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Feb 23, 2018

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BartoFreitas
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    Universidade Federal do Rio Grande do SulEscola de Engenharia

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil

    MTODO DE DOSAGEM DE CONCRETO PELO VOLUME DEPASTA COM EMPREGO DE CINZA VOLANTE

    Fernando Antonio Piazza Recena

    Porto Alegre2011

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    MTODO DE DOSAGEM DE CONCRETO PELO VOLUME DEPASTA COM EMPREGO DE CINZA VOLANTE

    Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como parteda Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em requisitos para

    obteno do ttulo de Doutor em Engenharia. Orientao: Profa. Dra. DeniseCarpena Coitinho Dal Molin.

    FERNANDO ANTONIO PIAZZA RECENA

    Porto Alegre2011

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    MTODO DE DOSAGEM DE CONCRETO PELO VOLUME DEPASTA COM EMPREGO DE CINZA VOLANTE

    Esta tese de doutorado foi julgada adequada para a obteno do ttulo de DOUTOR EMENGENHARIA, Construo civil, e aprovada em sua forma final pelo professor orientador e

    pelo Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal do RioGrande do Sul.

    Porto Alegre, 26 de setembro de 2011.

    Profa. Denise Carpena Coitinho Dal MolinDra. pela USP

    Orientadora

    Profa. Fernanda Macedo Pereira (CIENTEC/ULBRA)Dra. pela UFRGS

    Coorientadora

    Prof. Dr. Luiz Carlos Pinto da Silva FilhoCoordenador do PPGEC/UFRGS

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Vladimir Antonio Paulon (UNICAMP)Dr. pela USP e Livre docncia pela UNICAMP

    Prof. Andr Luiz Bortolacci Geyer (UFG)Dr. pela UFRGS

    Prof. Ruy Alberto Cremonini (UFRGS)Dr. pela USP

    Profa. ngela Borges MasueroDra. pela UFRGS

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    Aos meus pais, Fernando e Maria,

    pelo que sou.

    Aos meus filhos, Incio e Martina,

    pelo que serei.

    mulher a quem Penlope invejaria, pelas tantas mantas que teceu,

    Geza.

    Aos Professores que tive, formais e informais, todos, aos bons e aos maus,

    pelo que me fizeram ser e no ser.

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    AGRADECIMENTOS

    Agradecer no apenas um compromisso de educao ou uma manifestao de civilidade,

    mas sim, antes de tudo, uma demonstrao de que ningum convive conosco por acaso. Ogrande e principal agradecimento deve ser feito vida, ao criador em suas mais diversas

    formas de manifestao.

    Por mais que tenhamos cuidado sempre h o risco de cometermos injustias pelo

    esquecimento.

    O mais simples seria dizer apenas agradeo a todos que me ajudaram, mas dessa maneira

    estaramos cometendo a injustia por minimizar a colaborao daqueles que efetivamente

    representaram a diferena.

    Assim, o grande e primeiro agradecimento deve ser feito a uma amiga, responsvel direta

    pela realizao desse trabalho, pelo incentivo, pelo apoio, pela viabilizao e,

    principalmente, pela amizade, Professora Denise Carpena Coitinho Dal Molin orientadora

    dessa Tese.

    Em seguida amiga e colega de CIENTEC Professora Fernanda Macedo Pereira,

    coorientadora, que se disps a conversas dirias sobre o trabalho, pela reviso e peladedicao.

    CIENTEC Fundao de Cincia e Tecnologia, instituio qual dediquei inteiramente

    minha vida profissional em seus 35 anos, com especial ateno ao Laboratorista Nelson

    Postal pelo apoio na caracterizao dos cimentos e adies.

    PUC RSPontifcia Universidade Catlica, onde exero atividade docente, que franqueou

    o Laboratrio de Materiais de Construo Civil para que fosse desenvolvida a parte prtica

    da pesquisa e pelo apoio irrestrito do Laboratorista Jos Eduardo Gerhardt da Luz.

    ULBRA Universidade Luterana do Brasil pelas anlises que empregaram o (MEV)

    Microscpio Eletrnico de Varredura.

    CONCREPEDRAConcreto e Pedreiras empresa para a qual presto consultoria e onde

    nasceu a ideia principal da pesquisa e onde as primeiras experincias foram realizadas, nas

    pessoas de seu Diretor Fbio Melro Zandon e dos Engenheiros Adriano Fontana, Eduardo

    Tenn Pass e Andr Van Der Lan.

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    PR-CONCRETOS ENGENHARIA que, alm de fornecer os agregados para o trabalho,

    tambm permitiu que testes fossem realizados em sua produo, nas pessoas de seu

    Diretor Engenheiro Jos Paulo Grings e da Engenheira Fernanda Dutra.

    COMPANHIA DE CIMENTO ITAMB pelo apoio e o fornecimento do cimento.

    Engenheira Ana Carolina Kamura de Lucca pela ajuda inestimvel na formatao do texto

    e ao acadmico Ricardo Girardi pelo apoio fundamental no desenvolvimento e produo dos

    concretos em estudo.

    Aos colegas do Departamento de Materiais de Construo Civil da CIENTEC, Rita de

    Cssia Barbosa Fernandes, Adair Paulo Dorneles Severo, Joo Gilberto Veiga Ramos,

    Ablio Saraiva e Jos Wilson Klunk, pois o conhecimento que me conduziu realizaodesse trabalho fruto de uma vida que em seu aspecto tcnico foi compartilhada com essas

    pessoas.

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    No te irrites, por mais que te fizerem...

    Estuda, a frio, o corao alheio.

    Fars, assim, do mal que eles te querem,

    teu mais amvel e sutil recreio...

    Todos estes que a esto

    Atravancando o meu caminho

    Eles passaro

    Eu passarinho

    Mrio Quintana

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    RESUMO

    RECENA, F. A. P. Mtodo de dosagem de concreto pelo volume de pasta com emprego de

    cinza volante. 2011. Tese (Doutorado em Engenharia) Escola de Engenharia, Programade Ps-Graduao em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.

    O presente trabalho foi desenvolvido como intuito de estabelecer uma metodologia de

    dosagem de concreto com uso de cinza volante, objetivo e racionalizado, visando reduo

    do consumo de cimento e a intensiva utilizao de um resduo poluente, contribuindo para o

    incremento na sustentabilidade da construo civil pela reduo no consumo de clnquer e

    da liberao de dixido de carbono para a atmosfera. Foi estabelecida como premissa

    basilar a hiptese de ser possvel relacionar diretamente a trabalhabilidade de um concreto

    com seu volume de pasta, sendo este tanto menor quanto menor for o volume de vazios da

    estrutura granular representada pela composio de agregados. Foram empregados quatro

    agregados, duas areias naturais e duas britas. A mistura das areias foi definida pela menor

    massa unitria e os agregados grados, de maneira a ser obtido o menor volume de vazios.

    Com a composio de agregados otimizada definido o volume timo de pasta no trao de

    melhor trabalhabilidade por verificar um dado ndice de consistncia com o menor teor de

    gua sobre o total de materiais secos. Considerando a cinza volante parte integrante da

    pasta foram avaliados diferentes critrios para a definio das propores a serem

    incorporadas pasta, tendo como balizamento o volume timo de pasta. Foi desenvolvida

    uma metodologia de clculo de traos no convencional uma vez que o parmetro de

    entrada a percentagem de substituio de cimento por cinza e no mais a relao

    gua/cimento. Para fins de validao do mtodo proposto foi desenvolvido um estudo

    baseado no estabelecimento de um paradigma representado por uma dosagem

    experimental de concreto, sem emprego de cinza volante, que permitiu o clculo de traos

    de referncia. Com os mesmos materiais e idntico proporcionamento entre agregados

    foram desenvolvidas dosagens pelo mtodo proposto que permitiram o clculo de traoscom base nas mesmas resistncias compresso e a comparao atravs do consumo de

    cimento calculado em cada situao. o resultado da presente pesquisa, ento, um mtodo

    de dosagem, no qual a cinza volante um insumo indispensvel, baseado em conceitos

    diferentes daqueles adotados at ento estabelecidos pelos critrios tradicionais da

    tecnologia do concreto.

    Palavras- chave: concreto, dosagem, cinza volante.

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    ABSTRACT

    RECENA, F. A. P. Mtodo de dosagem de concreto pelo volume de pasta com emprego de

    cinza volante. 2011. Tese (Doutorado em Engenharia)Escola de Engenharia, Programade Ps-Graduao em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.

    Concrete mix-proportioning method by cement paste volume using fly ash

    This study was developed in order to create and a streamlined methodology of concrete mix

    proportioning using fly ash to reduce the cement content and an intensive use of a pollutant

    contributing to the increase of sustainability in construction through reducing consumption of

    clnquer and the release of carbono dioxide to the atmosphere. It was established as a basic

    premisse the possibility of connecting directly the workability of concrete with the volume of

    cement paste used determinate by the most dense aggregate-packing by the smaller volume

    of voids in the granular structure obtained in composition of many aggregates as necessary.

    It was used four commercial aggregates, two natural sands and two kind of crushed stone

    which were commonly found in a construction materials market around Porto Alegre. The

    sand were mixed according to the mixture that resulted in lower bulk density and coarse

    aggregate to be obtained the lower volume of voids as possible, being rightly measured. With

    the composition of aggregate optimized the optimum volume of cement paste that give the

    best workability with the lower water requirement will be definite. Considering fly ash as a

    part of the binder it was developed different criteria for define the amount of fly ash to be

    incorporate in binder having as foundation the volume admitted as responsible for the best

    workability mixture. To calculation the concrete mix proportions, was adopted an innovative

    methodology from the percentage replacement of cement by fly ash and no more by the

    water/cement ratio. The development of the proposed study was based on creating a

    paradigma represented by a mix-proportioning without fly ash which allowed the calculation

    of mix proportions of reference. With the same materials and same proportions between theaggregate, were calculated mix proportions to attend the same compressive strength to

    compare by the cement content of each situation. Thereby the rresults from this study a mix-

    proportioning method of concrete using fly ash as an imperative input, based in diferentes

    concepts of given for traditional concrete technology.

    Keywords:Concrete, mix-proportioning, fly ash

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: relao existente entre o consumo de gua e o volume de pasta seca ................ 61

    Figura 2: relao entre relao gua/cimento e o teor de gua sobre o total de materiaissecos real do concreto sem cinza ........................................................................ 75

    Figura 3: relao entre relao gua/cimento e o teor de gua sobre o total de materiais

    secos corrigido do concreto sem cinza ................................................................ 75

    Figura 4: relao entre consumo de cimento e resistncia caracterstica compresso do

    concreto sem cinza .............................................................................................. 76

    Figura 5: relao entre consumo de cimento e resistncia caracterstica compresso do

    concreto sem cinza .............................................................................................. 77

    Figura 6: relao entre relao gua/cimento e o teor de gua sobre o total de materiais

    secos real do concreto com cinza ........................................................................ 79

    Figura 7: relao entre relao gua/cimento e o teor de gua sobre o total de materiais

    secos corrigido do concreto com cinza ................................................................ 79

    Figura 8: relao entre consumo de cimento e resistncia caracterstica compresso do

    concreto com cinza .............................................................................................. 80

    Figura 9: relao entre % de substituio e relao gua/cimento...................................... 80

    Figura 10:relao entre consumo de cimento e resistncia caracterstica compresso do

    concreto com cinza .............................................................................................. 81

    Figura 11:relao entre consumo de cimento e resistncia caracterstica compresso .... 83

    Figura 12: corpos de prova prismticos aps a desforma .................................................. 105

    Figura 13:verificao da evoluo da frente de carbonatao avaliada em corpos de prova

    com 25 semanas de idade ................................................................................. 105

    Figura 14:verificao da evoluo da frente de carbonatao com 118 semanas de idade 106

    Figura 15:aspectos a serem considerados em um procedimento de dosagem de concreto

    .......................................................................................................................... 120

    Figura 16: equipamento montado ...................................................................................... 133

    Figura 17: equipamento desmontado ................................................................................. 134

    Figura 18: mbolo dentro do cilindro permitindo a leitura na rgua .................................... 134

    Figura 19:representao grfica da calibrao do equipamento para determinao do teor

    de argamassa .................................................................................................... 142

    Figura 23:cimento empregado no estudo visto ao MEV com aumentos de a) 500 vezes, b)

    1000 vezes, c) 2000 vezes e d )5000 vezes ..................................................... 148

    Figura 20:difratograma obtido da anlise da cinza 4195. ................................................... 156Figura 21: difratograma obtido da anlise da cinza 2680. .................................................. 157

    Figura 22: difratograma obtido da anlise da cinza 3140. .................................................. 157

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    Figura 24:cinza 2680 vista ao MEV com aumentos de a) 500 vezes, b) 1000 vezes, c) 2000

    vezes e d) 5000 vezes ....................................................................................... 158

    Figura 25:cinza 3140 vista ao MEV com aumentos de a) 500 vezes, b) 1000 vezes, c) 2000

    vezes e d) 5000 vezes ....................................................................................... 159Figura 26:cinza 4195 vista ao MEV com aumentos de a) 500 vezes, b) 1000 vezes, c) 2000

    vezes e d) 5000 vezes ....................................................................................... 160

    Figura 27:curva que relaciona o fator de adensamento da mistura de areia mdia e areia fina

    .......................................................................................................................... 162

    Figura 28: mtodo grfico para determinar a proporo entre as britas ............................ 163

    Figura 29: equipamento empregado na mistura dos concretos. ......................................... 170

    Figura 30: equipamento empregado no ensaio de remoldagem simplificado ..................... 171

    Figura 31: conjunto montado sobre a mesa de consistncia .............................................. 171

    Figura 32:relao entre relao gua/cimento e teor de gua sobre o total de materiais

    secos para o concreto desenvolvido com 47% de argamassa, calculado em massa

    .......................................................................................................................... 178

    Figura 33:relao entre relao gua/cimento e teor de gua sobre o total de materiais

    secos para o concreto desenvolvido com 49% de argamassa, calculado em massa

    .......................................................................................................................... 178

    Figura 34:relao entre relao gua/cimento e teor de gua sobre o total de materiais

    secos para o concreto desenvolvido com 51% de argamassa, calculado em massa

    .......................................................................................................................... 178

    Figura 35:relao entre relao gua/cimento e teor de gua sobre o total de materiais

    secos para o concreto desenvolvido com 53% de argamassa, calculado em massa

    .......................................................................................................................... 179

    Figura 36: curva de Abrams do concreto de referncia ...................................................... 194

    Figura 37:relao entre relao gua/cimento e teor de gua sobre o total de materiais

    secos ................................................................................................................. 195

    Figura 38: relao entre consumo de cimento e resistncia caracterstica compresso . 198

    Figura 39: mtodo grfico para identificao do trao de melhor reologia.......................... 199

    Figura 40: curva de Abrams para o concreto com adio .................................................. 202

    Figura 41: relao entre a relao gua/cimento e a % de adio ..................................... 203

    Figura 42:relao entre relao gua/cimento e percentagem de gua sobre o total de

    materiais secos .................................................................................................. 203

    Figura 43 :relao entre o consumo de cimento e a resistncia caracterstica compresso

    .......................................................................................................................... 206

    Figura 44: relao entre % de substituio e resistncia compresso ............................ 212

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    Figura 45:relao entre resistncia compresso e teor de gua sobre o total de materiais

    secos ................................................................................................................. 212

    Figura 46 : relao entre resistncia compresso e relao gua/aglomerante .............. 212

    Figura 47: relao entre fcke consumo de cimento ............................................................ 215Figura 48: relao entre resistncia compresso e % de substituio ........................... 217

    Figura 49:relao entre resistncia compresso e teor de gua sobre o total de materiais

    secos ................................................................................................................. 217

    Figura 50: relao entre resistncia compresso e relao gua/aglomerante ............... 217

    Figura 51: relao entre consumo de cimento e fck............................................................ 220

    Figura 52: relao entre resistncia compresso e % de substituio ........................... 222

    Figura 53:relao entre resistncia compresso e teor de gua sobre o total de materiais

    secos ................................................................................................................. 222

    Figura 54: relao entre resistncia compresso e relao gua/aglomerante ............... 222

    Figura 55: relao entre consumo de cimento e fck............................................................ 225

    Figura 56: relao entre resistncia compresso e % de substituio ........................... 226

    Figura 57:relao entre resistncia compresso e teor de gua sobre o total de materiais

    secos ................................................................................................................. 227

    Figura 58: relao entre consumo de cimento e fck............................................................ 229

    Figura 59: relao entre resistncia compresso e % de substituio ........................... 231

    Figura 60:relao entre resistncia compresso e teor de gua sobre o total de materiais

    secos ................................................................................................................. 231

    Figura 61 : relao entre resistncia compresso e relao gua/aglomerante .............. 231

    Figura 62: relao entre consumo de cimento e fck............................................................ 234

    Figura 63: relao entre resistncia compresso e % de substituio ........................... 236

    Figura 64: relao entre consumo de cimento e fck............................................................ 238

    Figura 65: relao entre % de adio e resistncia compresso..................................... 243

    Figura 66: relao entre % de adio e teor de gua sobre o total de materiais secos ...... 243

    Figura 67: relao entre % de substituio e relao gua/cimento ................................... 245

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: expectativa de produo de cinza volante na regio sul do Brasil at 2014

    (ROHDE, 2006) .................................................................................................. 21Tabela 2: esquema de dosagem de concreto com emprego de cinza volante adotado pela

    CIENTEC............................................................................................................ 43

    Tabela 3: valores do ndice de reduo de gua em funo do volume de pasta seca ........ 61

    Tabela 4: resultados obtidos por Lyse, relacionando diferentes traos e diferentes cimentos

    com o abatimento pelo tronco de cone a partir de um mesmo consumo de gua

    (LYSE, 1932) ...................................................................................................... 63

    Tabela 5: variaes mximas verificadas no experimento de Lyse em comparao com a

    amplitude prevista pela norma brasileira citada para cada nvel de abatimento

    pelo tronco de cone (LYSE, 1932) ...................................................................... 63

    Tabela 6: coeficientes de correlao obtidos da relao entre consumo de cimento e

    resistncia compresso observados em uma srie histrica ........................... 70

    Tabela 7: parmetros estatsticos da amostra...................................................................... 70

    Tabela 8: parmetros de dosagem do concreto produzido sem cinza .................................. 74

    Tabela 9: correo do teor de gua sobre o total de materiais secos para um mesmo

    abatimento pelo tronco de cone do concreto sem cinza ..................................... 74

    Tabela 10: valores de consumo de cimento para diferente resistncia caractersticas

    compresso do concreto sem cinza.................................................................... 76

    A tabela 11 relaciona resumidamente os valores dos parmetros obtidos experimentalmente.

    ........................................................................................................................... 77

    Tabela 11: parmetros de dosagem do concreto produzido com cinza ................................ 77

    Tabela 12: correo do teor de gua sobre o total de materiais secos para um mesmo

    abatimento pelo tronco de cone do concreto com cinza .................................... 78

    Tabela 13: valores de consumo de cimento para diferente resistncia caractersticas

    compresso do concreto com cinza.................................................................... 81

    Tabela 14: consumo de cimento corrigido............................................................................ 83

    Tabela 15: resultados obtidos dos ensaios fsicos realizados sobre argamassas produzidas

    com um mesmo trao e diferentes relaes a/c ................................................. 95

    Tabela 16: resistncia compresso de argamassas produzidas com um mesmo trao e

    diferentes relaes a/c........................................................................................ 95

    Tabela 17: resultados dos ensaios fsicos realizados em argamassas produzidas com uma

    mesma relao a/c e diferentes traos ............................................................... 96Tabela 18: resistncia compresso de argamassas produzidas com uma mesma relao

    a/c e diferentes traos ........................................................................................ 96

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    Tabela 19: resultados dos ensaios fsicos realizados sobre argamassas produzidas com

    uma mesma relao a/c e diferentes traos ....................................................... 98

    Tabela 20: resistncia compresso de argamassas produzidas com uma mesma relao

    a/c e diferentes traos ........................................................................................ 98Tabela 21: caractersticas das argamassas empregadas na segunda repetio do estudo . 99

    Tabela 22: resultados dos ensaios fsicos realizados sobre argamassas produzidas com

    uma mesma relao a/c e diferentes traos ...................................................... 99

    Tabela 23: resistncia compresso de argamassas produzidas com uma mesma relao

    a/c e diferentes traos ...................................................................................... 100

    Tabela 24: volume de pasta calculado em cada argamassa empregada na segunda

    repetio do estudo .......................................................................................... 102

    Tabela 25: valores de absoro de gua por capilaridade de argamassas empregadas na

    segunda repetio do estudo............................................................................ 102

    Tabela 26: valores de massa especfica calculado sobre corpos de prova, considerando o

    volume aparente ............................................................................................... 103

    Tabela 27: evoluo da frente de carbonatao avaliada em corpos de prova prismticos

    referentes o trabalho realizado como segunda repetio do estudo ................. 104

    Tabela 28: massa especfica dos materiais considerados no estudo ................................. 136

    Tabela 29: fatores de correo individuais do teor de argamassa...................................... 140

    Tabela 30: calibrao do equipamento para determinao do teor de argamassa ............ 141

    Tabela 31: caracterizao qumica do cimento empregado no estudo ............................... 147

    Tabela 32: parmetros fsico mecnicos do cimento empregado no estudo ..................... 147

    Tabela 33: massa especfica e massa unitria................................................................... 149

    Tabela 34: material fino passante na peneira de 75 m, pr lavagem ............................... 150

    Tabela 35: distribuio granulomtrica das areias ............................................................. 150

    Tabela 36: distribuio granulomtrica das britas .............................................................. 151

    Tabela 37: massa especfica e superfcie especfica das cinzas volantes empregadas no

    estudo .............................................................................................................. 152

    Tabela 38: desvio relativo mximo da superfcie especfica das amostras de cinza em

    relao ao valor mdio amostral ....................................................................... 153

    Tabela 39: ndice de atividade pozolnica ......................................................................... 154

    Tabela 40: anlise qumica quantitativa das cinzas ........................................................... 155

    Tabela 41: dimetro das partculas das cinzas .................................................................. 155

    Tabela 42: fator de adensamento das misturas de areia .................................................... 162

    Tabela 43: volume de vazios de misturas de brita em relao proporo de brita e brita 1na mistura......................................................................................................... 163

    Tabela 44: resultados do estudo relacionando teor de argamassa e trabalhabilidade........ 172

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    Tabela 45: elementos de variao das resistncias compresso obtidas no estudo para

    identificao do melhor teor de argamassa ...................................................... 174

    Tabela 46: valores de ndice de remoldagem e teores de argamassa ............................... 175

    Tabela 47: valores de abatimento pelo tronco de cone e teores de argamassa ................. 175Tabela 48: estimativa de H para um mesmo abatimento pelo tronco de cone .................. 177

    Tabela 49: consumo de cimento de traos calculados com diferentes teores de argamassa e

    com o teor de gua sobre o total de materiais secos corrigida para um mesmo

    abatimento pelo tronco de cone ........................................................................ 180

    Tabela 50: influncia da distribuio granulomtrica na trabalhabilidade ........................... 181

    Tabela 51: influncia da distribuio granulomtrica na trabalhabilidade, repetio .......... 182

    Tabela 52: relao entre trabalhabilidade e mdulo de finura de diferentes concretos ...... 184

    Tabela 53: resistncia de dosagem ................................................................................... 191

    Tabela 54: caractersticas do concreto de referncia ......................................................... 193

    Tabela 55: trao calculado para concreto classe C15 ........................................................ 197

    Tabela 56: parmetros de dosagem e consumo de cimento para os traos de referncia . 198

    Tabela 57: resumo dos resultados do concreto produzido com adio de cinza volante .... 201

    Tabela 58: trao calculado para um concreto C15 ............................................................. 205

    Tabela 59: parmetros de dosagem e consumo de cimento e cinza para os traos de

    referncia ......................................................................................................... 206

    Tabela 60: valores medidos do expoente x ........................................................................ 207

    Tabela 61: quantidade de materiais empregados na produo de concreto no laboratrio209

    Tabela 62 : resumo das caractersticas do concreto produzido com a cinza 3140, com

    correo do volume .......................................................................................... 211

    Tabela 63: trao calculado para um concreto C 15 ............................................................ 213

    Tabela 64: parmetros de dosagem e consumo de cimento e cinza para os traos

    calculados ........................................................................................................ 215

    Tabela 65: resumo das caractersticas do concreto produzido com a cinza 3140, sem

    correo do volume .......................................................................................... 216

    Tabela 66: trao calculado para concreto C15 ................................................................... 218

    Tabela 67: parmetros de dosagem e consumo de cimento e cinza para os traos de

    referncia ......................................................................................................... 219

    Tabela 68: resumo dos resultados obtidos com o concreto com adio de cinza volante 2680

    com correo de volume .................................................................................. 221

    Tabela 69: trao calculado para um concreto C15 ............................................................. 223

    Tabela 70: parmetros de dosagem e consumo de cimento e cinza para os traos de

    referncia ......................................................................................................... 224

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    Tabela 71: resumo dos resultados obtidos com o concreto com adio de cinza volante 2680

    sem correo de volume .................................................................................. 226

    Tabela 72: trao calculado para um concreto C15 ............................................................. 228

    Tabela 73: parmetros de dosagem e consumo de cimento e cinza para os traos dereferncia ......................................................................................................... 228

    Tabela 74: resumo das caractersticas do concreto produzido com a cinza 4195 com

    correo do volume .......................................................................................... 230

    Tabela 75: trao calculado para um concreto C15 ............................................................. 232

    Tabela 76: parmetros de dosagem e consumo de cimento e cinza para os traos de

    referncia ......................................................................................................... 233

    Tabela 77: resumo das caractersticas do concreto produzido coma cinza 4195 sem

    correo do volume .......................................................................................... 235

    Tabela 78: trao calculado para um concreto C15 ............................................................. 237

    Tabela 79: parmetros de dosagem e consumo de cimento e cinza para os traos de

    referncia ......................................................................................................... 237

    Tabela 80: resumo dos traos calculados com a cinza 4195 sem correo do volume ...... 238

    Tabela 81: resumo dos traos simplificados calculados com a cinza 4195 sem correo do

    volume .............................................................................................................. 239

    Tabela 82: trao calculado por interpolao a partir da % de substituio, com a cinza 4195,

    sem correo do volume .................................................................................. 241

    Tabela 83: resumo das caractersticas do concreto produzido com adio da cinza 4195 . 242

    Tabela 84: trao calculado para concreto C 40 a partir da adio de cinza ........................ 245

    Tabela 85: traos finais obtidos do estudo realizado com a cinza a cinza 4195 com correo

    do volume e trao adicional calculado pela relao entre a resistncia

    caracterstica compresso e o consumo de cimento ..................................... 247

    Tabela 86: resumo dos consumos de cimento obtidos das diferentes maneiras de clculo de

    traos ............................................................................................................... 253

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    LISTA DE ABREVIATURAS

    IR - ndice de remoldagem

    sabatimento pelo tronco de cone

    s desvio padro

    Exexemplar

    fcmresistncia compresso mdia

    fcjresistncia compresso a j dias de idade

    fckresistncia caracterstica compresso

    % cipercentagem de cimento

    Cconsumo terico de cimento

    CIENTECFundao de Cincia e Tecnologia do Estado do Rio Grande do Sul

    Cincinza volante

    Cimcimento

    a/crelao gua/cimento

    a/aglrelao gua/aglomerante

    % subst. - % de substituio de cimento por cinza volante

    % adpercentagem de adio de cinza volante sobre o cimento

    r - coeficiente de correlao

    siabatimento pelo tronco de cone inicial

    sfabatimento pelo tronco de cone final

    Hpercentagem de gua sobre o total de materiais secos de um concreto

    Hipercentagem de gua sobre o total de materiais secos inicial de um concreto

    Hf - percentagem de gua sobre o total de materiais secos final de um concreto

    1:mtrao unitrio em massa de um concreto

    mquantidade de agregados no trao unitrio em massa de um concreto

    - teor de argamassa de um concreto

    aquantidade de agregado mido em massa no trao unitrio de um concreto

    p - quantidade de agregado grado em massa no trao unitrio de um concreto

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    Vvolume

    Mmassa

    B0brita de graduao comercial 0

    B1brita de graduao comercial 1

    mesp.massa especfica

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    SUMRIO

    1 INTRODUO ................................................................................................................. 20

    1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA .......................................................................................... 241.2 ESTRUTURA DA PESQUISA ........................................................................................ 24

    2 O USO DE CINZA VOLANTE.......................................................................................... 26

    2.1 CONSIDERAES DE CARTER HISTRICO ........................................................... 26

    2.2 O EMPREGO DE CINZA VOLANTE EM CONCRETO .................................................. 29

    2.3 PROCEDIMENTOS EMPREGADOS PELA CIENTEC PARA DOSAGEM DECONCRETOS COM EMPREGO DE CINZA VOLANTE ....................................................... 40

    3 REVISO CONCEITUAL SOBRE CRITRIOS BSICOS DE DOSAGEM...................... 46

    3.1 CONSIDERAES DE CARTER GERAL SOBRE TRABALHABILIDADE .................. 46

    3.1.1 Fatores condicionantes da trabalhabilidade ................................................................ 47

    3.1.2 Avaliao da trabalhabilidade ..................................................................................... 50

    3.2. A TRABALHABILIDADE NO PROCESSO DE DOSAGEM ........................................... 53

    3.3 CONSIDERAES SOBRE A PROPOSTA DE INGE LYSE ......................................... 62

    3.3.1 Relao entre resistncia compresso e consumo de cimento ................................ 69

    3.4 CONSIDERAES SOBRE A PROPOSTA DE DUFF ABRAMS .................................. 85

    3.4.1 Confirmao prtica da proposta ................................................................................ 94

    4 CONSIDERAES DE CARTER GERAL SOBRE PROCEDIMENTOS DE DOSAGEMDE CONCRETO ................................................................................................................ 110

    4.1 PARMETROS A SEREM QUANTIFICADOS NUM PROCESSO DE DOSAGEM ...... 118

    4.1.1 Estimativa ou clculo do teor de gua sobre o total de materiais secos .................... 121

    4.1.2 Interao entre relao gua/cimento e teor de gua sobre o total de materiais secosna definio de traos ........................................................................................................ 122

    4.2 DETERMINAO DO TEOR DE ARGAMASSA .......................................................... 123

    4.2.2 Proposio de uma metodologia de carter objetivo ................................................. 131

    4.2.3 Aperfeioamento do mtodo Alemo Simplificado.................................................. 132

    4.2.4 Outras aplicaes para o equipamento desenvolvido ............................................... 141

    5 PROGRAMA EXPERIMENTAL ...................................................................................... 143

    5.1 MATERIAIS EMPREGADOS NO ESTUDO ................................................................. 146

    5.1.1 Cimento .................................................................................................................... 146

    5.1.2 Agregados ................................................................................................................ 149

    5.1.3 Cinza volante ............................................................................................................ 151

    5.2. ESTUDO PRELIMINAR .............................................................................................. 161

    5.2.1 Proporcionamento dos agregados. ........................................................................... 161

    5.3 CLCULO DO TEOR DE ARGAMASSA ..................................................................... 164

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    5.3.1 Otimizao do teor de argamassa e identificao do trao de maior trabalhabilidade.......................................................................................................................................... 167

    5.4 comprovao prtica atravs da reproduo de concretos preparados com as diferentesalternativas de mistura de agregados ................................................................................ 169

    5.4.1 Definio dos traos ................................................................................................. 169

    5.4.2 Materiais empregados............................................................................................... 169

    5.4.3 Procedimento adotado .............................................................................................. 170

    5.4.4 Resultados ................................................................................................................ 171

    5.5 CONSIDERAES SOBRE A QUANTIDADE DE GUA ADICIONADA S MISTURAS.......................................................................................................................................... 187

    5.6 DESENVOLVIMENTO DO MTODO PROPOSTO ..................................................... 191

    5.6.1 Concreto de referncia .............................................................................................. 192

    5.6.2 Definio do trao de melhor comportamento reolgico ............................................ 1985.6.3 Adio de cinza volante ao concreto de referncia ................................................... 199

    5.6.4 Clculo do expoente a ser empregado na frmula usada para corrigir o valor de H. . 206

    5.7 Aplicao do princpio em estudo ................................................................................ 207

    5.7.1 Dosagem realizada com o emprego da cinza 3140 ................................................... 211

    5.7.2 DOSAGEM REALIZADA COM O EMPREGO DA CINZA 2680 ................................. 221

    5.7.3 DOSAGEM REALIZADA COM O EMPREGO DA CINZA 4195 ................................. 229

    5.8 CLCULO DE TRAOS A PARTIR DA RELAO ENTRE CONSUMO DE CIMENTO E

    RESISTNCIA CARACTERSTICA COMPRESSO ..................................................... 2465.9 OUTRAS APLICAES DO PROCEDIMENTO PROPOSTO ..................................... 247

    5.9.1 Na dosagem de concretos auto-adensveis ............................................................. 247

    5.9.2 Na dosagem de concretos para fabricao de peas pr-moldadas ......................... 249

    5.9.3 Na dosagem de concretos para compactao com rolos .......................................... 250

    6 CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................ 252

    6.1 CONCLUSES ............................................................................................................ 253

    6.2 SUGESTO PARA A CONTINUIDADE DO ESTUDO ................................................. 256

    6.3 MENSAGEM FINAL DO AUTOR ................................................................................. 257

    REFERNCIAS ................................................................................................................. 258

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    1 INTRODUO

    O uso de cinza volante em concreto um tema recorrente e por demais conhecido, sendo

    um expediente largamente empregado que permite ser auferida, na maioria das vezes,

    alguma vantagem econmica, alm de outros benefcios tcnicos relacionados com

    resistncia mecnica, trabalhabilidade e durabilidade.

    Segundo Mehta (2004), o emprego de cinza volante em substituio ao cimento Portland

    permite esperar ser reduzida a demanda de gua, ser incrementada a trabalhabilidade, ser

    reduzida a corroso da armadura em concreto armado, ser minimizada a probabilidade de

    fissurao por efeito trmico e secagem, alm de aumentar a durabilidade de uma maneira

    geral, mitigando a reao lcali slica e inibindo a reao com sulfatos.

    Com relao preservao do meio ambiente, no h necessidade de expor o carter

    poluente desse material, como de resto igualmente se torna desnecessrio apresentar

    razes para justificar o emprego de cinza volante em concretos e argamassas.

    Ainda segundo Mehta (2004), o emprego de elevado volume de cinza volante em concreto

    constitui uma soluo holstica para o problema representado pela demanda de concreto no

    futuro de forma sustentvel, sem custos adicionais, reduzindo simultaneamente o impacto

    no meio ambiente causado pela atividade de duas indstrias fundamentais para o

    desenvolvimento econmico da humanidade, a indstria cimenteira e a gerao de energia

    via combusto de carvo fssil.

    Silva (2010) cita o emprego de adies minerais, em particular o de cinza volante, como

    fundamental quanto ao aspecto de sustentabilidade na cadeia da construo civil pela

    reduo no consumo de energia e pela diminuio da emisso de CO2.

    Nos ltimos anos, o consumo de cinza volante na produo de cimento pozolnico ou dos

    vrios tipos de cimentos resistentes a sulfatos, na produo de cal hidrulica, na produo

    de argamassas industrializadas, em fbricas de pr-moldados ou em concreteiras tem

    aumentado sobremaneira, permitindo considerar a cinza volante um coproduto, visto ser

    empregada como um insumo cada vez com mais intensidade.

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    Sucede que os novos investimentos na rea de energia, reforando a matriz energtica do

    Estado do Rio Grande do Sul sobre o carvo mineral, determinaro um aumento significativo

    na oferta desse coproduto, o qual dever ter um destino ecologicamente correto e, tanto

    quanto possvel, economicamente vivel.

    A produo de cinzas originrias da combusto do carvo, nos Estados de Santa Catarina e

    Rio Grande do Sul, na gerao de energia eltrica varia entre 10000 e 15000 toneladas por

    dia (RODHE, 2006).

    A entrada em operao de novas unidades trmicas de carvo na atual dcada dever gerar

    aproximadamente 2000 MW de energia. Desse total j foram viabilizados 550 MW em favor

    da Companhia de Gerao Trmica de Energia Eltrica (CGTEE) e TRACTEBEL

    Energia S. A. atravs de leilo realizado em dezembro de 2005 pela Agncia Nacional de

    Energia Eltrica (ANEEL) e pela Cmara de Comercializao de Energia Eltrica (CCEE)

    (ROHDE, 2006).

    Para permitir uma quantificao do potencial de produo anual de cinzas volantes

    originadas na queima de carvo mineral como combustvel em termeltricas no sul do Brasil

    so apresentados os dados da tabela 1.

    Tabela 1: expectativa de produo de cinza volante na regio sul doBrasil at 2014 (ROHDE, 2006)

    Situao Termeltrica Cinza volante (t/ano) Estado

    Em operao

    Presidente MdiciFases A e B 1500000 RS

    So Jernimo 5000 RS

    Charqueadas 295000 RS

    Jorge Lacerda I, II, III e IV. 1500000 SC

    Figueira 50000 PR

    Em construoPresidente Mdici fase C 1000000 RS

    Jacu I 1000000 RS

    Em projeto

    Seival 1000000 RS

    USITESC 1500000 SC

    CT-SUL 1200000 RS

    Como o grande emprego da cinza volante se verifica na indstria cimenteira, o aumento de

    consumo estar ligado diretamente ao aumento na produo de cimento que depender de

    novos investimentos a serem concebidos a partir do aquecimento da indstria da construo

    civil.

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    Est estimada em 20 bilhes de toneladas a produo anual mundial de cimento, o que

    corresponde a um consumo per capitade trs toneladas. Sendo considerada uma taxa de

    crescimento anual na produo de cimento variando entre 8% a 10% possvel imaginar o

    incremento anual esperado na produo desse material e sua repercusso no meioambiente, tendo em vista que para cada tonelada de clnquer produzida liberada na

    atmosfera uma massa equivalente de dixido de carbono (PEDROSO, 2008).

    Em 1990, os fornos para produo de cimento liberavam para a atmosfera algo em torno de

    940 milhes de toneladas de CO2. Em 2005, a estimativa feita dava conta de ter sido emitido

    1,74 bilho de toneladas do gs que, mantidas as projees de crescimento de produo de

    cimento, representar 2,84 bilhes de toneladas at o ano de 2030 (PEDROSO, 2008).

    Considerando apenas o aspecto ecolgico, a concluso bvia sobre a estimativa feita

    sugere a necessidade imperativa de reduo da produo de clnquer, o que um

    pensamento to romntico quanto ser possvel imaginar uma reduo no consumo de

    cimento pela humanidade.

    A tendncia observada de aumento no consumo de cimentos compostos ternrios, os

    quais tm agregados ao clnquer na etapa de moagem, alm de gesso, calcrio modo e

    materiais pozolnicos, podendo a matria prima empregada na produo de cimentos do

    tipo Portland pozolnico representar, em caso extremo, no mais de 40% do total do

    cimento (ABNT NBR 5736:1991).

    No seria utopia pensar em reduzir o consumo de clnquer no cimento assim como o prprio

    consumo de cimento em concretos ou at mesmo em adotar resistncias mais baixas onde

    fosse possvel, desde que resguardada a durabilidade, ou sua obteno em prazos mais

    dilatados.

    Embora a viabilidade tcnica das medidas aventadas no pargrafo anterior, ecologicamente

    responsveis, esteja perfeitamente comprovada, sua adoo em larga escala depende

    ainda de uma mudana de paradigma. O emprego de resistncias menores nos projetos

    pressupe a adoo de medidas adicionais no sentido de garantir a durabilidade das

    estruturas atravs da proteo do concreto. O atingimento da resistncia prevista no projeto

    em idades maiores determina uma alterao na velocidade das obras e uma logstica

    diferenciada com relao manuteno do escoramento e reaproveitamento de frmas . O

    potencial de resistncia de concretos produzidos com cimentos pozolnicos pode ser

    esperado em prazos mais amplos, at 120 dias, o que, dependendo do tipo de estrutura,pode representar uma condio absolutamente aceitvel.

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    No pode ser considerado como contribuio sustentabilidade o emprego de um cimento

    ecologicamente correto se o projeto prev o atingimento de uma resistncia elevada em

    curto espao de tempo, condio que, para ser atendida, determina a elevao do consumo

    de cimento.

    Muitas vezes o emprego de um cimento de alto rendimento pode significar menor consumo

    de clnquer por metro cbico de concreto produzido do que o emprego de um cimento

    pozolnico, por exemplo, em uma muito elevada percentagem se isto for necessrio para

    que sejam atendidas exigncias de resistncia compresso, condio que, de certa

    maneira, contraria as caractersticas do cimento pozolnico que no desenvolve resistncias

    iniciais elevadas.

    Alm da reduo de consumo de clnquer na obteno de cimentos compostos ternrios,

    esforos devem ser empregados no desenvolvimento de tcnicas de dosagem de concretos

    que permitam o clculo de traos com consumos menores de cimento para uma mesma

    resistncia esperada.

    Para tanto, devem ser estudadas composies de agregados que privilegiem a

    trabalhabilidade com o intuito de propiciar reduo na demanda de gua, permitindo haver

    reduo de cimento, mantida a relao gua/cimento. Para o atingimento desse objetivo

    imprescindvel o emprego de aditivos plastificantes e superplastificantes, devendo

    representar o desenvolvimento desses um esforo importantssimo para a consecuo do

    objetivo final, qual seja, a reduo da emisso de carbono pela indstria da construo civil.

    Urge, portanto, que sejam desenvolvidos esforos no sentido de viabilizar o uso de resduos

    na produo de concreto, em particular a cinza volante no sul do Brasil, em especial no Rio

    Grande do Sul, principalmente por concreteiras e indstrias de pr-moldados. Para tanto,

    necessrio abandonar o procedimento adotado at ento caracterizado pela adio da cinza

    volante ao concreto, norteada por consideraes empricas, e avaliao da eficcia a partirapenas do impacto sobre a resistncia compresso.

    A dosagem de concretos com adies, em geral, feita em analogia a procedimentos

    clssicos e o percentual de adio definido apenas com o objetivo de ser atingida uma

    determinada resistncia compresso. Este pode ser considerado como o principal

    parmetro objetivo, e a viabilizao de operaes de bombeamento de concretos com baixo

    consumo de cimento, como principal fator subjetivo.

    Esses proporcionamentos so feitos sem critrios definidos e rotinizados, no havendo uma

    tcnica documentada objetiva e comprovada experimentalmente que permita concluir pela

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    mais adequada quantidade de cinza a ser empregada na composio do aglomerante

    composto resultante, sem que um precioso tempo seja despendido em interaes entre

    tentativa e erro.

    1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA

    Como objetivo principal da pesquisa, posto o desenvolvimento de um mtodo de dosagem

    de concretos com cinza volante em quantidades otimizadas, oferecendo comunidade

    tcnica uma metodologia alternativa para o clculo de traos de concreto.

    Em sendo atingido o objetivo da pesquisa, decorre, como consequncia natural, a

    contribuio para a reduo da emisso de dixido de carbono para a atmosfera, atravs doconsumo de um resduo na obteno de misturas que permitam o atingimento de

    resistncias estabelecidas em projeto com menor consumo de cimento.

    Como contribuies adicionais a pesquisa apresenta:

    a) um equipamento simples para ser usado;- na determinao do teor de argamassa, baseada em um critrio objetivo e

    reprodutvel em qualquer ambiente, independentemente do operador,- na determinao do melhor proporcionamento entre agregados grados

    baseada na minimizao do volume de vazios da mistura,- na determinao da massa especfica e da massa unitria de agregadosgrados com o auxlio apenas de uma balana,

    b) a relao existente entre consumo de cimento e resistncia compresso,cuja aplicao representa uma poderosa ferramenta para correo de traos,em funo de desvios observados na resistncia compresso obtida emuma produo, podendo ser empregado tambm como um procedimentoalternativo de dosagem de concreto.

    1.2 ESTRUTURA DA PESQUISA

    No captulo 1 so feitas consideraes sobre a importncia do trabalho e apresentados os

    objetivos principal e secundrios.

    Algumas consideraes histricas so apresentadas no captulo 2, baseadas nas

    informaes obtidas da bibliografia disponvel e na prpria experincia do autor,

    apresentando o consagrado emprego de cinza volante na obteno de composies

    aglomerantes. Nesse captulo 2 so igualmente apresentados procedimentos de dosagem

    de concreto com o emprego de cinza volante, adotados como rotina na CIENTEC

    Fundao de Cincia e Tecnologia do Estado do Rio Grande do Sul bem como outros

    sugeridos em publicaes internacionais.

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    No captulo 3 so apresentadas algumas consideraes sobre trabalhabilidade e os fatores

    condicionantes, e sobre a forma de quantificar a trabalhabilidade e sua importncia num

    procedimento de dosagem.

    Considerando a importncia do resgate de informaes sobre os estudos fundamentais

    desenvolvidos no passado e que regem os preceitos da tecnologia do concreto at os dias

    de hoje, em continuidade, no mesmo captulo 3, so apresentadas consideraes sobre os

    trabalhos de Inge Lyse (1932) e de Duff Abrams (1918), sendo tecidas algumas

    consideraes crticas sobre os conceitos apresentados pelos pesquisadores. Nesse

    mesmo captulo, so apresentados os resultados de um pequeno trabalho prtico

    desenvolvido em laboratrio, com a finalidade de argumentar sobre a possibilidade de

    condicionar a resistncia mecnica de um concreto de uma forma mais ampla antes suaporosidade, sendo a relao gua/cimento apenas um parmetro de controle. Ainda nesse

    captulo apresentada a relao existente entre consumo de cimento e resistncia

    compresso e sua potencialidade como ferramenta para clculo e correo de traos em

    plantas que apresentem mais de um trao em sua grade de produo, especialmente as

    empresas de servios de concretagem.

    O captulo 4 versa fundamentalmente sobre o procedimento de dosar concreto, elencando

    os parmetros a serem quantificados no processo, relao gua/cimento, teor de argamassa

    e percentagem ou teor de gua sobre o total de materiais secos. apresentado um mtodo

    de carter eminentemente objetivo para quantificao do teor de argamassa atravs de um

    equipamento que tambm pode ser empregado na determinao da massa especfica e

    massa unitria de agregados grados e na obteno do melhor proporcionamento entre

    diferentes agregados grados. Consideraes de carter geral sobre os princpios de alguns

    mtodos clssicos de dosagem de concreto so igualmente apresentadas nesse captulo 4.

    O captulo 5 apresenta o programa experimental, relacionando os materiais empregados no

    estudo, apresentando suas caractersticas fsicas e mecnicas e o estudo desenvolvido na

    determinao do melhor proporcionamento dos agregados. apresentado um roteiro de

    dosagem pelo mtodo proposto e uma comparao direta com um procedimento clssico

    atravs da avaliao do consumo de cimento calculado para traos de mesma resistncia

    compresso. So estudados concretos considerando trs tipos diferentes de cinza volante

    com o intuito de evidenciar a flexibilidade do procedimento proposto.

    No captulo 6 so formuladas consideraes de carter geral com concluses e sugestes

    para a continuidade do desenvolvimento da metodologia proposta.

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    2 O USO DE CINZA VOLANTE

    2.1 CONSIDERAES DE CARTER HISTRICO

    Pode ser considerado milenar o conhecimento da alterao promovida sobre as

    caractersticas aglomerantes de cales areas pela adio de pozolanas na obteno de

    misturas aglomerantes com maior resistncia mecnica e de maior resistncia ao da

    umidade, consequentemente, de maior durabilidade.

    Os romanos utilizavam tufos vulcnicos do Vesvio acumulado na regio de Puzzuoli,

    prxima a Npoles, sendo a partir desse evento estendido o nome de pozolana a qualquer

    material natural ou artificial dotado de mesma propriedade, qual seja a de reagir com a cal

    hidratada para formar compostos cimentcios oriundos da interao qumica que ocorre

    entre slica e cal em presena de umidade (PRISZKULNIK, 1981).

    Os gregos, por sua vez, adotavam em misturas com cal um material pozolnico identificado

    como terra de Santorin (SANTAMARIA, 1981).

    Novos registros sobre o emprego de misturas de cal com pozolana aparecem em meados

    do sculo XVIII com os relatos referentes reconstruo do farol de Eddystone, experincia

    que desencadeou o desenvolvimento do cimento Portland, como hoje conhecido,

    culminando com o incio de sua produo industrial a partir da instalao da primeira fbrica

    na Alemanha, em 1855 (DUMET; PINHEIRO, 2000).

    O surgimento do cimento Portland inicia uma fase de franco desenvolvimento do fenmenohidrulico, cujo pice ocorre entre o final do sculo XIX e incio do sculo XX em funo da

    evoluo das tcnicas de fabricao, envolvendo o controle da temperatura e a otimizao

    da moagem e do desenvolvimento de mtodos de ensaio. O conhecimento da composio

    qumica do clnquer permitiu a introduo de alteraes, explorando o carter hidrulico do

    aglomerante at o limite das leis que regem os princpios fsico-qumicos (SANTAMARIA,

    1981).

    Marcos Vitrvio em De Architectura , segundo o exposto por Priszkulnik (1981), descreve

    pozolana como:

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    [...] um p que efetua naturalmente coisas admirveis, encontrando-se nasregies situadas em volta do monte Vesvio, quando misturado com cal ecom pedras contribui no s para a solidez dos edifcios ordinrios, mastambm consegue endurecer debaixo de gua nos molhes que seconstroem no mar.

    Segundo a mesma fonte, o emprego de pozolanas no Brasil teve seu incio associado

    construo de barragens para o aproveitamento hidreltrico de Jupi, tendo sido usadas

    inicialmente cinzas volantes decorrentes da queima de carvo mineral como combustvel

    nas termeltricas de Charqueadas e Candiota no estado do Rio Grande do Sul.

    Posteriormente foram empregadas pozolanas obtidas da calcinao de argilas de depsitos

    holocnicos do prprio local.

    No Estado do Rio Grande do Sul, o desenvolvimento de cimentos pozolnicos teve incio nadcada de 60, a partir de estudos realizados pelo ento Instituto Tecnolgico do Estado do

    Rio Grande do Sul (ITERGS), Gobetti e Scarrone (1969), visando o aproveitamento de um

    resduo abundante, a cinza volante produzida pela usina termeltrica de Charqueadas,

    instalada no municpio gacho de mesmo nome.

    A partir de ento as duas fbricas existentes poca, a Companhia de Cimento Portland

    Gacho, hoje pertencente ao grupo Votorantin, e a fbrica de cimento Sol Nascente, hoje

    CIMPOR, passaram a produzir cimentos pozolnicos, obtidos a partir da mistura, no moinho,de clnquer e esta cinza volante.

    Segundo informaes verbais obtidas de funcionrios da Fundao de Cincia e Tecnologia

    do Estado do Rio Grande do Sul - CIENTEC, a primeira grande obra executada com

    concreto usinado em Porto Alegre foi o complexo de pontes que permitem a travessia do

    Guaba, na dcada de 1950. Naquele tempo a produo de concreto usinado era incipiente

    e consumia o cimento que se apresentava disposio no mercado, sem exigncias

    maiores, visto que as resistncias adotadas eram baixas, viabilizando, inclusive, o emprego

    de agregados naturais de baixo desempenho, como o seixo rolado da regio, alm de o

    concreto ser produzido com abatimentos pelo tronco de cone baixos, em geral entre 50 e 70

    mm, e lanado de forma convencional.

    Com o progresso, o desenvolvimento da cidade transformou-a em um mercado atraente

    para o setor, sendo registrada a instalao de vrias concreteiras em um curto espao de

    tempo. Paralelamente, resistncias mais elevadas foram sendo adotadas, obrigando a que

    as concreteiras buscassem materiais de melhor qualidade, no somente para atendimento

    s exigncias do mercado, mas, e principalmente, para garantir condies de

    competitividade frente concorrncia mais e mais acirrada.

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    O incio das operaes de bombeamento, que exigiu uma melhor seleo dos agregados,

    inclusive com limitao da dimenso mxima caracterstica, interferiu nos procedimentos de

    dosagem dos concretos, principalmente por exigir misturas de maior abatimento pelo tronco

    de cone e com mais elevado teor de argamassa.

    Com o desenvolvimento de cimentos de caractersticas distintas daquelas verificadas nos

    cimentos at ento empregados, principalmente com relao finura, alguns problemas de

    bombeabilidade foram registrados na medida em que, com o aumento do rendimento dos

    cimentos, os consumos puderam ser diminudos. O emprego de adies, particularmente a

    cinza volante disponvel em Porto Alegre, foi desde ento uma alternativa para correo do

    teor de finos de maneira a adequar a mistura s operaes de bombeamento.

    Em um determinado perodo, o cimento produzido no Rio Grande do Sul foi desclassificado

    para classe 25, o que obrigou at as concreteiras que ainda trabalhavam com o cimento

    pozolnico, a procurarem alternativas. Foi nesta poca que o cimento produzido

    especialmente para a indstria de artefatos de cimento amianto sofreu adaptaes e passou

    a ser consumido para a produo de concreto em algumas concreteiras.

    Como o cimento produzido no Estado apresentava baixo rendimento, em comparao com

    outros tipos de cimento, as concreteiras comearam a importar o insumo de outros centros

    onde este se apresentava com maior rendimento em termos de resistncia mecnica, o que

    garantia menores consumos de cimento por metro cbico de concreto, para mesmas

    resistncias.

    Assim, concreteiras passaram a trabalhar com cimento Portland comum oriundo do Paran

    (cimento Itamb e cimento Rio Branco), de So Paulo (cimento Ita, cimento Eldorado e

    cimento Serrana). Para concreto produzido em obra a CIENTEC realizou dosagens

    experimentais empregando cimentos oriundos de Minas Gerais (cimento Ciminas), do Rio

    de Janeiro (cimento Iraj) e do vizinho Uruguai (cimento Artigas e cimento ANCAP), paracitar os mais representativos, visto que, em determinados momentos, trabalhou-se inclusive

    com cimentos vindos de Pernambuco e de pases europeus.

    A evoluo deste quadro configurou uma indstria cimenteira no Rio Grande do Sul que

    disponibilizava ao mercado de granel cimento Portland comum tipo I, em seguida tipo I-S, e

    cimento Portland especial para pr-moldados, precursor do cimento de alta resistncia inicial

    tipo V. Em sacos, obtinha-se o tradicional cimento Portland pozolnico novamente da classe

    32, para o atendimento mais dirigido ao varejo. Posteriormente o cimento CP I-S foisubstitudo pelo cimento CP II-Z e atualmente, alm do cimento pozolnico disponibilizado

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    ao mercado apenas cimento Portland tipo V (ARI), inclusive com adio de pozolanas, em

    fbrica, na obteno de caractersticas de resistncia ao de sulfatos.

    Paralelamente necessidade de facilitar as operaes de bombeamento de concretos

    dimensionados para atendimento de resistncias caractersticas compresso baixas,

    assim como 15, 18 e 20 MPa, ainda muito utilizados na dcada de 80 do sculo passado, e

    j com o objetivo de economizar, comearam a ser desenvolvidos os primeiros estudos

    visando a substituio de parte do cimento por cinza volante, ou sua simples adio na

    obteno de um cimento composto preparado na prpria usina.

    A substituio de cinza volante deveria ser feita em percentagens que no

    comprometessem o rendimento original do cimento matriz, ou adicionada em quantidades

    que agregassem vantagens no aspecto trabalhabilidade, principalmente para facilitar a

    operao de bombeamento, visando principalmente preservao do equipamento.

    Os resultados foram bastante positivos o que justificou o interesse das concreteiras pela

    tcnica e, em pouco tempo, muitas concreteiras da grande Porto Alegre e do interior do

    Estado do Rio Grande do Sul substituam cimento por cinza ou simplesmente a adicionavam

    ao concreto.

    Essa prtica de incorporar adies minerais ao cimento diretamente na betoneira durante apreparao do concreto citada como comum nos Estados Unidos (SILVA, 2010).

    Segundo Price (1981), j na dcada de 1980 citado o emprego de pozolanas pelas

    companhias de concreto pr-misturado nos EUA, com forte direcionamento para o emprego

    de cinzas volantes.

    Produtores de blocos e tubos de concreto, na mesma poca, empregavam cinzas volantes

    para melhorar a trabalhabilidade, a resistncia e para baixar o custo. Cita ainda Price (1981)

    que os benefcios para a Nao, sob a forma de aumento da produo cimenteira e o

    emprego de um produto residual so de imensa importncia.

    2.2 O EMPREGO DE CINZA VOLANTE EM CONCRETO

    Caleja (1981) cita a importncia econmica de empregar cinza volante na fabricao de

    cimento e, somada a esta, a importncia ambiental relacionada com o consumo de um

    resduo poluente. Ainda sob o aspecto econmico, ressalta o autor citado a economia de

    combustvel direta e indireta por estar sendo utilizado um resduo que tambm consumiu

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    energia em sua produo, alm da economia relativa aos custos decorrentes de sua

    disposio final.

    Djanikian (1981) informa que:

    [...] a reao da cal com a pozolana corresponde formao de maiscimento dento da massa endurecida, o que faz com que o concreto tenhamuito mais resistncia na medida em que passa o tempo. Os produtos dainterao cal/pozolana so do mesmo tipo que os de hidratao doscompostos anidros do clnquer. O silicato de clcio que se forma do tipotobermortico (CSH).

    Apresenta, ainda Djanikian (1981), como qualidades do cimento pozolnico, a menor

    permeabilidade, a maior resistncia a guas agressivas, esgotos, guas industriais, gua do

    mar e guas cidas, o menor calor de hidratao e, em consequncia, a menor tendncia

    fissurao de origem trmica, a maior resistncia trao, as maiores resistncias em longo

    prazo e a maior durabilidade.

    Soares (1981) cita, em adio, como caractersticas positivas dos cimentos pozolnicos a

    inibio da reao lcali agregado, ganhos de trabalhabilidade e a contribuio para a

    reduo do processo de exsudao.

    Mehta e Monteiro (2008) informam como vantagens do emprego de adies minerais aoconcreto o fortalecimento da zona de transio na interface pasta/agregado e a reduo de

    custos pela economia de cimento.

    A velocidade com que a cal fixada condiciona o comportamento resistente do aglomerante

    em curto prazo. O mecanismo consiste de uma difuso muito lenta dos ons clcio atravs

    do hidrato tobermortico at o interior das partculas do material pozolnico. A partcula

    pozolnica atacada de fora para dentro e recobre-se de produtos de reao que, ao

    protegerem o ncleo da partcula, dificultam a difuso (DJANIKIAN, 1981).

    O entendimento do fenmeno, que caracteriza uma tpica reao de superfcie, justifica a

    importncia da finura do material pozolnico no desempenho da reao.

    Segundo Santamaria (1981), o primeiro composto hidrulico foi a cal hidrulica,

    caracterizando o descobrimento do fenmeno hidrulico com o emprego de cimentos

    naturais obtidos a partir de margas que eram submetidas a um tratamento trmico e

    posteriormente modas grosseiramente. O surgimento do cimento Portland define a fase que

    poderia ser chamada de desenvolvimento do fenmeno hidrulico, caracterizada pelaobteno de materiais ricos em compostos hidrulicos de elevada saturao de cal,

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    praticamente sem cal livre, e com uma grande quantidade de produtos desconhecidos

    poca. Essa fase definida como de desenvolvimento do fenmeno hidrulico perdurou no

    tempo, permitindo que fossem aprimoradas as tcnicas de queima e moagem, tendo como

    objetivo a fabricao em escala industrial de um silicato triclcico praticamente puro,partindo-se apenas de dois componentes, slica e clcio.

    O que na poca referido por Santamaria (1981) como supercimentos, que nada mais

    representavam do que os cimentos como hoje produzidos, determinavam situaes de

    instabilidade qumica como efeito da hidratao por consequncia da grande quantidade de

    energia latente acumulada no estado anidro, permitindo classificar o material como

    termodinamicamente instvel. A hidratao determina a liberao de grande quantidade de

    hidrxido de clcio, composto solvel de grande atividade qumica, originalmente combinadano produto anidro.

    A nova fase que se sucede poderia ser denominada de fase de estabilizao do fenmeno

    hidrulico ou, mais precisamente, fase de estabilizao e ampliao do fenmeno hidrulico.

    A estabilizao pode ser entendida como a prpria fixao do hidrxido de clcio por meio

    de adies de carter cido, capazes de combinar em condies ambientes, primeiramente

    representadas pelas pozolanas naturais. A ampliao do fenmeno hidrulico, por sua vez,

    pode ser entendida como a extenso do universo de alternativas como o aproveitamento de

    outros materiais com caractersticas pozolnicas.

    O emprego de pozolanas nos cimentos Portland ou diretamente em aglomerados deve ser

    entendido no somente como o aproveitamento de alguns recursos naturais ou o consumo

    de resduos industriais, mas como uma forma de aproveitamento da energia potencial

    representada pelo hidrxido de clcio na formao de compostos hidratados de formao

    tardia com caractersticas cimentantes por um lado e, por outro, como uma forma de definir

    um comportamento particularizado com relao a ataques externos na relao do material

    com o ambiente, no qual se encontra inserido, ou com os prprios agregados empregados

    na produo de concretos. Dessa maneira, o consumo de hidrxido de clcio nas reaes

    pozolnicas pode ser entendido como uma forma de controlar a instabilidade qumica do

    cimento Portland.

    O desenvolvimento do cimento Portland aos moldes de como hoje produzido a partir da

    segunda metade do sculo XIX, fez com que o emprego de pozolanas em adio cal,

    principalmente na produo de argamassas, casse em desuso. A retomada do emprego de

    pozolanas em adio ao cimento Portland ocorreu na segunda metade do sculo XX, a

    partir do conhecimento mais profundo das reaes pozolnicas e suas vantagens.

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    Ainda segundo Santamaria (1981), ao contrrio do senso comum de aceitar como de melhor

    desempenho as pozolanas com mais elevado teor de slica, podem ser encontradas

    pozolanas de desempenho satisfatrio com apenas 40% de slica e at 15% de no

    queimados.

    Convm citar ainda Mehta e Monteiro (2008) quanto obteno do produto a partir da

    queima de carvo previamente pulverizado em usinas termeltricas modernas. Quando o

    carvo pulverizado passa pela zona de queima, onde ocorrem elevadas temperaturas, a

    matria voltil e o carbono so queimados enquanto que as impurezas minerais, argila,

    quartzo e feldspato fundem. A matria fundida transportada rapidamente para zonas de

    baixa temperatura onde solidifica na forma de partculas esfricas de vidro. A maior parte

    desse material carregada pela corrente de exausto do gs, sendo captada porprecipitadores eletrostticos, por separao ciclnica e filtragem.

    Rohde (2006) cita ser o emprego da cinza volante como adio ao cimento Portland e ao

    concreto a utilizao mais extensiva, mais difundida e a mais simples em todo o mundo,

    sendo sua utilizao mais intensiva retardada pela deficincia da disseminao do efetivo

    conhecimento entre os usurios, alm das diferenas encontradas no produto.

    As diferenas encontradas no produto, como citado por Rohde (2006), esto ligadas s

    caractersticas do carvo e ao regime de queima, principalmente com relao temperatura

    do sistema.

    Mehta e Monteiro (2008) citam ser a superfcie especfica das pozolanas comuns, de baixo

    teor de clcio, medida pelo permeabilmetro de Blaine, varivel entre 2000 cm/g e 3000

    cm/g.

    J Silva (2010) apresenta um intervalo de variao da superfcie especfica mais amplo, indo

    at 8000 cm/g.

    Como a reao pozolnica uma reao de superfcie, a ampla variao na superfcie

    especfica admitida para o material pode representar, independentemente da constituio

    qumica, um forte fator de variao de seu desempenho como pozolana.

    Deve ser agregado ao entendimento das causas das variaes existentes entre diferentes

    cinzas volantes o fato de nem sempre estas apresentarem a forma esfrica clssica como

    citado por Mehta e Monteiro (2008).

    Efetivamente as diferentes formas observadas nas partculas das cinzas volantes estudadas

    e as diferentes superfcies especficas medidas so elementos fundamentais na definio do

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    desempenho do material como pozolana, inclusive com relao trabalhabilidade de

    concretos produzidos em igualdade de condies.

    Segundo Cannon (1968), a finura da cinza volante geralmente reconhecida como um dos

    principais fatores que afetam sua qualidade, podendo contribuir para a resistncia do

    concreto pela reduo direta da gua, pelo incremento do volume de pasta na mistura e pela

    reao pozolnica. Afirmou ainda Cannon (1968) ser mais econmico o uso da cinza na

    medida em que as exigncias de resistncia diminuem.

    Segundo Silva (2010):

    Pozolanas so todos os alumino silicatos reativos naturais,predominantemente na forma vtrea, que se solubilizam em meio alcalino ereagem em soluo com os ons Ca2+, levando precipitao de silicatos declcio hidratados.

    Segundo ainda a mesma autora:

    [...] paralelamente podem ser formados aluminatos e slico aluminatosdependendo da composio qumica da pozolana.

    Isoladamente esses materiais classificados como pozolanas no possuem qualquer

    capacidade aglomerante, mas em presena de gua reagem com o hidrxido de clcioliberado na hidratao do cimento Portland, formando compostos cimentantes.

    Nos Estados Unidos so menos comuns cimentos com adies, estando o emprego de

    pozolanas, como de resto qualquer adio mineral, mais difundido em adio a cimentos

    puros diretamente na betoneira durante a preparao do concreto. Em outros pases como

    Brasil, Frana e Alemanha, mais comum a incorporao de adies minerais na etapa de

    moagem durante a fabricao de cimentos Portland (SILVA, 2010).

    Segundo Davis, Carlson e Kelly (1937):

    Cinzas volantes com baixo teor de carbono e elevada finura apresentam altograu de atividade pozolnica, podendo ser comparadas maioria daspozolanas naturais. Quando cinzas volantes so usadas em moderadaspercentagens em substituio ao cimento Portland podem ser produzidosconcretos que exibem qualidades iguais e, em alguns aspectos, superioresquelas exibidas por concretos produzidos sem o emprego de cinzasvolantes.

    Davis, Carlson, e Kelly (1937) definem cinza volante como o resduo da queima de carvomineral como combustvel. Ao passar pela zona de elevada temperatura no interior de uma

    caldeira, o carbono queimado e o resduo permanece em suspenso na forma de

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    partculas fundidas. Essas partculas ainda em suspenso so rapidamente carreadas para

    zonas de temperaturas mais baixas onde solidificam para formar a cinza volante com muitas

    partculas na forma esfrica, sendo captadas por precipitadores antes de ganharem a

    atmosfera. Citam ainda os mesmos autores que, como as cinzas volantes podem serobtidas de diferentes carves, h diferenas na composio qumica, embora sempre sejam

    os principais componentes a slica, a alumina, o xido de ferro e o xido de clcio.

    O componente presente em maior concentrao ser sempre a slica, assim como sempre

    haver carbono mesmo que em pequenas quantidades.

    Seguindo ainda o apresentado por Davis, Carlson e Kelly (1937), para construes pesadas

    em concreto, cinzas volantes podem ser empregadas em substituio ao cimento Portland

    em percentagens to elevadas como 50%, pela vantagem de diminuir o calor de hidratao.

    A melhora na trabalhabilidade dos concretos atribuda forma esfrica da cinza, sendo os

    resultados obtidos a partir da simples mistura da cinza volante ao cimento Portland to ou

    at mais eficiente do que a mistura obtida da moagem conjunta dos dois materiais.

    A baixa resistncia inicial obtida em concretos produzidos com a substituio de cimento

    Portland por cinza volante levou vrios projetistas a concluir que cinza volante somente

    desejvel ou econmica em concreto massa, nos quais a resistncia no o fator mais

    importante (CANNON, 1968). Lovewell e Washa1 (1958) apud Cannon (1968)

    desenvolveram um mtodo de dosagem que permitia a obteno de resistncias

    equivalentes aos 28 dias de idade a partir da adio de cinza volante em quantidades

    superiores ao cimento retirado.

    J naquela poca era sabido ser menor a resistncia inicial obtida em concretos produzidos

    com substituio de cimento Portland por cinza volante em comparao com concretos de

    mesma consistncia sem substituio, e mais elevada resistncia final (DAVIS, CARLSON e

    KELLY, 1937).

    Essa ltima situao apresentada considera em primeiro lugar a atividade qumica da

    pozolana, explorando sua capacidade de formar novos compostos cimentantes, permitindo o

    atingimento das resistncias esperadas com menores consumos de cimento e com menor

    gerao de calor durante o processo de hidratao.

    1LOVEWELL, C. E.; WASHA, G. W. Proportioning concrete Mixtures using fly ash. ACI Journal Proceedings,

    Detroit, v. 54, n. 12, p. 1093-1102, Jun. 1958.

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    Em outras situaes a pozolana empregada primordialmente como elemento determinante

    da alterao do comportamento reolgico de concretos produzidos com baixos consumos de

    cimento, melhorando sua trabalhabilidade.

    Misturas com baixos consumos de cimento em geral apresentam deficincias em sua

    trabalhabilidade e notada tendncia segregao se a tentativa de aumentar a

    trabalhabilidade considerar apenas o acrscimo de gua. A melhoria da trabalhabilidade de

    concretos produzidos a partir de baixos consumos de cimento, que inclui a reduo da

    tendncia segregao, pode ser obtida pela adio de pozolanas, ou especificamente

    cinza volante, explorando o benefcio fsico decorrente do aumento do volume de pasta pela

    adio desse material em complementao queles advindos das reaes pozolnicas.

    Concretos magros, de baixos teores de cimento, sempre exigem uma quantidade maior de

    gua para uma determinada condio de trabalhabilidade, j que, como o aumento da

    trabalhabilidade est relacionado diretamente com o aumento do volume de pasta, este

    aumentado pelo acrscimo de gua. Em se tratando de uma mistura com baixo teor de

    finos, essa prtica intuitiva introduz efeitos colaterais negativos. Esses efeitos tanto podem

    estar relacionados com baixa capacidade da mistura em reter gua, como com a retrao e

    a segregao, assim como com a diminuio do rendimento do material, j que a adoo de

    elevadas relaes gua/cimento determina a reduo da resistncia mecnica. A diminuio

    da durabilidade igualmente pode ser considerada como um desses efeitos colaterais.

    Se a melhoria da trabalhabilidade obtida a partir do aumento do volume de pasta, em

    misturas pobres este pode ser obtido pela incorporao de uma pozolana. Os nveis

    requeridos de trabalhabilidade podero, ento, ser atingidos pela preservao da coeso e

    da reteno de gua adequadas quantidade de gua empregada na mistura, representada

    pela percentagem de gua sobre o total de materiais.

    Ainda considerando misturas de baixo consumo de cimento, possvel esperar que oaumento no teor de material fino determine uma melhor trabalhabilidade com menor

    demanda de gua o que significar, tambm, ganho de resistncia mecnica, pela reao

    pozolnica, e se desse procedimento resultar reduo da relao gua/cimento.

    Em concretos bombeados, a melhoria nas condies de trabalhabilidade determina maior

    facilidade nas condies de bombeamento, representando menor nvel de desgaste do

    equipamento.

    Diante do exposto, alm dos benefcios que sempre decorrem do estabelecimento de

    reaes pozolnicas, esse material igualmente empregado pelos benefcios inerentes s

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    Fernando Antonio Piazza Recena ([email protected]). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2011.

    alteraes das caractersticas de natureza fsica na mistura, principalmente aquelas de

    menor consumo de cimento, estando sempre relacionadas com o aumento do volume de

    pasta e com a consequente melhoria na trabalhabilidade.

    Em concretos de elevado consumo de cimento, sem deficincia de trabalhabilidade, a

    adio de uma pozolana dever ser procedida com vistas explorao de sua atividade