Faculdade zumbi dos palmares antropologia raça cultura sociedade atividade 1
Post on 27-Jul-2015
58 Views
Preview:
Transcript
1. Antes de responder propriamente a questão, cabe assinalarmos que as ações humanas
trazem consigo marcas simbólicas, diferenciadoras da natureza. Tais ações criam normas quanto à
sexualidade, por exemplo, e instituindo aquilo que se chama de cultura. As regras possuem um
sentido que vão além de sua mera existência, carregadas de valores destinados aos humanos e às
coisas.
O surgimento da religiosidade está relacionado ao fato dos seres humanos perceberem que
são dotados de consciência sobre as coisas, os outros e a si próprios. A percepção em que o meio
externo natural não é dependente do ser humano, pelo contrário, pode ser nocivo a ele muitas vezes,
fez surgir à crença em divindades.
Os seres humanos também percebem a existência de fatos antecessores e posteriores a sua
vida. Essa capacidade de memória cria a noção duma identidade individual e coletiva. Isso ajuda a
explicar a crença numa vida futura e seus rituais fúnebres, ações dotadas de muitos símbolos,
representantes e interpretadores da realidade, e que também permeiam a experiência do sagrado.
Como exemplo que acontecem no Brasil, gostaríamos de ressaltar as várias matrizes
formadoras – a portuguesa, a de maior hegemonia – responsável pelos vários Brasis, como escreveu
Darcy Ribeiro, em “O povo brasileiro”. Começamos pelos sincretismos religiosos, envolvendo as
religiões de matriz africana com o catolicismo. Gilberto Freyre ajuda-nos a entender isso, ao
comparar as relações entre brancos e negros no Brasil e nos Estados Unidos. Nesse país, o
protestantismo foi de maior força segregacionista; naquele, o catolicismo procurou cooptar o negro
à sua religiosidade, construindo até igrejas destinadas aos escravos, como a Nossa Senhora do
Rosário dos Pretos. Também podemos citar as atividades de José de Anchieta junto aos indígenas, o
qual através da linguagem teatral buscava ensinar os mandamentos cristãos, unindo as imagens dos
deuses tupiniquins ao impuro, ao Inimigo da fé cristã.
2. A concepção do sagrado envolve espaço, tempo e seres. A religião explica a origem, a
vida, o fim dos seres, oferece consolo às forças maléficas como doenças, também permitir o retorno
do ser humano ao convívio direto com o ser divino. A religião impõe normas morais, que
desrespeitadas, são dignas de punições, chegando a configurar-se como resultante de Estados, em
sua acepção política, no caso dos judeus e da Magna Grécia, por exemplo.
As contestações primárias surgiram entre os pré-socráticos, questionadores da atribuição de
características humanas aos deuses das polis. Epicuro acreditava que a religião tratava-se de fábula.
Espinosa, já no século XVII, defendeu que a religião vinha da superstição e que tinha caráter
político, onde os sacerdotes praticam vilanias contra os demais homens, pois os afastam da natureza
real de Deus, racional e nada supersticiosa. Aproximadamente duzentos anos depois, Feuerbach
assinala que os homens esquecem-se de que são os verdadeiros criadores das divindades e deixam
por elas governar, tornando-se alienados. Karl Marx continua nessa visão próxima onde o credo na
justiça dum outro mundo diminui o interesse pela combatividade da classe explorada ante seus
exploradores. No mundo ocidental, percebe-se, paulatinamente, a crítica àqueles que pertenciam a
instituições religiosas e que detinham poderes e regalias, como a capacidade de ler ante uma
população analfabeta. Como exemplos de críticos destacam-se os iluministas franceses e Marx.
No pensamento ocidental, a filosofia, e posteriormente, a ciência romperam com a fé. A
Filosofia transformou os mistérios da fé em conceitos e teorias, onde a existência de seres
superiores deve ser provada. Teorias como o da evolução são vistas como heresia por religiosos.
Essas visões distintas causam severos conflitos os humanos, como o caso da razão ocidental –
acusada de ateísmo – e religião islâmica, tida como profundamente intolerante certas vezes.
top related