(Trabalho realizado no, ver Conclusão) Ano Lectivo: 2010/2011 Centro de Competências de Artes e Humanidades 1º Ciclo Ciências da Cultura Disciplina: História Contemporânea de Portugal Docente: João Adriano Ribeiro Marinha de Guerra Portuguesa 1880- 1900
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(Trabalho realizado no, ver Conclusão) Ano Lectivo: 2010/2011
Centro de Competências de Artes e Humanidades
1º Ciclo Ciências da Cultura
Disciplina: História Contemporânea de Portugal
Docente: João Adriano Ribeiro
Marinha de GuerraPortuguesa 1880-
1900
Discente:
António João da Mata Teixeira
N.º 202090
Índice
1. Introdução …………………………………………………………………….p. 3
2. História marítima portuguesa ……………………………………..………….p. 4
Portuguesa entre 1880-1890. Primeiramente abordarei os
antecedentes históricos para deste modo, enquadrar o
trabalho na sua época histórica.
Para tentar contrariar alguns trabalhos já realizados
sobre o tema da marinha de guerra portuguesa, pretendo
pormenorizar os aspectos chaves das embarcações: nome, ano,
local de construção, comprimento e largura, motor e
velocidade, armamento.
Começarei pelas canhoneiras, na medida em que foram as
embarcações de maior relevo nas colónias, pois tinham a
capacidade de alcançar lugares que as embarcações de maior
porte não conseguiam.
Considerei oportuno referir alguns aspectos
tecnológicos da época e das suas personagens históricas.
Por último, falarei sobre as carismáticas Esquadras de
Navegação Terrestre.
4
2-História marítima portuguesa
“O maior acontecimento desde a criação do mundo, depois da
encarnação e da morte d´ Aquele que o criou.” Francisco López de
Gómera, dedicatória na História Geral da Índias ao imperador
Carlos V, 1552.
“A descoberta da América e a da passagem para as Índias Orientais,
através do cabo da Boa Esperança, são os dois maiores e mais importantes
acontecimentos de que há notícia na história da humanidade.” Adam Smith,
economista político escocês do século XVII.
2.1-Difusão
Portugal desde 1415 até 1975 foi um império colonial,
que abrangia quase todos os continentes. Dos arquipélagos à
América do Sul, por entre as Áfricas ocidentais e orientais
até Ásia, com passagem na Oceânia, a influência portuguesa
ficou marcada por onde passou.
Ainda hoje estas influências estão presentes na
língua, cultura, economia. Com a expansão marítima criaram-
se laços entre os povos indígenas, mas com o passar dos
séculos e tendo em conta a exploração desumana muitos laços
foram destruídos, sendo apenas alguns reatados
recentemente.
Portugal, juntamente com a Espanha foram os principais
propulsionadores da fé cristã para fora da Europa,
ensinando-a aos indígenas tentando convertê-los ao
5
Cristianismo, o que só se verificou em grande escala nos
futuros descendentes. Esta propagação da palavra de Cristo
pelos países agora descobertos valeu a bênção do Papa,
visto que era um serviço à Igreja.
O descobrimento de novas rotas marítimas para Índia
foi o principal factor destas viagens, para contrariar as
terrestres realizadas pelos muçulmanos. Esta nova rota
trouxe uma prosperidade económica para a Península Ibérica,
que pôde acompanhar a corrente renascentista que
desabrochava na Europa.
2.2- Consequências
Do ponto de vista dos colonizadores (Portugal,
Espanha, entre outros), a conquista de terras além-mar foi
considerada uma mais-valia para os reinos Ibéricos, que
depois de séculos em luta contra os muçulmanos, agora
procuravam uma oportunidade de prosperar economicamente no
ultramar. As consequências do estabelecimento nessas
regiões trouxeram a prosperidade que tanto Espanha e
Portugal procuravam, mas à custa da subjugação e destruição
dos povos indígenas.
Os países da costa ocidental africana e os índios da
América do Sul e Central foram os que mais sofreram com
estas conquistas ferozes que assassinavam, mutilavam,
violavam e escravizavam estas ricas populações. A imposição
6
deste domínio era feita através da manipulação e da força
das armas.
Estas culturas não estavam preparadas para este
desafio desumano, que de um momento para o outro foram
obrigados a fazer, deixando tudo para trás, juntamente com
a esperança de algum dia reaver as suas vidas.
Esta dizimação a que os europeus chamavam de
prosperidade, destruiu grandes civilizações cuja cultura
era inestimável, tais como, os Maias, os Azetecas, entre
outros. Deixaram apenas ruínas, que agora recordam sem
arcar com as culpas.
2.3- “Armada Invencível”1
Em 1588 o Rei Filipe II de Espanha (I de Portugal),
reuniu uma frota de cerca de 135 navios, com 8000
marinheiros e 30000 homens, para atacar Inglaterra. Esta
batalha teve vários pontos de combate, nomeadamente entre
as forças navais Ibéricas e os saxónicos. A frota de Filipe
II era composta por elementos provenientes das várias
nações do Império espanhol, entre os quais, portugueses que
consideravam pouco oportuno estar em navios portugueses e
serem comandados por espanhóis.
O Império espanhol foi derrotado, e o maior
prejudicado foi Portugal, visto que os barcos que foram
destruídos eram utilizados na protecção das colónias. Este
1 História Universal p. 1978-19817
factor contribuiu para o desmembramento da supremacia
portuguesa nos mares das suas possessões.
3-Marinha de Guerra Portuguesa 1880-1900
A primeira metade do século XIX foi péssima em termos
militares para Portugal devido às invasões napoleónicas, na
qual perderam-se muitos efectivos das já debilitas forças
navais portuguesas.
Em 1831 a frota lusitana estava reduzida a apenas onze
embarcações com 330 peças de artilharia e 1500 homens2, e
só viria a piorar em Julho do dito ano quando o Almirante
Roussin, a comando de uma esquadra francesa irrompeu pelo
Tejo, para atacar Lisboa. Neste ataque seis embarcações
portuguesas foram apreendidas pelos franceses.
Durante as lutas entre absolutistas e liberais a
marinha de guerra teve um papel preponderante para a
vitória dos liberais. Em 1865 o ministro Mendes Leal manda
fabricar oito navios à qual se vai juntar aos seis
adquiridos pelo Marquês Sá da Madeira.
Após três quartos de século atribulado e desorganizado
em termos militares, foi no último quarto que se registou
uma melhor organização. Esta organização trouxe a aquisição
de novos navios para a protecção da zona marítima e das
colónias, que estavam constantemente sobre pressão das
potências europeias3.
2http://www.marinha.pt/pt/amarinha/historia/historiadamarinha/pages/instabilidadepoliticaeepocadecrisenamarinha.aspx3 Revista Occidente, N.º 156, 21 de Abril de 1883, p. 91- Questão doZaire
8
3.1- Canhoneiras
Para esta protecção, Portugal adquire a partir de 1880
novas Canhoneiras, navios com deslocamentos médios de 200 t
a 600 t, compostos por 3 peças de artilharia, uma a meio do
navio e outras duas na amurada. Estes eram de baixo custo e
de fácil fabrico, inicialmente construídos em madeira,
passaram a ser de ferro com a evolução tecnológica4. As
aquisições das canhoneiras serão referidas em seguida por
ordem cronológica (ponto 3.1.1.).
3.1.1- Antes de 1880
1- Rio Lima, Sado e Tâmega 1875, Inglaterra, media 48,8
metros de comprimento e 9 metros de largura, os seus
motores debitavam 500 cavalos e atingiam uma velocidade de
16 km/h.
2- Tejo 1869, Douro 1873 e Quanza 1877 – Fabricado no
arsenal da Marinha, Lisboa, media 47 metros de comprimento
e 8 de largura, possuía canhões de 15 cm, motor 550 cv,
atingiam 16 km/h (10 milhas)5.
4http://dicionario.sensagent.com/canhoneira/pt-pt
5 Revista Occidente, N.º 299, 11 de Abril 1885, p. 85 e 86, RevistaOccidente, N.º 418, 1 de Agosto 1890, p. 171
9
3- Mandovi e Bengo 1879-1880 – Construídos no estaleiro
Laird Brothers, (Birkenhead, Inglaterra), eram barcos
idênticos, com 38.1 metros (125 pés) de comprimento, 7.3
metros (24 pés) de largura (boca). Os motores eram
constituídos por 420 cavalos com uma velocidade média de
15.3 km/h (9.5 milhas). O seu armamento era composto por
uma peça de 15 cm (6 polegadas) e outras duas de 50 cm (20
polegadas)6.
3.1.2- Após 1880
1- Rio Ave 1880-1882 – Construído no arsenal da Marinha,
tem 36.574 metros (119.9 pés) de comprimento, 6.5 metros
(21.3 pés) de largura. O motor era da canhoneira Guadiana e
tinha uma velocidade média de 12.8 km/h (8 milhas).7
2- Zaire e Liberal 1885 – Construídos no estaleiro Laydrs,
Inglaterra, ambas mediam 42.60 metros (139.7 pés) de
comprimentos e 7 metros (22.9) de boca.8
3- Vouga 1882, modificado em 1885 – Construído no
arsenal da Marinha, tinha 49 metros (160.7 pés) de extensão
e 8 (26) de largura, o motor foi aproveitado de outro
barco, com 600 cavalos, atingia os 14.4 km/h (9 milhas), a
artilharia era composta por 4 peças na amurada.9
6 Revista Occidente, N.º 52, 15 de Fevereiro 1880, p. 287 Revista Occidente, N.º 101, 11 de Outubro 1881, p. 2278 Revista Occidente, N.º 218, 11 de Janeiro 1885, p. 11
10
4- Zambeze 1886 - Construído no arsenal da Marinha,
motor de 400 cv com andamento de 14 km/h (9 milhas), era
composto por 3 bocas-de-fogo.10
5- Diu 1889 - Construído no arsenal da Marinha, Lisboa,
era de madeira, media 45 metros comprimento e 8 de largura,
com 500 cavalos e aguentava uma velocidade média de 8
milhas.11
3.2- Lanchas canhoneiras
Dentro da categoria das canhoneiras, surgiram as
lanchas canhoneiras para actuarem sobretudo, nos rios dos
territórios de África. O seu fundo achatado permitia
deslocamentos médios de 20 t a 40 t, cujas principais armas
eram metralhadoras. Elas tiveram um papel importante no
apoio às tropas terrestres e nas campanhas de pacificação
ultramarina da transição do século XIX para o XX. Entre as
lanchas canhoneiras, destacam-se:
9 Revista Occidente, N.º 224, 11 de Março 1885, pp. 60 e 61. RevistaOccidente, N.º 418, 1 de Agosto 1890, p. 17110 Revista Occidente, N.º 372, 21 de Abril 1889, p. 91. Revista Occidente,N.º 418, 1 de Agosto 1890, p. 17111 Revista Occidente, N.º427, 1 de Novembro 1890, p. 242. RevistaOccidente, N.º 431, 11 de Dezembro 1890, p. 274
1895, Construídos no estaleiro naval da Yarrow & C.ª, de
Poplar. Media 27 metros de comprimento e 8 de boca.12
2- Hónorio Barreto, Estaleiro Hugh Parry & Son 1894, media
32.6 metros de comprimento e 6 de largura.13
3.3- Corvetas
A corveta, “1- navio menor que a fragata, semelhante a
ela em mastreação, mas de uma só bateria na tolda e armada
de 20 a 28 peças. Era de maior velocidade. Apareceram nos
finais do século XVIII, para substituir as fragatas e os
brigues em missões de reconhecimento ofensivo, em que estes
eram demasiado fracos para as levar a cabo, e aquelas
poderosas em excesso. Desempenhavam missões de aviso,
transporte de munições; de surpresa; etc. As fragatas
ligeiras de umas 24 bocas-de-fogo, denominadas fragatinhas
passaram a classificar-se corvetas, e, bem assim, as
grandes brigues da mesma força. As fragatinhas Andorinha,
Benjamim, Salamandra, Temível Portuguesa, de 24 peças passaram
depois a corveta; o bergantim Voador, de 24 peças foi mais
tarde considerado corveta. A última corveta de vela
portuguesa dói a Damão (1861-1871). 2- No séc. XIX
apareceram as corvetas mistas de vela e vapor. Eram desta
categoria as corvetas Bartolomeu Dias, Sagres, Estefânia.”14 As12 Revista Occidente, N.º 602, 15 de Setembro 1895, p. 20613 Revista Occidente, N.º 602, 15 de Setembro 1895, p. 20614 Dicionário Ilustrado da Marinha, Comandante António MarquesEsparteiro, editora Livraria Clássica pp. 171 e 172
12
corvetas tiveram um papel preponderante na marinha de
guerra portuguesa, na medida que trouxeram mais mobilidade.
Neste período (séc. XIX) existiam algumas corvetas,
tais como:
1- Affonso de Albuquerque 1884- Media 62.4 metros (205 pés)
de comprimento e 10 (33 pés) de largura, o seu motor podia
ir até os 1400 cavalos, atingindo uma velocidade máxima de
21 km/h (13.3 milhas), o seu armamento era composto por
duas peças de 0.15 e cinco de 0.1215.
2- Sá da Bandeira, Duque de Palmela, Infante D. João, Duque da
Terceira 1864- Foram construídas no arsenal da Marinha,
Lisboa, a corveta Duque da Terceira media 58.4 metros de
comprimento e 10 de largura, o seu motor debitava poucos
cavalos e tinha uma velocidade média de 11 km/h. As suas
armas eram constituídas por seis peças de 12 cm em bateria
na tolda, duas peças de 65 milímetros nos dois bordos em
cima da ponte e uma metralhadora de 8 no tombadilho16.
3.4- Couraçados
Durante o século XIX e inícios do XX, o grande poder
de uma marinha, residia nos couraçados. Estes navios eram
extremamente protegidos nas suas “partes vitais” e
15 Revista Occidente, N.º 214, 1 de Dezembro 1884, p. 26716 Revista Occidente, N.º 563, 11 de Agosto de 1894, p. 187
13
empregavam uma artilharia forte capaz de dizimar o que lhes
aparecesse à frente.17
1- Vasco da Gama 1877- Foi construído no estaleiro da
Thames iron Warks & Ships, media 60.9 metros (200 pés) de tamanho
e 12 metros (40 pés) de boca. Tinha dois motores com 500
cavalos nominais e 3200 efectivos, atingia velocidades na
ordem dos 21 km/h (13 milhas). O seu armamento era
constituído por quatro peças de calibre 9, uma
metralhadora18.
3.5- Torpedeiros
O barco torpedeiro e os transportes a vapor, foram
outra aquisição da marinha de guerra portuguesa para a
protecção das suas colónias. Visto que este tipo de
embarcação tinha uma grande tecnologia de ponta, Portugal
pôde assim, marcar impacto para com os países que cobiçavam
as suas possessões e alegavam que Portugal não tinha poder
de fogo.
Existiam diversos torpedeiros, nomeadamente:
1- O Fulminante 1880 – Fabricado na Thames iron Warks & Ships,
media 22 metros de comprimento e 4 de largura. O motor
tinha 159 cavalos e atingia os 15 km/h. Os armamentos eram
compostos essencialmente de torpedos.19
17 Dicionário Ilustrado da Marinha, Comandante António MarquesEsparteiro, editora Livraria Clássica p. 17518 Revista Occidente, N.º 67, 1 de Outubro de 1880, p.15919 Revista Occidente, N.º 66, 15 de Setembro de 1880, p. 151
14
2- O Espadarte ou nº1 -1882 – Fabricado em Yarrow Poplar
(Londres, Inglaterra), media 36 de comprimento e 3,6 de
36 de comprimento e 3.6 de boca, motor de 700 cavalos, o
armamento era composto por duas metralhadoras e dois tubos
lança torpedos.20
3.6- Fragatas
As fragatas tiveram um papel activo nas esquadras do
século XVIII, na qual tinham como finalidade abrir fogo nos
intervalos que deixavam as naus perseguir os navios em
retirada. Também eram usadas para rebocar navios, como
demonstra o episódio da batalha no cabo S. Vicente, quando
a fragata Tristão salvou a nau Nelson de entre as naus
espanholas a 14 de Fevereiro de 1797. No último quartel do
século XIX, estas já eram couraçadas e a vapor.21
Fragata:
1- D. Fernando - 1843 – construído em Damão, Índia
portuguesa – feito de madeira – navegava à vela, com 19
bocas-de-fogo.
3.7- Vapores
1- Júlio Vilhena? – Construído em Inglaterra sobre ordens
do Sr. Mackrow, media 28.8 metros de longitude e 4.8 de20 Revista Occidente, N.º286, 1 de Dezembro de 1886, p. 26621 Dicionário Ilustrado da Marinha, Comandante António MarquesEsparteiro, editora Livraria Clássica p. 278
15
largura. A sua protecção era realizada através de uma
metralhadora22.
2- Massabi, Cacongo 1896 - Construídas em Inglaterra23
3- Mac- Mahon 1889 - Inglaterra24
3.8- Cruzadores
Navio de guerra, menor que o couraçado, fortemente
armado em que a velocidade tinha preferência em relação à
couraça e ao armamento.25
Cruzadores:
1- Adamastor 1896 – Livorno, Itália, tinha 73.8 metros
de comprimento e 10 de largura, o seu motor possuía 4000
cavalos de potência com velocidade de 28 km/h (18 milhas).
O seu armamento era: 2 x Ansaldo 15.0/cm 30 Cal Mod.1895
(Calibre: 150mm/Alcance: 14Km), 4 x Krupp 105mm GR Mod.
1895 (Calibre: 105mm/Alcance: 9Km), 8 x Hotchkiss & Comp.
2- S. Gabriel e S. Raphael 1900, construídos por Forges et
Chantiers, tinham 75 metros de comprimento e 10 de largura,
com um motor de 2650 cavalos. O armamento era composto por
22 Revista Occidente, N.º116, 11 de Março de 1882, p. 6323 Revista Occidente, N.º 287, 11 de Dezembro de 1886, p. 27624 Revista Occidente, N.º 514, 1 de Abril 1893, p. 7525 Dicionário Ilustrado da Marinha, Comandante António MarquesEsparteiro, editora Livraria Clássica, p. 17526 http://museu.marinha.pt/Museu/Site/PT/Extra/Popups/OcruzadorAdamastor.htm
16
dois canhões de tiro rápido, quatro de 12 cm, oito de 47
polegadas, duas metralhadoras e um tubo lança torpedos27.
3.9- Bloqueio da esquadra portuguesa em Moçambique
Este bloqueio decretado pelo governo português em
Moçambique, impôs a paragem das exportações e importações
de armas e munições, à excepção da capital Lourenço
Marques.
Este decreto vem na sequência do tratado de Berlim, do
qual Portugal saiu muito prejudicado, perdendo algumas das
suas possessões coloniais. As embarcações enviadas para
essa região foram as corvetas Affonso de Albuquerque; Mindelo e
Rainha de Portugal, as canhoneiras Tâmega; Liberal; Douro; Zaire e
Quanza, para marcar presença e controlar os nativos.
4-“Apontamentos sobre a Marinha de Guerra de
diversos países”28
4.1- “Esquadra Inglesa no Tejo”
Em 1880, Portugal recebeu uma esquadra inglesa,
composta por quatro fragatas couraçadas: Minotaur,
Northumberland, Agincourt e a Achilles. Estas foram construídas no
27 Revista Occidente, N.º782, 20 de Setembro de 1890, p.20828 Revista Occidente, N.º 431, 11 de Dezembro de 1890 p. 274, (uso dotítulo)
17
início da década de 60, as primeiras três em estaleiros
particulares, e a Achilles no arsenal real de Chatam, sendo
todas totalmente construídas em ferro. A Minotaur,
Northumberland, Agincourt tinham um comprimento de 121.9 metros
(400 pés) e de boca 17.9 metros (59.3), os seus motores
debitam 1350 com velocidades de 22.5 km/h (14 milhas), o
seu armamento foi melhorado e passou de 4 peças de 9
polegadas e 22 peças de 7 na bateria (“1- Antigamente era o
conjunto de peças de um pavimento onde elas jogavam.
Numeravam-se de baixo para cima, sendo em navios de três
baterias, a do convés denominada terceira bateria e as
outras duas primeira e segunda. O número de baterias
classificava o navio. 2- Hoje as peças de bordo agrupam-se
em baterias de acordo com os seus calibres. Há duas:
bateria principal, ou das peças de grosso calibre, e
secundária ou de pequeno calibre, quer se superfície ou
antiaéreas. Modernamente há ainda baterias de torpedos e de
mísseis.”29) de amurada, para17 peças de 12 toneladas
juntamente com uma bateria para salvas. A quarta fragata
couraçada media 115.8 metros por 17.6, tinha 1250 cavalos
que lhe proporcionava uma velocidade de 22.5 km/h. O seu
armamento era igual aos demais.
Esta esquadra pertencia ao canal da Mancha e era
comandada pelo Almirante A. Hood, tendo à sua disposição
3315 praças.30
29 Dicionário Ilustrado da Marinha, Comandante António MarquesEsparteiro, editora Livraria Clássica p. 8130 Revista Occidente, N.º 51, 1 de Fevereiro 1880, p. 22
18
4.2- Couraçado Itália 1880
Este navio esteve em Lisboa para o casamento do
príncipe Carlos. Foi construído em Catellemare, com um
comprimento de 120 metros e 22 de largura, 18000 cavalos o
que lhe garantia uma velocidade de 27 km/h ou 17 milhas. O
seu armamento era constituído por quatro canhões de 100
toneladas, mais dezoito canhões de 4 toneladas31.
4.3- Couraçado Trafalgar 1887Este enorme couraçado foi construído em Portsmouth,
possuía 12000 cavalos de potência e atingia os 28 km/h (18
milhas), tinha quatro canhões de 67 toneladas para sua
protecção32.
4.4- Submarino Nordenfeldt 1885
A tecnologia naval evoluiu tanto, que em 1885 as
experiências realizadas com submarinos tiveram êxito. A
possibilidade de navegar debaixo de água iria mudar as
regras do panorama mundial nos anos vindouros. Este
submarino, Nordenfeldt (ficou com o nome do seu inventor)
tinha 19.50 metros e 3.65 de largura, os torpedos eram
colocados na dianteira. A sua tripulação era constituída
por seis homens33.
31 Revista Occidente, N.º270, 21 de Junho de 1886, p.13932 Revista Occidente, N.º402, 21 de Fevereiro de 1890, p. 4333 Revista Occidente, N.º250, 1 de Dezembro de 1885, p. 267
19
Em Portugal o proporcionador deste invento foi o 1º
Tenente da Armada Portuguesa, Sr. João Fontes Pereira de
Mello, no qual estabeleceria algumas mudanças no
comprimento e diâmetro, passando o submarino a medir 20
metros por 5, com duas hélices, e movido a electricidade. O
seu armamento seria composto por quatro torpedos
Nordenfeldt e dois Witehead, seria munido de um aparelho
óptico de modo a permitir visualização sem ter que subir à
superfície.
5- Esquadras de Navegação Terrestre34
As Esquadras de Navegação Terrestre surgiram em 1880,
organizado pelas classes sociais mais altas da Ilha da
Madeira, que tinha como intuito o divertimento e a
convivência entre os seus membros. Com o desencadear da 1ª
Guerra Mundial o entusiasmo desvaneceu e foi sugerido pelo
Comandante Militar da Madeira, Coronel Alencastre, a
desmobilizarem.
A primeira a surgir foi a Esquadra Submarina de
Navegação Terrestre, era designada «submarina» porque
quando «atacavam» as embarcações inimigas (uma adega
predefinida cujo o dono fosse previamente avisado desta
incursão, para os receber benevolentemente), deslocavam-se
furtivamente através de poios, por onde passavam por baixo
da folhagem de canaviais e bananeiras. A dita «navegação
34 As Esquadras de Navegação Terrestre, César Pestana, editora “Ilhatur”, 1981,3ª edição
20
terrestre» era assim designada visto que era sobre os
terrenos que a esquadra movimentava-se.
A Esquadra Torpedeira de Navegação Terrestre surgiu em
1903, através de membros desertores da submarina, na qual
estes tinham o objectivo de torpedear a submarina. Por
último, surgiu em 1905 a Esquadra Independente de Navegação
Terrestre.
Com o passar dos anos, estas organizações tiveram um
papel de disciplina para os seus membros, sendo que estes
seguiam os rituais da marinha de guerra portuguesa.
1º Tenente, 2º Tenente, Guarda-marinha, Aspirante a
oficial.
21
6- Gravuras
6.1- Canhoneiras
Tejo35
35 Revista Occidente, N.º 299, 11 de Abril 1885, p. 8422
Mond
avi e Bengo36
Rio Ave37
36 Revista Occidente, N.º 52, 15 de Fevereiro 1880, p. 2937 Revista Occidente, N.º 101, 11 de Outubro 1881, p. 232
23
Vouga38
Zambeze39
6.2- Corvetas
38 Revista Occidente, N.º 224, 11 de Março 1885, p. 6439 Revista Occidente, N.º419, 11 de Agosto 1890, p 184
24
Duque da Palmela e Sagres40
Duque da Terceira41
40 Revista Occidente, N.º290, 11 de Janeiro 1887, p1241 Revista Occidente, N.º563, 11 de Agosto 1894, p189
25
Affonso de Albuquerque42
6.3- Couraçados
Vasco da Gama43
42 Revista Occidente, N.º214, 1 de Dezembro 1884, p26943 Revista Occidente N.º67, 1 de Outubro 1880, p. 157
26
6.4- Cruzador
Adamastor44
6.5- Fragata
D. Fernando45
44 Revista Occidente, N.º666, 30 de Junho 1897, p14045 http://alvarescabral69-71.blogspot.com/2008_10_12_archive.html
27
6.5- Esquadra Submarina de Navegação
Terrestre46
46 As Esquadras de Navegação Terrestre, César Pestana, editora “Ilhatur”, 1981,3ª edição, p.3
28
6.6- Esquadra Torpedeira de Navegação
Terrestre47
47 As Esquadras de Navegação Terrestre, César Pestana, editora “Ilhatur”, 1981,3ª edição, p. 29
29
6.7- Esquadra Independente de Navegação Terrestre48
6.8- Submarino Nordenfeldt49
48 As Esquadras de Navegação Terrestre, César Pestana, editora “Ilhatur”, 1981,3ª edição, p. 4949 Revista Occidente, N.º250, 1 de Derzembro 1885, p. 272
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7- Conclusão
Este trabalho trouxe-me um conhecimento mais profundo
acerca da marinha de guerra do séc. XIX, onde podemos
estabelecer uma linha temporal que nos permitirá ver a
evolução da tecnologia e armamento nos navios das marinhas
mundiais. Fiquei de aprofundar os conhecimentos da
tecnologia submarina.
É de salientar que a marinha de guerra portuguesa foi
muito mais que uma força militar de combate, estas
embarcações também ajudavam no transporte de todo o tipo de
mercadorias, como por exemplo em 1884 no transporte de
animais de África para o zoo de Lisboa, em Portugal.
A marinha portuguesa acompanhava as deslocações da
família real portuguesa ao estrangeiro, contribuía para
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adquirir conhecimentos geográficos, e prestava serviços de
socorro a embarcações naufragadas.
Esta nobre força foi criada com o objectivo de
proteger e preservar os interesses de Portugal além-mar.
O objetivo final deste trabalho para o Dr. João
Adriano Ribeiro era que, nós familiarizássemos com as
fontes periódicas. Decidimos manter o documento original,