da capital Porto Alegre, a 500 km de Montevidéu (capital do Uruguai) e 634 km de Buenos Aires (capital da Argentina), três grandes polos de muita atividade e atrações turísticas. Embora no último censo realizado Livramento tenha apresentado um grande número de evasão populacional, a cidade possui uma área de 6 950,37km², sendo o segundo maior município gaúcho.Ela faz parte da Região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, destacando-se na pecuária (bovinos e ovinos) e na produção de arroz e soja. Mais recentemente, vem ampliando a produção frutífera, com destaque para a vitivinicultura.Em 2009, foi declarada oficialmente pelo Governo Brasileiro como a cidade-símbolo da integração brasileira com os países membros do Mercosul. Livramento, junto com sua cidade uruguaia vizinha, é conhecida como a Fronteira da Paz.

Livramento, uma terra de geografias

Fronteira da Paz

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5Sant’Ana do LivramentoQuinta-feira, 30 de julho de 2015

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Não dá para falar em aniversário e idade, sem referir-se um pouco ás origens. Os primeiros ocupantes conhecidos da região do atual município de Sant’Ana do Livramento foram os índios charruas e minuanos. Em seguida, vieram jesuítas espanhóis, depois ao longo do século XIX vieram imigrantes portugueses e italianos. Em 1810, a instabilidade política que levaria à independência das colônias espanholas na Bacia Platina motivou a vinda de tropas portuguesas para a região, com a finalidade de resguardar a fronteira luso-espanhola. Dessa mistura nasceu um povo hoje chamado santanense que continua a receber imigrantes de diversas regiões do país e do mundo. Sant’Ana do Livramento situa-se na fronteira do Brasil com o Uruguai; do outro lado da divisa seca (uma rua urbana), situa-se Rivera. Livramento registra mais de 100 quilômetros de faixa de fronteira seca com o Uruguai. Em 1912, passou a ter a primeira estação de trem do Brasil com tráfego internacional, entre Santana do Livramento e Rivera (Uruguai), fazendo com que os trens pudessem ligar Rio de Janeiro e São Paulo a Montevidéu e Buenos Aires. Atualmente, o Trem Internacional encontra-se desativado. Em Livramento a Estação de trem foi transformada da Estação Cultura que hoje recepciona diversas atrações artísticas. A área do município localizada entre o Rio Quaraí e o Arroio Invernada (denominada como Rincão de Artigas) é reclamada pelo governo do Uruguai desde 1934.Sua economia baseia-se no comércio, na agricultura, na pecuária e na viticultura.

Uma terra de origens indígenas

100 quilômetros de fronteira

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Quase irmã com o Parque Internacional, a hoje conhecida Praça dos Cachorros surgiu na década de 30 como um local privilegiado do convívio fronteiriço, depois sendo batizada de Praça João Pessoa. Um espaço que antes era cedido para o estacionamento de ônibus urbanos e da antiga estação rodoviária. No início dos anos 70, já sob a ditadura militar, a praça foi renomeada como “General Antônio Flores da Cunha”, em homenagem ao santanense, chefe político do Partido Republicano Riograndense, herói da revolução de 1923 e prestigiado

governador do Estado.Depois de tantas reviravoltas e debates sobre a sua tomada por vendedores ambulantes e camelôs, a Praça passou a ser um centro de compras, perdendo inclusive suas características, contudo, entrou 2015 para o aniversário da cidade totalmente renovada. A Praça foi restaurada em todos os aspectos e hoje está livre da ação de vendedores (pelo menos do lado brasileiro). A Praça Flores da Cunha ganhou de novo o seu aspecto jovial e se tornou um lugar para encontros e passeios de família.

Praça Flores da Cunha e o renascimento

Novos ares

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Falar em aniversário é fa lar do objeto. Aniversário de quem e o que é esse alguém. Livramento completa 192 anos de história e faz parte de sua história as mazelas, conquistas e fatos importantes. Um deles, que muito se relaciona com a nova Praça Flores da Cunha é a Conquista do Camelódromo ou Centro Popular de Compras. Depois que os vendedores saíram da Praça, todos receberam um espaço ao lado do Cinema Internacional para desenvolver suas atividades de comércio. O local ainda está recebendo melhorias e adaptações, contudo vem a ser uma alternativa para deter a clandestinidade.Em meio a controvérsias e uma chuva de opiniões, o Centro Popular de Compras também vem a ser história e motivo de orgulho para muitos trabalhadores. Para o santanense, fronteiriço e turista, dois ganhos: uma praça de volta e a manutenção das compras.

Um Centro de Compras Popular

Fronteira 7Sant’Ana do Livramento

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Visto pelos comerciantes gaúchos da fronteira com o Uruguai como a saída para dar novo fôlego ao varejo local, o projeto de lei que permite a criação de free shops

em municípios brasileiros com cidades gêmeas em outros países traz oportunidades, mas também riscos. No Estado, pelo menos 10 cidades estariam habilitadas para receber as lojas francas que venderiam produtos nacionais e importados sem impostos. Livramento já tem sua Lei e espera apenas pela regulamentação para então instalar em território santanense àquilo que será a semente da oportunidade. Vistos como concorrência por uns e ainda com receio por outros, a chegada de lojas francas em áreas de fronteira no lado brasileiro simbolizam independente de qualquer coisa o fortalecimento da economia, a captação de recursos, geração de empregos e oportunidade para trabalhos indiretos. A compra dos free shops na cidade gêmea de Sant’Ana do Livramento é uma forma de se proteger de oscilações

A esperança vem livre de impostos

Free Shops

econômicas. Apesar de o poder de compra uruguaio não ser grande, não há dúvidas de que os free shops brasileiros serão um bom negócio pela atração que os produtos mais baratos significarão para os consumidores do país vizinho. Após a chegada dos últimos anos de brasileiros atrás de preços baixos nos free shops uruguaios da fronteira, a possibilidade de lojas francas no lado de cá é considerada pelos comerciantes de cidades gaúchas como Sant’Ana do Livramento como uma oportunidade de recuperar parte das vendas. Uma estimativa da Associação Comercial e Industrial de Livramento (ACIL) indica que em 2011, estimulados pela valorização do real ante a moeda norte-americana, os brasileiros gastaram US$ 1,5 bilhão em bebidas, eletrônicos, perfumes e outros itens nas lojas francas fronteiriças do Uruguai. Nos cálculos da Fecomércio, a cifra chegou a US$ 2 bilhões, um movimento que determinou fechamento de lojas e perda de empregos. Livramento é uma terra que já ganha com o turismo que vem a Rivera, contudo, ganhando a chance de também poder vender produtos com a isenção de impostos dentro de uma cota será sem dúvida um atrativo que florescerá ainda mais a região. Esta é a vela de comemoração que muitos querem acender ao contrário de apagar.

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SÍTIOS DA FERRADURA DOS VINHEDOS:01 - Horto Vitivinícola - Localidade de Vigia - Estrada

Estadual Robledo Braz, 450102 - Vinícola Salton - Estrada Estadual Robledo Braz, 7857

03 - Vinícola Nova Aliança - Localidade de Passo dos Guedes - Estrada do Japonês, 1500

04 - Cerro da Cruz - Estrada do Japonês – entroncamento com – Av. Palomas

05 - Cemitério da Cruz - Estrada do Japonês – entroncamento com – Av. Palomas

06 - Passo da Cruz - Av. Palomas07 - Horto Florestal – EMBRAPA - Av. Palomas

08 - Vinícola Almadén - Av. Palomas, 869009 - Vinícola Cordilheira de Sant’Ana

10 - Cerro de Palomas

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O projeto “Ferradura dos Vinhedos” incentivado pela Secretaria Municipal de Turismo de Sant’Ana do Livramento criou uma nova rota da uva e do vinho na região. Desenvolvido pelo Prof. Avelar Fortunato da UNIPAMPA, o projeto ganhou mais que o mundo acadêmico e se tornou referencial para pesquisas e visitas de turistas locais e da região que queiram conhecer mais de perto o campo, o processo e a casa de cada vinho que já faz parte da tradição da mesa de muitas famí lias. A rota, que tem formato de ferradura, possui 4 vinícolas e recebe em média 280 mil turistas por ano. Além das visitas os turistas são convidados a provar o sabor dos vinhos das casas, além de poder desfrutar de almoços ou cursos de degustação. Além do potencial turístico para a cidade e região, o caminho revela belezas naturais, atrativos culturais, riquezas históricas, religiosas e sociais, destacando seu enorme patrimônio material e imaterial para além do vinho.

Ferradura dos Vinhedos: economia e

turismo lado a lado

Um lugar para chamar de nosso

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A folia do samba em veias

gaúchas

Carnaval10Sant’Ana do Livramento

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Festa, desfile, tradição e muita irreverência banham os carnavais de Sant ’Ana do Livramento. A terra tem sua história de carnavais de muitos anos e muitos foliões

contam e recontam como a tradição a tradição de celebrar a festa nas ruas começou. Sabe-se que muitos grupos surgiram de blocos de rua e com a ideia de fortalecer ainda mais a festa na cidade e região o Carnaval se tornou uma forma de celebrar a cultura também dos tradicionais desfiles, sem falar nos carnavais de clubes, onde cada um elege suas Rainhas e Princesas e n u m a m is tu ra m a is que especial o Carnaval transpassa fronteiras e numa mistura histórica o Carnaval Santanense também se encontra nos Clubes e festas riverenses. Depois de algumas crises, desde 2014, o Carnaval de Livramento ganhou novas forças e apoios e cada escola pode novamente sonhar com títulos e aplausos na passarela do samba. Cada vez mais profissionalizadas, os desfiles são preparados e nada fica de fora do que se tem em grandes centros urbanos de tradição carnavalesca. Tudo começa um mês depois de cada desfile. Almoços, festas, apresentações tudo é uma forma de cada escola atrair recursos para preparar o seu Carnaval. Além dos já famosos ensaios e apresentações das baterias. A tradição do Carnaval Internacional ainda não foi retomada, contudo, ninguém deixa de fazer a festa e para os fronteiriços o Carnaval tem sido em dose dupla. Nas duas últimas edições de carnavais da Fronteira da Paz, Acadêmicos e Tradição saíram como as vencedoras, títulos 2014 e 2015.

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Esta é com certeza uma nova era para L ivramento e um grande presente de aniversário que perdurará por muitos anos. Os aerogeradores vieram para ficar. Na Fronteira, a paisagem já se misturou ao campo e deixa qualquer um de boca aberta. As estruturas estão em Livramento desde 2012 e em 2015 com um detalhe mais que especial: aerogeradores 100% brasileiros, feitos em fábrica brasileira, em Jaguarão do Sul – SC, marca WEG.

Na área do Cerro Chato um Posto de Observação para turistas está sendo construído e se pretende um local para visitas diárias também de alunos de escolas, universidades, excursões e curiosos pela tecnologia. O espaço será uma casa ecológica, com energias renováveis, luz solar, tratamento de água, reservando espaço também para sala de exposições e auditório. O Complexo fica à aproximadamente 25 km do Centro da Cidade e apresenta potencial turístico de grande monta para gerar renda e desenvolvimento para a região.

Quando sopram os ventos da

mudança

Negócio para além de

turista ver

Energia eólica

A planta foi inicialmente construída em área de oito mil hectares e possui capacidade instalada de 90 MW (em progresso), sendo possível atender o consumo de aproximadamente 500 mil pessoas, o equivalente a mais de seis vezes a população de Sant’Ana do Livramento.

A vida de Dona Jussara Martins Gomes mudou depois da chegada das torres (os grandes moinhos de vento). Jussara morava numa casinha pequena, no meio do campo e sobrevivia com a agricultura familiar dela e da família, acontece que agora uma torre foi instalada em terra de sua propriedade e isto significará ganhos para Dona Jussara. Jussara é só alegria e sonho com o que poderá ganhar e construir a partir dessa conquista. A vida no campo vai continuar, mas os ventos nunca mais serão os mesmos.

Uma ideia plantada para o futuro

O vento sopra e a comunidade se

move junto

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Em 2015, o 40º Festival Internacional de Pandorgas aconteceu no Complexo Eólico Cerro Chato como uma atividade inédita. O evento atraiu diversos santanenses que não se importaram com a distância. Levantar pandorga, pipa ou papagaio é uma tradição da Fronteira e acontece em formato de festival sempre duramente a Semana Santa. Ela é uma característica da cidade e muitas pessoas personalizam a sua, seja com o time de futebol, bandeiras do Rio Grande do Sul ou mesmo com as cores de Brasil e Uruguai. Também existe em Livramento uma competição por categorias, seja tamanhos, cores, desenhos e criatividade, mas santanense que preze pela tradição não pode passar a Semana Santa sem a sua pandorga. O Festival ganhou também o forte apoio da Secretaria de Cultura da cidade. O Festival de Pandorgas é um dos eventos mais tradicionais de Livramento e reúne desde crianças às mais antigas gerações. Quanto à personagem principal: a Pandorga, esta ganhou outros formatos e tipos, das tradicionais às mais modernas.

Livramento + Semana Santa

= Pandorgas

Ao alto e além

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Filho único dos uruguaios Nicolas Caggiani e Maria Ester Leites Caggiani, Ivo Nicolas Caggiani nasceu em 27 de maio de 1932 em Sant’Ana do Livramento, Rio Grande do Sul. Foi casado com Jurema Fernandes, com quem teve sua única filha, Ester. Foi historiador, jornalista, escritor, vereador líder da Bancada do MDB e professor.Iniciou seus estudos com docentes particulares, sendo depois matriculado no Colégio Santanense, dos Irmãos Maristas, onde concluiu o Ensino Elementar e cursou o antigo curso Ginasial.Mudou-se para Porto Alegre em 1950 para dar continuidade em seus estudos frequentando os colégios: Cruzeiro do Sul e Nossa Senhora do Rosário.Começou a trabalhar em sua cidade natal aos 12 anos de idade sendo entregador do jornal “O Republicano”, no qual seguiria carreira: foi revisor, repórter, correspondente em Porto Alegre e redator-chefe até 1952, quando o jornal fechou as portas. Na capital, foi estagiário do Museu Júlio de Castilhos,

Um homem de história, filho de

Sant’Ana

Ivo Caggiani

anos mais tarde, em 25 de janeiro de 1952, ajudou a fundar em Sant’Ana do Livramento, o Museu Municipal David Canabarro, onde foi diretor até outubro de 1953.Como jornalista, trabalhou no jornal “A Plateia” e no “Diário do Sul” até o fim de 1954, quando, em sociedade com Sérgio Fuentes, fundou a “Impressora Limitada”. Em fevereiro de 1955 reabriu o jornal “Folha Popular”, do qual foi diretor-chefe por vários anos.Paralelamente a atividade jornalística desempenhou o papel de professor, de 1952 a 1958, no Instituto Livramento, da Igreja Anglicana, lecionando a disciplina de História, no então curso Ginasial.A partir de 1961, começou a ter problemas com os militares, pois fazia parte do Movimento da Legalidade comandado por Leonel Brizola, chegando a criar um comitê de resistência democrática em Sant’Ana do Livramento.Por ocasião do golpe em 1964, Caggiani passou a responder a diversos IPM – Inquéritos Policiais Militares e, por determinação dos militares, de 1964 a 1969, viu-se obrigado a deixar a direção do periódico, nesse período foi preso por várias vezes.Nos últimos anos de sua vida dedicou-se ao resgate da memória santanense, reunindo documentos e objetos no Museu da Folha Popular. Escreveu diversos números dos chamados Cadernos de Santana, além de 26 livros dentre eles: Vultos de Santana (2 volumes); Sant’Ana do Livramento – 150 Anos de História (3 volumes) e O Poder Legislativo em Sant’Ana do Livramento. Foi biógrafo de diversos personagens históricos, destacando-se Carlos Cavaco; Vitélio Gazapina – Um Benemérito de Santana; João Francisco – A Hiena do Cati; David Canabarro, de Tenente a General; Flores da Cunha – Livro biográfico, e Rafael Cabeda – Símbolo de Federalismo. Ivo Caggiani faleceu no dia 19 de abril de 2000. Pesquisa realizada na Revista Genealógica Latina e Portal da Cidade Sant’Ana do Livramento.

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Uma cidade cinematográfica

Pois bem, falar em cinema é exatamente não separar

o que eles tem tão em comum. Você sabe de todos os cinemas que

fizeram história?

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A PLATEIA

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Existem momentos da história quer não se pode falar apenas em Livramento sem esquecer-se da vizinha Rivera e da conturbação entre àquelas ganharam o nome de Fronteira da Paz. Em Santana do Livramento, na década de 20, funcionavam os seguintes cinemas: Teatro Brasil-Uruguai, na Rua dos Andradas; Teatro Internacional, na Avenida Ataliba Gomes; Cine Avenida, na Rua Uruguai e além do Teatro Sete de Setembro, localizado no prédio do antigo Fórum.Mais tarde, entra em funcionamento o cinema Duque, na Rua Salgado Filho, nº 169. Em 1960, o cinema possuía 500 lugares e utilizava um aparelho projetor para filmes de 35 mm.Na década de 50, entra em funcionamento o Cinema Colombo, na Rua dos Andradas, nº 611. Em 1960, era propriedade de Paulo Jobim de Moraes, o cinema possuía 750 lugares e utilizava um aparelho projetor para filmes de 35 mm.Em 1957, começa a funcionar o Cinema Internacional, na R. Ataliba Gomes. Em 1960 era propriedade de Paulo Jobim de Moraes, o cinema possuía 1425 lugares e utilizava aparelho projetor para filmes de 35 mm.A cidade contava ainda com o chamado cinema de bairro, que atendia a população mais pobre da cidade como o querido Cinema Hermes, que se localizava nas imediações do Beco do Maragato. Sem falar no Cine América, Astral e Grand RexHoje, em Rivera, as duas cidades contam comum cinema moderno de um dos Free Shops de mais destaque da cidade. * Informações do Blog Memorias da Fronteira.

Livramento, a Fronteira e seus cinemas

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192 Anos

No início do século 20, havia entre Sant’Ana e Rivera um grande areal, onde hoje é o Parque In-ternacional, o espaço era usado para a prática de es-portes, tênis, polo a cava-lo e futebol atraiam o pú-blico de am-bas as cida-des para um local usado para o lazer. Nos anos 40, o marco de divisa mos-trava o último ponto onde o divisor de águas conse-guia ser loca-lizado, pois a partir do Are-al, as águas se uniam nas Fronteiras.Na impossibi-lidade de di-vidir, surge a ideia da Pra-ça Internacio-nal, um local como forma d e d e m a r-c a ç ã o d o s territórios de Sant’Ana do L ivramento (Brasil) e Ri-

vera (Uruguai).Um projeto extraordinário para separação de terri-tórios. A Praça Internacio-nal possui 55.000m2 de

área verde, flores, arbus-tos e muitas árvores. Sua inauguração oficial foi no d i a 2 6 d e fevereiro de 1943.O Parque In-ternaciona l foi projetado em três pla-nos. No pri-meiro, está o monumen-to Obelisco, s ímbo lo da paz e inte-gração entre os povos; no segundo, há uma Fo nte L u m i n o s a , com águas d a n ç a nte s , s i g n o d a igualdade; no terceiro, base e sustenta-ção do con-junto, a está-tua da Mãe representa a pureza com que sonha a humanidade.”

No segundo plano está a Fonte Luminosa, local onde vol-taram a dançar as águas depois de anos sem funcionar. Ela representa símbolo da IGUALDADE, que é a essência natural da vida e da pureza original e absoluta, às quais se elevam os espíritos superiores.A fonte foi inaugurada no dia 25 de agosto de 1953, apre-sentava no início 18 jogos de luzes, formando dezenas de variações de jatos de água.

O terceiro plano seria a sustentação do conjunto, onde foi colocada uma estátua de bronze representando a MÃE, originalmente destinado à infância, que é a expressão da inocência livre de toda culpa, simbolizando, segundo pesqui-sadores e historiadores, a FRATERNIDADE, com que sonha toda a humanidade.A estátua A Mãe, obra do escultor uruguaio José Belloni, foi doada pelos Rotary Clubes de Sant’Ana do Livramento e Rivera e inaugurada no dia 24 de abril de 1960.

Um marco da história e da

Fronteira

Fonte Luminosa

Estátua da Mãe

Internacional

ObeliscoNo primeiro plano, o obelisco é triangular. A sua base é construída em três degraus, o “petit pavê”, que apresenta o desenho de uma corrente formada de 33 elos (o número 33 é o grau máximo da Maçonaria).E, finalizando, o obelisco surge por cima das correntes e aponta para a imensidão azul do céu, simbolizando a L I B E R D A D E . O obel isco foi doação da Maçonaria para o Parque Internacional.

O Futuro Atualmente o Parque Internacional é palco para diversas atividades, d e s d e p r á t i c a s esportivas, lazer, cultura, música, dança e até mesmo casamentos. A s d u a s c i d a d e s organ izam durante todo o ano diversas atividades binacionais e celebram no Parque a diversidade cultural. Por ano também é realizado o famoso evento das trocas de bandeiras com a presença de militares dos dois países.

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Aquífero Guarani foi o nome que, em 1996, o geólogo uruguaio Danilo Anton propôs para denominar um imenso aquífero que abrange partes dos territórios do Uruguai, Argentina, Paraguai e principalmente Brasil, ocupando 1 200 000 km². Na ocasião, ele chegou a ser considerado o maior do mundo, hoje considerado o segundo maior, capaz de abastecer a população brasileira durante 2 500 anos. A maior reserva atualmente conhecida é o Aquífero Alter do Chão com o dobro do volume do Aquífero Guarani.Contudo, estudos mais detalhados concluíram que o Aquífero Guarani é menor do que os pesquisadores calculavam e, sobretudo, com volume e qualidade de água inferiores aos estimados inicialmente. Além disso, é descontínuo, como na região de Ponta Grossa (PR), de constituição complexa e heterogêneo. Um dos mais importantes estudos feitos sobre ele, “A redescoberta do Aquífero Guarani”, foi desenvolvido em 2006

De uma fonte de recursos a sua preservação

Aquífero Guarani

pelo geólogo José Luiz Flores Machado, do Serviço Geológico do Brasil. Flores Machado afirma em seu estudo que, a rigor, não se trata de um único aquífero, mas de um “sistema aquífero”. Sendo assim, o correto seria chamá-lo de Sistema Aquífero Guarani.A maior parte (70% ou 840 000 km²) da área ocupada pelo aquífero — cerca de 1 200 000 km² — está no subsolo do centro-sudoeste do Brasil. O restante se distribui entre o nordeste da Argentina (255 000 km²), noroeste do Uruguai (58 500 km²) e sudeste do Paraguai (58 500 km²), nas Bacias do Rio Paraná e do Chaco-Paraná. A população atual do domínio de ocorrência do aquífero é estimada em quinze milhões de habitantes.Os estudos mais recentes sobre o aquífero apontam que ele tem uma espessura média de 250 metros e um volume de aproximadamente 45 000 km³. A profundidade máxima é por volta de 1 500 metros, com uma capacidade de recarregamento de aproximadamente 160 km³ ao ano por precipitação.É dito que esta reserva subterrânea poderia fornecer água potável ao mundo por duzentos anos. Todavia, devido a uma possível falta de água potável no planeta, que começaria em vinte anos, este recurso natural está rapidamente sendo politizado, tornando-se o controle do Aquí fero Guarani cada vez mais controverso e gerando debates muito além de sua preservação. Uma certeza é válida, é preciso conservar.

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Tradição

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Livramento é uma cidade conhecida no Estado pela sua tradição. O município é recheado por Centro de Tradições Gaúchas, Movimentos Tradicionalistas, Grupos,

Galpões, Grupos de Danças Tradicionais e tantos outros que tem um único objetivo: cultivar a tradição do estado e estimular as práticas culturais desde os mais antigos aos mais jovens. Festejar os 192 anos de Livramento é também falar em tradição e cultura gaúcha com um dos povos que mais celebram e enaltecem a simbologia e raízes da terra. Como destaque está a sempre tão falada e esperada Semana Farroupilha. O desfile todos os anos segue pelas ruas do Centro da cidade com milhares de cavalheiros e atrai turistas de várias partes do estado além de santanenses e gaúchos do interior. O desfile é disputado e uma multidão se forma para assistir uma das atividades de mais tradição na Fronteira. Além do Desfile, muitas outras atividades compõe o tradicionalismo na Fronteira e mantém viva a chama da cultura do Estado.

192 anos de história, cultura e fogo de chão

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21Sant’Ana do LivramentoQuinta-feira, 30 de julho de 2015

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As campereadas são tradição na Fronteira da Paz, dito assim, porque elas recebem a denominação de Campereada Internacional por reunir principalmente brasileiros e uruguaios, além de gaúchos de várias partes do país. O evento acontece tradicionalmente na Chácara da Prefeitura todos os anos e causa uma mistura de tradições e costumes. Livramento teve em 2015 a sua 33ª edição e contou com o apoio inclusive da Prefeitura Municipal na realização do evento e a Coordenadoria Municipal de Tradicionalismo.Participaram da última programação, diversas provas campeiras e atrações artísticas, como bailes e shows com os grupos Candieiro, Gaitaço Tchê, Tchê Chaleira, Julio Muniz e Grupo Campeirismo, Machado e Marcelo do Tchê, Vinicius Munhoz, Márcio Corrêa, Querência Nativa e Dudu da Gaita. Como novidade no ano de 2015, os gaúchos e demais participantes puderam contar com o Festival Nativista “Vento Xucro” que premiou participantes do evento.

De tradição para culturas internacionais

Campereadas santanenses

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A PLATEIA

192 Anos

De Livramento para todo o

Estado

Figura Ilustre

João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes (nascido em Sant’Ana do Livramento, 12 de julho de 1927) é um folclorista, compositor, radial ista e pesquisador gaúcho que

conquistou o povo pela sua própria língua: a cultura gaúcha. Paixão Côrtes é um personagem decisivo da cultura gaúcha e do movimento tradicionalista não só em Livramento, mas em todo o estado do Rio Grande do Sul. Junto com Luiz Carlos Barbosa Lessa e Glauco Saraiva partiram para a pesquisa de campo, viajando pelo interior, para recuperar traços d a c u l t u r a d o R i o Grande.Em 1948, organizou e fundou o CTG 351 e, em 1953, fundou o pioneiro Conjunto Folclórico Tropeiros da Tradição.Paixão Côrtes f icou bem conhecido pela sua dedicação em resgate da cultura gaúcha que em 1992, através da estátua do Laçador, do escultor Antônio Caringi, para a qual Paixão Cortes posou em 1954, foi escolhida como símbolo da cidade de Porto Alegre.Em 2001, proferiu palestra sobre a música gaúcha no VII Encontro Nacional de Pesquisadores da MPB, realizado no Teatro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).Paixão Côrtes foi também responsável pela abertura de mercado da ovinocultura no Rio Grande do Sul. Foi ele quem trouxe da Europa novos métodos e tecnologias de tosquia, desossa e gastronomia, além de incentivar o consumo de carne ovina.Paixão começou a trabalhar na Secretaria da Agricultura aos 17 anos como classificador de lã. Em 40 anos de serviço, passou pelas Estações Experimentais de Pelotas, Sant’Ana do Livramento e nos Campos de Cima da Serra e em Porto Alegre, também como professor dos cursos de classificação de lã, ovinotecnista e, por fim, chefe do Serviço de Ovinotecnia.Formado em 1949 em Agronomia, na UFRGS, Paixão Côrtes desenvolveu na Secretaria da Agricultura o trabalho de extensão no interior do Estado.

Orgulho de ser santanenseEm 06 de novembro de 2013, numa quarta-feira pela manhã, foi inaugurando um monumento em homenagem ao tradicional ista Paixão Côr tes, em Sant Ana do Livramento. O Monumento está localizado na entrada da cidade e é uma homenagem do movimento tradicionalista, da prefeitura e da sociedade santanense ao cidadão que é considerado o símbolo do gaúcho.

Uma iniciativa do Tradicionalista Rui Ferreira Rodrigues e do jornalista Duda Pinto, o monumento nada mais é do que uma homenagem e lembrança de quem deu e dá sua vida pela cultura de seu povo. A obra, criada pelo arquiteto e artista plástico Sérgio Coirolo, consiste em um pedestal com degraus de acesso à estátua de cerca de 3,5 metros.

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23Sant’Ana do LivramentoQuinta-feira, 30 de julho de 2015

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192 Anos

Agapito tem 87 anos de idade e caminhou com dificuldade até a sala. “Lembro que a Câmara de Vereadores queria um texto para o Hino de Livramento e por intermédio do vereador e amigo, Ivo Caggiani, fiz a apresentação da letra que se tornou Hino cidade.” Esta história tem exatamente 33 anos e Agapito diz sentir muito orgulho de ser chamado santanense. Sobre a história do homem que escreveu o Hino de Livramento, ele mesmo diz: “Sou um Prates Paulo

Composição: Agapito Prates

Paulo

História Viva

de um total de nove irmãos. Estudei para ser padre, mas não conclui. Sou casado com Maria Rita e pai de Sidney e Tânia e ainda tenho tempo para os netos”.Sobre o que Livramento poderia mais se orgulhar nesses 192 anos de história, Agapito disse que é da gente forte e resistente que a terra constrói com seus climas extremos, frio e calor, “se bem que esse inverno como está indo não vai criar gente muito valente não”, brincou ele. “Vejo um futuro impressionante e belo para Livramento e um lugar ainda melhor para se educar os filhos”. Na hora da foto, Agapito se mostrou ainda muito vaidoso e pediu para primeiro se arrumar. Como homenagem, o autor do Hino da cidade cantou um trecho da música em latim, sua segunda língua, como o disse.

“Cidade Diferente”do Livramento,Sant’ Ana Padroeirate abençoou,pois a fraternidadee a liberdadebrotaram nos teus camposcom mais vigor.

Ó meu torrão querido,recanto leal, gentil,por todos reconhecidoCartão Postal do Brasil!

As várzeas e canhadase tuas coxilhasrepetem maravilhas

dos teus heróisa um povo que te cantaalegremente,“Cidade Diferente”de amor e paz.

Ao mundo do progresso,em Livramento,

ao desenvolvimentocontinentalabriu-se esta fronteira,milagre novo,realização de um povosensacional.

Composição: Agapito Prates Paulo

Hino de Sant’Ana do Livramento

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24 Sant’Ana do Livramento Quinta-feira, 30 de julho de 2015

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192 Anos