Manejo de interações entre antineoplásicos orais e ... · Incompatibilidade Farmacêutica Etoposídeo Cápsula gelatinosa mole Sunitinibe Cápsula gelatinosa dura Tretinoína Cápsula
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Manejo de interações entre antineoplásicos orais e nutrição enteral
Patrícia Kaiser Pedroso CavaOutubro, 2016
Declaração de ausência de conflito de interesse
Não desenvolvo pesquisa patrocinada por indústria farmacêutica ou tenho
qualquer tipo de benefício relacionado ao uso de medicamentos que possa
caracterizar conflito de interesses; Atuo como farmacêutica no Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes
da Silva; Evento organizado pelo INCA; Medicamentos e estudos citados exclusivamente para fins didáticos; Figuras retiradas da Internet.
ANVISA, RDC 96/08
Desnutrição x Câncer
25 a 50% dos pacientes oncológicos estão desnutridos ao diagnóstico; 40 a 80% dos pacientes com câncer apresentam desnutrição; 20% dos pacientes com neoplasia maligna vêm a óbito em decorrência
exclusiva da desnutrição; O câncer aumenta o risco de desnutrição em 8,1 vezes.
Waitzberg DL, et al. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica, 2000.Hils ME et al. Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença, 2003.
Incidência de desnutrição
Desnutrição x Câncer
Rivadeneira DE, et al. A Cancer J Clin, 1998; ESPEN, 2006; Gevaerd SR, et al. Rev Bras Nutr Clin, 2008; INCA, 2013.
Fatores que contribuem para a ingestão diminuída de nutrientes em pacientes oncológicos
Ingestão Oral ReduzidaAnorexiaNáusea, vômito Mastigação e deglutição alteradasPercepções alteradas do gosto e do cheiro Síndromes pós-gastrectomia
Insuficiência pancreáticaEfeitos Locais do Tumor Estreitamento anastomóticoOdinofagia, disfagiaObstrução intestinal ou gástrica Náusea, vômitoMá absorção Percepções alteradas do gosto e do cheiroSaciedade precoce Estomatites, mucosites
DiarréiaFatores PsicossociaisDepressão, ansiedade Odinofagia, disfagiaAversão à alimentação Xerostomia, mucosite
Estreitamentos, fístulas
Radioterapia
Efeitos do Tratamento do CâncerCirurgia
Quimioterapia
Desnutrição x Câncer
São metas nutricionais específicas em pacientes com câncer:
prevenção e tratamento de desnutrição; minimizar os efeitos do tratamento aos antitumorais; reduzir os efeitos adversos das terapias antitumorais; melhorar a qualidade de vida.
↑ reações adversas
↓ resposta ao tratamento
↓ sobrevidaDesnutrição
Rivadeneira DE, et al. A Cancer J Clin, 1998; ESPEN, 2006; Gevaerd SR, et al. Rev Bras Nutr Clin, 2008; INCA, 2013.
Nutrição Enteral - conceito
“Alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para uso por cateteres ou via oral, industrializada ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas.”
RDC nº 63 / ANVISA – 06/07/2000
Nutrição Enteral - acessos
Williams, 2008
Antineoplásicos orais
Disponíveis desde 1953, com clorambucil, mercaptopurina e metotrexato;
Evolução nas pesquisas - número substancial e crescente de agentes
antineoplásicos orais foi desenvolvido e introduzido no mercado;
30% dos 900 tratamentos de quimioterapia em curso de desenvolvimento são
agentes orais.
Segal EM, Flood MR, Mancini RS, et al. J Oncol Pract, 2014.Timmers L, Boons CC, Kropff F, et al. Acta Oncol, 2014.
Antineoplásicos orais - vantagens
melhoria na qualidade de vida dos pacientes;
redução no número de hospitalizações;
melhor conveniência;
facilidade no uso;
maior autonomia do paciente.
Segal EM, Flood MR, Mancini RS, et al. J Oncol Pract, 2014.Timmers L, Boons CC, Kropff F, et al. Acta Oncol, 2014.
Antineoplásicos orais - desvantagens
não adesão;
variação na absorção e no metabolismo;
risco de interações medicamento – nutriente.
Pode comprometer a obtenção de resultados satisfatórios como a cura ou o
controle da doença e melhoria na qualidade de vida do paciente.
Segal EM, Flood MR, Mancini RS, et al. J Oncol Pract, 2014.Timmers L, Boons CC, Kropff F, et al. Acta Oncol, 2014.
Interação antineoplásico oral - NE
Incompatibilidade física;
Incompatibilidade fisiológica;
Incompatibilidade farmacológica;
Incompatibilidade farmacocinética;
Incompatibilidade farmacêutica.
Izco N, Creus N, Massó J, et al. Farm Hosp, 2001.Tiedra MG, Herreros JMA. Disponível em: <http://www.correofarmaceutico.com>.Gámez Lechuga M, Clopés Estela A, Cardona Pera D, et al. Farm Hosp, 1998.
INCOMPATIBILIDADES – interação fármaco - nutriente
Aumento de toxicidade causada pelos antineoplásicos orais;
Redução na atividade terapêutica ao tratamento oncológico;
Prejuízo na terapia nutricional do paciente.
Ferreira S, Silva CR. Actas do VIII Colóquio de Farmácia / Proceedings from 8th Pharmacy Academic Conference.Martinez SS, et al. Farm Hosp, 2015.
Principais riscos associados às interações
Interação antineoplásico oral - NE
Manejo das interações - antineoplásicos orais e NE
Ocorre quando o fármaco, por seu mecanismo de ação ou por reação adversa,
provoca alteração na tolerância ao suporte nutricional.
Izco N, et al. Farm Hosp, 2001.Martinez SS, et al. Farm Hosp, 2015.
Incompatibilidade Farmacológica
Antineoplásicos orais - diarreia, náuseas e vômitos.
Medicamentos para manejo das RAM
Manejo das interações - antineoplásicos orais e NE
A administração do antineoplásico oral concomitante à NE ocasiona alterações
em suas propriedades farmacocinéticas como a biodisponibilidade, distribuição,
metabolismo e/ou excreção.
Izco N, et al. Farm Hosp, 2001.Martinez SS, et al. Farm Hosp, 2015.
Incompatibilidade Farmacocinética
Os efeitos diretos da interação entre NE e antineoplásicos orais são principalmente de natureza farmacocinética.
Manejo das interações - antineoplásicos orais e NE
Moura MRL, Reyes FGR. Rev Nutr, 2002.
↑ do fluxo sanguíneo esplâncnico
↑ do pH do estômago
retardo esvaziamento gástrico
↑ da atividade peristáltica do intestino
competição pelo sítio de absorção
complexação fármaco - nutriente
alteração na absorção e biodisponibilidade
Incompatibilidade Farmacocinética
Manejo das interações - antineoplásicos orais e NE
Bula do Tarceva®; Bula do Tasigna®; Bula do Tykerb®; Bula do Votrient®; Bula Zytiga®.Segal EM, et al. J Oncol Pract, 2014.Martinez SS, et al. Farm Hosp, 2015.
Incompatibilidade Farmacocinética
Manejo das interações - antineoplásicos orais e NE
Bula do Aromasin®.
Incompatibilidade Farmacocinética
Manejo das interações - antineoplásicos orais e NE
Bula do Lisodren®.
Incompatibilidade Farmacocinética
Manejo das interações - antineoplásicos orais e NE
Bula do Leukeran®; Bula do Nexavar®; Bula do Temodal®. Izco N, et al. Farm Hosp, 2001. Segal EM, et al. J Oncol Pract, 2014.
Incompatibilidade Farmacocinética
Manejo das interações - antineoplásicos orais e NE
OUTRAS INTERAÇÕES ALIMENTO – ANTINEOPLÁSICO ORAL
Incompatibilidade Farmacocinética
Manejo das interações - antineoplásicos orais e NE
Bula do Afinitor®; Bula do Glivec®; Bula Spryce®; Bula do Sutent®; Bula Tarceva®; Bula do Tykerb®; Bula do Tasigna®; Bula do Votrient®. Segal EM, et al. J Oncol Pract, 2014.
Incompatibilidade Farmacocinética
Manejo das interações - antineoplásicos orais e NE
McLeod HL, Relling MV,1992.Ferreira S, Silva CR. Actas do VIII Colóquio de Farmácia / Proceedings from 8th Pharmacy Academic Conference, 2008)
Efeito Manejo ClínicoEtoposídeo Grape fruit O grape fruit reduz a
biodisponibilidade do medicamento.
Evitar o consumo de grape fruit.
Medicamento InteraçãoCaracterísticas da Interação
Incompatibilidade Farmacocinética
Manejo das interações - antineoplásicos orais e NE
Izco N, Creus N, Massó J, et al. Farm Hosp, 2001.Segal EM, et al. J Oncol Pract, 2014.
Incompatibilidade Farmacocinética
Manejo das interações - antineoplásicos orais e NE
Ocorre quando a manipulação da forma farmacêutica modifica a eficácia do
medicamento e/ou sua tolerância pelo paciente.
Bula do Navelbine®, Bula do Sutent®; Bula do Vepesid®; Bula do Vesanoid®.
Incompatibilidade Farmacêutica
Etoposídeo Cápsula gelatinosa moleSunitinibe Cápsula gelatinosa duraTretinoína Cápsula gelatinosa moleVinorelbina Cápsula gelatinosa mole
Medicamento Foma farmacêutica
Manejo das interações - antineoplásicos orais e NE
Bula do Citostal®; Bula do Glivec®; Bula Sprycel®.Hidalgo FJ, et al. Farm Hosp, 1995. Segal EM, et al. J Oncol Pract, 2014.
Benefícios da administração concomitante
Efeito Manejo ClínicoCiclofosfamida Dasatinibe Imatinibe Lomustina
Não interage com alimentos.
Deve ser administrado com alimentos para minimizar efeitos gastrintestinais.
Tomar o medicamento até 30 minutos após as refeições.
Medicamento InteraçãoCaracterísticas da Interação
Papel do farmacêutico
Participar da EMTN;
Garantir o uso seguro e eficiente dos medicamentos;
Prevenir, identificar e manejar possíveis interações fármaco-nutrientes;
Orientar quanto ao preparo e administração de medicamentos.
Papel do farmacêutico - ferramentas
Os dados de interações de medicamento – nutriente precisam ser revistos
ativamente e com regularidade - literatura para antineoplásico oral muda
rapidamente.
Papel do farmacêutico - ferramentas
Papel do farmacêutico - ferramentas
Papel do farmacêutico - ferramentas
Folhetos de orientação ao paciente
Papel do farmacêutico - ferramentas
Manual de orientações para administração de medicamento por CNE
Papel do farmacêutico - ferramentas
Guia de orientações para administração de medicamentos por CNE
Papel do farmacêutico - ferramentas
Acompanhamento farmacoterapêutico
* uso da imagem autorizada pelo paciente
Papel do farmacêutico - ferramentas
Papel do farmacêutico – caso clínico
GM, sexo feminino, 74 anos, LMC, terceira linha nilotinibe
Primeira consulta farmacêutica: tomava nilotinibe 12/12h após refeições
Problema de saúde: LMC, rash, prurido, náusea
Intervenção: orientação (esquema posológico e folheto)
Resultado: RNM resolvidos
Caso Clínico 1
RA, sexo masculino, 62 anos, LMC, terceira linha dasatinibe
Primeira consulta farmacêutica: tomava dasatinibe em jejum, pois seguia o
recomendado pelo nilotinibe – tratamento anterior
Problema de saúde: LMC, diarréia, náusea
Intervenção: orientação e entrega do folheto
Resultado: RNM resolvidos
Caso Clínico 2
Papel do farmacêutico – caso clínico
Concluindo...
Informações e estudos sobre interações são restritas e insuficientes;
Maior conhecimento em relação ao processo conduz a um controle mais
efetivo da administração do medicamento e da ingestão de alimentos,
favorecendo, assim, a adoção de terapias mais eficazes;
Importância da equipe interdisciplinar na prevenção das interações e no
manejo dos problemas relacionados a esta prática.
Obrigada!
pcava@inca.gov.br
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