www.coachingaprovacao.com.br Língua Portuguesa Jovens em movimento Jovens protestando nas ruas não são exatamente uma novidade: parece ser próprio da juventude um alto grau de inconformismo. Mas é possível localizar na década de 60 e em parte da de 70 do século passado o marco mais incisivo de muitas contestações. O problema apareceu como sendo o de toda uma geração de jovens ameaçando a ordem social, nos planos político, cultural e moral, por uma atitude de crítica aos valores estabelecidos e pelo desencadear de atos em busca de transformação - movimentos estudantis de oposição aos regimes autoritários, contra a tecnocracia e todas as formas de dominação, movimentos pacifistas, agrupamentos de hippies, etc. Muitos jovens estabeleciam para si próprios que jamais viriam a se integrar ao funcionamento normal da sociedade. Alguns entravam em organizações políticas clandestinas, outros se recusavam a assumir um emprego formal, indo viver em comunidades e sobrevivendo por meio de atividades alternativas (arte, artesanato, hortas comunitárias), tudo numa recusa permanente de se adaptar, de se enquadrar numa sociedade convencional. No Brasil, é particularmente nesse momento que a questão da juventude ganha maior visibilidade, devido ao engajamento de jovens da classe média, do ensino secundário e universitário, na luta contra o regime autoritário por meio de mobilizações estudantis e atuação nos partidos de esquerda. No campo do comportamento, questionavam os padrões sexuais, morais e o consumismo. De lá para cá, alternaram-se momentos de alguma acomodação e outros de expressão inconformista. As manifestações de meados de 2013 atualizaram o caráter contestador da juventude. (Adaptado de: ABRAMO, Helena Wendel. “Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil”. Revista Brasileira de Educação, n. 5/6, p. 30 e 31) 1) Ao organizarem seus protestos públicos, os jovens enfatizam esses processos por meio de palavras de ordem, e repetem essas palavras de ordem para que o povo compreenda bem essas palavras de ordem e resolva se acolhe ou não essas palavras de ordem. Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os segmentos sublinhados, na ordem dada, por: a) repetem-nas - compreenda-lhes bem - lhes acolhe ou não b) as repetem - as compreenda bem - as acolhe ou não c) as repetem - lhes compreenda bem - acolhe-lhes ou não d) repetem-as - compreenda-as bem - acolhe-las ou não. e) repetem-nas - bem lhes compreenda - lhes acolhe ou não.
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Língua Portuguesa
Jovens em movimento
Jovens protestando nas ruas não são exatamente uma
novidade: parece ser próprio da juventude um alto grau de
inconformismo. Mas é possível localizar na década de 60 e
em parte da de 70 do século passado o marco mais incisivo
de muitas contestações. O problema apareceu como sendo
o de toda uma geração de jovens ameaçando a ordem
social, nos planos político, cultural e moral, por uma
atitude de crítica aos valores estabelecidos e pelo
desencadear de atos em busca de transformação -
movimentos estudantis de oposição aos regimes
autoritários, contra a tecnocracia e todas as formas de
dominação, movimentos pacifistas, agrupamentos de
hippies, etc.
Muitos jovens estabeleciam para si próprios que jamais
viriam a se integrar ao funcionamento normal da
sociedade. Alguns entravam em organizações políticas
clandestinas, outros se recusavam a assumir um emprego
formal, indo viver em comunidades e sobrevivendo por
meio de atividades alternativas (arte, artesanato, hortas
comunitárias), tudo numa recusa permanente de se adaptar,
de se enquadrar numa sociedade convencional.
No Brasil, é particularmente nesse momento que a
questão da juventude ganha maior visibilidade, devido ao
engajamento de jovens da classe média, do ensino
secundário e universitário, na luta contra o regime
autoritário por meio de mobilizações estudantis e atuação
nos partidos de esquerda. No campo do comportamento,
questionavam os padrões sexuais, morais e o consumismo.
De lá para cá, alternaram-se momentos de alguma
acomodação e outros de expressão inconformista. As
manifestações de meados de 2013 atualizaram o caráter
contestador da juventude.
(Adaptado de: ABRAMO, Helena Wendel. “Considerações
sobre a tematização social da juventude no Brasil”. Revista
Brasileira de Educação, n. 5/6, p. 30 e 31)
1) Ao organizarem seus protestos públicos, os jovens
enfatizam esses processos por meio de palavras de ordem,
e repetem essas palavras de ordem para que o povo
compreenda bem essas palavras de ordem e resolva se
acolhe ou não essas palavras de ordem.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima
substituindo-se os segmentos sublinhados, na ordem dada,
por:
a) repetem-nas - compreenda-lhes bem - lhes acolhe ou
não
b) as repetem - as compreenda bem - as acolhe ou não
c) as repetem - lhes compreenda bem - acolhe-lhes ou não
d) repetem-as - compreenda-as bem - acolhe-las ou não.
e) repetem-nas - bem lhes compreenda - lhes acolhe ou
não.
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2) De acordo com o poema, o verso que exprime causa de
um acontecimento está em:
a) Quando você for se embora
b) por tanta coisa que leve
c) por acaso me levar
d) Se acaso você não possa
e) me leve no esquecimento
3) ...... do preconceito ...... é objeto a música caipira, .......
sua linguagem, vez ou outra, afastar-se da norma culta, ela
é hoje reconhecida como uma das mais respeitadas
manifestações musicais do país.
Mantendo-se a lógica e a correção, preenche as lacunas da
frase acima, na ordem dada, o que está em:
a) Em razão - a que - por
b) Em virtude – a que – em razão de
c) A despeito - em que - embora
d) Não obstante - de que - embora
e) Apesar – de que – por
Atenção: Considere o texto abaixo para responder a
questão.
Vitalino
A mãe de Vitalino era louceira. E foi vendo-a moldar
os tourinhos de cachaço crivado de furos para neles se
espetarem os palitos de dentes, que Vitalino sentiu aos seis
anos vontade de plasmar* aqueles outros bichos, como os
via no terreiro da casa – galos, cachorros, calangos. Depois
feras – onças, jacarés. Depois gente ...
Também a arte de Vitalino veio se complicando. Já
não se limita ele aos simples bichinhos de plástica* tão
ingenuamente pura. Atira-se a composições de grupos,
com meio metro de comprido e uns vinte centímetros de
altura. Cenas da terra: casamentos, confissões na igreja, o
soldado pegando o ladrão de galinhas ou o bêbado, a
moenda, a casa de farinha etc.
Aliás, nesse delicioso ainda que humilde gênero de
escultura, Vitalino não está sozinho, não. Outras
cidadezinhas do interior de Pernambuco (em todo o
Nordeste, creio eu, não sou entendido no assunto, esta
crônica devia ter sido encomendada à mestra Cecília
Meireles) têm o seu Vitalino. Por exemplo, Sirinhaém tem
o seu Severino. Naturalmente, quando se trata de saber
quem entre os dois é o tal, os colecionadores se dividem. E,
naturalmente, também os [irmãos] Condé torcem para o
Vitalino, que é de Caruaru.
Já tive muitas dessas figurinhas em minha casa. Não
sei se alguma era de Vitalino ou de Severino. Sei que eram
realmente obras de arte, especialmente certo papagaiozinho
naquela atitude jururu de quem (quem papagaio) está
bolando para acertar uma digna do anedotário da espécie.
Acabei dando o meu papagaio. Sempre acabo dando os
meus calungas de barro. Não há coisa que se dê com mais
prazer.
Mesmo porque, quando não se dá, elas se quebram. Se
quebram com a maior facilidade. E isso, na minha idade, é
de uma melancolia que me põe doente. Não quero mais
saber de coisas efêmeras*. Deus me livre de ganhar afeição
a passarinho: eles morrem à toa. Flor mesmo dei para só
gostar de ver onde nasceu, a rosa na roseira etc. Uma flor
que murcha num vaso está acima de minhas forças.
*plasmar = moldar, modelar
*plástica = arte de plasmar; forma do corpo
*efêmero = que dura um dia; passageiro, temporário,
transitório
(Adaptado de: BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e
prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, v. único, 1993, p.
479-481)
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4) Vitalino começou, aos seis anos, a modelar suas
figurinhas de barro, à ...... .
O segmento que completa a lacuna da frase acima,
corretamente introduzido pelo à, com o sinal indicativo de
crase, é:
a) exemplo daquelas que sua mãe fazia.
b) partir dos modelos criados por sua mãe.
c) que dava verdadeiros contornos artísticos.
d) seu estilo característico de artesão nordestino.
e) imitação dos bichos que via no terreiro.
Leia o texto abaixo para responder a questão a seguir.
Todos os dias, acompanhamos na televisão, nos jornais e
revistas as catástrofes climáticas e as mudanças que estão
ocorrendo, rapidamente, no clima mundial. Nunca se viram
mudanças tão rápidas e com efeitos devastadores como têm
ocorrido nos últimos anos.
Pesquisadores do clima mundial afirmam que este
aquecimento global está ocorrendo em função do aumento
da emissão de gases poluentes, principalmente derivados
da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel etc.) na
atmosfera. Esses gases (ozônio, dióxido de carbono,
metano, óxido nitroso e monóxido de carbono) formam
uma camada de poluentes de difícil dispersão, causando o
famoso efeito estufa. Esse fenômeno ocorre, porque esses
gases absorvem grande parte da radiação infravermelha
emitida pela Terra, dificultando a dispersão do calor.
O desmatamento e a queimada de florestas e matas
também colaboram para esse processo. Os raios do Sol
atingem o solo e irradiam calor na atmosfera. Como esta
camada de poluentes dificulta a dispersão do calor, o
resultado é o aumento da temperatura global. Embora este
fenômeno ocorra de forma mais evidente nas grandes
cidades, já se verificam suas consequências no
aquecimento global.
(Adaptado de:
http://www.suapesquisa.com/geografia/
aquecimento_global.htm)
O aumento da temperatura vem provocando a morte de
várias espécies animais e vegetais mas desequilibrando
vários ecossistemas. E a isso somarmos o desmatamento
onde vem ocorrendo, em florestas de países tropicais, e
a tendência é aumentar as regiões desérticas do planeta
Terra. Embora não é só isso, esse o aumento da
temperatura faz com que ocorra maior evaporação das
águas dos oceanos, potencializando catástrofes
climáticas.
5) As frases acima encontram-se reescritas com coerência e
correção em:
a) O aumento da temperatura vem provocando a morte de
várias espécies animais e vegetais e desequilibrando vários
ecossistemas. Portanto a isso somarmos o desmatamento
que vem ocorrendo, em florestas de países tropicais, a
tendência é aumentar as regiões desérticas do planeta
Terra. Por que não é só isso, esse aumento da temperatura
faz com que ocorra maior evaporação das águas dos
oceanos onde potencializa catástrofes climáticas.
b) O aumento da temperatura vem provocando a morte de
várias espécies animais e vegetais e desequilibrando vários
ecossistemas. Se a isso somarmos o desmatamento que
vem ocorrendo em florestas de países tropicais, a tendência
é aumentar as regiões desérticas do planeta Terra. Mas não
é só isso, esse aumento da temperatura faz com que ocorra
maior evaporação das águas dos oceanos, potencializando
catástrofes climáticas.
c) O aumento da temperatura vem provocando a morte de
várias espécies animais e vegetais, onde desequilibra vários
ecossistemas. Caso a isso somarmos o desmatamento que
vem ocorrendo em florestas de países tropicais, a tendência
é aumentar as regiões desérticas do planeta Terra. Portanto
não é só isso, esse aumento da temperatura faz com que
ocorra maior evaporação das águas dos oceanos e
potencialize catástrofes climáticas.
d) O aumento da temperatura vem provocando a morte de
várias espécies animais e vegetais e desequilibrando vários
ecossistemas. Se a isso somarmos o desmatamento onde
vem ocorrendo, em florestas de países tropicais, a
tendência é aumentar as regiões desérticas do planeta
Terra. Contudo não é só isso, esse aumento da temperatura
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faz com que ocorra maior evaporação das águas dos
oceanos, onde se potencializam catástrofes climáticas.
e) O aumento da temperatura vem provocando a morte de
várias espécies animais e vegetais quando desequilibra
vários ecossistemas. Onde a isso somarmos o
desmatamento que vem ocorrendo, em florestas de países
tropicais, a tendência é aumentar as regiões desérticas do
planeta Terra. Por que não é só isso, esse aumento da
temperatura faz com que ocorra maior evaporação das
águas dos oceanos, potencializando catástrofes climáticas.
Explicar não é justificar
Os gregos e os romanos aceitavam a escravidão porque não
imaginavam que uma sociedade pudesse funcionar sem
escravos. Como o filósofo Sêneca, insistiam apenas em que
se reconhecessem alguns direitos aos escravos: que fosse,
por exemplo, proibido utilizá-los com finalidades sexuais.
Estamos na mesma posição quando se trata da pobreza.
Estamos convencidos de que uma sociedade justa deve
procurar erradicá-la.
Mas, como não conseguimos conceber os meios que
permitem atingir esse objetivo, aceitamos que uma
sociedade comporte grandes bolsões de pobreza. Em
contrapartida, não hesitamos em condenar a prática da
escravidão.
(Raymond Boudon, O relativismo. Trad. de Edson Bini.
São Paulo: Loyola, 2010. p. 41)
6) Está inteiramente adequada a pontuação do seguinte
período:
a) Se muitas vezes acusamos em idos tempos, casos de
insuportável violência social, sobretudo os legitimados por
instituições da época, nem por isso, deixamos de abolir em
nossos dias tremendas injustiças, muitas delas
incrivelmente legitimadas que ocorrem diante de nossos
olhos.
b) Se, muitas vezes, acusamos em idos tempos casos de
insuportável violência social sobretudo, os legitimados por
instituições da época, nem por isso deixamos de abolir, em
nossos dias, as tremendas injustiças muitas delas,
incrivelmente legitimadas, que ocorrem diante de nossos
olhos.
c) Se muitas vezes, acusamos em idos tempos, casos de
insuportável violência social, sobretudo os legitimados por
instituições, da época, nem por isso deixamos de abolir em
nossos dias tremendas injustiças muitas delas,
incrivelmente, legitimadas que ocorrem diante de nossos
olhos.
d) Se muitas vezes acusamos em idos tempos, casos de
insuportável violência social, sobretudo os Legitimados,
por instituições da época, nem por isso, deixamos de abolir
em nossos dias, tremendas injustiças, muitas delas
incrivelmente legitimadas que ocorrem, diante de nossos
olhos.
e) Se muitas vezes acusamos, em idos tempos, casos de
insuportável violência social, sobretudo os legitimados por
instituições da época, nem por isso deixamos de abolir, em
nossos dias, tremendas injustiças, muitas delas
incrivelmente legitimadas, que ocorrem diante de nossos
olhos.
A cultura brasileira em tempos de utopia
Durante os anos 1950 e 1960 a cultura e as artes
brasileiras expressaram as utopias e os projetos políticos
que marcaram o debate nacional. Na década de 1950,
emergiu a valorização da cultura popular, que tentava
conciliar aspectos da tradição com temas e formas de
expressão modernas.
No cinema, por exemplo, Nelson Pereira dos Santos,
nos seus filmes Rio, 40 graus (1955) e Rio, zona norte
(1957) mostrava a fotogenia das classes populares,
denunciando a exclusão social. Na literatura, Guimarães
Rosa publicou Grande sertão: veredas (1956) e João
Cabral de Melo Neto escreveu o poema Morte e vida
Severina - ambos assimilando traços da linguagem popular
do sertanejo, submetida ao rigor estético da literatura
erudita.
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Na música popular, a Bossa Nova, lançada em 1959 por
Tom Jobim e João Gilberto, entre outros, inspirava-se no
jazz, rejeitando a música passional e a interpretação
dramática que se dava aos sambas-canções e aos boleros
que dominavam as rádios brasileiras. A Bossa Nova
apontava para o despojamento das letras das canções, dos
arranjos instrumentais e da vocalização, para melhor
expressar o “Brasil moderno”.
Já a primeira metade da década de 1960 foi marcada
pelo encontro entre a vida cultural e a luta pelas Reformas
de Base. Já não se tratava mais de buscar apenas uma
expressão moderna, mas de pontuar os dilemas brasileiros
e denunciar o subdesenvolvimento do país. Organizava-se,
assim, a cultura engajada de esquerda, em torno do
Movimento de Cultura Popular do Recife e do Centro
Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes
(UNE), num processo que culminaria no Cinema Novo e
na canção engajada, base da moderna música popular
brasileira, a MPB.
(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos e
VILLAÇA, Mariana. História para o ensino médio. São
Paulo: Atual, 2013, p. 738)
7) As expressões onde e em cujo preenchem corretamente,
na ordem dada, as lacunas da seguinte frase:
a) ...... iriam os artistas da época, senão ao Rio, atrás do
sucesso artístico ...... todos queriam alcançar e se realizar.
b) Rodado na cidade do Rio de Janeiro, ...... se viviam
algumas tensões políticas, o filme provocou um grande
debate, ...... calor muita gente mergulhou.
c) O filme Rio, 40 graus foi exibido no ano de 1955, ......
a atmosfera política propiciaria um período de realizações
...... o maior responsável seria o novo presidente da
República.
d) Ao realizar Rio, zona norte, filme ...... Nelson Pereira
dos Santos lançou em 1957, o cineasta dava sequência a
um filme anterior, ...... valor já fora reconhecido.
e) O Rio era uma cidade ...... muitos buscavam para viver
melhor, a capital ...... esplendor todos os cariocas se
orgulhavam.
Da utilidade dos prefácios
Li outro dia em algum lugar que os prefácios são
textos inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador é
convocado com o compromisso exclusivo de falar bem do
autor e da obra em questão. Garantido o tom elogioso, o
prefácio ainda aponta características evidentes do texto que
virá, que o leitor poderia ter muito prazer em descobrir
sozinho. Nos casos mais graves, o prefácio adianta
elementos da história a ser narrada (quando se trata de
ficção), ou antecipa estrofes inteiras (quando poesia), ou
elenca os argumentos de base a serem desenvolvidos
(quando estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que
inútil, o prefácio seria um estraga-prazeres.
Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada
aos prefácios e prefaciadores, embora concorde que muitas
vezes ela proceda - o que não justifica a generalização
devastadora. Meu argumento é simples e pessoal: em
muitos livros que li, a melhor coisa era o prefácio - fosse
pelo estilo do prefaciador, muito melhor do que o do autor
da obra, fosse pela consistência das ideias defendidas,
muito mais sólidas do que as expostas no texto principal.
Há casos célebres de bibliografias que indicam apenas o
prefácio de uma obra, ficando claro que o restante é
desnecessário. E ninguém controla a possibilidade, por
exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e
inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta. Mas
como argumento final vou glosar uma observação de
Machado de Assis: quando o prefácio e o texto principal
são ruins, o primeiro sempre terá sobre o segundo a
vantagem de ser bem mais curto.
Há muito tempo me deparei com o prefácio que um
grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para um
livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e
famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a moça como se
fosse uma Cecília Meireles (que, aliás, além de grande
escritora era também linda). Não havia dúvida: o poeta,
embevecido, estava mesmo era prefaciando o poder de
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sedução da jovem, linda e nada talentosa poetisa. Mas ele
conseguiu inventar tantas qualidades para os poemas da
moça que o prefácio acabou sendo, sozinho, mais uma
prova da imaginação de um grande gênio poético.
(Aderbal Siqueira Justo, inédito)
8) As lacunas da frase Um prefácio ...... nossa inteira