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5/24/2018 178 Historias Zen Budistas
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Koans e Contos Zen Buddhistas
H uma estria indiana de um homem que era um ateu e agnstico,
umrarssimo tipo de postura na ndia. Ele era uma pessoa que
desejavalivrar-se de todas as formas de ritos religiosos, deixando
apenas aessncia da direta experincia da Verdade. Ele atraiu
discpulos quecostumavam se reunir a seu redor toda semana, quando
ele falava a
todos sobre seus princpios. Aps algum tempo eles comearam a
sejuntar antes do mestre aparecer, porque eles gostavam de estar
emgrupo e cantar juntos.Eventualmente foi construda uma casa para
as reunies, com uma salaespecial para o mestre agnstico. Aps sua
morte, tornou-se umaprtica entre seus seguidores fazer uma
reverncia respeitosa para aagora sala vazia, antes de se entrar no
salo. Em uma mesa especial aimagem do mestre era mostrada em uma
moldura de ouro, e as pessoasdeixavam flores e incenso l, em
respeito ao mestre.Em poucos anos uma religio tinha crescido em
torno daquele homem,que em vida no praticava nada disso, e que, ao
contrrio, sempredisse aos seus seguidores que ficar preso a estas
prticas levavafreqentemente a pessoa a se iludir no caminho da
Verdade.
"Tenhais confiana no no mestre, mas no ensinamento.Tenhais
confiana no no ensinamento, mas no esprito das palavras.Tenhais
confiana no na teoria, mas na experincia.No creiais em algo
simplesmente porque vs ouvistes.No creiais nas tradies simplesmente
porque elas tm sido mantidasde gerao para gerao.No creiais em algo
simplesmente porque foi falado e comentado pormuitos.No creiais em
algo simplesmente porque est escrito em livrossagrados; no creiais
no que imaginais, pensando que um Deus vosinspirou.No creiais em
algo meramente baseado na autoridade de seus mestres eancios.
Mas aps contemplao e reflexo, quando vs percebeis que algo
conforme ao que razovel e leva ao que bom e benfico tanto paravs
quanto para os outros, ento o aceiteis e faais disto a base desua
vida."
Gautama Buddha - Kalama Sutra
Quando curiosamente te perguntarem, buscando saber o que
Aquilo,No deves afirmar ou negar nada.Pois o que quer que seja
afirmado no a verdade,E o que quer que seja negado no
verdadeiro.Como algum poder dizer com certeza o que Aquilo possa
serEnquanto por si mesmo no tiver compreendido plenamente o que
?
E, aps t-lo compreendido, que palavra deve ser enviada de
umaRegioOnde a carruagem da palavra no encontra uma trilha por onde
possaseguir?Portanto, aos seus questionamentos oferece-lhes apenas
o silncio,Silncio - e um dedo apontando o Caminho.Verso Zen
Antes de entendermos o Zen, as montanhas so montanhas e os rios
sorios;Ao nos esforarmos para entender o Zen, as montanhas deixam
de sermontanhas e os rios deixam de ser rios;
Quando finalmente entendemos o Zen, as montanhas voltam a
sermontanhas e os rios voltam a ser rios.
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1. Uma xcara de Ch
Nan-In, um mestre japons durante a era Meiji (1868-1912),
recebeu umprofessor de universidade que veio lhe inquirir sobre
Zen. Esteiniciou um longo discurso intelectual sobre suas
dvidas.Nan-In,enquanto isso, serviu o ch. Ele encheu completamente
a xcara de seu
visitante, e continuou a ench-la, derramando ch pela borda.O
professor, vendo o excesso se derramando, no pode mais se conter
edisse:"Est muito cheio. No cabe mais ch!""Como esta xcara," Nan-in
disse, "voc est cheio de suas prpriasopinies e especulaes. Como
posso eu lhe demonstrar o Zen sem vocprimeiro esvaziar sua
xcara?"
2.Uma ParbolaCerta vez, disse o Buddha uma parbola:Um homem
viajando em um campoencontrou um tigre. Ele correu, o tigre em seu
encalo. Aproximando-se de um precipcio, tomou as razes expostas de
uma vinha selvagem
em suas mos e pendurou-se precipitadamente abaixo, na beira
doabismo. O tigre o farejava acima. Tremendo, o homem olhou para
baixoe viu, no fundo do precipcio, outro tigre a esper-lo. Apenas
avinha o sustinha.Mas ao olhar para a planta, viu dois ratos, um
negro e outro branco,roendo aos poucos sua raiz. Neste momento seus
olhos perceberam umbelo morango vicejando perto. Segurando a vinha
com uma mo, elepegou o morango com a outra e o comeu."Que delcia!",
ele disse.
3. Nas Mos do Destino
Um grande guerreiro japons chamado Nobunaga decidiu atacar o
inimigoembora ele tivesse apenas um dcimo do nmero de homens que
seuoponente. Ele sabia que poderia ganhar mesmo assim, mas seus
soldadostinham dvidas. No caminho para a batalha ele parou em um
temploShint e disse aos seus homens:"Aps eu visitar o relicrio eu
jogarei uma moeda. Se a Cara sair,iremos vencer; se sair a Coroa,
iremos com certeza perder. O Destinonos tem em suas mos."Nobunaga
entrou no templo e ofereceu uma prece silenciosa. Ento saiue jogou
a moeda. A Cara apareceu. Seus soldados ficaram toentusiasmados a
lutar que eles ganharam a batalha facilmente.
Aps a batalha, seu segundo em comando disse-lhe
orgulhoso:"Ningum pode mudar a mo do Destino!""Realmente no..."
disse Nobunaga mostrando-lhe reservadamente suamoeda, que tinha
sido duplicada, possuindo a Cara impressa nos doislados.
4. Garotas
Tanzan e Ekido certa vez viajavam juntos por uma estrada
lamacenta.
Uma pesada chuva ainda caa, dificultando a caminhada. Chegando a
umacurva, eles encontraram uma bela garota vestida com um quimono
deseda e cinta, incapaz de cruzar a intercesso.
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"Venha, menina," disse Tanzan de imediato. Erguendo-a em seus
braos,ele a carregou atravessando o lamaal.Ekido no falou nada at
aquela noite quando eles atingiram oalojamento do Templo. Ento ele
no mais se conteve e disse:"Ns monges no nos aproximamos de
mulheres," ele disse a Tanzan,"especialmente as jovens e belas.
Isto perigoso. Por que fezaquilo?"
"Eu deixei a garota l," disse Tanzan. "Voc ainda a
estcarregando?"
5. Sem trabalho, Sem comida
HYAKUJO, o mestre Zen chins, costumava trabalhar com seus
discpulosmesmo na idade de 80 anos, aparando o jardim, limpando o
cho, epodando as rvores. Os discpulos sentiram pena em ver o velho
mestretrabalhando to duramente, mas eles sabiam que ele no iria
escutar
seus apelos para que parasse. Ento eles resolveram esconder
suasferramentas.Naquele dia o mestre no comeu. No dia seguinte
tambm, e no outro."Ele deve estar irritado por termos escondido
suas ferramentas," osdiscpulos acharam. " melhor ns as colocarmos
de volta no lugar."No dia em que eles fizeram isso, o mestre
trabalhou e comeuexatamente como antes. noite ele os instruiu,
simplesmente:"Sem trabalho, sem comida."
6. Nada Existe
YAMAOKA TESSHU, quando um jovem estudante Zen, visitou um mestre
apsoutro. Ele ento foi at Dokuon de Shokoku. Desejando mostrar
oquanto j sabia, ele disse, vaidoso: "A mente, Buddha, e os
seressencientes, alm de tudo, no existem. A verdadeira natureza
dosfenmenos vazia. No h realizao, nenhuma deluso, nenhum
sbio,nenhuma mediocridade. No h o Dar e tampouco nada a
receber!"Dokuon, que estava fumando pacientemente, nada disse.
Subitamente eleacertou Yamaoka na cabea com seu longo cachimbo de
bambu. Isto fez ojovem ficar muito irritado, gritando
xingamentos."Se nada existe," perguntou, calmo, Dokuon, "de onde
veio toda estasua raiva?"
7. A Subjugao de um fantasma - Um Exorcismo Zen...
Uma jovem e bela esposa caiu doente e finalmente chegou s portas
damorte."Eu te amo tanto," ela disse ao seu marido, "Eu no quero
deixar-te.Prometas que no me trocars por nenhuma outra mulher! Se
tu no ofizeres, eu retornarei como um fantasma e te causarei
aborrecimentossem fim!"Logo aps, a esposa morreu. O marido procurou
respeitar seu ltimo
desejo pelos primeiros trs meses, mas ento ele encontrou
outramulher e se apaixonou. Eles tornaram-se noivos e logo se
casariam.Imediatamente aps o noivado um fantasma aparecia todas as
noites ao
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homem, acusando-o por no ter mantido sua promessa. O fantasma
eraesperto, tambm. Ela lhe dizia tudo o que acontecia e era
faladoentre ele e sua noiva, mesmo as mais ntimas
experincias.Sempre que dava sua noiva um presente, o fantasma o
descrevia emdetalhes. Ela at mesmo repetia suas conversas, e isso
aborreciatanto o homem que ele no era capaz de dormir. Algum o
aconselhou aexpor seu problema a um mestre Zen que vivia prximo
vila. Enfim,
em desespero, o pobre homem foi buscar sua ajuda."Ento sua
ex-esposa tornou-se um fantasma e sabe tudo o que vocfaz," comentou
o mestre, meio divertido. "O que quer que voc faa oudiga, o que
quer que voc d sua amada, ela sabe. Ela deve ser umfantasma muito
sbio... Realmente voc deveria admirar tal fantasma!A prxima vez que
ela aparecer, barganhe com ela. Diga a elaexatamente o que direi a
voc..."Naquela noite o homem encontrou o fantasma e disse o que o
mestrehavia instrudo:"Voc sabe tanto de mim que eu nada posso
esconder-lhe! Se voc meresponder apenas uma questo, eu lhe prometo
desfazer meu noivado epermanecer solteiro.""Na verdade, eu sei que
voc foi ver um mestre Zen hoje! Diga-me suaquesto." Disse o
fantasma.
O homem levantou sua mo direita fechada e perguntou:"J que sabes
tanto, diga-me apenas quantos feijes eu tenho nestamo..."Neste
exato momento no havia mais nenhum fantasma para responder
aquesto.
8. Verdadeira Riqueza
Um homem muito rico pediu a Sengai para escrever algo pela
continuidade da prosperidade de sua famlia, de modo que esta
pudessemanter sua fortuna de gerao a gerao.Sengai pegou uma longa
folha de papel de arroz e escreveu: "Paimorre, filho morre, neto
morre."O homem rico ficou indignado e ofendido. "Eu lhe pedi para
escreveralgo pela felicidade de minha famlia! Porque fizeste uma
brincadeiradestas?!?""No pretendi fazer brincadeiras," explicou
Sengai tranqilamente."Se antes de sua morte seu filho morrer, isto
iria mago-loimensamente. Se seu neto se fosse antes de seu filho,
tanto vocquanto ele ficariam arrasados. Mas se sua famlia, de gerao
agerao, morrer na ordem que eu escrevi, isso seria o mais
naturalcurso da Vida. Eu chamo a isso Verdadeira Riqueza."
9. Homem Santo
Boatos espalharam-se por toda a regio acerca do sbio Homem
Santoque vivia em uma pequena casa sobre a montanha. Um homem da
viladecidiu fazer a longa e difcil jornada para visit-lo. Quando
chegouna casa, ele viu um simples velho dentro que o recebeu,
abrindo aporta."Eu gostaria de ver o sbio Homem Santo," disse ele
ao outro. O velhosorriu e permitiu-o entrar.
Enquanto eles caminhavam ao longo da casa, o homem da vila
olhavaansiosamente em torno, antecipando seu encontro com um
homemconsiderado um verdadeiro Santo. Mas antes que pudesse dar
pela
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coisa, ele j havia percorrido a extenso da casa e levado para
fora.Ele parou e voltou-se para o velho:"Mas eu quero ver o Homem
Santo!""J o fizeste," disse o velho. "Todos que tu encontras em tua
vida,mesmo se eles paream simples e insignificantes... veja cada um
delescomo um sbio Homem Santo. Se fizeres deste modo, ento
quaisquer quesejam os problemas que trouxestes aqui hoje, sero
resolvidos..."
E fechou a porta.
10. Os Portais do Paraso
Um orgulhoso guerreiro chamado Nobushige foi at Hakuin, e
perguntou-lhe: "Se existe um paraso e um inferno, onde esto?""Quem
voc?"perguntou Hakuin."Eu sou um samurai!" o guerreiro
exclamou."Voc, umguerreiro!" riu-se Hakuin. "Que espcie de
governante teria talguarda? Sua aparncia a de um mendigo!".
Nobushige ficou to raivoso que comeou a desembainhar sua
espada,mas Hakuin continuou:"Ento voc tem uma espada! Sua arma
provavelmente est to cega queno cortar minha cabea..."O samurai
retirou a espada num gesto rpido e avanou pronto paramatar,
gritando de dio. Neste momento Hakuin gritou:"Acabaram de se abrir
os Portais do Inferno!"Ao ouvir estas palavras, e percebendo a
sabedoria do mestre, osamurai embainhou sua espada e fez-lhe uma
profunda reverncia."Acabaram de se abrir os Portais do Paraso,"
disse suavementeHakuin.
11. mesmo?
Uma linda garota da vila ficou grvida. Seus pais,
encolerizados,exigiram saber quem era o pai. Inicialmente
resistente a confessar, aansiosa e embaraada menina finalmente
acusou Hakuin, o mestre Zen oqual todos da vila reverenciavam
profundamente por viver uma vidadigna. Quando os insultados pais
confrontaram Hakuin com a acusaode sua filha, ele simplesmente
disse:" mesmo?"Quando a criana nasceu, os pais a levaram para
Hakuin, o qual agoraera visto como um pria por todos da regio. Eles
exigiram que ele
tomasse conta da criana, uma vez que essa era sua
responsabilidade." mesmo?" Hakuin disse calmamente enquanto
aceitava a criana.Por muitos meses ele cuidou carinhosamente da
criana at o dia emque a menina no agentou mais sustentar a mentira
e confessou que opai verdadeiro era um jovem da vila que ela estava
tentando proteger.Os pais imediatamente foram a Hakuin,
constrangidos, para ver se elepoderia devolver a guarda do beb. Com
profusas desculpas elesexplicaram o que tinha acontecido." mesmo?"
disse Hakuin enquanto devolvia a criana.
12. Certo e Errado
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Quando Bankei realizava seus retiro semanais de meditao,
discpulosde muitas partes do Japo vinham participar. Durante um
destesSesshins um discpulo foi pego roubando. O caso foi reportado
aBankei com a solicitao para que o culpado fosse expulso.Bankei
ignorou o caso.Mais tarde o discpulo foi surpreendido na mesma
falta, e novamenteBankei desdenhou o acontecimento. Isto aborreceu
os outros pupilos,
que enviaram uma petio pedindo a dispensa do ladro, e
declarandoque se tal no fosse feito eles todos iriam deixar o
retiro.Quando Bankei leu a petio ele reuniu todos diante de
si."Vocs so sbios," ele disse aos discpulos. "Vocs sabem o que
certo e o que errado. Vocs podem ir para qualquer outro lugar
paraestudar e praticar, mas este pobre irmo no percebe nem mesmo o
quesignifica o certo e o errado. Quem ir ensin-lo se eu no o
fizer?Eu vou mant-lo aqui mesmo se o resto de vocs partirem."Uma
torrente de lgrimas foram derramadas pelo monge que roubara.Todo
seu desejo de roubar tinha se esvaecido.
13. Buddha Cristo
Um dos monges do mestre Gasan visitou a universidade em Tokyo.
Quandoele retornou, ele perguntou ao mestre se ele jamais tinha
lido aBblia Crist."No," Gasan replicou, "Por favor leia algo dela
paramim."O monge abriu a Bblia no Sermo da Montanha em So Mateus, e
comeoua ler. Aps a leitura das palavras de Cristo sobre os lrios
nocampo, ele parou. Mestre Gasan ficou em silncio por muito
tempo."Sim," ele finalmente disse, "Quem quer que proferiu estas
palavras um ser iluminado. O que voc leu para mim a essncia de tudo
o queeu tenho estado tentando ensinar a vocs aqui."
14. A Lua No Pode Ser Roubada
Ryokan, um mestre Zen, vivia a mais simples e frugais das vidas
emuma pequena cabana aos ps de uma montanha. Uma noite um
ladroentrou na cabana apenas para descobrir que nada havia para
serroubado.Ryokan retornou e o surpreendeu l."Voc fez uma longa
viagem para me visitar," ele disse ao gatuno, "e
voc no deveria retornar de mos vazias. Por favor tome
minhasroupas como um presente."O ladro ficou perplexo. Rindo de
troa, ele tomou as roupas eesgueirou-se para fora.Ryokan sentou-se
nu, olhando a lua."Pobre coitado," ele murmurou. "Gostaria de poder
dar-lhe esta belalua."
15. Equanimidade
Durante as guerras civis no Japo feudal, um exrcito invasor
poderiafacilmente dizimar uma cidade e tomar controle. Numa vila,
todos
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fugiram apavorados ao saberem que um general famoso por sua fria
ecrueldade estava se aproximando - todos exceto um mestre Zen,
quevivia afastado.Quando chegou vila, seus batedores disseram que
ningum mais estaval, alm do monge. O general foi ento ao templo,
curioso em saberquem era tal homem. Quando ele l chegou, o monge no
o recebeu com anormal submisso e terror com que ele estava
acostumado a ser tratado
por todos; isso levou o general fria."Seu tolo!!" ele gritou
enquanto desembainhava a espada, "no percebeque voc est diante de
um homem que pode trucid-lo num piscar deolhos?!?"Mas o mestre
permaneceu completamente tranqilo."E voc percebe," o mestre
replicou calmamente, "que voc est diantede um homem que pode ser
trucidado num piscar de olhos?"
16. O ladro que se tornou um discpulo
Uma noite quando Shichiri Kojun estava recitando sutras um ladro
comuma espada entrou em seu zendo, exigindo seu dinheiro ou a sua
vida.Shichiri disse-lhe:"No me perturbe. Voc pode encontrar o
dinheiro naquela gaveta." Eretomou sua recitao.Um pouco depois ele
parou de novo e disse ao ladro:"No pegue tudo. Eu preciso de alguma
soma para pagar os impostosamanh."O intruso pegou a maior parte do
dinheiro e principiou a sair."Agradea pessoa quando voc recebe um
presente," Shichiriacrescentou. O homem lhe agradeceu, meio
confuso, e fugiu.Poucos dias depois o indivduo foi preso e
confessou, entre outrascoisas, a ofensa contra Shichiri. Quando
Shichiri foi chamado como
testemunha ele disse:"Este homem no ladro, ao menos tanto quanto
me diz respeito. Eulhe dei o dinheiro e ele inclusive me agradeceu
por isso."Aps o homem ter cumprido sua pena, ele foi a Shichiri e
tornou-se umde seus discpulos.
17. Verdadeira regenerao
Ryokan devotou sua vida ao estudo do Zen. Um dia ele ouviu que
seu
sobrinho, a despeito das advertncias de sua famlia, estava
gastandoseu dinheiro com uma prostituta. Uma vez que o sobrinho
tinhasubstitudo Ryokan na responsabilidade de gerenciar os
proventos dafamlia, e os bens desta portanto corriam risco de serem
dissipados,os parentes pediram a Ryokan fazer algo.Ryokan teve que
viajar por uma longa estrada para encontrar seusobrinho, o qual ele
no via h muitos anos. O sobrinho ficou gratopor encontrar seu tio
novamente e o convidou a pernoitar em sua casa.Por toda a noite
Ryokan sentou em meditao. Quando ele estavapartindo na manh
seguinte ele disse ao jovem: "Eu devo estar ficandovelho, minhas
mos tremem tanto! Poderia me ajudar a amarrar minhasandlia de
palha?"O sobrinho o ajudou devotadamente. "Obrigado," disse
Ryokanfinalmente, "voc v, a cada dia um homem se torna mais velho
e
frgil. Cuide-se com ateno." Ento Ryokan partiu,
jamaismencionando uma palavra sobre a cortes ou as reclamaes de
seusparentes. Mas, daquela manh em diante, o esbanjamento do seu
neto
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terminou.
18. O Homem rico
Um homem queria ficar rico e, todos os dias, ia pedir a Deus que
lheatendesse s splicas.Num dia de inverno, ao voltar da orao,
avistou, presa no gelo docaminho, uma polpuda carteira de
dinheiro.No mesmo instante, julgou-se atendido. Mas como a carteira
resistisseaos seus esforos, urinou em cima dela a fim de derreter o
gelo que aretinha. E foi ento. . .Que despertou na cama toda
molhada. . .
19. Morte de Tokuan
Mestre Tokuan (cujo nome significa "pepino") estava morrendo;
umdiscpulo aproximou-se e perguntou-lhe qual era o seu
testamento.Takuan respondeu que no tinha testamento; mas o discpulo
insistiu:- No tendes nada... Nada para dizer?- A vida no passa de
um sonho.E expirou.
20. Eremita e a ambio
Na China antiga, um eremita meio mgico vivia numa montanha
profunda.Um belo dia, um velho amigo foi visit-lo. Senrin, muito
feliz porreceb-lo, ofereceu-lhe um jantar e um abrigo para a noite;
na manhaseguinte, antes da partida do amigo, quis ofertar-lhe um
presente.Tomou de uma pedra e, com o dedo, converteu-a num bloco de
ouro puro.O amigo no ficou satisfeito; Senrin apontou o dedo para
uma rochaenorme, que tambm se transformou em ouro.O amigo, porm,
continuava sem sorrir.
- Que queres, ento? - indagou Senrin.Respondeu-lhe o amigo:-
Corta esse dedo, eu o quero.
21. Presente de Insultos
Certa vez existiu um grande guerreiro. Ainda que muito velho,
eleainda era capaz de derrotar qualquer desafiante. Sua
reputaoestendeu-se longe e amplamente atravs do pas e muitos
estudantesreuniam-se para estudar sob sua orientao.
Um dia um infame jovem guerreiro chegou vila. Ele
estavadeterminado a ser o primeiro homem a derrotar o grande
mestre. Junto sua fora, ele possua uma habilidade fantstica em
perceber e
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explorar qualquer fraqueza em seu oponente, ofendendo-o at que
aeste perdesse a concentrao. Ele esperaria ento que seu
oponentefizesse o primeiro movimento, e assim revelando sua
fraqueza, e entoatacaria com uma fora impiedosa e velocidade de um
raio. Ningumjamais havia resistido em um duelo contra ele alm do
primeiromovimento.Contra todas as advertncias de seus preocupados
estudantes, o velho
mestre alegremente aceitou o desafio do jovem guerreiro. Quando
osdois se posicionaram para a luta, o jovem guerreiro comeou a
lanarinsultos ao velho mestre. Ele jogava terra e cuspia em sua
face. Porhoras ele verbalmente ofendeu o mestre com todo o tipo de
insulto emaldio conhecidos pela humanidade. Mas o velho guerreiro
meramenteficou parado ali, calmamente. Finalmente, o jovem
guerreirofinalmente ficou exausto. Percebendo que tinha sido
derrotado, elefugiu vergonhosamente.Um tanto desapontados por no
terem visto seu mestre lutar contra oinsolente, os estudantes
aproximaram-se e lhe perguntaram: "Como osenhor pde suportar tantos
insultos e indignidades? Como conseguiuderrot-lo sem ao menos se
mover?""Se algum vem para lhe dar um presente e voc no o aceita,"
omestre replicou, "para quem retorna este presente?"
22. Caando dois coelhos
Um estudante de artes marciais aproximou-se de seu mestre com
umaquesto:"Gostaria de aumentar meu conhecimento das artes
marciais. Em adioao que aprendi com o senhor, eu gostaria de
estudar com outroprofessor para poder aprender outro estilo. O que
pensa de minhaidia?"
"O caador que espreita dois coelhos ao mesmo tempo," respondeu
omestre, "corre o risco de no pegar nenhum."
23. O Mais Importante Ensinamento
Um renomado mestre Zen dizia que seu maior ensinamento era
este:Buddha a sua mente. De to impressionado com a
profundidadeimplicada neste axioma, um monge decidiu deixar o
Monastrio eretirar-se em um local afastado para meditar nesta pea
de sabedoria.
Ele viveu 20 anos como um eremita refletindo no grande
ensinamento.Um dia ele encontrou outro monge que viajava na atravs
da florestaprxima sua ermida. Logo o monge eremita soube que o
viajantetambm tinha estuda sob o mesmo mestre Zen."Por favor,
diga-me se voc conhece o grande ensinamento do mestre,"perguntou
ansioso ao outro.Os olhos do monge viajante brilharam, "Ah! O
mestre foi muito clarosobre isto. Ele disse que seu maior
ensinamento era: Buddha NO asua mente."
24. Aprendendo do modo mais duro
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O filho de um mestre em roubos pediu a seu pai para ensinar-lhe
ossegredos de seu ofcio. O velho ladro concordou e naquela
noitelevou seu filho para assaltar uma grande manso. Enquanto a
famliadormia, ele silenciosamente levou seu aprendiz para dentro de
umquarto que continha um armrio de ricas roupas. O pai disse ao
filhopara entrar no armrio e pegar algumas roupas. Quando o rapaz
fezisso, seu pai rapidamente fechou a porta e o prendeu l dentro.
Ento
ele saiu, e bateu sonoramente na porta da frente,
acordandoconsequentemente a famlia que dormia, e rapidamente fugiu
antes quequalquer pessoa o visse.Horas mais tarde, seu filho
retornou casa, em trapos e exausto."Pai!" ele gritou em fria,
"Porque o senhor me prendeu no armrio?Se eu no tivesse usado
desesperadamente meus recursos com medo deser descoberto, eu jamais
teria escapado. Tive que abandonar toda aminha timidez para sair de
l!"O velho ladro sorriu: "Filho, voc acabou de ter sua primeira
liona arte da rapinagem..."
25. Gutei e o Dedo
O Mestre Gutei, sempre que lhe faziam uma pergunta,
respondialevantando um dedo sem dizer nada. Um novio adquiriu o
vcio deimit-lo. Certo dia, um visitante perguntou ao novio:"Que
sermo o Mestre est pronunciando agora?"O novio respondeu levantando
o dedo. O visitante, quando seencontrou com o Mestre, contou-lhe
que o novio o imitara. Maistarde, o Mestre escondeu uma faca nas
vestes e chamou o novio.Quando este se apresentou, Gutei
perguntou-lhe:"O que Buddha?"O rapaz, ansioso para impressionar o
mestre, respondeu levantando o
dedo. O Mestre ento agarrou-lhe a mo e cortou-lhe o dedo com
afaca. O discpulo, apavorado e em choque, j ia sair correndo, mas
oMestre o chamou com um grito:"NOVIO!"Quando o rapaz se voltou para
o Mestre, este perguntou abruptamente :"O que Buddha?"O discpulo ia
levantar o dedo, mas no tinha mais dedo. Nesteinstante, ele alcanou
o Satori.
26. Seguindo a corrente
Um velho homem bbado acidentalmente caiu nas terrveis
corredeirasde um rio que levavam para uma alta e perigosa cascata.
Ningumjamais tinha sobrevivido quele rio. Algumas pessoas que viram
oacidente temeram pela sua vida, tentando desesperadamente chamar
aateno do homem que, bbado, estava quase desmaiado.
Mas,miraculosamente, ele conseguiu sair salvo quando a prpria
correntezao despejou na margem em uma curva que fazia o rio.Ao
testemunhar o evento, Kung-tzu (Confcio) comentou para todas
aspessoas que diziam no entender como o homem tinha conseguido sair
deto grande dificuldade sem luta:"Ele se acomodou gua, no tentou
lutar com ela. Sem pensar, semracionalizar, ele permitiu que a gua
o envolvesse. Mergulhando na
correnteza, conseguiu sair da correnteza. Assim foi como
conseguiusobreviver."
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27. O Sonho
Certa vez o mestre taosta Chuang Tzu sonhou que era uma
borboleta,voando alegremente aqui e ali. No sonho ele no tinha mais
a mnimaconscincia de sua individualidade como pessoa. Ele era
realmente umaborboleta. Repentinamente, ele acordou e descobriu-se
deitado ali, umpessoa novamente.Mas ento ele pensou para si
mesmo:"Fui antes um homem que sonhava ser uma borboleta, ou sou
agora umaborboleta que sonha em ser um homem?"
28. Egosmo
O Primeiro Ministro da Dinastia Tang era um heri nacional pelo
seusucesso tanto como homem de estado quanto como lder militar. Mas
adespeito de sua fama, poder e riqueza, ele se considerava um
humildee devoto Buddhista. Freqentemente ele visitava seu mestre
Zenfavorito para estudar com ele, e eles pareciam se dar muito bem.
Ofato de que ele era primeiro ministro aparentemente no tinha
efeitoem sua relao, que parecia ser simplesmente a de um reverendo
mestree seu respeitoso estudante.Um dia, durante sua visita usual,
o Primeiro Ministro perguntou aomestre, "Mestre, o que o egosmo de
acordo com o Buddhismo?"O rosto do mestre ficou vermelho, e num tom
de voz extremamentedesdenhoso e insultuoso ele gritou em
resposta:
"Que tipo de pergunta estpida esta?!?"Tal resposta to inesperada
chocou tanto o Primeiro Ministro que estetornou-se imediatamente
arrogante e com raiva:"Como ousa me tratar assim?"Neste momento o
mestre Zen sorriu e disse:"ISTO, Sua Excelncia, egosmo..."
29. Conhecendo os Peixes
Certa vez Chuang Tzu e um amigo caminhavam margem de um rio.
"Veja os peixes nadando na corrente," disse Chuang Tzu, "Eles
estorealmente felizes...""Voc no um peixe," replicou arrogantemente
seu amigo, "Ento vocno pode saber se eles esto felizes.""Voc no
Chuang Tzu," disse Chuang Tzu, "Ento como voc sabe queeu no sei que
os peixes esto felizes?"
30. Plena Ateno
Aps dez anos de aprendizagem, Tenno atingiu o ttulo de mestre
Zen.Num dia chuvoso, ele foi visitar o famoso mestre Nan-In. Quando
eleentrou no mosteiro, o mestre recebeu-o com uma questo,
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"Voc deixou seus tamancos e seu guarda-chuva no alpendre?""Sim",
Tenno replicou."Diga-me ento," o mestre continuou, "voc colocou seu
guarda-chuva esquerda de seu calado, ou direita?"Tenno no soube
como responder ao koan, percebendo afinal que eleainda no tinha
alcanado a plena ateno. Ento ele tornou-seaprendiz de Nan-In e
estudou sob sua orientao por mais dez anos.
31. Concentrao
Aps ganhar vrios torneios de Arco e Flecha, o jovem e
arrogantecampeo resolveu desafiar um mestre Zen que era renomado
pela suacapacidade como arqueiro.O jovem demonstrou grande
proficincia tcnica quando ele acertou emum distante alvo na mosca
na primeira flecha lanada, e ainda foicapaz de dividi-la em dois
com seu segundo tiro.
"Sim!", ele exclamou para o velho arqueiro, "Veja se pode
fazerisso!"Imperturbvel, o mestre no preparou seu arco, mas em vez
disso fezsinal para o jovem arqueiro segui-lo para a montanha
acima. Curiososobre o que o velho estava tramando, o campeo
seguiu-o para o altoat que eles alcanaram um profundo abismo
atravessado por uma frgile pouco firme tbua de madeira. Calmamente
caminhando sobre ainsegura e certamente perigosa ponte, o velho
mestre tomou uma largarvore longnqua como alvo, esticou seu arco, e
acertou um claro edireto tiro."Agora sua vez," ele disse enquanto
ele suavemente voltava parasolo seguro.Olhando com terror para
dentro do abismo negro e aparentemente semfim, o jovem no pde forar
a si mesmo caminhar pela prancha, muito
menos acertar um alvo de l."Voc tem muita percia com seu arco,"
o mestre disse, percebendo adificuldade de seu desafiante, "mas voc
tem pouco equilbrio com amente que deve nos deixar relaxados para
mirar o alvo."
32. Professor de Sino
Um novo estudante aproximou-se do mestre Zen e perguntou-lhe
como ele
poderia absorver seus ensinamentos de forma correta."Pense em
mim como um sino," o mestre explicou. "Me d um suavetoque, e eu
irei lhe dar um pequeno tinido. Toque-me com fora e vocreceber um
alto e profundo badalo."
33. O Elefante e a Pulga
Roshi Kapleau (um mestre Zen moderno) concordou em falar a um
grupode psicanalistas sobre Zen. Aps ser apresentado ao grupo
pelodiretor do instituto analtico, o Roshi quietamente sentou-se
sobre
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uma almofada colocada sobre o cho. Um estudante entrou,
prostrou-sediante do mestre, e ento sentou-se em outra almofada
prxima,olhando seu professor."O que Zen?" o estudante perguntou. O
Roshi pegou uma banana,descascou-a, e comeou a com-la."Isso tudo? O
senhor no pode me dizer nada mais?" o estudantedisse.
"Aproxime-se, por favor." O mestre replicou. O estudante
moveu-semais para perto e Roshi balanou o que restava da banana em
frente aorosto do outro. O estudante fez uma reverncia e partiu.Um
segundo estudante levantou-se e dirigiu-se audincia:"Vocs todos
entenderam?" Quando no houve resposta, o estudanteadicionou:"Vocs
acabaram de testemunhar uma completa demonstrao do Zen.Alguma
questo?"Aps um longo silncio constrangido, algum falou."Roshi, eu
no estou satisfeito com sua demonstrao. O senhor nosmostrou algo
que eu no tenho certeza de ter compreendido. DEVEexistir uma
maneira de nos DIZER o que o Zen!""Se voc insiste em usar mais
palavras," o Roshi replicou, "ento Zen 'um elefante copulando com
uma pulga...'".
34. Livros
Hsan-Chien, quando jovem, era um devoto estudante do
buddhismo.Estudou muito os conceitos e as doutrinas, e tornou-se
muito hbil emanalisar os termos complexos, e se considerava um
expert em filosofiabuddhista. Aprendeu de cor o Sutra do Diamante,
e orgulhosamenteescreveu um longo comentrio sobre ele.Um dia,
sabendo que em Hunan havia um grande sbio que dizia coisas
que ele no concordava, resolveu viajar at l para provar,
atravsde seu conhecimento, que o pretenso sbio estava errado. Ele
pegouseu comentrio Qinglong sobre o Sutra do Diamante e partiu.No
caminho, encontrou uma velha que vendia bolinhos de arroz. Cansadoe
com fome, falou senhora:"Gostaria de comprar alguns bolinhos, por
favor.""Que livros est carregando? ", perguntou a velha." o meu
comentrio sobre o sentido verdadeiro do Sutra doDiamante," disse
orgulhoso," mas voc no sabe nada sobre essesassuntos profundos."Aps
um pequeno momento em silncio, a velha lhe disse:"Vou lhe fazer uma
pergunta, e se puder me responder eu lhe darei osbolinhos de graa.
Se no, ter que ir embora, pois no vou lhevender os bolinhos."
Achando-se capaz de responder qualquer pergunta, quanto mais de
umapessoa sem os seus anos de conhecimentos nos termos
filosficos,disse:"Muito bem, pergunte-me"."Est escrito no
Vajracchedika que a Mente do passado inatingvel,a Mente do futuro
inatingvel e a Mente do presente inatingvel;diga-me ento: com qual
Mente voc vai se alimentar?"Estupefato, Hsan-chien no soube o que
dizer. A velha levantou-se ecomentou:"Sinto muito, mas acho que ter
que se alimentar em outro lugar", epartiu.Quando chegou no seu
destino encontrou Longtan, o mestre do templo.Tinha chegado tarde,
e ainda abalado com o encontro anterior, sentou-se silenciosamente
em frente ao mestre, esperando que ele iniciasse o
debate. O mestre, aps muito tempo, disse:" muito tarde, e voc
est cansado. melhor ir para seu quartodormir."
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"Muito bem," disse o intelectual, levantou-se e comeou a sair
para aescurido do corredor. O mestre veio de dentro do salo e
comentou:"Est muito escuro, tome, leve esta vela acesa," e lhe
passou uma dasvelas acesas do altar. Quando Hsen-chien pegou a vela
trazida pelomestre, Longtan subitamente assoprou-a, apagando a luz
e deixandoambos silenciosos em meio escurido. Neste momento
Hsan-chienatingiu o Satori.
No dia seguinte, levou todos seus livros e comentrios para o
ptio eos queimou.
35. Obra de Arte
Um mestre em caligrafia escreveu alguns ideogramas em uma folha
depapel. Um dos seus mais especialmente sensveis estudantes
estavaobservando. Quando o artista terminou, ele perguntou a opinio
do seupupilo - que imediatamente lhe disse que no estava bom. O
mestre
tentou novamente, mas o estudante criticou tambm o novo
trabalho.Vrias vezes, o mestre cuidadosamente redesenhou os
mesmosideogramas, e a cada vez seu estudante rejeitava a obra.Ento,
quando o estudante estava com sua ateno desviada por outracoisa e
no estava olhando, o mestre aproveitou o momento erapidamente
apagou os caracteres que havia escrito no ltimotrabalho, deixando a
folha em branco."Veja! O que acha?," ele perguntou. O Estudante
ento virou-se eolhou atentamente."ESTA... verdadeiramente uma obra
de arte!", exclamou.
(Uma lenda diz que este o conto que descreve a criao de arte
domestre Kosen, que por sua vez foi usada para criar o entalhe
emmadeira das palavras "O Primeiro Princpio", que ornamentam o
porto
do Templo Obaku em Kyoto).
36. Buscando por Buddha
Um monge ps-se a caminho de uma longa peregrinao para
encontrarBuddha. Ele levou muitos anos em sua busca at alcanar a
terra ondedizia-se que vivia Buddha. Ao cruzar o sagrado rio que
cortava estepas, o monge olhava em torno enquanto o barqueiro
conduzia o bote.
Ele percebeu algo flutuando em sua direo. Quando o objeto
chegoumais perto, ele viu que era um cadver - e que o morto era ele
mesmo!O monge perdeu todo o controle e deu um grito de dor viso de
simesmo, rgido e sem vida, flutuando suavemente na corrente do
granderio.Neste instante percebeu que ali estava comeando sua busca
pelaliberao...E ento ele soube definitivamente que sua procura por
Buddha haviaterminado.
37. O Agora
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Um guerreiro japons foi capturado pelos seus inimigos e jogado
napriso. Naquela noite ele sentiu-se incapaz de dormir pois sabia
queno dia seguinte ele iria ser interrogado, torturado e
executado.Ento as palavras de seu mestre Zen surgiram em sua
mente:"O "amanh" no real. uma iluso. A nica realidade "AGORA.
Overdadeiro sofrimento viver ignorando este Dharma".
Em meio ao seu terror subitamente compreendeu o sentido
destaspalavras, ficou em paz e dormiu tranqilamente.
38. Nada santo
Certa vez Bodhidharma foi levado presena do Imperador Wu,
umdevoto benfeitor buddhista, que ansiava receber a aprovao de
suagenerosidade pelo sbio. Ele perguntou ao mestre:
"Ns construmos templos, copiamos os sutras sagrados,
ordenamosmonges e monjas. Qual o mrito, reverenciado Senhor, da
nossaconduta?""Nenhum mrito, em absoluto", disse o sbio.O
Imperador, chocado e algo ofendido, pensou que tal resposta
comcerteza estava subvertendo todo o dogma buddhista, e tornou
aperguntar:"Ento qual o Santo Dharma, o Primeiro Princpio?""Um
vasto Vazio, sem nada santo dentro dele", afirmou Bodhidharma,para
a surpresa do Imperador. Este ficou furioso, levantou-se e fezsua
ltima pergunta:"Quem s ento, para ficares diante de mim como se
fosse um sbio?""Eu no sei, Majestade", replicou o sbio, que assim
tendo ditovirou-se e foi embora.
39. Onde est sua mente?
Finalmente, aps muitos sofrimentos, Shang Kwang foi aceito
porBodhidharma como seu discpulo. O jovem ento perguntou ao
mestre:"Eu no tenho paz de esprito. Gostaria de pedir, Senhor,
que
pacificasse minha mente.""Ponha sua mente aqui na minha frente e
eu a pacificarei!" replicouBodhidharma."Mas... impossvel que eu faa
isso!" afirmou Shang Kwang."Ento j pacifiquei a sua mente.",
conclui o sbio.
40. A prtica faz a perfeio
Um estudante de canto de pera dramtica treinou sob um rgido
professor que insistia que ele recitasse dia aps dia, ms aps ms
omesmo trecho da mesma cano, sem jamais ser permitido ir
adiante.Finalmente, oprimido pela frustrao e desespero, o jovem
fugiu em
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busca de outra profisso. Uma noite, parando em uma estalagem,
eleencontrou por acaso o anncio de uma competio de recitao. Notendo
nada a perder, ele entrou na competio e, claro, cantou anica
passagem que ele conhecia to bem. Quando ele terminou,
opatrocinador da competio congratulou-o efusivamente
suaperformance. A despeito das embaraadas objees do
estudante,recusou-se a acreditar que havia escutado um cantor
principiante.
"Diga-me," perguntou o patrocinador, "quem seu instrutor? Ele
deveser um grande mestre!"O estudante mais tarde tornou-se
conhecido como o grande cantorjapons Koshiji.
41. O Paraso
Duas pessoas estavam perdidas no deserto. Elas estavam morrendo
deinanio e sede. Finalmente, eles avistaram um alto muro. Do
outrolado eles podiam ouvir o som de quedas d'gua e pssaros
cantando.Acima eles podiam ver os galhos de uma rvore frutfera
atravessando
e pendendo sobre o muro. Seus frutos pareciam deliciosos.Um dos
homens subiu o muro e desapareceu no outro lado.O outro, em vez
disso, saciou sua fome com as frutas que sobressaamda rvore ali
mesmo, e retornou ao deserto para ajudar outrosperdidos a encontrar
o caminho para o osis.
42. Gato Ritual - Complicando o que simples
Quando um mestre espiritual e seus discpulos comeavam sua
meditaodo anoitecer, o gato que vivia no Monastrio fazia tanto
barulho queos distraa. Ento o professor ordenou que o gato fosse
amordaado
durante a prtica noturna. Anos depois, quando o mestre morreu,
ogato continuou a ser amarrado durante a meditao. E quando o
gatoeventualmente morreu, outro gato foi trazido para o Monastrio
eamarrado. Sculos depois, quando todos os fatos do evento
estavamperdidos no passado, praticantes intelectuais que estudavam
osensinamentos daquele mestre espiritual escreveram longos
tratadosescolsticos sobre a significncia de se amordaar um gato
durante aprtica da meditao...
43. Natureza
Dois monges estavam lavando suas tigelas no rio quando
perceberam umescorpio que estava se afogando. Um dos monges
imediatamente pegou-oe o colocou na margem. No processo ele foi
picado. Ele voltou paraterminar de lavar sua tigela e novamente o
escorpio caiu no rio. Omonge salvou o escorpio e novamente foi
picado. O outro monge entoperguntou:"Amigo, por que voc continua a
salvar o escorpio quando voc sabeque sua natureza agir com
agressividade, picando-o?""Porque," replicou o monge, "agir com
compaixo a minha natureza."
(Outra verso deste conto descreve uma raposa que concorda
emcarregar um escorpio em suas costas atravs de um rio, sob acondio
que o escorpio no o pique. Mas o escorpio ainda assimpica a raposa
quando ambos estavam no meio da correnteza. Enquanto a
raposa afundava, levando o escorpio consigo, ela
lamentosamenteperguntou ao escorpio por que tinha condenado a ambos
morte aopic-la. "Porque minha natureza."
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A mesma estria encontrada na tradio indgena americana. NoBrasil
a raposa substituda por um sapo.)
44. Sem Mais Questes
Ao encontrar um mestre Zen em um evento social, um psiquiatra
decidiucolocar-lhe uma questo que sempre esteve em sua
mente:"Exatamente como voc ajuda as pessoas?" ele perguntou."Eu as
alcano naquele momento mais difcil, quando elas no tem maisnenhuma
questo para perguntar," o mestre respondeu.
45. No Morri Ainda
O Imperador perguntou ao Mestre Gudo:"O que acontece com um
homem iluminado aps a morte?""Como eu poderia saber?", replicou
Gudo."Porque o senhor um mestre... no ?" respondeu o Imperador,
umpouco surpreso."Sim Majestade," disse Gudo suavemente, "mas ainda
no sou um mestremorto."
46. Samsara
O monge perguntou ao Mestre:"Como posso sair do Samsara (a Roda
de renascimentos e mortes)?"O Mestre respondeu:"Quem te colocou
nele?"
47. Mente em Movimento
Dois homens estavam discutindo sobre uma flmula que tremulava
aovento:" o vento que realmente est se movendo!" declarou o
primeiro."No, obviamente a flmula que se move!" contestou o
segundo.
Um mestre Zen, que por acaso passava perto, ouviu a discusso e
osinterrompeu dizendo:"Nem a flmula nem o vento esto se movendo,"
disse, " a MENTE quese move."
48. O Quebrador de Pedras
Era uma vez um simples quebrador de pedras que estava
insatisfeito
consigo mesmo e com sua posio na vida.Um dia ele passou em
frente a uma rica casa de um comerciante.Atravs do portal aberto,
ele viu muitos objetos valiosos e luxuosos
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e importantes figuras que freqentavam a manso."Quo poderoso este
mercador!" pensou o quebrador de pedras. Eleficou muito invejoso
disso e desejou que ele pudesse ser como ocomerciante.Para sua
grande surpresa ele repentinamente tornou-se o
comerciante,usufruindo mais luxos e poder do que ele jamais tinha
imaginado,embora fosse invejado e detestado por todos aqueles menos
poderosos e
ricos do que ele. Um dia um alto oficial do governo passou
suafrente na rua, carregado em uma liteira de seda, acompanhado
porsubmissos atendentes e escoltado por soldados, que batiam gongos
paraafastar a plebe. Todos, no importa quo ricos, tinham que se
curvar sua passagem."Quo poderoso este oficial!" ele pensou.
"Gostaria de poder ser umalto oficial!"Ento ele tornou-se o alto
oficial, carregado em sua liteira de sedapara qualquer lugar que
fosse, temido e odiado pelas pessoas suavolta. Era um dia de vero
quente, e o oficial sentiu-se muitodesconfortvel na suada liteira
de seda. Ele olhou para o Sol. Estefulgia orgulhoso no cu,
indiferente pela sua reles presena abaixo."Quo poderoso o Sol!" ele
pensou. "Gostaria de ser o Sol!"Ento ele tornou-se o Sol. Brilhando
ferozmente, lanando seus raios
para a terra sobre tudo e todos, crestando os campos,
amaldioadopelos fazendeiros e trabalhadores. Mas um dia uma
gigantesca nuvemnegra ficou entre ele e a terra, e seu calor no
mais pde alcanar ocho e tudo sobre ele."Quo poderosa a nuvem de
tempestade!" ele pensou "Gostaria de seruma nuvem!"Ento ele
tornou-se a nuvem, inundando com chuva campos e vilas,causando
temor a todos. Mas repentinamente ele percebeu que estavasendo
empurrado para longe com uma fora descomunal, e soube que erao
vento que fazia isso."Quo poderoso o Vento!" ele pensou. "Gostaria
de ser o vento!"Ento ele tornou-se o vento de furaco, soprando as
telhas dostelhados das casas, desenraizando rvores, temido e odiado
por todasas criaturas na terra. Mas em determinado momento ele
encontrou algo
que ele no foi capaz de mover nem um milmetro, no importasse
oquanto ele soprasse em sua volta, lanando-lhe rajadas de ar. Ele
viuque o objeto era uma grande e alta rocha."Quo poderosa a rocha!"
ele pensou. "Gostaria de ser uma rocha!"Ento ele tornou-se a rocha.
Mais poderoso do que qualquer outracoisa na terra, eterno,
inamovvel. Mas enquanto ele estava l,orgulhoso pela sua fora, ele
ouviu o som de um martelo batendo em umcinzel sobre uma dura
superfcie, e sentiu a si mesmo sendodespedaado."O que poderia ser
mais poderoso do que uma rocha?!?" pensousurpreso.Ele olhou para
baixo de si e viu a figura de um quebrador de pedras.
49. Talvez
H um conto Taosta sobre um velho fazendeiro que trabalhou em
seucampo por muitos anos. Um dia seu cavalo fugiu. Ao saber da
notcia,seus vizinhos vieram visit-lo."Que m sorte!" eles disseram
solidariamente."Talvez," o fazendeiro calmamente replicou. Na manh
seguinte ocavalo retornou, trazendo com ele trs outros cavalos
selvagens.
"Que maravilhoso!" os vizinhos exclamaram."Talvez," replicou o
velho homem. No dia seguinte, seu filho tentoudomar um dos cavalos,
foi derrubado e quebrou a perna. Os vizinhos
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novamente vieram para oferecer sua simpatia pela m fortuna."Que
pena," disseram."Talvez," respondeu o fazendeiro. No prximo dia,
oficiais militaresvieram vila para convocar todos os jovens ao
servio obrigatrio noexrcito, que iria entrar em guerra. Vendo que o
filho do velho homemestava com a perna quebrada, eles o
dispensaram. Os vizinhoscongratularam o fazendeiro pela forma com
que as coisas tinham se
virado a seu favor.O velho olhou-os, e com um leve sorriso disse
suavemente:"Talvez."
50. Cipreste
Um monge perguntou ao mestre:"Qual o significado de
Dharma-Buddha?"O mestre apontou e disse:
"O cipreste no jardim."O monge ficou irritado, e disse:"No, no!
No use parbolas aludindo a coisas concretas! Quero umaexplicao
intelectual clara do termo!""Ento eu no vou usar nada concreto, e
serei intelectualmenteclaro," disse o mestre. O monge esperou um
pouco, e vendo que omestre no iria continuar fez a mesma
pergunta:"Ento? Qual o significado de Dharma-Buddha?"O mestre
apontou e disse:"O cipreste no jardim."
51. Ch ou Paulada
Certa vez Hakuin contou uma estria:Havia uma velha mulher que
tinha uma casa de ch na vila. Ela era umagrande conhecedora da
cerimnia do ch, e sua sabedoria no Zen erasoberba. Muitos
estudantes ficavam surpresos e ofendidos que umasimples velha
pudesse conhecer o Zen, e iam vila para test-la ever se isso era
mesmo verdade.Toda vez que a velha senhora via monges se
aproximando, ela sabia se
eles vinham apenas para experimentar o seu ch, ou para test-la
noZen. queles que vinham pelo ch ela servia gentil e
graciosamente,encantando-os. queles que vinham tentar saber de seu
conhecimento doZen, ela escondia-se at que o monge chegasse porta e
ento lhebatia com um tio."Apenas um em cada dez conseguiam escapar
da paulada..."
52. Os Poderes Sobrenaturais
Certa manh, o Mestre Daie, ao levantar-se, chamou seu
discpulo
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Gyozan e lhe disse:"Vamos fazer uma disputa para saber quem de
ns dois possui maispoderes sobrenaturais?"Gyozan retirou-se sem
nada responder. Dali a pouco, voltou trazendouma bacia com gua e
uma toalha. O mestre lavou o rosto e enxugou-seem silncio. Depois,
Daie e Gyozan sentaram em ante uma mesinha eficaram conversando
sobre assunto diversos, tomando ch.
Pouco depois, Kyogen, outro discpulo, aproximou-se e
perguntou:"O que esto fazendo?""Estamos fazendo uma competio com
nossos poderes sobrenaturais",respondeu o Mestre, "Queres
participar?"Kyogen retirou-se calado e logo depois retornou
trazendo uma bandejacom doces e biscoitos. O Mestre Daie ento
dirigiu-se aos seus doisdiscpulos, e exclamou:"Na verdade, vs
superais em poderes sobrenaturais Sariputra,Mogallana e todos os
discpulos de Buddha!"
53. P
Chao-Chou (Joshu) certa vez varria o cho quando um monge
lheperguntou:"Sendo vs o sbio e santo Mestre, dizei-me como se
acumula tanto pem seu quintal?"Disse o Mestre, apontando para o
ptio:"Ele vem l de fora."
54. Jardim Zen - A Beleza Natural
Um monge jovem era o responsvel pelo jardim zen de um famoso
temploZen. Ele tinha conseguido o trabalho porque amava as flores,
arbustose rvores. Prximo ao templo havia um outro templo menor onde
viviaapenas um velho mestre Zen. Um dia, quando o monge estava
esperando avisita de importantes convidados, ele deu uma ateno
extra aocuidado do jardim. Ele tirou as ervas daninhas, podou os
arbustos,cardou o musgo, e gastou muito tempo meticulosamente
passando oancinho e cuidadosamente tirando as folhas secas de
outono. Enquanto
ele trabalhava, o velho mestre observava com interesse de cima
domuro que separava os templos.Quando terminou, o monge afastou-se
um pouco para admirar seutrabalho."No est lindo?" ele perguntou,
feliz, para o velho monge."Sim," replicou o ancio, "mas est
faltando algo crucial. Me ajude apular este muro e eu irei acertar
as coisas para voc."Aps certa hesitao, o monge levantou o velho por
sobre o muro epousou-o suavemente em seu lado. Vagarosamente, o
mestre caminhoupara a rvore mais prxima ao centro do jardim,
segurou seu tronco eo sacudiu com fora. Folhas desceram suavemente
brisa e caram porsobre todo o jardim."Pronto!" disse o velho
monge," agora voc pode me levar de volta."
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55. Ponte de Pedra
Havia uma famosa ponte de pedra no Monastrio de Chao-Chou
(Joshu)que era uma atrao do lugar. Certa vez um monge viajante
afirmou:
"J ouvi falar sobre a famosa ponte de pedra, mas at agora no a
vi.Vejo somente uma tbua.""Vedes uma tbua," confirmou Chao-chou, "e
no vedes a ponte demadeira.""Ento onde est a ponte de pedra?"
perguntou o monge."Acabastes de cruz-la", disse prontamente
Chao-Chou.
56. Apenas duas palavras
Havia um certo Monastrio Soto Zen que era muito rgido. Seguindo
umestrito voto de silncio, a ningum era permitido falar. Mas
haviauma pequena exceo a esta regra: a cada 10 anos os monges
tinhampermisso de falar apenas duas palavras. Aps passar seus
primeirosdez anos no Monastrio, um jovem monge foi permitido ir ao
mongeSuperior."Passaram-se dez anos," disse o monge Superior.
"Quais so as duaspalavras que voc gostaria de dizer?""Cama dura..."
disse o jovem."Entendo..." replicou o monge Superior.Dez anos
depois, o monge retornou sala do monge Superior."Passaram-se mais
dez anos," disse o Superior. "Quais so as duas
palavras que voc gostaria de dizer?""Comida ruim..." disse o
monge."Entendo..." replicou o Superior.Mais dez anos se foram e o
monge uma vez mais encontrou-se com o seuSuperior, que
perguntou:"Quais so as duas palavras que voc gostaria de dizer, aps
maisestes dez anos?""Eu desisto!" disse o monge."Bem, eu entendo o
porqu," replicou, custico, o monge Superior."Tudo o que voc sempre
fez foi reclamar!"
(Este um conto comum em alguns locais Soto ocidentais. No
existecerteza se um conto Zen original. Como muitas anedotas, esta
aquinos faz rir, mas tambm nos encoraja a refletir sobre o qu h
de
engraado nisso tudo...)
57. Aranha
Um conto Tibetano fala de um estudante de meditao que,
enquantomeditava em seu quarto, pensava ver uma assustadora aranha
descendo sua frente. A cada dia a criatura ameaadora retornava cada
vez maiorem tamanho. To terrificado estava o estudante que
finalmente foi ao
seu professor para relatar o seu dilema:"No posso continuar
meditando com tal ameaa sobre mim," disse eletremendo de pavor.
"Vou guardar uma faca em meu colo durante a
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meditao, de forma que quando a aranha aparecer eu possa
mat-la!"O professor advertiu-o contra esta idia:"No faa isso. Faa
como eu lhe digo: leve um pedao de carvo nasua meditao, e quando a
aranha aparecer, marque um 'X' em suabarriga. Depois disso venha at
mim."O estudante retornou sua meditao. Quando a aranha
novamenteapareceu, ele lutou contra o impulso de atac-la e em vez
disso fez
como o mestre sugeriu. Ento correu para a sala de dele,
gritando:"Eu a marquei na barriga! Fiz o que me pediu! O que fao
agora?"O professor olhou-o e falou:"Levante a tnica e olhe para sua
prpria barriga."Ao fazer isso, o estudante viu o "X" que havia
feito.
58. Meditao e Macacos
Um homem estava interessado em aprender meditao. Foi at um
zendo(local de prtica meditativa zen) e bateu na porta. Um
velhoprofessor o atendeu:"Sim?""Bom dia meu senhor," comeou o
homem. "Eu gostaria de aprender afazer meditao. Como eu sei que
isso difcil e muito tcnico, euprocurei estudar ao mximo, lendo
livros e opinies sobre o que meditao, suas posturas, etc... Estou
aqui porque o senhor considerado um grande professor de meditao.
Gostaria que o senhorme ensinasse."O velho ficou olhando o homem
enquanto este falava. Quando terminou,o professor disse:"Quer
aprender meditao?"
"Claro! Quero muito?" exclamou o outro."Estudou muito sobre
meditao?", disse um tanto irnico."Fiz o mximo que pude..." afirmou
o homem."Certo," replicou o velho. "Ento v para casa e faa
exatamenteisso: NO PENSE EM MACACOS."O homem ficou pasmo. Nunca
tinha lido nada sobre isso nos livros demeditao. Ainda meio
incerto, perguntou:"No pensar em macacos? s isso?"" s isso.""Bem
isso simples de fazer" pensou o homem, e concordou. Oprofessor ento
apenas completou:"timo. Volte amanh," e bateu a porta.Duas horas
depois, o professor ouviu algum batendo freneticamente aporta do
zendo. Ele abriu-a, e l estava de novo o mesmo homem.
"Por favor me ajude!" exclamou aflito "Desde que o senhor pediu
paraque eu no pensasse em macacos, no consegui mais deixar de
mepreocupar em NO PENSAR NELES!!!! Vejo macacos em todos
oscantos!!!!"
59. O Eu Verdadeiro
Um homem muito perturbado foi at um mestre Zen, apresentou-se
edisse:"Por favor, Mestre, eu me sinto desesperado! No sei quem eu
sou.
Sempre li e ouvi falar sobre o Eu Superior, nossa verdadeira
EssnciaTranscendental, e por muitos anos tentei atingir esta
realidadeprofunda, sem nunca ter sucesso! Por favor mostre-me meu
Eu
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Verdadeiro!"Mas o professor apenas ficou olhando para longe, em
silncio, sem darnenhuma resposta. O homem comeou a implorar e
pedir, sem que omestre lhe desse nenhuma ateno. Finalmente, banhado
em lgrimas defrustrao, o homem virou-se e comeou a se afastar.
Neste momento omestre chamou-o pelo nome, em voz alta."Sim?"
replicou o homem, enquanto se virava para fitar o sbio.
"Eis o seu verdadeiro Eu." disse o mestre.
60. Ansiando por Deus
Um sbio estava meditando margem de um rio quando um homem
jovem,um tanto entusiasmado, o interrompeu."Mestre, eu desejo ser
seu discpulo!", disse o jovem."Por qu?" replicou o sbio.
O jovem era uma pessoa que sempre ouviu falar dos
caminhosespirituais, e tinha uma idia fantasiosa e romntica deles.
Em suaimaturidade, ele achava que ser "espiritual" era algo como
participarde um movimento, de uma crena, de uma moda, sem
grandesconseqncias. Ele ento pensou numa resposta bem "profunda" e
disse:"Porque eu quero encontrar DEUS!"O sbio pulou de onde estava,
agarrou o rapaz pelo cangote, arrastou-o at o rio e mergulhou sua
cabea sob a gua. Manteve-o l por quaseum minuto, sem permitir que
respirasse, enquanto o terrificado rapazchutava e lutava para se
libertar. Finalmente o mestre o puxou dagua e o arrastou de volta
margem. Largou-o no cho, enquanto ohomem cuspia gua e engasgava,
lutando para retomar a respirao eentender o que acontecera. Quando
ele eventualmente se acalmou, osbio lhe perguntou:
"Diga-me, quando estava sob a gua, sabendo que morreria, o que
vocqueria mais do que tudo?"Ar!", respondeu o jovem, amuado."Muito
bem", disse o mestre. "V para sua casa, e quando voc souberansiar
por um Deus tanto quanto voc acabou de ansiar por ar, podevoltar a
me procurar."
61. Por que palavras?
Um monge aproximou-se de seu mestre - que se encontrava em
meditaono ptio do Templo luz da lua - com uma grande dvida:"Mestre,
aprendi que confiar nas palavras ilusrio; e diante daspalavras, o
verdadeiro sentido surge atravs do silncio. Mas vejoque os Sutras e
as recitaes so feitas de palavras; que oensinamento transmitido
pela voz. Se o Dharma est alm dos termos,porque os termos so usados
para defini-lo?"O velho sbio respondeu: "As palavras so como um
dedo apontando paraa Lua; cuida de saber olhar para a Lua, no se
preocupe com o dedoque a aponta."O monge replicou: "Mas eu no
poderia olhar a Lua, sem precisar quealgum dedo alheio a
indique?""Poderia," confirmou o mestre, "e assim tu o fars, pois
ningum maispode olhar a lua por ti. As palavras so como bolhas de
sabo:
frgeis e inconsistentes, desaparecem quando em contato
prolongadocom o ar. A Lua est e sempre esteve vista. O Dharma
eterno ecompletamente revelado. As palavras no podem revelar o que
j est
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revelado desde o Primeiro Princpio.""Ento," o monge perguntou,
"por que os homens precisam que lhes sejarevelado o que j de seu
conhecimento?""Porque," completou o sbio, "da mesma forma que ver a
Lua todas asnoites faz com que os homens se esqueam dela pelo
simples costume deaceitar sua existncia como fato consumado, assim
tambm os homensno confiam na Verdade j revelada pelo simples fato
dela se
manifestar em todas as coisas, sem distino. Desta forma,
aspalavras so um subterfgio, um adorno para embelezar e atrair
nossaateno. E como qualquer adorno, pode ser valorizado mais do que
necessrio."O mestre ficou em silncio durante muito tempo. Ento, de
sbito,simplesmente apontou para a lua.
62. O Som do Silncio
Certa vez, um buddhista foi s montanhas procurar um grande
mestre,
que segundo acreditava poderia lhe dizer a palavra definitiva
sobre osentido da Sabedoria. Aps muitos dias de dura caminhada o
encontrouem um belo templo beira de um lindo vale."Mestre, vim at
aqui para lhe pedir uma palavra sobre o sentido doDharma. Por
favor, faa-me atravessar os Portes do Zen.""Diga-me," replicou o
sbio, "vindo para c vs passastes pelo vale?""Sim.""Por acaso
ouvistes o seu som?"Um tanto incerto, o homem disse:"Bem, ouvi o
som do vento como um suave canto penetrando todo ovale."O sbio
respondeu:"O local onde vs ouvistes o som do vale onde comea o
caminho queleva aos Portes do Zen. E este som toda palavra que vs
precisais
ouvir sobre a Verdade."
63. O Mudo e o Papagaio
Um jovem monge foi at o mestre Ji-shou e perguntou:"Como
chamamos uma pessoa que entende uma verdade mas no podeexplic-la em
palavras?"Disse o mestre:
"Uma pessoa muda comendo mel"."E como chamamos uma pessoa que no
entende a verdade, mas fala muitosobre ela?""Um papagaio imitando
as palavras de uma outra pessoa".
64. Autocontrole
Um dia aconteceu um tremendo terremoto que sacudiu inteiramente
umtemplo Zen. Partes dele chegaram mesmo a ruir. Muitos dos
mongesficaram terrificados. Quando o terremoto parou o professor do
templo
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disse, vaidosa e arrogantemente:"Agora vocs tiveram a
oportunidade de ver como um verdadeiro sbioZen se comporta diante
de uma situao de crise. Vocs devem ternotado que EU no entrei em
pnico. EU estive sempre muito conscientedo que estava acontecendo e
do que fazer. EU guiei vocs todos para acozinha, a parte mais firme
do templo. E esta foi uma brilhantedeciso, pois como vocs vem todos
sobrevivemos sem nenhum arranho!
Contudo, a despeito de meu grande autocontrole e compostura
exemplar,admito ter sentido um pouco - muito pouco - de tenso. Fato
que vocsdevem ter deduzido quando me viram beber um grande copo de
gua, algoque eu jamais fao em circunstncias normais..."Neste
momento alguns monges sorriram, mas no disseram nada."De qu esto
rindo?" perguntou o professor."Aquilo no era gua," disse um dos
monges, "era um grande copo demolho apimentado..."
65. O Silncio Completo
Quatro monges decidiram meditar em silncio completo, sem falar
porduas semanas. Na noite do primeiro dia a vela comeou a falhar
eento apagou.O primeiro monge disse, "Oh, no! A vela apagou!"O
segundo comentou, "No tnhamos que ficar em silncio completo?"O
terceiro reclamou, "Por que vocs dois quebraram o
silncio?"Finalmente o quarto afirmou, todo orgulhoso, "Aha! Eu sou
o nico queno falou!"
66. Sem Problema
Um praticante Zen foi Bankei e fez-lhe esta pergunta,
aflito:"Mestre, Eu tenho um temperamento irascvel. Sou s vezes
muitoagitado e agressivo e acabo criando discusses e ofendendo
outraspessoas. Como posso curar isso?""Tu possuis algo muito
estranho," replicou Bankei. "Deixe ver como esse
comportamento.""Bem... eu no posso mostr-lo exatamente agora,
mestre," disse ooutro, um pouco confuso."E quando tu a mostrars
para mim?" perguntou Bankei."No sei... que isso sempre surge de
forma inesperada," replicou o
estudante."Ento," concluiu Bankei, "essa coisa no faz parte de
tua naturezaverdadeira. Se assim fosse, tu poderias mostr-la sempre
quedesejasse. Quando tu nasceste no a tinhas, e teus pais no
apassaram para ti. Portanto, saibas que ele no existe."
67. Impermanncia
Um famoso mestre espiritual aproximou-se do Portal principal
dopalcio do Rei. Nenhum dos guardas tentou par-lo,
constrangidos,enquanto ele entrou e dirigiu-se aonde o Rei em
pessoa estava
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solenemente sentado, em seu trono."O que vs desejais?" perguntou
o Monarca, imediatamente reconhecendoo visitante."Eu gostaria de um
lugar para dormir aqui nesta hospedaria," replicouo professor."Mas
aqui no uma hospedaria, bom homem, "disse o Rei, divertido,"Este o
meu palcio."
"Posso lhe perguntar a quem pertenceu este palcio antes de
vs?"perguntou o mestre."Meu pai. Ele est morto.""E a quem pertenceu
antes dele?""Meu av," disse o Rei j bastante intrigado, "Mas ele
tambm estmorto.""Sendo este um lugar onde pessoas vivem por um
curto espao de tempoe ento partem - vs me dizeis que tal lugar NO
uma hospedaria?"
68. Buddha - Alm da Palavras
Certa vez estava Buddha sentado sob uma rvore, com os
seusdiscpulos reunidos sua volta esperando que ele iniciasse
seudiscurso. Em determinado momento, Buddha calmamente inclinou-se
ecolheu uma flor. Levantou-a altura de seu rosto e
girou-asuavemente. Seus discpulos ficaram espantados e confusos,
emurmuraram entre si questionando o sentido daquilo. Dentre
eles,apenas Kashyapa entendeu o gesto, sorrindo. Shakyamuni
Buddhapercebeu que Kashyapa tinha compreendido, e lhe disse:"O
mtodo de Meditao que ensino ver as coisas como elas so, nada
rejeitar e tratar as coisas com alegria, vendo claramente sua
faceoriginal. Esse Dharma misterioso transcende a linguagem e
osprincpios racionais. O pensamento lgico no pode ser usado
paraobter a Compreenso; apenas com a sensibilidade da no-mente
alcana-se a Verdade. Vs compreendestes. Por isso, concedo-lhe a
partirdeste momento o esprito do Dhyana."
69. Uma vida intil?
Um bondoso fazendeiro tornou-se velho demais para poder
trabalhar noscampos. Assim ele passava seus dias apenas sentado na
varanda, felizem observar a natureza. Seu filho era uma pessoa
insensvel eambiciosa que no gostava de dar duro. Mas, ainda
trabalhando nafazenda, podia observar seu pai de vez em quando ao
longe."Ele intil," o filho falou para si mesmo, agastado, "ele no
faznada!"Um dia o filho ficou to frustado por ver seu pai numa vida
que eleconsiderava absurda, que construiu um caixo de madeira,
arrastou-oat a varanda e disse insensivelmente para o seu pai
entrar nele. Semdizer uma palavra, o pai deitou-se no caixo. Aps
fechar a tampa, ofilho arrastou o caixo at as fronteiras da fazenda
onde existia umgrande abismo. Quando ele se aproximou da beira,
ouviu uma suave
batida na tampa, de dentro do caixo. Ele abriu-o. Ainda deitado
lpacificamente, o pai olhou para seu filho."Sei que voc vai
lanar-me no abismo, mas antes de fazer isso posso
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lhe sugerir uma coisa?""O que ?" disse o filho, confuso e algo
constrangido por ver seu paito calmo."Lance-me ao abismo, se
quiser," disse o pai, "mas salve este bomcaixo de madeira. Seus
filhos podem querer us-lo um dia comvoc..."
70. Quando cansado...
Um estudante perguntou a Joshu, "Mestre, o que o Satori?"O
mestre replicou: "Quando estiver com fome, coma. Quando
estivercansado, durma."
71. Duelo de Ch
Um mestre da cerimnia do ch no antigo Japo certa vez
acidentalmente ofendeu um soldado, ao distradamente
desdenh-loquando ele pediu sua ateno. Ele rapidamente pediu
desculpas, mas oaltamente impetuoso soldado exigiu que a questo
fosse resolvida emum duelo de espadas. O mestre de ch, que no tinha
absolutamentenenhuma experincia com espadas, pediu o conselho de um
velho amigomestre Zen que possua tal habilidade. Enquanto era
servido de um chpelo amigo, o espadachim Zen no pde evitar notar
como o mestre dech executava sua arte com perfeita concentrao e
tranqilidade."Amanh," disse o mestre Zen, "quando voc duelar com o
soldado,segure sua arma sobre sua cabea como se estivesse pronto
paradesferir um golpe, e encare-o com a mesma concentrao
etranqilidade com que voc executa a cerimnia do ch".No dia
seguinte, na exata hora e local escolhidos para o duelo, omestre de
ch seguiu seu conselho. O soldado, tambm j pronto para
atacar, olhou por muito tempo em silncio para a face
totalmenteatenta porm suavemente calma do mestre de ch. Finalmente,
o soldadolentamente abaixou sua espada, desculpou-se por sua
arrogncia, epartiu sem ter dado um nico golpe.
72. Surpreendendo o Mestre
Os estudantes em um mosteiro ficavam espantadssimos com o monge
maisvelho, no porque ele fosse rgido, mas porque nada parecia
irrit-loou perturb-lo. Na verdade, eles o consideravam algum
sobrenatural eat mesmo um tanto assustador. Um dia eles decidiram
fazer um teste
com o mestre. Um grupo deles escondeu-se silenciosamente em um
cantoescuro de uma das passagens do templo, e esperaram o momento
em que ovelho monge iria passar por ali. Num momento o velho homem
apareceu,carregando um copo de ch quente. Exatamente quando ele
passava,todos os estudantes pularam na sua frente, gritando o mais
alto quepodiam:"AAAAAAHHHH!"Mas o monge no demonstrou absolutamente
nenhuma reao, deixandotodos pasmos de espanto. Pacificamente fez
seu caminho at umapequena mesa no canto mais afastado do templo,
gentilmente pousou ocopo, e ento, encostando no muro, deu um grito
de choque:"OOOHHHHH!"
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73. Trabalhando Duro
Um estudante foi ao seu professor e disse fervorosamente,"Eu
estou ansioso para entender seus ensinamentos e atingir aIluminao!
Quanto tempo vai demorar para eu obter este prmio edominar este
conhecimento?"A resposta do professor foi casual,
"Uns dez anos..."Impacientemente, o estudante completou,"Mas eu
quero entender todos os segredos mais rpido do que isto!
Voutrabalhar duro! Vou praticar todo o dia, estudar e decorar todos
ossutras, farei isso dez ou mais horas por dia!! Neste caso, em
quantotempo chegarei ao objetivo?"O professor pensou um pouco e
disse suavemente,"Vinte anos."
74. A Histria do Homem
Conta-se que na Prsia antiga vivia um rei chamado Zemir.
Coroadomuito jovem, julgou-se na obrigao de instruir-se: reuniu em
tornode si numerosos eruditos provenientes de todos os Pases e
pediu-lhesque editassem para ele a histria da humanidade. Todos os
eruditos seconcentraram, portanto, nesse estudo.Vinte anos se
escoaram no preparo da edio. Finalmente, dirigiram-sea palcio,
carregados de quinhentos volumes acomodados no dorso dedoze
camelos.O rei Zemir havia, ento, passado dos quarenta anos."J estou
velho, "disse ele. "No terei tempo de ler tudo isso antesda minha
morte. Nessas condies, por favor, preparai-me uma
edioresumida."
Por mais vinte anos trabalharam os eruditos na feitura dos
livros evoltaram ao palcio com trs camelos apenas.Mas o rei
envelhecera muito. Com quase sessenta anos,
sentia-seenfraquecido:"No me possvel ler todos esses livros. Por
favor, fazei-me delesuma verso ainda mais sucinta."Os eruditos
labutaram mais dez anos e depois voltaram com um elefantecarregado
das suas obras.Mas a essa altura, com mais de setenta anos, quase
cego, o rei nopodia mesmo ler. Pediu, ento, uma edio ainda mais
abreviada. Oseruditos tambm tinham envelhecido. Concentraram-se por
mais cincoanos e, momentos antes da morte do monarca, voltaram com
um volumes."Morrerei, portanto, sem nado conhecer da historia do
Homem - disse
ele." sua cabeceira, o mais idoso dos eruditos respondeu:"Vou
explicar-vos em trs palavras a histria do Homem: o homemnasce,
sofre e, finalmente, morre."Nesse instante o rei expirou.
75. Kantaka e o fio de Aranha
Assim eu ouvi:O Buddha, um dia, passeava no Cu Trayastrimsa, as
margens do lago da
Flor de Ltus. Nas profundezas do lago, lobrigava o Naraka (um
tipode regio de demrito Krmico, na tradio do Buddhismo
Mahayana).Nessa ocasio, viu ali um homem chamado Kantaka que morto
dias antes,
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se debatia e padecia nas profundezas. Transbordando de compaixo,
oBuddha Shakyamuni queria socorrer todos os que, embora se
achassemmergulhados no Naraka, tivessem praticado uma boa ao na
vida.Kantaka fora ladro e levara uma existncia devassa. Por isso
mesmoestava no Naraka. Certa vez, no entanto, agira com
generosidade: umdia, enquanto passeavam, avistara uma inofensiva
aranha e tiveravontade de esmag-la; reprimira-se, contudo,
pensando, subitamente,
que talvez pudesse favorec-la; deixara-a com vida e seguiu o
seucaminho.O Buddha Shakyamuni viu nessa ao generosa um bom
esprito, esentiu-se inclinado a ajud-lo. Por isso fez descer as
profundezas dolago um comprido fio de teia de aranha, que chegou ao
Naraka no lugaronde estava Kantaka.Kantaka olhou para a novidade e
concluiu que se tratava de uma cordade prata muito forte. Mas, no
querendo acreditar nisso, disseconsigo que devia ser, sem dvida, um
fio de teia de aranhapendurado, muito fino, e que seria
provavelmente dificlimo treparpor ele; mesmo assim, arriscaria
tudo, pois desejava ardentementesair daquele Naraka.Agarrou,
portanto o fio, embora no deixasse de pensar nos perigos
daescalada, pois a linha poderia rebentar de um momento para outro;
mas
foi subindo... subindo... auxiliando-se com os ps e as mos,
eenvidando grandes esforos para no escorregar.A escalada era longa.
Chegado a metade do caminho, quis olhar parabaixo e contemplar os
Narakas, que j tinham ficado, decerto, muitolonge. Acima dele, via
a luz e s ambicionava alcan-la.Inclinando-se para baixo, a fim de
olhar pela derradeira vez, viu umamultido de pessoas que tambm
subiam pelo fio, numa sucessoininterrupta, desde as grandes
profundezas do Naraka. Kantaka foitomado de pnico: a corda poderia,
quando muito, agent-lo; mas como peso daquelas centenas de pessoas
agarradas a ela acabaria cedendo,e todos, com ele, voltariam ao
Naraka!Que azar! Que droga! Aquela gente l embaixo no tinha nada
que sairdo Naraka. Por que precisa seguir-me? - praguejava ele,
increspandoos seguidores.
Nesse preciso momento, o fio cedeu, exatamente a altura das mos
deKantaka, e todos remergulharam nas profundezas tenebrosas do
lago.Naquele mesmo instante, o sol do meio-dia resplandecia sobre o
lagoem cujas margens tranqilas passeava o Buddha...
76. Baso e a Meditao
Quando jovem, Baso praticava incessantemente a Meditao.
Certaocasio, seu Mestre Nangaku aproximou-se dele e perguntou-lhe:-
Por que praticas tanta Meditao?- Para me tornar um Buddha.O Mestre
tomou de uma telha e comeou a esfreg-la com um pedra.Intrigado,
Baso perguntou:
- O que fazeis com essa telha?- Pretendo transform-la num
espelho.- Mas por mais que a esfregueis, ela jamais se transformar
numespelho! ser sempre uma pedra.- O mesmo posso dizer de ti. Por
mais que pratiques Meditao, no tetornars Buda.- Ento o que fazer?-
como fazer um boi andar.- No entendo.- Quando queres fazer um carro
de bois andar, bates no boi ou nocarro?Baso no soube o que
responder e ento o Mestre continuou:- Buscar o Estado de Buda
fazendo apenas Meditao matar o Buda.Dessa maneira, no achars o
caminho certo.
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77. A Bola e o Zen
Certa vez, enquanto o velho mestre Seppo Gisen jogava bola,
Gesshaaproximou-se e perguntou:"Por que que a bola rola?"Seppo
respondeu:"A bola livre. a verdadeira liberdade."
"Por qu?""Porque redonda. Rola em toda parte, seja qual for a
direo,livremente. Inconsciente, natural, automaticamente."
78. Tigelas
Certa vez um estudante perguntou ao mestre Joshu:- Mestre, por
favor, o que o Satori?.Joshu respondeu-lhe:- Terminaste a refeio?-
claro, mestre, terminei.- Ento, vai lavar tuas tigelas!
79. Kito
Um dia, Um velho foi visitar mestre Ryokan e disse-lhe:- Eu
quisera pedir-vos que fizsseis um kito [Cerimonia paracumprimento
de uma promessa] em minha inteno. Assisti morte demuita gente ao
meu redor. E tambm deverei morrer um dia. Portanto,por favor, fazei
um kito para eu viver por muito tempo.- De acordo. Fazer um kito
para viver muito tempo no difcil.Quantos anos tendes?- Apenas
oitenta.- Ainda sois jovem. Diz um provrbio japons que at os
cinqentaanos somos como crianas e que, entre os setenta e os
oitenta,precisamos amar.
- Concordo, fazei-me ento um bom kito!- At que idade quereis
viver?- Para mim, acho que basta-me viver at os cem.- Vosso desejo,
na verdade, no muito grande. Para chegar aos cemanos, s vos resta
viver mais vinte. No um perodo to longoassim. E sendo o meu kito
muito exato, morrereis exatamente aos cemanos.O velho ficou com
medo:- No, no! Fazei que eu viva cento e cinqenta anos!-
Atualmente, tendo atingido os oitenta, j viveste mais da metade
doprazo que desejais. A escalada de uma montanha exige grande soma
deesforos e tempo, mas a descida rpida. A partir de agora,
vossosderradeiros setenta anos passaro como um sonho.- Nesse caso,
dai-me at trezentos anos!
Ryokan respondeu:- Como o vosso desejo pequeno! Somente
trezentos anos! Diz umprovrbio antigo que os grous vivem mais de
mil anos e as tartarugasdez mil. Se animais podem viver tanto
assim, como que vs, um homem, desejais viver apenas trezentos
anos!- Tudo isso muito difcil...- tornou o velho, confuso. -
Paraquantos anos de vida podeis fazer-me um kito?- Quer dizer,
ento, que no quereis morrer! Eis a uma atitude detodo em todo
egosta... - replicou o mestre.- Bem, tem razo....- respondeu o
ancio, constrangido.- Assim sendo, o melhor fazer um kito para no
morrer.- Sim, claro! E pode ser? Esse o kito que eu quero! - o
velhoanimou-se bastante.- muito caro, muito, muito caro, e leva
muito tempo...
- No faz mal. - concordou o velho.Ajuntou, ento, Ryokan:-
Comearemos hoje cantando apenas o Makka Hannya Shingyo; a
seguir,
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todos os dias, vireis fazer zazen no templo. Pronunciarei,
ento,conferncias em vossa inteno.
Dessa maneira, de uma forma suave e indireta, Ryokan fez o
velhohomem deixar de se preocupar com o dia de sua morte e o
conduziu aoDharma.
80. Essncia
Na China, havia um monge Zen, chamado mestre Dori, que, por
fazerzazen empoleirado num pinheiro pra-sol, fora alcunhado de
mestreNinho de Passarinho Um poeta muito clebre, Sakuraten, foi
visit-loe, ao v-lo fazer zazen, disse-lhe:"Tomai cuidado, que isso
perigoso; podereis, um dia, cair dopinheiro!""De maneira nenhuma,"
respondeu mestre Dori. "Vs que correisperigo de um dia
cair."Sakuraten refletiu. "Com efeito, vivo dominado por paixo,
comobrincar com o raio". E perguntou ao mestre Zen:"Qual a
verdadeira essncia do budismo?"
Mestre Dori respondeu:"No faais nada violento, praticai somente
o aquilo que justo eequilibrado.""Mas at uma criana de trs anos
sabe disso!" exclamou o poeta."Sim, mas uma coisa difcil de ser
praticada at mesmo por um velhode oitenta anos..." completou o
mestre.
81. Perguntas do Rei Milinda
Durante uma conversa, o rei Milinda perguntou ao
BodhisattvaNagasena:- Que o Samsara?
Nagasena respondeu:- grande rei, aqui nascemos e morremos, l
nascemos e morremos,depois nascemos de novo e de novo morremos,
nascemos, morremos... grande rei, isso Samsara.Disse o rei:- No
compreendo; por favor, explicai-me com mais clareza.Nagasena
replicou:- como o caroo de manga que plantamos para comer-lhe o
fruto.Quando a grande rvore cresce e d frutos, as pessoas os comem
para,em seguida, plantar os caroos. E dos caroos nasce uma
grandemangueira, que d frutos. Desse modo, a mangueira no tem fim.
Eassim, grande rei, que nascemos aqui, morremos ali,
nascemos,morremos, nascemos, morremos. Grande rei, isso Samsara.Em
outro Sutra, o rei Milinda pergunta ainda:
- Que o que renasce no mundo seguinte (Depois da morte.)Responde
Nagasena:- Depois da morte nascem o nome, o esprito e o corpo.O rei
pergunta:- o mesmo nome, o mesmo esprito e o mesmo corpo que nascem
depoisda morte?- No o mesmo nome, o mesmo espirito e o mesmo corpo
que nascemdepois da morte. Esse nome, esse esprito e esse corpo
criam a ao.Pela ao, ou Karma, nascem outro nome, outro esprito e
outro corpo.
82. Bonecos
Eis aqui a histria do monge Zen Hotan.Hotan ouvia as prelees de
um mestre. Na estria das palestras, aassistncia foi numerosa mas, a
pouco e pouco, nos dias seguinte, a
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sala se esvaziou; at que, um dia, Hotan ficou s na sala com
omestre. E este lhe disse:- No posso fazer uma conferncia s para
ti; de mais a mais, estoucansado.Hotan prometeu voltar no outro dia
com muita gente. Nesse dias Porm.voltou s. No obstante, disse ao
mestre:- Podeis fazer a conferncia hoje, porque eu trouxe
numerosa
companhia!Hotan trouxeram bonequinhas, que espalhara pela sala.
Disse-lhe omestre:- Mas so apenas bonecas!- Com efeito, -
respondeu-lhe Hotan. - mas todas as pessoas que aquivieram no so
mais do que bonecas, pois no compreendem patavina dosvossos
ensinamentos. S eu lhes compreendi a profundeza e a verdade.Mesmo
que muita gente tivesse vindo, serviria to-somente deenchimento,
decorao, vazio sem fundo.
83. Vem...
Mestre Tokusan (742-865) estava sentado em zazen beira do
rio.Avizinhando-se da margem, um discpulo gritou-lhe:- Bom dia,
mestre! Como estais?Tokusan interrompeu o zazen e, com o leque, fez
sinal ao discpulo:Vem . . . vem . . . !Levantou-se, deu meia-volta
e ps-se a ladear o rio, seguindo o cursoda gua...O discpulo, nesse
instante, experimentou o Satori.
84. O Mdico e o Zen
Kenso Kusuda, diretor de um hospital em Nihonbashi, Tquio,
recebeuum dia a visita de um velho amigo, tambm mdico, que no via
hsete anos."Como vai?", perguntou Kusuda."Deixei a medicina",
respondeu o amigo."Ah, sim?""Na verdade, agora eu pratico o Zen.""E
o que o Zen?"-- quis saber Kusuda." difcil explicar..." -- hesitou
o amigo."E como possvel entend-lo, ento?""Bem, deve-se
pratic-lo.""E como fao isso?"
"Em Koishikawa, h uma sala de meditao dirigida pelo Mestre
Nan-In.Se quiser experimentar, v at l."No dia seguinte Kusuda
dirigiu-se sala de meditao do Mestre Nan-In. Ao chegar, gritou:"Com
licena!""Quem ?" responderam l de dentro. Um velho de aspecto
miservel,que se aquecia junto a um fogareiro prximo ao vestbulo,
dirigiu-sea ele. Kusuda entregou-lhe seu carto e o velho, aps dar
uma olhada,disse sorrindo:"Ol!!! Faz tempo que o senhor no
aparece!""Mas... a primeira vez que venho aqui!" - disse Kusuda,
surpreso."Ah, sim? a primeira vez? Como est escrito 'Diretor de
hospita1',pensei que fosse o Sasaki. O que o senhor deseja?""Quero
falar com o Mestre Nan-in."
"J est falando com ele!" disse o velho, abrindo um largo
sorriso."Ento o Mestre Nan-in o senhor?", disse Kusuda meio
desconfiado.Esperava algum mais "venervel".
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"Eu mesmo", respondeu o velho, sem dar mostras de resolver a
mandarseu visitante entrar. J meio desanimado e um tanto
desdenhoso,Kusuda decidiu falar ali mesmo, de p, no vestbulo:"Eu
gostaria que o senhor me ensinasse a praticar o Zen."O velho olhou
para ele e disse:"Praticar o Zen? O senhor um mdico no? Deve ento
tratar bem deseus doentes e se esforar para o bem de sua famlia, o
Zen isso.
Agora, pode ir embora."Kusuda voltou para casa, sem entender
nada. Intrigado com as palavrasde Nan-In, trs dias depois resolveu
visitar novamente o velhoMestre. Nan-In atendeu-o novamente no
Vestbulo."Novamente o senhor aqui? O que deseja?""Insisto para que
o senhor me ensine a praticar o Zen!" - disseKusuda
petulantemente."Ora, nada tenho a acrescentar ao que j disse outro
dia. V embora eseja um bom mdico". E fechou a porta.
Dois ou trs dias depois, Kusuda novamente voltou a ver o
Mestre,pois absolutamente no conseguira entender suas
palavras."Outra vez aqui?""Eu vim porque no consegui entender suas
palavras, por mais que
pensasse sobre elas.""Pensando nas palavras que o senhor no vai
entender coisa nenhumamesmo!" - disse o velho monge."Ento o que eu
devo fazer?" - disse Kusuda, j quase desesperado."Procure perceber
por si, ora essa! Agora, v embora."Mas Kusuda desta vez zangou-se
muito e respondeu:"Por trs vezes, embora tenha muitos afazeres,
larguei tudo e vim ataqui pedir-lhe para me ensinar o Zen e sempre
o senhor me mandaembora sem me dar o mnimo esclarecimento! Que
espcie de mestre osenhor, afinal!?!""Ah! Finalmente ele
zangou-se!", exclamou o Mestre."Mas EVIDENTE!", desabafou o
mdico."Ento agora chega de palavreado e seja educado! Faa-me
umasaudao."
Encarando fixamente o velho monge, Kusuda reprimiu sua vontade
dedar-lhe um soco na cara e inclinou-se em reverncia. O Mestre
entoconduziu-o sala de meditao e o ensinou a praticar zazen.
Anos depois, Kusuda finalmente entendeu porque o Zen tambm
cuidarbem dos doentes e esforar-se para o bem de sua famlia.
85. Joshu e o Grande Caminho
Certa vez, um homem encontrou Joshu, que estava atarefado em
limpar optio do mosteiro. Feliz com a oportunidade de falar com um
grande
Mestre, o homem, imaginando conseguir de Joshu respostas para
aquesto metafsica que lhe estava atormentando, lhe perguntou:"Oh,
Mestre! Diga-me: onde est o Caminho?"Joshu, sem parar de varrer,
respondeu solcito:"O caminho passa ali fora, depois da
cerca.""Mas," replicou o homem meio confuso, "eu no me refiro a
essecaminho."Parando seu trabalho, o Mestre olhou-o e disse:"Ento
de que caminho se trata?"O outro disse, em tom mstico:"Falo,
mestre, do Grande Caminho!""Ahhh, esse!" sorriu Joshu. "O grande
caminho segue por ali at aCapital."E continuou a sua tarefa.
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86. Apenas uma esttua
Certa vez Tan-hsia, monge da dinastia Tang, fez uma parada
emYerinji, na Capital, cansado e com muito frio. Como era
impossvelconseguir abrigo e fogo, e como era evidente que no
sobreviveria
noite, retirou em um antigo templo uma das imagens de
madeiraentronizadas de Buddha, rachou-a e preparou com ela uma
fogueira,assim aquecendo-se. O monge guardio de um templo mais novo
prximo,ao chegar ao local de manh e ver o que tinha acontecido,
ficouestarrecido e exclamou:"Como ousais queimar a sagrada imagem
de Buddha?!?"Tan-hsia olhou-o e depois comeou a mexer nas cinzas,
como seprocurasse por algo, dizendo:"Estou recolhendo as Sariras
(*) de Buddha...""Mas," disse o guardio confuso "este um pedao de
madeira! Comopodes encontrar Sariras em um objeto de
madeira?""Nesse caso," retorquiu o outro "sendo apenas uma esttua
de madeira,posso queimar as duas outras imagens restantes?"
(*) Sariras - tais objetos so depsitos minerais - como
pequenaspedras - que sobram de alguns corpos cremados, e que
segundo atradio foram encontrados aps a cremao do corpo de
GautamaBuddha, sendo considerados objetos sagrados.Koan: Em que
parte de um objeto fica o reverenciado Sagrado?
87. O Monge Indiferente
Uma velha construiu uma cabana para um monge e o alimentou por
vinteanos, como forma de adquirir mritos. Certo dia, como forma
deexperimentar a sabedoria adquirida pelo monge, a velha pediu
jovemmulher que levava ao monge o alimento todos os dias (j que a
velha
senhora no podia mais fazer o caminho com freqncia) o
abraasse.Ao chegar cabana, a menina encontrou o monge em zazen. Ela
abraou-o e perguntou-lhe se gostava dela. O monge, frio e
indiferente, dissede forma dura:" como se uma rvore seca estivesse
abraada a uma fria rocha. Estto frio como o mais rigoroso inverno,
no sinto nenhum calor."A jovem retornou, e disse o que o monge fez.
A velha, irritadssima,foi at l, expulsou o monge e queimou a
cabana. Enquanto ele seafastava, ela gritou:"E eu, que passei vinte
anos sustentando um idiota!"
88. Baso e o Nariz
Certo dia Baso passeava em companhia de seu jovem discpulo
Hyakuj.A certa altura do passeio, viram uma revoada de patos
selvagens. Basoperguntou ento a Hyakuj:"Que aquilo, Hyakuj?""So
patos selvagens, Mestre" - disse o jovem."E para onde vo?""Vo-se
embora, voando..." - replicou Hyakuj, fitando o cu,pensativo.Ento
Baso agarrou o nariz de seu discpulo com toda a fora, dandoum forte
puxo. Hyakuj gritou:"Aaaai!"Baso exclamou: "NO FORAM EMBORA COISA
NENHUMA!"Ao ouvir isso, Hyakuj obteve o Satori.
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89. O tesouro em casa
Um dia, um jovem chamado Yang Fu deixou sua famlia e lar para ir
aSze-Chuan visitar o Bodhisattva Wu-Ji. Ele sonhou que junto
quelemestre poderia encontrar um grande tesouro de sabedoria.
Quando j seencontrava s portas da cidade, aps uma longa viajem
cheia de
aventuras, encontrou um velho senhor. Este lhe perguntou:"Onde
vais, jovem?""Vou estudar com Wu-Ji, o Bodhisattva." - respondeu o
rapaz."Em vez de buscar um Bodhisattva, mais maravilhoso
encontrarBuddha."Excitado com a perspectiva de encontrar o Grande
Mestre, disse YangFu:"Oh! Sabes onde encontr-lo?!""Voltes para casa
agora mesmo. Quando l chegares, encontrars umapessoa usando uma
manta e chinelos trocados, que lhe cumprimentar.Essa pessoa o
Buddha."O rapaz pensou, aterrado: "Como posso retornar agora,
quando estou sportas do meu objetivo? Eu teria que confiar muito no
que estesimples velho me diz". Ento Yang Fu teve uma forte intuio
de que
aquele simples homem sua frente era algum de grande sabedoria.
Numimpulso, voltou-se para a estrada, sem jamais ter encontrado
Wu-Ji.Ele retornou o mais rpido que pode, ansioso pela vontade
deencontrar Buddha. Chegou em casa tarde da noite, e sua amorosa
me,em meio alegria e pressa de abraar o filho que retornava ao
lar,cobriu-se de uma manta usada e calou seus chinelos
trocados.Olhando para sua me desse modo, que vinha sorrindo e
pronta aabra-lo, Yang Fu atingiu o Satori. Este era o maior
tesouro.
90. O Mistrio do Zen
Certa vez, Huang Shan-ku perguntou ao mestre Hui-t'ang:"Por
favor, Mestre, diga-me qual o significado oculto do
Buddhismo?"O Mestre replicou:"Kung-Tzu (Confcio) disse: 'Pensais
que estou escondendo coisas, meus discpulos? Na verdade, no escondo
nada de vocs'. O Zen tambmno tem nada de oculto. A Verdade j est
revelada.""No enten...!" estava dizendo o homem. Mas o mestre fez
um gesto desilncio e disse:"No digas nada!"Huang Shan-ku ficou
confuso. O Mestre ento ergueu-se e convidou-o asegu-lo at o sop de
uma montanha. Eles caminharam em silncio. Lchegando, o Mestre
perguntou:"Sentes o suave aroma dos ciprestes?""Sim," disse o
outro."Como vs, tambm eu no escondo nada de ti."
91. Sem Motivo
Certo dia, trs amigos passeavam e viram um homem no cume de
umpequeno monte, sentado. Curiosos sobre o que estaria o homem
fazendo,foram at ele, usando a trilha na encosta. Chegando l, o
primeirodisse:"Ol, est esperando um amigo?""No..." - respondeu o
outro. O segundo homem replicou:"Ento est respirando o ar
puro!""No..." - disse o estranho. O terceiro amigo disse:"J sei!
Voc estava passando e resolveu olhar este belo cenrio.""No, na
verdade..." - repetiu o homem. Os trs amigos ento
exclamaram ao mesmo tempo, estupefatos:"Mas ento, o que faz
aqui?!"O homem disse com um suave sorriso:
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"Apenas ESTOU aqui..."
92. A Morte de Buddha
Assim eu ouvi:Estava o Abenoado - j adentrado em anos -
caminhando no Bosque de
Upavartana, em companhia de seu dileto discpulo Ananda,
quandosubitamente sentiu-se fatigado. Deitou-se um pouco para
descansar,com Ananda a seu lado. Aps um tempo, sentiu-se melhor e
levantou-se.Um pouco mais adiante na senda, o Venervel voltou a
parar, fatigado.Logo aps algum tempo em descanso, levantou-se.
Ento, pela terceiravez, sentiu-se muito cansado, e Ananda, aflito,
o ajudou a deitar-se sombra de uma rvore. O Abenoado ento disse
a