Conhecendo a Macroeconomia Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: identificar as quatro variáveis que acompanham o estudo da Macroeconomia; isolar as decorrências dessas variáveis na dinâmica de um sistema econômico; articular duas ou mais variáveis a fim de solucionar problemas reais; identificar problemas econômicos nacionais de interesse da Macroeconomia; explicar o funcionamento de órgãos do governo, como o Banco Central. 1 objetivos AULA Meta da aula Apresentar as questões econômicas abordadas pelo campo da Macroeconomia através de quatro conceitos-chave: o crescimento econômico; a inflação; as relações externas (dívida externa); a distribuição de renda. 1 2 3 4 5 Pré-requisitos Naturalmente, você se recorda do que estudou em Formação Econômica Brasileira. Pois os princípios abordados naquela matéria, vistos sob a ótica da escassez, que permeia o uso de todos os recursos econômicos, vão ajudá-lo a entender o que será discutido nesta aula. Pronto para aprender?
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Transcript
Conhecendo a Macroeconomia
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
identificar as quatro variáveis que acompanham o estudo da Macroeconomia;
isolar as decorrências dessas variáveisna dinâmica de um sistema econômico;
articular duas ou mais variáveis a fim de solucionar problemas reais;
identificar problemas econômicos nacionais de interesse da Macroeconomia;
explicar o funcionamento de órgãos do governo, como o Banco Central.
1objetivos
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Meta da aula
Apresentar as questões econômicas abordadas pelo campo da Macroeconomia através de quatro
conceitos-chave: o crescimento econômico; a inflação; as relações externas (dívida externa);
a distribuição de renda.
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Pré-requisitos
Naturalmente, você se recorda do que estudou em Formação Econômica Brasileira. Pois os princípios abordados naquela matéria, vistos sob a ótica da escassez, que permeia o uso de todos os recursos
econômicos, vão ajudá-lo a entender o que será discutido nesta aula. Pronto para aprender?
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LA 1INTRODUÇÃO
Figura 1.1: Da tela de Albrecht Dürer, os Quatro Cavaleiros do Apocalipse: a Guerra, a Fome, a Peste e a Morte. No estudo da Macroeconomia, a Inflação, a Recessão, o Endividamento Externo e a Desigualdade Social.
Ao iniciarmos o estudo de algum fenômeno ou teoria, precisamos, em primeiro
lugar, definir um ponto de partida. Provavelmente, você tem bastante claro
que a Economia trata do comportamento do mercado. No entanto, se
quiser se ocupar dessa reflexão por mais um momento, vai perceber que o
conhecimento macroeconômico parte de princípios gerais que se aplicam a
outros ramos do saber.
O que é a Economia?
O termo “economia” vem do grego, oikos = casa e nómos = distribuição,
administração.!!A Economia, grosso modo, é a arte de administrar a casa, o ambiente em que
vivemos. Repare que conhecer a origem do termo nos ajuda a compreender
nosso alvo de estudo como algo mais próximo, mais palpável. Ou você duvida
de que a ecologia, por exemplo, também tem algo a nos dizer sobre a maneira
como cuidamos de nossa casa, o planeta?
A Economia lida, como princípio, com a noção de escassez, que permeia todas
as atividades econômicas. Por escassez queremos dizer que não há recursos
disponíveis suficientes para suprir todas as nossas necessidades, sendo
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LA 1necessário, portanto, que saibamos priorizar objetivos e lidar com todas as
variáveis envolvidas no processo.
Ainda sobre a origem dos termos, pense: será que economia e ecologia têm
algo a oferecer uma à outra?
Economia ou sistema econômico?
Lembre-se: ao longo da aula, você vai conviver com um uso convencionado para o
termo “economia”. Compreenda que, ao utilizar esse conceito, estamos nos referindo a um sistema econômico – ou ao conjunto de atividades, de bens e de serviços que
movem uma economia. Essas atividades são exercidas pelas empresas e pelo governo, e envolvem todos
os indivíduos (consumidores e produtores) concentrados em uma determinada região
(um país, um estado, uma cidade).
!!O QUE É A MACROECONOMIA?
Em termos gerais, a Macroeconomia representa o estudo das
grandes variáveis econômicas. Mais precisamente, das variáveis
econômicas agregadas.
Observe: o termo “agregada” vem do verbo “agregar”, que
significar somar, reunir. Assim, as variáveis econômicas agregadas são
a soma dos valores de cada um dos elementos que contribuem para a
formação de um panorama.
Por exemplo: tomemos um gênero alimentício como o arroz. No
mercado, o arroz tem seu preço, que varia conforme a dinâmica de todo
o sistema. Quando estudamos a Macroeconomia, no entanto, não nos
concentramos apenas no nível de preços do arroz. Estudamos como cada
fator envolvido no sistema econômico afeta o nível de preços do arroz,
do feijão, da carne, dos ovos. Ao longo desta aula, você será capaz de
perceber que os preços – ou o nível de preços de um país – podem variar
como um todo. Dessa forma, podemos considerar a variável agregada
“preço” como um fator homogêneo.
A Macroeconomia pode ser entendida segundo quatro variáveis
agregadas: o nível de preços, o nível de emprego, a taxa de câmbio e
a taxa de juros. Esses elementos se relacionam de forma que um afete
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LA 1todos os outros. Como você verá mais adiante, as interações entre as
variáveis macro trazem grandes efeitos à economia.
Quatro importantes variáveis da macroeconomia
– nível de preços; – nível de emprego;
– taxa de câmbio; – taxa de juros.!!
MACROECONOMIA OU MICROECONOMIA?
A Macroeconomia consiste no estudo do comportamento da
economia como um todo, ou seja, de maneira agregada, interdependente.
A Microeconomia, por sua vez, concentra-se no comportamento dos
consumidores e das empresas, sempre sob a ótica desagregada ou
setorial.
A Macroeconomia estuda a inflação como problema nacional.
A Microeconomia se preocupa com os efeitos das variações de preços
sobre as empresas e os consumidores.
A Macroeconomia e a Microeconomia constituem a base da
teoria econômica.
O PREÇO
Definidos os conceitos de Economia, Macro-
economia e Microeconomia, vamos analisar, uma a uma,
cada variável econômica agregada. Para começarmos,
apresento a você, neste momento, um importante
conceito: o preço.
Na forma agregada, o preço representa a soma
de todos os preços de todas as empresas que operam
em um mesmo sistema econômico (ou em uma mesma
economia). Desse modo, encontra-se a variável agregada
preço, ou, simplesmente, o nível de preço.
Figura 1.2: O preço das ervilhas é determinado pelo lucro do feirante e pelo nível do preço da vagem em todo o mercado.
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Figura 1.3: A inflação faz seu dinheiro perder o valor.
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Quanto custa hoje?
Ontem você saiu de casa com dois objetivos muito claros e bem distintos: comprar dez quilos de arroz para uma feijoada para a qual você vai contribuir e sondar o preço daquele automóvel importado que você sonha comprar. Ao passar por dois supermercados, você tem uma surpresa desagradável: o arroz está 10% mais caro. Ainda assim, você compra o arroz e parte em direção a uma revendedora da marca de automóveis que lhe interessa. Chegando à loja, você descobre que o preço do automóvel desejado subiu, embora as outras marcas nacionais tenham mantido seus preços.
Dito isso tudo, com base no que vimos sobre preços e inflação, discorra sobre os casos do arroz e dos carros. Em algum ou em ambos os casos pode-se concluir que há um processo inflacionário?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Atividade 11 4
Sobre a variável preço, vale notar que um dos efeitos de sua
dinâmica de alteração é a inflação.
A INFLAÇÃO
A inflação refere-se a um aumento no nível geral de preços. Opõe-se
à deflação, que se refere à diminuição do nível geral dos preços. Ambos
os conceitos são conseqüências da alteração do valor do dinheiro – da
moeda – e não do valor dos bens. Um exemplo: um quilo de feijão que,
na virada do mês, passe a custar 20% a mais em qualquer supermercado
onde se procure é uma referência de inflação, caso os outros produtos
tenham aumentado 20% em média.
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Resposta ComentadaNão há elementos suficientes para identificarmos com precisão se estamos diante de um
processo inflacionário. Se observarmos uma grande quantidade e variedade de produtos
poderíamos suspeitar que está havendo um aumento generalizado de preços. Quando o
aumento ocorre em um ou poucos dos produtos, o caso pode ser de aumento de preços
relativos. Isto é, alguns produtos ficaram mais caros em relação aos outros. Uma seca que
tenha atingido a plantação de arroz pode ter prejudicado a colheita do arroz repercutindo
para o mercado em elevação de preços. Isso não é inflação. Será se o aumento do preço
do arroz causar aumento do preço de um almoço no restaurante, que por sua vez causar
aumento no preço do táxi porque o taxista almoça naquele restaurante, e tal aumento no
táxi implicar aumento na obturação do dente posto que o dentista vai para o trabalho de
táxi e assim por diante.
O EMPREGO
Uma economia, como um automóvel, precisa de combustível para
funcionar. Se tomarmos as empresas como o ambiente onde a economia
é impulsionada, vamos concluir que o trabalhador é um dos importantes
fatores que movimenta a economia. Vale então definir de forma clara o
conceito de emprego.
O emprego se refere às posições destinadas ao trabalhador – ou à
mão-de-obra – como fator de produção dentro de um sistema econômico.
Dentro de uma economia, o nível de emprego depende das expectativas
dos empresários em torno do que vão produzir (extensão do ambiente
empresarial, do número e do tamanho) das empresas que operam ali e
até da utilização de tecnologia que substitua o trabalho humano. A luta
por melhores colocações no mercado de trabalho e por níveis mais altos
de R E N D A permeia toda a história do sistema de produção capitalista.
RE N D A
Provavelmente você já ouviu falar em renda, embora talvez não consiga definir o conceito de forma clara. Pois a renda se refere aos ganhos provindos do trabalho. A renda depende também de inúmeras variáveis, desde a demanda do mercado por trabalhadores de um determinado setor até a oferta de trabalhadores disponíveis para determinada atividade. A desigualdade de renda dentro de uma economia é a base de nossa tão conhecida diferença de classes. Ao longo da História, teóricos dos mais diversos campos tentaram explicar e solucionar o problema da diferença de classes, provindo das diferentes funções que trabalhadores exercem dentro de um sistema econômico e dos diferentes níveis de renda que decorrem dessas atividades. Já houve os que defendessem uma igual remuneração para atividades bastante diferentes entre si, assim como houve os que entendessem o abismo que separa ricos e pobres como uma característica imutável do sistema produtivo. Essa é uma discussão em aberto, que vale ser travada com seus colegas, tutores e professores.
Figura 1.4: Sua renda é quanto seu trabalho paga.
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Figura 1.5: O uso do vapor na produção industrial foi o primeiro grande avanço tecnológico em direção às economias modernas.
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Onde quer que precisem de mim
Você é um metalúrgico. Seu país está vivendo um surto de industrialização, e o mercado pede cada vez mais metalúrgicos. No entanto, sua esposa, agrônoma, recebeu uma oferta de trabalho irrecusável em outro país, onde a economia é principalmente rural. Ali, o pequeno mercado ligado à metalurgia fez aparecer cursos práticos ligados à sua profissão. Há metalúrgicos trabalhando, mas há poucas oportunidades de emprego. Suponhamos que, nesse novo país, você acabe conseguindo na sua área um emprego bastante semelhante ao que você tinha no Brasil. O que deve acontecer com a sua renda nesse novo emprego, em seu novo país? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Resposta ComentadaProvavelmente sua renda vai cair. Se há muitos trabalhadores disponíveis para uma mesma
função e se há poucos postos de trabalho à disposição da categoria, provavelmente o empresário
pagará menos aos trabalhadores. Como sua renda provém do trabalho assalariado, é seu
valor no mercado que vai determinar seu nível de renda.
Atividade 21 2 3
CRESCIMENTO ECONÔMICO X RECESSÃO
O processo produtivo que se percebe dentro de uma economia é
algo dinâmico: certos períodos podem apresentar desempenho melhor ou
pior, em comparação a períodos anteriores. Daí perceba que, se sob um
primeiro olhar trabalhadores e empresários encontram-se em oposição,
é o desempenho da economia como um todo que vai determinar seus
ganhos e suas perdas. Períodos de alto desempenho para a produção, em
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LA 1princípio, beneficiam a todos e geram o que se chama de “crescimento
econômico”.
O crescimento econômico representa o aumento das atividades
econômicas de um país durante um período de tempo (normalmente um
ano). Muitas vezes é medido pelo produto interno bruto (PIB), conceito
que abordaremos em nossa segunda aula.
Por ora, guarde que o contrário de crescimento econômico é a
recessão. Em períodos de recessão, de um ano para o outro, ao invés
de produzir mais, o país apresenta níveis de produção e emprego
menores.
A TAXA DE CÂMBIO
Outra de nossas importantes variáveis econômicas agregadas é a
taxa de câmbio, ou o preço da moeda nacional em relação à estrangeira.
A taxa de câmbio expressa quanto se deve pagar em moeda nacional para
adquirir uma unidade monetária de outra moeda, ou seja, de quantos
reais precisamos para comprar um dólar, por exemplo.
Para cada moeda estrangeira haverá uma taxa de câmbio. Tudo
se passa como se a moeda estrangeira fosse uma mercadoria qualquer.
A desvalorização da taxa de câmbio significa que a moeda estrangeira
encareceu. A valorização do câmbio nos diz que a moeda estrangeira
está mais barata.
No Brasil, esse equilíbrio entre moedas é administrado pelo Banco
Central, em Brasília. Para entender a dinâmica do câmbio, podemos
partir de um exemplo bastante simples: imagine que você coleciona um
álbum de figurinhas. Você tem o álbum quase completo e tem na manga
uma figurinha premiada, a ser trocada por uma outra que lhe falta para
completar uma página. Mas então quanto vale aquela figurinha, no ato
de trocá-la por outra? Depende.
Figura 1.6: Em momentos de recessão, quem mais sofre com os baixos níveis de emprego são os jovens. Por quê?
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Entendendo a taxa de câmbio
Uma moeda fraca, desvalorizada, tem menor poder de compra, o que quer dizer que fica mais caro
importar. Se um real vale um dólar, uma máquina fotográfica de 900 dólares custa 900 reais. Mas se dois reais são iguais a um dólar, a mesma máquina de 900 dólares sai pelo dobro do preço para nós,
brasileiros: 1.800 reais.
Por outro lado, uma moeda forte, valorizada, estimula a importação, ao mesmo tempo que desestimula a exportação. Se um real vale dois dólares, por exemplo,
produtos brasileiros tendem a vender menos no exterior, já que quem trabalha em dólar precisa usar mais dinheiro para comprar um produto
fabricado aqui. Voltemos à máquina fotográfica: uma máquina brasileira custa 900 reais. Um real vale dois dólares. Logo, um
cidadão norte-americano que queira comprar uma máquina no Rio de Janeiro vai precisar pagar
900 reais, ou 1.800 dólares.
Depende de quantas figurinhas iguais àquela estão
circulando entre seus amigos. Pois é basicamente assim que o
Banco Central opera: se há muitos dólares circulando no país,
o preço do dólar cai. Todo mundo tem dólares, ninguém quer
comprar, então o valor do dólar vem abaixo. Pois se o Banco
Central deseja elevar o preço do dólar, tornando o real mais
barato, ele compra dólares no mercado e os soma à sua reserva.
O exato oposto acontece quando há poucos dólares no mercado
– o que equivale a dizer que o dólar está caro em relação ao
real. Neste caso, o Banco Central vende dólares de sua reserva
por valor mais baixo do que o praticado pelo mercado.
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Figura 1.7: O dólar, que era usado como moeda padrão nas negociações internacionais, vem perdendo terreno para o euro, a moeda da União Européia.
??CÂMBIO: O PREÇO DE SE NEGOCIAR EM OUTRA LÍNGUA
O valor e a aplicação de moedas estrangeiras em um país referem-se
às nossas relações comerciais com o resto do mundo. Para entendermos
melhor a função do câmbio, podemos nos reportar ao que aprendemos
sobre preços e à sua função clássica em qualquer transação econômica:
a de coordenar os papéis de compradores e vendedores e a de ajudar a
elaborar as decisões de consumidores e produtores.
O valor de uma moeda estrangeira então é seu preço. Pois se
estamos falando em comércio entre dois países, podemos presumir que
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LA 1cada país vai partir de sua própria moeda para
calcular se vale a pena ou não “fazer negócio”.
A atratividade de um país para o comércio
exterior, assim como o controle que se exerce sobre
o fluxo de entrada e saída de capitais, é determinado
pelo que se chama de balanço de pagamentos.
O balanço de pagamentos é o registro
sistemático de todas as transações econômicas
envolvendo um país e o resto do mundo (países
estrangeiros) durante determinado período.
As exportações, as importações e o pagamento
dos juros das dívidas contraídas no exterior são
alguns dos itens contabilizados no balanço de
pagamentos.
Tomemos um exemplo prático: se ao Brasil interessa ampliar a
venda de algodão ao exterior, por exemplo, e se o país encontra-se em
um momento em que as importações em geral superam as exportações,
vale a pena baixar o valor do real em relação ao dólar. Fazendo isso,
compradores estrangeiros precisarão de menor volume de suas moedas
para comprar um produto avaliado em reais. Se o valor do real está mais
baixo, fica mais barato comprar algodão brasileiro.
Figura 1.8: Imagine que uma balança em equilíbrio tem, de um lado, as importações e, de outro, as exportações.
Câmbio Fixo x Câmbio Flutuante
A administração da taxa de câmbio depende de uma postura muito definida por parte do governo: a de se instituir o chamado
“câmbio fixo”. Neste caso, o governo define um valor estável para a moeda, a partir do qual as operações vão ser realizadas. O contrário existe
e chama-se “câmbio flutuante”. Em regimes de câmbio flutuante, o valor da moeda
oscila segundo as tendências do mercado exterior.
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O gargalo das exportações
Você é o presidente do Banco Central. Em seu gabinete, uma comitiva de grandes produtores brasileiros de soja o aguarda. Eles estão furiosos: suas exportações caíram quase 30% nos últimos meses. Todos eles defendem que é preciso mexer na taxa de câmbio. O dólar, no patamar em que se encontra, inviabiliza a compra da soja por países estrangeiros. O que você faria? Elevaria ou derrubaria o valor do dólar? E como você faria isso, vendendo ou comprando dólares do mercado?
Resposta Comentada A soja ou qualquer outra mercadoria a ser exportada está submetida a uma comparação
entre duas moedas: a do exportador (aquele que vende para fora) e a do importador (aquele
que compra de fora). Se o comprador está pagando muito caro pela soja, é sinal de que sua
moeda está fraca em relação à do vendedor – ou do exportador (no caso, os produtores
brasileiros de soja). A partir daí, conclui-se que é preciso desvalorizar a moeda do exportador, em
relação à do importador. Derruba-se o real e valoriza-se o dólar. Assim fica mais fácil exportar.
Duro será convencer a comitiva de importadores de automóveis, que o aguarda no lobby do
banco, presidente. Já vimos também como se altera o valor de uma moeda: vendendo-a ou
comprando-a no mercado. No nosso caso, queremos que o dólar tenha seu valor aumentado.
Logo, precisamos retirar dólares do mercado. O que equivale a dizer que o Banco Central,
nesse caso, deve comprar dólares.
Atividade 31 2 3 4 5
A TAXA DE JUROS
Preço, emprego, taxa de câmbio. Uma quarta variável econômica
que está no centro de nossas preocupações desta aula é a taxa de juros,
ou, sob a ótica do consumidor, quanto o mercado embute no preço de
produtos e serviços em função de compras a crédito.
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LA 1Já estudamos o conceito de inflação. Vimos que ele se refere
ao aumento da moeda circulante em um país, acompanhado de sua
conseqüente desvalorização. Pois a taxa de juros é uma das formas que
o mercado encontra para compensar perdas diante da inflação.
Quando você deposita uma parte de seu salário em uma caderneta
de poupança, sabe que aquela é uma aplicação segura e que rende sempre
alguma coisa, por mais modesto que seja esse rendimento. Pois esse
rendimento são os juros que você recebe do banco. Aqueles mesmos juros
dos quais você reclama quando compra alguma coisa a prazo ou quando
toma um empréstimo bancário. É que aí é você quem paga os juros.
Vimos então que uma elevação da taxa de juros prejudica as
pessoas que compram a prazo. Esses consumidores vão pagar mais
caro por seus financiamentos. Por outro lado, aqueles que aplicam seus
recursos no mercado financeiro ficarão muito contentes ao receber mais,
graças ao aumento dos juros.
Comprando devagar
Deu no jornal: os juros subiram mais de dez por cento. Absurdo. E você ainda precisa comprar um fogão novo, é urgente. Na caderneta de poupança, você tem três vezes o valor do fogão, embora tenha se planejado para não usar esse dinheiro. Sua idéia era pagar prestações a partir do seu salário, já que em poupança não se mexe. Mas e agora? Será que com os juros muito mais altos do que aqueles que você viu no mês passado continua valendo a pena comprar a prazo?
Resposta ComentadaEmbora seu dinheiro aplicado na caderneta de poupança venha render o aumento dos juros,
nas compras a prazo implicará pagar muito mais por um determinado produto. Se você tem
o dinheiro para cobrir o preço do fogão, vale mais a pena comprar à vista e depositar na
poupança o que você havia planejado usar nas prestações.
Atividade 41 2 3 4
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LA 1Mercado Financeiro e Especulação
No filme Rogue Trader (1999), do diretor inglês James Dearden, um operador da Bolsa de Valores do sudeste asiático joga de forma arriscada com tendências do mercado financeiro e acaba por causar a falência de um dos maiores bancos da Grã-Bretanha. A história é real e serve para ilustrar o funcionamento do mercado de ações.
A Economia em Desequilíbrio
Um bom exemplo do que acontece com uma economia em desequilíbrio está no documentário Roger & Me (1989), do diretor americano Michael Moore. No filme, uma cidade do interior dos Estados Unidos sente os piores efeitos de uma indústria especializada que fecha suas portas: desemprego, esvaziamento econômico, depreciação imobiliária; a economia local vem abaixo.
Sugestão: visite ao site http://www.imdb.com/title/tt0131566/]
AS VARIÁVEIS E SUAS DECORRÊNCIAS
Essas quatro variáveis agregadas das quais a Macroeconomia se
ocupa (guarde, vai ser útil: nível de preços, salários, taxa de câmbio, taxa
de juros) irradiam seus efeitos sobre grandes questões nacionais, como o
crescimento econômico do país, a inflação, o comércio exterior, representado
pelo balanço de pagamentos, e a distribuição de renda.
Hoje, uma das maiores preocupações nacionais ao redor do
mundo é a competição pelo ambiente industrial perfeito. No momento,
as Américas encontram-se negociando acordos multilaterais, dentre os
quais a Alca e o Nafta se destacam. A idéia, que segue a tendência atual
de que países se organizem em blocos, tenta regular as relações comerciais
e culturais entre os países da região, de modo que o crescimento e o
desenvolvimento econômicos sejam sentidos por todas as nações
envolvidas de forma relativamente eqüânime. A agilidade ou a lentidão
desse processo está submetida a uma enormidade de fatores, dentre os
quais e de forma prioritária os políticos.
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O caso mexicano
Acompanhe um caso: nos últimos anos, o México assumiu uma posição mais próxima da economia
americana, investindo nessa crença de que faria parte de um sistema econômico maior. Como as leis de defesa ambiental mexicanas
são mais flexíveis do que as americanas, e como a mão-de-obra mexicana é mais barata do que a empregada nos Estados Unidos, o México acabou se
tornando um belo ambiente para a instalação de indústrias dedicadas a finalizar produtos feitos nos Estados Unidos.
No México, essas indústrias receberam o nome de maquiladoras – ou “maquiadoras”, em bom português. As maquiladoras foram responsáveis pelo
aquecimento da economia mexicana durante um determinado período. No entanto, diante da eterna busca pelo melhor ambiente industrial, o México vem perdendo terreno para países emergentes como a China, onde a mão-de-obra é
ainda mais barata. O processo pode não ter fim. Enquanto isso, nos Estados Unidos, em áreas anteriormente dedicadas à produção industrial, já se
fala no surgimento de um Cinturão de Ferrugem (Rust Belt). Para saber mais sobre esse tema, digite “cinturão de ferrugem” ou
“rust belt” em um mecanismo de buscas da internet. Há artigos nos jornais O Estado de S. Paulo e
The Washington Post.
??Já está claro que a instalação de indústrias ou de qualquer outro
incremento a sistemas econômicos locais está subordinada a variados
fatores, desde regras de proteção ambiental até facilidade de transportes,
preço da mão-de-obra, proximidade dos mercados consumidores, clima.
Tudo influencia no desenvolvimento da economia. Então, ao ler jornais ou
assistir à TV, fique atento para perceber que um surto de desenvolvimento
local nunca acontece por acaso ou milagre.
Figura 1.9: Quando uma grande indústria fecha suas por-tas, não são só suas instalações que sentem os efeitos.
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LA 1AS VARIÁVEIS APLICADAS
A taxa de juros sobre o mercado
A taxa de juros, ou seja, aquilo que se paga de juros por
pegar dinheiro emprestado, afeta os investimentos dos empresários.
Acompanhe: se houver elevação da taxa de juros, os empresários que
precisarem recorrer aos bancos para conseguir dinheiro a fim de comprar
novas máquinas, por exemplo, vão verificar que está mais caro investir.
Logo, tendem a ficar desestimulados para tal. Ainda que eles tenham o
dinheiro, poderão perceber que aplicar no mercado financeiro, ou poupar,
em vez de investir na compra de máquinas, pode ser mais lucrativo.
Assim, a elevação dos juros inibe os investimentos em recursos
produtivos (aqueles destinados a aumentar a produção) e estimula a
poupança.
Muito bem: se os empresários investem menos, como conseqüência,
a produção deverá crescer menos. E como produção menor implica
menos emprego, percebemos como a taxa de juros pode afetar o nível
de emprego de uma economia. Leia isso de novo. Visualize.
Juros, para que te quero?
Atividade 5
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Foi dado pelo Banco Central o sinal verde para
mais um aumento na taxa de juros. Diferente do que havia declarado há uma
semana o presidente do BC, Henrique Meirelles, a partir de amanhã o mercado opera com um aumento de 0,25 ponto percentual.
ECONOMIA
BC anuncia aumento de 0,25 ponto na taxa de juros
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Tomando por base os dois fragmentos de notícia, reflita e responda: de que maneira uma elevação da taxa de juros, acompanhada das restrições para a exportação, pode influenciar no preço da geladeira e na sua idéia de comprar uma geladeira?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Resposta ComentadaSe os juros subiram, isso significa que o financiamento para as compras a prazo está mais caro.
Logo, quem pretendia comprar a prazo vê-se estimulado a poupar mais para se beneficiar dos
juros pagos pelo banco, até que possam comprar sua geladeira à vista. Ao mesmo tempo, se
o mercado dos produtores brasileiros de geladeiras na Argentina foi limitado, isso equivale a
dizer que a procura por geladeiras caiu, o que fará aumentar a oferta dela no Brasil. Se já há
um estoque formado, é possível que os produtores sejam obrigados a baixar os preços, a fim
de escoarem a produção. No meio disso, talvez você consiga até comprar a geladeira
à vista.
Em mais um capítulo da dura negociação comercial entre Brasil e Argentina, o presidente argentino Néstor Kirchner declarou ontem ser necessário frear o que classificou como uma “invasão brasileira”. O alvo da vez é o setor de eletrodomésticos, que tem na Argentina um de seus
principais compradores. A partir de segunda-feira, passam a vigorar naquele país taxas mais altas para a importação de refrigeradores brasileiros. Retornam hoje, pelo porto de Santos, dez cargueiros carregados de refrigeradores brasileiros que foram retidos na Argentina.
MUNDO
Argentina quer frear "invasão brasileira"
A RENDA E A QUESTÃO SALARIAL
Os salários são uma via de mão dupla: de um lado, representam a
fonte de renda da maior parte da população. De outro, uma importante
variável de custos para as empresas. Da mesma forma, um reajuste salarial
estimula o consumo, ao mesmo tempo que eleva os custos da empresa.
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LA 1Voltando ao caso do México e ao que explicamos sobre ambientes
industriais perfeitos, perceba que países como a China hoje representam
um bom espaço para montar uma indústria multinacional, inclusive
porque ali a mão-de-obra é muito mais barata do que nos países de
origem dessas empresas.
Mais adiante: já vimos que um aumento salarial eleva os custos de
produção. Agora perceba que esse aumento no custo pode ser repassado
para os preços. Se isso se repetir como um processo contínuo e geral (em
toda a economia), pode-se assistir ao início de um momento de inflação.
A inflação, como você já viu, refere-se ao aumento da moeda
circulante em um país. Então perceba: se você ganha mais e o empresário
repassa para os preços o novo custo que você gerou, tudo fica mais
caro. Se você ganha mais e tudo fica mais caro, o dinheiro vale menos.
Acompanhou?
Esse processo acaba retirando mais uma vez o poder aquisitivo dos
trabalhadores, que, novamente, vão reivindicar outros reajustes. No final
da bola de neve, pode se formar um círculo vicioso e inútil de “salários
versus preços”, tal qual um cão que tenta morder a própria cauda.
A discussão mais detalhada sobre esse aspecto é um dos grandes
temas da economia, mas não trataremos dele agora. O que nos interessa
saber, no momento, é que os salários são fonte de renda para as famílias
e custo para as empresas. Podem, em momentos de elevação, atrair
novos empregos e gerar mais consumo. Porém, ao mesmo tempo, causar
maiores custos e repasses aos preços.
Parabéns, você está um pouco mais rico. Este é seu contracheque. Dois salários mínimos.
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LA 1
Esta é a geladeira dos seus sonhos:
Isso você leu hoje no jornal:
E agora? O que deve acontecer com o preço da sua geladeira Brasfreezer? Justifique sua resposta.______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Resposta ComentadaProvavelmente, o preço da sua geladeira vai subir junto com seu salário. Você é o consumidor
do produto que ajuda a fabricar. Se o patrão precisa aumentar seu salário, ele vai passar por
uma elevação em seus custos, o que precisa ser compensado de alguma forma. Logo, a
menos que seu patrão esteja disposto a ver seu lucro diminuir, ele irá repassar o aumento
do custo salarial para o preço da geladeira. Portanto, se de um lado você está ganhando
mais, porém os preços das coisas estão mais elevados, é possível que seu poder
de compra fique como antes.
ECONOMIA
Novo salário mínimo é de 350 reais
Em pronunciamento em rede nacional de TV, o Presidente
Luis Inácio Lula da Silva anunciou, na noite de
ontem, um novo patamar para o salário mínimo. A partir desta segunda-feira, o mínimo passa a 350 reais, nível mais alto desde...
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LA 1
Maior remuneração e menor inflação?
Talvez você esteja se perguntando se é possível que, em algum caso, um aumento na remuneração não
seja inflacionário.
A resposta é: claro que sim.Pense em um trabalhador produzindo, por dia, mil mercadorias que, vendidas, valem R$ 1.500,00 (desconsidere qualquer outro custo de
produção que não seja o do trabalho).
Se sua produtividade – ou quanto o trabalhador produz em média a cada período de trabalho – for dobrada (duas mil mercadorias por dia), o trabalhador
pode receber um aumento de renda de até 100%, e tal aumento não será inflacionário. Isto porque ele está reivindicando para si apenas o acréscimo de lucro
que sua produtividade gerou.
Você está ganhando em cima de um crescimento econômico que gerou com seu trabalho.
Moral da história: os aumentos de remuneração em função da produtividade não representam aumento de custos. Portanto, não são inflacionários.
!!
A TAXA DE CÂMBIO E O BALANÇO DE PAGAMENTOS
A taxa de câmbio (ou o valor, o preço da moeda nacional em
relação ao da estrangeira) afeta o nível de preços e as exportações. Veja
que quando o preço do dólar aumenta (nosso câmbio desvalorizado),
comprar um produto importado no supermercado fica mais caro.
Exemplo: suponha que a taxa de câmbio esteja assim: 1 dólar =
1 real (U$ 1: R$ 1). Daí, um uísque importado ao preço de um dólar
valerá, no supermercado, exatamente um real (desconsidere o lucro do
supermercado e outros itens de custos). A partir daí, se houver uma
desvalorização do real de forma a cotar 1 dólar = 2 reais, então você
pagará 2 reais para adquirir o mesmo uísque. Como os preços dos
importados aumentam, é de se esperar que aqui se comprem menos
importados. Assim, diminuem as importações.
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LA 1Agora, se a taxa fosse 2 dólares = 1 real (valorização
cambial de nossa moeda), o uísque estaria custando 50
centavos de real. Seria um produto importado mais barato
do que o similar nacional, o que nos estimularia a comprá-lo,
em detrimento daquele genérico brasileiro.
Mas veja, a desvalorização do câmbio é um dos fatores
que podem afetar a inflação.
Eis um caso: o trigo é um insumo importado para a
produção do pão, uma matéria-prima. Se houver desva-
lorização da moeda nacional, o preço do trigo importado
aumenta, e, por conta disso, poderá haver o repasse desse
aumento para os preços na padaria.
Em geral, com a desvalorização, todas as matérias-
primas importadas sofrerão aumento de preços, com repasses
para os preços dos produtos manufaturados, finalizados.
Leo
nar
do
No
vaes
Figura 1.10: O trigo que seca nos campos não vira pão, vira aumento de preço.
O salário é “imexível”
Você trabalha no Banco Central. O presidente, em reunião ministerial, anuncia sua intenção de reduzir a inflação. Só que ele não aceita instituir mecanismos de redução salarial, tampouco admite aumento nas taxas de juros. Através da taxa de câmbio, o que você pode sugerir? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Resposta ComentadaAo vender dólares no mercado e ao valorizar a taxa de câmbio, o real subirá na cotação em
relação ao dólar. Assim, tudo o que se compra em dólares precisará de menos reais na hora
da conversão de uma moeda à outra (a taxa de conversão é a taxa de câmbio), ou seja: os
produtos importados, as passagens aéreas ao exterior, as compras que se fazem quando se
está em outros países etc. estarão mais baratos. Nos efeitos sobre a inflação, pode-se afirmar:
ela deverá diminuir. Os produtos importados que servem como matéria-prima ou como insumo
à produção estarão mais baratos. Isto implica dizer que os custos com as compras de bens
importados estarão menores, o que possibilita queda nos preços. Conclusão: a valorização
cambial tem um efeito antiinflacionário, posto que os custos com matérias-primas e insumos
importados diminuem. Pode-se, portanto, repassar essa diminuição de custos aos preços,
ocasionando a redução da inflação.
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LA 1O nível de preços e seu bolso vazio
São vários são os efeitos da elevação de
preços. Por ora, vamos citar a redução do poder
de compra dos salários e a conseqüente queda na
demanda agregada (a demanda total da população
por um determinado item), ou seja: a redução dos
níveis de compra.
OS CAVALEIROS DO APOCALIPSE
Recessão. Inflação. Dívida externa alta. Níveis complexos de
concentração de renda. Ao falar desses problemas, você se recorda
de algum país que esteja passando – ou que tenha passado – por tais
situações?
Se pensou no Brasil, meus parabéns: você está atento ao que
acontece ao seu redor. Ainda assim, posso dizer: dos cerca de 200
países existentes no planeta, a ampla maioria enfrenta ou já enfrentou
tais desafios. Vale também dizer que todos esses precisam da análise
macroeconômica para ajudá-los a solucionar os problemas de baixo
crescimento econômico, desemprego, dívidas externas e má distribuição
de renda.
A recém-criada União Européia, por exemplo, está reorganizando
os fluxos produtivos e populacionais do Velho Mundo. Cidades como
Frankfurt, na Alemanha, têm suas ruas próximas às estações de trem
tomadas por imigrantes do Leste europeu, que, liberados pelo fim da
barreiras impostas pela extinta União Soviética, acorrem à Europa
Ocidental em busca de oportunidades melhores de emprego. Muitos
deles começam a formar uma nova população de desabrigados e
desempregados (ver tabela).
Tess
Figura 1.11: Se o nível de preços da economia sobe, os efeitos são sentidos nos mercados e em sua geladeira.
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LA 1Países da União Européia (EUR 15)
Taxas de desemprego e distribuição do emprego
Total pelos setores de agricultura, indústria e serviços – 1993
Tabela 1.1: Taxas de desemprego e de emprego por setores dos quinze países que integram a União Européia
País Taxa de Desemprego (%)
Emprego na Agricultura (%)
Emprego na Indústria (%)
Emprego nos Serviços(%)
Bélgica 9,4 2,9 30,9 66,2
Dinamarca 10,3 5,2 27,4 67,4
Alemanha 7,2 3,7 39,1 57,2
Grécia 7,7 21,9 25,4 52,8
Espanha 21,8 10,1 32,7 57,2
França 10,8 5,9 29,6 64,5
Irlanda 18,4 13,8 28,9 57,1
Itália 11,1 7,9 33,2 59,0
Luxemburgo 2,6 3,1 29,6 67,3
Holanda 8,8 3,9 25,2 70,9
Áustria 3,6 7,1 35,6 57,4
Portugal 5,1 11,5 32,6 56,0
Finlândia 17,9 8,6 27,8 63,5
Suécia 8,1 3,2 26,6 70,1
Reino Unido 10,4 2,2 30,2 67,5
Fonte: Eurostat/IPEA.
O Brasil já se consagrou campeão mundial de futebol, vôlei e
boxe, não é mesmo? Mas é também medalhista em outros esportes: já foi campeão em maior inflação, maior taxa de juros, menor salário
mínimo, maior concentração de renda...!!TRADE-OFF: OS PÉS OU A CABEÇA?
Você já ouviu falar do problema do “cobertor curto”? Numa
noite de inverno, ao dormir com um desses ingratos elementos
macroeconômicos, você passa por um difícil e nunca satisfatório dilema:
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LA 1ou bem cobre a cabeça, deixando os pés ao frio, ou faz o contrário.
Isto significa que não há solução ótima. Pois na Macroeconomia isso
também ocorre.
O trade-off é uma expressão inglesa que, em economia, representa
uma situação-dilema (ou um conflito de decisão), em que uma ação em
proveito de alguma coisa dificulta uma outra.
Você poderia pensar: basta que os economistas tomem medidas
para baixar a inflação, estimular a iniciativa privada (nossos empresários),
aumentar a produção e o emprego, elevar as exportações para adquirir
dólares para saldar a dívida externa e distribuir a renda. O caso é que,
infelizmente, há algo que complica um pouco essa história: é o chamado
trade-off, que ocorre na hora de procurar resolver tais problemas
econômicos.
Creio que já reunimos os elementos básicos para entender um
pouco da complexidade que envolve os problemas macroeconômicos.
Pois se um país tem como metas diminuir a inflação, o desemprego, a
dívida externa e melhorar a distribuição da renda, o que se deve fazer?
Se utilizarmos as variáveis juros, câmbio, preços e salários,
podemos até amenizar um desses problemas. No entanto, fatalmente a
gravidade de algum dos outros irá se aprofundar. Como assim?
Suponha que a política econômica de um país seja a de elevar a taxa
de crescimento econômico. Ao diminuir a taxa de juros, os empresários
irão investir mais, aumentando o emprego e a produção. Isso é positivo,
mas outras coisas não tão positivas também podem ocorrer: taxas de
juros mais baixas aumentam o consumo, o que estimula os empresários
a aumentar os preços. Esta última relação será tanto mais forte quanto
mais intenso for o crescimento da demanda pelos produtos e serviços.
Quando os empresários produzem mais, além de contratar mais
pessoas, eles também compram mais insumos importados. Desse modo,
gastam dólares que poderiam ser utilizados para pagar a dívida externa.
Tudo isso pode acontecer em maior ou menor grau de intensidade.
Tudo depende de em que nível esteja o desenvolvimento do país em
questão ou sua situação econômica.
Se o objetivo do país for baixar a inflação, então é preciso conter
o nível salarial da população, para que não haja pressão de custos sobre
os preços. Parece um pouco chocante, mas lembre-se de que, para a
empresa, salário é custo.
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LA 1A diminuição da margem de lucro dos empresários também
contribui para reduzir a inflação. Essa diminuição pode ser feita com um
volume maior de importações, já que isso impõe uma maior concorrência
às empresas nacionais. Ao mesmo tempo, fazer isso é desestimular o
crescimento econômico local.
Outra séria conseqüência de uma redução no nível salarial é
o aumento da concentração da renda da população, problema que
conhecemos bem.
Em suma, temos aí o trade-off do “cobertor curto”: ao se resolver
um problema, quase sempre acentua-se algum outro. É preciso priorizar
o que se quer: primeiro combater a inflação e depois fazer o país crescer?
Ou o contrário?
Essa é uma discussão que permeia todos os momentos políticos
dos países, e normalmente é solucionada nesse mesmo ambiente político.
Vale notar que, até pela natureza do “cobertor curto”, não há solução
puramente técnica para os impasses de que trata a Macroeconomia.
CONCLUSÃO
Crescimento ou desenvolvimento?
Trecho retirado da edição 236 (25/11/02) da revista Época:
“Provocado a comparar suas idéias com as do ministro preferido dos militares, Delfim Netto, e as do ex-minstro Pedro Malan, o atual ministro
da Fazenda Antonio Palocci faz uma didática culinária. ‘Nem acreditamos que primeiro é preciso crescer o bolo para depois repartir (tese dos anos verde-oliva), nem que o bolo se divide sozinho (tese de Malan). Vamos dividir o
bolo durante o crescimento.’ Em outras palavras: Palocci pode até usar o idioma de Malan e receber elogios de Delfim, mas
promete ser diferente.”
??Figura 1.12: Em Economia, há sempre um pé que fica de fora. A grande questão é decidir qual deles.
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LA 1
Quatro problemas (macro) econômicos nacionais
– inflação; – crescimento econômico baixo;
– dívida externa alta; – má distribuição de renda.
!!A Macroeconomia trata as questões econômicas de maneira
agregada. Estas são inter-relacionadas e constituem um desafio à política
econômica. Muitas vezes, ao se tentar resolver um problema macro,
um outro pode surgir. Muitas vezes, esse dilema é posto de maneira
a exigir uma escala de prioridades, já que não se consegue resolvê-los
simultaneamente.
Ao final desta aula, tendo visto os temas ligados à Macroeconomia
e compreendido alguns dos processos de interação entre as variáveis
macroeconômicas, eis algumas colocações no mercado de trabalho a
serem ocupadas por economistas:
• no Ministério da Fazenda, assessorando o ministro em questões
nacionais;
• em empresas multinacionais, onde tenha a função de estudar o
comportamento econômico das empresas concorrentes;
• no mercado financeiro, pois ali terá que verificar quais títulos
financeiros darão maior rentabilidade com o menor risco;
• em bancos comerciais (ex.: Banco do Brasil), uma vez que
sua tarefa diária será estimar o volume de recursos que podem ser
emprestados aos setores público e privado;
• no setor imobiliário, no departamento de lançamentos de prédios
de luxo.
Cada um desses itens, em maior ou menor intensidade, pode
representar algo que utilize o conhecimento macro adquirido.
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LA 1
(...) os indicadores da atividade mostram que a economia brasileira,
com variação de mais de 5% do PIB em 2004, vive auspicioso momento
expansionista que induz a maior investimento, maior emprego e maior
consumo. Isso é tudo o que um governante torce para ter e o que toda
sociedade almeja, desde que não implique na [sic] volta da espiral
inflacionária (jornal Valor Econômico, editorial, p. A14; 18/12/05).
Com o que você estudou nesta aula e munido das informações contidas no texto,
explique o porquê do risco da espiral inflacionária.
Resposta ComentadaA citada variação de mais de 5% do PIB significa a magnitude do crescimento econômico do Brasil
em 2004. Como sabemos, quando a economia cresce, os empresários vendem mais e fazem mais
investimentos. Claro que ao vender e investir mais, eles estão contratando mais funcionários. Com
mais salários, o consumo aumenta no país. O risco da inflação está na pressão desse maior consumo
sobre as vendas. Afinal, se há maior demanda, há maiores vendas e o risco de proporcionar maiores
preços. Com o aumento de preços pode-se ter mais inflação, o que fará o poder aquisitivo dos
salários diminuir. A partir daí, pode ser gerada uma corrida de reajustes de salários que acabem
representando um aumento de custos e preços, ou seja: está presente na notícia do jornal a relação
entre a meta de crescimento econômico e o efeito colateral de gerar inflação.
Atividades Finais
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A Macroeconomia consiste no estudo e na análise das variáveis econômicas
de forma agregrada (juros, salários, câmbio, preços) e dos principais