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INTRODUÇÃO
As Escrituras revelam que Jesus era
plenamente Deus e plenamente homem! Ao
dizerem que Jesus é cem por cento Deus e cem
por cento homem, teólogos cristãos estão
afirmando essa mesma verdade de uma outra
forma. Deus se humanizou em Cristo (2 Co
5.19) e isso é conhecido na teologia cristã como
o grande mistério da encarnação.
Conhecer o Jesus divino é maravilhoso e
bíblico, mas conhecer o Jesus humano o é da
mesma forma. Aqui, vamos aprender que Jesus
cresceu como qualquer ser humano. Ele
cresceu física, social, psicológica e
espiritualmente. Em cada uma dessas
dimensões, Ele deixou ricos aprendizados para
1. A dimensão corpórea de Jesus.
A Bíblia nos ensina que Jesus nasceu e cresceu
como qualquer ser humano (Lc 2.40,52). Jesus em
tudo era, semelhante a nós, mas sem, pecado (Fl
2.6,7; Hb 4.15). Como todo ser humano, Ele
possuía um corpo físico que era limitado pelo tempo
e pelo espaço. A palavra grega helikia, traduzida em
português como estatura, no versículo 52, ocorre
oito vezes no texto grego do Novo Testamento, com
o sentido de tamanho ou idade. É a mesma palavra
usada por Lucas quando se refere à pequena
estatura de Zaqueu, o publicano (Lc 19.3) e,
também, a mesma palavra usada pelo apóstolo
João para se referir à idade do cego a quem Jesus
curou (Jo 9.21,23). A Escritura, de forma alguma,
nega a dimensão corpórea e física de Jesus como
fazem as heresias.
2. O cuidado com o corpo.
Como todo ser humano que possui um corpo
físico, Jesus também viveu os limites dessa
dimensão corpórea. Ele também se cansava (Jo
4.6). Jesus sabia a importância que tem o corpo
humano e, para isso, tratava de dar o devido
cuidado ao seu corpo. Para recuperar suas
energias físicas, por exemplo, Marcos relata que
Ele procurou o descanso necessário (Mc
6.31,32). A palavra grega anapauo, traduzida
como repousar, significa "parar com todo
movimento a fim de que se recupere as
energias". Se o Mestre deu os devidos cuidados
ao seu corpo, não deveríamos nós fazer o
mesmo?
1. Jesus e a família.
No antigo Israel do tempo de Jesus, havia uma
estrutura familiar consolidada. Os estudiosos
observam que a família hebraica obedecia a
seguinte estrutura social: endógama - casam-se
com parentes; patrilinear - descendência pai-filho;
patriarcal - poder do pai; patriolocal - a mulher vai
para a casa do marido; ampliada - reúne os
parentes próximos todos no grupo, e polígena - tem
muitas pessoas.
A Bíblia fala da família de Jesus dentro desse
contexto. Como homem perfeito, Jesus aprendeu a
viver em família (Lc 2.51). Como membro da família,
Ele viveu em obediência a seus pais. Isso mostra
que os papeis sociais dentro da família precisam ser
respeitados. Somente dessa forma, a família
continua sendo um instrumento importante na
2. Jesus e a cultura local.
A Bíblia afirma que o "Verbo se fez carne e habitou entre
nós" (Jo 1.14). O vocábulo habitar traduz o verbo grego
skenoo e tem o sentido de "fazer a sua tenda". Deus se
humanizou e fez a sua tenda ou morada entre nós.
Como homem perfeito, Jesus viveu no meio da cultura
dos seus dias. Fazia parte dessa cultura, qual seja, o
povo, o espaço geográfico, a língua e a família. Jesus foi
criado em Nazaré da Galileia e, como nazareno, Ele
possivelmente espelhava a cultura desse lugar. Jesus
aprendeu a ler as Escrituras (Lc 4.16); aprendeu uma
profissão (Mc 6.3) e até mesmo aprendeu a maneira de
falar que era peculiar dos habitantes dessa região (Mt
26.73. Mc 14.70). Todavia, um fato fica em evidência -
Jesus estava pronto a confrontar a cultura quando esta
contrariava os princípios da Palavra de Deus (Lc
11.38,39).
1. A dimensão psicológica de Jesus.
O texto de Lucas 2.52 informa que Jesus
crescia em "sabedoria". Crescer em sabedoria é
crescer em conhecimento. É desenvolver-se
intelectual e mentalmente. É o desenvolver da
psique humana. Como homem perfeito, Jesus
também possuía uma dimensão psicológica.
Ele, por exemplo, angustiou-se em sua alma (Lc
12.50; Mt 26.37; Jo 12.27). Lucas ainda diz que
Jesus "enchia-se de sabedoria" (Lc 2.40). Esse
crescimento mental e intelectual vem pela
assimilação dos conhecimentos da vivência
humana do dia a dia. É o acúmulo cultural que
se forma ao longo dos anos. Como todo menino
judeu de sua época, Jesus tinha o seu intelecto
treinado pelo estudo das Sagradas Letras (2 Tm
2. Jesus e as emoções.
A Escritura mostra que Jesus, como homem
perfeito, possuía domínio completo sobre suas
emoções. Ele não sofria de nenhum distúrbio
mental, nem tampouco era desajustado
emocionalmente. Quando pressionado, não
cedia à pressão do grupo (Jo 8.1-11). Seus
próprios algozes reconheceram que Ele agia
movido por suas convicções internas e não pelo
que os outros achavam (Lc 20.19-26). Sua
presença revelava serenidade e paz (Jo 14.27;
Lc 7.50). É evidente que essa paz era uma
consequência natural da íntima comunhão com
Deus que Ele cultivava. Jesus passava horas
em oração, às vezes, até mesmo noites inteiras
em oração (Lc 6.12), um claro exemplo para
1. Crescendo na graça e fortalecendo o espírito.
Nos dois textos bíblicos citados por Lucas para se
referir ao crescimento de Jesus Cristo, o homem
perfeito, a palavra "graça" se destaca (Lc 2.40,52).
A palavra grega traduzida como graça é charis.
Graça é um favor de Deus. Jesus cresceu na graça
quando viveu a vida como ela é. Ele aprendeu a
viver com as limitações que uma família pobre
possuía na Palestina do primeiro século. Graça é ter
consciência de que, em meio a tudo isso, a vocação
e chamada tiveram origem em Deus. Graça é saber
que Deus está em nosso crescimento enquanto
vivemos em comunidade, enquanto o adoramos,
meditamos, contemplamos e, também, quando
vivemos a vida, mesmo quando ela se mostra dura
em sua rotina.
2. Jesus e sua maioridade.
Lucas mostra o desenvolvimento espiritual em duas
outras passagens do seu Evangelho (Lc 2.46-49). Na
situação do Templo, Jesus se mostra como alguém que já
tem consciência da sua missão. Ele veio para cuidar dos
negócios de seu Pai, Deus. Por outro lado, Lucas mostra
no relato do batismo de Jesus como Ele se identifica com
o povo e recebe a capacitação divina para o exercício do
seu ministério (Lc 3.21-23).
Até os trinta anos, Jesus permaneceu na cidade de
Nazaré e trabalhou como carpinteiro. O Salvador esperou
pacientemente até o momento determinado pelo Pai para
exercer seu ministério. Vivemos em uma sociedade
imediatista; por isso, atualmente, as pessoas não querem
esperar o tempo de Deus em suas vidas e ministério. O
tempo do Senhor é perfeito. Temos que esperar o seu
agir.
Conclusão. Ao escrever a sua segunda carta, o apóstolo Pedro
exortou os cristãos a desejarem o crescimento: "Antes,
crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo. A Ele seja dada a glória, assim
agora como no dia da eternidade. Amém!" (2 Pe 3.18). O
alvo do crente é o crescimento. Mas esse crescimento
não acontece de qualquer forma; antes, ocorre nas
esferas da graça e do conhecimento do Senhor.
Crescimento sem conhecimento é uma deformação,
assim como o é, também, o crescimento sem a graça.
O cristão deve atentar para o fato de que onde se
privilegia apenas o conhecimento intelectual, sem a
adição da graça, o levará a uma vida árida. Da mesma
forma, esse mesmo crescimento, onde se privilegia
apenas a revelação e menospreza a razão, o conduzirá
ao fanatismo. O crente deve, a exemplo do seu Senhor,
crescer de forma integral
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