1 JUSTIFICATIVA
Esse projeto nasceu da necessidade de investigar sobre o tema
indisciplina, pois um dos temas atuais que mais preocupam os
professores e todos os envolvidos no processo de ensino. Alm de
transformar se em desordem, a indisciplina dificulta a relao com o
professor, aluno e aprendizagem e pode apresentar srias complicaes
no desenvolvimento cognitivo, moral e social.
Assim, por meio do gerenciamento na Educao Infantil pode-se
resguardar que todos os alunos estejam ativamente envolvidos nas
tarefas. Deste modo o professor previne as questes que
desestabilizam a disciplina da sala antes que elas ocorram. O
professor torna-se proativo e deixa de ser reativo. necessrio que a
criana inicie o seu convvio com regras.
interessante que, ao propor uma atividade, o professor j tenha
preparado o material e o ambiente em que trabalhar com o grupo. Alm
disso, tem que pensar o tempo de durao das atividades. E a
convivncia necessita do estabelecimento de algumas regras.
Por meio da disciplina, a criana comunica-se consigo mesma e com
o mundo, aceita a existncia dos outros, estabelece relaes sociais
constri conhecimentos, desenvolve integralmente. A sala de aula e
sempre foi um espao que expressa continuidade da vida, reflexo do
entorno. Se assim no for, no ser sala de aula verdadeira, no
permitir que o aluno contextualize em sua existncia os saberes que
ali aprende. (ANTUNES, 2005).
Diante disso, gerou a seguinte problemtica,Como resolver o
problema da indisciplina na sala de aula? essencial que se restaure
a disciplina em sala de aula, que se faa desse valor um objetivo a
se perseguir, no para que a sala se isole da sociedade e tambm no
para que a aula do professor fique mais confortvel, mas antes para
que ali ao menos se aprenda como tentar modificar o caos urbano que
o desrespeito social precipitou. (ANTUNES, 2005)O aluno
indisciplinado aquele cujas aes rompem com as regras da escola, mas
tambm aquele que no est desenvolvendo suas prprias possibilidades
cognitivas, atitudinais e morais. (GARCIA, 1999).Ento, o aluno
disciplinado ter um bom rendimento na aprendizagem e no
comportamento tico, ou seja,autocontrole, hbitos de obedincia,
controle da mente e do carter, que contribuir para o convvio em
sociedade.
Contudo, transformar a disciplina em um valor. Isto , fazer com
que seja vista como uma qualidade humana, imprescindvel convivncia
fundamental para as boas relaes interpessoais. Este projeto
relevante socialmente porque oportunizar maior reflexo no contexto
da escola e cientificamente possibilitar compreender melhor o
processo de indisciplina alm de superar lacunas sobre o tema
estudado.
Este projeto ser realizado na creche turma do pr I no CMEI Joo
Paulo I, localizado na Rua 13 S/N do bairro Joo de Deus. Envolvendo
as disciplinas de Portugus, Matemtica, Cincias e Artes com durao de
quinze dias sero colhidas as informaes com aprofessora da sala
investigada e a coordenadora da instituio.
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL:
Investigar o trabalho desenvolvido pelo professor para minimizar
a indisciplina na sala de aula da educao infantil, na creche do
bairro Joo de Deus.
2.2 ESPECFICOS:
Verificar que atividades so utilizadas em sala de aula para
desenvolver sentimentos e atitudes necessrios a convivncia
social.Identificar as causas motivadoras para o comportamento
indisciplinar.Analisar fatores internos que podem interferi nas
questes disciplinares da escola.
3 PROBLEMA
Que fatores que geram a indisciplina numa turma do pr I da
educao infantil, numa creche em Petrolina?
3.1 QUESTES NORTEADORAS
Que atitudes docentes so usadas para melhoria comportamental dos
alunos?O que deve fazer a escola para desenvolver regras na
convivncia?Que atividades so mais importantes para desenvolver a
concentrao e criatividade das crianas?
4 DISCURSSO TERICA
A Educao Infantil o nvel educacional que, parte integrante da
Educao Bsica do Pas destinada a todas as crianas de zero a cinco
anos de idade. No entanto, este nvel de ensino nem sempre ocupou um
espao relevante na formao da criana, como nos dias de hoje. Seu
surgimento ocorreu lentamente e foi, durante o sculo XIX, mediante
significativas contribuies tericas e das mudanas polticas e
econmicas dapoca, que se iniciou seu desenvolvimento.
nesta fase que a criana aumenta suas relaes sociais e adquire
noes de convivncia com o coletivo. Comea tambm a desenvolver as
noes de valores, de justia e de moralidade, e a aprimorar seu
desenvolvimento aprendizagem, motor e cognitivo. Nesta primeira
etapa da Educao Bsica, onde as crianas esto no incio de seu
desenvolvimento social, as noes de disciplina j comeam a ser
expostas e os atos de indisciplina j comeam a aparecer. (OLIVEIRA,
2010)
A indisciplina na etapa da Educao Infantil demonstrada de formas
bem particular e diferente das que ocorrem em idades mais avanadas.
Portanto, ao contrrio do que alguns possam pensar, ela j existe
desde que a criana entra na escola e vira uma das maiores preocupao
dos professores desta etapa, que esto focados na estimulao do
desenvolvimento da criana como um todo e na educao para a
cidadania.
Karlin e Berger (1977, p. 103) complementa, que algumas crianas
desde que comeam a freqentar a escola, j demonstram algum tipo de
indisciplina. Ento caberia ao professor desta etapa criar
possibilidades da criana se desenvolver para a vida em sociedade,
independente do histrico familiar de cada uma delas.
Assim como em qualquer outro lugar, o espao da Educao Infantil
tambm apresenta diferentes demonstraes de indisciplina e que s
podem ser percebidas se for considerado o contexto em que elas
ocorrem. Os entendimentos sobre a indisciplina, segundo Vergs(2003,
p. 31) variam, pois dependem da vivncia familiar de cada criana,
dos costumes, da crena e da cultura em que a criana est inserida,
assim como podem depender dos traos de personalidade de cada uma,
das fases do desenvolvimento em que est passando e, tambm, da
influncia do professor, da escola e da metodologia de ensino
utilizada. H uma variedade de causas e sentidos por trs das
demonstraes de indisciplina escolar e, identific-las o primeiro
passo para inibi-las.
O importante identificar o que envolve um ato de indisciplina
para melhor compreend-lo e defini-lo, destacando se sua manifestao
se trata de uma questo pessoal da criana, familiar, relacional ou
escolar. Vergs e Sana (2009, p. 35) sugerem:O que devemos entender
que nenhum aluno nasce indisciplinado; ele se torna indisciplinado
em determinadas situaes, dependendo do sentido da indisciplina para
ele naquele momento, com vrios fatores que possam lev-lo a agir
dessa forma.
Na Educao Infantil, de uma maneira geral, os atos
indisciplinados envolvem a intolerncia frustrao, a necessidade de
ateno, o egocentrismo ainda caracterstico da faixa etria em que se
encontram as crianas, o desinteresse pela aula, a excluso do
diferente, a falta de limites definidos e a falta de orientao e
consistncia no ambiente familiar da criana. (ESTRELA, 1992). Outro
aspecto comumente envolvido nas expresses de indisciplina, nesta
fase, se refere ao desenvolvimento do esquema corporal que
emalgumas crianas ainda no est completo, assim, ainda apresenta um
comportamento comunicativo devido falta de coordenao motora fina,
principalmente. Nestes casos, as crianas so identificadas como
estabanadas, pisam nos p das outras, gostam de brincar de luta,
exigindo contato fsico, atingem os outros com peas de jogos, abraam
com fora, podendo machucar o colega e podem, at mesmo, ser
identificadas como agressivas.
Nos outros casos, o aparecimento de indisciplina demonstra uma
condio de aborrecimento, como j citado, pode ser de ordem familiar,
pessoal, relacional ou escolar, revelado como desinteresse,
desateno, resistncia, desrespeito e falta de empatia. Dessa forma
percebe-se que no apenas o contexto familiar ou pessoal que
determina a ocorrncia dos atos de indisciplina em sala de aula,
como tambm, a prpria sala de aula, o professor, a metodologia de
ensino e a relao pedaggica podem desencadear a indisciplina
escolar. Segundo karlin e Berger (1977, p. 20), quando a aula no
est interessante e atraente para as crianas, elas perdem o
interesse ou ficam desmotivadas, o que as leva a agir de forma
indisciplinada para demonstrar que esto insatisfeita com alguma
coisa.
As demonstraes de aborrecimento que envolvem os atos de
indisciplina nas crianas da Educao Infantil podem ser
caracterizadas por morder, beliscar ou bater no colega, brincar de
luta, destruir o material escolar, conversar enquanto a professora
ou outro colega est falando, apresentarum comportamento desafiador,
fazendo caretas ou respondendo mal professora e no fazer a
atividade proposta em sala de aula, se recusando ou resistindo a
participar.
vlido destacar que a agitao motora uma caracterstica prpria ao
comportamento das crianas nesta faixa de idade que precisam brincar
se movimentar e criar para extravasar a energia. A movimentao e o
barulho podem ser esperado. Neste sentido, Vergs (2003, p. 32)
afirma que:
a criana que questiona, pergunta e se movimenta em sala de aula,
no pode ser considerada indisciplinada, porque na construo do
conhecimento, a criana precisa buscar as alternativas para
encontrar o melhor caminho para aprender. Agora, aquele aluno que
no tem limites, no respeita a opinio e os sentimentos dos colegas,
esse sim, um aluno que pode ser considerado indisciplinado.
Os momentos de brincadeiras e jogos, no parquinho ou em sala de
aula constituem, facilmente, um campo de observao das manifestaes
de indisciplina, pois expresses de intolerncia frustrao e
desrespeito so comuns nestes ambientes na Educao Infantil, onde as
crianas ainda esto desenvolvendo suas noes de moralidade. As
crianas que no tm limites estabelecidos e no respeitam os colegas,
a professora e as regras, e brincadeiras, elas freqentemente
apresentam comportamentos indisciplinados. Cabe a escola e ao
professor transmitir os valores e promover a aprendizagem das
regras de convivncia social, a auto-regulagem e a autodisciplina.La
Taille diz que as crianas precisam aderir as regras que implicam em
valores e formas de conduta. Em outras palavras, o pensador em
considerao estava dizendo que a educao deve comear desde os seus
primeiros anos trabalhando, temas concernentes ao assunto. um meio
de diminuir l na frente os maus comportamentos dos alunos.
As brincadeiras podem levar o acontecimento de conflitos, de
desrespeito aos colegas e a agressividade. Essa demonstrao de
intolerncia e frustrao que envolve o ato indisciplinado implica,
entre outros fatores, a relao que a criana tem com as regras, ou
seja, a no relao que a criana tem desenvolvida com a moral.
A indisciplina manifestada nesses momentos, alm de perturbar o
ambiente e as relaes em sala de aula, prejudica o desenvolvimento e
o processo de aprendizagem da prpria criana.
Estas crianas exigem maior ateno e estmulo para que possam se
desenvolver moralmente e, conseqentemente, socialmente. O campo de
relaes sociais que a Educao Infantil propicia, nas atividades,
brincadeiras, lanche e higiene, recreio ou educao fsica, constitui
o ambiente que a criana necessita para desenvolver todas as suas
competncias e aprender a conviver com o coletivo. Parte deste
desenvolvimento est o desenvolvimento moral, que envolve o processo
de conscientizao das regras na criana e que, conduz as crianas
autonomia e autodisciplina, faz com que as manifestaes de
indisciplina se tornem cada vez mais improvveis.5 METODOLOGIA
O trabalho ser feito por meio de uma abordagem qualitativa,
propondo entender como resolver o problema da indisciplina no
desenvolvimento cognitivo das crianas na educao infantil, na creche
Joo Paulo l, e entender a vivencia do professor em relao a
isso.
A pesquisa ser realizada na creche turma do pr I no CMEI Joo
Paulo I, localizado na Rua 13 S/N do bairro Joo de Deus em
Petrolina Pernambuco, sero investigada a professora e a
coordenadora pedaggica, para identificar como se processa a
indisciplina na educao infantil e que fatores geram a
indisciplina.
Para a realizao da pesquisa ser utilizado o mtodo qualitativo,
sendo que esse tipo de abordagem essencial ao pesquisador, pois
propicia uma interpretao melhor dos dados. Segundo Rodrigues
(2006), utilizada para investigar problemas em beneficio de sua
complexidade. Assim esse tipo caracterizado pela construo do
conhecimento a partir de hipteses e interpretaes que o pesquisador
constri.
O projeto empregar a entrevista no estruturada e observao no
participante, bem como o uso do questionrio. Para a coleta de
alguns dados para o trabalho, a pesquisadora observar os sujeitos
desse alvo, pois a observao consiste em uma tcnica de coleta de
dados a partir da observao e do registro, de forma direta, do
fenmeno ou fato estudado``. (BARROS; LENFELD, 2010)
Justificase a escolha de entrevista por ser um meio em que o
pesquisador obtm informaes maiscompletas e detalhadas. A entrevista
uma tcnica utilizada para obter informaes por meio de uma conversa
orientada com o entrevistado e deve atender a um objetivo
predeterminado. O questionrio tambm um instrumento de coleta de
dados. Constitudo por uma lista de questes relacionadas com o
problema de pesquisa, o questionrio deve ser aplicado a um nmero
determinado de informantes. (BARROS; LENFELD, 2000).
O estudo tambm contar com o dirio de campo, que importante, pois
o registro de fatos observados atravs de observaes. (BARROS;
LENFELD, 2000). O trabalho ser direcionado aos alunos da educao
infantil, professor e coordenador.
Os dados sero analisados a partir de observao em sala de aula e
entrevista com o professor e coordenador, estabelecendo-se um
confronto com as leituras realizadas sobre o tema.
6 CRONOGRAMA
PERODOAGOSTOSETEMBROOUTUBRONOVEMBRODEZEMBROETAPAS1212121212Reestruturao
do projetoX
Pesquisa BibliogrficaXXXXXXXXXXElaborao dos instrumentos
X
Teste dos instrumentos
X
Aplicao dos instrumentos
X
Observao das aulas entrevistas
XXX
Organizao dos dados
XX
Anlise dos dados
XXProduo final Do TCC
XXREVISO
XXIMPRESSOXENTREGA FINAL
X
REFERNCIAS
ANTUNES, Celso. A Arte de Comunicar,. Editora Vozes. So Paulo.
2005;BARROS, Cridil Jesus da Silveira; LENFELDE, Neide Aparecida de
Souza. Fundamentos de metodologia cientifica. 2. ed. emp. So Paulo:
Macron Books, 2000.DE LA TAILLE, Yves. A indisciplina e o
sentimento de vergonha. In: AQUINO, Jlio Groppa (Org.).
Indisciplina na escola: alternativas tericas e prticas. 14. ed. So
Paulo: Summus, 1996. p. 9 24.
ESTRELA, Maria Teresa. Relao pedaggica, disciplina e
indisciplina na aula. 3. ed. Porto: Porto, 1992.
GARCIA, Joe. Indisciplina na escola: uma reflexo sobre a dimenso
preventiva. Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba, n. 95,
p. 101 108. Jan/Abr de 1999.
KARLIN, Muriel Schoenbrun; BERGER, Regina. Como lidar com o
aluno problema.traduao de Ana Ceclia de Carvalho Gontijo Belo
Horizonte, interlivros,1977.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos. Educao Infantil: fundamentos e
mtodos. 5. ed. So Paulo: Cortez, 2010.
RODRIGUES, Auvo de Jesus. Metodologia cientifica. So Paulo:
Avercampy 2006.
VERGS, Maritza Rolim de Moura; SANA, Marli Aparecida. Limites e
indisciplina na educao infantil. 2. ed. Campinas: Alnea, 2009.
VERGS, Maritza Rolim de Moura. Os sentidos da indisciplina na
educao infantil, 2003. Trabalho de Concluso de Curso (Pedagogia)
Faculdade de Cincias Humanas, Letras e Artes, Universidade Tuiuti
do Paran, Curitiba, 2003.
INDISCIPLINA NA EDUCAO INFANTIL
Serrinha2013
CRESCENCIANA JUNQUEIRA SANTOS
INDISCIPLINA NA EDUCAO INFANTIL
Artigo cientfico apresentado ao Instituto Pr Saber, como
requisito parcial obrigatrio para concluso do curso de Ps Graduao
em Educao infantil.
Orientador: Wagner Reis
Serrinha2013
SUMRIO
RESUMO:
Com base nas metodologias aplicadas no ensino da Educao
Infantil, discutiu-se ideias que se considerem importantes para
compreender situaes de indisciplina com agressividade em crianas
nesta fase da educao. Como suporte terico, o trabalho foi embasado
em Rego, Carvalho, Camargo, Cardoso, Winnicott, Iami Tiba. O estudo
da origem da indisciplina e de suas formas de manifestao na
primeira infncia pode nos fornecer elementos importantes para a
compreenso desse tema de modo a entender como essa mudana de
comportamento inicia e se transforma em indisciplina. Por assim
ser, percebe-se que um estudo profundo desses fenmenos pode
auxiliar pais, professores e gestores a entenderem os elementos que
levam prtica da indisciplina e encontrar solues para as mesmas.Ser
feita uma entrevista semi-estruturada estabelecendo questes/temas
que devemser colocadas aos participantes como instrumento que
permite entrar em contato com as posies singulares de cada indivduo
e devero ser somados a outros indcios sobre o Fenmeno estudado.
Para tal entrevista sero utilizados dois tipos de questionrios a
serem aplicados na Creche Criana Feliz I, Praa Agripino Macedo,
S/N, Centro, Teofilndia - BA que atende crianas na faixa etria de
dois a seis anos de idade. Diviso dos questionrios: Questionrio I
Pais ou responsveis de alunos e Questionrio II Professores. vlido
salientar que todo trabalho foi precedido de autorizao solicitada
previamente a Coordenao da Creche citada acima e das professoras de
cada uma das turmas envolvidas, bem como, foi realizado um contato
com os pais das crianas selecionadas para a participao deles e dos
filhos na referida pesquisa. Atravs dos dados levantados na
pesquisa foi fcil verificar que existe uma conformidade entre a
famlia e o comportamento dessas crianas. As mais indisciplinadas so
exatamente as que no encontram em casa a segurana necessria para a
formao da personalidade e na falta dessa segurana, a criana
manifesta rebeldia em sala de aula como forma de chamar a ateno dos
professores, visto que em casa ela no encontra apoio e orientao
necessria para a formao de sua educao como cidado. J a criana que
vive em um ambiente saudvel onde amparada e recebe total apoio
eorientao da famlia, torna-se uma criana tranquila e disciplinada.
Considerando que a funo da Instituio Infantil de promover o
desenvolvimento integral das crianas em parceria com a famlia,
observamos durante essa pesquisa que, a Creche no possui pessoal
habilitado para lidar com essa referida adversidade que permeiam as
Instituies de Educao Infantil. Sendo assim, decidi fazer meu artigo
seguindo essa linha, pretendendo com esse estudo buscar estratgias,
de interveno educativa, que possibilite a essas crianas,
experincias promotoras das capacidades e habilidades em
complementao a ao das famlias, buscando sempre respeitar a
particularidade de cada uma delas.
Palavra chave: Indisciplina; Educao Infantil; Creche;
Famlia;
INTRODUO
Ao nos preocuparmos com o fator indisciplina na educao infantil,
perodo em que a criana se encontra em processo de formao, estaremos
trabalhando na construo do prprio sujeito, envolvendo valores e o
prprio carter necessrio para o seu desenvolvimento integral. Por
essa razo tentaremos compreender, sentir, fazer e repartir esse
processo de formao. H um ditado chins que diz, se dois homens vem
andando por uma estrada, cada um carregando um po e, ao se
encontrarem, eles trocam os pes, cada homem vai embora com um;
porm, se dois homens vierem andando por uma estrada, cada um
carregando uma ideia e,ao se encontrarem, eles trocam as ideias,
cada homem vai embora com duas. Quem sabe esse mesmo o sentido do
nosso fazer: repartir ideias para todos terem po... (CORTELA, 1998,
p. 159).O presente estudo teve como objetivo identificar e
compreender os diferentes tipos de indisciplina apresentados por
crianas de uma referida creche para intervir de forma benfica.
Temos conscincia de que as atitudes do docente na sala de aula e
dos pais ou responsveis em casa podero interferir de forma positiva
ou negativa no processo cognitivo e afetivo da criana e para
comprovar o que est sendo dito, realizou-se uma pesquisa de campo
em uma creche da zona urbana na cidade de Teofilndia-BA, que teve
como objetivo especfico: 1- Analisar a histria de vida e os
diferentes comportamentos apresentados pelas crianas na referida
creche e em seu ambiente familiar, sejam eles observveis
diretamente ou inferidos a partir de gestos, postura corporal ou
outras formas de linguagem. 2- Conhecer a dinmica familiar de uma
criana considerada indisciplinada e de outra considerada
disciplinada. 3- Buscar compreender quais aspectos influenciou essa
criana a manifestar a indisciplina. 4- Contribuir esclarecendo os
motivos pelos quais os professores tem sido alvo de atos agressivos
dos alunos e ao mesmo tempo tentar intervir mostrando caminhos para
que se possa corrigir esse tipo de comportamento.Durante a
pesquisa,buscou-se tericos que se aprofundaram ao tema
indisciplina. Afinal o que vem a ser indisciplina? Segundo o
Dicionrio Aurlio procedimento, ato ou dito contrrio disciplina,
desobedincia, rebelio.O conceito de indisciplina, no uniforme e nem
universal. Ela se relaciona com o conjunto de valores e experincias
que variam ao longo da histria, entre as diferenas culturais e numa
mesma sociedade, nas diversas classes sociais. No plano individual,
a palavra indisciplina pode ter diferentes sentidos que dependero
das vivncias de cada sujeito e do contexto em que foram aplicados.
(REGO, 1996, p.84).Os traos de cada ser humano esto vinculados ao
aprendizado do seu grupo cultural. Diante disso, possvel afirmar
que o comportamento indisciplinado do indivduo depender de sua
histria e das caractersticas sociais em que est inserido. O ser
humano vai adquirindo a indisciplina atravs das influncias que
recebe no decorrer do seu desenvolvimento em seu mbito familiar ou
no espao escolar. De acordo com o socilogo francs Franois Dubet
(1997), a disciplina conquistada todos os dias, preciso sempre
lembrar as regras do jogo, cada vez preciso reinteress-los, cada
vez preciso ameaar, cada vez preciso recompensar. Isso nos faz
analisar o quanto importante o respeito s regras dentro de uma
instituio para que seu funcionamento seja positivo. Segundo Iami
Tiba (1996) adisciplina escolar como um conjunto de regras que
devem ser obedecidas tanto pelos funcionrios quanto pelos pais e
alunos para que o aprendizado escolar tenha xito. Portanto, a
disciplina escolar uma qualidade de relacionamento humano entre o
corpo docente e os alunos em uma sala de aula.
DESENVOLVIMENTO
A indisciplina representa uma grande ameaa desobedincia s regras
estabelecidas. A famlia transmite valores s crianas e a escola
transmite conhecimento histrico, cientfico, social e moral. As
crianas que no seu seio familiar no so amadas e no compartilham
valores, consequentemente sero alunos com problemas afetivos e se
sentiro desprotegidos, com dificuldade de manter relaes sociais
positivas com os outros. Carvalho, (1996, p.138), relata a
importncia de criar formas prprias de enfrentar os casos de
indisciplina. De acordo com Rego (1996) os chamados pais
autoritrios valorizam a obedincia com normas e regras, sem se
preocupar em explicar s crianas os motivos das ameaas, dos castigos
e das imposies. A importncia que a educao familiar tem sobre o
indivduo, do ponto de vista cognitivo, afetivo e moral muito
grande, porm, as influncias que caracterizaro os jovens ao longo de
seu desenvolvimento no sero somente as vivenciadas na sua famlia,
mas tambm as aprendizagens dos diferentes contextos sociais, como
naescola. Sendo assim, uma relao entre professores e alunos baseada
no controle excessivo, da ameaa, da punio ou tolerncia permissiva,
provocar reaes diversas. Para Rego (1996), a escola e os educadores
precisam adequar as suas exigncias s possibilidades e necessidades
dos alunos. Devem dar condies para que os alunos construam e
interiorizem os valores e as posturas consideradas corretas na
nossa cultura (atitudes de solidariedade, cooperao, respeito aos
colegas e professores). De acordo com Rego (1996), os educadores
precisam ser coerentes entre sua conduta e a que espera dos alunos,
pois atravs da imitao dos valores externos que a criana aprende ser
normal.Donald Woods Winnicott, psiquiatra infantil, apresenta sua
concepo de criana normal:Uma criana normal se tem a confiana do pai
e da me, usa de todos os meios possveis para se impor. Com o passar
do tempo, pe prova o seu poder de desintegrar, destruir, assustar,
cansar, manobrar, consumir e apropriar-se. Tudo o que leva as
pessoas aos tribunais (ou aos manicmios, pouco importa o caso) tem
o seu equivalente normal na infncia, na relao da criana com seu
prprio lar. Se o lar consegue suportar tudo que a criana pode fazer
para desorganiz-lo, ela sossega e vai brincar; mas primeiro os
negcios, os testes tem que ser feitos e, especialmente, se a criana
tiver alguma dvida quanto estabilidade da instituioparental e do
lar (que para mim muito mais do que a casa). Antes de mais nada, a
criana precisa estar consciente de um quadro de referncia se quiser
sentir-se livre e ser capaz de brincar, de fazer seus prprios
desenhos, ser uma criana irresponsvel. (WINNICOTT, 1946, p.
121)Winnicott diz o quanto importante o ambiente familiar para um
perfeito desenvolvimento psicolgico da criana, pois, possibilitam
um sentimento de segurana e de amparo e somente desse modo a criana
vai se sentir a vontade porque por mais que ela fantasie seu mundo,
o ambiente se manter estvel. Todavia, quando isso no ocorre, a
criana vai se tornar indisciplinada e arredia em outros ambientes,
no meio de outras pessoas para tentar encontrar um quadro de
referncia:Ao constatar que o quadro de referncia se desfez, ela
deixa de se sentir livre. Torna-se angustiada e, se tem alguma
esperana, trata de procurar um quadro de referncia fora do lar. A
criana cujo lar no lhe ofereceu um sentimento de segurana busca
fora de casa s quatro paredes; ainda tem esperana e recorre aos
avs, tios e tias, amigos da famlia, escola. Procura uma
estabilidade externa sem a qual poder enlouquecer. Fornecida em
tempo oportuno, essa estabilidade poder ter crescido na criana como
os ossos em seu corpo, de modo que, gradualmente, no decorrer dos
primeiros meses e anos devida, ter avanado da dependncia e da
necessidade de ser cuidada, para a independncia. frequente a criana
obter em suas relaes e na escola o que lhe faltou em seu prprio
lar. (WINNICOTT, 1946, p. 121)Essa citao refora o motivo que leva
uma criana a apresentar um comportamento hostil. Winnicott v isso
como uma forma de comunicao da realidade interior dessas crianas,
que assim agem por desespero, tentando encontrar o sentimento de
segurana que no encontrou em seu lar. Winnicott cita outro ponto
que ressalto a importncia do ambiente familiar para a criana:De
fato, a partir das coisas aparentemente pequenas que ocorrem no lar
e em torno dele que a criana tece tudo que uma imaginao frtil pode
tecer. O vasto mundo um excelente lugar para os adultos buscarem
uma fuga para o tdio mas, geralmente, as crianas no sabem o que
seja o tdio e podem ter todos os sentimentos de que so capazes
entre as quatro paredes de seu quarto , em sua prpria casa, ou
apenas a alguns minutos da porta da rua. O mundo ser mais
importante e satisfatrio se for crescendo, para cada indivduo, a
partir da porta de casa, ou do quintal dos fundos... Sim, a
imaginao de uma criana pode encontrar amplo campo de atividade no
pequeno mundo de atividade de seu prprio lar e da rua em frente; e,
de fato, a segurana real propiciada pelo lar que libera a criana
para brincar e desfrutar de outrasmaneiras de sua habilidade para
enriquecer o mundo sado de sua prpria cabea. (WINNICOTT, 1945, p.
54)Isso nos faz ver o quanto criana se sente aceita e segura quando
consegue experimentar suas outras habilidades de imaginao e criao e
assim ampliar seu conhecimento do mundo e de si mesma. Os pais tm a
funo de dar amor, carinho e limites sem agredi-las:s vezes, a
agresso se manifesta plenamente e se consome, ou precisa de algum
para enfrent-la e fazer algo que impea os danos que ela poderia
causar. Outras vezes os impulsos agressivos se manifestam
abertamente, mas aparecem sob a forma de algum tipo de oposto... As
aparncias podem variar, mas existem denominadores comuns nos
problemas humanos. Pode ser que uma criana tenda para a
agressividade e outra dificilmente revele qualquer sintoma de
agressividade, desde o princpio, embora ambas tenham o mesmo
problema. Acontece simplesmente que essas crianas esto lidando de
maneiras distintas com suas cargas de impulsos agressivos.
(WINNICOTT, 1964, p. 97)Ao analisarmos o que diz o psiquiatra
infantil, podemos afirmar que a disciplina ou indisciplina depende
do ponto de vista de quem analisa a situao, depende do contexto e
dos sujeitos envolvidos. Porm, alunos e sociedade no podem esquecer
que a finalidade principal da escola a preparao para o exerccio da
cidadania e para serem cidados, precisa de conhecimento,
respeitopelo espao pblico, tica, normas e relaes interpessoais.
Paulo Freire diz: (...) bom senso. Autoridade no pode ser entendida
como autoritarismo (FREIRE, 1996, p. 14). O professor precisa
perceber em certas ocasies os pontos falhos do aluno e ao invs de
reprimi-lo, tem que ajud-lo com humildade e tolerncia. Temos
sentimentos, desejos e necessidades e, esses sentimentos precisam
ser respeitados tanto pelo educador quanto pelo educando, pois a
maneira como nos relacionamos que mostra os resultados dessa relao.
Segundo Freire:O professor autoritrio, o professor licencioso, o
professor competente, srio, o professor incompetente, irresponsvel,
o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal amado,
sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrtico,
racionalista, nenhum desses passa pelos alunos sem deixar sua
marca.(FREIRE, 1996, p. 73)
O professor traz dentro dele toda sua histria de vida e
desconhece totalmente a vida do aluno. Segundo Charlot:Um educador
no apenas uma criana de tal famlia, no apenas o membro de um grupo
scio cultural. Ele tambm sujeito com uma histria pessoal e escolar.
um aluno que encontrou na escola tais professores tais amigos, tais
aulas, e que teve surpresas boas e ms. uma criana que cujos pais
disseram que o que se aprende na escola muito importante para a
vida, ou ao contrrio, que no serve para nada. umacriana que tem
muitos irmos ou irms ou no, que so bem sucedido na escola ou no, e
o que pode ajudar a criana ou no, ... (CHARLOT, 2002. p. 28)
Ao refletirmos no que disse Charlot, todo educador precisa rever
suas prticas pedaggicas. A busca de especializao para atuar na
Educao Infantil muito importante para tentar amenizar alguns
problemas de indisciplina em sala de aula. Iami Tiba (1996) diz que
os grandes responsveis pela educao dos jovens, a famlia e a escola,
no esto sabendo cumprir o seu papel. O que se observa hoje a
falncia da autoridade dos pais em casa, do professor na sala de
aula e do orientador na escola. Para Iami, tanto os fatores
externos quanto os internos podem influenciar no comportamento de
uma criana. Dependendo do mimo e do trato, a criana pode ser mais
ou menos indisciplinada. Toda criana ao sair do seio familiar,
entra em um mundo totalmente diferente e em virtude disso, o
profissional da educao, o professor, deve ser tico, humilde,
conhecedor de seus limites. Iami Tiba faz referncia gerao de pais
que confundem autoridade com autoritarismo e optam por no colocar
limites nos filhos: Cabe os pais delegar ao filho tarefas que ele j
capaz de cumprir. O que ele aprendeu dele. A me deveria ficar
orgulhosa pelo seu crescimento, em vez de se sentir lesada por no
ser mais til. (TIBA, 1996, p.35). por isso que os pais nunca devem
fazertudo pelo filho, basta ajud-lo at o ponto em que ele consiga
realizar suas tarefas sozinhos para adquirir auto-confiana e elevar
sua auto-estima. Iami tambm cita: Nenhuma criana nasce folgada, ela
aprende a ser. A indolncia constante no natural. Resulta da
dificuldade de realizar seus desejos. A criana s pode ser
considerada folgada quando conhece as suas responsabilidades e no
as cumpre. (TIBA, 1996, p.37). A partir do momento que os pais no
impem limites e regras, o filho torna-se folgado: O filho torna-se
folgado porque deixou de fazer o que capaz e precisa executar, e a
me torna-se uma sufocada porque precisa dar tarefas que no lhe
cabem mais, alm de muitas outras atividades. (TIBA, 1996, p.
39).Hoje em dia, os pais esto permitindo perder a prpria
autoridade. Costuma-se ouvir muitos pais se queixarem que os filhos
querem a qualquer custo um determinado objeto, e os pais que
acostumaram a fazer todos os gostos do filho, sempre movido por uma
desculpa, acaba cedendo aos caprichos do filho mimando-o.
Atualmente, com a perda da autoridade paterna, os filhos que se
tornam implacveis com os pais. Quando o pai tenta impor uma
disciplina, negando algo para o filho acostumado a ter de tudo,
este v o pai como um empecilho e tenta elimin-lo. Tiba relata
que:
Nessas ltimas dcadas, a mulher emancipou-se e ganhou destaque
scio econmico, profissional e cultural, mas namaioria o instinto
materno ainda fala mais alto do que todas as suas conquistas. Em
virtude desse instinto que ainda hoje as mulheres se sentem to
culpadas por ficarem longe dos filhos.(TIBA, 1996, p. 40)
Os pais, cada vez mais ausentes dos filhos devido jornada de
trabalho ou separaes, esto causando a desestruturao das famlias e
assim, se sentem culpados. Esse sentimento de culpa leva os pais a
fazerem mimos tentando amenizar a situao, e isso obriga o educador
capacitar-se, buscar habilidades e principalmente gostar de ser
professor para lhe dar com esse tipo de comportamento. A criana j
vem de casa com seus mimos, todo folgado, totalmente cheios de
vontade. Segundo Rossini (2001), crianas gostam de professores que
lhe dem limites. preciso que o profissional da educao estabelea
regras, faa combinados adotem um padro bsico de atitudes perante as
indisciplinas mais comuns. Quando um aluno no cumpre os combinados,
ultrapassam os limites, ele no est simplesmente desrespeitando um
professor em particular, mas as normas da escola. Assim cabe ao
professor atuar com competncia profissional e coerncia, sentindo-se
responsveis pelo que ocorre ao seu redor e os pais tm a grande
responsabilidade de est ciente de tudo que se passa com o filho na
unidade escolar. Mas a realidade totalmente diferente, pois, os
pais trabalham muito e tm menos tempo para dedicar educaodos filhos
e querem que a escola assuma a funo que deveria ser deles: a de
passar para a criana os valores ticos e de comportamento bsicos.Com
o propsito de buscar formas e mtodos que possam ajudar a amenizar
esse tipo de comportamento de forma saudvel, devemos reforar qual a
principal funo das instituies de educao infantil: As crianas de
zero a seis anos de idade tm necessidades especficas de cuidados,
cabendo aos seus responsveis proporcionar situaes que lhes auxiliem
a adquirir capacidades motoras (sentar, andar, controlar os
esfncteres msculos circulares que aperta as cavidades a que
corresponde) psquicas, (falar, pensar) e sociais (estabelecer
relaes com outras pessoas). Essas instituies de Educao Infantil so
reconhecidas na Constituio Federal de 1988 e dispe seus objetivos e
normas de funcionamento disciplinado pela Lei de Diretrizes e Base
da Educao Nacional. Segundo seu artigo 4: O dever do estado com a
educao escolar pblica ser efetivado mediante a garantia de: [...];
IV Atendimento gratuito em creches e pr-escolas s crianas de zero a
seis anos de idade. (LDBEN n 9394/96. Art. 04).Quanto sua
finalidade, oferta e forma de avaliao foram definidas da seguinte
forma:
Art. 29. A Educao Infantil primeira etapa da educao bsica, tem
como finalidade o desenvolvimento integral da criana at seis anos
de idade, em seus aspectos fsico,psicolgico, intelectual e social
complementando a ao da famlia e da comunidade.Art. 30. A Educao
Infantil ser oferecida em:I- creches ou entidades equivalentes,
para crianas de at seis anos de idade;II- pr-escolas, para crianas
de quatro a seis anos de idade.Art. 31. Na Educao Infantil a
avaliao far-se- mediante acompanhamento e registro do seu
desenvolvimento, sem o objetivo de promoo, mesmo para o acesso ao
ensino fundamental.
Conforme o que nos diz a LDBEN, os profissionais da rea devem
est revendo com frequncia suas prticas pedaggicas, ter como
objetivo maior, propiciar um atendimento de qualidade, socializar e
nortear o trabalho educativo criando estratgias que melhorem as
condies de trabalho j que as mes entregam seus filhos nas creches
confiando nas boas condies e cuidados em que os mesmos iro receber.
Isso nos leva a acreditar o quanto importante o planejamento das
atividades a serem desenvolvidas na instituio. Rego chama ateno a
isso:O comportamento indisciplinado est diretamente relacionado
ineficincia da prtica pedaggica desenvolvida: propostas
curriculares problemticas e metodologias que subestimam a
capacidade do aluno (assuntos pouco interessantes ou fceis demais),
[ ...], constante uso de sanes e ameaas visando ao silncio da
classe, pouco dilogo etc. Isso aponta que em toda indisciplina
existe uma razo que precisa serinvestigada. (REGO, 1996, p. 100)
muito importante inovar, criar, buscar incessantemente meios para
no deixar o aluno ansioso. Uma das formas de inovao a incluso de
jogos no planejamento da creche. Vejamos o que nos diz
Freire:Professores realmente preocupados com o desenvolvimento das
caractersticas humanas, ao invs de tentarem eliminar o carter
competitivo dos jogos, deveriam procurar compreend-lo e utiliz-lo
para valorizar as relaes. Creio ser mais educativo reconhecer a
importncia do vencido e do vencedor do que nunca competir. (FREIRE,
1997, p. 153).A insero de jogos nas aulas de educao infantil uma
forma de fazer com que o aluno trabalhe o corpo e a cabea, podendo
ser cooperativo ou competitivo, pois apesar dos jogos cooperativos
possurem inmeras vantagens, no pode, simplesmente, deixar de lado
os jogos com carter competitivo, pois se eles forem trabalhados de
maneira adequada, a criana incorpora, igualmente, valores
importantes para a vida, como a importncia do vencedor e do
vencido, a cooperao entre os colegas e o respeito para com todos os
jogadores.O professor deve oferecer em seu planejamento
oportunidades para estimular todos os sentidos da criana,
principalmente o tato, que transmite segurana, Carvalho e Rubiano
(1994) diz que medida que caractersticas fsicas do ambiente
convidam ao toque, aumenta a sensao de segurana, permitindo criana
explorar o espao mais prontamente. A ludicidade uma das maneiras de
se explorar os sentidos das crianas. Ferreira diz:Brincar um dos
meios de realizar e agir no mundo, no unicamente para as crianas se
prepararem para ele, mas, usando-o como um recurso comunicativo,
para participarem da vida quotidiana pelas verses da realidade que
so feitas na interao social, dando significado s aes. Brincar parte
integrante da vida social e um processo interpretativo com uma
textura complexa, onde fazer realidade requer negociao do
significado, conduzido pelo corpo e pela linguagem. ( FERREIRA,
2004, p. 84)Toda criana usa a brincadeira como principal modo de
ao. Elas no fazem distino entre brincar e levar a srio, no consegue
separar o real do imaginrio e acabam utilizando-as naturalmente.Ao
considerar pertinentes essas reflexes, relatam-se os resultados
obtidos na entrevista semi-estruturada que permitiu refletir sobre
a histria de vida de dois alunos em seu ambiente familiar e na
Instituio de Educao Infantil (Creche Criana Feliz I , Praa Agripino
Macedo, S/N, Centro, Teofilndia BA) que atende crianas na faixa
etria de dois a seis anos de idade, no qual os pais ou responsveis
dos referidos alunos responderam a um determinado questionrio e
dois professores responderam a outro tipo de questionrio. vlido
salientar que todo trabalho foi precedido deautorizao solicitada
primeiramente a Coordenao da Creche. Ademais, antes de cada um dos
procedimentos, foi solicitada a autorizao das professoras de cada
uma das turmas envolvidas bem como foi realizado um contato com os
pais das crianas selecionadas para a participao deles e dos filhos
na referida pesquisa.
Indisciplina de Joo Paulo: comportamento (relaes no ambiente
familiar e na creche).A me de Joo Paulo, apesar de manter um
contato frequente com o filho, est envolvida em um ambiente de
alcoolismo e de agressividade com o marido. O pai de Joo Paulo
representa uma ameaa constante, onde palavres fazem parte do
vocabulrio dessa famlia. A me tem trs filhos e Joo o segundo.
Testemunha de constantes brigas dos pais, que utilizavam armas
frias, Joo j relatou detalhes dessas brigas na creche. Em virtude
dessa total falta de estrutura familiar, o mesmo chegou ao ponto de
ameaar matar a prpria me caso ela no desse o que ele queria.Sabemos
que para obter disciplina em qualquer ambiente em que vivemos
devemos falar de respeito e cada pessoa vem junto com sua vida
intelectual, afetiva e religiosa uma vida moral e Joo, aos cinco
anos de idade, no est tendo esse direito e, por conta disso, se
tornou uma criana excessivamente inquieta, agitada e
indisciplinada, que se destaca do grupo pela dificuldade de aceitar
e cumprir as normas da creche devido a vivncia e experincia de
suacasa. Ele no consegue produzir o esperado para sua idade, e isso
representa um desafio constante para professores e gestores da
creche. Sua idade cronolgica (a que fornece uma estimativa
aproximada do nvel de desenvolvimento do indivduo, que pode ser
mais precisamente determinado por outros meios, tais como idade
ssea, dental, sexual e motora) no condiz com a estrutura cognitiva
prvia. O modo como Joo explorava os objetos, a curiosidade diante
de situaes novas no indicavam um desenvolvimento cognitivo
adequado, sua inabilidade social comprometia todas essas
qualidades. Joo no conseguia dominar os conhecimentos escolares de
reconhecimento de cores, de letras e nmeros. Alm de todos esses
problemas, Joo Paulo apresentava srios transtornos; no conseguia
controlar os esfncteres: fazia xixi na roupa, sujava sua cueca de
cco, no tinha noo alguma de higiene e o pior deles era a constante
evacuao de fezes com um odor insuportvel. No decorrer dessa
pesquisa a professora descobriu que Joo fazia as necessidades na
cueca porque a me no deixava utilizar o sanitrio e mandava os
filhos fazer as necessidades fisiolgicas no matagal que tinha
prximo da residncia e assim, na creche, Joo se sentia amedrontado
no momento de evacuar e com medo acabava defecando na cueca. Esse
constrangimento deixava-o aborrecido porque os colegas riam e isso
o irritava levando-a a cometer vrios atos deindisciplina.Atravs dos
dispositivos legais da LDBEN e de alguns estudiosos da rea como
Carvalho e Rubiano, (1994) e Faria, (1999) evidenciam a importncia
das Instituies de Educao Infantil promoverem o desenvolvimento
integral pela dupla funo de cuidar e educar. O cuidar no sentido
mais amplo deve ser pensado como a necessidade de acrescentar no
projeto pedaggico das creches aes direcionado tanto para a satisfao
das necessidades fisiolgicas e de higiene quanto para o
desenvolvimento psicolgico e emocional das crianas e para tanto
preciso que essa instituio incremente atividades de cuidado para
assegurar-lhe um melhor desenvolvimento. Deve-se pensar em
atividades de promoo e socializao.Analisando as idias de Winnicott
quanto tendncia anti-social, a indisciplina de Joo Paulo mostra
como ele sempre busca chamar a ateno na creche j que em casa ele no
encontra a segurana e a aceitao necessrias para tranquiliz-lo e
preciso que os responsveis possuam firmeza e tranquilidade ao mesmo
tempo, para proporcionar s crianas atividades rotineiras capazes de
transmitir segurana, sentimento de confiana bsica to fundamental
nas atividades cotidianas.Disciplina de Tatiane: comportamento
(relaes no ambiente familiar e na creche).Tatiane uma criana modelo
na creche. Sua obedincia, sua educao, seu compromisso e seu
controle nos movimentos e na fala reforam oconceito de aluna
disciplinada. No entanto, em casa ela se mostrava uma menina
extrovertida, agitada e direta. Ela se encaixa na idia de Winnicott
quanto criana normal que provoca, manobra tentando se impor.Tatiane
interagia e se relacionava bem com a turma, cumpria os combinados,
contava suas faanhas de final de semana, inventava histrias,
repartia os brinquedos e sempre estava com suas atividades de casa
em dia.A reflexo sobre a disciplina de Tatiane na creche e seu
comportamento em casa refora o entendimento de que a criana deve
est inserida em um ambiente saudvel que lhe proporcione maior
satisfao e lhe d limites: Para chegar birra, a me foi uma
indisciplinada: proibiu e deu, proibiu e deu. Desrespeitou suas
proibies, ensinando seu filho a fazer o mesmo: desrespeit-la.
(TIBA, 1996, p. 38). Como Tatiane sempre encontrou em casa um
ambiente equilibrado, onde as regras eram sempre cumpridas e o
lazer um direito dela, no foi difcil para Tatiane se adequar aos
combinados da creche. A me de Tatiane relata que nunca deixou a
filha ditar as regras, sempre teve autoridade para com a mesma e
concedia sempre o direito de ser criana alegre e feliz. Segundo
Iami Tiba:Quando os pais se submetem aos caprichos do filho, ele
fica caprichoso tambm em relao s outras pessoas. Seu pensamento
pode ser traduzido assim: Se at meus pais que podem mandar em mim
no mandam, quem sovocs para mandar em mim? Sentem-se ento, o
poderoso da casa. (TIBA, 1996, p. 58)
Precisamos est nos policiando quanto educadores, pois, as
crianas copiam o comportamento dos adultos;Filhos folgados e
internamente inseguros fora de casa podem se submeter timidamente
ao primeiro que lhes colocar um limite, um amigo ou professor, por
incapacidade de se defender. Entretanto, como as crianas usam tudo
a seu favor, s vezes acontece o inverso: em casa se submetem e
descontam depois na escola.(TIBA,1996, p. 59)
Ao refletirmos sobre a vida dessas duas crianas, observa-se o
quanto importante se conhecer a realidade dos alunos e como
importante se colocar nas atividades infantis brincadeiras de
faz-de-conta e jogos ldicos para se garantir um desenvolvimento
psicolgico saudvel. Vygotsky (1984) considera as experincias
sociais como um elemento que influencia tanto na maturao e
aprimoramento do desenvolvimento emocional quanto no
desenvolvimento intelectual.
CONSIDERAES FINAISCom isso, ao realizar esse trabalho, gostaria
de apresentar minha avaliao em relao ao que diz os tericos que me
ajudaram a escrever esse artigo sobre a Indisciplina na Educao
Infantil. Rego (1996, p. 100) defende que o comportamento
indisciplinado est diretamente relacionado ineficincia da prtica
pedaggica desenvolvida: propostas curriculares problemticas[...],
constante uso de sanes e ameaas, etc. (REGO,1996, p. 100); Iami
Tiba (1996) argumenta a disciplina escolar um conjunto de regras
que devem ser obedecidas tanto pelos professores quanto pelos
alunos para que o aprendizado escolar tenha xito. Freire nos diz: O
professor tem que entender, em certas ocasies, pontos falhos do
aluno. Ao invs de reprimi-lo, tem que ajud-lo com humildade e
tolerncia. (FREIRE, 1996). Os estudiosos levam-nos a entender a
importncia das interaes sociais como fonte de desenvolvimento e
transformao social. Os problemas estudados indicam que a infncia um
perodo peculiar, e por isso deve ser definido atravs da vivncia de
cada criana. De acordo com os tericos acima, ficou constatado que
os professores devem buscar inovao, habilidades, capacitao. Vejamos
o que nos diz Freire:Professores que ministram uma boa aula, uma
aula que faa sucesso entre os alunos e pronto; trata-se de uma
preparao para a vida, de dar a eles condies de tornarem-se cidados
autnomos, oferecer conhecimentos que se incorporem vida,
possibilitando-os serem livres, decidindo de acordo com a sua
prpria conscincia, ou seja, educar mais que transmitir contedos,
ensinar a viver (FREIRE, 2005, p. 06).Freire nos leva a ver que o
professor deve demonstrar segurana naquilo que est fazendo, para
ser respeitado por seus alunos desde o primeiro dia de aula e
paraisso faz-se necessrio um bom planejamento, ambiente adequado,
estrutura, material didtico suficiente e criao de normas que possam
ser cumpridas com eficincia.No basta apenas o professor est
interessado na boa disciplina e no bom andamento do aluno, mas,
toda a creche juntamente com a famlia. na sala de aula que se ajuda
a construir futuros cidados com personalidade, onde vo aprender a
limitar seus instintos que so impulsivos e necessitam de correo
desde a primeira infncia, a comear pela famlia.Ao levar os pais a
participar de encontros, palestras, reunies e troca de experincias
com outros pais, eles sairo fortalecidos e sentiro que no esto
sozinhos nessa luta. exatamente a que entra a importncia do Gestor.
Ele precisa ter muita criatividade, iniciativa, bom humor, respeito
humano e disciplina para conscientizar os pais frequentarem a
instituio que o filho estuda, com o objetivo de participar de
eventos que os auxiliaro a superar e resolver alguns problemas de
indisciplina em seu ambiente familiar.Tendo nesse artigo informaes
sobre o comportamento de duas crianas diferentes em seu ambiente
familiar e na creche, fica reforada a necessidade de integrao entre
famlia e instituio no que se refere garantia de vnculos de
qualidade. Para isso preciso que se criem polticas pblicas
concretas e urgentes para auxiliar e organizar melhor a atuao e
aintegrao dessas instituies.Vimos que o estudo da indisciplina e
suas diferentes formas de manifestao na primeira infncia nos
fornecem elementos importantes para auxiliar pais, professores e
gestores a encontrar solues para as mesmas. Destaco a necessidade
da sociedade e do estado agirem de modo a subsidiar a atuao dessas
instituies melhorando o processo pedaggico, criando cursos
profissionalizantes e estabelecendo medidas concretas para apoiar
as famlias e melhorar a qualidade de vida das pessoas.Por fim,
recomendamos o aprofundamento de estudos sobre a indisciplina na
Educao Infantil que podero trazer novos olhares, com novas
abordagens e que esses possam servir como alavanca propulsora de
novas reflexes para essa questo polmica, no como frmula mgica, mas,
que seja questionada, provada e quem sabe, aprovada, j que o meu
objetivo identificar e compreender os diferentes tipos de
indisciplina apresentados pelas crianas das creches para intervir
de forma benfica.
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1 INTRODUO
Com reflexes sobre a indisciplina na educao infantil, buscamos
discutir sobre a necessidade de ampliao da viso critica em relao
indisciplina, alm de atentar para a questo do papel da escola, pais
e da relao professor-aluno nesta estabelecida.A escola sofre
reflexos do meio em que est inserida. O problema disciplinar ,
frequentemente, repercusso dos conflitos da famlia e do meio social
envolvente.As pessoas que rodeiam o aluno, mais propriamente as
pessoas de famlia, influem muito no seu comportamento, pois a
criana nasce no seio desta, sendo, portanto, os pais os primeiros
educadores. A extraordinria influncia dos que quotidianamente
tratam com os alunos reflete-se em muitos dos atos praticados por
eles. A ao da Famlia comea desde o bero, muito antes da ao da
Escola. Sendo a importncia da ao familiar na tarefa educativa
reconhecida pela Escola, impe-se uma ntima colaborao, que dever
significar a ajuda mtua na consecuo do ideal educativo.Para uma
educao idealmente construda, a disciplina deveria ser conseqncia
voluntria da escolha livre e, como consequncia da disciplina, a
liberdade deveria enriquecer-se de possibilidades, no sendo
antagnicos os dois princpios de liberdade e de disciplina.O clima
da aula deve ser de liberdade e de tolerncia, de modo a permitir
que os alunos tomem conscincia dos seus valores e ajam em sintonia
com eles. A autonomia conduz autodisciplina, no significando, no
entanto, que o professor tenha uma atitude de indiferena, ou de
apatiaperante os alunos. Pelo contrrio, as suas atitudes, embora
democrticas, devem ser firmes.Nos nossos dias, cada vez mais difcil
estabelecer a disciplina e faz-la respeitar. Com o efeito da evoluo
das condies gerais de vida, em todos os meios, as crianas
tornaram-se mais independentes, menos dispostas a obedecer
autoridade dos adultos.Hoje, vive-se numa sociedade em que a
unidade familiar se encontra desgastada, sem que o lar possa
oferecer aconchego, uma vez que os pais, graas s deslocaes para o
emprego e s longas jornadas de trabalho que lhes asseguram a
subsistncia, deixam de estar presentes nos momentos mais
difceis.Este tema , sem dvida, demasiado vasto. Tendo em considerao
a sua amplitude, sero tratadas apenas algumas vertentes, no numa
perspectiva de meta de chegada de conhecimentos definitivos, mas de
ponto de partida para outras abordagens interativas do ato
educativo. Como a indisciplina constitui, atualmente, uns dos
problemas mais graves que a Escola enfrenta, no podiam deixar de
ser referidos, tambm, os efeitos negativos que ela produz em relao
aos docentes.Portanto, o objetivo que ora se prope o presente
trabalho ser identificar concepes de disciplina e como professores,
pais e alunos as incorporam no seu cotidiano.Para tanto, tivemos
como base os estudos de Groppa (1996) e de Estrela (1994), nos
quais, atravs da abordagem qualitativa, procuramos demonstrar as
vrias possibilidades de entendimento sobre o tema proposto, alm de
discutir a questo da disciplina e da indisciplina como
elementopertencente ao processo educativo, e por isso mesmo,
fomentador deste.O presente trabalho consta de Introduo, na qual
apresentamos o tema, a justificativa e os objetivos da
pesquisa.Captulo 1. A Trajetria da Pesquisa (justificativa)Capitulo
2. Indisciplina escolar, no qual desenvolvemos reflexes acerca dos
vrios aspectos em que pode ser considerada a indisciplina e a
disciplina, alm dos efeitos sobre os docentes.Capitulo 3. Onde fala
da diferena entre autoridade e autoritarismo na prtica do docente e
tambm do papel da escola e da relao professor-aluno.Capitulo4.
Referencial terico (A Participao dos pais na Ed. Escolar)
CAPITULO I A TRAJETRIA DA PESQUISA
1.1 JUSTIFICATIVA
Historicamente, a escola e a famlia, tal qual as conhecemos
hoje, so instituies que surgem, com o advento da modernidade, ambas
destinadas ao cuidado e educao das crianas e jovens. Na verdade,
escola coube a funo de educar a juventude na medida em que o tempo
e a competncia da famlia eram considerados escassos para o
cumprimento de tal tarefa. Os saberes diversos e especializados,
necessrios, formao das novas geraes, demandavam cada vez mais ao
longo do tempo, um espao prprio dedicado ao trabalho de apresentao
e sistematizao de conhecimentos dessa natureza, diferente,
portanto, daquele organizado pela famlia.No Brasil, a escola, como
instituio distinta da famlia, construiu-se aos poucos, s custas das
presses cientficas e dos costumes caractersticos de uma vida mais
urbana.Aproximadamente dois sculos, sinalizaram para a necessidade
de uma organizao voltada formao fsica, moral e mental dos
indivduos; misso essa impossvel para o mbito domstico.Esse modelo
esteve a servio, sobretudo durante o sculo XIX, da moldagem das
elites intelectuais nacionais. A escola era profundamente diferente
da famlia e, oferecia formao das crianas e dos jovens a uma educao
da qual nenhuma outra instituio poderia se ocupar. Os primrdios da
Repblica, na onda dos movimentos sociais, polticos e culturais que
marcaram a poca, impuseram a necessidade de modernizar a sociedade
e colocar a Nao nos trilhos do crescimento, exigindo ento um outro
modelo e uma maior abrangncia da ao educacional.Assim, como podemos
observar, a discusso sobre a participao da famlia na vida escolar
de seus filhos no recente. H dcadas que se vem refletindo sobre
como envolver a famlia, promover a co-responsabilidade e torn-la
parte do processo educativo. Sem dvida, tal aproximao trata-se de
uma difcil tarefa, isto, em funo das inseguranas, incertezas e da
falta de esclarecimento sobre o processo educacional, suas
limitaes, bem como sua abrangncia.Compor uma parceria entre escola
e famlia pressupe de ambas as partes, a compreenso de que a relao
famlia-escola deve se manifestar de forma que os pais no
responsabilizem somente escola a educao de seus filhos e, por outro
lado, a escola no pode eximir-se de ser co-responsvel no processo
formativo do aluno.A presente pesquisa justifica-se pela
necessidade de contribuirno processo ensino-aprendizagem da criana
de zero a seis anos da Educao Infantil, e por entendermos que a
parceria entre a famlia e a escola de suma importncia para o
sucesso no desenvolvimento intelectual, moral e na formao do
indivduo nessa faixa etria.Os paradigmas de interpretao e de gesto
das realidades sociais defendem modelos sistmicos numa perspectiva
de integrao funcional em que a flexibilidade, a mudana e o conflito
so elementos que devem ser coagidos. Neste sentido, alm do estudo
das estruturas e das funes da famlia e da escola, havemos de
considerar, tambm, as transformaes que esto ocorrendo na sociedade
moderna, nas suas instituies e conforme os quadros sociais que esto
instveis, da decorrentes que exigem uma compreenso dinmica e
respostas mais articuladas.
1.2 EDUCAO INFANTIL
As preocupaes com a educao infantil no um fato recente, desde o
inicio das civilizaes que ela tem seu papel na formao do indivduo.
O que mudou foi a maneira de pensar essa educao.Na Grcia antiga, o
conhecimento era transmitido com o objetivo de elevao intelectual,
porm com o passar do tempo e muitos desgastes nas tcnicas
educacionais, levaram a educao a ser resumida a transmisso de
conhecimentos, e acessvel apenas s classes abastadas. Porm com a
criao da escola pblica (sc. XVI) inspirada nas idias alems,
tornou-se mais acessvel quase todos, porm a educao ainda no era de
muita qualidade. O progresso alcanado em poucos anos nos cuidados e
educao das crianas, pode ser atribudo mais a umdespertar de
conscincia do que evoluo das condies de vida. No foi apenas o
progresso devido a higiene infantil que se desenvolveu em especial
na ltima dcada do sculo XVIII, a personalidade da prpria criana
manifestou-se sob novos aspectos, assumindo a mais alta importncia,
como frisa MONTESSORI (1980):"No a criana fsica ,mas a psquica que
poder dar ao aperfeioamento humano um impulso dominante e
poderoso."A concepo de educao infantil implantada no sculo
XVIII,foi de suma importncia para a criana ,pois segundo o educador
e fundador dos jardins-de-infncia o alemo FROEBEL (1782-1852) ,a
infncia a fase mais importante e decisiva na formao de pessoas ,e
comparava-as a uma planta em sua fase de formao ,exigindo cuidados
peridicos para que cresa de maneira saudvel .As tcnicas utilizadas
at hoje em Educao Infantil devem muito a Froebel ,pois para ele,as
brincadeiras so os primeiros recursos no caminho da aprendizagem.
no perodo pr-escolar, que as crianas tm a oportunidade de trabalhar
com contedos adequados para sua idade, sendo manipulados de forma
correta para serem absorvidos por elas, trabalhar com atividades
ldicas, de forma com que esta contribua com seu desenvolvimento,
auxiliando com a construo do conhecimento, e assim, na formao da
criana, pois,j se sabe ,que a criana no aprende apenas com
atividades formais e sistematizadas .A socializao outra contribuio
fornecida pela Educao Infantil, pois depois da famlia ,o primeiro
contato que a criana tem, com um grupo estanho e acontece
nascreches e prescolas, oportunizando-as explorar o novo.Enfim, a
Educao Infantil tem um papel um papel significativo no mundo
infantil, pois apresentar atividades que iram auxiliar no seu
desenvolvimento social, cultural, psquico, motor sensorial e
cognitivo, construindo o aprendizado atravs das experincias
vivenciadas pela criana.
1.3 A EDUCAO INFANTIL COMO DIREITO DA CRIANA
As significativas mudanas ocorridas, no mbito legal, social e
educacional, determinando novas diretrizes e parmetros no
atendimento crianas de 0 3 anos de idade promoveram a necessidade
de reordenamento na estrutura funcional e organizacional dessas
instituies ,e principalmente naquelas voltadas para o atendimento
de crianas vulnerabilizadas pela situao pela situao de pobreza
,abrangendo alm da assistncia social , alcanar a educao.Estas
mudanas se deram no apenas por movimentos sociais organizados, mas
pela promulgao da Constituio Federal de1988 (CF/98),na qual a
criana reconhecida em sua cidadania ,e portanto como sujeito de
direitos.A CF/88 em seu artigo 208-IV determina que "o dever do
Estado com a educao s crianas de 0 6 anos ser efetivado mediante
garantia de atendimento em creches e pr-escola."Por sua vez, o
Estatuto da Criana e do Adolescente, em 1990 retificou que dever do
Estado assegurar..atendimento em creches e pr-escola s crianas de
zero a seis anos de idade..(ECA,art54-IV).A lei n394, de 20 de
dezembro de 1996 ,Lei de Diretrizes e Bases(LDB),em seu artigo
4-VI,confirmou ,mais uma vez,que o atendimento gratuito em creches
e pr-escola dever do Estado.Deixou claro tambm que o atendimento a
esta faixa etria est sob a incumbncia dos municpios(art.11-V)
,determinando que todas as instituies de Educao Infantil ,publicas
e privadas,estejam inseridas no sistema de ensino .Como parte
integrante da primeira etapa da educao bsica,a Educao Infantil foi
dividida em creche(zero a trs anos) e pr-escola(quatro seis
anos),conforme artigo 31-I da LDB/96.
CAPTULO II FATORES CONDICIONANTES DA DISCIPLINA/INDISCIPLINA
So mltiplos os fatores que condicionam a disciplina, tanto no
espao sala de aula, como no espao Escola.Segundo Domingues(1995),
podem considerar-se fatores estruturais (escolaridade obrigatria,
nmero de alunos por turma, currculos escolares e autoridade do
professor), fatores sociais (representaes sociais, subculturas
docentes e discentes, e poderes dos professores e dos alunos) e
fatores pessoais (objetivos individuais, estilos de ensino e
estratgias de aprendizagem).
2.1 INDISCIPLINA ESCOLAR
Neste momento, discorremos acerca das discusses em torno dos
conflitos que permeiam a educao formal e das vrias tentativas de se
estabelecer, ou ainda de se encontrar as causas dos distrbios no
processo de aprendizagem, que propomos, com este trabalho,
confrontar idias que tm como fio condutor a questo da indisciplina
na sala de aula, sob pensamentos advindos do processo educativo
como um todo. a partir da tica panormica de Groppa (1996), a
problemtica gerada pela indisciplina na escola esuas relaes com os
aspectos formadores do homem, tais como os psicolgicos,
sociolgicos, filosficos, polticos e ticos, que desenvolvemos nossa
pesquisa.Indisciplina sempre comportamento imprprio (desobedincia,
desrespeito ou agressividade),seja na famlia quando uma criana faz
algo de perigoso ,se ela for agredida ao invs de orientada pode se
tornar agressiva e expressar sua revolta em forma de
indisciplina.No esporte h regras mas se elas forem mal aplicadas
tambm poder gerar indisciplina .O mesmo ocorre na escola,quando as
regras de convvio no so bem elaborada se esclarecidas:ocorre a
indisciplina. Pois como diz FREIRE (1998): "Disciplina pronta no
existe, preciso que todos os sujeitos envolvidos no processo
educacional (pais, alunos e escolas) participem da construo do
sistema de disciplina".Num pas que prima pela desorganizao, pelo
desrespeito a todo e qualquer tipo de ordem ou norma, que coloca
interesses de algumas pessoas ou grupos minoritrios poderosos acima
de valores humanos de dignidade, respeito e solidariedade,
disciplinar no s uma proposta temerria, como um grande desafio.A
escola vem estruturada com uma srie de regras,diferentes da
disciplina da famlia, e querendo enquadrar todos nessa regra.A
escola toma a disciplina como regra e no como objetivo
educacional,como deveria.De acordo com o pesquisador, o excesso de
indisciplina na escola sugere que a instituio no est cumprindo seu
papel. "As escolas de hoje se dizem preocupadas com a formao cidad
dos alunos e propem o ensino de regras deconvivncia social. Por
isso, a indisciplina ou o excesso dela demonstra fracasso no seu
trabalho de socializao", argumenta. A indisciplina afeta a vida
escolar porque perturba a relao pedaggica, impactando negativamente
o aprendizado dos alunos. Segundo Campos, existem pesquisas que
demonstram que os alunos de periferia so mais afetados por esse
distrbio na relao de aprendizado. "Isso mais uma barreira, que se
soma s outras que a gente j conhece", conclui.A indisciplina em
criana sem idade pr-escolar pode ocorrer tambm pelo fato de a aula
ser mal planejada ou no planejada, tendo em vista que nessa idade
as atividades escolares devem ser diversificadas e de curto tempo,
pois a criana.
2.2 OS VRIOS ASPECTOS DA INDISCIPLINA
De acordo com os estudos de Groppa (1996), a problemtica gerada
pela indisciplina na escola est relacionada com a interpretao e
administrao do ato indisciplinado. o ponto em que o educador, (por
sentir a substituio da autoridade pela perplexidade), se perde e
inicia a busca por solues imediatistas, uma vez que a linha
divisria entre a indisciplina e a violncia muito tnue.Desse modo,
sob as consideraes de Yves e de La Taille, que encontramos subsdios
ou argumentos, para tratar dos problemas relacionados aprendizagem,
(considerados na maioria das vezes sob uma viso simplista) luz de
uma tica em que esto inseridos mais que as questes escolares e so
considerados os aspectos ou elementos formadores do homem.Assim, a
indisciplina passa a ser discutida sob dimenses humanas em que no
cabemmais julgamentos, rtulos ou justificativas culposas, e sim
questionamentos, reflexes e a ampliao do conhecimento acerca do
homem contemporneo, da disciplina, da aprendizagem e do espao e da
identidade ocupados hoje pela escola.Para La Taille (1996),
trata-se de estender a indisciplina articulao de vrias dimenses em
que no cabem mais a normatizao do tema apenas questo moral, ao seu
reducionismo psicolgico sob um nico vis, assim como a indiferena
pela complexidade que compe. Sob tal pensamento, o autor discorre
que[...] Se entendemos por disciplina comportamentos regidos por um
conjunto de normas, a indisciplina poder se traduzir de duas
formas: 1) a revolta contra estas normas; 2) o desconhecimento
delas. No primeiro caso, a indisciplina traduz-se por uma forma de
desobedincia insolente; no segundo, pelo caos dos comportamentos,
pela desorganizao das relaes. (LA TAILLE 1996, p.10)
Sob tais consideraes, tecida a linha de pensamento na qual o
autor observa que o desconhecimento das normas, os conflitos
comportamentais e o estremecimento das relaes, atualmente revelam o
quadro em que se encontra a educao brasileira.Assim, o autor
utiliza-se do texto de Yves e de La Taille, para questionar por que
as crianas no obedecem nem aos pais e nem aos professores e por que
elas no tm limites.Tal questionamento tambm feito por Estrela
(1994), sob o pensamento de que o problema da disciplina na aula e
na escola um problema de preveno e a nvel de preveno, e no da
correo que a pesquisatem avanado e tambm fornecido material
importante para a reflexo e ao dos docentes.Desse modo, a autora
considera que, a escola enquanto sistema aberto em constante
interao com o meio sofre reflexo de todos os conflitos existentes,
como por exemplo: turmas numerosas, escolas superlotadas, nvel de
remunerao baixo dos docentes, o que afasta do ensino os mais
capazes, nmero elevado de alunos oriundos de meios economicamente
degradados.No entanto, a manuteno da disciplina constitui uma
preocupao de todas as pocas, a vida do professor tem sido sempre
amargurada pela indisciplina das crianas que perturbam ordem
instituda para seu prprio bem.Para Estrela (1994), importante que
tenhamos uma interpretao funcional da indisciplina, que nos permita
fazer distino entre indisciplina na escola e outras formas de
indisciplina social e nesse sentido, a autora pontua que a
indisciplina escolar no deve, portanto, confundir-se com
delinqncia.Groppa (1996) argumenta que a disciplina pode ser
entendida como condio necessria para arrancar o homem de sua condio
natural selvagem e nessa perspectiva, a permanncia quieta na sala
de aula, serviria para ensinar a criana a controlar seus impulsos e
afetos e no para o bom funcionamento da escola, j que a questo
organizacional da escola no depende cem por cento do comportamento
do aluno e sim da interao deste com o funcionamento de suas
polticas internas. Neste caso, existe um foco dispensado muito mais
aos preceitos morais da disciplina, do que a real dimenso em que
esta se insere, uma vez que estetema no se encerra no contexto
escolar, ao contrrio, este apenas um reflexo da situao social
vigente.
2.3 EFEITOS DA INDISCIPLINA SOBRE O PROFESSOR
A indisciplina produz efeitos negativos no aproveitamento
escolar e na socializao dos alunos. Estes efeitos negativos
exercem-se tambm sobre o professor, provocando nele desgaste fsico
e psicolgico, ansiedade, fadiga, tenso, perda de eficcia educativa,
diminuio de auto-estima, sentimento de frustrao e desnimo e
"stress". Este conjunto de fatores pode levar, em ltimo caso, ao
abandono da profisso (Estrela, 1992).Estes aspectos negativos
atingem, sobretudo os professores menos experientes e menos
preparados pedagogicamente.
CAPITULO III - AUTORIDADE E AUTORITARISMO NA PRATICA DOCENTE
Muitas vezes a criana se depara com uma aula mal planejada ou no
planejada, com contedos incoerentes com sua idade e/ou realidade
social da turma, e reage a isso com a indisciplina, e os
professores passam a usar seu cargo de autoridade, em forma de
autoritarismo, para inibir-los.A autoridade por parte do professor
fundamental para controlar a disciplina, pois como defende FREIRE
(1989):"A criana entregue a ela mesma,dificilmente se disciplinar".
Todavia, ele tambm prega, que esta autoridade no deve se dar em
forma de autoritarismo,pelo contrario,o professor tem que respeitar
as caractersticas scio-culturais dos alunos.H uma necessidade de
autoridade, pois sem essa no se faz educao; o aluno precisa dela,
seja para se orientar, seja para poder opor-se (o conflito coma
autoridade normal, especialmente no adolescente), no processo de
constituio de sua personalidade. O que se critica o autoritarismo,
que a negao da verdadeira autoridade, pois se baseia na coisificao,
na domesticao do outro.A autoridade se define sempre em contextos
histricos concretos. E o primeiro grande desafio para o resgate da
autoridade do professor a necessidade de ressignificar o espao
escolar, ganhar clareza sobre qual de fato o papel da escola hoje,
porque ser justamente neste espao social que o professor dever
exercer sua autoridade, que obviamente carecer de sentido se a
prpria instituio no conseguir justificar sua existncia. Um segundo
desafio o professor conseguir se refazer, se reconstruir depois
deste turbilho todo a que foi - e ainda est - submetido.
3.1 O PAPEL DA ESCOLA E A RELAO PROFESSOR-ALUNO
Ao abordar a questo do papel da escola na sociedade e sobre a
responsabilidade desta em relao criao de espaos que proporcionam o
exerccio da cidadania, La Taille (1996), considera o olhar
admirador dos dias de hoje, no qual o homem ps-moderno age de
acordo com a relao vergonha-sociedade, (j sofre as tiranias da
intimidade e seu interesse diz respeito sua personalidade, a seus
afetos), para situar o que ele denomina de declnio do
Homem-Pblico.Nesse sentido, discorre sobre as conseqncias morais,
que estas so naturais a este processo do declnio, (no que o homem
seja imoral), porm considera que sua ao moral fica relutante em
assumir certos valores que estariam contradizendo sua busca
deprazer, o que lhe seria mais autntico.Remetendo tais consideraes
indisciplina em sala de aula La Taille, (1996), desenvolve seus
pensamentos sob idia de que Toda moral pede disciplina, mas toda
disciplina no moral. E desse modo lana o seguinte questionamento: O
que h de moral em permanecer em silncio horas a fio, ou em fazer
fila? La Taille (1999, p.19).Nessa perspectiva, o autor enfatiza
considera a importncia e a necessidade do exame das razes de ser
das normas impostas e dos comportamentos esperados sob o ngulo do
enfraquecimento da relao vergonha-moral, da ateno dada somente ao
que particular, do direcionamento das motivaes do ser humano ao
desejo, da vergonha de ser velho e parecer jovem e da desvalorizao
do estudo e da instruo.Groppa (1999, p.23), defende uma linha de
pensamento complexa em que [...] para ser cidados, so necessrios
slidos conhecimentos, memrias, respeito pelo espao pblico, um
conjunto mnimo de normas de relaes interpessoais, e dilogo franco
entre olhares ticos. No h democracia se houver completo desprezo
pela opinio pblica.Tambm as consideraes de Estrela (1994), vm de
encontro concepo humanista de que a partir de relaes reais que o
indivduo pode aprender a lidar com as mais diversas situaes e
considerando a escola como um espao onde intencionalmente
conhecimento e cultura so exercitados, pode-se lidar com a
indisciplina e construir um novo padro de disciplina.Nestes termos,
cada escola, cada sala de aula, um espao histrico-pedaggico; apesar
das modificaes profundasque a escola sofreu na poca contempornea,
existem nela, ainda, heranas do magistrocentrismo tradicional em
que o professor o dono do saber, que resistem mudanas dos tempos e
das vontades.Para Groppa (1996), o ponto de vista psicolgico
entende o reconhecimento da autoridade externa que anterior
escolarizao, da porque a queixa dos educadores sobre a inexistncia,
no sujeito da noo de autoridade e ainda que h de se pensar a
estrutura escolar juntamente com a familiar, pois so duas dimenses
que se articulam.Desse modo, a educao no responsabilidade integral
da escola, e sim, um dos eixos que compe todo processo. Entretanto,
na relao professor-aluno, que ainda existe, percebe-se a nfase
normatizao individual, esvaziando a escola de seu objetivo maior,
que o trabalho de recriao do legado cultural, o que faz com que
gaste-se muito mais energia e tempo com a questo disciplinadora do
que com a tarefa epistmica fundamental.No entanto, para o autor,
investir numa sedimentao moral do aluno exigiria uma nova posio
consensual dos envolvidos sobre esta infra-estrutura psquica e isto
no existe. Assim, a tarefa do professor, ao contrrio, bem definida
e diz respeito ao conhecimento acumulado.De acordo com os estudos
aqui apresentados, procuramos atentar para a questo da disciplina e
da indisciplina em seus sentidos mais amplos, de modo que no
pairasse a idia de viso reducionista entre um e outro tema.
Buscamos, ainda, deixar implcitas reflexes acerca do papel da
escola e da importncia da relao educador-aluno, para que afuno da
escola se cumpra.Fica clara, portanto, que a indisciplina h que ser
visto como um fenmeno prprio do homem contemporneo e das implicaes
advindas de seu meio social.A grande questo, que, quando se trata
de observar a indisciplina no contexto escolar, mais precisamente
na sala de aula, entram em confronto a tica da escola, (pautada em
uma educao tradicional, que tem o autoritarismo como base), a
educao democrtica (defendida por vrios estudiosos) e o aluno real,
freqentador da escola e que fruto da sociedade contempornea e por
isso mesmo, com anseios democrticos, libertadores, autnomos.Desse
modo, o que deve ser mudado neste conflito, tica pela qual a
disciplina e a indisciplina so observadas.H ento, que se ampliar as
vises, os conhecimentos, as consideraes, os estudos e as relaes,
para que professores, alunos e cidados possam inter-relacionarem-se
em uma escola real, com valores reais, e que cumpra seu real papel
que o de fornecer espaos de cultura e de vida para que o aluno que
de l saia, esteja pronto para praticar a cidadania apreendida do
contexto escolar.Nessa perspectiva, e de acordo com os autores aqui
abordados, a indisciplina deixar de ser o motivo das dores de cabea
dos educadores, para atuar como agente revolucionador e construtor
dos vrios conhecimentos que o indivduo necessita para viver em
comunidade e em comunho consigo e com os outros.
CAPTULO IV - A PARTICIPAO DOS PAIS NA EDUCAO ESCOLAR
(REFERENCIAL TERICO)
A escola pode ser pensada como o meio do caminho entre a famlia
e asociedade.Neste delicado lugar, tanto a famlia quanto sociedade
lanam olhares e exigncias escola. No que se refere famlia,
necessrio dizer que a historiografia brasileira nos leva a concluir
que no existe um modelo de famlia e sim uma infinidade de modelos
familiares, com traos em comum, mas tambm guardando singularidades.
possvel dizer que cada famlia possui uma identidade prpria,
trata-se na verdade, como afirmam vrios autores, de um agrupamento
humano em constante evoluo, constitudo com o intuito bsico de
prover a subsistncia de seus integrantes e proteg-los.Esto
presentes dessa maneira, sentimentos pertinentes ao cotidiano de
qualquer agrupamento como amor, dio, cime, inveja, entre outros. Em
relao s expectativas da famlia com relao escola com seus filhos
encontram-se vrias fantasias familiares como o desejo de que a
instituio escolar eduque o filho naquilo que a famlia no se julga
capaz, como, por exemplo, limite e sexualidade; e que ele seja
preparado para obter xito profissional e financeiro via de regra
ingressando em uma boa universidade.
A sociedade procura ter na escola uma instituio normativa que
trate de transmitir a cultura, incluindo alm dos contedos
acadmicos, os elementos ticos e estruturais. a partir da que se
constri o currculo manifesto (escrito em seus estatutos) e o
currculo latente (o dia-a-dia). (Outeiral apud Siqueira, 2002,
p.01).
Embora bem delimitadas as diferenas entre casa e escola,
passou-se a buscar mais o apoio desta,entendendo-se a eficcia da ao
normalizadora da escola sobre crianas e jovens quando respaldadas
pelo conhecimento e aquiescncia da famlia. A despeito disso,
reservava-se escola, 24 os direitos sobre o conhecimento cientfico
acerca das reas disciplinares, como tambm sobre aqueles que diziam
respeito aos processos de aprendizagem das crianas e adolescentes,
conhecimentos estes informados pela biologia, psicologia e cincias
sociais preservando a escola, desta forma, seu lugar de autoridade
no gerenciamento das questes pedaggico - educacionais.Hoje vivemos
um outro tempo, bem mais complexo, diverso e inquietante do que h
algumas dcadas, a escola enfrenta, alm do desafio frente ao domnio
do conhecimento, em permanente mudana, tambm o desafio da relao com
seus alunos, sejam eles crianas pequenas ou jovens.Sem dvida esse
contexto perspassado por questes de diferentes naturezas, entre as
quais os dilemas do desempenho curricular a ser proposto na
contemporaneidade, os impasses da escolha dos encaminhamentos
metodolgicos mais adequados as relaes de ensino, os limites e
possibilidades da manuteno de uma relao professor aluno com
qualidade e a famlia considerada pea chave nesse momento de
crise.Ao lado da famlia, a escola permanece sendo um espao de
formao que deve, para tanto, repensar a sua ao formadora,
preocupando-se em formar seus educadores para que os mesmos renam
recursos que os permitam lidar com os conflitos inerentes ao
cotidiano escolar. , portanto, na escola, refletindo sobre o que h
para ser ensinados crianas sobre a metodologia que pode tornar mais
coesa a ao do conjunto docente, que a escola poder encontrar sadas
legtimas superao dos problemas morais e ticos que assolam o seu
dia-a-dia. Nesse sentido, sem abdicar do lugar reservado ao ensino
formal, preciso que os espaos destinados formao dos educadores no
interior da escola dem, tambm, prioridade reflexo poltico-filosfica
sobre os sentidos e possibilidades da ao educacional para que se
possa, desta feita, recuperar ou constituir um novo iderio para a
escola.A escola no a nica instncia de formao de cidadania. Mas, o
desenvolvimento dos indivduos e da sociedade depende cada vez mais
da qualidade e da igualdade de oportunidades educativas. Formar
cidados na perspectiva aqui delineada supe Instituies onde se possa
resgatar a subjetividade interrelacionada com a dimenso social do
ser humano, em que a produo e comunicao do conhecimento ocorram
atravs de prticas participativas e criativas.Trata-se de uma
instituio da sociedade na qual a criana atua efetivamente como
sujeito individual e social. um espao concreto e fundamental para a
formao de significados e para o exerccio da cidadania: na medida em
que possibilita a aprendizagem de participao crtica e criativa,
contribui para formar cidados que atuem na articulao entre o Estado
e a sociedade civil. Para a famlia, o ensino quanto mais
individualizado, melhor para seu filho, pois nessa conjetura vai
haver a peculiaridade de melhor ajud-los e a destac-lo. As
preocupaes transitam, portanto nombito do privado. Este enfoque
mais social do que individual, carrega objetivos ticos, pois a
escola deve ser um espao de valorizao tanto da informao, como da
formao de seus alunos, dentro de uma estrutura coletiva.A escola
como instituio busca atravs de seu ensino, que seus alunos possam
assumir a responsabilidade por este mundo, como diz Arendt (apud
Castro, 2002):
Ultrapassa os desejos individuais e esta responsabilidade s
poder advir, atravs do enlaamento entre conhecimento, e ao, entre o
saber e as atitudes, entre os interesses individuais e sociais. A
escola , como um novo modelo, ir ampliar o mundo dos alunos,
convidando-os a olhar suas experincias com uma outra lente, que no
a familiar, o que alterar os significados j conhecidos. A escola
pblica tem mais fortemente, ento, a responsabilidade da apresentao
de conceitos e contedos herdados de nossa cultura, pois muitas
crianas s tero acesso a esta herana, atravs de sua passagem pela
escola, que deve ento, abrir caminhos de acesso cultura de maneira
igualitria para todos e neste sentido, lutar contra os privilgios
de uma classe social. Todo educador enquanto mediador do vnculo
entre aluno e a cultura, entre a escola e a famlia, est mergulhados
e comprometidos nesta rede de interesses dos dominantes e dos
dominados.(p.01).
Existem escolas que trabalham visivelmente no objetivo de
reproduo dos valores e ideologias dominantes, outras tem uma posio
mais crtica, mas todas assumem posies polticas, pois a escolha dos
contedos aserem ensinados, o estilo e o mtodo deste ensino, suas
regras, sua maneira de avaliar, de receber a famlia etc., traduzem
os objetivos das instituies, deixando claras as opes e desvelando
seus interesses mais especficos.Partindo de um levantamento da
histria da participao da famlia na educao vimos que os interesses
das famlias foram acolhidos mais fortemente na escola brasileira, a
partir das dcadas de 60/70, atravs do movimento de Renovao
Pedaggica, que abriu uma grande lacuna para a entrada de um olhar
mais psicolgico no mbito escolar, ampliando a ateno com cada
criana, suas escolhas e desejos, seu tempo de aprender entre
tantos.Enfrentamos, porm, conflitos decorrentes da situao vivida,
pois passamos de um valor centrado no contedo e no educador, para
um valor centrado na criana e em seu processo de aprender. O
desafio das escolas hoje sair dos extremos, buscando valorizar
tanto a informao, como a formao, tanto no educador como no
educando, tanto o mtodo como os conhecimentos acumulados,
resgatando a importncia do grupo na construo de conceitos e
valores. Conforme esclarece Campos (1983):
A palavra famlia, na sociedade ocidental contempornea tem ainda
para a maioria das pessoas, conotao altamente impregnada para a
maioria das pessoas, conotao altamente impregnada de carga afetiva.
Os apologistas do ambiente da famlia como ideal para a educao dos
filhos, geralmente evidenciam o calor materno e o amor como
contribuio para o estabelecimento do elo afetivo
me-filho,inexistente no caso de crianas institucionalizadas. Um dos
representantes deste ponto de vista foi Bowlby. (p.19).
A complexidade do processo de socializao evidente e torna-se
bastante expressiva dentro do processo ensino-aprendizagem atravs
de aspectos do tipo: imitao, identificao e mais um conjunto de
caractersticas determinadas pelo contexto familiar, que iro
interagir no desenvolvimento da criana dentro da instituio
escolar.De uma maneira geral, sobre a relao famlia e educao, afirma
Nrici (1972)
A educao deve orientar a formao do homem para ele poder ser o
que da melhor forma possvel, sem mistificaes, sem deformaes, em
sentido de aceitao social.Assim, a ao educativa deve incidir sobre
a realidade pessoal do educando, tendo em vista explicitar suas
possibilidades, em funo das autnticas necessidades das pessoas e da
sociedade (...). A influncia da Famlia, no entanto, bsica e
fundamental no processo educativo do imaturo e nenhuma outra
instituio est em condies de substitu-la. (...) A educao para ser
autntica, tem de descer individualizao, apreenso da essncia humana
de cada educando, em busca de suas fraquezas e temores, de suas
fortalezas e aspiraes. (...) O processo educativo deve conduzir
responsabilidade, liberdade, crtica e participao. Educar, no como
sinnimo de instruir, mas de formar, de ter conscincia de seus
prprios atos. De modo geral, instruir dizer o que uma coisa , e
educar e dar o sentido moral e social douso desta coisa.
(p.12).
Por outro lado, Connel (1995) faz uma abordagem em que visualiza
a famlia dentro deste parmetro sugerindo que a relao entre
professores e pais deve ser entendida como uma relao de classes.
Assim, os pais da classe dominante vem os professores como seus
agentes pagos: capazes e especialistas. Assim, esclarece Connel
(1995):
A escola secundria fortemente determinada pelo modo como age seu
diretor. E isto tambm verdadeiro para a escola particular, mas acho
que pela razo de o diretor da escola particular prestar contas a um
curador ou diretoria, existe mais presso sobre ele para obter
resultados do que o diretor da escola secundria estadual que presta
contas a uma Secretaria de Educao. A escola particular produzir em
mdia melhores diretores porque se estes no realizarem sero
despedidos ou a escola ir decair muito rapidamente. (p.126).
Entretanto, Freire (2000) evidencia que ensinar exige
compreender que a educao uma forma de interveno no mundo, uma
tomada de posio, uma deciso, por vezes, at uma ruptura com o
passado e o presente. Para este renomado pesquisador e educador, as
classes dominantes enxergam a educao como imobilizadora e
ocultadora de verdades.A educao uma forma de se intervir no mundo,
dentro desta linha de pensamento de Freire (2000), que fala de
educao como interveno. Ele se refere a mudanas reais na sociedade,
no campo da economia, das relaes humanas, da propriedade, do
direito ao trabalho, a terra, a educao, a sade, com referncia
situao no Brasil e noutros pases da Amrica Latina.Quanto mais
criticamente a liberdade assuma o limite necessrio, tanto mais
autoridade ela tem. Eticamente falando, para continuar lutando em
seu nome, desta forma se posiciona Freire (2000):
Gostaria uma vez mais de deixar bem expresso o quanto aposto na
liberdade, o quanto me parece fundamental que ela exercite
assumindo decises. (...). A liberdade amadurece no confronto com
outras liberdades, na defesa de seus direitos em face da autoridade
dos pais, do professor e do Estado. (p.119).
Castro (2002) em recente artigo: O Caos Institucional e a Crise
da Modernidade se referem falta de parmetros quanto ao papel que a
escola deve assumir em uma sociedade em permanente mudana e, em
conformidade a isto, que sentido deve assumir a prtica docente,
quando a prpria produo e veiculao do conhecimento, assumem formas
cada vez mais fragmentveis e, muitas vezes, dissociadas de qualquer
significao tica, social e cultur