JORNALISMO FELIPE AUGUSTO PEREIRA SILVA · 2016-12-14 · como foco apresentar os conceitos de jornalismo especializado, jornalismo de revista e jornalismo esportivo e relacionar
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JORNALISMO
FELIPE AUGUSTO PEREIRA SILVA
ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM CONCEITO DE FUTEBOL
ALTERNATIVO COMO BASE PARA A REVISTA ESPECIALIZADA SÉRIE Z
MARINGÁ
2015
FELIPE AUGUSTO PEREIRA SILVA
ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM CONCEITO DE FUTEBOL
ALTERNATIVO COMO BASE PARA A REVISTA ESPECIALIZADA SÉRIE Z
Monografia apresentada ao Curso de
Jornalismo da Faculdade Maringá, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Jornalismo.
Orientador: Prof. Esp. Ronaldo Nezo.
MARINGÁ
2015
AGRADECIMENTOS
São tantos a agradecer. Aqueles que me conhecem desde pequeno, aqueles
com quem convivo há quatro anos, aqueles por qual passei a conviver nesse período e aqueles
que não conheço pessoalmente, mas que me ajudaram na realização desse trabalho.
Agradeço a minha família. A minha mãe, Rosilda, por ser quem é, pelo
apoio e por todas as orações que faz com tanta devoção, que sei que me protegem. A paz na
realização desse trabalho concedida por meu pai. A minha avó, Josefina, que até semanas
atrás continuava a dizer que eu ia para a “escola”. Aos meus tios, Dirceu, Augusto e Edvaldo,
o primeiro por ter me mostrado os primeiros jornais e programas de rádio esportivos; o
segundo pelas mil histórias nos campos de futebol e o terceiro pela calma e sabedoria ao falar
do futebol. Se estou aqui é pelo amor ao futebol que vocês plantaram em mim. Agradeço a
todos da família que acreditaram e se orgulharam. Não poderia deixar de agradecer a Tia
Edna, que onde quer que esteja torce por mim e está me protegendo.
Agradeço aos professores. Ao Ronaldo Nezo pela orientação e por abrir os
caminhos quando pareciam nebulosos. A banca, Anderson e Juliana, pelos apontamentos e
principalmente, as aulas. Ao Samilo por embarcar nas ideias desde que essa pesquisa era um
“embrião”. A Luzia por ser a primeira incentivadora da minha “escrita científica”.
Agradeço aos amigos que fiz. Benício, Kaique, Everton, William e Maria
Antônia por todas as boas histórias que tivemos.
Agradeço os companheiros de trabalho que tive. Foram vários que
acompanharam essa caminhada, onde conseguia arrumar um tempinho que fosse para poder
estudar. Nessas experiências conheci pessoas como a Patrícia, Shirley e a Carol, esta pela
amizade e por ser a tradutora (para o inglês) oficial desse TCC.
Agradeço o Aldo Bizzocchi pela entrevista sobre a etimologia da palavra
alternativo.
Agradeço a Comunidade Futebol Alternativo. Não pude vivê-la desde 2004,
mas a encontrei e vi que muitos possuem a mesma predileção que eu. O grupo que foi tão
importante para essa pesquisa. Agradeço ao Daniel Paes Cuter, Emanuel Novaes Colombari,
Fernando Martinez, Gustavo Hofman, Julio Simões, Leonardo Bertozzi, Leonardo Bonassoli,
Matheus Cruz Laboissière e Sérgio Oliveira pelas entrevistas concedidas que trouxeram
elementos importantíssimos para a discussão. Alguns dos nomes que já admirava pelo
trabalho, antes de ser membro do grupo, e me ajudaram nessa etapa. Mal conheço a voz de
alguns e se dispuseram a ajudar. Agradeço a todos os membros que compartilham de um
interesse ímpar.
Viva o futebol alternativo...
Felipe Augusto
“Nunca vi o futebol apenas como um jogo.
Até mesmo por experiência própria. Afinal,
por tudo que já sofri com esse esporte ele não
pode ser apenas um jogo onde um time quer
vencer o outro marcando mais gols”
(HOFMAN, 2014, p. 11).
RESUMO
Este Trabalho de Conclusão de Curso apresenta a proposta editorial de uma revista
especializada, no formato digital, em futebol alternativo. Este termo conceitua o futebol, com
clubes, campeonatos, jogadores e eventos deste esporte que não são abarcados pela grande
mídia. O público do futebol alternativo se encontra na internet, mídia na qual os interessados
podem se reunir e trocar informações. O objetivo geral da pesquisa é desenvolver uma
proposta conceitual sobre futebol alternativo, como base para produção de um projeto
editorial para uma revista digital especializada. Entre os objetivos específicos, a pesquisa tem
como foco apresentar os conceitos de jornalismo especializado, jornalismo de revista e
jornalismo esportivo e relacionar estes conceitos de maneira específica. Os métodos utilizados
são a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. Entrevista e análise documental são
utilizadas como técnica.
Palavras-chave: Futebol Alternativo. Jornalismo Especializado. Jornalismo Esportivo.
Revista Digital.
ABSTRACT
This Final Paper presents the editorial proposal from a specialized magazine, in the digital
format, in alternative football. This term conceptualizes football, with clubs, leagues, players
and events of this sport that are not covered by the mainstream media. The public alternative
football is on the internet, media on which those interested can meet and exchange
information. The overall objective of the research is to develop a conceptual proposal about
alternative football as a basis for producing a publishing project for a specialized digital
magazine. Among the specific objectives, the research focuses on presenting the concepts of
specialized journalism, magazine journalism and sports journalism and relate these concepts
in a specific way. The methods used are literature search and documentary search. Interview
and documentary analysis are used as technique.
Keywords: Alternative Football. Specialized Journalism. Sporting Journalism. Digital
Magazine.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10
2 METODOLOGIA ........................................................................................................... 13
2.1 Conhecimento científico e senso comum ................................................................ 13
2.2 Metodologia: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, entrevista e análise
documental .......................................................................................................................... 14
3 FUTEBOL ALTERNATIVO ........................................................................................ 21
3.1 O contexto ................................................................................................................. 21
3.2 O histórico ................................................................................................................ 26
3.2.1 O termo no meio acadêmico ......................................................................... 29
3.3 O conceito ................................................................................................................. 30
3.3.1 O futebol que a grande mídia não mostra .................................................. 30
3.3.2 O lado inusitado do futebol .......................................................................... 36
3.4 A rotina e os hábitos de informação ....................................................................... 36
3.4.1 Presencial: o futebol alternativo diretamente dos estádios ........................ 37
3.4.2 O futebol alternativo antes da internet ........................................................ 37
3.4.3 O futebol alternativo e a internet .................................................................. 38
3.4.3.1 Transmissão em vídeo ................................................................................. 39
3.4.3.2 Sites para se informar sobre futebol alternativo.......................................... 40
3.5 A proposta ................................................................................................................ 42
4 JORNALISMO ESPECIALIZADO ............................................................................. 43
4.1 Jornalismo geral: notícia para todos ...................................................................... 43
4.2 O jornalismo especializado ..................................................................................... 44
4.3 Especialização e segmentação ................................................................................. 51
5 JORNALISMO ESPORTIVO ...................................................................................... 54
5.1 Jornalismo esportivo é jornalismo ......................................................................... 54
5.2 Jornalismo esportivo e a especialização ................................................................. 55
5.3 O jornalista esportivo: postura e ética ................................................................... 57
5.4 Futebol, entretenimento e espetáculo ..................................................................... 60
6 JORNALISMO DE REVISTA ...................................................................................... 63
6.1 A revista e suas características ............................................................................... 63
6.2 Os gêneros jornalísticos ........................................................................................... 66
6.2.1 Jornalismo Informativo ................................................................................ 67
6.2.2 Jornalismo Opinativo ................................................................................... 69
6.2.3 Jornalismo Interpretativo ............................................................................ 71
6.3 Mercado editorial de esportes: Placar e Trivela ................................................... 72
6.3.1 Placar ............................................................................................................. 72
6.3.2 Trivela ............................................................................................................ 74
6.4 Revista digital: conceito e histórico ........................................................................ 75
7 REVISTA SÉRIE Z ........................................................................................................ 78
7.1 Formato: revista digital ........................................................................................... 78
7.2 Nome da revista ........................................................................................................ 79
7.3 Público Alvo .............................................................................................................. 79
7.4 Editorias .................................................................................................................... 80
7.5 Páginas ...................................................................................................................... 84
7.6 Periodicidade ............................................................................................................ 85
7.7 Circulação ................................................................................................................. 85
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 87
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 90
ANEXOS ................................................................................................................................. 95
ANEXO A – ENTREVISTA ALDO BIZZOCCHI ......................................................... 95
ANEXO B – ENTREVISTA DANIEL PAES CUTER ................................................... 96
ANEXO C – ENTREVISTA EMANUEL COLOMBARI .............................................. 97
ANEXO D – ENTREVISTA FERNANDO MARTINEZ ............................................... 99
ANEXO E – ENTREVISTA GUSTAVO HOFMAN .................................................... 100
ANEXO F – ENTREVISTA JULIO SIMÕES .............................................................. 101
ANEXO G – ENTREVISTA LEONARDO BERTOZZI .............................................. 103
ANEXO H – ENTREVISTA LEONARDO BONASSOLI ........................................... 104
ANEXO I – ENTREVISTA MATHEUS CRUZ LABOISSIÈRE ............................... 105
ANEXO J – ENTREVISTA SÉRGIO OLIVEIRA ....................................................... 107
ANEXO K – TABELA NÚMERO DE CLUBES BRASILEIROS ATIVOS EM 2015
............................................................................................................................................ 108
10
INTRODUÇÃO
Premier League, Real Madrid, Copa do Mundo, Seleção Brasileira, Pelé,
Flamengo, Maracanã. Nomes que vivem no imaginário daqueles que acompanham o futebol.
A liga de clubes mais rica do mundo1, o clube que contratou o jogador mais caro da história
2,
a competição que reúne as melhores seleções e os melhores jogadores3, a seleção
pentacampeã mundial4, o atleta do século
5, o clube com maior torcida no Brasil
6 e o estádio
que é palco de grandes histórias do futebol7. Por tudo isso, é justificável que esses nomes
citados que têm uma popularidade maior ocupem um seleto espaço na grande mídia8. Mas o
futebol não é feito apenas disso.
O esporte é considerado o mais popular do mundo e é pauta diária da grande
mídia esportiva. Imprensa que por razões de concorrência e público privilegia um específico
número de clubes, campeonatos e jogadores. Dentro desse cenário, onde estão as outras
equipes? Há um número extenso de clubes que não são agendados, mas que existem. É nesse
contexto que se insere o futebol alternativo9, o interesse por campeonatos de divisões
inferiores10
, campeonatos de regiões sem tradição11
e clubes pequenos12
. Aquilo que a grande
1 Direitos de TV da Premier League crescem mais, mas isso não é necessariamente uma boa notícia. Trivela, 10
fev. 2015. Disponível em: <http://trivela.uol.com.br/direitos-de-tv-da-premier-league-crescem-mais-mas-isso-
nao-e-necessariamente-uma-boa-noticia/>. Acesso em: 15 abr. 2015. 2 Real Madrid anuncia a milionária contratação do galês Gareth Bale. Uol Esporte, 1 set. 2013. Disponível em:
<http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2013/09/01/real-madrid-anuncia-a-milionaria-contratacao-do-
gales-gareth-bale.htm>. Acesso em: 15 abr. 2015. 3 Copa do Mundo. Brasil Escola, 2014. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/copa-
mundo.htm>. Acesso em: 15 abr. 2015. 4 Brasil é pentacampeão do mundo. Acervo O Globo, s/d. Disponível em:
<http://acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias/brasil-pentacampeao-do-mundo-9245814>. Acesso em: 15 abr.
2015. 5 Há 30 anos, Pelé era eleito o Atleta do Século. Estadão, 11 jul. 2010. Disponível em:
<http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,ha-30-anos-pele-era-eleito-o-atleta-do-seculo,579758>. Acesso
em: 15 abr. 2015. 6 Pesquisa LANCE! Ibope: Flamengo segue com a maior torcida do Brasil. Lancenet!, 27 ago. 2014.
<http://www.lancenet.com.br/minuto/Pesquisa-LANCE-Ibope-Flamengo-Brasil_0_1200480135.html>. Acesso
em: 15 abr. 2015. 7 Maracanã. Portal da Suderj, s/d. Disponível em: <http://www.suderj.rj.gov.br/maracana.asp>. Acesso em: 15
abr. 2015. 8 Emissoras de rádio, jornal, televisão e revista que alcançam a massa, devido ao número de pessoas que
consomem. 9 O termo futebol alternativo será redigido desta forma pelo decorrer do texto de acordo com a NBR 10520.
Nesse caso, por se tratar de um termo que não passou por análise científica. 10
Competições da segunda divisão para baixo de ligas nacionais e estaduais. No contexto que a pesquisa está
sendo realizada, a segunda divisão do Brasil pode conter clubes que não se enquadrem no futebol alternativo,
devido a suas características. 11
Esse termo refere-se a campeonatos, desde a primeira divisão, municipais, estaduais, nacionais e continentais
em regiões que o futebol não possui tradição em comparação com outras localidades. Campeonatos municipais
se enquadram totalmente neste termo. Campeonatos estaduais, aqui são considerados aqueles que não são vistos
em veículos da grande mídia. Campeonatos nacionais são considerados aqueles de países periféricos tendo em
11
mídia não mostra ou mostra em menor escala. O interesse por acompanhar seja presencial ou
virtualmente tais eventos futebolísticos.
Em 2013, o blog Série Z13
foi criado voltado ao futebol alternativo, a partir
da vontade e interesse do pesquisador em buscar esse outro lado do futebol. Em meio a dúvida
sobre o que fazer para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)14
viu-se como uma
oportunidade realizar um trabalho científico que pudesse contribuir com a visibilidade deste
futebol, mas com uma metodologia científica que uma monografia exige. O projeto editorial
aqui proposto segue métodos e técnicas científicas, diferente da criação do blog. Essa ideia,
ainda, possibilita ao pesquisador criar uma referência sobre tal assunto, que não foi discutido
dentro da área acadêmica15
e contribuir com o crescimento profissional do autor desta
pesquisa. Justifica-se também, por acreditar que seja importante demonstrar que existe um
outro lado do futebol, cheio de histórias e contextos.
Esta pesquisa parte da pretensão de se criar um projeto editorial para uma
revista especializada em futebol alternativo para descobrir de que modo um produto de
jornalismo esportivo contribui para a visibilidade e abordagem do futebol alternativo? A ideia
é baseada em uma metodologia científica que consiste em desenvolver uma pesquisa sobre o
futebol alternativo, jornalismo especializado, jornalismo esportivo e jornalismo de revista
demonstrando as razões de tais pontos serem importantes para atingir os objetivos propostos.
A pesquisa tem como objetivo geral: desenvolver uma proposta conceitual
sobre futebol alternativo, como base para produção de um projeto editorial para uma revista
digital especializada. É preciso deixar claro que o que é apresentado como futebol alternativo
é uma visão do pesquisador, por meio da metodologia utilizada, sendo assim, uma proposta
conceitual.
Além disso, o projeto visa apresentar os conceitos de jornalismo
especializado, jornalismo de revista e jornalismo esportivo; relacionar os conceitos de
jornalismo especializado e jornalismo de revista; desenvolver uma relação entre teorias da
comunicação e futebol alternativo e aplicar os preceitos do jornalismo esportivo em pautas
sobre futebol alternativo.
vista, o futebol como ponto de partida. Campeonatos continentais podem ser considerados aqueles fora da
Europa e América do Sul, mas clubes não conhecidos por parte do público podem participar dessas competições
e ser foco do futebol alternativo. 12
Clubes que não são abarcados pela grande mídia, com histórico de participações em divisões inferiores e com
recursos financeiros baixos comparados a outras equipes. 13
<www.seriezfutebol.com> 14
Trabalho de Conclusão de Curso será apresentado como TCC em determinados momentos deste projeto. 15
Será apresentado no capítulo Futebol Alternativo.
12
Trabalha-se com as seguintes hipóteses: a revista digital é a mídia adequada
e viável para a veiculação de informações sobre futebol alternativo; o futebol alternativo tem
um conceito midiático e o futebol alternativo sustenta uma linha editorial de um veículo de
informação.
Os métodos da pesquisa utilizados serão a pesquisa bibliográfica para
embasar a monografia e a pesquisa documental, para se trabalhar com textos que não passam
por uma banca examinadora, mas que possuem caráter documental, o que garante segurança a
pesquisa e ao pesquisador. As entrevistas serão utilizadas como técnica, para coletar
informações de quem se interessa por futebol alternativo, enfatizando como conheceu o
termo, o que é, onde acompanha tal conteúdo, a rotina e os hábitos de informação. Outra
técnica utilizada será a análise documental, para ver como produções do tipo são ou foram
feitas.
O que se busca é apresentar como um fenômeno, no caso, o futebol
alternativo ocorre, por isso a pesquisa se classifica como explicativa. O capítulo Futebol
Alternativo demonstrará o contexto, o histórico, o conceito deste termo, além da rotina de
informações de quem tem esse interesse.
Em jornalismo especializado é apresentado o histórico, funcionamento,
papel e responsabilidade deste tipo de atuação; a discussão sobre as diferenças entre
especialização e segmentação e a revista como uma mídia adequada para se especializar em
um assunto. No capítulo sobre jornalismo esportivo, o desenvolvimento é feito a partir da
especificidade da área; a postura e a questão ética do profissional; o jornalismo esportivo
como especialização e as relações de futebol, mídia, entretenimento e espetáculo. Em
jornalismo de revista, se apresenta as características deste meio; os gêneros jornalísticos; o
mercado editorial de revistas esportivas e o conceito e histórico da revista digital.
A base teórica do primeiro capítulo tem como algumas referências
bibliográficas, Gustavo Hofman, Mauro Wolf e Jimmy A. Frazier e Eldon E. Snyder, para
sustentação, a pesquisa documental e as entrevistas16
. No capítulo seguinte se trabalha com
autores como Frederico Tavares, Ana Carolina Abiahy, Rosa M. Salazar Herrera, Fco. Jávier
F. Óbregon, entre outros; jornalismo de revista tem base nos estudos de Marília Scalzo,
Marcia Benetti, Sérgio Vilas Boas, Ricardo Minoru Horie e Jean Pluvinage, entre outros e
jornalismo esportivo, com autores como Paulo Vinicius Coelho, Celso Unzelte, Heródoto
Barbeiro e Patrícia Rangel.
16
Será apresentada na metodologia e no capítulo Futebol Alternativo.
13
2 METODOLOGIA
Devido aos objetivos do trabalho, o que se busca é apresentar como um
fenômeno ocorre, por isso a pesquisa se classifica como explicativa, que segundo Gil (2007,
p. 42) se caracteriza por ser complexa e delicada e a “que mais aprofunda o conhecimento da
realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas”.
O resultado da pesquisa será a produção de uma revista especializada,
demonstrando o que é o fenômeno pesquisado, ou seja, um projeto experimental em
jornalismo especializado. A pesquisa tem caráter experimental nas ciências naturais, enquanto
nas sociais, dependendo do grau de controle são chamadas de “‘quase experimentais’” (GIL,
2007, p. 43).
2.1 Conhecimento científico e senso comum
Para alcançar os objetivos propostos neste trabalho é necessária uma
pesquisa científica, pois todo processo de desenvolvimento teórico deste estudo será
determinante para a formulação da proposta editorial. Sendo assim, busca-se sair do senso
comum para o conhecimento científico e para isso é necessária uma sistematização, com base
em métodos e técnicas, que se relacionam para formar uma metodologia de pesquisa.
Primeiramente, é necessário entender que a “ciência não é o único caminho
de acesso ao conhecimento e à verdade” (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 58), o que os
diferencia é a forma de observação, “o modo ou o método e os instrumentos do ‘conhecer’”
(MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 58).
O senso comum é subjetivo já que “exprimem sentimentos e opiniões
individuais e de grupos, variando de uma pessoa para outra, ou de um grupo para outro,
dependendo das condições em que vivemos” (CHAUÍ, 2005, p. 217). A noção de senso
comum pode ser definida também como conhecimento popular, que é caracterizado por ser
valorativo, reflexivo, assistemático, verificável, falível e inexato (MARCONI; LAKATOS,
2010, p. 61). As autoras assim diferenciam os dois conhecimentos:
[...] o primeiro, vulgar ou popular, […] transmitido de geração em geração
por meio de educação informal e baseado em imitação e experiência pessoal;
portanto, empírico […]; o segundo, científico, é transmitido por intermédio
de treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo
racional, conduzido por meio de procedimentos científicos (MARCONI;
LAKATOS, 2010, p. 57).
14
O conhecimento científico se diferencia do popular, por ser real, pois se
trabalha com fatos; contingente, por ser experimentado; sistemático, pelo sentido de formular
um sistema; verificável, pela questão das afirmações ou hipóteses; falível, que não é absoluta
ou final e inexato ou aproximadamente exato, pois é possível reformulá-la (MARCONI;
LAKATOS, 2010, p. 62).
No caso desta pesquisa, busca-se sistematizar o projeto, com métodos e
técnicas científicas, como a pesquisa bibliográfica, para se buscar o embasamento teórico; a
pesquisa documental, para demonstrar documentos ligados ao futebol alternativo; a entrevista,
como forma de trazer a experiência de pessoas ligadas a esse interesse e a análise documental,
para ver outras produções ligadas a esse projeto experimental.
2.2 Metodologia: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, entrevista e análise
documental
Como forma de embasar a pesquisa, que terá como capítulos, o futebol
alternativo, o jornalismo especializado, o jornalismo de revista e o jornalismo esportivo, faz-
se necessária a pesquisa bibliográfica, que segundo Stumpf (2005, p. 51), “num sentido
amplo, é o planejamento global inicial de qualquer trabalho de pesquisa que vai desde a
identificação, localização e obtenção da bibliografia pertinente sobre o assunto”.
Segundo Gil (2007, p. 44), as fontes bibliográficas podem ser classificadas
por livros, publicações periódicas e impressos diversos. Além disso, por artigos científicos,
monografias, teses e dissertações, ou seja, produção que passou por uma banca examinadora
ou análise científica.
A pesquisa bibliográfica se encontra em toda base teórica desta pesquisa.
Durante o trabalho foram utilizados meios físicos, como bibliotecas e meios digitais, como a
internet, para obtenção das obras selecionadas e que possuem relação com a linha teórica
deste.
Para apresentar o conceito de futebol alternativo, os autores utilizados serão:
Hofman (2014), que em “Quando o futebol não é apenas um jogo” relata em 11 capítulos17
,
17
Título dos capítulos do livro: Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch; A torcida que
não quis asas; A região mais perigosa da Europa; Um brasileiro no comando da Líbia em plena Revolução;
Futebol em Liechtenstein. Onde?; Split, mas pode chamar de Hajduk Split; O clássico do outro lado do mundo;
O diamante bósnio; A terra da cerveja e do futebol; Um clube sueco, representante da Assíria e Brasileiros para o
ataque e ucranianos para a defesa.
15
histórias de clubes, jogadores e campeonatos que estão no contexto do futebol alternativo;
Hohlfeldt (1997) e Wolf (2001), pesquisadores das teorias da comunicação que serão base
para o desenvolvimento da relação entre futebol alternativo e agenda-setting, newsmaking,
gatekeepers, pois em determinada parte do capítulo, o futebol alternativo é demonstrado
como aquilo que a grande mídia não mostra e assim é relacionado com estes que mostram a
razão de um foco, neste caso, o futebol ser mostrado e o outro, não; Frazier e Snyder (1991)
relatam que há uma razão para que em tais eventos esportivos, os espectadores torçam pelo
azarão, os autores trabalham com o conceito de underdog e revelam que existem
características sociais para tal ocorrência, o que é relacionado com o conceito de futebol
alternativo; Recuero (2009) é utilizada para demonstrar que as redes sociais possuem um
papel importante para reunir em um mesmo espaço, o virtual, pessoas com o mesmo interesse.
Dahlberg (1978), De Holanda (2009), Serrano (2008) e Riboldi (2008) são referenciados em
momentos específicos, pelo uso de alguns termos que os autores trabalham.
Em jornalismo especializado são utilizados Beltrão (2006), Pena (2005) e
Erbolato (1991) se encontram na discussão sobre o que é jornalismo e notícia, como algo para
todos. Autores como Tavares (2007), Óbregon (1997) e Meditsch (1997) também contribuem
nesse tópico, mas são mais bem utilizados para basear o Jornalismo Especializado, com a
história e as características deste tipo de jornalismo, ao lado Salazar Herrera (2003),
Fontcuberta (1993), Lage (2006) e Tavares (2009). Abiahy (2000) e Carvalho (2007) são
utilizadas no segundo e terceiro tópico, este que discute a diferença entre segmentação e
especialização, junto a Rovida (2010), que trabalha com a ideia de jornalismo segmentado.
O jornalismo esportivo terá como base, Barbeiro e Rangel (2012), Coelho
(2014) e Unzelte (2009). Os autores possuem semelhanças em suas obras, como a discussão
da postura e a visão que se tem do jornalista esportivo, o modo de se fazer o texto, a questão
ética, a relação com o entretenimento e o jornalismo esportivo como negócio. Ainda, como
formas de sustentação serão utilizadas, Silva (2009) e Rangel (2008) que relacionam o
jornalismo esportivo e o entretenimento, ainda que a segunda citada também trabalhe com o
termo “Futebol Midiático” e a espetacularização do futebol e Pérez (2009) que cita que a área
esportiva talvez seja o primeiro tipo de jornalismo especializado.
O conceito de jornalismo de revista é desenvolvido em quatro tópicos. O
primeiro foca-se nas características da mídia revista, como a periodicidade, público, formato e
o texto em profundidade, base encontrada em Scalzo (2013), Nascimento (2002), Benetti
(2013), Vilas Boas (1996) e Bahia (2009). Os gêneros jornalísticos são discutidos no
subcapítulo seguinte, com base no jornalismo informativo, opinativo e interpretativo, que tem
16
como autores pesquisados: Cordenonssi e Marques de Melo (2008), Erbolato (1991),
Figueiredo (2003), Lage (2006), Marques de Melo (2003) e Sousa (2001). O terceiro tópico
demonstra o mercado editorial de revistas esportivas, que tem como base Mira (1997) e os
acima citados, Abiahy (2000), Scalzo (2013) e Unzelte (2009). A revista especializada será
pensada para o meio digital e desta forma é necessário discutir o conceito de revista digital,
quarto tópico, que tem como bibliografia, Horie e Pluvinage (2012), que apresentam a história
e característica da revista digital; Lévy (1996), que discute a ideia da virtualidade do texto e
como a tela de um dispositivo digital muda a relação leitor e texto; Ferrari (2010) apresenta o
conceito de jornalismo digital e novamente, Scalzo (2013) é citada para demonstrar o que a
revista é independente do meio que a comporta.
Outra forma de referência será a coletada em sites. Nesse ponto, que entra
como segundo método, a pesquisa documental, que “vale-se de materiais que não recebem
ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos
da pesquisa” (GIL, 2002, p. 45). Textos de internet podem ser refeitos a qualquer momento,
mas a pesquisa documental garante ao pesquisador uma “fonte rica e estável” (GIL, 2002, p.
46), o que traz a possibilidade do projeto ter uma natureza histórica. Caso se perca no tempo,
haverá meios de se pesquisar tal assunto. Também por isso, as referências em sites, trazem
consigo o endereço da página e a data de acesso, o que assegura a estabilidade tanto da
pesquisa, como a do pesquisador.
Este método será utilizado para referenciar os sites/blogs Jogos Perdidos,
Última Divisão, FATV, Plano Tático e a Comunidade Futebol Alternativo do Orkut, que
serão encontradas no capítulo sobre futebol alternativo. A pesquisa documental é utilizada
também para embasar as características das revistas Placar e Trivela.
A entrevista será utilizada como uma das técnicas da pesquisa em dois
momentos. Para dar base a esse referencial, será utilizado o capítulo 13 do livro Pesquisa
Social: métodos e técnicas (2012), de Roberto Jarry Richardson. Com base neste capítulo,
viu-se que a entrevista utilizada nesta pesquisa será a não estruturada, que segundo o autor,
“procura saber que, como e por que algo ocorre, em lugar de determinar a frequência de certas
ocorrências, nas quais o pesquisador acredita” (RICHARDSON, 2012, p. 208). Durante o
desenvolvimento do texto, Richardson aponta os objetivos desse tipo de entrevista e definiu-
se que a utilizada será a de pesquisas, que segundo autor se caracteriza por: “1. Obter
informações do entrevistado, seja de fato que ele conhece, seja de seu comportamento. 2.
Conhecer a opinião do entrevistado, explorar suas atividades e motivações. 3. Mudar opiniões
ou atitudes, modificar comportamentos” (RICHARDSON, 2012, p. 209). As entrevistas
17
foram feitas por questões enviadas em arquivo, via anexo do e-mail ou inbox de rede social,
pois seria inviável a realização presencial, devido as distâncias de localização de residência
entre entrevistador e entrevistados.
Nos dois momentos que as entrevistas serão utilizadas, a técnica terá uma
diferença. Enquanto as entrevistas realizadas com pessoas ligadas ao futebol alternativo, serão
dirigidas, a entrevista sobre a etimologia da palavra “alternativo”, será não diretiva. A
dirigida consiste em dar liberdade ao entrevistado, “a partir de perguntas precisas, pré-
formuladas e com uma ordem pré-estabelecida” (RICHARDSON, 2012, p. 210), o que vai de
encontro com o modelo pensado para essa pesquisa com seis perguntas18
relacionadas ao
futebol alternativo.
Os entrevistados sobre futebol alternativo foram escolhidos a partir de duas
variáveis: ter sido membro da comunidade do Orkut Futebol Alternativo ou trabalhar com o
futebol alternativo em algum tipo de mídia. Uma das fontes é o criador da comunidade no
Orkut, outros dois são contemporâneos de comunidade, sendo que um deles tem formação em
comunicação e o segundo, em história. Seis entrevistados possuem formação em comunicação
e trabalham com o futebol alternativo, seja em mídia independente ou não. Desta forma, são
nove entrevistados19
:
A. Daniel Paes Cuter é membro da comunidade Futebol
Alternativo desde 2005 e foi escolhido para ser entrevistado para
mostrar um olhar de um interessado pelo assunto, mas que não tenha
formação superior em comunicação, como no caso dos outros
entrevistados. Cuter é graduado em História pelo Centro Universitário
FIEO - Fundação Instituto de Ensino para Osasco (2011).
B. Emanuel Colombari é mestrando em Comunicação e graduado
em Jornalismo (2008), ambas pela Faculdade Cásper Líbero. É um dos
fundadores do formato atual do site Última Divisão e escreve
atualmente, também, para o site Uol. É membro da comunidade/grupo
Futebol Alternativo desde 2006.
18
As entrevistas se encontram disponíveis nos anexos deste trabalho. 19
Os nomes dos entrevistados serão destacados em negrito. A apresentação deles será repetida, por meio de nota
de rodapé, quando for referenciado pela primeira vez durante o desenvolvimento da base teórica, incluindo data
e por qual canal foi feita a entrevista.
18
C. Fernando Martinez é um dos fundadores do blog Jogos
Perdidos. É jornalista. É fotojornalista da Gazeta Press. É integrante
da comunidade Futebol Alternativo desde 2004.
D. Gustavo Hofman é graduado em jornalismo pela PUC
Campinas (2002) e possui Pós-graduação em Comunicação e
Marketing pela Faculdade Cásper Líbero (2004). É comentarista e
blogueiro dos canais ESPN Brasil. Autor do livro Quando o futebol
não é apenas um jogo (2014) e é produtor da série de reportagens
Futebol Alternativo do canal fechado ESPN Brasil. Foi membro da
comunidade Futebol Alternativo no Orkut, mas não se recorda com
exatidão do ano de entrada.
E. Julio Simões é um dos fundadores do formato atual do site
Última Divisão. Possui pós-graduação em Jornalismo Literário pela
Academia Brasileira de Jornalismo Literário (2010) e graduação em
Jornalismo (2008) pela Faculdade Cásper Líbero. É membro da
comunidade Futebol Alternativo desde que era hospedada no Orkut,
porém não se recorda do ano de entrada.
F. Leonardo Bertozzi é membro da comunidade Futebol
Alternativo desde os primeiros momentos do grupo, em 2004. É
graduado em Jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte
- UniBH (2002). É comentarista e blogueiro dos canais ESPN Brasil.
G. Leonardo Bonassoli foi o fundador da comunidade Futebol
Alternativo no Orkut e atualmente é um dos administradores do grupo
no Facebook. Possui especialização em Comunicação Esportiva pela
Pontíficia Universidade Católica do Paraná (2009) e bacharelado em
Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela
Universidade Federal do Paraná (2006). Atualmente escreve para o
blog de sua autoria, Futebol Metrópole e contribui também com o blog
Amenidades.
19
H. Matheus Cruz Laboissière é fundador do blog Plano Tático,
colunista do site Trivela e blogueiro do ESPN FC. Possui graduação
em Jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte - UNIBH
(2009).
I. Sérgio Oliveira possui graduação em Rádio e Televisão pela
Universidade Anhembi Morumbi (2004) e em Jornalismo pela
Faculdade Cásper Líbero (2008). É coordenador geral da ALLTV, TV
online onde apresenta o programa semanal FATV (Futebol
Alternativo TV). É membro da comunidade Futebol Alternativo desde
o final de 2005 e atualmente, é um dos administradores do grupo no
Facebook.
A entrevista não dirigida “permite ao entrevistado desenvolver suas
opiniões e informações da maneira que ele estimar conveniente” (RICHARDSON, 2012, p.
210), já que essa não precisa de uma sequência de perguntas e sendo assim, pode ser
contextualizada. A intenção da entrevista é deixar o entrevistado livre para desenvolver a
resposta, que será utilizada para abordar a etimologia da palavra “alternativo”, que
primeiramente foi procurada por meio de pesquisas para conceituar o termo, mas decidiu-se
pela entrevista para debater o assunto, já que não se encontrou texto científico sobre o
assunto. O entrevistado20
se trata de:
A. Aldo Bizzocchi é Bacharel em Linguística pela Universidade de
São Paulo (1987), doutor em Semiótica e Linguística Geral pela
Universidade de São Paulo (1994), com pós-doutorado em Linguística
pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2010), membro do
Grupo de Pesquisa em Semiótica, Leitura e Produção de Textos
(SELEPROT), do Grupo de Pesquisa Morfologia Histórica do
Português (GMHP) e do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Etimologia e
História da Língua Portuguesa (NEHiLP).
20
Idem nota anterior.
20
A segunda técnica a ser utilizada nesta pesquisa é a análise documental,
como forma de ver como estão sendo feito processos semelhantes ao desta pesquisa. A análise
documental pode ser utilizada, como método ou técnica.
Conforme explica a própria designação, a análise documental compreende a
identificação, a verificação e a apreciação de documentos para determinado
fim. No campo da pesquisa científica é, ao mesmo tempo, método e técnica.
[...] Técnica porque é um recurso que complementa outras formas de
obtenção de dados, como a entrevista e o questionário (MOREIRA, 2005, p.
271-272).
As fontes de análise documental são geralmente secundárias, por se tratarem
de dados já existentes. “A opção por este tipo de análise indica que o pesquisador possui
intuição ou informação suficiente para guiá-lo na consulta a determinadas bases documentais”
(MOREIRA, 2005, p. 274). Serve para contextualizar fatos e tem “como objetivo descrever e
representar os documentos de maneira unificada e sistemática” (MOREIRA, 2005, p. 276).
Nesta pesquisa, a análise terá como objeto, a história e característica das revistas Placar e
Trivela, com foco em propostas destes periódicos que possam ser pensadas para o projeto
editorial deste trabalho. Toda essa construção é desenvolvida para dar sustentação teórica a
pesquisa, para que seja capaz de relacionar a teoria com a prática, atingir os objetivos e
solucionar o problema de pesquisa proposto.
21
3 FUTEBOL ALTERNATIVO
Para uma melhor discussão do assunto, esta pesquisa reúne informações do
futebol da Inglaterra, por ser o local onde o futebol como jogado atualmente foi criado e o
Brasil, por ser o país onde esta pesquisa está sendo realizada. O que se busca é o
desenvolvimento do conceito do que é futebol alternativo, a partir da experiência do autor
desta pesquisa, pois o interesse existe, mesmo sem referências científicas sobre o assunto.
Assim sair do senso comum para o conhecimento científico.
Neste capítulo, a abordagem se dará inicialmente pelo contexto do futebol,
desde a criação na Inglaterra até as competições mais importantes do esporte, para daí sim,
contextualizar o que é futebol alternativo, por meio de entrevistas, relações com a mídia e a
etimologia. O capítulo, também, irá abordar os locais de informações sobre futebol
alternativo.
A pesquisa é desenvolvida no Brasil, por isso o conceito de futebol
alternativo será elaborado a partir do contexto do pesquisador, levando em consideração a
cidade, estado e país que reside. Mesmo assim, se busca um desenvolvimento onde seja
possível que futuros leitores de outras localidades do Brasil possam utilizar este estudo para
futuros trabalhos. Não é possível pensar o termo fora do país, pois por meio da metodologia
foi visto que há pontos que fazem crer que o futebol alternativo como conceito seja algo
brasileiro21
.
3.1 O contexto
O futebol como desporto começou a ser praticado na Inglaterra, onde o
esporte ganhou regras, como se assemelha, atualmente (GALEANO, 2010). O Sheffield FC
foi o primeiro clube fundado na história do futebol mundial. A equipe foi criada em 1857, na
cidade de mesmo nome. Apesar disso, o clube não disputou a primeira competição de clubes
do mundo, a FA Cup22
1871/72 que contou com a participação de 15 clubes23
. A disputa teve
cinco fases eliminatórias, com partidas realizadas em jogo único. A competição contou com
21
Será demonstrado no decorrer deste capítulo. 22
No Brasil, também chamada de Copa da Inglaterra. A competição é disputada em formato eliminatório, com
jogo único, caso tenha vencedor na primeira partida ou em dois jogos, caso a primeira partida termine empatada.
A FA Cup 2015/16, edição em andamento durante a realização desta pesquisa, conta com 736 equipes. 23
Barnes, Civil Service, Clapham Rovers, Crystal Palace, Hampstead Heathens, Harrow Chequers, Hitchin,
Maidenhead, Marlow, Royal Engineers, Reigate Priory, Upton Park, Wanderers (da Inglaterra), Donington
School e Queen's Park (da Escócia).
22
equipes que desistiram antes e no decorrer do campeonato. Na final, o Wanderers24
venceu o
Royal Engineers25
por 1 a 0 e garantiu o título.
No Brasil, o clube mais antigo da história em atividade é o Sport Club Rio
Grande, da cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, que foi registrado em 19 de julho de
1900. Somente em 1902, o primeiro campeonato foi disputado, com a criação do Campeonato
Paulista, organizado pela Liga Paulista de Foot-Ball, que contou com cinco equipes26
. A
competição foi disputada no sistema de pontos corridos e em dois turnos. Ao final, o São
Paulo Athletic27
foi o clube que mais pontuou e conquistou o título (AQUINO, 2002).
Na FA Cup 1871/72, entre as equipes que disputaram, o Upton Park28
foi o
que sofreu a maior derrota na primeira fase: 3 a 0. No Campeonato Paulista de 1902, o
Internacional29
ficou no último lugar entre os cinco clubes. Possivelmente, estes clubes não
foram lembrados ao fim da competição, o que é compreensível, mas também, não é possível
afirmar que não tenha havido ninguém se interessado pelas piores equipes destes
campeonatos.
O futebol se popularizou (AQUINO, 2002) e ligas estaduais (no Brasil),
nacionais, continentais e mundiais foram criadas. Entre as competições, a Copa do Mundo30
e
a UEFA Champions League31
são exemplos de competições com números altos, seja
econômico ou de visibilidade. Segundo balanço financeiro da FIFA, a Copa do Mundo de
201432
rendeu o maior faturamento da história da competição. Entre 2011 e 2014, a entidade
24
O Wanderers Football Club foi fundado em 1859 na cidade de Wandsworth, distrito de Londres. A equipe foi
criada como Forest Football Club, mas um ano depois mudou de nome. A equipe possui cinco títulos da FA
Cup: 1872, 1873, 1876, 1877, 1878. Em 1887, a equipe foi extinta. Em 2009, um grupo de descendentes do
distrito decidiram refundar a equipe, que atualmente disputa a Surrey South Eastern Combination, equivalente a
12ª divisão inglesa. 25
O Royal Engineers Association Football Club foi fundado em 1863 por engenheiros do Exército Britânico. A
equipe possui apenas um título na história, a FA Cup de 1875. 26
São Paulo Athletic, Paulistano, Mackenzie, Internacional e Germânia 27
O São Paulo Ahtletic Club foi fundado por membros da comunidade britânica de São Paulo, em 1888, como
forma de praticar o críquete e ser um local de lazer para os familiares. O futebol chegou no clube por meio de
Charles Miller, que em 1895 organizou a primeira partida do clube. A equipe foi campeã paulista em 1902,
1903, 1904 e 1911. Atualmente, a equipe não disputa competições profissionais. 28
O Upton Park Football Club foi um clube de Londres que ficou em atividade entre 1866 e 1887 e 1891 e 1911.
O clube não conquistou títulos em sua história. O maior feito foi ter representado a Grã-Bretanha nas Olimpíadas
de 1900, quando conquistou a medalha de ouro. 29
O Sport Club Internacional foi fundado em 1899, na cidade de São Paulo (SP), por um grupo de jovens de
diferentes nacionalidades que desejavam praticar futebol e por esse cenário, o nome Internacional foi escolhido.
A equipe conquistou dois títulos em sua história, o Campeonato Paulista de 1907 e 1928. Em 1933, após várias
propostas se fundiu com o Antárctica Futebol Clube, assim criando o Clube Atlético Paulista. 30
Ainda que seleções menores possam participar da competição, mas isso será discutido adiante. 31
Idem nota acima. 32
Última edição da competição realizada até a finalização desta pesquisa.
23
lucrou US$ 5,7 bilhões, que equivale no câmbio da época a R$ 18,6 bilhões33
. Em números de
audiência, cerca de um bilhão de espectadores assistiram o jogo final da edição34
. Entre as
competições de clubes, a UEFA Champions League reúne os campeões nacionais da Europa.
Segundo levantamento da revista Forbes, em maio de 2015, os vinte clubes mais ricos do
mundo estão no continente europeu35
.
O futebol, porém, tem muito mais clubes do que aqueles que disputam a
UEFA Champions League. A Inglaterra, por exemplo, tem sete mil clubes divididos em 24
divisões, com 480 campeonatos, em 140 ligas nacionais ou regionais36
. A primeira divisão do
futebol da Inglaterra é chamada de Premier League, que conta com 20 clubes37
. Os direitos de
transmissão da liga têm o valor mais alto entre os campeonatos de futebol do mundo38
,
segundo acordo feito para as temporadas entre 2016 e 201939
.
No Brasil, em 2015, foram 630 clubes ativos, divididos em 59 campeonatos
estaduais, organizados por 27 federações estaduais40
. O Campeonato Brasileiro da Série A ou
Brasileirão41
é a competição nacional que reúne os 20 clubes melhor divisionados do país. De
acordo com levantamento do núcleo de pesquisa Máquina do Esporte42
, as equipes que fazem
parte da competição recebem cerca de 500 milhões de reais em patrocínio43
.
Do universo de 7.630 clubes exemplificados, 40 clubes participam de uma
chamada primeira divisão. E os outros clubes?44
É nesse contexto que se insere o futebol
alternativo.
33
Mais lucrativa da história, Copa do Mundo de 2014 gera R$ 18 bilhões para a Fifa. Dinheiro em Jogo, 20
mar. 2015. Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/dinheiro-em-jogo/post/mais-
lucrativa-da-historia-copa-do-mundo-de-2014-gera-r-18-bilhoes-para-fifa.html>. Acesso em: 01 jun. 2015. 34
Final da Copa do Mundo foi vista por mais de um bilhão de pessoas. Estadão, 23 set. 2014.
<http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,final-da-copa-do-mundo-foi-vista-por-mais-de-um-bilhao-de-
pessoas,1564835>. Acesso em: 01 jun. 2015. 35
Real Madrid Tops Ranking Of The World's Most Valuable Soccer Teams. Forbes, 6 mai. 2015. Disponível
em: <http://www.forbes.com/sites/mikeozanian/2015/05/06/real-madrid-tops-ranking-of-the-worlds-most-
valuable-soccer-teams/>. Acesso em: 02 jun. 2015. 36
Conheça a pirâmide do futebol inglês. Verminosos por Futebol, 11 fev. 2015. Disponível em:
<http://www.verminososporfutebol.com.br/deu-no-jornal/jornal-ingles-foca-em-times-pequenos/>. Acesso em:
13 fev. 2015. 37
Ainda que equipes menores possam participar da competição, mas isso será discutido adiante. 38
Até o término desta pesquisa. 39
Direitos de TV da Premier League crescem mais, mas isso não é necessariamente uma boa notícia. Trivela, 10
fev. 2015. Disponível em: <http://trivela.uol.com.br/direitos-de-tv-da-premier-league-crescem-mais-mas-isso-
nao-e-necessariamente-uma-boa-noticia/>. Acesso em: 02 jun. 2015. 40
Conforme Anexo K. 41
Ainda que equipes menores possam participar da competição, mas isso será discutido adiante. 42
Brasileirão começa com quase meio bilhão de reais em patrocínios. Máquina do Esporte, 8 mai. 2015.
Disponível em: <http://maquinadoesporte.uol.com.br/artigo/brasileirao-comeca-com-quase-meio-bilhao-de-
reais-em-patrocinios_28286.html>. Acesso em: 02 jun. 2015. 43
Até o término desta pesquisa. 44
Lembrando que esses números representam um recorte do futebol no todo. O futebol alternativo não é só
focado no Brasil e Inglaterra.
24
O mundo do futebol não é feito apenas de Liga dos Campeões, salários
milionários e histórias cheias de glamour e fama. Ele é, acima de tudo,
composto por histórias de superação, curiosidades e fatos históricos que
mostram como o jogo, muitas vezes, é apenas um detalhe. Em diversos
casos, e em determinados momentos, o detalhe mais importante da vida
(HOFMAN, 2014, p. 11).
Para início de argumentação, o futebol alternativo pode ser definido como o
interesse por campeonatos de divisões inferiores, campeonatos de regiões sem tradição e
clubes pequenos. Aquilo que a grande mídia não mostra ou mostra em menor escala. O
interesse por acompanhar seja presencial ou virtualmente tais eventos futebolísticos.
Muitas pessoas gostam apenas de assistir partidas espetaculares, com um
nível de jogo altíssimo. Valorizam demais os principais times e torneios.
Assim, menosprezam competições menores ou de países que não têm
tradição na modalidade ou mesmo público. Deixam de conhecer histórias
sensacionais (HOFMAN, 2014, p. 11).
Segundo estudo sociológico de Frazier e Snyder (1991) há uma razão para
que em tais eventos esportivos, os espectadores torçam pelo “azarão”. Os autores trabalham
com o conceito de underdog45
e revelam que existem características sociais para tal
ocorrência.
[...] o apoio a uma equipe inferior (underdog), como o jogo de esportes,
fornece uma forma de "ação" (um jogo dentro do jogo) que satisfaz uma
busca de excitação sobre o resultado do concurso. Na verdade, essa
semelhança entre o jogo e o fenômeno underdog é digno de uma análise
adicional46
(FRAZIER; SNYDER, 1991, p. 386, tradução livre).
O modo que se vê um confronto onde se tenha um azarão também define tal
predileção, seja presencialmente, no local do evento, ou virtualmente, por meio de uma mídia.
“Pode ser que as preferências dos espectadores sejam afetadas por pagar a entrada de um jogo
ou juntando-se a uma multidão de partidários. Por outro lado, a experiência de assistir ao jogo
45
Pessoa, equipe, time, etc que é inferior aos demais. Todos esperam fracassar em algo que vai fazer, e por isso,
na maioria das vezes é tratado mal e desconsiderado. 46
Texto original: “[…] that supporting the underdog, like sports gambling, provides a form of "action" (a game
within the game) that satisfies a quest for excitement regarding the outcome of the contest. Indeed, this similarity
between gambling and the underdog phenomenon is worthy of additional analysis” (FRAZIER; SNYDER, 1991,
p. 386).
25
na televisão ou ouvir no rádio pode ser afetada pelas preferências e lealdades de locutores47
”
(FRAZIER; SNYDER, 1991, p. 386, tradução livre).
A questão do contexto para ser um underdog é trabalhada pelos autores. A
cultura do local onde se vive é analisada, porém não é possível afirmar, segundo Frazier e
Snyder, que tal evento ocorra em todos os lugares, devido aos diferentes modos de vida.
[...] apoiar o underdog parece ter alguma legitimidade a partir do valor do
patrimônio ocidental. Assim, o manto de "herói atlético" é muitas vezes
atribuído àqueles que vencerem as chances para alcançar seu objetivo. No
entanto, não sabemos se esta tendência é evidente em muitas culturas
diferentes. Talvez o suporte para o oprimido seja um reflexo da ideologia
meritocrática que qualquer um pode fazê-lo se esforçar o suficiente48
(FRAZIER; SNYDER, 1991, p. 387, tradução livre).
É preciso esclarecer que ser um interessado pelo futebol alternativo não é
um sinônimo de underdog. O estudo de Frazier e Snyder demonstra a razão de se torcer pelo
azarão em determinados eventos. Entretanto, um confronto pode ser disputado por duas
equipes que não se englobam no futebol alternativo e mesmo assim, pode haver um azarão.
No caso do futebol alternativo, nessa relação, a predileção pelo azarão, ao invés de ocorrer em
eventos específicos, é contínua, pois os interessados pelo assunto têm uma cultura de
acompanhar tais clubes e campeonatos.
Para prosseguir o desenvolvimento do conceito, faz-se necessário, explicar
de onde advém o termo alternativo, que segundo Aldo Bizzocchi49
(2015) tem a seguinte
concepção:
O significado original da palavra está ligado à ideia de alternância, troca
(entre dois). Daí o substantivo "alternativa" no sentido de opção. Agora, o
sentido de "alternativo" como algo que foge ao padrão, que é cultuado por
uma minoria (por exemplo, música alternativa, cinema alternativo, futebol
alternativo) [...] é exclusivo do português e de introdução bem recente
47
Texto original: “It may be that spectators' preferences are affected by paying admission or by joining a crowd
of partisans. On the other hand, the experience of watching the game on television or listening to it on the radio
may be affected by the preferences and allegiances of announcers” (FRAZIER; SNYDER, 1991, p. 386). 48
Texto original: “[…] to support the underdog seems to have some legitimation from the western value of
equity. Thus the mantle of "athletic hero" is often accorded those who overcome the odds of achieving their goal.
However, we do not know whether this tendency is evident across many different cultures. Perhaps the support
for the underdog is a reflection of the meritocratic ideology that anyone can make it to the top if they try hard
enough” (FRAZIER; SNYDER, 1991, p. 386). 49
Em entrevista concedida, por meio de questão enviada por e-mail. Data de envio realizada no dia 8 de abril de
2015 e recebimento no mesmo dia. Aldo Bizzocchi é Bacharel em Linguística pela Universidade de São Paulo
(1987), doutor em Semiótica e Linguística Geral pela Universidade de São Paulo (1994), com pós-doutorado em
Linguística pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2010), membro do Grupo de Pesquisa em Semiótica,
Leitura e Produção de Textos (SELEPROT), do Grupo de Pesquisa Morfologia Histórica do Português (GMHP)
e do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Etimologia e História da Língua Portuguesa (NEHiLP).
26
(década de 60 para cá). Para [...] ter uma ideia, música alternativa em inglês
é indie music.
Ao se juntar os termos “futebol” e “alternativo”, podemos considerar esse
interesse como um contraponto do futebol, que ocupa parte dos noticiários midiáticos. Dessa
maneira, o futebol alternativo pode ter os mesmos objetivos, como por exemplo, dos
conceitos de rock alternativo e jornalismo alternativo, que consistem em fazer ou acompanhar
tal prática sem a presença da grande mídia.
3.2 O histórico
O pesquisador deste estudo conheceu o termo futebol alternativo de forma
espontânea, por meio de sites que mostram um outro lado do futebol. Antes mesmo de utilizar
o termo, o interesse existia. Essa situação, também, foi encontrada entre os entrevistados desta
pesquisa50
e possivelmente, em outros adeptos, também se encontraria. "Jogos alternativos, ou
no caso, 'jogos perdidos', sempre foram meu foco, desde que me conheço, por gente"
(MARTINEZ51
, 2015). O que mostra que o interesse não pode ser datado, mas o termo, sim.
Em 29 de abril de 2004, o jornalista Leonardo Bonassoli52
criou a
comunidade Futebol Alternativo, na rede social Orkut, que pode ser considerada um marco
deste termo. Em uma pesquisa no Google53
, se colocarmos o termo “futebol alternativo” na
área de busca e utilizar a ferramenta “Intervalo Personalizado” para delimitar o período entre
4 de setembro de 1998 e 28 de abril de 200454
é possível perceber que as palavras “futebol” e
“alternativo” não aparecem juntas. Caso essa busca seja feita entre 4 de setembro de 1998 e
50
As entrevistas serão utilizadas como citações deste capítulo, para trazer a experiência destes sobre o conceito
de futebol alternativo. As perguntas e respostas da entrevista estão disponíveis nos anexos desta pesquisa. 51
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas via caixa de entrada da rede social Facebook. Data de
envio realizada no dia 31 de maio de 2015 e recebimento em 9 de junho de 2015. Fernando Martinez é um dos
fundadores do blog Jogos Perdidos. É jornalista. É fotojornalista da Gazeta Press. É integrante da comunidade
Futebol Alternativo desde 2004. 52
Leonardo Bonassoli foi o fundador da comunidade Futebol Alternativo no Orkut e atualmente é um dos
administradores do grupo no Facebook. Possui especialização em Comunicação Esportiva pela Pontíficia
Universidade Católica do Paraná (2009) e bacharelado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo
pela Universidade Federal do Paraná (2006). Atualmente escreve para o blog de sua autoria, Futebol Metrópole e
contribui também com o blog Amenidades. Bonassoli concedeu entrevista, por meio de questões enviadas por e-
mail. Data de envio e recebimento realizada no dia 27 de janeiro de 2015. 53
Disponível em:
<https://www.google.com.br/search?q=futebol+alternativo&biw=1366&bih=643&source=lnt&tbs=cdr%3A1%2
Ccd_min%3A04%2F09%2F1998%2Ccd_max%3A28%2F04%2F2004&tbm=#q=futebol+alternativo&tbs=cdr:1
,cd_min:04/09/1998,cd_max:28/04/2004&start=0>. Acesso em: 7 ago. 2015. 54
Esse período foi delimitado, pois em 4 de setembro de 1998, o Google foi fundado e o dia 28 de abril de 2004
é o dia anterior a criação da comunidade.
27
29 de abril de 2004, data da criação da comunidade, o primeiro resultado da busca55
será o
endereço da comunidade Futebol Alternativo no Orkut. Desta forma, podemos considerar que
o termo, pelo menos, na internet foi visto primeiramente a partir da criação da comunidade.
Segundo Leonardo Bonassoli (2015), o termo surgiu de tal maneira:
Já me interessava pelo assunto. Digamos que forjei o tema. Nas conversas de
faculdade [...], se usava muito o termo "isso é muito alternativo" para
algumas coisas obscuras, como jogadores de passagens esquecíveis por
vários clubes, contratações inusitadas e tal. Juntar e forjar o tema foi questão
de tempo. E acabou pegando.
Dessa forma, podemos acreditar que o termo futebol alternativo seja algo
brasileiro, pois a palavra “alternativo”, segundo Bizzocchi (2015) é usado restritamente neste
país e que não há uma data exata para a inserção deste termo na língua brasileira. “[...] a
inexistência dessa acepção em outras línguas, bem como em dicionários de português mais
antigos nos dão a convicção de que se trata de um uso estritamente brasileiro e recente”.
A criação da comunidade no Orkut fez com que várias pessoas que tinham
um interesse em comum, se reunissem em um mesmo local, mesmo que virtual e muitos
conheceram o termo futebol alternativo, a partir desse momento.
[...] acho que o termo é algo brasileiro, nunca vi equivalente no exterior,
embora gente interessada em jogador bizarro, em campeonato obscuro, em
histórias perdidas exista em todo canto. Em todo caso, vale dizer que passei
a me interessar sobre o assunto a partir da comunidade FA56
no [...] Orkut.
Não tenho certeza, mas acho que antes da comunidade eu mal sabia que
existia gente que também gostava do lado B do futebol, que geralmente é
muito rico em histórias, algo de que gosto bastante (SIMÕES57
, 2015).
A descrição da comunidade58
demonstra qual o assunto que prevalece nas
discussões: “Times obscuros, jogadores obscuros, histórias obscuras do futebol. Figuras
bizarras, histórias de arquibancada, etc, etc e tal” (FUTEBOL ALTERNATIVO, 2004, s/p).
Segundo Leonardo Bonassoli (2015), a criação da comunidade aproveitou o momento que o
55
Disponível em:
<https://www.google.com.br/search?q=futebol+alternativo&biw=1366&bih=643&source=lnt&tbs=cdr%3A1%2
Ccd_min%3A04%2F09%2F1998%2Ccd_max%3A29%2F04%2F2004&tbm= >. Acesso em: 7 ago. 2015. 56
Sigla utilizada pelos membros, para referenciar a comunidade Futebol Alternativo. 57
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas por e-mail. Data de envio realizada no dia 30 de maio
de 2015 e recebimento em 8 de junho de 2015. Julio Simões é um dos fundadores do formato atual do site
Última Divisão. Possui pós-graduação em Jornalismo Literário pela Academia Brasileira de Jornalismo Literário
(2010) e graduação em Jornalismo (2008) pela Faculdade Cásper Líbero. É membro da comunidade Futebol
Alternativo desde que era hospedada no Orkut, porém não se recorda do ano de entrada. 58
A descrição também é utilizada nas outras redes sociais.
28
Orkut vivia. “Criei porque achei que poderia ter espaço numa plataforma que estava
nascendo. Existiam basicamente comunidades genéricas. E curiosamente, ela foi pegando aos
poucos, muito graças ao antigo sistema do Orkut que associava automaticamente
comunidades”. Segundo Bertozzi59
(2015), a comunidade foi importante sobre vários
aspectos.
O grande mérito das redes sociais, e do Orkut em particular, foi aproximar
pessoas de interesses comuns e enriquecer as discussões. Muitas histórias
que eu desconhecia vinham à tona graças aos companheiros da FA. Além
disso, a comunidade criou grandes grupos de amigos.
Essa reunião possibilitou uma interação maior, ao perceber, que havia
interessados em diferentes localidades. De acordo com Recuero (2009, p. 133) uma “das
primeiras mudanças importantes detectadas pela comunicação mediada por computador nas
relações sociais é a transformação da noção de localidade geográfica das relações sociais”.
Sobre essa aproximação, Martinez (2015) cita que: “[...] é fato que a comunidade concentrou
todo mundo no mesmo espaço. Isso foi muito bom, pois descobri que existiam pessoas com o
mesmo gosto em todos os cantos”. Dessa forma:
[...] é preciso compreender que estudar redes sociais na Internet é estudar
uma possível rede social que exista na vida concreta de um indivíduo, que
apenas utiliza a comunicação mediada por computador para manter ou criar
novos laços. Não se pode reduzir a interação unicamente ao ciberespaço, ou
ao meio de interação. A comunicação mediada por computador corresponde
a uma forma prática e muito utilizada para estabelecer laços sociais, mas isso
não quer dizer necessariamente que tais laços sejam unicamente mantidos no
ciberespaço (RECUERO, 2009, p. 143-144).
A comunidade no Orkut foi encerrada no dia 30 de setembro de 2014, com
cerca de 7.400 membros, pois a rede social encerrou as atividades60
. A comunidade segue em
três plataformas, no Facebook, no VK e no Ericko. Em 30 de novembro de 2012, a
comunidade ganhou uma versão no Facebook61
, que até o dia 11 de dezembro de 2015
59
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas por e-mail. Data de envio realizada no dia 30 de
janeiro de 2015 e recebimento em 18 de fevereiro de 2015.Leonardo Bertozzi é membro da comunidade Futebol
Alternativo desde os primeiros momentos do grupo, em 2004. É graduado em Jornalismo pelo Centro
Universitário de Belo Horizonte - UniBH (2002). É comentarista e blogueiro dos canais ESPN Brasil. 60
Google encerra Orkut nesta terça; rede terá "museu online" de comunidades. Uol, 30 set. 2014. Disponível em:
<http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/09/30/google-encerra-orkut-hoje-rede-tera-repositorio-de-
comunidades-publicas.htm>. Acesso em: 9 ago. 2015. 61
Disponível em: <https://www.facebook.com/groups/futebol.alternativo/>.
29
contava com 3.629 membros. Na VK62
, a comunidade contava com 584 pessoas até 11 de
dezembro de 2015. Na rede social, Ericko63
, a comunidade foi criada durante o processo de
encerramento das atividades do Orkut. Essas mudanças mesmo que forçadas fazem com que o
grupo de interessados continuem se relacionando e trocando informações de interesse comum.
[...] as interações através do computador estão possibilitando o surgimento
de grupos sociais na Internet, com características comunitárias. Esses grupos
seriam construídos por uma nova forma de sociabilidade, decorrente da
interação mediada pelo computador, capaz de gerar laços sociais
(RECUERO, 2009, p. 136).
A comunidade ou grupo (no caso do Facebook) reúne um diversificado
número de pessoas de determinadas regiões, que com o interesse comum de se informar sobre
o outro lado do futebol publicam coisas relacionadas ao que acompanha, tendo em vista, que o
futebol alternativo abarca vários clubes, campeonatos e jogadores. “Estar na FA me fez olhar
mais definido para esse viés diferente que eu tinha de futebol. [...] Talvez a FA fosse um
reflexo de um cenário maior, que já apresentasse espaços para veiculação de informação”
(COLOMBARI64
, 2005), o que será apresentado adiante neste capítulo.
3.2.1 O termo no meio acadêmico
Uma das justificativas deste trabalho é a possibilidade de oferecer referência
para futuros trabalhos, que tenham a mesma temática deste, pois este conceito não é foco de
tratamento científico. Para demonstrar isso, o pesquisador realizou uma busca no Google
Scholar65
, como exemplo. O único trabalho encontrado com “futebol alternativo” escrito junto
trata-se de uma análise das interações na comunidade Futebol Alternativo Off Topics66
, uma
extensão da comunidade Futebol Alternativo no Orkut. Para contextualizar a pesquisa,
Serrano (2008, p. 4), autor da análise, cita que o objetivo da comunidade Futebol Alternativo
“é a discussão sobre futebol e equipes de futebol da segunda divisão para baixo”.
62
Disponível em: <http://vk.com/falternativo>. 63
Disponível em: <http://72.14.179.138/index.php?p=/categories/fa>. 64
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas via caixa de entrada do Facebook. Data de envio
realizada no dia 30 de maio de 2015 e recebimento em 3 de junho de 2015. Emanuel Colombari é mestrando em
Comunicação e graduado em Jornalismo (2008), ambas pela Faculdade Cásper Líbero. É um dos fundadores do
formato atual do site Última Divisão e escreve atualmente, também, para o site Uol. É membro da
comunidade/grupo Futebol Alternativo desde 2006. 65
Disponível em: <https://scholar.google.com.br/scholar?start=0&q=futebol+alternativo&hl=pt-
BR&as_sdt=0,5>. Acesso em: 15 out. 2015. 66
Comunidade voltada a discussões entre os membros da comunidade Futebol Alternativo, mas destinada a
assuntos que não são relacionados ao futebol.
30
O objetivo da pesquisa de Serrano não é conceituar o termo, porém a
explicação do interesse exclui alguns cenários. Pela citação, há uma exclusão da “primeira
divisão”. Dessa forma, as primeiras divisões de regiões sem tradição no futebol não são
agregadas, mas estes campeonatos são objetos de interesse de quem acompanha tal conceito.
Este cenário também pode ser visto na Copa do Mundo e na UEFA Champions League. Outro
cenário seria, por exemplo, se um clube estreia em uma primeira divisão, que tem cobertura
da grande mídia, o fato desse clube chegar com esse cenário torna-o, também, objeto do
futebol alternativo, mesmo que seja em um determinado período.
3.3 O conceito
Como já iniciado no tópico anterior, o futebol alternativo apresenta alguns
cenários e o histórico do termo é recente, por isso mesmo, esta pesquisa tem como um dos
objetivos desenvolver uma proposta conceitual, pois não é possível definir o termo e assim,
fechá-lo. Segundo Dahlberg (1978, p.2), a formação de um conceito pode ser definida “como
a reunião e compilação de enunciados verdadeiros a respeito de determinado objeto”. Nesta
pesquisa, o objeto seria o futebol alternativo, enquanto os enunciados verdadeiros podem ser
considerados textos documentais de referências de veículos especializados67
, autores que tem
relação com o conceito (Hofman, Frazer e Snyder, Wolf) e as entrevistas. Essas referências
fazem o futebol alternativo existir, mas não há uma reunião desses textos, um dos objetivos
desta pesquisa.
Durante a fundamentação teórica, com destaque para o processo de
entrevistas, o futebol alternativo foi visto de duas formas: como aquilo que a grande mídia
não mostra e como o lado inusitado do futebol.
3.3.1 O futebol que a grande mídia não mostra
Para o pesquisador e os entrevistados desta pesquisa, ao nosso ver, o futebol
alternativo tem como um dos contextos, ser aquilo que a grande mídia não mostra. Neste
sentido, o futebol alternativo seria “toda notícia (clubes, jogadores) que não tem a devida
atenção da grande mídia” (LABOISSIÈRE68
, 2015) e sendo assim, é o “futebol que vive fora
67
Demonstrado no tópico 3.4 deste capítulo. 68
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas via e-mail no dia 30 de maio de 2015 e recebimento
via caixa de entrada da rede social Facebook no dia 9 de junho de 2015. Matheus Cruz Laboissière é fundador do
31
dos grandes centros, dos clubes de massa, dos times midiáticos. É o futebol que muitas vezes
fica distante dos holofotes, mas nem por isso deixa de ter importância” (BERTOZZI, 2015).
Rangel (2008, p. 26) cita que a mídia impulsionou a popularização do
futebol, tornando-o em um fenômeno voltado a massa e que não existe sem a mídia. Porém, a
mídia abarca um seleto grupo de objetos ligados ao futebol, por questões financeiras e
populares, assim, existem grupos, no caso do futebol, algumas torcidas, que não são
agregadas devido à preferência da mídia em noticiar repetidamente tais clubes, campeonatos e
jogadores. Deste lado, possivelmente, está o interessado por clubes pequenos e que fazem
parte de divisões inferiores, tema projeto editorial desta pesquisa.
A grande mídia tem uma razão para excluir tais fatos do futebol e assim
preferir um seleto número de clubes, campeonatos e jogadores, se sustentarmos essa ideia, por
meio das teorias da comunicação, como a agenda-setting69
, newsmaking e gatekeepers.
De acordo com Shaw (1979 apud WOLF, 2001, p. 144), as “pessoas têm
tendência para incluir ou excluir dos próprios conhecimentos aquilo que os mass media
incluem ou excluem do seu próprio conteúdo”. Essa é a base dos estudos da agenda-setting
que visa entender como a mídia pode se portar na transmissão de notícias. Ainda, sobre essa
perspectiva, os autores não sustentam que a mídia tenta persuadir os receptores, mas sim que
elas apresentam ao “público uma lista daquilo sobre que é necessário ter uma opinião e
discutir” (SHAW, 1979 apud WOLF, 2001, p.145).
Como descrito, o futebol alternativo é visto como aquilo que a grande mídia
não mostra, por isso, neste contexto que se dará o desenvolvimento dessa relação entre as
teorias da comunicação e futebol alternativo. O noticiário da grande mídia foca-se nos
mesmos clubes, campeonatos e jogadores, elas apresentam o conteúdo que será debatido,
assim, por razões que serão demonstradas adiante, os espectadores recebem as mesmas
informações diariamente e isso só será mudado, caso a mídia mude esse cenário. Para
Hohlfeldt (1997), existem três pressupostos que caracterizam esta hipótese:
blog Plano Tático, colunista do site Trivela e blogueiro do ESPN FC. Possui graduação em Jornalismo pelo
Centro Universitário de Belo Horizonte - UNIBH (2009). 69
A agenda-setting será tratada como uma hipótese, ideia sustentada por Antonio Hohlfeldt (1997), que trabalha
com o pressuposto: “Comecemos por esclarecer por que falamos em “hipótese” e não em “teoria”, simplesmente.
Ora, antes de mais nada, porque uma teoria, [...] é um paradigma fechado, um modo “acabado” e, neste sentido,
infenso a complementações ou conjugações, pela qual “traduzimos”uma determinada realidade segundo um
certo “modelo”. Uma “hipótese”, ao contrário, é um sistema aberto, sempre inacabado, infenso ao conceito de
“erro” característico de uma teoria. Assim, a uma hipótese não se pode jamais agregar um adjetivo que
caracterize uma falha: uma hipótese é sempre uma experiência, um caminho a ser comprovado e que, se
eventualmente não “der certo” naquela situação específica, não invalida necessariamente a perspectiva teórica.
Pelo contrário, levanta, automaticamente, o pressuposto alternativo de que uma outra variante, não presumida,
cruzou pela hipótese empírica, fazendo com que, na experiência concretizada, ela não se confirmasse”
(HOHLFELDT, 1997, p. 43).
32
a) o fluxo contínuo de informação [...]; b) os meios de comunicação, por
conseqüência, influenciam sobre o receptor não a curto prazo, como boa
parte das antigas teorias pressupunham, mas sim a médio e longo prazos [...];
c) os meios de comunicação, embora não sejam capazes de impor o que
pensar em relação a um determinado tema, como desejava a teoria
hipodérmica, são capazes de, a médio e longo prazo, influenciar sobre o que
pensar e falar, o que motiva o batismo desta hipótese de trabalho
(HOHLFELDT, 1997, p. 3).
Diante desses aspectos, um seleto grupo de eventos futebolísticos estão
neste meio e possuem um contínuo fluxo de informação em um trabalho que é feito a médio e
longo prazo, considerando determinados pontos, como estimativa de torcedores e importância
histórica. Para um clube do meio do futebol alternativo ser inserido na agenda leva-se um
tempo, porém, caso isso aconteça, ele deixa de ser alternativo. Geralmente, os eventos
futebolísticos alternativos aparecem na grande mídia caracterizados como “zebra”, que
segundo Riboldi (2008, p. 66) tem o seguinte contexto no futebol:
Resultado inesperado. A expressão "deu zebra" surgiu, inicialmente, no
futebol para designar a vitória do time bem mais fraco, no qual ninguém
apostava ou dava crédito. Ficou mais famosa e popular com a criação da
loteria esportiva, baseada nos jogos de futebol. Da relação dos animais desse
jogo, que vai do número um (avestruz) até o vinte e cinco (número da vaca),
a zebra não consta. Portanto, no jogo do bicho, é impossível dar o número da
zebra, já que ele não existe. Atualmente, a expressão é empregada em
qualquer circunstância em que ocorre um resultado fora do previsto. Não
aconteceu o que se esperava: deu zebra.
Dessa forma, os clubes pequenos passam a ser assunto da grande mídia
quando vencem um clube grande70
e isso o torna uma “zebra”, neste momento acaba-se
veiculando informações ao seu respeito, mas em um período curto, pois os campeonatos têm
determinados regulamentos e períodos, o que impede que este clube seja agendado ao público,
tendo como base a hipótese da agenda-setting.
Neste cenário, o receptor pode ter a sensação que existe apenas um futebol,
com as mesmas pautas cotidianas, fazendo assim, com o que o espectador veja o mundo desta
70
Clubes de futebol que se destacam pelo valor histórico, financeiro e popular. A questão histórica leva em conta
a tradição e o número de títulos e participações em campeonatos importantes. O financeiro diz respeito ao valor
em dinheiro que ronda tal equipe, como contratações milionárias, salários altos e estrutura física que o clube
comporta. O terceiro valor leva em consideração a estimativa de torcedores que esse clube tem, pois quanto
maior o número, maior será a presença deste clube na mídia, devido ao retorno de audiência que a equipe pode
conceder.
33
maneira, neste caso, vendo o futebol a partir de um olhar. Esses critérios do que será ou não
veiculado podem ser compreendidos por meio dos estudos dos gatekeepers e newsmaking.
Os gatekeepers são considerados os porteiros da notícia, que definem o que
pode ou não ser veiculado. De acordo com Donohue-Tichenor-Olien (1972 apud WOLF,
2001, p. 181-182):
O gatekeeping nos mass media inclui todas as formas de controle da
informação, que podem estabelecer-se nas decisões acerca da codificação
das mensagens, a seleção, a formação da mensagem, da difusão, da
programação, da exclusão de toda mensagem ou das suas componentes.
Assim, apenas um lado do futebol é demonstrado devido a seleção de
notícias que um gatekeepeer pode fazer, o que são chamados de critérios de noticiabilidade,
foco da teoria do newsmaking, considerada uma superação da primeira explicitada. Nela, é
estudada o modo que os profissionais produzem a notícia, que se baseia “em dois limites: a
cultura profissional dos jornalistas e a organização do trabalho e dos processos de produção”
(WOLF, 2001, p. 188).
Os critérios de noticiabilidade trabalham com a relevância, significação e
interesse que tal fato pode ter para virar notícia, o que cria os “valores/notícia” (WOLF, 2001,
p. 196) que são utilizados de duas maneiras:
São critérios de seleção dos elementos dignos de ser incluídos no produto
final, do material disponível até a redação. Em segundo lugar, funcionam
como linhas-guia para a apresentação do material, sugerindo o que deve ser
realçado, o que deve ser omitido, o que deve ser prioritário na preparação
das notícias a apresentar ao público. Os valores/notícia são, portanto, regras
práticas que abrangem um corpus de conhecimentos profissionais que,
implicitamente e, muitas vezes, explicitamente, explicam e guiam os
procedimentos operativos redatoriais (GOLDEN-ELLIOTT, 1979 apud
WOLF, 2001, p. 196).
Estes valores são considerados a partir de critérios substantivos (conteúdo),
critérios relativos ao produto, ao público e a concorrência.
A primeira categoria de considerações diz respeito ao acontecimento a
transformar em notícias; a segunda, diz respeito ao conjunto dos processos
de produção e realização; a terceira, diz respeito à imagem que os jornalistas
têm acerca dos destinatários e a última diz respeito às relações entre os mass
media existentes no mercado informativo (WOLF, 2001, p. 200).
34
Os critérios substantivos trabalham com o interesse e importância da notícia.
Podem ser divididos em quatro aspectos que serão relacionados ao futebol alternativo, pois
este cenário demonstra que nestes casos a grande mídia se interessa pelo lado alternativo do
futebol, pois está dentro dos critérios de noticiabilidade.
O primeiro aspecto, “Grau e nível dos indivíduos envolvidos no
acontecimento noticiável” (WOLF, 2001, p. 201) tem relação com o futebol alternativo
quando um clube pequeno ou desconhecido anuncia a contratação de um jogador considerado
de clube grande, casos, por exemplo, como o do atacante Aloísio Chulapa no Grêmio
Maringá71
ou do meio-campo Rivaldo no Kabuscorp (Angola)72
. A notícia é dada pela grande
mídia, não pelo clube em si, mas pelo que o atleta representa. A segunda variável diz respeito
ao “Impacto sobre a nação e sobre o interesse nacional” (WOLF, 2001, p. 202), aqui neste
caso vamos considerar a seleção brasileira de futebol como exemplo, pois estamos
trabalhando com o futebol. Em 2010, a seleção se preparava para a Copa do Mundo, e como
forma de treinar a equipe foi marcado um amistoso com a Tanzânia, por ser considerada uma
seleção que pode ser foco de interesse do futebol alternativo, a grande mídia passou a veicular
informações sobre aquela seleção devido ao confronto com a seleção brasileira73
.
Em seguida, o outro critério é a “Quantidade de pessoas que o
acontecimento envolve” (WOLF, 2001, p. 203), que está ligado a tragédias ou desastres, caso,
por exemplo, em 2009, de um acidente de ônibus envolvendo a delegação da equipe do Brasil
de Pelotas, que matou três jogadores74
. A última variável tem relação com a “Relevância e
significatividade do acontecimento quanto à evolução futura de uma determinada situação”,
um fato que pode ser relacionado a este aspecto é o caso do massagista da Aparecidense, que
nas oitavas de final do Campeonato Brasileiro da Série D (quarta divisão) de 2013 entrou em
campo para evitar um gol do adversário, fato que se desenrolou até a punição do clube devido
71
Incansável, Aloísio Chulapa anuncia: "Vou defender o Grêmio Maringá”. globoesporte.com, 9 jul. 2015.
Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/al/futebol/noticia/2015/07/incansavel-aloisio-chulapa-anuncia-
vou-defender-o-gremio-maringa.html>. Acesso em: 24 ago. 2015. 72
Rivaldo anuncia pelo Twitter que acertou com time de Angola. globoesporte.com, 13 jan. 2012. Disponível
em: <http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2012/01/rivaldo-anuncia-pelo-twitter-
que-acertou-com-time-de-angola.html>. Acesso em: 24 ago. 2015. 73
Brasil enfrenta Tanzânia no último amistoso antes da Copa. Jornal O Globo, 6 jun. 2010. Disponível em:
<http://oglobo.globo.com/esportes/brasil-enfrenta-tanzania-no-ultimo-amistoso-antes-da-copa-2998105>.
Acesso em: 24 ago. 2015. 74
Milar e mais 2 morrem em acidente de ônibus do Brasil-RS. Terra, 16 jan. 2009. Disponível em:
<http://esportes.terra.com.br/futebol/estaduais/campeonato-gaucho/milar-e-mais-2-morrem-em-acidente-de-
onibus-do-brasil-rs,fe089eeef81fd310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html>. Acesso em: 24 ago. 2015.
35
a atitude do funcionário75
. Por esta visão, podemos sustentar que o futebol alternativo é
mostrado em menor escala na grande mídia, mas por estar enquadrado em critérios de
noticiabilidade.
O critério relativo ao produto é definido pela disponibilidade do material
pautado, dessa maneira, os veículos da grande mídia preferem a cobertura dos clubes que
fiquem na mesma cidade de onde o veículo está, mas levando em conta a estimativa de
torcedores e importância histórica. A questão do número de torcedores pode ser relacionada
com os critérios relativos ao público, pois estes são os que trazem possivelmente a audiência
para os veículos da grande mídia, assim, as pautas seguem um fluxo de informação contínua,
como visto nos desenvolvimento da hipótese da agenda-setting. Esses dois últimos critérios
interferem nos critérios relacionados a concorrência, pois as empresas competem entre si e
demonstram os mesmos clubes e os mesmos campeonatos, dando a impressão que existe
apenas um futebol.
Sustentado por esses estudos é perceptível que há um privilégio, mas
também, uma razão para que a grande mídia selecione um grupo de campeonatos, jogadores e
clubes para serem abordados na rotina da redação. Assim, a cobertura não agenda o futebol no
todo, com isso, o futebol alternativo representa também uma abrangência maior que o futebol
apresentado pela grande mídia. “Times do interior, times de bairro, times que podem não
significar muita coisa para muitos, mas significam para alguém, e isso já basta para justificar
sua existência” (BERTOZZI, 2015).
Daniel Paes Cuter76
(2015) cita que não vê a necessidade do futebol
alternativo ser abordado pela grande mídia: “Sendo algo alternativo, é necessário que circule
por vias alternativas também”. O fato de um clube existir e não ter cobertura da grande mídia
já o torna foco do futebol alternativo, mesmo que não esteja em discussão em algum produto
ou grupo, pois os torcedores vivenciam a rotina da equipe.
Dessa forma, entendemos que a questão geográfica pode ter influência nesse
conceito. Para exemplificar, o cenário do futebol brasileiro serve de base. O clube de uma
cidade pode não ser alternativo para quem mora em tal cidade, já que o torcedor pode ir ao
75
STJD exclui Aparecidense da Série D por lance do gol do massagista. globoesporte.com, 16 set. 2013.
Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/futebol/brasileirao-serie-d/noticia/2013/09/stjd-exclui-
aparecidense-go-da-serie-d-por-lance-com-massagista.html>. Acesso em: 24 ago. 2015. 76
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas via caixa de entrada da rede social Facebook. Data de
envio realizada no dia 16 de agosto de 2015 e recebimento em 24 de agosto de 2015. Daniel Paes Cuter é
membro da comunidade Futebol Alternativo desde 2005 e foi escolhido para ser entrevistado para mostrar um
olhar de um interessado pelo assunto, mas que não tenha formação superior em comunicação, como no caso dos
outros entrevistados. Cuter é graduado em História pelo Centro Universitário FIEO - Fundação Instituto de
Ensino para Osasco (2011).
36
estádio e a mídia local faz a cobertura dessa equipe. Mas esse clube pode ser alternativo para
quem mora fora daquela região. No cenário estadual, um clube pode ser considerado grande,
devido ao número de títulos estaduais, a presença na mídia local e pela estimativa de
torcedores, mas no cenário nacional pode ser considerado alternativo. Se a equipe tem
representação nacional, pelo número de títulos nacionais, participações em edições da
primeira divisão e tem presença na grande mídia nacional, o clube não é alternativo em
nenhum dos locais.
3.3.2 O lado inusitado do futebol
O futebol alternativo também pode ser considerado como o “lado inusitado
do futebol” (BONASSOLI, 2015). Inusitado que será considerado como: “Não usado; não
usual; incomum, estranho” (DE HOLANDA, 2009, p. 1126). Neste contexto, seria o lado
curioso e engraçado do futebol dentro ou fora de campo.
Dentro de campo, podemos considerar lances que fogem do comum, como
gols contra ou jogadas mal ensaiadas. Fora de campo, pode ser considerado algo feito por
qualquer pessoa ligada ao futebol, como torcedor, dirigente, treinador ou jogador, que tenha
se tornado inusitado, como por exemplo, o “Fora Waldemar”77
, como ficou conhecida a
revelação de que Waldemar Lemos, treinador de futebol, iria assumir o comando técnico do
Flamengo, em 2003. Após o nome ser revelado, parte da torcida, que estava presente no
momento protestou contra a escolha do treinador.
Após o desenvolvimento do conceito de futebol alternativo, a ideia do
tópico 3.3.1 será trabalhada adiante no desenvolvimento dos outros capítulos, pois o lado
inusitado do futebol pode estar no todo deste esporte. Um lance inusitado pode ser encontrado
em uma partida com cobertura da grande mídia e estes fatos interessam ao público, devido a
audiência. Porém, uma partida sem cobertura da grande mídia é alternativa por si só, ela não
precisa de um fato inusitado para ser assim. Neste ponto, para o pesquisador, o futebol
alternativo e o inusitado se convergem. Assim, o futebol que não tenha uma cobertura
midiática pode novamente ter uma concorrência em uma produção midiática voltada para o
futebol alternativo.
3.4 A rotina e os hábitos de informação
77
Fora Waldemar - vídeo original sem cortes. Youtube, 26 abr. 2015. Disponível em: <Fora Waldemar - vídeo
original sem cortes>. Acesso em: 7 ago. 2015.
37
Como destacado no começo deste capítulo, o futebol alternativo pode ser
acompanhado presencial ou virtualmente. Enquanto o primeiro trata de acompanhar os jogos
diretamente no estádio, o virtual tem como característica acompanhar os eventos pela mídia.
Para melhor compreensão, este tópico será dividido em três pontos para ser verificado de uma
maneira mais clara.
3.4.1 Presencial: o futebol alternativo diretamente dos estádios
Independente de saber ou não o que é futebol alternativo, um torcedor que
acompanhe um clube que não tem cobertura da grande mídia está em um contexto deste
interesse.
Há ainda, aqueles que acompanham partidas deste meio, simplesmente por
preferirem o outro lado do futebol. “Indo ao estádio é a melhor maneira de consumir futebol
seja alternativo ou não. [...] vou a jogos pelo menos três vezes por semana. Respiro futebol
alternativo mesmo” (OLIVEIRA78
, 2015).
3.4.2 O futebol alternativo antes da internet
Um dos conceitos apresentados sobre futebol alternativo é o interesse por
acompanhar clubes pequenos, campeonatos de divisões inferiores e campeonatos de regiões
sem tradição, mas essa aptidão não necessariamente precisava de um nome para existir. O
termo teve como marco, a comunidade no Orkut, um canal da internet, meio no qual segundo
Hofman79
(2015) “foi fundamental nesse processo. Ela tornou acessíveis campeonatos que
nem imaginávamos como eram disputados”, mas antes disso era possível seguir eventos do
78
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas via e-mail no dia 30 de janeiro de 2015 e recebimento
via caixa de entrada da rede social Facebook em 8 de junho de 2015. Sérgio Oliveira possui graduação em
Rádio e Televisão pela Universidade Anhembi Morumbi (2004) e em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero
(2008). É coordenador geral da ALLTV, TV online onde apresenta o programa semanal FATV (Futebol
Alternativo TV). É membro da comunidade Futebol Alternativo desde o final de 2005 e atualmente, é um dos
administradores do grupo no Facebook. 79
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas por e-mail. Data de envio realizada no dia 16 de maio
de 2015 e recebimento em 17 de maio de 2015.Gustavo Hofman é graduado em jornalismo pela PUC Campinas
(2002) e possui Pós-graduação em Comunicação e Marketing pela Faculdade Cásper Líbero (2004).É
comentarista e blogueiro dos canais ESPN Brasil. Autor do livro Quando o futebol não é apenas um jogo (2014)
e é produtor da série de reportagens Futebol Alternativo do canal fechado ESPN Brasil. Foi membro da
comunidade Futebol Alternativo no Orkut, mas não se recorda com exatidão do ano de entrada.
38
tipo, seja diretamente dos estádios ou pela mídia, o que foi verificado, por meio das
entrevistas realizadas.
Segundo Leonardo Bonassoli (2015), antes da internet e até mesmo da TV
fechada, “a oferta de futebol em televisão aberta era maior. Campeonatos e amistosos
obscuros eram figurinha fácil nas emissoras menores”. Ainda na televisão aberta, Sérgio
Oliveira (2015) cita a Zebrinha do Fantástico, quadro do programa dominical da Rede Globo
nos anos 198080
, que se referia aos resultados surpreendentes da rodada, onde geralmente, um
clube pequeno vencia um grande. Nos veículos impressos, dois títulos foram citados, a
Revista Placar, que segundo Colombari (2015) “conseguia ser abrangente antes da internet”; o
Jornal Gazeta Esportiva, em sua “fase áurea” (SIMÕES, 2015) e entre os livros, o Almanaque
do Futebol Paulista, que reúne informações históricas dos clubes de São Paulo81
, considerada
a “bíblia do futebol alternativo” (SIMÕES, 2015).
A Rede Vida transmite as competições estaduais de São Paulo desde os anos
1990. A emissora, em 2015, televisiona os campeonatos inferiores da Federação Paulista de
Futebol: Campeonato Paulista Série A-2 (segunda divisão do estado), Campeonato Paulista
Série A-3 (terceira divisão), Campeonato Paulista Segunda Divisão (quarta divisão), Copa
São Paulo de Futebol Júnior, Copa Paulista e Campeonato Paulista Sub-17. O Campeonato
Paulista Sub-20 e Campeonato Paulista Feminino também foram transmitidos pelas emissoras
em outros anos. As transmissões ocorrem nos finais de semana, geralmente aos sábados, com
duas transmissões, às 10h45 e às 19 horas, e aos domingos, às 10 horas. A emissora começou
as transmissões esportivas antes da consolidação da internet ou da criação da comunidade
Futebol Alternativo no Orkut e continua com as transmissões até a finalização deste trabalho.
3.4.3 O futebol alternativo e a internet
Conforme desenvolvido, a internet é o meio no qual o público do futebol
alternativo se encontra. Segundo Colombari (2015), este canal é responsável por deixar os
interessados informados. “A discussão na internet alcançou um patamar bastante sólido, e
consegue se sustentar. Quando algo do cenário alternativo repercute na TV, por exemplo,
costuma soar repetitivo para quem já vinha acompanhando o assunto na internet”. Simões
80
Surge a Zebrinha. Memória Globo, s/d. Disponível em:
<http://memoriaglobo.globo.com/programas/jornalismo/programas-jornalisticos/fantastico/a-zebrinha.htm>.
Acesso em: 16 ago. 2015. 81
Farah revela histórias inéditas sobre a bíblia do futebol alternativo. Última Divisão, 17 nov. 2011. Disponível
em: <http://www.ultimadivisao.com.br/farah-revela-historias-ineditas-sobre-a-biblia-do-futebol-alternativo/>.
Acesso em: 16 ago. 2015
39
(2015), afirma que tem “sentido que o número de sites independentes que tratam o assunto
têm aumentado, o que prova que há cada vez mais pessoas interessadas em ler e escrever
sobre o assunto”. Por meio de estudos e da experiência do pesquisador, alguns exemplos de
locais para acompanhar o futebol alternativo serão apresentados para mostrar que a internet é
a mídia no qual o público que tem esse interesse concentra a busca por informações.
3.4.3.1 Transmissão em vídeo
A internet deu aos interessados pelo futebol alternativo, a oportunidade de
acompanhar jogos ao vivo de partidas determinadas partes do mundo, como citado por
Hofman (2015). As transmissões em streaming82
, as opções de transmissões ao vivo do
Youtube e o programa FATV são exemplos de sites que fazem parte da rotina e hábito de
informações dos interessados por futebol alternativo.
Segundo Bonassoli (2015), a transmissão via streaming é um modo de
acompanhar partidas que não são televisionadas. “Varia muito de pessoa para pessoa. Tem
gente que consegue ir aos locais, tem gente que vai na base do streaming. Conheço gente que
liga streaming na madrugada para ver OFC Cup83
ou campeonato de El Salvador”. Alguns
sites que fazem este tipo de transmissão são: Wiziwig84
, Rojadirecta85
, Live TV86
, entre outros
que podem ser encontrados por meio de pesquisa.
O Youtube também pode ser uma forma de acompanhar jogos deste meio e
que não são televisionados. A página Live87
do site reúne as transmissões que estão sendo
feitas ao vivo em determinado momento. Caso queira ser mais específico, outra página
conferida pode ser a voltada ao futebol, a #Soccer88
. É necessário explicar, que estas páginas
apresentam diversas opções de partidas, incluindo partidas que tem cobertura da grande
mídia, mas também é uma forma de certos eventos do futebol alternativo serem transmitidos.
82
“Streaming é uma forma de transmissão de som e imagem (áudio e vídeo) através de uma rede qualquer de
computadores sem a necessidade de efetuar downloads do que está se vendo e/ou ouvindo, pois neste método a
máquina recebe as informações ao mesmo tempo em que as repassa ao usuário.” O que é Streaming?.
Interrogação Digital. Disponível em: <http://www.interrogacaodigital.com/central/o-que-e-streaming/>. Acesso
em: 18 fev. 2015. 83
Em português, conhecida como Copa das Nações da Oceania. A competição contou com nove edições. A
primeira edição foi disputada em 1973. Os maiores campeões são a Austrália e a Nova Zelândia, com quatro
títulos, em seguida o Taiti, com um título, conquistado na última edição, em 2012. A 10ª edição será realizada
entre 28 de maio e 12 de junho de 2016. 84
http://www.wiz1.net/schedule 85
http://www.rojadirecta.me/ 86
http://livetv.sx/pt/allupcomingsports/1/ 87
https://www.youtube.com/channel/UC4R8DWoMoI7CAwX8_LjQHig 88
https://www.youtube.com/channel/UCnF_kucm6h5Jw77mMxonWdA
40
O programa FATV Futebol Alternativo89
é exibido pela TV online allTV90
,
semanalmente, às segundas-feiras, a partir das 20h3091
. O programa tem como foco: “Na
FATV, o assunto é o verdadeiro futebol nacional, as copas estaduais, as divisões de acesso
pelo país e as Séries C e D do Campeonato Brasileiro. Tudo o que nenhum outro programa
esportivo fala” (FATV FUTEBOL ALTERNATIVO, 2014, s/p).
3.4.3.2 Sites para se informar sobre futebol alternativo
Nesse tópico serão apresentados sites onde é possível se informar sobre este
interesse. Apresentar esses endereços contribui para entender de uma melhor forma, o que
este conceito significa. Os endereços serão divididos em três pontos: especializados,
específicos e gerais.
Os sites especializados em futebol alternativo foram escolhidos pela
abordagem e também, por se definirem voltados a esse público. A seguir demonstraremos os
locais e os objetivos de cada site ou blog, segundo os próprios veículos:
A. Jogos Perdidos92
: “Campeonatos pouco divulgados pela grande mídia e
times desconhecidos pela maioria fazem parte obrigatória das nossas páginas. Confira uma
cobertura futebolística como nos velhos tempos” (JOGOS PERDIDOS, 2011, s/p).
B. Plano Tático93
: “Um portal interativo focado em matérias e pesquisas
alternativas. Com artigos exclusivos escritos pela nossa equipe buscamos passar uma
informação clara e objetiva, através de curiosidades, histórico dos atletas, informações,
vídeos, fotos e muito mais” (PLANO TÁTICO, s/d, s/p).
89
http://www.portal.alltv.com.br/programa/fatv-futebol-alternativo/ 90
A allTV (www.portal.alltv.com.br) foi criada em maio de 2002 com um conteúdo multimídia voltado a
transmissão audiovisual na internet. A emissora tem programação diária de 24 horas, com programas voltados ao
jornalismo, tecnologia, esportes, música, gastronomia e prestação de serviços. A emissora conta com a
possibilidade de interação via redes sociais, chat próprio e pode ser acessada de qualquer país. 91
O noticiário é apresentado por Sérgio Oliveira, Fernando Martinez e Milton Haddad. 92
Disponível em: <http://jogosperdidos2.blogspot.com.br/>. O blog foi criado em 2004, com cinco fundadores
do blog, apenas Fernando Martinez continua escrevendo regularmente. O blog conta com mais de 2.700 jogos
publicados. A primeira postagem data de 1º de novembro de 2004, com a cobertura da partida entre Taboão da
Serra e Itararé, na final do extinto Campeonato Paulista Série B-2, equivalente a quinta divisão estadual. 93
Disponível em: <http://planotatico.com/>. O Plano Tático foi fundado em 2010, pelo jornalista Matheus Cruz
Laboissière. O logomarca do blog conta com o termo “Futebol Alternativo”, que demonstra qual o foco, que é
composto por reportagens sobre casos do futebol que não são abarcados pela mídia, séries especiais e por trazer
lances curiosos do futebol do Brasil e do mundo.
41
C. Última Divisão94
: “Aquela que sempre existe, mas pouca gente enxerga.
Aquela que alguns torcedores mais fanáticos até consideram, mas que a maioria ignora.
Aquela que alguns veículos de imprensa até sabem da existência, mas que também não fazem
questão de acompanhar” (SIMÕES, 2013, s/p).
Em certos endereços95
é possível consumir o futebol alternativo, mas nesses
locais, este tipo de interesse se mistura com o futebol da grande mídia, pois os dois se
encontram no mesmo local. São os sites gerais, que é o caso, por exemplo, de sites
especializados em fichas de jogadores, clubes, treinadores e estádios, como o
futebolnacional.com96
, ogol.com97
e o Soccerway98
; os placares em tempo real, como por
exemplo, Futebol Interior99
, Meus Resultados100
, ScoresPro101
e Livescore102
; sites de
colecionadores de escudos, como o Escudos de Clubes103
e o Escudos Futebol Clube104
e sites
com fichas de resultados de campeonatos, como a RSSSF105
, Bola na Área106
e o Arquivo dos
Mundiais107
.
Apesar do encontro entre o futebol e o futebol alternativo, conforme
demonstrado no tópico 3.3.1, a grande mídia tem como foco um seleto grupo de eventos do
futebol, mas esse esporte é feito por outros clubes, campeonatos e jogadores, assim, é possível
trabalhar que pelo menos em quantidade, o futebol alternativo se sobressai nesses sites.
O futebol alternativo possui inúmeras possibilidades de acompanhamento
deste esporte, mas um cenário que pode ser visto é o interesse específico por determinado
clube ou campeonato, seja estadual, nacional ou internacional.
Hoje há canais para se informar sobre praticamente tudo. A internet
diminuiu a dependência da grande mídia para a busca da informação. [...]
Buscar sempre novas fontes. No Twitter, por exemplo, se você segue contas
pontuais de diversas partes do mundo é capaz de ficar informado sobre todo
tipo de competição que passa batida para o grande público. E o papel de
94
Disponível em: <http://www.ultimadivisao.com.br/>. O Última Divisão foi criado em 10 de agosto de 2008,
como um blog para publicar histórias sobre futebol alternativo. Em novembro de 2013, o site passou por
reformulação e passou a funcionar como um portal. 95
Os sites citados serão utilizados como exemplo, pois existem outros do tipo. 96
http://www.futebolnacional.com.br/ 97
http://www.ogol.com.br/home.php 98
http://br.soccerway.com/ 99
http://www.futebolinterior.com.br/placar?id_ano=-1 100
http://www.meusresultados.com/ 101
http://www.scorespro.com/soccer/ 102
http://www.livescore.com/ 103
http://www.escudosdeclubes.com.br/ 104
http://www.escudosfc.com.br/ 105
http://www.rsssf.com/ 106
http://www.bolanaarea.com/ 107
http://www.arquivodosmundiais.com/index.htm
42
quem gosta do futebol alternativo também é ajudar a difundir essas
informações (BERTOZZI, 2015).
Sites oficiais de clubes e campeonatos, ou até mesmo, sites de notícias de
outras localidades. Alguns exemplos que estão no meio do futebol alternativo, mas que não o
abordam de uma maneira geral este interesse são: Do rico ao pobre108
, site voltado à cobertura
do futebol amador de Curitiba e interior paranaense; Toda Cancha109
, voltado ao futebol do
interior gaúcho; Futebol no Japão110
, blog voltado à cobertura do futebol japonês;
Championship Brasil111
, site especializado na segunda divisão inglesa; HJK Brasil112
, blog em
português sobre o HJK Helsinki, clube da Finlândia; O Cancheiro113
, sobre competições
estaduais menores do Sul do Brasil; entre outros, que possuem estas características.
3.5 A proposta
Todo o desenvolvimento do conceito feito neste capítulo é necessário para
se entender o que é o futebol alternativo e em que meio este interesse se sobressai. Como foi
possível verificar, o futebol alternativo possui mais de uma definição e a internet é o local que
concentra o publicado interessado no assunto. A partir de então, esta pesquisa irá demonstrar
os conceitos de jornalismo especializado, jornalismo esportivo, jornalismo de revista, que
darão base a criação de um projeto editorial para uma revista especializada, a Série Z, que terá
formato digital.
108
http://www.doricoaopobre.com.br/ 109
http://www.todacancha.com/ 110
http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/futebol-no-japao/1.html 111
http://www.championshipbrasil.com.br/ 112
https://hjkbrasil.wordpress.com/ 113
https://ocancheiro.wordpress.com/sobre/
43
4 JORNALISMO ESPECIALIZADO
A pesquisa tem como foco a criação de um produto segmentado e para isso
é necessário apresentar o conceito de jornalismo especializado. No capítulo serão discutidas
questões como características, papel e responsabilidade desse modo de se fazer jornalismo. As
relações entre especialização e segmentação e a mídia revista como local adequado para se
especializar.
4.1 Jornalismo geral: notícia para todos
O jornalismo é a prática social de contar histórias (TAVARES, 2007, p. 42),
porém, tal ideia, com o tempo foi se transformando e ganhando novos conceitos. “Diremos
primeiro que fazer jornalismo é informar. Jornalismo é antes de tudo, informação”
(BELTRÃO, 2006, p. 29). Informação que atende o interesse público, ainda segundo Beltrão.
Para Pena (2005), a notícia é a matéria-prima do jornalismo. Como esta
pesquisa tem como propósito a produção de uma revista, iremos usar como exemplo, o jornal,
por se tratar de mídias impressas114
. A notícia responde aos fatos cotidianos, que são
desenvolvidos por meio do lead, que segundo Pena (2005), consiste em um "relato sintético
do acontecimento logo no começo do texto, respondendo as perguntas básicas do leitor: o quê,
quem, como, onde, quando e por quê?" (PENA, 2005, p. 42). Porém, a notícia, inserida no
jornal é feita para a massa, para um único público e se cria que um texto que seja acessível a
todos.
O segredo da boa notícia depende da maneira compreensível como chega ao
receptor. É preciso evitar, ainda, que ela seja influenciada pelo repórter, que
poderá distorcê-la, com a sua apreciação pessoal e apaixonada. É difícil
escrever com imparcialidade, porque o jornalista, ao narrar um
acontecimento pode encará-lo do ponto de vista favorável aos seus interesses
e sujeito às suas emoções momentâneas (ERBOLATO, 1991, p. 90-91).
O jornalismo teve como marco a Segunda Guerra Mundial. Na ocasião, as
notícias eram desejo da população para saber a situação que se encontrava tal acontecimento,
porém sem aprofundamento (ÓBREGON, 1998), mas nos anos 1950, a crise chega ao
jornalismo impresso, pois o rádio e a televisão ganham força e a informação geral apresentada
114
Apesar da revista dessa pesquisa ter formato digital, os preceitos da revista serão utilizados, como aborda o
capítulo 6.
44
pelas publicações tem a partir daquele momento, uma concorrência. Neste cenário, que a
intenção de se especializar surge no jornalismo. “Se assiste a um novo conceito de jornalismo,
mais comprometido com a realidade, um jornalismo que abandona a obsessão pela
objetividade. Se adotam novos estilos e novas linguagens115
” (OBREGÓN, 1998, p. 3,
tradução nossa).
Meditsch (1997) cita que o jornalismo trabalha com a universalidade, algo
para todos. Serve ao mesmo tempo para conhecer e reconhecer. Neste caso, tal ideia remete-se
ao objeto desta pesquisa, pois os clubes grandes são mais abordados e assim foca-se em se
especializar no outro lado do futebol.
4.2 O jornalismo especializado
Frederico de Mello Tavares (2009), com base nos estudos de Fernández Del
Moral (1993-1994), trabalha com a ideia de que o jornalismo especializado seja o responsável
por responder aos fatos que o “jornalismo geral” não consegue.
[...] o jornalismo especializado dá aos meios de comunicação a oportunidade
de responder aos desafios do conhecimento em uma sociedade [...] que vem
perdendo referências amplas por não saber estabelecer análises profundas e
rigorosas da vida cotidiana, relacionando-a à realidade da pesquisa científica
(FERNÁNDEZ DEL MORAL, 1993/1994 apud TAVARES, 2009, p. 127).
A especialização segue a tendência da diversidade do saber, por qual passou
a sociedade no século XX. “A abundância e complexidade dos fluxos informativos que
recebemos de forma constante requer uma sistematização das estruturas116
” (SALAZAR
HERRERA, 2003, p. 2, tradução nossa).
Ainda nesta perspectiva, Ana Carolina Abiahy (2000, p. 2) demonstra que a
formação acadêmica é generalista, pois a “formação profissional dos jornalistas valoriza a
aquisição de básicos conhecimentos gerais, postura esta que não entra em consonância com a
tendência atual”. Nesta tendência, o jornalista deve ter um preparo maior que os antecessores.
“O jornalista do nosso tempo deve possuir conhecimentos teóricos e técnicos que o convertam
115
Texto original: “Se asiste a un nuevo concepto del periodismo, más comprometido con la realidad, un
periodismo que abandona la obsesión por la objetividad. Se adoptan nuevos estilos y nuevos lenguajes”
(OBREGÓN, 1998, p. 3). 116
Texto original: “La abundancia y complejidad de flujos informartivos que recibimos en forma constante
requiere de uma sistematización de las estructuras” (SALAZAR HERRERA, 2003, p. 2).
45
como especialista em comunicação dentro de uma seção específica da informação
jornalística117
” (OBREGÓN, 1998, p. 4, tradução nossa).
A preocupação com a especialização na formação dos jornalistas surgiu na
Espanha, como exemplo, na década de 1970. Na década seguinte, se tornou objeto de estudo e
foco científico. O país não é o único a investigar tal área, pois “encontra-se hoje,
comparativamente a outros países, na ‘vanguarda’ das reflexões sobre o jornalismo
especializado” (TAVARES, 2009, p. 116). No Brasil, segundo Tavares, a discussão é
considerada inexistente, pois há poucas publicações e cursos com esta abordagem.
O jornalismo especializado pode ser dividido em três classes, ainda segundo
Tavares (2009, p. 115):
1) A especialização pode estar associada a meios de comunicação
específicos (jornalismo televisivo, radiofônico, ciberjornalismo etc) e 2) a
temas (jornalismo econômico, ambiental, esportivo etc), ou pode estar
associada 3) aos produtos resultantes da junção de ambos (jornalismo
esportivo radiofônico, jornalismo cultural impresso etc).
A primeira tem como característica a especialização como modo de se fazer
jornalismo em diferentes meios de comunicação e suas especificidades, como a linguagem e
funcionamento. O modo de se informar na televisão, no rádio, na internet e no impresso são
diferentes. Este cenário se apresenta, devido às crises dos meios de comunicação tiveram com
o tempo, por meio do surgimento de mídias novas. “Tal cenário acabou por contribuir para
uma questão fundamental, [...]: menos uma questão de conteúdos ou de audiências, a
especialização deve ser pensada também como ligada a uma nova metodologia do trabalho
jornalístico, fundadora de novos produtos” (TAVARES, 2009, p. 118).
A segunda característica é ligada ao conteúdo do produto, onde se deixa de
fazer algo geral para se focar em um assunto. Abiahy (2000) trabalha com a ideia da
“globalização do fragmento”, a criação de um conteúdo para uma classe de tal racionalidade e
se acredita que as outras classes sejam iguais, por isso torna-se necessária a especialização.
Dessa forma, esta pesquisa se baseia na ideia que “não são os meios que se especializam, sim
os conteúdos. Em todo caso, os novos meios facilitam a difusão dos conteúdos especializados,
117
Texto original: “El periodista de nuestro tiempo debe poseer unos conocimientos teóricos y técnicos que le
conviertan como especialista en comunicación dentro de una sección específica de la información periodística ”
(OBREGÓN, 1998, p. 4).
46
mas, hoje, a imprensa foi que levou ainda mais a tendência da especialização118
”
(FONTCUBERTA, 1993, p. 53, tradução nossa). Esta pesquisa terá como base, o jornalismo
especializado ligado a esta característica, pois a proposta é a criação de uma revista, com base
nos preceitos do jornalismo esportivo, com foco no futebol alternativo.
A especialização se torna uma tendência da lógica econômica que busca
segmentar o público, para melhor atingi-lo. De acordo com Abiahy (2000, p. 1), os
monopólios dos meios de comunicação perceberam que ao criar inúmeras revistas, com
títulos, temas e públicos diferentes. “A lógica de diferenciar as produções informativas, por
um lado atende às estratégias econômicas das empresas comunicativas, mas também
democratiza a escolha do público. É então, um jogo que substitui a massificação pela
personalização” (ABIAHY, 2000, p. 1-2). Essa personalização fez com que a publicidade nas
publicações impressas também mudasse de atuação, pois cada produto especializado tem um
público específico e assim, as marcas se adequam para atingir o público alvo (OBREGÓN,
1998).
As características do jornalismo especializado não podem ser fechadas,
porém Mar de Fontcuberta (s/d), citada por Salazar Herrera (2003, p. 5), demonstra que há
duas características para que um texto jornalístico esteja dentro da área de especialização:
a) Coerência temática: uma área de conteúdo jornalístico trata determinadas
parcelas da realidade e constrói, em consequência, uma agenda coerente. b)
Tratamentos específicos da informação que implica: construção de textos
coerentes, fontes de informação específica [...]; coerência com o público
segmentado que se dirige [...], o qual implica a adoção de códigos comuns;
jornalistas especialistas no campo específico de que trata a área, capazes de
sistematizar a informação e contextualizá-la em um determinado âmbito do
discurso jornalístico119
(FONTCUBERTA, s/d apud SALAZAR HERRERA,
2003, p. 5, tradução nossa).
Lage (2009) diferencia a matéria-prima do jornalismo geral e especializado,
em notícia e informação jornalística, respectivamente. “A informação jornalística é o espaço
privilegiado da reportagem especializada. Uma peculiaridade dela é destinar-se a públicos
118
Texto original: “[...] no son los medios los que especializan sino los contenidos. En todo caso los nuevos
medios facilitan la difusión de los contenidos especializados, aunque, hoy por hoy, es la prensa la que ha llevado
más lejos la tendencia a la especialización” (FONTCUBERTA, 1993, p. 53). 119
Texto orginal: “a) Coherencia temática: un área de contenido periodístico trata determinadas parcelas de la
realidad y construye, en consecuencia, un temario coherente. b) Tratamiento específico de la información que
implica: construcción de textos coherentes; fuentes de información específicas […]; coherencia con el segmento
de audiencia al que va dirigida […], lo cual implica la adopción de códigos comunes; periodistas especialistas en
el campo específico de que se trate el área, capaces de sistematizar la información y contextualizarla en un
determinado ámbito del discurso periodístico” (FONTCUBERTA, s/d apud SALAZAR HERRERA, 2003, p. 5).
47
mais ou menos heterogêneos” (LAGE, 2009, P. 113). Resumidamente, o autor apresenta desta
forma, os dois tipos:
1. a notícia trata de um fato, acontecimento que contém elementos de
ineditismo, intensidade, atualidade, proximidade e identificação que o
tornam relevante; corresponde, frequentemente, à disfunção de algum
sistema [...]. Já informação trata de um assunto, determinado ou não por fato
gerador de interesse; 2. a notícia independe, em regra, das intenções do
jornalistas; a informação decorre de intenção, de uma “visão jornalística”
dos fatos; 3. a notícia e a informação jornalística contêm, em geral, graus
diferentes da profundidade no trato do assunto; a notícia é mais breve,
sumária, pouco durável, presa à emergência do evento que a gerou. A
informação é mais extensa, mais completa, mais rica na trama de relações
entre os universos de dados; 4. a notícia típica e da emergência de uma fato
novo, de sua descoberta ou revelação; a informação típica dá conta de um
estado-de-arte, isto é, da situação momentânea em determinado campo de
conhecimento (LAGE, 2009, p. 114).
Ainda, de acordo com Lage (2009), a cobertura esportiva, por exemplo, é
um tipo que exige mais que a notícia, pois o acontecimento envolve outras situações, como
classificação no campeonato ou algo externo. Segundo o autor, a notícia esportiva foca-se na
disputa ou o jogo, mas há sempre um contexto envolvido. “Cabe ao repórter [...] documentar
essas declarações e decisões; atento ao contexto emocional em que situam e à natureza
empresarial [...]. Mas não deve perder de vista os aspectos éticos do esporte, seu poder de
catarse [...] e a finalidade educativa de sua prática” (LAGE, 2009, p.115).
A profundidade do texto é característica do jornalismo especializado, que
apresenta um foco, que vai para além do lead. Busca-se uma discussão acerca do
acontecimento, há um tratamento específico.
Atribui-se a esse tipo de jornalismo, portanto, o papel de buscar intermediar
saberes especializados na sociedade, construindo um tipo de discurso que,
noticioso, ou “apenas” informacional, promova um outro tipo de
conhecimento que se funde – geralmente – na compreensão conjunta do
universo científico e do senso comum (TAVARES, 2009, p.123).
Apesar de relacionar o jornalismo especializado com questões de bem estar,
Tavares (2007) cita que nessa atuação se presentificam “acontecimentos invisíveis”.
[...] se o objeto primeiro do jornalismo é o acontecimento, sendo daí
derivada a notícia e a construção discursiva do real, o que acontece quando o
jornalismo não se volta para um acontecimento pontual, para um fato
extraordinário, mas para certos “acontecimentos invisíveis” da e na
sociedade? Tal indagação caminha para questionamentos a respeito do
48
jornalismo que se dirige não para acontecimentos factuais propriamente
ditos, mas para os valores, os hábitos, os costumes, comportamentos e
sentimentos que compõem a sociedade contemporânea (TAVARES, 2007, p.
42).
Segundo Tavares (2007), os “acontecimentos invisíveis” estão e fazem parte
da construção da sociedade, mas a cultura120
da mídia é uma e tais fatos podem ser deixados
de lado no noticiário.
Apresenta- se nesse contexto uma relação entre o jornalismo e a cultura,
deixando mostras de uma relação maior e direta em que mídia e sociedade
são lidas e re-lidas uma pela outra, configurando aí um processo de
mediação. A mediação, nesse sentido, apresenta-se como prática midiática
de captar a realidade e transmiti-la a partir de um processo de produção
próprio, sem fugir da idéia de interação comunicativa que a envolve.
Percebemos assim, a mediação como um processo socialmente
contextualizado, inserido numa lógica comunicativa mais ampla, que
abrange diversos âmbitos de produção, recepção e de relação entre ambos.
No terreno do diálogo entre cultura e cultura de massa/comunicação de
massa, caminhamos hoje para uma idéia da existência de uma cultura da
mídia, que influencia e participa diretamente da vida cotidiana ora como
base, ora com pano de fundo para certos processos de criação e identificação
dos sujeitos (TAVARES, 2007, p. 47).
Esta pesquisa tem a pretensão de presentificar, por meio da proposta de um
produto especializado, a revista Série Z, que existe um futebol “invisível”, que vai além do
que é transmitido pela grande mídia, que passa a sensação que existe apenas este futebol.
Tavares (2007) também demonstra o ethos social do jornalismo
especializado. O ethos é uma construção própria do indivíduo. No jornalismo, o profissional
participa de uma constante construção e desconstrução do caráter e comportamento da
sociedade. “O ethos social é afetado pelas mudanças nas instituições e sistemas aos quais se
liga, bem como os afeta” (TAVARES, 2007, p. 51). O jornalismo geral foca-se no factual, em
demonstrar o fato ocorrido no ato do acontecimento, respondendo as perguntas do lead, sem
aprofundamento, enquanto o especializado “para os valores, os hábitos, os costumes,
120
Ao apresentar o termo cultura em seu artigo “O jornalismo especializado e a mediação de um ethos na
sociedade contemporânea” (2007), Frederico de Mello Brandão Tavares toma nota com base na obra “A Cultura
da mídia – estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno” (2001) de Douglas Kellner,
que cita: “A cultura, em seu sentido mais amplo, é uma forma de atividade que implica alto grau de participação,
na qual as pessoas criam sociedades e identidades. A cultura modela os indivíduos, evidenciando e cultivando
suas potencialidades e capacidades de fala, ação e criatividade. A cultura da mídia participa igualmente desses
processos, mas também é algo novo na aventura humana. [...] o melhor modo de desenvolver teorias sobre mídia
e cultura é mediante estudos específicos dos fenômenos concretos contextualizados nas vicissitudes da sociedade
e da história contemporânea” (KELLNER, 2001 apud TAVARES, 2007, p. 11-12).
49
comportamentos e sentimentos que compõem a sociedade contemporânea” (TAVARES,
2007, p. 42).
Acompanhada pela ciência experimental, o jornalismo especializado
representou um avanço científico e intelectual, devido ao aprofundamento necessário para se
abordar tal tema, pois a sociedade passou por um avanço tecnológico que interferiu na
demanda de informação, que melhoraram a qualidade de vida e passamos a discernir o que
queremos consumir, assim, a especialização jornalística aparece como uma opção. Assim, o
público passa a querer, saber e exigir mais da informação e consumir aquilo que é de seu
interesse. Jornalismo especializado é uma exigência social: “transmissão dos saberes de forma
precisa clara é uma missão jornalística121
” (SALAZAR HERRERA, 2003, p.9, tradução
nossa).
[...] a especialização jornalística surge com uma exigência da própria
audiência, cada vez mais setorizada e como uma necessidade dos próprios
meios de alcançar uma maior qualidade informativa e uma maior
aprofundamento dos conteúdos. Isto é, alcançar uma profundidade na
imprensa122
(FERNÁNDEZ DEL MORAL; ESTEVE, 1993 apud
OBREGÓN, 1998, p. 1, tradução nossa).
A questão da especialização ser positiva ou negativa gerou opiniões
diversas. “Alguns afirmam que uma excessiva divisão da área pode gerar uma atomização
jornalística, produzir situações de absoluta falta de comunicação entre os atores do processo e,
como consequência, uma deformação da realidade123
” (SALAZAR HERRERA, 2003, p. 3,
tradução nossa). Ainda sobre esta questão, Óbregon afirma que: “Enquanto um setor
considera positiva este parcelamento do conhecimento, como instrumento necessário para um
maior aprofundamento do mesmo, outros veem a especialização como uma limitação do saber
humano.124
” (OBREGÓN, 1998, p. 1, tradução nossa). Para este projeto, o pesquisador visa o
aprofundamento dentro de um tema, pois tal não é abarcado pela grande mídia, como
desenvolvido no capítulo anterior.
121
Texto original: “transmisión de saberes en forma precisa y clara es una misión periodística ” (SALAZAR
HERRERA, 2003, p.9). 122
Texto original: “[…] la especialización periodística surge como una exigencia de la propia audiencia cada vez
más sectorizada y como una necesidad de los propios medios por alcanzar una mayor calidad informativa y una
mayor profundización en los contenidos. Se trata de lograr una prensa en profundidad” (FERNÁNDEZ DEL
MORAL; ESTEVE, 1993 apud OBREGÓN, 1998, p. 1). 123
Texto original: “Hay quienes afirman que una excesiva división de áreas puede generar una atomización
informativa, producir situaciones de absoluta incomunicación entre los actores del proceso y, como
consecuencia, una deformación de la realidad ” (SALAZAR HERRERA, 2003, p. 3). 124
Texto original: “Mientras un sector considera positiva esta parcelación de los conocimientos, como
instrumento necesario para una mayor profundización en los mismos, otros ven la especialización como una
limitación del saber humano” (OBREGÓN, 1998, p. 1).
50
Dentro do público que consome o jornalismo há uma diversificação do
interesse e a especialização pode abarcar grupos específicos, pois “o público especializado,
embora esteja disperso e até certo ponto é anônimo e heterogêneo, está composto por pessoas
que têm interesses comuns [...] que leva-os a procurar mensagens semelhantes125
” (MERRIL;
LEE; FRIEDLANDER, s/d apud FERNÁNDEZ DEL MORAL; ESTEVE RAMÍREZ, 1996
apud SALAZAR HERRERA, 2003, p.10, tradução nossa). Um caso de reunião, mesmo que
virtual, é a comunidade Futebol Alternativo. Os membros da comunidade são dispersos
quanto à localização; anônimos, devido ao interesse por algo que a mídia não mostra e por ter
interesse comum, o futebol alternativo. Os membros são clientes potenciais da revista
especializada desenvolvida nesta pesquisa.
As informações de interesse pessoal tornaram-se mais importantes para a
maior parte dos leitores do que assuntos que ao longo do tempo eram
reconhecidos como fundamentais para a sociedade inteira. Provavelmente
esta é a consequência da evolução dos meios de comunicação. A Sociedade
da Informação, ao oferecer tanta variedade de veículos informativos,
aumentando a capacidade de escolha do receptor, tornou-o mais qualificado
a identificar-se com determinado material informativo (ABIAHY, 2000, p.
13).
Como demonstrado, a formação acadêmica do jornalista é generalista. Desta
forma, Scalzo (2013, p. 55) cita que o jornalista inicialmente é “especialista em generalidade”.
Uma das premissas do jornalista é perguntar algo em que não é especializado, para uma
autoridade no assunto, para que possa passar ao leitor de forma compreensível. “Quando o
jornalista se especializa em uma área, ele até pode ganhar em profundidade, mas corre o risco
de se comportar exatamente como o especialista que entrevista, ou seja, perder a curiosidade
típica do leitor comum” (SCALZO, 2013, p. 55).
Para Salazar Herrera (2003, p. 6), o jornalista especializado deve continuar
se informando sobre as outras áreas, pois a especialização não divide, mas sim multiplica o
saber. Cabe ao profissional, estar atento aos acontecimentos e assim, apresentar ao leitor
relações e enfrentamentos sobre tais assuntos. Quanto mais se eleva o grau de especialização,
melhor será produzido e transmitido o texto. “A especialização do jornalista não implica em
125
Texto original: “[...] el público especializado, a pesar de que está disperso y hasta cierto punto es anónimo y
heterógeneo, está compuesto por personas que sí tienen intereses comunes […] que los llevan a buscar mensajes
similares ” (MERRIL; LEE; FRIEDLANDER, s/d apud FERNÁNDEZ DEL MORAL; ESTEVE RAMÍREZ,
1996 apud SALAZAR HERRERA, 2003, p. 10).
51
um parcelamento do seu conhecimento ou uma limitação do seu trabalho profissional126
”
(SALAZAR HERRERA, 2003, p. 6, tradução nossa).
Nilson Lage (2009, p. 109-111) levanta a questão do “porque não
transformar especialistas em jornalistas”. O autor trabalha com a “a teoria da inocência”, pois
um especialista não precisa ser de uma classe para abordar tal assunto, como por exemplo,
“um professor de primeiro grau não precisa ser criança para comunicar-se com seus alunos”.
Outro problema desta possível transformação tem relação com a ética, pois certas áreas tem
como premissa não poder criticar um outro profissional da mesma área. O jornalista escreve
um texto jornalístico sobre outras áreas de serviço, com isso um médico, por exemplo, não
poderia criticar outro médico devido a ética da profissão. Para se tornar jornalista deveria
abandonar essa visão. Caso abandone a profissão que se especializou, isso representaria em
uma perda social, pois o especialista desfalcaria a área de formação. Para ao autor então, uma
especialização127
seria o suficiente para que o jornalista possa cobrir as diversas áreas do
conhecimento.
4.3 Especialização e segmentação
Por se tratar de um modo específico de se fazer jornalismo com a ligação
com o público, a especialização em alguns momentos é confundida com a segmentação.
Rovida cita que o jornalismo especializado “não é uma variação do jornalismo geral, mas sim
uma característica da própria evolução” (ROVIDA, 2010, p. 52) do jornalismo, enquanto que
o “Jornalismo Segmentado” tem como característica ser:
[...] um tipo de comunicação jornalística focado em grupos sociais
específicos formados com base em um interesse comum que, em geral, se
relaciona a temas profissionais. O Jornalismo Segmentado é apresentado em
veículos com distribuição dirigida. O texto desse tipo de comunicação
jornalística apresenta aspectos de proximidade com o público-alvo e traz
características que contradizem os preceitos de pluralidade encontrados no
jornalismo de informação geral. Dessa forma, os veículos segmentados são
voltados para públicos restritos, trabalham com uma lógica de proximidade
com o público, possuem uma periodicidade mais flexível e, portanto, não há
uma ênfase na atualidade, mas sim no aprofundamento objetivando a
informação, a interpretação e a formação do público (ROVIDA, 2010, p.
75).
126
Texto original: “La especialización del periodista no implica una parcelación de su conocimiento ni una
limitación en su quehacer profesional” (HERRERA, 2003, p. 6). 127
Especialização aqui se entende como uma pós-graduação.
52
Para Carvalho (2007), que tem ideia semelhante, a segmentação tem como
propósito atingir um nicho específico. Para se segmentar pode-se trabalhar com pesquisas,
números de público e pauta acessível e estável. Existem dois tipos de segmentação: “a da
divisão do mercado e a da classificação do consumidor” (CARVALHO, 2007, p.5). A
primeira tem como característica afirmar que nenhuma empresa tem a capacidade de oferecer
tudo que um cliente quer. A segunda tem relação com as preferências do leitor, pois cada um
dos indivíduos possui uma preferência específica. Desta forma, a segmentação está ligada ao
público, enquanto que a especialização é ligada ao assunto do produto.
Abiahy (2000) cita que houve uma fragmentação dos meios de comunicação
para atingir um público específico, seja pelos canais de TV por assinatura, programas
televisivos especializados e internet, mas a revista, devido a variedade de títulos
especializados tornou-se o “veículo mais propício à segmentação, [...] o melhor meio para
observar a especialização jornalística, expondo um panorama das temáticas trabalhadas no
jornalismo especializado” (ABIAHY, 2000, p.2). As revistas, como regra, oferecem opções a
vários públicos, mas específicos e segmentados. Por esta razão, que este projeto será voltado à
mídia revista. Sobre o jornalismo especializado e jornalismo esportivo, Abiahy afirma que:
Numa temática tão extensa quanto esporte, encontraremos inúmeras
publicações. Esta é uma matéria que sempre alcança espaços generosos na
mídia. Podemos até considerar que o noticiário esportivo da tevê é uma das
primeiras experiências de jornalismo especializado. Em se tratando de
revistas a especialização será ainda mais evidente. Além de uma abordagem
profunda do assunto, para os leitores que buscam este tipo de informação
sobre o esporte que os interessam, estas publicações se destacam ainda por
adequarem-se ao estilo de vida dos adeptos dos esportes abordados
(ABIAHY, 2000, p. 19).
Há diversos aspectos quando tratamos da especialização no jornalismo
esportivo. Uma revista especializada em basquete, com os preceitos do jornalismo esportivo,
não terá como público, adeptos de esportes radicais, pois são interesses diferentes dentro da
mesma área jornalística, a esportiva. Martínez de Sousa (s/d), citado por Óbregon (1998),
demonstra que o jornalismo especializado é responsável por informar a um público que tenha
um determinado interesse. Cada área do jornalismo sendo especializada possui subáreas,
assim, o jornalismo esportivo, por exemplo, pode se especializar em um esporte específico e
dentro disso ainda há várias possibilidades. No caso deste estudo, se especializar em futebol
alternativo, uma subárea do futebol. Adiante, iremos apresentar os conceitos de jornalismo
53
esportivo e jornalismo de revista, também, bases desta pesquisa, que tem como proposta a
criação de um projeto editorial para uma revista especializada em futebol alternativo.
54
5 JORNALISMO ESPORTIVO
Após o desenvolvimento do conceito de jornalismo especializado, este
capítulo irá apresentar os preceitos do jornalismo esportivo, que será base para a produção e
desenvolvimento da revista Série Z. O que é jornalismo esportivo, a postura do profissional
desta área, o jornalismo esportivo como uma especialização e a questão da cobertura
esportiva, relacionando-a com o entretenimento e o espetáculo serão os pontos apresentados.
5.1 Jornalismo esportivo é jornalismo
O jornalismo esportivo é a prática do jornalismo voltada à cobertura de
eventos esportivos, desde as competições até o que envolve o esporte externamente, como
casos de corrupção, política e doping, por isso é acima de tudo jornalismo. “Jornalismo é
jornalismo, seja ele esportivo, político, econômico, social. Pode ser propagado em televisão,
rádio, jornal, revista ou internet. [...] A essência não muda porque sua natureza é única e está
intimamente ligada às regras da ética e ao interesse público” (BARBEIRO; RANGEL, 2012,
p. 13).
Unzelte (2009, p.17) cita que a produção de uma matéria possui os mesmos
processos das outras editorias, como a criação da pauta, a apuração e a redação (reportagem).
A pauta na cobertura esportiva, assim como nas outras áreas, é o primeiro passo para a
realização da reportagem. Tem como objetivo ser um roteiro que o repórter deve seguir. No
jornalismo esportivo, as pautas enfrentam a questão da instantaneidade. “Na hora de cumpri-
la, o repórter deve ter em mente dois mandamentos: ‘pauta não é bíblia’ e ‘repórter não é filho
da pauta’. Isso significa que a pauta partirá sempre de uma tese, que, na prática, pode ser
confirmar ou não” (UNZELTE, 2009, p. 25), ou seja, como exemplo, o repórter sai com uma
pauta que tem como finalidade a entrevista de um jogador de futebol e um foco específico,
porém, em meio a apuração, o jogador pode não estar no local ou outro fato surgir, que o
paute em meio a produção. As circunstâncias fizeram com que a pauta mudasse e o que o
jornalista leva para a redação é uma matéria diferente, o que deve ser feito nestas situações. A
instantaneidade pode influenciar na apuração dos fatos, pois como afirma Barbeiro e Rangel
(2012, p. 25):
Alguns veículos são tomados pela histeria de divulgar os fatos antes e
afundam no pântano da falta de credibilidade. Um mal que atinge boa parte
55
das emissoras do país. [...] É preciso ser ágil para não perder a oportunidade
de oferecer ao torcedor a informação atualizada e completa, porém com
acurácia. Sem ela, nada feito. Não é jornalismo.
Caso a pauta e a apuração encontrem problemas, a consequência se dará na
reportagem e sua redação. “É preciso tomar cuidado com a vontade de dar notícia em primeira
mão sem a devida checagem. Isso tem corrompido a boa reportagem” (BARBEIRO;
RANGEL, 2012, p. 21). Assim como a pauta, a redação de uma matéria esportiva tem as
mesmas premissas do jornalismo. A notícia deve corresponder a estrutura do lead e apresentar
respostas sobre o fato apresentado. Caso não se trabalhe pura e simplesmente com a notícia,
como no caso das revistas, a pauta também serve como um foco para a produção da matéria e
deve conter os resultados esperados.
5.2 Jornalismo esportivo e a especialização
O jornalismo esportivo é considerado como uma das primeiras
especializações, mas é menos desenvolvido que outras áreas, de acordo com Pérez (2009),
que teve como ponto de partida deixar de se apresentar apenas resultados e estatísticas para
que os gêneros jornalísticos fossem agregados a prática. No começo a informação esportiva
era ligada a “área de especialização recreativa”, por isso se misturava com o jornalismo
cultural.
Como discutido anteriormente128
, com base em Salazar Herrera (2003) e
Óbregon (1998), existem opiniões diversas sobre a especialização ser positiva ou negativa. No
jornalismo esportivo, Unzelte (2009, p. 117-118) vai ao encontro de tal pensamento. Segundo
o autor, a especialização pode tornar o jornalista uma referência na área, o que resultaria em
ser consultado sobre o assunto não só por leitores, espectadores e ouvintes, mas também por
profissionais da mesma área. Para isso, o profissional deve investir em si, desde a formação,
consumo de informação e uma agenda com as fontes corretas para sanar dúvidas.
Outro trunfo do jornalista especializado está no fato de seu maior
conhecimento específico diminuir a possibilidade de erros de informação no
que diz respeito aos temas com que trabalha. Não que esses erros passem
simplesmente a inexistir. Mas o jornalista esportivo sabe muito bem, por
exemplo, que tem de chamar o time Anapolina […], de “a” Anapolina, por
conta da razão social do clube (Associação Atlética Anapolina), e não de “o”
Anapolina, como faz eventualmente os jornalistas de outras áreas quando
128
No capítulo Jornalismo Especializado.
56
têm de citar o nome desse clube em seus textos. Pode parecer apenas um
detalhe, mas conta muito para um leitor tão específico. Ainda mais se ele
morar na cidade de Anápolis ou for torcedor da própria Anapolina”
(UNZELTE, 2009, p. 119-120).
O lado ruim (UNZELTE, 2009, p. 120) vem da imagem que jornalistas de
outras áreas têm sobre a área esportiva.
Os que não trabalham com esporte […] orgulhosamente confessam “não
entender nada disso”, costumam encarar o tema como uma coisa menor […].
Você já viu algum jornalista se orgulhar publicamente de não entender nada
de cinema, música, política? Mas não entender de esporte, ao contrário, […]
conta pontos para a imagem intelectual que possam fazer de você
(UNZELTE, 2009, p. 121).
O autor ressalta que tal visão é certa, pois em alguns momentos, o
jornalismo esportivo deixou a desejar, como por exemplo, repetição de assuntos, mas que
assim, como nas outras áreas, trabalhar com esportes requer prática, habilidade e atenção. Há
também o risco do jornalista ficar “bitolado” (UNZELTE, 2009, p. 122), por ficar fixado em
um assunto, por isso é recomendável que se tenha a rotina de ler sobre outros assuntos, para
não ter problemas caso saia da área em que se especializou.
O jornalismo esportivo, devido, ao variado número de esportes que existem
não consegue contemplá-los no noticiário. A audiência é o que determina o que deve ser
noticiado e assim tais assuntos tem preferência levando em consideração o que o público
prefere acompanhar. O “mundo dos esportes, por ser vasto, jamais conseguiria reunir a
diversidade de estímulos temáticos que qualquer noticiário oferece atualmente. Mas, é certo
que o jornalismo esportivo tende a atrair audiências com interesses muito específicos129
”
(PÉREZ, 2009, p. 6, tradução nossa). Essa é a proposta do projeto editorial dessa pesquisa:
abarcar os clubes que não são agendados pela grande mídia.
A proposta desta pesquisa é se especializar na área de futebol alternativo,
que pode ser considerada uma espécie de subespecialização, pois Unzelte (2009, p. 123) diz
que o jornalismo esportivo oferece, devido a abertura que se tem, “cada vez mais campos
dentro desse guarda-chuva chamado esporte”. O autor apresenta várias subespecializações em
sua obra, mas nenhuma delas ligadas a um outro lado do futebol. Cita o futebol internacional,
mas com relação aos campeonatos com cobertura da grande mídia. Uma das intenções do
129
Texto original: […] el mundo de los deportes, por vasto que sea, jamás alcanzaría a congregar la diversidad de
estímulos temáticos que ofrece hoy cualquier espacio noticioso. Pero, si bien es cierto que el periodismo
deportivo suele atraer audiencias con intereses muy específicos (PÉREZ, 2009, p. 6).
57
pesquisador é exatamente se especializar em uma área e demonstrar tal trabalho, por meio de
uma revista especializada, seguindo as premissas jornalísticas desde a pauta, apuração e
redação, mas também com uma postura que condiga com a profissão.
5.3 O jornalista esportivo: postura e ética
Segundo Barbeiro e Rangel (2012, p. 21), o jornalismo esportivo em muitos
momentos convive com a “mesmice” das pautas e é de responsabilidade do jornalista fugir
disso. De acordo com os autores, a área esportiva é mais vasta que as disputas esportivas em
si, abrangendo, como por exemplo, política, violência, defesa do consumidor e do torcedor.
Para qualquer matéria jornalística que se preze, as fontes são essenciais, um
dos pontos mais discutidos por Coelho (2014) e Unzelte (2009). Assim, como nas outras
áreas, a fonte é a responsável por passar as informações que o jornalista deseja, em uma
relação profissional, porém, em alguns momentos tal relação pode se transformar em amizade.
Amizade não combina com jornalismo. Por outro lado, ajuda muito a
conseguir informações […] antes dos demais colegas. Duro é separar as duas
coisas. Muitos jornalistas não conseguem separar amizade de relacionamento
profissional. Não é raro ouvi-lo elogiar jogadores por conta apenas da
amizade (COELHO, 2014, p. 75).
As fontes devem ser mantidas continuamente, mas não pode haver a mistura
do profissional e o pessoal, pois a isenção da informação fica prejudicada. Deve-se ter a
relação, indagando-o sobre todas as dúvidas na apuração da notícia e sempre deixando claro
que não se trata de troca de favores.
Não é porque eu tenho um bom relacionamento com determinada fonte que
vou poupá-la, deixar de dar informação, que afinal é a minha primeira
obrigação profissional como jornalista. [...] eventuais informações em
primeira mão que sejam passadas, ou qualquer outro tipo de facilidade para a
realização do meu trabalho, jamais serão pagas com a posterior publicação
de algo que interesse à fonte (UNZELTE, 2009, p. 105-106).
Segundo Coelho (2014), o jornalismo esportivo é visto com certo
preconceito por jornalistas de outras áreas, que enxergam neste profissional, um “mero
‘palpiteiro’, que segundo o autor, é o perfil apresentado por muitos jornalistas da área. O autor
cita que há vários destes no mercado e em todas as áreas, com erros em seus prognósticos,
mas que no jornalismo esportivo, que muitas vezes é ocupado por profissionais de outras
58
áreas, como ex-atletas, tal ação tem efeito maior. “O que se verifica atualmente, no entanto, é
a ditadura do oposto. Despreza-se muito o conhecimento teórico adquirido por jornalistas. E o
exercício do jornalismo vira atividade técnica pura e simples. O comentarista de televisão é
geralmente alguém com história dentro do esporte” (COELHO, 2014, p. 53).
Ainda nesta questão, Coelho (2014, p. 81) afirma que uma maneira de
mudar a visão que se tem da área esportiva depende das propostas de pautas que fujam de um
ponto comum, como defendem Barbeiro e Rangel (2012), exigindo do jornalista criatividade e
disciplina.
As discussões acima se relacionam com o dia-a-dia da redação, que ganhou
novos capítulos desde o final do século XX: a questão ética e o merchandising130
. Segundo
Rangel (2008, p. 6), o fator econômico provocou fenômenos culturais, sociais, políticos e
comunicacionais e acabou por interferir no jornalismo, com uma “contaminação da linguagem
jornalística pela publicitária”. Esse cenário acentuou a presença de jornalistas que se utilizam
do merchandising nos programas esportivos os transformando em garotos-propaganda
(RANGEL, 2008, p. 96).
No jornalismo esportivo, o dilema ético é um debate corriqueiro, como
trabalha Unzelte (2009) e Barbeiro e Rangel (2012), estes, que citam que a “ética no
jornalismo esportivo tem a mesma importância que qualquer outra área, uma vez que ela
baliza as ações humanas, critica a moralidade e se constitui em princípios e disposições”
(BARBEIRO; RANGEL, 2012, p. 113). Segundo Unzelte (2009, p. 101), ética e jornalismo
esportivo são desafiadas a partir do momento que há uma relação entre redação e publicidade.
Certas empresas acreditam que anúncios publicitários partem da redação de um veículo
jornalístico, mas, como explica o autor, tal relação não existe, pois as áreas “não se
misturam”.
Outra prática que desafia a postura ética é a do jabá, que segundo Unzelte
(2009, p. 101) “são os presentes [...] que um jornalista pode ou não receber de suas fontes,
seus entrevistados, do objeto, enfim, de seu trabalho”.
Publicidade, por meio do merchandising, é uma prática comum em
programas esportivos, por isso, o jornalismo se encontra no meio do entretenimento e do
espetáculo, que o esporte se tornou. Unzelte (2009, p. 109-111) apresenta sete argumentos de
130
“Merchandising é qualquer técnica, ação [...] promocional [...] que proporcione informação e melhor
visibilidade a produtos, marcas ou serviços, com o propósito de motivar e influenciar as decisões de compra dos
consumidores” (BLESSA, 2011, p. 1).
59
quem é contrário a mistura de jornalismo e merchandising131
e outros sete de quem é
favorável132
. Posteriormente, o autor resume a ideia.
Quem é contra argumenta, entre outras coisas, que a ligação com o
merchandising tira a independência e a credibilidade do jornalista e que, no
caso de querer exercer a publicidade, o profissional deve deixar o
jornalismo. Quem é a favor argumenta que jornalistas esportivos sempre
leram textos publicitários durante as coberturas de futebol e que programas
esportivos são também de entretenimento, não apenas informação, e que por
isso podem comportar o merchandising (UNZELTE, 2009, p. 112).
Cabe aqui frisar que a cobertura de esportes pode ser feita de várias
maneiras, o problema ocorre quando o comunicador afirma fazer jornalismo, mas não faz na
prática. O que é passado terá um efeito no receptor, que pode encarar de diversas formas, o
modo que está se informando. O “que é verdade, o que é opinião e o que é lenda se misturam
e nem todo mundo é capaz de diferenciar o que é jornalismo do que não é” (COELHO, 2014,
p. 19). Esse cenário fez com que o jornalista esportivo conviva no meio do entretenimento e
do espetáculo, o que pode confundir a prática jornalística.
131
“A ligação com o merchandising fere o que um jornalista tem de mais precioso, sua independência e
credibilidade.
Jornalismo esportivo é área especializada, e, portanto, o jornalista não pode acumular essa função com outras
incompatíveis, como a de assessor de imprensa, empresário ou garoto-propaganda. No caso de desejar exercer
alguma dessas outras funções, terá, antes de tudo, que deixar de ser jornalista.
O jornalista que faz publicidade está cultivando uma relação perigosa e antiética, pois, ao fazer propaganda de
determinado produto, como poderá apurar de forma imparcial um fato que envolva alguém ligado àquele mesmo
produto? No meio esportivo, no qual tantos dirigentes são também empresários, essa situação é recorrente.
O patrão do jornalista é o leitor, ouvinte ou telespectador, não o anunciante.
Quanto mais merchandising houver, mais a informação fica em segundo plano.
Vantagens conseguidas com a prática do merchandising, como hospedagens e jantares em troca de pequenas
inserções durante a programação, principalmente no rádio e na TV, constituem o famoso “jabaculê” (também
chamado de “jabá”) e destroem a credibilidade do jornalista.
Pelos mesmos motivos expostos anteriormente, o merchandising é aceitável em programas de entretenimento,
mas não nos programas em que a informação é o foco” (UNZELTE, 2009, p. 109-110). 132
“Jornalistas esportivos sempre leram textos publicitários durante as coberturas de futebol. Faz parte da
atividade.
Programas esportivos são também entretenimento, não apenas informação, e por isso podem comportar, sim, o
merchandising.
Os anunciantes que procuram esses programas são empresas sérias e profissionais, e os escolhem por visualizar
neles a credibilidade necessária para o merchandising.
Se o produto que anunciam não for bom, ele, pelo fato de serem as estrelas das mensagens publicitárias, não têm
nada a ver com isso, pois não têm acesso à vida íntima e fiscal das empresas que anunciam.
Quem é contra o merchandising no jornalismo esportivo é invejoso, pseudojornalista ou patrulheiro fracassado.
Cada um age como quiser e o julgamento deve ser do público, do mercado, dos veículos de comunicação, do
torcedor, do ouvinte, do telespectador, dos clientes patrocinadores e das agências de publicidade contratantes.
O espaço que o merchandising está ganhando na mídia mundial deve-se à desvalorização do intervalo comercial
tradicional. Trata-se de um processo irreversível.
Os empregos, principalmente dos jornalistas, são alavancados pelos recursos obtidos com o mercado
publicitário. Portanto, se o jornalismo tem vergonha da publicidade, que viva sem ela” (UNZELTE, 2009, p.
110-111).
60
5.4 Futebol, entretenimento e espetáculo
Por ser o futebol, foco desta pesquisa, neste ponto as relações deste esporte
serão utilizadas como base de discussão para entender a relação que o futebol tem com o
entretenimento junto ao espectador, a discussão sobre o futebol como espetáculo133
e o
jornalista esportivo dentro deste contexto.
Pérez (2009) cita que talvez, o jornalismo esportivo seja a primeira
especialização voltada ao entretenimento. O autor frisa que neste contexto, a informação
pode ficar em segundo plano se confundida com o mero entretenimento, formando um
desequilíbrio. Entretenimento e jornalismo podem ser relacionados, pois peças de teatro, o
cinema e as expressões artísticas fazem parte deste meio e há uma cobertura jornalística sobre
estes assuntos. No esporte, assim como nas outras, o papel do jornalista é informar.
A fim de ser não ser apenas o primeiro, mas sim o melhor dos jornalismos
especializados, ao jornalismo esportivo resta equilibrar o que há de sério no
entretenimento, verificar o funcionamento do conjunto que estão atrás do
espetáculo, buscar criatividade informativa ao invés do exagero habitual, e
em especial, assumir os compromissos de um exercício jornalístico
competente134
(PÉREZ, 2009, p. 11, tradução nossa).
O entretenimento também é informação e o esporte para o espectador tem a
função de entreter. “Um evento esportivo é lúdico e distrai as pessoas, é um lazer, um
momento de descontração. Uma disputa esportiva é um espetáculo e o jornalista checa e
informa os acontecimentos, mas não deveria participar deles” (RANGEL, 2008, p. 92). Silva
(2009) cita que a competição mexe com a emoção das pessoas que acompanham e por vezes
tal ação influencia o profissional na cobertura e como consequência disso:
[...] o esporte não é levado a sério porque é paixão, os jornalistas esportivos
não são exigidos da mesma maneira em sua formação e acabam confundindo
sua situação de repórter com a de torcedor, produzindo um jornalismo que,
133
O desenvolvimento deste tópico terá como base a dissertação de mestrado “O Futebol Midiático: Uma
reflexão crítica sobre o jornalismo esportivo nos meios eletrônicos”, de Patrícia Rangel. Na pesquisa, a autora
trabalha o termo espetáculo, com base na obra “Sociedade do Espetáculo” (2009) de Guy Debord. De acordo
com Rangel (2009, p. 64), Debord “critica a sociedade que se organiza em torno de uma constante falsificação da
vida comum”. 134
Texto original: Con miras a ser no nada más el primero, sino el mejor de los periodismos especializados, al
periodismo deportivo le resta sopesar lo que hay de serio en el entretenimiento, verificar la operación de los
aparatos que están detrás del espectáculo, procurar creatividad informativa antes que exageración consabida, y
en concreto, asumir los compromisos de un ejercicio periodístico competente (PÉREZ, 2009, p. 11).
61
ao aproximar-se do entretenimento, acaba por ser entendido como uma
editoria menor (SILVA, 2009, p. 18).
As mudanças no futebol, com o tempo, fizeram o jornalismo esportivo
voltado a tal cobertura, mudar também: do amadorismo para a profissionalização, da elite para
as massas, do esporte para o negócio. O futebol transformado em espetáculo teve como
contribuidor, as transmissões esportivas do rádio, o que ajudou a popularizar o futebol, por
meio de formas de se transmitir que prendiam o público com humor, abuso de bordões e
vozes marcantes.
Depois que o futebol foi assimilado pelas massas, ele passou a ser apreciado
como espetáculo por meio das imagens veiculadas pela televisão, num
fenômeno produzido com as mais altas tecnologias, incorporando beleza ao
gesto técnico, buscando a imagem mais que espetacular. Na verdade, isto
não acontece somente com o futebol, mas sim com todo esporte que
consegue atingir às massas e fornecer imagens espetaculares aos
telespectadores. Ou seja, o esporte parece ser o parceiro preferencial da
espetacularização na mídia televisiva, porque oferece, em contrapartida, o
show já pronto; possui elementos fortes para esta parceria, porque ganha
características de um show de entretenimento (RANGEL, 2008, p. 64).
Rangel (2008) relaciona o futebol como um produto da Indústria Cultural,
ancorada nos estudos de Theodor Adorno e Max Horkheimer (1985)135
, onde há um processo
de massificação da cultura, onde a massa é homogênea. Devido as mudanças, o futebol passou
a fazer parte deste processo. Segundo a autora, os programas esportivos de mesa-redonda
demonstram tal processo na relação informação e futebol. “Praticamente em todos os canais
da televisão aberta, [...] estes programas são exibidos com conteúdo e perfil muito
semelhantes. A sensação ao mudar de canal é que não mudamos de emissora. Quando o
conteúdo não é bom, ele tende a se assemelhar com outros” (RANGEL, 2008, p. 52). Assim,
há uma repetição de fatos esportivos, o que pode tornar para o espectador, como algo único
naquele meio, pois a cada programa reforça-se os mesmos clubes, campeonatos e jogadores,
consequência disso, é que uma considerável parte do meio futebolístico não existe nos
noticiários.
Ainda nesta perspectiva, Rangel (2008) cita que um espetáculo é criado
nestes programas, por meio do apelo a diversão como forma de distrair os espectadores, em
135
Rangel (2008) demonstra essa relação no primeiro subtítulo do Capítulo II, em cinco páginas onde relaciona
os estudos de Adorno e Horkheimer com o produto futebol. A autora baseia sua discussão na obra “Dialética do
Esclarecimento” (1985), dos dois autores. A referência da Dissertação de Mestrado de Rangel (2008) está
disponível nas referências desta pesquisa, para consulta.
62
meio as informações. “Os apresentadores se desdobram em entreter seus telespectadores com
prêmios, piadas, risadas, humilhações de colegas, vale até encenar algum papel neste
espetáculo” (RANGEL, 2008, p. 54) e complementa afirmando que em “vários programas,
estes jornalistas assumem um papel teatral na atração, sendo um o bonzinho, o outro o
ranzinza, o ingênuo, [...] o bravo. Com isso, as discussões crescem, tornam-se até polêmicas
gerando audiência” (RANGEL, 2008, p. 55).
É neste espetáculo criado na cobertura esportiva que se insere o jornalista
esportivo. Em muitos momentos, ele está no meio do espetáculo e acredita ser parte dele, mas
a sua função é a de informar sobre tal evento. O espetáculo criado em torno do futebol fez
com que houvesse uma mudança na relação futebol e público, onde se cria espectadores e não
mais, atores do processo.
O futebol gera notícias extraordinárias, informações de vendas milionárias
de jogadores, a vida cada vez mais glamourosa destes, pautas sobre
superfaturamento de eventos esportivos, CPIs do futebol, e muito mais. Ou
seja, futebol dá visibilidade. E as tecnologias aliadas na constituição do
futebol espetáculo da atualidade como: transmissões via satélite, câmeras
cada vez mais potentes e detalhistas, computação gráfica, etc, nos colocam
numa condição de contempladores deste espetáculo. É como se não
tivéssemos mais contato com o verdadeiro esporte, fôssemos apenas
espectadores e não mais atores destes (RANGEL, 2008, p. 65).
Como Rangel (2008) cita, o futebol dá visibilidade, no entanto, este futebol
é aquele com cobertura da grande mídia. A intenção desta pesquisa é dar visibilidade ao
futebol alternativo.
63
6 JORNALISMO DE REVISTA
A revista surgiu como veículo impresso e com o passar dos tempos seu
estilo foi adaptado, diferenciando-se das propostas da televisão, rádio e jornal. Apesar da
revista Série Z ser destinada ao meio digital, os preceitos do impresso serão incorporados a
produção, pois como será discutido, a revista mesmo que em outras plataformas deve acolher
o que seja positivo de tal tecnologia, mas sem deixar de ser revista.
Este capítulo trabalhará a questão das especificidades que caracterizam a
revista, os gêneros jornalísticos utilizados, a análise de dois periódicos esportivos do Brasil e
o conceito de revista digital.
6.1 A revista e suas características
Apesar de a primeira revista ter sido criada em 1663, pelo alemão Johann
Rist, em Hamburgo, intitulada Erbauliche Monaths-Unterredungen, o termo “revista” ter sido
utilizado pela primeira vez, pelo inglês Daniel Defoe, em 1704, quando criou em Londres, a A
Weekly Review of the Affairsof France e a primeira revista com formato semelhante ao atual
ser a inglesa The Gentleman’s Magazine criada em 1731136
, a revista precursora com caráter
de imprensa é a americana Time (1923) criada por Briton Hadden e Henry Luce, “para atender
à necessidade de informar com concisão em um mundo já congestionado pela quantidade de
informações impressas [...]. A ideia era trazer notícias da semana, do país e do mundo,
organizadas em seções, sempre narradas de maneira concisa e sistemática (SCALZO, 2013, p.
22). Mesmo a Time, como as anteriores, as revistas desde então traziam características que
ainda são vistas atualmente, como a periodicidade e foco específico.
No Brasil, de acordo com Scalzo (2013), a história das revistas tem relação
com o crescimento econômico e industrial. A revista As Variedades ou Ensaios de Literatura
foi criada em 1812, em Salvador e é a primeira publicação do tipo no Brasil, que tinha
características de livro e trazia textos sobre cultura e costumes da época. Antes destes títulos,
outra publicação merece destaque como marco da revista no Brasil, o Correio Braziliense. O
jornal pertencia a Hipólito da Costa, que tinha como objetivo defender a liberdade de
imprensa no Brasil e em Portugal, para isso, o periódico era feito em Londres, pois a
Inglaterra não tinha ligações com Portugal. Em 1º de junho de 1808, o jornal chega ao Brasil e
136
A história das revistas de uma maneira mais completa pode ser consultada nas obras de Scalzo (2013) e
Nascimento (2002).
64
logo impacta o governo, que acaba o proibindo. O Correio Braziliense circulou até 1822, mas
as características do jornal, como era chamado, trazia especificidades de revista.
O Correio Braziliense ou Armazém Literário – um título que busca associar
no seu tempo o jornal, a revista e o livro, num contexto de informação geral,
cultura, ciência e história – é uma brochura mensal de 140 páginas in-8.º
grande, capa azul escuro. Política, Comércio e Artes, Literatura e Ciências,
Miscelânea, Reflexões sobre as novidades do mês, e Correspondência são as
principais seções (BAHIA, 2009, p. 33).
Quatro publicações merecem destaque para a popularidade que as revistas
alcançaram no Brasil: O Cruzeiro, Manchete, Realidade e Veja. A primeira foi fundada em
1928, pelo jornalista Assis Chateaubriand, com foco em grandes reportagens e fotojornalismo.
Em 1952, a Manchete foi criada e é considerada uma superação da primeira, devido aos
aspectos gráficos e fotojornalismo. A Realidade, criada em 1966, aproveitou a decadência das
duas primeiras citadas e se tornou uma conceituada revista, devido a postura crítica e o
jornalismo investigativo. A Veja se destaca pelos números, pois a publicação criada em 1968,
contou com circulação média entre janeiro e setembro de 2014 de 1.167.928 exemplares137
, a
maior no mercado editorial brasileiro, atualmente138
.
Como visto, a revista possui características próprias que a diferencia dos
outros meios, como a periodicidade, público, formato e o texto em profundidade. Nascimento
(2002); Vilas Boas (1996), Benetti (2013) e Scalzo (2013) demonstram essas diferenças
comparando esta mídia com o jornal, dois veículos impressos. Para Nascimento (2002, p. 18),
revista pode ser definida desta forma:
Em linhas gerais, define-se revista como uma publicação periódica de
formato e temática variados que se difere do jornal pelo tratamento visual
(melhor qualidade de papel e de impressão, além de maior liberdade na
diagramação e utilização de cores) e pelo tratamento textual (sem o
imediatismo imposto aos jornais diários, as revistas lidariam com os fatos já
publicados pelos jornais diários ou já veiculados pela televisão de maneira
mais analítica, fornecendo um maior número de informações sobre
determinado assunto.
Para Vilas Boas (1996, p. 9) a “revista semanal preenche vazios
informativos deixados pelas coberturas dos jornais, rádio e televisão. Além de visualmente
mais sofisticada, outro fator a diferencia sobremaneira do jornal: o texto”.
137
Dados da Associação Nacional de Editores de Revista (ANER). Disponível em: <http://aner.org.br/dados-de-
mercado/circulacao/>. Acesso em: 29 ago. 2015. 138
A história das revistas no Brasil de uma maneira mais completa pode ser consultada na obra de Bahia (2009).
65
Benetti (2013, p. 45) cita que o jornalismo apresenta fatos atuais ou
presentes, mas no jornalismo de revista essa “noção é estendida: atual é sinônimo de
contemporâneo, não de novo”. Para a autora, o jornalismo de revista possui três contratos de
comunicação. O primeiro contrato é a função de não só apresentar o presente social, mas que
o “mundo é diverso, complexo e interessante”, o que demonstra ao leitor que existem coisas
que ele não conhece e a partir disso, precisa. O contrato seguinte é a questão da identidade
entre quem escreve e para quem, neste Trabalho de Conclusão de Curso, o pesquisador se
identifica com o interesse e tem como objetivo oferecer o seu interesse a um público que
comunga por tal assunto. O terceiro contrato se refere ao contexto do trabalho, que comporta a
linha editorial e os recursos humanos, físicos e financeiros (BENETTI, 2013, p. 50-51).
Devido à periodicidade deste meio, as revistas “cobrem funções culturais
mais complexas que a simples transmissão de notícias. Entretêm, trazem análise, reflexão,
concentração e experiência de leitura” (SCALZO, 2013, p. 13). Ao contrário do jornal, TV,
rádio e internet (sites e portais), a revista não trabalha com a instantaneidade que o fato
ocorre, por isso a abordagem deve ser diferente das demais, caso contrário, será mais uma a
noticiar algo em meio a vários veículos e o que a difere dos outros meio é exatamente isso, a
sua abordagem dos fatos.
O público também interfere na produção de uma revista. Enquanto o jornal
trabalha para um público geral, a revista possui públicos delimitados para os diferentes títulos
existentes. Caso um leitor tenha interesse em determinado assunto que o jornal retrata, ele
deverá comprar todas as editorias. Na revista, os títulos para diferentes públicos tornam o
meio mais segmentado possibilitando chamar o leitor de você, pois o público a quem o
jornalista se reporta é específico (SCALZO, 2013). O jornal oferece a possibilidade de se
informar sobre variados fatos em uma mesma edição, o que não acontece nas revistas. Para
“saber sobre outro tema, é necessário ler outra revista. Com exceção das revistas semanais de
informação geral, que pretendem fornecer ao leitor uma visão panorâmica de todo tipo de
acontecimento, as demais são dirigidas a interesses pontuais” (BENETTI, 2013, p. 46).
Ainda na relação com o público, Benetti (2013, p. 46) cita que a experiência
é outra característica da revista, pois esta mídia apresenta estímulos de experimentação e
identificação, o que faz com que a revista e o leitor criem uma relação, sendo assim “é preciso
também construir um vínculo emocional, para que o leitor sinta a revista como ‘sua’, como
parte de sua rotina, como uma necessidade, como algo a ser esperado e cujo consumo possa
ser ritualizado” (BENETTI, 2013, p. 47). A revista Série Z tem essa pretensão: fazer com que
66
o público do futebol alternativo tenha mais uma opção na internet, definindo da melhor forma
a periodicidade e a circulação da revista.
Outra característica que diferencia a revista dos outros meios é o formato,
que garante ao leitor a possibilidade de carregá-la para onde quer139
. No caso das revistas
digitais, esta especificidade também é encontrada, mas problemas de conexão podem ser um
empecilho em determinados momentos, mas o público do foco da revista é espalhado e seria
inviável a impressão.
Todas essas características determinam o estilo do texto jornalístico para as
revistas, com a valorização da reportagem e da profundidade. Para Vilas Boas (1996), o texto
em revista é escrito com base no estilo magazine, que conta com especificidades diferentes do
estilo jornalístico que é voltado aos outros meios. Para o autor, a revista tem uma gramática
própria, devido a linguagem e ao estilo gráfico diferente do jornal, que preserva o texto
coloquial, ao invés do literário, no caso da revista, onde o profissional pode trabalhar com a
contemporaneidade, atualidade e a fuga da ordem tradicional da narrativa. “O fato é pretexto
para uma análise mais aprofundada do tema ao qual se refere” (VILAS BOAS, 1996, p. 74).
A segunda especificidade trata-se do diagnóstico, que tem relação com a
interpretação que o jornalista dará sobre o fato, com profundidade, ética e objetividade. Em
seguida, o estilo magazine deve oferecer ao leitor o preenchimento das lacunas que o jornal
diário pode deixar. “A revista tem de responder aos porquês do fato; é por aí que se mede sua
consistência. Os jornais diários, extremamente objetivos, buscam a menor ambiguidade
possível. Na revista, ao contrário, o texto precisa ter ecos e ressonâncias” (VILAS BOAS,
1996, p. 81). A tendência dos leitores é outra característica, pois o jornalista deve saber o que,
para quem e quando escreve. A quinta especificidade é quanto à contemporaneidade da pauta,
que de acordo com Vilas Boas (1996, p. 87-88), podem não ser suficientes para
desdobramentos devido a periodicidade ou até mesmo pelo fato em si render uma maior
abordagem do que as páginas de uma revista oferece, sendo assim, a solução seria um livro-
reportagem, para demonstrar tal fato.
Estas especificidades tornam a revista uma forma de pesquisa e
documentação (VILAS BOAS, 1996), de entretenimento e educação, devido às informações
específicas que traz (SCALZO, 2013).
6.2 Os gêneros jornalísticos
139
O jornal também garante essa possibilidade, mas o foco do capítulo é a revista.
67
A questão dos gêneros e discurso tem como precursor o filósofo russo
Mikhail Bakhtin, que trabalha com a ideia de que a enunciação de um indivíduo é própria dele
e funciona como uma ferramenta de interação. Ao contrário do empreendido pelos estudos
linguísticos, que tomaram a língua por objeto e começaram pela busca de unidades mínimas
ou de unidades até a dimensão da frase. Bakhtin afirma que a especificidade das ciências
humanas está no fato de que seu objeto é o texto (BARROS, 2005 apud ALVES-FILHO, DA
SILVA, 2010, p. 3). Dessa maneira, os gêneros se tornam fenômenos de linguagem, que
servem para compreender determinado tipo de discurso.
No jornalismo, o texto possui diferenças em determinados momentos, o que
os caracterizam em gêneros, que possuem especificidades e funções distintas. Os gêneros
jornalísticos possuem diferentes separações em determinados países. No século XVIII,
Samuel Buckeley separou os textos do jornal inglês Daily Courant em dois gêneros news
(notícia) e comments (comentário). No século seguinte, os Estados Unidos passaram a separar
os gêneros jornalísticos, algo que foi disseminado por outros países (SEIXAS, 2009, p. 47).
No Brasil, os gêneros jornalísticos têm como precursores Luiz Beltrão140
e
José Marques de Melo, considerado um seguidor do primeiro (SEIXAS, 2009, p. 55). A
divisão foi feita da seguinte maneira: jornalismo informativo, jornalismo opinativo e
jornalismo interpretativo. Neste tópico, a intenção é mostrar quais são os gêneros que fazem
parte da classificação, mas com ênfase naqueles que serão utilizados nesta pesquisa.
6.2.1 Jornalismo Informativo
Como demonstrado no capítulo anterior, a revista é a mídia adequada para
esse tipo de jornalismo, devido a segmentação e a valorização da reportagem, que é um dos
quatro gêneros informativos, que consistem em textos, que tem como função, a informação
sobre fatos, sem juízos ou visão de mundo, por parte do jornalista.
A notícia é o relato factual de um acontecimento, com objetividade
jornalística e que responde as perguntas do lead. É o gênero diário dos noticiários de
televisão, rádio e jornal. A reportagem trabalha com o aprofundamento do factual passado
pela notícia, com foco criativo, investigativo e mais trabalhado. O tamanho e estilo do texto
140
Luiz Beltrão é autor de “O Jornalismo interpretativo: filosofia e técnica” (1976) e “Jornalismo Opinativo”
(1980).
68
são diferentes. A revista é a mídia onde se encontra frequentemente este gênero, além de
noticiários especiais de outros veículos.
O principal objectivo de uma reportagem é informar com profundidade e
exaustividade, contando uma história. [...] neste género, procura-se ainda que
o leitor “viva” o acontecimento. Para o conseguir, a reportagem pode abrigar
elementos da entrevista, da notícia, da crónica, dos artigos de opinião e de
análise, etc. Desta perspectiva, pode considerar-se a reportagem um género
jornalístico híbrido, que vai buscar elementos à observação directa, ao
contacto com as fontes e à respectiva citação, à análise de dados
quantitativos, a inquéritos, em suma, a tudo o que possa contribuir para
elucidar o leitor (SOUSA, 2001, p. 259).
A entrevista é outro gênero que será utilizado na revista. Deve-se esclarecer
que a entrevista, neste caso, não é o exercício de perguntar, como técnica de reportagem, mas
como texto informativo. Como gênero, a entrevista “corresponde à transposição das perguntas
e respostas feitas durante a entrevista, enquanto técnica de obtenção de informações, para um
determinado modelo de enunciação” (SOUSA, 2001, p. 235).
Na revista Série Z, o estilo pingue-pongue (FOLHA DE S.PAULO, 2010, p.
41) será utilizado e consiste na transcrição do texto no modo pergunta e resposta, com a
questão do entrevistador, seguida pela fala do entrevistado. Esse modo será utilizado para
manter a fidelidade a fala, pois devido ao público do futebol alternativo não ser centrado em
uma localidade, as entrevistas devem ser feitas por e-mail ou chat de redes sociais. Segundo
Lage (2006, p. 78), as ferramentas que a internet oferece funcionam como uma superação do
telefone e possui na digitação ponto importante para sua condução.
No caso da troca de e-mails, ou chats, via teclado do computador, o
resultado depende em parte da destreza do entrevistado na digitação. Se é
muito ágil, a conversa pode correr quase normalmente, e as respostas serão
mais espontâneas. Se é pouco ágil – e é grande o número de pessoas que
perdem a espontaneidade quando escrevem –, as respostas tenderão a ser
formais, mais ou menos como aquelas que se obtêm para um questionário
escrito (LAGE, 2006, p. 78).
Esses pontos são importantes para a relação com as fontes, não apenas,
como gênero, mas também, como técnica, pois as entrevistas das matérias propostas na revista
Série Z em muitos momentos serão feitas por e-mail ou chat, devido as pautas que podem
abordar fontes de outras localidades distantes a do pesquisador.
A nota é o quarto gênero informativo e também será utilizado. Esse estilo se
caracteriza pelo texto breve, sem aprofundamento, que pode ser usado como relato de fatos
69
sem relevância ou registro rápido do que irá acontecer e não se tem maiores informações.
Segundo Figueiredo (2003), existem três tipos de nota:
a) nota noticiosa: relata uma notícia de modo sintético; b) nota comentário:
apresenta um ponto de vista do escritor/jornalista sobre determinado fato ou
aspecto da realidade, oscilando entre a análise e a opinião; c) nota
comentário relatado: relata o ponto de vista de algum opinante [...] sobre
determinado fato ou aspecto da realidade (FIGUEIREDO, 2003, p. 40-41).
Dentre os tipos apresentados, esta pesquisa se utilizará da nota noticiosa,
pela característica informativa que contém em comparação as outras, pois será necessário um
breve texto sobre o histórico sobre alguns jogadores de futebol.
6.2.2 Jornalismo Opinativo
Segundo Marques de Melo (2003, p. 101), toda instituição jornalística
possui uma orientação definida, por onde suas mensagens são estruturadas, mas o teor
opinativo se diferencia e subsiste. De acordo com o autor, os gêneros opinativos se encontram
em quatro núcleos, que comportam oito gêneros.
A opinião da empresa, ademais de se manifestar no conjunto da orientação
editorial [...] aparece oficialmente no editorial. A opinião do jornalista
entendido como profissional regularmente assalariado e pertencente aos
quadros da empresa, apresenta-se sob a forma de comentário, resenha,
coluna, crônica, caricatura e eventualmente artigo. A opinião do
colaborador, geralmente personalidade representativas da sociedade civil que
buscam os espaços jornalísticos para participar da vida política e cultural,
expressa-se sob a forma de artigos. A opinião do leitor encontra expressão
permanente através da carta (MARQUES DE MELO, 2003, p. 102).
O editorial é um texto argumentativo que expressa a posição da empresa
jornalística, sem assinatura pessoal. “Geralmente, o editorial é motivado por assuntos tratados
no jornal e é elaborado em conformidade com a linha de orientação do órgão jornalístico”
(SOUSA, 2001, p. 282). De acordo com Marques de Melo (2003), o gênero é quase exclusivo
do impresso, no caso, o jornal, mas nas revistas, aparece em periódicos culturais e políticos e
pode ser visto como carta do editor.
O artigo é um texto que expressa a opinião ou ideia de um jornalista ou
pessoa influente na área abordada, o que faz com que o gênero seja assinado. Sousa (2001, p.
299) apresenta que há dois tipos de artigo: de opinião e de análise. O primeiro consiste em
70
“opinar, por vezes com intenção persuasiva, para convencer ou levar à acção, para converter e
ganhar partidários”, enquanto no segundo “se procura, predominantemente, explicar, debater
e interpretar um acontecimento, uma problemática, uma ideia ou qualquer outro assunto da
actualidade” (SOUSA, 2001, p. 299).
A crônica como um texto que se baseia em fatos cotidianos e escrito com
tom literário é algo “tipicamente brasileiro, não encontrado equivalente na produção
jornalística de outros países” (MARQUES DE MELO, 2003, p. 148). Segundo o autor, a
crônica em outros países tem como característica, o relato cronológico de um acontecimento.
A “palavra crônica designa um gênero jornalístico criativo, o gênero jornalístico que mais se
pode aproximar da literatura, independentemente da periodicidade com que o cronista é
publicado” (SOUSA, 2001, p. 292).
A coluna não tem como característica, o jeito de se escrever, mas por ser um
espaço fixo nos periódicos impressos, como jornal e revista. Dessa forma, o espaço pode
conter diferentes gêneros como notas, artigo de opinião, crônica e resenha.
Os gêneros desenvolvidos acima serão utilizados no periódico desta
pesquisa. O editorial da revista Série Z será utilizado para demonstrar o processo de criação
da revista e apresentá-la aos leitores, dessa maneira, o periódico terá uma carta do editor. O
artigo de análise, como citado por Sousa (2012, p. 299) acima, é o tipo de gênero que será
utilizado nesta pesquisa, devido a interpretação de um acontecimento que a caracteriza, como
por exemplo, em uma análise tática. O tom literário da crônica será o mais utilizado dentre os
gêneros opinativos, devido a “fidelidade ao cotidiano” e a “crítica social” (MARQUES DE
MELO, 2003, p. 156). Nem todos os textos da revista serão escritos por apenas um autor,
assim sendo, contará com colaboradores, o que garante tal característica, por estarem ou
serem personagens da história. Na linguagem gráfica, a caricatura será utilizada para ilustrar
crônicas que a peça comportar, pois estas, geralmente, não possuem fotos para ilustrar. A
coluna será destinada a parceiros da revista Série Z, este espaço será dedicado periodicamente
a outros autores do futebol alternativo, o que garante outra oportunidade de circulação da
revista, por meio de publicações nas mídias sociais dos convidados.
Resenha, caricatura, comentário e carta do leitor não serão utilizados, pelo
menos de início na revista. A primeira é ligada a crítica a produções culturais ou artísticas, o
que não é foco, por enquanto, do futebol alternativo. A caricatura, de acordo com Marques de
Melo (2003, p. 163) é o retrato exagerado ou simplista de uma pessoa ou objeto, com
finalidade satírica. O gênero é pensado futuramente para a revista, mas devido ao tempo de
execução do trabalho preferiu-se não contê-la na primeira edição.
71
Segundo Marques de Melo (2003, p. 113), o comentário “surgiu como
tentativa de quebrar o monopólio opinativo do editorial”, pois quem o realiza é um jornalista
experiente, assim, respeitado em seu meio, mas por ser um gênero ligado ao rádio e a
televisão e pelo editorial da revista Série Z ter um papel de mostrar o que seja o futebol
alternativo, preferiu-se que este gênero não fosse inserido de início. A carta do leitor não
poderia ser utilizada na primeira edição da revista, pois não há o que ser discutido
anteriormente, apesar do título do periódico existir em formato de blog. Caso, seja necessário,
a partir das outras edições será inserido um espaço ao leitor, pois como afirma Marques de
Melo (2003, p. 173), o leitor deveria, mas não é ouvido pela imprensa. A carta é um “recurso
para expressar seus pontos de vista, suas reivindicações, sua emoção” e os interessados pelo
futebol alternativo, como foi demonstrado anteriormente, são indivíduos que tomam a
iniciativa para se informar sobre o assunto.
6.2.3 Jornalismo Interpretativo
No jornalismo interpretativo, a grande reportagem é o gênero que baseia o
estilo, que é encontrado no Jornalismo Literário e Investigativo. Segundo Erbolato (1991, p.
30), este gênero é “também conhecido como jornalismo em profundidade, jornalismo
explicativo ou jornalismo motivacional”.
Marques de Melo (2007 apud CORDENONSSI; MARQUES DE MELO,
2008, p. 4-5) cita que existem quatro tipos de gêneros interpretativos: dossiê, perfil, enquete e
cronologia. O primeiro se caracteriza pela tentativa de fazer com que o leitor tenha a mais
detalhada das informações sobre o assunto pautado, feito um “mosaico destinado a facilitar a
compreensão dos fatos noticiosos. Condensação de dados sob a forma de ‘boxes’, ilustrados
com gráficos, mapas ou tabelas”. O perfil é focado nos personagens do tema retratado, como
uma biografia sintética “identificando os ‘agentes’ noticiosos. Focaliza os protagonistas mais
frequentes da cena jornalística, incluindo figuras que adquirem notoriedade ocasional”. O
terceiro gênero é caracterizado pela interpretação do ponto de vista de indivíduos consultados
em uma pesquisa. A enquete, como gênero, tem a função de “acionar os mecanismos
psicológicos de projeção ou identificação. Tanto pode ser quantitativa (ibope) quanto
qualitativa (mini-depoimento) ou combinar as duas formas”. A cronologia é o gênero que
reconstitui fatos ocorridos em determinado período, possibilitando ao leitor uma revisão ou
compreensão do acontecimento.
72
6.3 Mercado editorial de esportes: Placar e Trivela
De acordo com Abiahy (2000, p. 16), no Brasil há um multifacetado
mercado de revistas de variados segmentos. “O crescimento dessas produções revela que a
proposta de informação dirigida a interesses específicos está de acordo com a necessidade do
público receptor. [...] Há espaço para investir em segmentos do público elaborando produções
jornalísticas com temáticas diferenciadas” (ABIAHY, 2000, p. 16-17). Dentre os segmentos
está o esporte. Segundo o Instituto Verificador de Comunicação (IVC), o Brasil comporta 212
revistas auditadas e a única da lista ligada ao futebol é a Placar141
. Scalzo (2013) e Unzelte
(2009) questionam a razão do “país do futebol” não ter uma revista que cubra o esporte com o
devido destaque.
Quando o assunto é revista, uma pergunta sempre surge: por que o chamado
“País do futebol” não tem uma publicação que acompanhe esse esporte na
periodicidade que ele exige [...]? A resposta do mercado é que não há como
competir com a velocidade e o bombardeio com que o rádio, a televisão e,
mais recentemente, a Internet transmitem informações factuais, como a
cobertura dos jogos (UNZELTE, 2009, p. 60).
Entre as publicações esportivas que o Brasil comportou, a citada revista
Placar é a que conseguiu se manter com o tempo entre inúmeras publicações que o mercado
editorial teve, pois, como por exemplo, a “Esporte Ilustrado, A Gazeta Esportiva Ilustrada e
Manchete Esportiva tiveram vida curta” (SCALZO, 2013, P. 36).
Uma das técnicas desta pesquisa é a análise documental, utilizada para ver
como outras produções são ou foram feitas, para servir como base para a peça deste estudo.
Em meio aos variados títulos voltados ao futebol, duas serão destacadas: Placar e Trivela. A
primeira por ser, como descrito por Mira (1997, p. 253), a “última das ‘grandes revistas’,
consolidando a revista esportiva no Brasil”, enquanto que a segunda foi escolhida por se
assemelhar em partes, com o foco do projeto editorial proposto neste trabalho.
6.3.1 Placar
141
Dados do Instituto Verificador de Comunicação (IVC). Disponível em:
<http://ivcbrasil.org.br/auditorias/aPublicacoesAuditadasRevista.asp>. Acesso em: 3 set. 2015.
73
As vésperas da Copa do Mundo de 1970, a Editora Abril anunciou a criação
da revista Placar. Segundo Mira (1997, p. 253), a revista tinha como proposta “cobrir sua
especialidade, mas também de apresentar denúncias sobre a falta de profissionalismo e a
corrupção no futebol”.
Na primeira edição da revista, em março de 1970, o diretor e editor da
Editora Abril, Victor Civita destacou que a publicação era pensada desde 1950. “Resolvemos
que uma das publicações de nosso plano editorial deveria ser, [...] uma revista esportiva - tão
explosiva e tão sensacional como este nosso povo que vai aos estádios fazer uma das mais
belas festas do mundo” (CIVITA, 1970, p. 38).
A publicação era semanal e nos primeiros meses teve sucesso de venda, com
cerca de 100 mil exemplares, mas após a Copa do Mundo daquele ano, a venda caiu. Em
1972, na edição de número 131, a Placar criou o “Tabelão”, um encarte que contava com
fichas e resultados de jogos realizados semanalmente no Brasil. Junto a isso, a revista investia
em reportagens e perfis. Um dos casos de reportagem investigativa foi a Loteria Esportiva,
que foi responsável em parte pela popularidade da revista, que trazia análises dos jogos
semanais para os apostadores. Na edição 648, em outubro de 1982, a capa da revista trazia a
investigação da Máfia da Loteria Esportiva, que contou com 12 páginas destinadas a pauta142
.
Nos anos 1980, o periódico testa algumas alternativas, como abertura para
outros esportes. O “Tabelão” deixa de ser veiculado em 1985, mas depois de pedidos de
leitores volta em 1986, com foco apenas no Campeonato Brasileiro, com o número de
campeonatos crescendo a cada edição. No final da década, muda o formato da revista,
consegue aumentar a vendagem, porém, isso causava prejuízo a Placar (MIRA, 1997).
Devido a vários aspectos, como a campanha da seleção brasileira na Copa
do Mundo, uma final sem os clubes grandes no Campeonato Paulista e uma final do
Campeonato Carioca definida na justiça desportiva, em 1990, a revista passou a ter
periodicidade mensal.
Seja qual for o motivo, o Brasil esta órfão de uma revista semanal de
esportes que tenha sobrevivido às suas primeiras três ou quatro edições
desde agosto de 1990, quando a “Placar”, que circulava todas as semanas
desde 1970, passou a ser mensal. Houve ainda uma breve tentativa dessa
mesma revista em voltar à periodicidade anterior, de abril de 2001 a
fevereiro de 2002, que acabou não dando certo, principalmente porque, ao
manter sua linha editorial de comportamento, ao final de cada mês as quatro
revistas semanais pareciam mensais (UNZELTE, 2009, p. 60-61).
142
Disponível em: < https://books.google.com.br/books?id=MbkgXNe71hcC&printsec=frontcover&hl=pt-
BR&rview=1&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 6 set. 2015.
74
O caso Placar é interessante para esta pesquisa por alguns aspectos. O
primeiro é quanto a novidade criada em 1970, quando a publicação foi lançada, característica
proposta nesta pesquisa, ao oferecer mais um espaço para os interessados em futebol
alternativo. O segundo ponto é a valorização da reportagem, tendo em vista o número de
páginas que oferecia para certos textos. O seguinte tem base nas entrevistas concedidas por
Oliveira (2015), Colombari (2015), Simões (2015) e Laboissière (2015) ao citarem que a
revista era um veículo, antes da internet, onde era possível se informar sobre o outro lado do
futebol. A periodicidade é o outro aspecto relevante demonstrado na história da Placar, pois
dependendo do contexto, como concorrência, mercado e época, o tempo entre as edições teve
que ser mudado. A periodicidade é um ponto que marca um periódico, por isso é necessário
delimitar bem o período em que a revista será publicada.
A revista ainda possui edições especiais, como os guias de campeonatos.
Anualmente, a Placar produz edições voltadas para o Brasileirão (Campeonato Brasileiro),
Libertadores, Europeus, Brasileirão 2º Turno e uma no começo da temporada. Nesses
especiais é possível que tenha clubes que estejam no meio do futebol alternativo, o que a
torna um local de informação sobre o assunto. Em junho de 2015, a revista foi vendida a
Editora Caras e passou por reformulação, para abarcar todos os esportes143
.
6.3.2 Trivela
A revista Trivela foi veiculada até setembro de 2009, após 43 edições. O
periódico surgiu a partir do site de mesmo nome, que foi criado em 1998, com foco na
cobertura do futebol internacional, que a época foi tratada como uma novidade no mercado.
A primeira edição da revista foi lançada em setembro de 2005, como uma
experiência, com o Guia da Liga dos Campeões 2005/06144
. Em fevereiro de 2006, a equipe
do site voltou a lançar uma edição dessa vez, com periodicidade mensal, mas com nome
diferente: Copa’06, que foi criada para fazer parte da cobertura da Copa do Mundo de 2006.
A revista teve seis edições. Em setembro de 2006, a sétima edição foi lançada com o nome
Trivela.
143
Revista Placar é vendida por Grupo Abril. Máquina do Esporte, 2 jun. 2015. Disponível em:
<maquinadoesporte.uol.com.br/artigo/revista-placar-e-vendida-por-grupo-abril_28452.html>. Acesso em: 6 set.
2015. 144
Disponível em: <http://issuu.com/f451midialtda/docs/lc_2005-6>. Acesso em: 6 set. 2015.
75
Segundo o site da revista, a linha editorial se baseava no futebol
internacional, mas a partir da edição número sete, o futebol brasileiro foi abarcado.
O objetivo da revista Trivela não é atrair o torcedor comum, que quer
apenas ver o ídolo de seu clube na capa, esteja ele bem ou mal, mas sim o
leitor que gosta e entende de futebol. E isso se dará com reportagens
analíticas e profundas, buscando um enfoque diferente do comum, além de
entrevistas com figuras do mundo do futebol, falando sobre futebol
(EQUIPE TRIVELA, 2008, s/p).
A Trivela foi escolhida para ser um documento analisado nesta pesquisa,
por se tratar de uma publicação que abordava variados lados do futebol. O futebol alternativo
era foco de determinadas pautas, como a matéria intitulada “Futebol brasileiro onipresente”,
na edição 11, em janeiro de 2007145
, que contava histórias de jogadores brasileiros que
atuavam em ligas pequenas. Ao fim da revista, a Trivela continua como site146
. O objetivo
permanece similar:
Muita gente acha que futebol é apenas um jogo [...] com 11 jogadores de
cada lado, uma bola, um juiz e torcedores que só querem saber de ver seu
time vencer. Nós não caímos nessa. Futebol é mais que isso. Futebol é
manifestação cultural, futebol é arte, futebol é história, futebol é negócio e,
acima de tudo, futebol é diversão. Ganhar ou perder pode ser importante,
mas saber curtir o futebol em todas as suas faces é muito mais legal. É esse
tipo de abordagem que propomos aqui na Trivela. Não queremos nos limitar
ao resultado do jogo. É encontrar o detalhe que muitas vezes passa batido na
cobertura convencional. Pode ser uma análise profunda do jogo, uma
curiosidade, os efeitos futuros daquela partida, o momento histórico que
acabou de passar pelos nossos olhos. Sem diferenciar se ocorreu do outro
lado do mundo, no Brasil ou no time do seu bairro (TRIVELA, s/d, s/p).
Após a edição 43 da revista, parte da equipe passou a integrar outra
publicação, a revista ESPN147
, que circulou entre novembro de 2009 e janeiro de 2013. Em
2015, todas as edições foram publicadas na plataforma digital Issuu148
, rede onde a revista
Série Z será postada.
6.4 Revista digital: conceito e histórico
145
Disponível em: < http://issuu.com/f451midialtda/docs/trivela_11>. Acesso em: 6 set. 2015. 146
http://trivela.uol.com.br/ 147
Nova empresa de Caio Maia adquire Revista ESPN. Portal dos Jornalistas, 9 fev. 2012. Disponível em:
<www.portaldosjornalistas.com.br/noticias-conteudo.aspx?id=298>. Acesso em: 6 set. 2015. 148
Disponível em: <http://issuu.com/f451midialtda/docs>. Acesso em: 6 set. 2015
76
A revista digital é uma publicação periódica, como a revista impressa, mas
voltada para a hospedagem em meios eletrônicos, como PCs, tablets e outros dispositivos
móveis, seja online (Issuu) ou offline (.pdf).
Segundo Horie e Pluvinage (2012), em 2010 notou-se o nascimento das
revistas digitais, em um momento que as vendas das publicações impressas vinham caindo e
também, pela concorrência que a internet provocou. Segundo os autores, a revista digital
[...] fornece uma narrativa diferente de uma revista tradicional. Diferente por
ter uma linguagem nova, que reúne o que há de melhor da mídia impressa
com a mídia digital: conteúdo segmentado, personalizado, portátil, com
recursos multimídia, interativos e hipertextuais (HORIE; PLUVINAGE,
2012, p. 4).
O avanço da internet fez com que o futuro da revista e dos outros meios de
comunicação fosse colocado à prova, porém para Scalzo (2013, p. 51), a “história mostra que
uma tecnologia pode substituir a outra, mas com os meios isso não acontece
necessariamente”. Para a autora, cada veículo possui sua especificidade, algo que o diferencia
de outro meio, como no caso da revista digital. “As revistas feitas para tablets, por exemplo,
aprofundam o que o meio tem de melhor e usam a tecnologia a seu favor. Na concorrência
difusa entre os meios, o segredo é ser o que realmente é. No caso, o segredo é ser ‘revista’”
(SCALZO, 2013, p. 51-52).
Para Horie e Pluvinage (2012, p. 11), as revistas digitais devem ter uma
linguagem que condiga com o meio. Para debater essa questão, esta pesquisa se baseará nos
estudos sobre a virtualidade do texto, em Pierre Lévy e jornalismo digital, em Pollyana
Ferrari, pois esta pesquisa segue o preceito jornalístico e é necessário debater a questão do
texto na internet.
A revista impressa é um meio físico, assim, palpável, porém, o texto, não,
pois de acordo com Lévy “é um objeto virtual, abstrato, independente de um suporte físico”
(LÉVY, 1996, p. 35). Ao citar o texto no meio digital, o autor trabalha com o termo texto
contemporâneo, que é caracterizado por ser “fluido, desterritorializado, mergulhado no meio
oceânico do ciberespaço” (LÉVY, 1996, p. 39). Essas questões mudam a relação de leitura,
entre um meio físico e digital, criando também, uma virtualização da leitura, pois de acordo
com o autor “o leitor em tela é mais ‘ativo’ que o leitor em papel: ler em tela é, antes mesmo
de interpretar, enviar um comando a um computador para que projete esta ou aquela
realização parcial do texto sobre uma pequena superfície luminosa” (LÉVY, 1996, p. 40).
77
Na peça desta pesquisa, isso deve ser levado em conta. A revista Série Z não
sairá de um meio físico para o digital. O periódico será digital desde a primeira edição.
Segundo Scalzo (2013, p. 39), o formato da revista impressa oferece ao leitor um papel e
impressão que “garantem uma qualidade de leitura – do texto e da imagem – invejável”.
Sobre jornalismo digital, Ferrari (2010, p. 19) discute a relação entre o leitor e a informação,
pois segundo ela, a “informação é absorvida sem grande comprometimento com a realidade”;
este público se comporta de maneira parecida e dá importância maior a uma manchete de
revista, por exemplo.
Nesse cenário, a revista Série Z deve buscar o equilíbrio entre o jornalismo
de revista e digital: oferecer ao leitor um texto em profundidade, como pede a mídia revista,
mas se preocupar em manter o leitor atento a tela, como sugere Lévy. Uma das alternativas é
que o texto jornalístico não seja condensado nas páginas e que a leitura seja possível, sem a
necessidade de se aumentar o zoom do meio utilizado para ver a revista. Apesar deste projeto
não ter foco na parte gráfica, é importante frisar este aspecto, pois a profundidade do texto em
revista (impressa) não pode ser descartada no meio digital.
78
7 REVISTA SÉRIE Z
O futebol alternativo tem como principal espaço de divulgação e troca de
informações, a internet. Um dos focos da revista Série Z é ser mais uma opção para que o
público que tem esse interesse possa ter mais um canal para acompanhar o outro lado deste
esporte. Tendo em vista que a grande mídia possui um seleto grupo de clubes, campeonatos e
jogadores de futebol, o futebol alternativo apresenta uma vasta possibilidade de pautas, mas é
necessário pesquisa e paciência, pois por ser abrangente, muitos fatos estão longe dos
produtores de conteúdo ligados ao futebol alternativo, o que faz com que entrevistas, por
exemplo, muitas vezes sejam feitas via e-mail ou redes sociais.
O que se propõe é a produção de um projeto editorial para uma revista
especializada em futebol alternativo, seguindo os preceitos do jornalismo esportivo. A revista
será voltada ao meio digital, devido ao público, o que será discutido adiante. O foco desta
produção é ligado ao conteúdo da revista, mas devido ao meio veiculado ser o digital,
algumas questões de diagramação devem ser consideradas.
7.1 Formato: revista digital
A proposta desse trabalho é uma revista pensada para o meio digital, porém
seguindo os preceitos do jornalismo de revista149
. A justificativa para a veiculação neste meio
é que é inviável a produção de uma revista física, devido às características específicas público
que consome o futebol alternativo.
O público que tem este interesse está na internet e não se concentra em um
determinado local. Por exemplo, essa produção é feita em Maringá, cidade do Paraná e o
pesquisador não conhece um número adequado de pessoas que comportassem uma revista
física. Quem consome futebol alternativo está em locais diferentes e na internet encontra
pessoas com o mesmo interesse. Por isso, a revista digital é um modo de fazer que o conteúdo
não tenha fronteiras para chegar aos interessados.
Por ser digital, a revista deve ter um tamanho em que o leitor não fique
aumentado o zoom de maneira exagerada para ler a revista e não se cansar. Após alguns testes
definiu se que a revista terá o formato de 200 mm x 240 mm, um tamanho parecido com
149
Conforme mostrado na seção 6.4.
79
inúmeras revistas impressas (como a revista Placar, que tem 200 mm x 265 mm), mas que
não prejudica a leitura dos textos.
7.2 Nome da revista
Série Z é o nome do blog criado pelo autor em 2013, a partir do interesse do
pesquisador pelo assunto, mas no caso desta revista há toda uma metodologia de pesquisa
científica, onde a base teórica deve conversar com a peça proposta. Apesar das diferenças, a
revista é uma plataforma a mais com este nome. Por isso, deve ser mantido, para manter a
relação com o público do blog.
O nome foi pensado na época com relação ao Campeonato Brasileiro de
futebol. A competição conta com quatro divisões que são chamadas de Série A, para a
primeira divisão; Série B, segunda divisão; Série C, terceira divisão e Série D, quarta divisão.
Série Z, então, seria a última divisão do futebol, tendo em vista que a letra Z é a última no
alfabeto brasileiro. Como o futebol alternativo tem como uma das definições ser o interesse
por clubes pequenos e campeonatos inferiores, o nome produz um sentido de que um outro
futebol é abordado na revista.
Além do nome, a revista contará com um subtítulo para também caracterizar
o foco do periódico: “A revista do Futebol Alternativo”. Para marcar a proposta, não deixar
dúvidas aos leitores sobre o que se trata a publicação e atiçar a curiosidade de possíveis
leitores que não conheçam o termo.
7.3 Público Alvo
Não é possível delimitar o público alvo desta pesquisa, especificando faixa
etária e sexo, pois os potenciais leitores da revista consomem esse interesse “garimpando”
conteúdo na internet, onde se reúnem, por meio de grupos em redes sociais para discutir sobre
o assunto150
. Um público potencial são os membros do grupo Futebol Alternativo no
Facebook. Até o dia 11 de dezembro de 2015, esta comunidade contava com 3.629 membros.
Outro tipo de consumidor pode ser específico de certas edições, como por
exemplo, alguém que se interesse por uma matéria do clube que torce. Possivelmente, esse
150
Conforme demonstrado nos tópicos 3.2 e 3.4.3.
80
torcedor terá como foco esta matéria, mas ao passar pelas páginas, pode se interessar por
alguma outra pauta e se tornar leitor da revista.
7.4 Editorias
O projeto editorial da revista Série Z conta com 11 editorias. Tal número foi
escolhido com relação ao número de jogadores de uma equipe de futebol. Apesar do foco
editorial, essa relação foi feita para que o índice da revista brinque com a ideia de uma
escalação de um time, neste caso, uma escalação de editorias.
As pautas foram pensadas a partir do contexto da pesquisa151
, por isso, a
maioria das pautas tem como foco, o futebol brasileiro. Mesmo assim, a proposta editorial
tem como objetivo abarcar o Brasil e as seis confederações continentais que são divididas em
Europa, Ásia, África, América do Sul, Oceania e a América Central, Norte e Caribe. Pelo
menos uma pauta será destinada a essas confederações, pois dentro do público de futebol
alternativo, existem interessados em países ou continentes específicos. Isso faz com que este
público se interesse em acompanhar a revista a cada edição.
A ordem das editorias foi pensada de uma maneira coerente, começando
com assuntos mais atuais, passando pela história e relações externas, uma editoria sobre novos
acontecimentos e finalizando com textos mais entretidos.
As fotos utilizadas em sua maioria serão de outros autores, pois é inviável
para o pesquisador realizar tais imagens, devido as distâncias. As fotos utilizadas podem ser
retiradas de banco de imagens, cedidas gentilmente por fontes das matérias ou de
colaboradores, todas obviamente, com o devido crédito.
A. Conexão Futebol: esta editoria traz uma entrevista com um
jogador brasileiro que atue em um campeonato de divisões menores
ou sem tradição no futebol mundial, ou seja, apenas jogadores que
estejam fora do Brasil. A intenção da Conexão Futebol é fazer com
que o leitor entenda que existem brasileiros não só nas grandes ligas,
mas também, espalhados pelo mundo.
O entrevistado é Bruno Figueiredo, meia, que joga há três anos em
Macau, além de passagem por outras ligas sem tradição.
151
Conforme desenvolvido no início do capítulo 3.
81
B. Apito inicial: assuntos atuais fazem parte desta editoria, mas
com uma linguagem atemporal, sem foco simplesmente noticioso. É
importante frisar que nesta editoria as pautas podem ser pensadas
entre o período da edição anterior e a seguinte.
Na primeira edição, a revista conta com duas pautas. Uma reportagem
sobre brasileiros que moram fora do país e que acompanham o futebol
de onde moram e uma crônica abordando clubes que ao subirem de
divisão devem procurar outro estádio, pois o seu não comporta a
capacidade exigida.
C. Peleja: dentro do meio futebolístico, a palavra “peleja” é uma
expressão utilizada para denominar o jogo, a partida, o confronto entre
equipes. Essa editoria traz uma sessão fotográfica de uma partida que
aconteceu no período de produção da revista. Além das fotografias, a
editoria conta com notas sobre o jogo, que pode abordar um jogador,
membro da comissão técnica ou torcedor.
A partida que será demonstrada é um amistoso entre Grêmio Maringá
(PR) e URSO Mundo Novo (MS), que se preparavam para
competições estaduais. As fotografias do jogo foram retiradas por
Kaique Augusto, amigo e colega de semestre.
D. Lado B: o futebol alternativo muitas vezes é citado como o
“lado B” do futebol. O “lado A” assim, seria o futebol dos clubes
grandes e midiáticos. Essa editoria tem como foco demonstrar
jogadores que já foram do “lado A”, mas atualmente estão em um
clube ou campeonato considerado pequeno. Outra proposta que pode
aparecer futuramente seria o inverso, com jogadores que estão em
clubes ou campeonatos grandes, mas que um dia já estiveram no “lado
B” do futebol. Dependendo da oportunidade, a editoria pode focar em
clubes e treinadores, também.
A edição de estreia mostrará jogadores que foram do lado A, mas
estão, atualmente, jogando em equipes que disputam uma terceira
divisão nacional. A editoria usará o gênero jornalístico nota.
82
E. Contexto: nessa parte, o futebol será relacionado com outras
áreas da sociedade, assim, demonstrando o futebol em tal contexto.
Hofman (2014, p. 11) cita que um clube futebol “pode representar
uma pátria sem terra; mostrar ao mundo o sofrimento de um povo;
explicar com outros olhos uma guerra; traduzir a indignação de uma
torcida; exemplificar paixões; traduzir geopolíticas; trazer a economia
mundial para uma roda de bar”. É essa a função desta editoria: mostrar
o futebol em contextos sociais, políticos e culturais.
Duas pautas fazem parte dessa editoria. A primeira é um artigo sobre a
situação do futebol profissional da Região Metropolitana de Maringá,
em relação à questão financeira dos municípios e as taxas cobradas
pela federação estadual. A segunda é uma reportagem sobre a situação
do interior uruguaio, tendo em vista, que o país pode sediar a Copa do
Mundo de 2030.
F. 2-3-5: essa editoria traz uma análise tática de uma equipe ou
partida, que pode ser atual ou histórica, desde que esteja no meio do
futebol alternativo. “2-3-5” é uma das primeiras formações táticas que
o futebol teve. Atualmente, as formações de uma maneira geral são o
“4-4-2”, “4-2-3-1”, “4-3-3” ou “3-5-2” e esse nome foi escolhido para
se diferenciar do usual. É importante deixar claro que a editoria não é
para “formações táticas alternativas”, mas para clubes e jogos que
estão dentro do tema da revista.
A editoria será baseada no gênero artigo de análise. A primeira edição
conta com a colaboração de João Vitor Poppi, egresso de Jornalismo
da Faculdade Maringá, que analisa a partida entre Turquia e Senegal,
pela Copa do Mundo de 2002.
G. Bola de Capotão: capotão é como se chama o couro curtido,
material utilizado nas primeiras bolas fabricadas para a prática do
futebol, inclusive sendo utilizada na Copa do Mundo de 1930, a
primeira edição do mundial de seleções. Por ser algo antigo, o termo
83
“bola de capotão” será utilizado na revista para a editoria que tem
como foco, fatos históricos do futebol alternativo.
Ao menos na primeira edição, a Bola de Capotão será a editoria com
mais pautas: três. Duas reportagens, uma sobre o título goiano do
Goiatuba, em 1992 e o relato de uma partida escondida entre Seleção
Caribenha e São Paulo. A terceira pauta é uma entrevista com Marco
Bianchi, abordando o extinto programa televisivo RockGol.
H. Camisa 12: nessa editoria, o leitor do blog terá espaços para a
criação de crônicas sobre histórias que vivenciou no futebol, seja para
acompanhar um clube ou jogando futebol. A ideia da “Camisa 12” é
afeiçoar o leitor com tal história para se inspirar e publicar sua história
futuramente na revista.
A edição é dedicada totalmente a colaboradores. Nessa edição, serão
duas crônicas: Benício Júnior, acadêmico de Jornalismo da Faculdade
Maringá, conta a história do dia que, em campo, enfrentou Neymar em
sua cidade e Álisson Albino, torcedor do Genus, equipe de Porto
Velho (RO), conta a história do título estadual do clube em 2015.
I. Escrete: a editoria “Escrete” será uma coluna da revista, onde
será cedido um espaço para um texto de um blog/site parceiro do Série
Z. Disponibilizando este espaço, a revista contará com mais um local
para a circulação da revista nas mídias sociais do parceiro.
As redatoras do site Dibradoras152
, que abordam o futebol feminino
são as convidadas da primeira edição. Elas disponibilizaram uma
crônica sobre uma menina que insistiu junto à mãe para obter
permissão de jogar futebol.
J. Guia: o objetivo dessa editoria é trazer um guia sobre uma
competição ou fase de campeonato que irá se iniciar relativamente
perto da publicação de uma edição da revista. Na “Guia”, o espaço
152
http://www.dibradoras.com
84
contém informações sobre o campeonato, os clubes participantes e
estatísticas, com a possibilidade de usar a infografia.
A HK Senior Shield, uma copa entre os clubes da primeira divisão de
Hong Kong, será a competição do primeiro Guia da revista Série Z.
Porém, o foco será a semifinal do campeonato, que será disputado no
fim de dezembro de 2015. A editora funciona como uma coluna
dentro do periódico, com diferentes gêneros incluídos.
K. Futebol Utópico: quem se interessa por futebol alternativo tem
como um dos passatempos, imaginar clubes, campeonatos e seleções
que não existem mais ou nunca existiram oficialmente. Essa editoria
tem como proposta discutir, como seriam esses eventos. É importante
deixar claro, que esta editoria se baseia em casos reais, mas que
podem ser utilizados para exemplificar tais criações, como por
exemplo, para uma seleção imaginária da extinta Iugoslávia é preciso
analisar os jogadores dos países que faziam parte do antigo país, para
formar esse time. Esse caso ilustra o foco desta editoria.
O primeiro ato de imaginar da revista será o começo da construção das
sete divisões de uma Copa do Mundo de 2018, que leva em conta as
eliminações que ocorreram nas eliminatórias da competição. A ideia é
inspirada em uma postagem do blog, que imaginou como seria a
mesma situação na Copa do Mundo 2014153
.
7.5 Páginas
O número de páginas será determinado pelo número de textos que a revista
terá; por isso será flexível ao projeto gráfico. A primeira edição contará com 80 páginas. É
importante frisar que a organização dos textos dialogará com o meio digital, onde os textos
serão distribuídos uniformemente e espaçados, para que o leitor não canse na tela, como por
exemplo, em uma página carregada de texto. Isso também influenciará no número de páginas
da revista.
153
As sete divisões da Copa do Mundo. Série Z. Disponível em: <http://seriezfutebol.com/2014/06/11/as-sete-
divisoes-da-copa-do-mundo/>. Acesso em: 15 nov. 2015.
85
7.6 Periodicidade
A periodicidade da revista leva em conta a relação entre conteúdo e autor da
revista. O futebol alternativo tem várias possibilidades de pauta, que poderiam dar base a uma
publicação mensal, mas no caso da revista Série Z, o autor desta pesquisa é o único
administrador do periódico, o que torna inviável uma publicação com este período. A revista
contará com a contribuição de colaboradores pontuais, mas mesmo com essa ajuda, não seria
viável essa periodicidade, pois estes contribuintes devem ter outras obrigações diárias. Uma
publicação trimestral teria a vantagem do tempo de produção, mas os conteúdos, mesmo com
abordagem atemporal, poderiam se tornar obsoletos, tendo em vista, a velocidade das
informações na internet.
A periodicidade bimestral então foi escolhida para a publicação da revista,
pois o período de dois meses, considerando a relação conteúdo e autor e uma proposta mensal
ou trimestral é viável para a produção das edições posteriores.
Nesse período, a revista continuará ativa no modo blog, pois isso reforça
que a marca permanece ativa e, na mesma medida, não deixa os leitores sem informações
sobre o assunto. Afinal, a internet requer esse tipo de trabalho, devido a instantaneidade.
7.7 Circulação
Por ser veiculada no meio digital não é possível denotar uma tiragem e
distribuição da revista, por isso demonstraremos como se dará a circulação da revista154
. O
periódico será postado no Issuu155
, no endereço <http://issuu.com/seriezrevista>. Após a
publicação, a revista será anexada em uma postagem no blog156
. Feito isso, o link da
postagem será encurtado e compartilhado nas redes sociais do blog/revista, junto com uma
imagem: Facebook157
, Tumblr158
e Twitter159
. No Facebook, a imagem será compartilhada no
grupo Futebol Alternativo, público potencial da revista.
154
Primeira edição da revista disponível em: http://issuu.com/seriezrevista/docs/revista_s__rie_z_-_n__mero_1. 155
O Issuu foi criado em 2006, por Michael Hansen, Ruben Bjerg Hansen, Mikkel Jensen e Martin Ferro-
Thomsen, em Copenhagen, capital da Dinamarca, com o intuito de democratizar e digitalizar publicações ditas
impressas. A rede comporta revistas, livros, documentos e periódicos diversos em formato digital. 156
<http://seriezfutebol.com/> 157
<https://www.facebook.com/seriezfutebol> 158
O link da rede social ligada ao Série Z é: <http://seriezfutalternativo.tumblr.com/>. O Tumblr é uma
plataforma para blogs, onde é possível publicar textos, áudios, vídeos e imagens. A rede é caracterizada pelo uso
em sua maioria de textos curtos, acompanhados de imagens. É um meio termo entre os sites de blogs e o Twitter.
A plataforma começou a ser desenvolvida, em 1992, pelo francês Thomas Müller, mas apenas 15 anos depois, a
rede passou a funcionar comercialmente.
86
Uma segunda forma de circulação será por meio das parcerias que o blog
conta. Com a imagem que circulará pelas redes sociais, será pedido para que compartilhem a
imagem nas redes parceiras. Outra maneira será por compartilhamento por parte dos
colaboradores da revista. Por estar em um meio sem fronteiras, a revista pode ter um alcance
maior do que fosse impressa, o que é inviável para esse periódico, devido ao público.
O Issuu oferece a opção de baixar a revista, caso tenha uma conta
específica. Dependendo da recepção do público, a revista contará com uma versão PDF que
será disponibilizada um mês depois da publicação anterior e um mês antes da publicação
seguinte.
159
<https://twitter.com/seriezblog>
87
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O outro lado do futebol apresentado pela grande mídia, mas que possui
adeptos, seja por preferir esse contexto ou por torcer pelos clubes que não estão abarcados
pela imprensa esportiva. Um interesse ou uma forma de ver o futebol, que apresenta inúmeras
histórias se transformou na base de um trabalho científico. A revista Série Z surgiu dessa
maneira e com esse propósito: mostrar que o futebol é grandioso e é disputado por jogadores
que não tem a fama e o dinheiro das estrelas internacionais; por clubes desconhecidos, mas
que existem e que levam torcidas aos seus estádios.
A proposta de se criar um projeto editorial para um veículo especializado
em futebol alternativo é mais uma forma de se abordar o outro lado do futebol na internet,
meio que é a principal mídia para os interessados pela visão alternativa deste esporte, seja
pela busca ou troca de informações. Oferecer este modo de informação sobre o assunto
contribui para a visibilidade e abordagem do futebol alternativo.
Dessa maneira, foi possível alcançar o objetivo geral, pois a proposta
conceitual de futebol alternativo foi apresentada e comportou um projeto editorial para uma
revista digital especializada, devido ao número de possibilidades de pauta que oferece, mesmo
que se leve em conta a questão da periodicidade, em relação entre o conteúdo e o autor.
Cabe frisar que a pesquisa desenvolveu um conceito de futebol alternativo,
que representa a noção do que significa tal termo para o pesquisador, com base na
metodologia utilizada. Durante as entrevistas realizadas neste estudo, verificou-se que seria
impossível definir o que é futebol alternativo, tanto que se preferiu conceituá-lo desde o
início. Além disso, foi perceptível as diferenças de conceituação do interesse entre os
entrevistados, por isso é importante salientar que essa pesquisa é apenas uma visão sobre, que
não se trata de um guia sobre o que é futebol alternativo. A intenção dessa demonstração era
dar base para o projeto editorial e como justificativa, a possibilidade de oferecer referência a
futuros trabalhos acadêmicos.
Os conceitos de jornalismo especializado, jornalismo esportivo e jornalismo
de revista foram apresentados a partir do que era necessário para a produção do projeto
editorial. A relação entre jornalismo especializado e jornalismo de revista foi realizada, onde
foi demonstrado que a mídia revista é o local adequado para a especialização jornalística.
Por ser o futebol alternativo, pelo nosso entendimento, aquilo que a grande
mídia não mostra ou mostra em menor escala, a relação com as teorias da comunicação
newmasking, gatekeepers e agenda-setting (como hipótese) contribuiu para mostrar as razões
88
que a grande mídia tem para demonstrar ou não, os eventos acerca do futebol alternativo. A
base teórica do jornalismo esportivo forneceu os preceitos necessários para a aplicação nas
pautas que comportam a revista.
A pesquisa utilizou de três hipóteses para serem confirmadas ou refutadas.
A primeira afirmava que a revista digital é a mídia adequada e viável para a veiculação de
informações sobre futebol alternativo; o que foi confirmado, por ser inviável a impressão da
revista, pois o público deste interesse não é concentrado no local que esta pesquisa foi
realizada, por isso a internet é o local adequado para a circulação do periódico, porque o
conteúdo nesta mídia pode ser circulado de diversas formas, tornando-se uma publicação sem
fronteiras para alcançar o público.
A segunda hipótese sustentada era que o futebol alternativo tem um
conceito midiático, o que foi comprovado, através do desenvolvimento das relações entre as
teorias da comunicação e o futebol alternativo e por meio das entrevistas, onde foi possível
verificar que este termo tem como uma das conceituações, ser aquilo que a grande mídia não
mostra ou mostra em menor escala.
O último ponto era que o futebol alternativo sustenta uma linha editorial de
um veículo de informação, que foi demonstrado, pois é apresentasa uma vasta possibilidade
de pautas, que sustentam uma linha editorial de uma revista especializada, desde que o projeto
editorial analise pontos importantes, como periodicidade, para a produção das matérias, que
denotam pesquisa e paciência para o pesquisador, por essa razão, a revista será bimestral.
A metodologia deu base para o percurso requerido pela proposta da
pesquisa. A pesquisa bibliográfica ofereceu a base teórica necessária para um trabalho
científico e no caso deste trabalho contribuiu para a apresentação dos conceitos apresentados.
A pesquisa documental foi fundamental para demonstrar alguns pontos sobre o futebol
alternativo, pois o método ofereceu um maior número de referências, que não seria possível
apenas com a bibliografia. Sobre as técnicas, a entrevista possibilitou o referencial de pontos
importantes do assunto da pesquisa, como a parte histórica, conceitual e a rotina e hábitos de
quem se interessa por futebol alternativo e a questão etimológica da palavra “alternativo”,
trazendo a experimentação para o desenvolvimento da pesquisa. A análise documental serviu
para ver os pontos positivos e negativos de duas produções editoriais do Brasil. A revista
Placar pelo que representa para a mídia impressa esportiva e a revista Trivela por algumas
semelhanças, com o que é proposto na revista Série Z.
Este trabalho possibilitou unir interesses que o pesquisador tinha antes da
faculdade e que adquiriu durante o período acadêmico, como a prefrência pelo futebol
89
alternativo, a vontade de atuar na área esportiva, a predileção pela escrita, logo pelos veículos
impressos, que resultou em uma pesquisa, com foco em revista, na versão digital, e a questão
da especialização em futebol alternativo, que é um foco do pesquisador. Para o autor da
pesquisa, no Trabalho de Conclusão de Curso ficou perceptível o quão importante são as
disciplinas empregadas durante o curso, que contribuíram, mesmo que em diferentes níveis,
para a execução do trabalho.
A pesquisa científica é outra questão pela qual o pesquisador se interessou
durante os quatro anos de faculdade. O estudo oferece relações que podem ser base para
textos científicos, com destaque para o capítulo de futebol alternativo, pois tal termo ainda
não foi discutido noutras pesquisas, o que oferece ao pesquisador a possibilidade de
referências em futuros estudos acadêmicos. A intenção é a publicação, sem modo definido,
por enquanto, para demonstrar a pesquisa feita aos interessados pelo assunto. Quanto à peça, o
trabalho a partir de então é fortalecer a marca, agregar ideias e público e com o passar das
edições, oferecer números especiais, como por exemplo, guias de campeonatos.
90
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95
ANEXOS
ANEXO A – ENTREVISTA ALDO BIZZOCCHI
Aldo Bizzocchi é Bacharel em Linguística pela Universidade de São Paulo (1987), doutor em
Semiótica e Linguística Geral pela Universidade de São Paulo (1994), com pós-doutorado em
Linguística pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2010), membro do Grupo de
Pesquisa em Semiótica, Leitura e Produção de Textos (SELEPROT), do Grupo de Pesquisa
Morfologia Histórica do Português (GMHP) e do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Etimologia
e História da Língua Portuguesa (NEHiLP). Entrevista concedida, por meio de questão
enviada por e-mail. Data de envio realizada no dia 8 de abril de 2015 e recebimento no
mesmo dia.
Felipe: Aldo, sou estudante de jornalismo da Faculdade Maringá e pesquisando na
internet, vi que você iria fazer um dicionário etimológico. Pois bem, nesse ano, concluo a
faculdade e como TCC, vou produzir uma revista especializada em futebol alternativo.
Futebol alternativo, de uma maneira subjetiva, é o interesse por clubes pequenos e
divisões inferiores. Aquilo que a grande mídia não mostra ou mostra em menor escala.
Esse conceito tem pouquíssimos referenciais científicos e uma das formas de explicá-lo
seria por meio da etimologia da palavra "alternativo". Você teria como me ajudar?
Desde já, agradeço.
Aldo: O adjetivo "alternativo" chegou ao português no século XV como empréstimo do
francês alternatif, por sua vez derivado do verbo alterner, empréstimo do latim alternare,
"alternar, fazer alternadamente (ora uma coisa, ora outra)", que, por sua vez, deriva
de alternus, "alternado, um depois do outro, que se reveza", e este finalmente provém
de alter, "o outro, o segundo (de dois)".
O significado original da palavra está ligado à ideia de alternância, troca (entre dois). Daí o
substantivo "alternativa" no sentido de opção.
Agora, o sentido de "alternativo" como algo que foge ao padrão, que é cultuado por uma
minoria (por exemplo, música alternativa, cinema alternativo, futebol alternativo), que é o
sentido com o qual você está trabalhando, é exclusivo do português e de introdução bem
recente (década de 60 para cá). Para você ter uma ideia, música alternativa em inglês é indie
music.
Não sei ainda precisar a data exata de introdução desse sentido na nossa língua porque nosso
projeto de pesquisa e elaboração do dicionário etimológico está em andamento e essa
ocorrência ainda não apareceu em nossas amostras. Mas a inexistência dessa acepção em
outras línguas, bem como em dicionários de português mais antigos nos dão a convicção de
que se trata de um uso estritamente brasileiro e recente.
96
ANEXO B – ENTREVISTA DANIEL PAES CUTER
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas via caixa de entrada da rede social
Facebook. Data de envio realizada no dia 16 de agosto de 2015 e recebimento em 24 de
agosto de 2015. Daniel Paes Cuter é membro da comunidade Futebol Alternativo desde 2005
e foi escolhido para ser entrevistado para mostrar um olhar de um interessado pelo assunto,
mas que não tenha formação superior em comunicação, como no caso dos outros
entrevistados. Cuter é graduado em História pelo Centro Universitário FIEO - Fundação
Instituto de Ensino para Osasco (2011).
Felipe: Para você, o que é futebol alternativo?
Daniel: Futebol Alternativo é o futebol praticado por times fora do eixo ou também por coisas
fora do comum que podem acontecer a qualquer time. Ou seja, o futebol em si, mas visto de
uma forma diferente da normal.
Como você conheceu o termo futebol alternativo? Você já se interessava pelo assunto
antes mesmo de conhecer o termo?
Conheci através da comunidade do Orkut mesmo, buscando comunidades sobre futebol, pelo
que me lembro. Achei ela diferente em relação a outras. Já me interessava pelo futebol,
principalmente o de várzea, antes disso.
Você fez parte da comunidade Futebol Alternativo no Orkut. Sentia falta de um espaço
para discussão e veiculação de informação? Caso não tenha sido membro da
comunidade, desconsidere essa questão.
Após o fim da comunidade no Orkut, ficamos sem espaço, mas um tempo depois, foram
abertos o fórum, o grupo no VK e o grupo secreto no Facebook. Isso facilitou a circulação de
informações.
Como você consome o futebol alternativo? A internet melhorou a relação com este tipo
de interesse? Como você consumia antes da internet?
Consumo futebol alternativo através de internet, por notícias, além do programa Várzea na
TV na TV Aberta, que passa jogos do futebol amador de São Paulo. Além disso, livros
específicos sobre futebol, seja em geral, como livros sobre Copa do Mundo e campeonatos e
específicos sobre times.
Qual é a rotina e os hábitos de informação ou acompanhamento de quem se interessa
pelo assunto?
Há busca por notícias, informações e acesso aos próprios fóruns para que se obtenha
informações sobre o tema. Além disso, frequentar os jogos, coisa que geralmente não tenho
costume.
Sente falta de uma maior abordagem do assunto na grande mídia?
Não, até por que não há necessidade de ser abordado por esta. Sendo algo alternativo, é
necessário que circule por vias alternativas também.
97
ANEXO C – ENTREVISTA EMANUEL COLOMBARI
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas via caixa de entrada da rede social
Facebook. Data de envio realizada no dia 30 de maio de 2015 e recebimento em 3 de junho de
2015. Emanuel Colombari é mestrando em Comunicação e graduado em Jornalismo (2008),
ambas pela Faculdade Cásper Líbero. É um dos fundadores do formato atual do site Última
Divisão e escreve atualmente, também, para o site Uol. É membro da comunidade/grupo
Futebol Alternativo desde 2006.
Felipe: Para você, o que é futebol alternativo?
Emanuel: A expressão futebol alternativo virou meio que um jargão para a gente definir o
futebol que foge das grandes emissoras de TV e dos jornais de circulação nacional. É meio
abstrato, mas define uma visão mais ampla – e talvez mais humana – sobre o futebol. Menos
estatísticas e esquemas táticos, mais histórias e personagens. Talvez o Futebol Alternativo
defina um olhar mais humano sobre os detalhes menos percebidos do futebol, que em geral
estão na periferia dos grandes investimentos do esporte.
Como você conheceu o termo futebol alternativo? Você já se interessava pelo assunto
antes mesmo de conhecer o termo?
Eu não sei se gostava do chamado Futebol Alternativo antes de um determinado marco inicial,
mas desde o começo gostei de um olhar secundário – times do interior, times estrangeiros.
Minha primeira lembrança neste sentido é de 1993, quando eu desenhava o escudo de cada
time que eu conhecia no canto de cada página do meu caderno de escola. Lembro de desenhar
os dos grandes, mas também de Bragantino, Novorizontino e até da Federação Paulista de
Futebol. Mas “Futebol Alternativo”, como termo técnico, eu diria que conheci em 2006,
graças à comunidade do Orkut com este mesmo nome e com este olhar para o futebol. Aí é
preciso falar com o Leonardo Bonassoli, jornalista que criou a comunidade, para ver de onde
ele tirou este nome.
Você fez parte da comunidade Futebol Alternativo no Orkut. Sentia falta de um espaço
para discussão e veiculação de informação? Caso não tenha sido membro da
comunidade, desconsidere essa questão.
Eu diria que, para mim, o caminho foi o contrário. Estar na FA me fez olhar mais definido
para esse viés diferente que eu tinha de futebol. Estar lá fez com que me divertisse mais com o
esporte e menos com o meu clube, ou com isso de zoar o torcedor adversário. Desde então, eu
tenho mais apreço pelas histórias legais para contar, inclusive de equipes adversárias. Talvez a
FA fosse um reflexo de um cenário maior, que já apresentasse espaços para veiculação de
informação – eu me lembro, por exemplo, de ler, comentar e colaborar com o Balípodo, site
do Ubiratan Leal.
Como você consome o futebol alternativo? A internet melhorou a relação com este tipo
de interesse? Como você consumia antes da internet?
O grande barato da internet nesta relação com o futebol alternativo é que ela te permite uma
aproximação de diversos interesses. Em qualquer bom site de venda de camisas, por exemplo,
você pode comprar o uniforme de times das mais variadas regiões do Brasil, da América do
Sul, e até de outros continentes – aí, vai do apreço que o consumidor tem pela camisa que ele
quer. Fora isso, em comunidades, a gente tem contato com diversas fontes de notícias, como
sites de jornais regionais que postam notícias de interesse geral. Antes da internet, a
informação se restringia ao Globo Esporte na TV – quase sempre com informações restritas
ao estado – e à revista Placar – que já conseguia ser abrangente antes da internet.
98
Qual é a rotina e os hábitos de informação ou acompanhamento de quem se interessa
pelo assunto?
A interação acaba sendo orgânica. Você entra na internet e as informações já estão próximas e
organizadas – seja por feed de Facebook, conta no Twitter ou qualquer outro grupo de
discussão. Como o gosto acaba se tornando reconhecido, as pessoas até procuram a gente para
falar sobre – como perguntas sobre a camisa do time que a gente está vestindo, ou
curiosidades a respeito de algum fato curioso. Às vezes, a gente vê um livro na banca sobre o
assunto, compra e lê, nem que o interesse pelo assunto possa surgir no futuro.
Sente falta de uma maior abordagem do assunto na grande mídia?
Hoje em dia, para falar a verdade, não. A discussão na internet alcançou um patamar bastante
sólido, e consegue se sustentar. Quando algo do cenário alternativo repercute na TV, por
exemplo, costuma soar repetitivo para quem já vinha acompanhando o assunto na internet,
além de quase sempre cair no oba-oba. O Juventus é um caso bastante sintomático disso,
desse ‘momento hipster’ do futebol. Dez anos atrás, quando a comunidade alternativa do
futebol começou a se reunir, o Juventus era um assunto paralelo na mídia, então atraiu
bastante gente. Hoje em dia, você vê com frequência matérias sobre torcida na Rua Javari,
sobre o tiozinho que vende cannoli. Eu não sinto falta de uma abordagem maior, mas
certamente sinto falta de uma abordagem mais inclusiva sobre o futebol alternativo nas
grandes mídias.
99
ANEXO D – ENTREVISTA FERNANDO MARTINEZ
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas via caixa de entrada da rede social
Facebook. Data de envio realizada no dia 31 de maio de 2015 e recebimento em 9 de junho de
2015. Fernando Martinez é um dos fundadores do blog Jogos Perdidos. É jornalista. É
fotojornalista da Gazeta Press. É integrante da comunidade Futebol Alternativo desde 2004.
Felipe: Para você, o que é futebol alternativo?
Fernando: Todo campeonato, toda notícia, todo time que não tem espaço na “grande mídia”.
Como você conheceu o termo futebol alternativo? Você já se interessava pelo assunto
antes mesmo de conhecer o termo?
Conheci através da comunidade do Orkut em 2004. Jogos alternativos, ou no caso “jogos
perdidos”, sempre foram meu foco, desde que me conheço por gente, no começo dos anos 80.
A cobertura da mídia na época era muito mais decente, então não foi difícil me interessar por
isso. Soma-se a isso o fato da influência do meu pai na época, já que ele via jogo de toda e
qualquer competição.
Você fez parte da comunidade Futebol Alternativo no Orkut. Sentia falta de um espaço
para discussão e veiculação de informação? Caso não tenha sido membro da
comunidade, desconsidere essa questão.
Falta mesmo não sentia tanto, pois já me conversava com muitos amantes desse futebol desde
os anos 90. Mas é fato que a comunidade concentrou todo mundo no mesmo espaço. Isso foi
muito bom, pois descobri que existiam pessoas com o mesmo gosto em todos os cantos.
Como você consome o futebol alternativo? A internet melhorou a relação com este tipo
de interesse? Como você consumia antes da internet?
Eu consumo indo nos estádios e acompanhando tudo que é campeonato realizado no estado de
São Paulo. A internet ajudou demais sim, pois antes eu vivia ligando para clubes e buscando
informação nas próprias federações. Algumas coisas conseguia, outras ficava sem saber pela
desorganização dos mesmos.
Qual é a rotina e os hábitos de informação ou acompanhamento de quem se interessa
pelo assunto?
Eu não tenho nenhuma fórmula para isso. A única rotina que talvez tenha seja acessar a
página das federações às segundas para me atualizar sobre o que aconteceu no final de
semana. No mais, as informações acabam chegando automaticamente.
Sente falta de uma maior abordagem do assunto na grande mídia?
Hoje não mais, pois a cobertura de guerrilha feita por vários abnegados já me deixa
suficientemente informado.
100
ANEXO E – ENTREVISTA GUSTAVO HOFMAN
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas por e-mail. Data de envio realizada
no dia 16 de maio de 2015 e recebimento em 17 de maio de 2015.Gustavo Hofman é
graduado em jornalismo pela PUC Campinas (2002) e possui Pós-graduação em
Comunicação e Marketing pela Faculdade Cásper Líbero (2004).É comentarista e blogueiro
dos canais ESPN Brasil. Autor do livro Quando o futebol não é apenas um jogo (2014) e é
produtor da série de reportagens Futebol Alternativo do canal fechado ESPN Brasil. Foi
membro da comunidade Futebol Alternativo no Orkut, mas não se recorda com exatidão do
ano de entrada.
Felipe: Para você, o que é futebol alternativo?
Gustavo: É o futebol que tem pouco espaço na grande mídia, não reúne os melhores
jogadores... Enfim, o futebol jogado muito além da Liga dos Campeões.
Como você conheceu o termo futebol alternativo? Você já se interessava pelo assunto
antes mesmo de conhecer o termo?
O termo, pra mim, é muito comum e não tem um marco inicial. Eu sempre gostei do futebol
do Leste Europeu e que se enquadra nessa definição.
Você fez parte da comunidade Futebol Alternativo no Orkut. Sentia falta de um espaço
para discussão e veiculação de informação? Caso não tenha sido membro da
comunidade, desconsidere essa questão.
Sim, fui membro, mas nunca participei ativamente. Gostava bastante das descobertas, dos
achados.
Como você consome o futebol alternativo? A internet melhorou a relação com este tipo
de interesse? Como você consumia antes da internet?
A internet, sem dúvida alguma, foi fundamental nesse processo. Ela tornou acessíveis
campeonatos que nem imaginávamos como eram disputados. Eu consumo futebol alternativo
no meu trabalho, torno isso livros, posts no meu blog e comentários na TV!
Qual é a rotina e os hábitos de informação ou acompanhamento de quem se interessa
pelo assunto?
Pra mim é um hábito natural buscar informações de campeonatos secundários. Acho que,
quem gosta de futebol alternativo, acompanha por paixão e com naturalidade.
Sente falta de uma maior abordagem do assunto na grande mídia?
Sim, falta. No entanto, faltam tantas outras coisas... Como por exemplo, uma cobertura
verdadeiramente nacional do Brasileirão, com o devido destaque para todos os jogos.
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ANEXO F – ENTREVISTA JULIO SIMÕES
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas por e-mail. Data de envio realizada
no dia 30 de maio de 2015 e recebimento em 1º de junho de 2015. Julio Simões é um dos
fundadores do formato atual do site Última Divisão. Possui pós-graduação em Jornalismo
Literário pela Academia Brasileira de Jornalismo Literário (2010) e graduação em Jornalismo
(2008) pela Faculdade Cásper Líbero. É membro da comunidade Futebol Alternativo desde
que era hospedada no Orkut, porém não se recorda do ano de entrada.
Felipe: Para você, o que é futebol alternativo? Julio: Meu entendimento sobre a definição de futebol alternativo tem a ver com a cobertura do
assunto na mídia. Para mim, futebol alternativo é basicamente aquele futebol que não é o foco
de interesse da grande imprensa - o que não significa que seja menos importante, claro. Por
isso, vejo o futebol alternativo como um assunto de nicho, para um público restrito, que acaba
descobrindo como é delicioso acompanhar os pormenores desse esporte nos cantos mais
remotos do mundo. Os critérios sobre o que é alternativo mudam de acordo com o ponto de
vista, mas em todos os casos envolvem temas, times, jogadores, etc., que geralmente não
tenham espaço na mídia. É difícil definir, mas acho que é por aí.
Como você conheceu o termo futebol alternativo? Você já se interessava pelo assunto
antes mesmo de conhecer o termo? Olha, não me lembro exatamente a primeira vez que tive contato com o termo, tampouco sei
quem o criou. Aliás, acho que o termo é algo brasileiro, nunca vi equivalente no exterior,
embora gente interessada em jogador bizarro, em campeonato obscuro, em histórias perdidas
exista em todo canto. Em todo caso, vale dizer que passei a me interessar mais sobre o assunto
a partir da comunidade FA no finado Orkut. Não tenho certeza, mas acho que antes da
comunidade eu mal sabia que existia gente que também gostava do lado B do futebol, que
geralmente é muito rico em histórias, algo de que gosto bastante.
Você fez parte da comunidade Futebol Alternativo no Orkut. Sentia falta de um espaço
para discussão e veiculação de informação? Caso não tenha sido membro da
comunidade, desconsidere essa questão. Sim, fiz parte da comunidade FA no Orkut e agora sigo na comunidade FA no Facebook.
Como disse, foi a partir da comunidade que eu passei a acompanhar mais de perto o assunto, o
que acabou me levando a criar o Última Divisão. Como gosto de boas histórias, achei que
valia tentar abrir um site que se dedicasse a levantar essas histórias e personagens, e que
tentasse cobrir melhor os assuntos que a grande mídia ignorava. Acho que estamos
conseguindo fazer um bom papel, inclusive no papel de trazer novos fãs para essa
‘modalidade’, digamos assim.
Como você consome o futebol alternativo? A internet melhorou a relação com este tipo
de interesse? Como você consumia antes da internet? Cara, meu consumo de futebol alternativo é bastante centrado na comunidade FA no
Facebook, além de assuntos que decidimos pesquisar e escrever para o UD. Na comunidade,
há muita gente muito mais fanática do que eu, mas mesmo assim é incrível acompanhar toda
aquela gente que se dedica com tanto afinco a assuntos esquecidos. Sobre a internet, eu diria
que ela é o pilar de sustentação do assunto, já que seria impossível ter acesso a tantos dados
sobre campeonatos, jogadores, etc. ao redor do mundo ou até mesmo nos confins do Brasil.
Antes da internet, a maioria de nós, fãs do futebol alternativo, bebia na fonte da revista Placar,
basicamente. Um ou outro deve ter pego a fase áurea do jornal Gazeta Esportiva, ou então ter
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tido contato com livros como a bíblia do futebol alternativo, o Almanaque do Futebol
Paulista, mas só. Não havia mesmo como ter contato com muitas outras coisas, e as
informações acabavam desarticuladas. Nesse sentido, a internet foi uma bênção.
Qual é a rotina e os hábitos de informação ou acompanhamento de quem se interessa
pelo assunto? Creio que todo amante do futebol alternativo acompanha diariamente, e até várias vezes ao
dia, a comunidade FA no Facebook. Fora isso, quem se interessa busca por sites que se
dedicam ao assunto, como o Plano Tático, o seu Série Z, o Verminosos, o Jogos Perdidos, a
FATV, e até o próprio Última Divisão. Fora alguns sites um pouco maiores que às vezes
abordam o assunto, como a Trivela, o Torcedores.com, o blog Bola de Meia na Globo.com e
até algumas matérias no ESPN.com.br. Para quem se interessa por assuntos internacionais, há
muitas fontes gringas também, é fácil encontrar. Nesse sentido, a comunidade acaba sendo um
grande farol de informações e troca de ideias sobre o assunto, o que é muito saudável.
Sente falta de uma maior abordagem do assunto na grande mídia? Ah, a gente sempre acha que o assunto vale ser melhor abordado na grande mídia, ainda que
isso gere uma concorrência para nós. Em todo caso, tenho sentido que o número de sites
independentes que tratam o assunto têm aumentado, o que prova que há cada vez mais
pessoas interessadas em ler e escrever sobre o assunto. É possível que isso seja fruto até da
exposição de algumas histórias alternativas na grande mídia. Imagino que muita gente tenha o
primeiro contato com o assunto nos veículos mais conhecidos, acaba indo procurar mais na
internet, encontra um mundo de informação sobre isso e acaba se apaixonando. E isso é lindo!
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ANEXO G – ENTREVISTA LEONARDO BERTOZZI
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas por e-mail. Data de envio realizada
no dia 30 de janeiro de 2015 e recebimento em 18 de fevereiro de 2015.Leonardo Bertozzi é
membro da comunidade Futebol Alternativo desde os primeiros momentos do grupo, em
2004. É graduado em Jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH
(2002). É comentarista e blogueiro dos canais ESPN Brasil.
Felipe: Para você, o que é futebol alternativo?
Leonardo Bertozzi: Futebol Alternativo é o futebol que vive fora dos grandes centros, dos
clubes de massa, dos times midiáticos. É o futebol que muitas vezes fica distante dos
holofotes, mas nem por isso deixa de ter importância. Times do interior, times de bairro, times
que podem não significar muita coisa para muitos, mas significam para alguém, e isso já basta
para justificar sua existência.
Como você conheceu o termo futebol alternativo? Você já se interessava pelo assunto
antes mesmo de conhecer o termo?
Não respondido.
Você fez parte da comunidade Futebol Alternativo no Orkut. Sentia falta de um espaço
para discussão e veiculação de informação? Caso não tenha sido membro da
comunidade, desconsidere essa questão.
O grande mérito das redes sociais, e do Orkut em particular, foi aproximar pessoas de
interesses comuns e enriquecer as discussões. Muitas histórias que eu desconhecia vinham à
tona graças aos companheiros da FA. Além disso, a comunidade criou grandes grupos de
amigos.
Como você consome o futebol alternativo? A internet melhorou a relação com este tipo
de interesse? Como você consumia antes da internet?
Hoje há canais para se informar sobre praticamente tudo. A internet diminuiu a dependência
da grande mídia para a busca da informação. Por isso mesmo, antes da internet era mais difícil
buscar canais para se informar sobre o futebol alternativo.
Qual é a rotina e os hábitos de informação ou acompanhamento de quem se interessa
pelo assunto?
Buscar sempre novas fontes. No Twitter, por exemplo, se você segue contas pontuais de
diversas partes do mundo é capaz de ficar informado sobre todo tipo de competição que passa
batida para o grande público. E o papel de quem gosta do futebol alternativo também é ajudar
a difundir essas informações.
Sente falta de uma maior abordagem do assunto na grande mídia?
As exigências cada vez maiores por resultados e números praticamente forçam a grande
imprensa a destinar o foco aos clubes de massa. Mas acredito que ainda haja espaço para boas
histórias, boas matérias. De certa forma, o papel do jornalista é investigar, buscar a história
diferente fora do radar.
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ANEXO H – ENTREVISTA LEONARDO BONASSOLI
Leonardo Bonassoli foi o fundador da comunidade Futebol Alternativo no Orkut e atualmente
é um dos administradores do grupo no Facebook. Possui especialização em Comunicação
Esportiva pela Pontíficia Universidade Católica do Paraná (2009) e bacharelado em
Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná
(2006). Atualmente escreve para o blog de sua autoria, Futebol Metrópole e contribui também
com o blog Amenidades. Bonassoli concedeu entrevista, por meio de questões enviadas por e-
mail. Data de envio e recebimento realizada no dia 27 de janeiro de 2015.
Felipe: Para você, o que é futebol alternativo?
Leonardo Bonassoli: São, a grosso modo, duas coisas. Uma é o futebol fora do mainstream,
fora das divisões de topo. Outra é o lado inusitado do futebol.
Como você conheceu o termo futebol alternativo? Você já se interessava pelo assunto
antes mesmo de conhecer o termo?
Já me interessava pelo assunto. Digamos que forjei o tema. Nas conversas de faculdade, na
Comunicação da UFPR, se usava muito o termo "isso é muito alternativo" para algumas
coisas obscuras, como jogadores de passagens esquecíveis por vários clubes, contratações
inusitadas e tal. Juntar e forjar o tema foi questão de tempo. E acabou pegando.
Você foi o fundador da comunidade Futebol Alternativo no Orkut. Qual foi a intenção
ao criá-la? Sentia falta de um espaço para discussão e veiculação de informação?
Criei porque achei que poderia ter espaço numa plataforma que estava nascendo. Existiam
basicamente comunidades genéricas. E curiosamente, ela foi pegando aos poucos, muito
graças ao antigo sistema do Orkut que associava automaticamente comunidades.
Como você consome o futebol alternativo? A internet melhorou a relação com este tipo
de interesse? Como você consumia antes da internet?
Acompanho, escrevo, discuto. E a internet melhorou porque ajudou a segmentar os meios e a
também encurtar distâncias entre os eventos e os que acompanham. Antes de existir TV a
Cabo, a oferta de futebol em televisão aberta era maior. Campeonatos e amistosos obscuros
eram figurinha fácil nas emissoras menores. Sem falar que a Bandeirantes tinha uma
programação ostensiva de esportes e passava divisões de baixo e teve ano até que passou
alguns jogos do Pernambucano em rede nacional. Além disso, a imprensa escrita, que hoje
cambaleia no impresso, era mais ampla.
Qual é a rotina e os hábitos de informação ou acompanhamento de quem se interessa
pelo assunto?
Varia muito de pessoa para pessoa. Tem gente que consegue ir aos locais, tem gente que vai
na base do streaming. Conheço gente que liga streaming na madrugada para ver OFC Cup ou
campeonato de El Salvador.
Sente falta de uma maior abordagem do assunto na grande mídia?
Na verdade, está bem mais abordado, pois, pelo menos no que tange à mídia de internet, você
vê portais grandes investindo em blogs ou seções sobre o assunto. E como a internet não tem
limite de espaço, o nicho está criado.
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ANEXO I – ENTREVISTA MATHEUS CRUZ LABOISSIÈRE
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas via e-mail no dia 30 de maio de 2015
e recebimento via caixa de entrada da rede social Facebook no dia 9 de junho de 2015.
Matheus Cruz Laboissière é fundador do blog Plano Tático, colunista do site Trivela e
blogueiro do ESPN FC. Possui graduação em Jornalismo pelo Centro Universitário de Belo
Horizonte - UNIBH (2009).
Felipe: Para você, o que é futebol alternativo?
Matheus: Futebol Alternativo tem duas correntes principais em minha opinião. A primeira,
mais importante, é toda notícia (clubes, jogadores) que não tem a devida atenção da grande
mídia e possui fatos que fogem ao comum, sejam eles dentro ou fora de campo. A segunda é
abordar os lances por si só curiosos que acontecem durante as partidas (golaço, gol contra,
lances engraçados).
Como você conheceu o termo futebol alternativo? Você já se interessava pelo assunto
antes mesmo de conhecer o termo?
Eu me aproximei do Futebol Alternativo sem perceber, pois desde pequeno desenhava
bandeiras de todos os países em cadernos só para isso. Assim, fui criando curiosidade sobre as
nações e a partir do momento em que descobri o futebol, passei a imaginar se haveria o
esporte nesses países.
Você fez parte da comunidade Futebol Alternativo no Orkut. Sentia falta de um espaço
para discussão e veiculação de informação? Caso não tenha sido membro da
comunidade, desconsidere essa questão.
Cada grupo de pessoas tem uma visão do que é Futebol Alternativo. A minha defendo no
Plano Tático, que é um site de minha propriedade, mas numa comunidade pública, mesmo
que moderada, várias visões vão coexistir. Nem tudo que era veiculado lá eu considerava
Futebol Alternativo, mas certamente algumas coisas que eu divulgava lá também os outros
não entendiam como assunto da comunidade.
Como você consome o futebol alternativo? A internet melhorou a relação com este tipo
de interesse? Como você consumia o antes da internet?
O Plano Tático é o motivo simples pelo qual eu acesso informações do Futebol Alternativo,
até deixando o “futebol da TV” de lado, por falta de tempo. Antes da internet o jeito era
comprar as revistas Placar e os jogos de futebol, principalmente FIFA, nos quais eu tinha
acesso a alguns times mais distantes do grande futebol europeu.
Qual é a rotina e os hábitos de informação ou acompanhamento de quem se interessa
pelo assunto?
A minha rotina, como jornalista especializado em Futebol Alternativo, não pode ser entendida
como a geral, mas acho que a pessoa que acompanha Futebol Alternativo como mero leitor o
faz como quando acessa as informações de seu clube do coração. A grande diferença é que
quem se interessa por Futebol Alternativo costuma ter um nível educacional mais apurado,
simplesmente porque teve acesso a informações sobre países, não só no que tange ao futebol,
mas política, economia. O futebol é só mais um viés.
Sente falta de uma maior abordagem do assunto na grande mídia?
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A grande mídia não pode fazer o que faço no Plano Tático, pois não haveria tempo e nem
retorno financeiro suficiente. Entendo que as empresas de comunicação que podem investir
mais estão fazendo série de reportagens periódicas, mas ainda falta uma abordagem mais
sistemática, pois as histórias de Futebol Alternativo certamente também são valiosas. Mas
depende do jornalista ter este conhecimento apurado para aí sim desvendar as histórias que
merecem ser contadas. A mudança só ocorrerá a partir do interesse do profissional que lida
com a informação.
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ANEXO J – ENTREVISTA SÉRGIO OLIVEIRA
Em entrevista concedida, por meio de questões enviadas via e-mail no dia 30 de janeiro de
2015 e recebimento via caixa de entrada da rede social Facebook em 8 de junho de 2015.
Sérgio Oliveira possui graduação em Rádio e Televisão pela Universidade Anhembi
Morumbi (2004) e em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2008). É coordenador geral
da ALLTV, TV online onde apresenta o programa semanal FATV (Futebol Alternativo TV).
É membro da comunidade Futebol Alternativo desde o final de 2005 e atualmente, é um dos
administradores do grupo no Facebook.
Felipe: Para você, o que é futebol alternativo?
Sérgio: Futebol Alternativo na essência é o que não aparece na grande mídia. Divisões de
acesso principalmente. Tem o lado mais curioso também, que aí envolve qualquer equipe,
toda notícia mais curiosa ou engraçada será alternativa. Mas o verdadeiro futebol alternativo
brasileiro está nas divisões de acesso espalhadas país afora.
Como você conheceu o termo Futebol Alternativo? Você já se interessava pelo assunto
antes mesmo de conhecer o termo?
O termo foi graças ao Orkut mesmo. E sim, sempre me interessei pelo assunto, acompanho as
divisões de acesso desde criança. Sempre digo em entrevistas que só por torcer pela zebra, por
torcer pelo mais fraco isso já é ser alternativo. Muita gente que torce pela zebra é fã de futebol
alternativo e nem sabe.
Você fez parte da comunidade Futebol Alternativo no Orkut. Sentia falta de um espaço
para discussão e veiculação de informação? Caso não tenha sido membro da
comunidade, desconsidere essa questão.
Muita falta, achar gente que se interessava pelo mesmo assunto que eu foi ótimo. Meus
amigos mais próximos sempre me acharam louco por ir ver jogo do Guapira ou do Juventus.
Torcer pela Lusa então era crime (risos).
Como você consome o futebol alternativo? A internet melhorou a relação com este tipo
de interesse? Como você consumia antes da internet?
Indo ao estádio é a melhor maneira de consumir futebol seja alternativo ou não. A internet
melhorou muito no quesito pesquisa, ver fotos, imagens dos jogos de outros estados, conferir
ficha técnica nisso a internet melhorou muito. Antes era esperar o Tabelão da (Revista) Placar
ou torcer pela Zebrinha do Fantástico.
Qual é a rotina e os hábitos de informação ou acompanhamento de quem se interessa
pelo assunto?
Por conta da FATV, leio blogs de futebol alternativo todo dia, vou a jogos pelo menos três
vezes por semana. Respiro futebol alternativo mesmo.
Sente falta de uma maior abordagem do assunto na grande mídia?
Falta faz para atingir o grande público, para melhorar a situação dos times. Para mim,
pessoalmente não faz falta, pois sei onde procurar, para quem não acompanha, mas gosta de
futebol, informação sobre divisão de acesso é importante. Só aí vamos virar realmente o País
do Futebol.
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ANEXO K – TABELA NÚMERO DE CLUBES BRASILEIROS ATIVOS EM 2015160
ESTADO 1ª
DIVISÃO
2ª
DIVISÃO
3ª
DIVISÃO
4ª
DIVISÃO
COPA161
TOTAL
Acre 8 4 12
Alagoas 9 3 12
Amapá 9 9
Amazonas 10 1 11
Bahia 12 9 21
Ceará 10 10 10 30
Distrito Federal 11 12 23
Espírito Santo 10 6 16
Goiás 10 10 9 29
Maranhão 9 5 14
Mato Grosso 10 4 14
Mato Grosso
do Sul
12 8 20
Minas Gerais 12 11 15 38
Pará 10 10162
20
Paraíba 10 12 22
Paraná 12 10 4 26
Pernambuco 12 15 27
Piauí 6 6 12
Rio de Janeiro 16 18 15 49
Rio Grande do
Norte
10 4 14
Rio Grande do
Sul
16 15 10 2 43
Rondônia 5 5
Roraima 6 6
Santa Catarina 10 10 8 28
São Paulo 20 20 20 30 90
Sergipe 10 12 22
Tocantins 8 9163
17
Total 283 223 91 30 3 630
160
Tabela feita com base nos sites das federações estaduais de futebol. 161
Nessa coluna são considerados os clubes que não disputaram nenhuma divisão estadual, mas participaram das
chamadas copas estaduais. 162
A segunda divisão do Pará contou com 12 equipes, entretanto, duas delas participaram da primeira divisão no
mesmo ano. 163
A segunda divisão do Tocantins contou com 11 equipes, entretanto, duas delas participaram da primeira
divisão no mesmo ano.
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