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ARGUMENTAÇÃO Professora Roberta Matos Comunicação e Expressão
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2 Argumentacao

May 15, 2023

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ARGUMENTAÇÃO

Professora Roberta Matos

Comunicação e Expressão

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ARGUMENTAÇÃO

Texto de apoio: PLATÃO & FIORIN. Lições de texto: leitura e redação. 5.ed. São Paulo: Ática, 2010.

Lição 19: Argumentação. P. 279-302.

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Texto: EI, AMIZADEAqui é bandido: Plínio Marcos. Atenção,

malandrage! Eu num vô pedir nada, vô te dá um alô! Te liga aí: Aids é uma praga que rói até os mais fortes, e rói devagarinho. Deixa o corpo sem defesa contra a doença. Quem pegá essa praga está ralado de verde e amarelo, de primeiro ao quinto, e sem vaselina. Num tem dotô que dê jeito, nem reza brava, nem choro, nem vela, nem ai, Jesus. Pegou Aids, foi pro brejo! Agora sente o aroma da perpétua: Aids pega pelo esperma e pelo sangue, entendeu? pelo esperma e pelo sangue! (Pausa)

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Eu num tô te dando esse alô pra te assombrá, então se toca! Não é porque tu ta na tranca que virou anjo. Muito pelo contrário, cana dura deixa o cara ruim! Mas é preciso que cada um se cuide, ninguém pode valê pra ninguém nesse negócio de aids. Então, já viu: transá, só de acordo com o parceiro, e de camisinha! ( Pausa)

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Agora, tu aí que é metido a esculachá os outros, metido a ganhá o companheiro na força bruta, na congesta! Pára com isso, tu vai acabá empesteado! Aids num toma conhecimento de macheza, pega pra lá, pega pra cá, pega em home, pega em bicha, pega em mulhé, pega em roçadeira! Pra essa peste num tem bom! Quem bobeia fica premiado. E fica um tempão sem sabê. Daí, o mais malandro, no dia da visita, recebe mamão com açúcar da família e manda para casa o Aids! E num é isto que tu qué, né, vago mestre? Então te cuida. Sexo, só com camisinha.(Pausa)

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Quem descobre que pegô a doença se sente no prejuízo e quer ir à forra, passando pros outros. ( Pausa) sexo só com camisinha! Num tem escolha, transá, só com camisinha.

Quanto a tu, mais chegado ao pico, eu tô sabendo que ninguém corta o vício só por ordem da chefia. Mas escuta bem, vago mestre, num qué nem sabê que, às vezes, a seringa vem até com um pingo de sangue, e tu mete ela direto em ti. Às vezes, ela aparece que vem limpona, e vem com a praga. E tu, na afobação, mete ela direto na veia. Aí tu dança.

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Tu, que se diz mais tu, mas que diz que num pode aguentá a tranca sem pico, se cuida. Quem gosta de tu é tu mesmo. (Pausa) E a farinha que tu cheira, e a erva que tu barrufa enfraquece o corpo e deixa tu chué da cabeça e dos peitos. E aí tu fica moleza pro Aids! Mas o pico é o canal direto pra essa praga que está aí. Então, malandro, se cobre. Quem gosta de tu é tu mesmo. A saúde é como a liberdade. A gente dá valor pra ela quando já era!

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Propósito do texto:

•Persuadir os detentos a se prevenirem

da AIDS.

•Conscientizar

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Estratégias usadas:

•Voz do texto se apresenta como um detento. •Pontos no texto referem-se ao cotidiano, ao universo presente nas casas de detenção e penitenciárias.•Linguagem utilizada: gírias, oralidade leva a uma maior proximidade com o público alvo.

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A teoria da comunicação

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EMISSOR RECEPTOR

CANAL

MENSAGEMCÓDIGO

REFERENTE

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Argumento

•(...) razão, raciocínio que conduz à indução ou dedução de algo;•prova que serve para afirmar ou negar um fato;•recurso para convencer alguém, para alterar-lhe a opinião ou o comportamento (...)

Fonte: Dicionário Houaiss

Vem do latim argumentum, onde a raiz argu- significa fazer brilhar, iluminar.

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As coisas são mais complicadasComunicar não é, pois, somente um fazer saber, mas também um fazer crer e um fazer fazer.

Comunicar é agir sobre o outro – quando se comunica não se visa somente a que o receptor receba e compreenda a mensagem, mas também que a aceite, ou seja, a que creia nela e a que faça o que nela se propõe. 12

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Recursos linguísticos

Vejamos alguns recursos linguísticos usados com a finalidade de convencer.

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1. Argumento de autoridadeÉ a citação de autores renomados,

autoridades num certo domínio do saber.Tem efeito contrário a utilização de

citações descosturadas, sem relação com o tema, feitas pela metade, mal compreendidas.

Usar citações mostra que o falante conhece bem o assunto que está discutindo, porque já leu o que sobre este assunto já pensaram outras pessoas.

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Texto: O FIO DO BIGODEPara nossos avós, o fio do bigode

garantia a palavra empenhada. Não precisava de tabelião, firma reconhecida e testemunhas. Depilou, negócio fechado.

Os bigodes rarearam, a palavra não.A Terra é filha da palavra, reza o Gênesis.

O Evangelho segundo São João recorda: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”.

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Padre Vieira tem na agulha bala certeira: “Palavras sem obras são tiro sem bala: atroam, mas não ferem. A funda de Davi derrubou o gigante, mas não o derrubou com o estalo, senão com a pedra”.

Para os súditos confiantes “palavra de rei não volta atrás”. O adágio prevalece para os presidentes da República, que são os reis de plantão durante os respectivos mandatos. O fraco rei faz fraca a forte gente. Secularmente adverte Camões. [...]

Presidente Collor: esse negócio de palavra é fogo. Com fogo não se brinca, principalmente chefe de governo.FOLHA DE SÃO PAULO, 18 NOVEMBRO 1991, p. 1-3

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2. Argumento baseado no consenso

•A educação é a base do desenvolvimento.•Os investimentos em pesquisa são indispensáveis, para que um país supere sua condição de dependência.

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3. Arg. Baseado em prova concreta

É o que acaba de fazer, com dinheiro da Central de Medicamentos, Antonio Carlos dos Santos, presidente dessa estatal apanhado em flagrante de compras irregulares com custo bilionário.

O leitor que me desculpe, mas se trata, ainda, da compra de 1.600 litros de inseticida por Cr$ 2.169.115.200,00, ao preço, portanto, de Cr$ 1.355.697,00 por litro. Notícia cuja veracidade está comprovada no Diário Oficial de 19 de Abril e na “nota de empenho” com que o presidente da Ceme liberou a verba.

FOLHA DE SÃO PAULO, 14 MAIO 1991, P.1-5

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Opiniões pessoais (abstrato) têm pouco valor se não vierem acompanhadas de fatos (concreto).

Ex: campanhas políticas.

“A administração Fleury foi ruinosa para o Estado de São Paulo” (abstrato).

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“A administração Fleury foi ruinosa para o Estado de São Paulo porque deixou dívidas, junto ao Banespa, de 8,5 bilhões de dólares, porque deixou de pagar os fornecedores, porque acumulou dívidas de bilhões de dólares, porque inchou a folha de pagamento do Estado com nomeações de afilhados políticos, porque desestruturou a administração pública”. (Concreto)

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Evitar generalizações

Basta um caso ao contrário para derrubar qualquer generalização.

“Todo político é corrupto”.“Nenhum europeu toma banho”

Generalizar sem dados, ou com dados insuficientes, revelam nossos tabus e preconceitos.

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Não tomar o que é acidental, isto é, acessório ou ocasional como se fosse essencial, inerente, necessário.

Exemplos: citar um erro médico, e dizer que todos os médicos são charlatães.

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Cuidado com frases como:

•“Político não presta”.•“Brasileiro não sabe votar”.•“Pobre não gosta de trabalhar”.•“Engenheiro é bitolado”.•“Artista vive em outro mundo”.•“Jornal só conta mentira”.•“Funcionário público não trabalha”.•“Roqueiros são todos drogados”.

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Frases como essas, se aparecerem numa redação; ou numa apresentação oral formal (seminário) vão revelar um autor acrítico, bobo, preso a lugares-comuns num universo cultural muito pobre.

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4. Arg. com base no raciocínio lógico•Além de ser mais chique, do ponto de vista ideológico, o seminário é mais cômodo para ambos os lados: nem o professor prepara a aula, nem o aluno estuda, e ambos entram com sua cota de “participação crítica”.•O mais grave é que onde esse processo se instalou não há como revertê-lo, pois as facilidades se transformam em direito adquirido. (...)

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Já que o mundo passa por uma histeria de volta ao passado, ao menos em relação ao que parecia “futuro” nos anos 60, talvez fizéssemos bem em rever grande parte das mudanças do ensino neste 30 anos.Porque os resultados, mesmo nas boas escolas, não parecem encorajadores. A ideologia do ensino crítico está produzindo gerações de tontos. A lassidão, o vale-tudo, a falta de autoridade professoral desestimula a própria rebeldia do estudante.

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Relações de causa e consequência

CUIDADO: Muito fácil fugir do tema.

Do ponto de vista lógico, fugir do tema é um erro. Porém, fugir do tema às vezes pode ser uma estratégia.

Ex: políticos querendo sair pela tangente.

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Cuidado: tautologia

“O fumo faz mal à saúde porque prejudica o organismo”.

“Essa criança é mal-educada porque os pais não lhe deram educação”.

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5. Arg. baseado na competência linguísticaNão sou biólogo e tenho que puxar pela memória dos tempos de colegial para recordar a diferença entre uma mitocôndria e uma espermatogônia. Ainda lembro bastante para qualificar a canetada de FHC de “defecatio maxima” (este espaço é nobre demais para que nele se escrevam palavras de baixo calão, como em latim tudo é elevado...).

FOLHA DE SÃO PAULO, algum dia em 1994.29

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•O modo de dizer as coisas dá credibilidade ao que se diz.•Usar um português muito formal pode impressionar seu interlocutor/leitor.

“Fi-lo porque qui-lo” (Jânio Quadros)

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Exemplo de texto argumentativoO Papel da Televisão na Vida dos Jovens

A televisão tem uma grande influência na formação pessoal e social das crianças e dos jovens. Funciona como um estímulo que condiciona os comportamentos, positiva ou negativamente.

Por um lado, sabemos que a televisão cumpre um papel social na exibição de programas educativos, de documentários sobre História, Ciências, de informação sobre a atualidade e na divulgação de novos produtos, entre outras utilidades.

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Por outro lado, a televisão exerce também uma influência negativa, ao promover um padrão físico que não condiz com a realidade da maioria das pessoas, o que gera frustrações e distúrbios alimentares.

A violência é outro aspecto negativo da televisão, em geral. As crianças/jovens tendem a imitar os comportamentos violentos dos heróis, o que pode colocar em risco sua vida e dos que estão a sua volta.

Igualmente prejudicial são as cenas de sexo em horário impróprio. As crianças formam uma imagem destorcida da sexualidade, o que pode estimular a prática precoce de sexo e suscitar distúrbios afetivos.

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Assim, é legítimo que se imponha aos canais de televisão uma restrição de exibição de material violento ou desajustado à faixa etária nas suas grades de programação, dado que a exposição a este tipo de conteúdo é extremamente prejudicial no desenvolvimento das crianças e dos jovens.

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