Transcript
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
1/90
FUNDAO GETLIO VARGASESCOLA DE ADMINISTRAO DE EMPRESAS
DE SO PAULO
AMLCAR KEY KIMURA
IDENTIFICAO DE OPORTUNIDADES PARA A
INDSTRIA BRASILEIRA DE SEMICONDUTORES
ATRAVS DAS TEORIAS DE VANTAGEM COMPETITIVA
E INVESTIMENTO INTERNACIONAL
SO PAULO
2005
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
2/90
AMLCAR KEY KIMURA
IDENTIFICAO DE OPORTUNIDADES PARA A
INDSTRIA BRASILEIRA DE SEMICONDUTORES
ATRAVS DAS TEORIAS DE VANTAGEM COMPETITIVA
E INVESTIMENTO INTERNACIONAL
Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado
Profissional em Administrao da EAESP FGV,como requisito para obteno do ttulo de Mestreem Administrao de Empresas.
rea de Concentrao: Administrao / Estratgia
Orientador: Professor Fbio Luiz Mariotto
SO PAULO
2005
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
3/90
Kimura, Amlcar Key.Identificao de oportunidades para a indstria brasileira de semicondutores
atravs das teorias de vantagem competitiva e investimento internacional / AmilcarKey Kimura. - 2005.
89 f.Orientador: Fbio Luiz Mariotto.Dissertao (MPA) - Escola de Administrao de Empresas de So Paulo.
1. Vantagem competitiva. 2. Semicondutores. 3. Indstria eletrnica. 4. Circuitosintegrados. 5. Poltica industrial. 6. Tecnologia. I. Mariotto, Fbio L. II. Dissertao(MPA) Escola de Administrao de Empresas de So Paulo. III. Ttulo.
CDU 621.313
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
4/90
AMLCAR KEY KIMURA
IDENTIFICAO DE OPORTUNIDADES PARA A
INDSTRIA BRASILEIRA DE SEMICONDUTORES
ATRAVS DAS TEORIAS DE VANTAGEM COMPETITIVA
E INVESTIMENTO INTERNACIONAL
Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado Profissional
em Administrao da EAESP FGV, como requisito paraobteno do ttulo de Mestre em Administrao deEmpresas.
rea de Concentrao: Administrao / Estratgia
Data de aprovao:
___/___/_____
Banca examinadora:
___________________________________________Professor Fbio Luiz Mariotto (Orientador)EAESP - FGV
___________________________________________Professor Jos Carlos BarbieriEAESP - FGV
___________________________________________Professor Abraham Sin Oih YuFEA - USP
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
5/90
Dedico este trabalho minhaesposa Rose e s minhas filhasMilena e Fernanda.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
6/90
Agradecimentos
National Semiconductors Corporation que acreditou no meu potencial, patrocinou
o curso de Mestrado Profissional, e forneceu apoio necessrio para que eu pudesse
me dedicar nos estudos.
minha esposa Rose, que me apoiou desde o incio, quando o Mestrado era
apenas um sonho e eu ainda estava me preparando para realizar os exames TOEFL
e GMAT, at o esforo final para que eu pudesse concluir a dissertao no prazo
limite.
Aos colegas e professores do MPA, com quem tive a oportunidade de estudar e
amadurecer durante o curso hoje so pessoas que estimo, admiro e considero
amigos.
Ao Professor Fbio Luiz Mariotto, que ministrou a disciplina de International
Management, e foi o meu orientador.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
7/90
RESUMO
O mercado mundial de semicondutores cresce vigorosamente ao longo de
dcadas impulsionado pela evoluo tecnolgica, que permitiu semicondutores de
melhor performance a um custo relativamente menor. Entretanto os gastos com
fbricas e P&D aumentam junto com a evoluo da tecnologia, obrigando as
empresas a controlar as mtricas financeiras em busca da lucratividade necessria
para financiar o desenvolvimento das novas tecnologias. O crescimento do mercado
motivou vrios pases a fornecerem incentivos para atrair investimentos de
semicondutores.
Este trabalho segmenta o mercado de semicondutores de acordo com as
tecnologias de espessura da pastilha de silcio e utiliza as principais teorias sobre
vantagem competitiva e investimento internacional, para analisar os incentivos que
uma empresa de semicondutores teria para estabelecer uma fbrica de difuso de
waferse uma operao de design houseno Brasil.
A indstria de semicondutores brasileira est em seu estgio inicial, e existem
algumas aes do governo juntamente com a iniciativa privada que apresentaram
resultados positivos, entretanto necessrio reavaliar a efetividade dos incentivos
oferecidos atualmente.
Existe a possibilidade do Brasil atrair empreendedores para explorar
oportunidades em nichos de mercado e assim iniciar a construo de uma cadeia
completa de desenho, fabricao e utilizao de semicondutores no Brasil. E o papel
do governo ser fundamental para dar o impulso inicial.
Palavras-chave: Vantagem Competitiva, Semicondutores, Indstria Eletrnica,
Circuitos Integrados e Poltica Industrial.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
8/90
ABSTRACT
Fostered by the technological evolution, the worldwide semiconductor market
has been growing steadily for the last decades. It has allowed the production of
better semiconductors at a price relatively lower. However the expenditures in R&D
and plants increase together with this technical evolution; forcing the companies to
control the financial metrics in order to generate the necessary profitability to support
the development of new technologies. Many countries have been motivated by the
market growth to attract foreign investments in semiconductors by using government
incentives.
This essay segments the semiconductor market according to the feature
dimension technology and uses the most important theories of competitive
advantage and international investments to study the incentives that one company
might have to establish foundry and design house activities in Brazil.
This is an early stage of Brazilian semiconductor industry and the government
has a very important role as a fosterer. There are some government activities
together with the private companies that already brought positive results. However it
will be necessary to reevaluate the effectiveness of the current offered incentives.
There is possibility to attract entrepreneurs to take advantage of opportunities
inside some market niches and therefore initiate the construction of a thorough
design, production and use of semiconductors chain in Brazil. Nevertheless the
goverment role is crucial to give the initial step.
Key-words: Competitive Advantage, Semiconductors, Electronic Industry, Integrated
Circuits, Industrial Policy
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
9/90
QUADROS
Quadro 1 - Principais tipos de semicondutores ......................................................... 18
Quadro 2 - Tecnologias de espessura da pastilha de silcio ................................... 19
Quadro 3 - Principais processos da cadeia produtiva de semicondutores ........... 21
Quadro 4 - Resumo dos processos da cadeira produtiva de semicondutores..... 23
Quadro 5 - Principais aplicaes dos semicondutores............................................. 26
Quadro 6 - Exemplo da Lei de Moore ......................................................................... 29
Quadro 7 - Investimentos de uma fbrica de 90nm.................................................. 30
Quadro 8 - Gastos com P&D das empresas de semicondutores com aes
negociadas em bolsa de valores ............................................................. 35
Quadro 9 - Lucro lquido das empresas de semicondutores com aes
negociadas em bolsa de valores ............................................................. 37
Quadro 10 - Exemplo de incentivos oferecidos por alguns pases........................... 57
Quadro 11 - Posicionamento do Brasil em relao s Tecnologias Novas ............62
Quadro 12 - Posicionamento do Brasil em relao s Tecnologias Plenas ........... 63
Quadro 13 - Posicionamento do Brasil em relao s Tecnologias Maduras ........ 65
Quadro 14 - Possibilidades do Brasil em relao s tecnologias .............................66
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
10/90
GRFICOS
Grfico 1
- Mercado Mundial de Semicondutores (1982 at 2008) ....................... 24
Grfico 2 - Correlao entre os mercados de semicondutores e sistemas
eletrnicos.................................................................................................... 25
Grfico 3 - Elasticidade do mercado de semicondutores ........................................ 26
Grfico 4 - Evoluo do nmero de transistores dentro de um circuito
integrado ...................................................................................................... 28
Grfico 5
- Custo de desenvolvimento do hardwarede um circuito integrado..... 32
Grfico 6 - Custo total de um circuito integrado ........................................................ 34
Grfico 7 - Exemplo de risco nas tecnologias de 0,25m e 90nm......................... 40
Grfico 8 - Custo de desenvolvimento de um circuito integrado e custo do
processo de design in................................................................................ 43
Grfico 9 - Consumo de semicondutores no Brasil (Nacional vs Importado).......83
Grfico 10
- Fabricantes locais de semicondutores.................................................... 84
Grfico 11 - Participao das empresas fabless.........................................................86
Grfico 12 - Mercado do segmento de servios de Foundry....................................88
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
11/90
10
SUMRIO
1. INTRODUO..................................................................................................................12
1.1.LIMITAODOTRABALHO ................................................................................... 14
1.2.METODOLOGIA ........................................................................................................ 14
2. A INDSTRIA DE SEMICONDUTORES..................................................................... 16
2.1.DEFINIES ............................................................................................................. 16
2.2.TIPOSDESEMICONDUTORES ............................................................................17
2.3.PRINCIPAIS PROCESSOS ..................................................................................... 20
2.4.MERCADODESEMICONDUTORES.................................................................... 23
2.5.EVOLUOTECNOLGICA.................................................................................. 27
2.6. INVESTIMENTOSEMFBRICASEDEPRECIAO........................................ 29
2.7. INVESTIMENTOSEMP&D..................................................................................... 31
3. BUSCA DE UM MODELO DE NEGCIOS SUSTENTVEL.................................. 36
3.1.MERCADODEALTORISCOEALTORETORNO .............................................. 36
3.2.BUSCADALUCRATIVIDADE................................................................................. 38
3.3.PORQUEINVESTIREFORAROBSOLESCNCIA?...................................... 39
3.4.GERENCIAMENTODOSRISCOS......................................................................... 40
3.5.PARCERIA PARATERACESSOSNOVASTECNOLOGIAS ........................41
4. PRINCIPAIS TEORIAS SOBRE VANTAGEM COMPETITIVA E
INVESTIMENTO INTERNACIONAL............................................................................. 44
4.1.TEORIA DAVANTAGEMABSOLUTASMITH(1776) ...................................... 44
4.2.TEORIA DAVANTAGEMCOMPARATIVARICARDO(1819) ........................45
4.3. TEORIA DOSFATORESDEINTENSIDADEEPROPORCIONALIDADE
HECKSCHER(1933)EOHLIN(1949). .................................................................. 45
4.4.TEORIA DASOBREPOSIODEPRODUTOSLINDER (1961). ................ 46
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
12/90
11
4.5.TEORIA DOCICLODEPRODUTOVERNON(1966) ...................................... 47
4.6. TEORIA DAS FONTES DE VANTAGEM COMPETITIVA NO
TRANSFERVEIS BUCKLEYECASSON(1976),EDUNNING(1977).........48
4.7. TEORIA DOS MERCADOS IMPERFEITOS HELPMAN E KRUGMAN
(1985) .......................................................................................................................... 48
4.8.VANTAGEMCOMPETITIVADASNAESPORTER(1990) ....................... 49
4.9.OUTROS.....................................................................................................................50
5. AS OPORTUNIDADES PARA O BRASIL .................................................................. 52
6. CONCLUSO ...................................................................................................................74
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICA ............................................................................... 81
APNDICE A O BRASIL TINHA FBRICAS NO PASSADO. O QUE HOUVE?. 83
APNDICE B PROGRAMA NACIONAL DE MICROELETRNICA.......................85
APNDICE C EMPRESAS FABLESS.......................................................................... 86
APNDICE D FOUNDRY VENDORS............................................................................ 88
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
13/90
12
1. INTRODUO
Durante a elaborao deste trabalho, conversei com vrios profissionais das
reas de semicondutores, da indstria de sistemas eletrnicos, de institutos de
ensino e pesquisa e de rgos do governo. Onde perguntei a todos quais eram as
possibilidades do Brasil sediar uma fbrica de difuso de semicondutores para
produo de circuitos integrados em larga escala. E todas as respostas foram
unnimes: - As chances do Brasil atrair tal investimento muito remota! O Brasil
tem uma srie de problemas que fica muito difcil imaginar que algum investidor
colocaria bilhes de dlares para montar uma fbrica de semicondutores no Brasil.
Todos os entrevistados citavam o governo como o principal responsvel pelosproblemas existentes: falta estabilidade poltica e econmica, excesso de burocracia
para importao e exportao, dificuldade para o governo controlar o gray market,
excesso de imposto sobre a cadeia produtiva, altas taxas de juros, entre outros
argumentos. E com tantos problemas ficava muito difcil imaginar que o Brasil teria
condies de receber tal investimento. Parecia que a nica forma de atrair
investidores seria atravs de incentivos governamentais que necessitariam ser
suficientemente grande para compensar todos os problemas existentes.
Por um lado esta concluso est correta, os problemas do Brasil so muitos e
no h expectativa de soluo no curto prazo. Mas focar somente nos problemas
resulta em um forte sentimento de descrena sobre o pas e no ajuda a entender os
reais motivos do Brasil no receber investimentos em semicondutores.
O objetivo deste trabalho analisar as principais caractersticas da indstria
de semicondutores para verificar se o Brasil tem condies de oferecer vantagenscompetitivas para fbricas de difuso de waferse operaes de desenho de circuitos
integrados A questo dos investimentos em semicondutores tem um alto grau de
complexidade e, apesar de permitir anlise por diferentes pontos de vista, irei
analisar esta questo pelo ponto de vista das teorias de vantagem competitiva e
investimento internacional.
No Captulo 2 sero levantadas as principais caractersticas da indstria de
semicondutores, onde veremos que o mercado mundial de semicondutores crescevigorosamente ao longo de dcadas impulsionado pela evoluo tecnolgica, que
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
14/90
13
permitiu semicondutores de melhor performance a um custo relativamente menor.
Entretanto os gastos com fbricas e P&D aumentam junto com a evoluo da
tecnologia e poucas empresas de semicondutores conseguiro acompanhar o ritmo
de investimentos necessrios.
O Captulo 3 mostra os ganhos e as perdas elevadas que esta indstria
apresenta em tempos de expanso e retrao, e a preocupao das empresas em
controlar as mtricas financeiras em busca da lucratividade necessria para financiar
o desenvolvimento das novas tecnologias. Veremos que os riscos tambm crescem
junto com a evoluo tecnolgica, e como as empresas esto gerenciando estes
riscos.
No Captulo 4 ser feita uma reviso bibliogrfica sobre os principais estudos
sobre vantagem competitiva e investimento internacional, onde veremos que existe
uma evoluo destas teorias, onde cada autor complementa as teorias anteriores
com informaes adicionais e pontos de vista diferente.
No Captulo 5 analisaremos os principais fatores determinantes de vantagem
competitiva: mo-de-obra qualificada; conhecimentos cientficos; mercado interno,
disponibilidade de capital e cadeia produtiva. Alm destes, h ainda os incentivos
governamentais e os problemas existentes no Brasil que podem influenciar nas
decises de investimento. Para facilitar o estudo das possibilidades, o mercado ser
segmentado de acordo com as tecnologias de espessura da pastilha de silcio, e o
comportamento de cada segmento ser explicado com o auxlio da teoria do ciclo de
produto de Vernon (1966). Este estudo mostrar que as atuais condies do Brasil
no oferecem vantagem competitiva para a indstria de semicondutores; que os
incentivos oferecidos pelo governo no atendem as necessidades desta indstria e;
que as empresas iro optar por internalizar as informaes e conhecimentos que
so fontes de vantagem competitiva nas localidades onde possam ter maior controle
sobre o fluxo de informaes.
Desta forma as possibilidades do Brasil se restringem em 1) atrair
investimento isolados das tecnologias tradicionais que so transferidas
constantemente entre os pases, 2) atrair investimentos nas atividades de desenho
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
15/90
14
de CI que procuram localidades que tenham baixo custo dos fatores de produo e
3) utilizar as tecnologias antigas para construo de uma cadeia produtiva no Brasil.
Novos empreendedores tero um papel importante no processo de criao deuma cadeia completa de desenho, produo e uso de semicondutores no Brasil.
Entretanto veremos que existem dificuldades iniciais para serem superadas e os
atuais incentivos ainda no esto beneficiando os empreendedores. Desta forma o
papel do governo fundamental para estabelecer os incentivos adequados, e
realizar investimento de recursos prprios em atividades de semicondutores.
1.1. LIMITAO DO TRABALHO
Os segmentos dos circuitos discretos e dos circuitos integrados bipolares
no sero analisados neste trabalho, pois estes segmentos representam uma
pequena parcela do mercado de semicondutores e apresentam um modelo de
negcios mais simples, onde a maior vantagem competitiva deste segmento o
custo dos fatores de produo.
O escopo deste trabalho ser restrito anlise da tecnologia de espessura
da pastilha de silcio apesar de haver uma grande quantidade de tecnologias
utilizadas na fabricao dos semicondutores pois esta tecnologia o principal
determinante da velocidade, do consumo de energia, do nvel de integrao e
miniaturizao, e do custo dos circuitos integrados.
1.2. METODOLOGIA
As informaes contidas neste trabalho foram coletadas de fontes primrias e
secundrias. As fontes primrias so os sites oficiais das empresas de
semicondutores, os relatrios anuais aos acionistas e, opinio de profissionais que
atuam nesta indstria. As fontes secundrias so os Press Releases, publicaes
em jornais e revistas e, dados estatsticos sobre o mercado de semicondutores
publicados pelas principais instituies de pesquisas estatsticas como IC InsightsInc; Databeans; In-Stat MDR; IBS Inc; I Supply Corp; e Semico Research.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
16/90
15
Os dados coletados auxiliaram no levantamento das principais caractersticas
da indstria de semicondutores e o mercado foi segmentado de acordo com as
tecnologias de espessura da pastilha de silcio.
Para analisar a questo central foi feita uma reviso bibliogrfica dos
principais autores e trabalhos sobre vantagem competitiva e investimento
internacional. Esta reviso serviu de base para fazer o levantamento das
possibilidades do Brasil atrair investimentos em semicondutores.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
17/90
16
2. AINDSTRIADESEMICONDUTORES
2.1. DEFINIES
Por se tratar de um conceito extremamente tcnico, semicondutor uma
palavra difcil de ser conceituada. Alguns autores focam nas caractersticas fsicas
do material, outros no comportamento, e outros na sua utilizao.
A importncia e o interesse sobre os semicondutores aumentaram nos ltimos
anos devido ao impacto que os componentes derivados dos semicondutores tm
sobre a evoluo tecnolgica de toda a indstria eletrnica e, portanto, mais
importante que o conceito de semicondutor, a sua aplicao direta e a suaimportncia sobre as economias nacionais.
semicondutor sm (semi + condutor):Cada uma das substncias slidas como o
germnio, o silcio, etc., cuja fraca condutividade eltrica no nem metlica nem
eletroltica (Moderno Dicionrio da Lngua Portuguesa, MICHAELIS, 1998);
semicondutor (). [De semi + condutor.] S.m. Fs. Condutor eltrico, cuja
resistividade decresce com a temperatura, e em que a conduo de carga pode
efetuar-se por eltrons ou por ons ou por buracos (Novo Dicionrio da Lngua
Portuguesa, AURLIO, 1998);
semicondutor // adj. s.m.FS CONDdiz-se de ou substncia com resistividade entre a
de um condutor e a de um isolante, e que pode variar segundo as condies fsicas a
que est submetida [A conduo ocorre pelo movimento dos portadores de carga,
eltrons, buracos ou ons. So exemplos de semicondutores o silcio e o germnio.]
ETIM semi + condutor; ver duz- (Dicionrio Houaiss da Lngua Portuguesa,
HOUAISS et al., 2001)
semicondutor s.m. Material que conduz a eletricidade imperfeitamente e cuja
resistividade decresce com o aumento da temperatura (GRANDE ENCICLOPDIA
LAROUSSE CULTURAL, 1998)
semicondutor Uma substncia que fica a meio caminho entre os condutores e os
no condutores (ou isolantes) em termos de capacidade de conduzir eletricidade. A
resistncia dos materiais semicondutores varia entre moderada e alta, dependendo
das impurezas (dopantes) acrescentadas durante a sua fabricao. (MICROSOFT
PRESS, 1993)
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
18/90
17
semicondutor. Semicondutores so corpos slidos cuja condutividade eltrica se
situa entre a dos metais e a dos isolantes. Sua resistividade depende fortemente da
presena de impurezas e da temperatura [...] Algumas propriedades dos
semicondutores, inclusive suas aplicaes, so conhecidas h bastante tempo, mass com o advento da teoria quntica e seu emprego na fsica do estado slido se
conseguiu uma compreenso mais detalhada das caractersticas desses materiais. A
principal motivao para esse desenvolvimento surgiu com o aperfeioamento dos
transistores [...] So exemplos de semicondutores: o germnio, o silcio, o estanho
alfa, o antimonieto de ndio, o arseniato de glio, o arseniato de ndio, o antimonieto
de alumnio, o fosfato de glio e diversas ligas de composio varivel, envolvendo
os elementos acima e outros [...] A introduo de uma impureza em quantidade
muito pequena (um tomo de impureza para 108tomos de corpo puro) altera a suacondutividade. (ENCICLOPDIA BARSA, 1990).
2.2. TIPOS DE SEMICONDUTORES
possvel segmentar o mercado de semicondutores de acordo com a
complexidade, a funcionalidade, a aplicao, as caractersticas internas, a tecnologia
de fabricao, entre outros. Para facilitar a anlise das possibilidades do Brasil
receber investimentos em semicondutores, o mercado ser segmentado de acordo
com as tecnologias de fabricao e tecnologias de espessura da pastilha de silcio.
Pois esta diviso nos permite utilizar a teoria do ciclo de produto (VERNON, 1966)
para analisar o comportamento de cada um dos segmentos.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
19/90
18
O quadro abaixo descreve os principais tipos de semicondutores.
- Standard Linear (U$13 bi) - MOS Logic (U$ 46 bi) - Digi tal Bipolar (U$ 0,2 bi)
- ASIC (U$20 bi) - MOS Memory (U$ 44 bi)- MOS Micro (U$ 54 bi)
CI's Analgicos CI's Digitais Outros
SemicondutoresU$ 211 bilhes
100%
U$ 177 bilhes U$ 33 bilhesCircuitos Discretos
16%
U$ 0,2 bilhes
84%
U$ 33 bilhes U$ 144 bilhes
Circuitos Integrados
Quadro 1 - Principais tipos de semicondutoresFonte: preparado pelo autor1
Os segmentos dos circuitos integrados analgicos e digitais sero o foco
deste trabalho, pois alm de serem responsveis por 84% do mercado de
semicondutores, estes segmentos apresentam um modelo de negcios mais
atraente e uma cadeia produtiva mais complexa. Concentrando as principais
evolues tecnolgicas. Os segmentos dos circuitos discretos e circuitos
integrados bipolares2 no sero focos deste trabalho, pois apresentam um
modelo mais simples, e a maior vantagem competitiva destes segmentos est
baseado nos baixos custos de produo.
Os segmentos dos circuitos integrados digitais e analgicos podem ser
classificados de acordo com a tecnologia de espessura da pastilha de silcio
utilizada. Esta tecnologia tem grande influncia sobre as principais caractersticasdos circuitos integrados: velocidade, consumo de energia, nvel de integrao e
custo, mas existe o trade off entre estes benefcios com os altos custos para se
desenvolver uma nova tecnologia (como veremos adiante).
1dados coletados de IC Insights Inc. Market Summary by Device Type. 2004; e IC Insights Inc. GlobalIC Industry Outlook and Cycles. 2004
2No ano de 1980 os circuitos integrados bipolares eram responsveis por 42% do mercado mundialde semicondutores, mas com a evoluo tecnolgica dos componentes MOS, os circuitos bipolaresesto praticamente obsoletos (IC INSIGHTS INC, 2004)
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
20/90
19
PRINCIPAIS
TECNOLOGIAS
COMENTRIOS
30nm, 45nm e 65nm Tecnologias em desenvolvimento. Podem serreproduzidas em laboratrio, mas ainda no tmviabilidade comercial
90nm e 0,13m Tecnologias que atingiram viabilidade comercialh pouco tempo.
Ainda necessita melhoria no processo produtivopara aumentar a produtividade e o aproveitamentoda rea til da pastilha de silcio.
A tecnologia de 0,13m est ganhando escala deproduo e a de 90nm ainda est em fase inicial
0,15m, 0,18m,0,25m e 0,35m
Processo tecnolgico estvel com grande escalade produo.
Alguns projetos esto migrando destastecnologias para as tecnologias mais avanas embusca de melhor performance.
Outros projetos esto migrando das tecnologiasmais antigas para esta tecnologia, tambm paramelhorar performance.
CI Digital
Acima de 0,35m Tecnologia madura. Os projetos destastecnologias esto migrando para as tecnologiasmais modernas para melhorar competitividade.
0,35m e 0,50m
(com especialidades)
Alguns fabricantes conseguiram obtercomponentes de alta performance atravs damelhoria das tecnologias antigas.
0,35m e 0,50m Tecnologias tradicionais com grande escala deproduo.
Atende adequadamente s aplicaes que nonecessitam de performance.
CIAnalgico
Acima de 0,50m Tecnologia madura. Os projetos destastecnologias esto migrando para as tecnologiasmais modernas para melhorar competitividade.
Quadro 2 - Tecnologias de espessura da pastilha de silcioFonte: preparado pelo autor3
3Dados coletados de diversas fontes
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
21/90
20
esperado um crescimento baixo da tecnologia de 90nm nos prximos anos,
pois existe um grande desafio para se melhorar a produtividade, o aproveitamento
da rea til da pastilha de silcio, o processo de desenho dos novos circuitos
integrados, alm dos altos investimentos que so necessrios por esta tecnologia
(como ser visto adiante).
A tecnologia de 0,13m est comeando a ganhar escala de produo.
Somente agora os fabricantes esto conseguindo obter elevados nveis de
produtividade e de aproveitamento da rea til da pastilha de silcio, resultando em
uma queda nos custos finais do wafer. Desta forma ser possvel atender as
necessidades de custo e desempenho de vrias aplicaes adicionais, o que
resultar no aumento do volume da utilizao desta tecnologia nos prximos anos.
O volume das tecnologias de 0,15m e 0,18m de espessura de wafer
continuaro aumentando em 2004, pois haver migrao dos projetos que utilizam
as tecnologias de 0,25m e 0,35m para 0,18m e 0,15m. Estas tecnologias tm a
vantagem de utilizar equipamentos e fbricas totalmente depreciadas, o que resulta
em um custo de waferrelativamente baixo 4.
2.3. PRINCIPAIS PROCESSOS
O diagrama abaixo ilustrar os principais processos da cadeia produtiva de
semicondutores. Os processos: Fornecedores, Marketing & Vendas e Utilizao do
CI no sero abordados neste trabalho. Eles sero utilizados somente para ilustrar
as interaes dos processos de Pesquisa & Desenvolvimento e Produo.
4IBS Inc,Foundry Market Trends and Strategy, 2003.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
22/90
21
Fornecedores Pesquisa&Desenvolvimento Marketing&Vendas Utilizao do CI
Desenho Design-in Desenvolv.
Equipa- de novos Cis Produtosmentos Finais
DesenvolvimentoInsumos novas tecnolo iasQumicos Difuso
MatriaPrima Produ o
ProduoOutros Difuso Encapsu- Vendas Produtos
do Wafer lamento Finais
CADEIA PRODUTIVA DE SEMICONDUTORES
Quadro 3 - Principais processos da cadeia produtiva de semicondutoresFonte: Preparado pelo autor
O processo de Pesquisa & Desenvolvimento dividido em 2 sub processos:
A atividade de Desenho de novo CI realizada por design house (interna ou
externa) que utiliza blocos lgicos e elementos eletrnicos para desenvolver novos
circuitos integrados com a funcionalidade requisitada pelos clientes. Os novos
projetos podem ser resultado de combinao de blocos lgicos pertencentes sbibliotecas existentes ou desenvolvimentos complexos que necessitam criar novos
blocos lgicos e grande interao com clientes e laboratrios.
O Desenvolvimento de Novas Tecnologias de Difuso uma atividade
bastante complexa, que necessita de muito investimento durante prazos longos. Por
exemplo: para o domnio do processo de difuso de wafersutilizando tecnologia de
90nm, uma empresa ter que investir mais de 10 anos em pesquisas at obter
resultados economicamente viveis. Atualmente existem novas tecnologias que j
podem ser reproduzidas em laboratrio (por exemplo, as tecnologias de 65nm, 45nm
e 30nm de espessura), mas ainda no so viveis economicamente.
O processo de Produoest dividido em dois sub processos: A Difuso de
wafers a atividade de produzir as pastilhas de silcio em larga escala a partir da
matria prima pura. Uma pastilha de silcio puro exposta a uma seqncia de
reaes fsicas e qumicas que so aplicadas por camadas (ou layers). Para se obterum bom aproveitamento da rea til da pastilha de silcio necessrio que o
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
23/90
22
processo de difuso seja feita em um ambiente livre de quaisquer impurezas 5.
uma atividade que necessita grande investimento em instalaes e equipamentos.
Por exemplo, para a construo de uma nova fbrica de difuso utilizando a
tecnologia de 90nm so necessrios trs bilhes de dlares de investimento inicial,
com durao de trs a quatro anos, at que se inicie a produo.
O Encapsulamento a ltima etapa no processo de fabricao de um circuito
integrado. Nesta etapa o prestador de servios de encapsulamento recebe o wafer
gravado. Separa o waferem pastilhas de silcio individuais. Conecta os terminais da
pastilha de silcio com os terminais do circuito integrado. E adiciona uma camada de
epxi para proteg-la fisicamente. a parte mais simples do processo de produo
de um circuito integrado e muito sensvel a custo.
O processo de Marketing & Vendas est dividido em dois sub processos:
Design-ine Vendas. Para algumas famlias de produtos, como os processadores e
ASIC (Application Specific Integrated Circuit), o Design-in o processo mais
importante. Neste processo um IC Vendorir trabalhar em conjunto com os clientes
para desenvolver os produtos finais. um processo de alto risco, pois uma empresa
pode investir bastante recursos durante anos sem ter a garantia de retorno. Uma vezfinalizado com sucesso, um Vendorpoder ter seus circuitos integrados utilizados
at o final da vida til do produto final. A Venda conseqncia direta do Design-in.
Se obtiver sucesso no Design-inter benefcio das vendas, se no for bem sucedido
no Design-inficar sem as vendas.
O processo de Utilizao do CI est dividido em dois sub processos: O
Desenvolvimento de Produtos Finais uma atividade realizada pelos consumidores
de circuitos integrados, nesta fase que se define o sucesso ou fracasso das
atividades de design-in. A Produo dos Produtos Finais resultado direto do
Desenvolvimento de Produtos Finais e utiliza como matria prima, entre outros
materiais, os circuitos integrados. uma atividade que agrega pouco valor, e similar
ao processo de encapsulamento, muito sensvel a custos.
5Sala Limpa: Ambiente totalmente controlado e livre de quaisquer impurezas.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
24/90
23
Pesquisa & Desenvolvimento- Desenho de novos CI's- Desenvolvimento de novas
tecnologias de difusoProduo
- Difuso do Wafer- Encapsulamento
Marketing/Vendas- Design Win- Vendas
Utilizao do CI- Desenvolvimento dos produtos finais- Produo dos produtos finais
Mdio/Alto Baixo Alto Baixo
InvestimentoProcesso
NvelTecnolgico Necessrio
Retorno Risco
Muito Alto Muito Alto Muito Alto Muito Alto
AltoBaixo Mdio Baixo MdioAlto Alto Alto
Alto Alto Muito Alto Muito AltoBaixo Baixo Baixo Baixo
AltoAlto Alto AltoMdioBaixo Mdio Baixo
Quadro 4 - Resumo dos processos da cadeira produtiva de semicondutores
Fonte: Preparado pelo autor
2.4. MERCADO DE SEMICONDUTORES
O ramo industrial de semicondutores relativamente jovem, em 1982 o
mercado mundial era de apenas 15 bilhes de dlares. No perodo de 1982 at
2004 a indstria apresentou uma surpreendente taxa de crescimento mdio de 13%
ao ano. Estima-se que o mercado mundial de semicondutor alcance o valor de 211
bilhes de dlares em 2004 e continue crescendo a uma taxa mdia de 10% ao ano
at 2008. Alcanando 311 bilhes de dlares em 2008 (ver grfico a seguir).
Estas altas taxas de crescimento e a influncia que a indstria de
semicondutores tem sobre a competitividade e o desenvolvimento de outros ramos
industriais est motivando vrios pases a fornecerem incentivos governamentais
para atrair investimentos em semicondutores.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
25/90
24
Grfico 1 - Mercado Mundial de Semicondutores (1982 at 2008)Fonte: IC Insights Inc, 2004, p.2.196, Traduo Nossa
Antigamente um sistema eletrnico utilizava vrios elementos circuitos
integrados, circuitos discretos, componentes passivos, componentes
eletromecnicos, entre outros onde cada elemento era responsvel por realizar
apenas uma funo especfica dentro do sistema eletrnico. Hoje a evoluo da
tecnologia dos semicondutores possibilitou a integrao de quase todas as
funcionalidades em um nico circuito integrado. Segundo IC Insights Inc 7 os
semicondutores eram responsveis por 8% dos custos dos sistemas eletrnicos em
1984, e hoje representa 20%. A tendncia que os semicondutores atinjam a
porcentagem de 25% no ano de 2008. Veja correlao entre as taxas de
crescimento do mercado de semicondutores com as taxas de crescimento do
mercado de sistemas eletrnicos no grfico a seguir.
6IC Insights Inc. Global IC Industry Outlook and Cycles. 20047IC Insights Inc. Global IC Industry Outlook and Cycles. 2004
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
26/90
25
Grfico 2 - Correlao entre os mercados de semicondutores e sistemas eletrnicosFonte: IC Insights Inc, 2004, p.2.148, traduo nossa
A elasticidade destes mercados tambm s um fator fundamental para a
compreenso do comportamento destes mercados. O grfico a seguir mostra que a
cada variao positiva de 1.6% do PIB mundial, o mercado de sistemas eletrnicos
cresce 7% e o mercado de semicondutores cresce 30%. E a cada variao negativa
de 1.6% do PIB mundial, o mercado de sistemas eletrnicos decresce 21% e o
mercado de semicondutores decresce 45%.
8IC Insights Inc. Global IC Industry Outlook and Cycles. 2004
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
27/90
26
Grfico 3 - Elasticidade do mercado de semicondutoresFonte: IC Insights, Inc, 2004, p.2.23, traduo nossa
Presenciamos nos ltimos anos um grande aumento no nmero de aquisies
e fuses de empresas. Este movimento pode ser visto em grande intensidade nos
principais mercados consumidores de semicondutores: os sistemas computacionais,
os sistemas de comunicao, e os sistemas eletrnicos de consumo (Ver quadro a
seguir).
APLICAO PARTICIPAOSistemas Computacionais 45%Sistemas de comunicao 24%
Sistemas eletrnicos de consumo 22%Outros 9%
Quadro 5 - Principais aplicaes dos semicondutoresFonte: Preparado pelo autor9
9Dados coletados de IBS Inc, 2003
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
28/90
27
Alm da concentrao do mercado consumidor de semicondutores em
poucos clientes, houve a reduo do nmero de projetos devido utilizao de
plataformas globais que servem de base para vrios produtos ao redor do mundo, e
o aumento da vida til dos projetos. Antigamente existiam vrias oportunidades
diferentes dentro de cada cliente, e hoje se limita ao desenvolvimento de poucas
plataformas.
2.5. EVOLUO TECNOLGICA
No incio, o semicondutor servia apenas para substituir as vlvulas. Realizava
exatamente as mesmas funes, s que de forma mais eficiente. No era
incorporada nenhuma funcionalidade adicional ao sistema.
Com o avano tecnolgico, o semicondutor comeou a substituir sistemas
eletrnicos e mecnicos completos, alm de fornecer funcionalidades adicionais ao
sistema.
O sucesso dos circuitos integrados foi gerado pela habilidade dos fabricantes
de continuar oferecendo mais pelo mesmo dinheiro, ou seja, a habilidade de
melhorar a performance e adicionar novas funcionalidades ao mesmo tempo em que
se reduzia o seu custo relativo. Existe uma teoria que foi formulada na dcada de 60
pelo Dr. Gordon Moore10para medir a evoluo tecnolgica dos circuitos integrados.
De acordo com Dr. Moore, desde a descoberta do CI, o nmero de componentes
dentro dele estava dobrando a cada ano. Era esperado que esta tendnciapermanecesse at o incio da dcada de 70 quando o nmero de componentes
passaria a dobrar aps um perodo de 18 a 24 meses, e a partir do meio dcada de
70 o crescimento encerraria. Esta teoria foi nomeada de Lei de Moore. Na poca
todos ficaram espantados com a ousadia da Lei de Moore em predizer que tal
crescimento vertiginoso continuaria por mais 5 a 10 anos. Mas a teoria de Dr. Moore
estava certa com exceo de apenas um ponto. O crescimento no encerraria. A
evoluo da densidade dos componentes dentro de um circuito integrado no10Dr Moore era Diretor de P&D da Fairchild Semiconductors
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
29/90
28
reduziu no meio da dcada de 70 como previsto. Ela continua dobrando a cada 18 a
24 meses desde aquela poca at hoje.
Grfico 4 - Evoluo do nmero de transistores dentro de um circuito integradoFonte: IC Insights, Inc, 2004, p.14.3, traduo nossa
O grfico acima mostra a proximidade do crescimento da densidade11 das
memrias DRAM, das memrias Flash, dos microprocessadores e do ASIC em
relao Lei de Moore. O nmero de transistores dentro de uma memria DRAM
est crescendo a uma taxa mdia de 47% ao ano desde 1970 at hoje. Uma nova
gerao de memria DRAM geralmente tem 4 vezes a densidade da gerao
anterior, e a introduo de novas geraes ocorre a cada 3 ou 4 anos12.
11A Densidade medida pelo nmero de transistores dentro de um circuito integrado12IC Insights Inc. Technology Trends. 2004.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
30/90
29
Apesar do grande avano tecnolgico dos circuitos integrados, os preos dos
circuitos integrados permanecem praticamente constantes. No quadro abaixo temos
dados de 1992 at 2003. Houve um avano significativo na performance dos
circuitos integrados para computadores pessoais, e os preos tiveram apenas 2%.
Densidade de MemriaVelocidade do processadorNmero de transistoresProcesso de difuso
Aumento mdio dos preos 2%
256X42X46X
1992 2003 Evoluo256MB2.8GHz
55M0,18 - 0,13
1MB66MHz1.2M
1.0 - 0,8m 5X
EXEMPLO DA LEI DE MOORE - COMPUTADORES PESSOAIS
Quadro 6 - Exemplo da Lei de MooreFonte: IC Insights, Adaptao e Traduo nossa
O mercado de semicondutores apresentou elevadas taxas de crescimento
devido a este grande avano tecnolgico, pois a cada nova gerao de produtos
havia mais clientes interessados em aproveitar os benefcios da nova gerao, e
pagando praticamente o mesmo preo das geraes anteriores.
Entretanto este rpido crescimento significa que a cada nova gerao resulta
na obsolescncia da gerao anterior, gerando uma situao bastante crtica para
as empresas de semicondutores, pois os Vendorstm apenas uma janela de 3 ou 4
anos para recuperar os investimentos.
2.6. INVESTIMENTOS EM FBRICAS E DEPRECIAO
Os custos para construo de uma fbrica de difuso de semicondutores
aumentam na medida em que se utilizam tecnologias avanadas. Uma nova fbrica
de difuso de wafersque utiliza a tecnologia de 90nm custar de 3 bilhes de dlares
em investimentos iniciais e leva 3 anos para sua construo. Tambm sero
necessrios mais 1 bilho de dlares de investimentos ao longo de 1 ano at que a
fbrica atinja plena capacidade produtiva. Com o aumento dos custos para instalar
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
31/90
30
uma nova fbrica, poucos empresas conseguiro ter instalaes prprias para as
tecnologias de difuso mais avanadas13.
Uma empresa de semicondutores com faturamento de 4 a 8 bilhes dedlares por ano, que investe 15% de seu faturamento na construo, manuteno e
modernizao das fbricas, no conseguir justificar os investimentos necessrios
para construo de uma nova fbrica de 90nm. Ela conseguir apenas construir uma
fbrica piloto para controlar o processo de produo e auxiliar no processo de
desenho de novos circuitos integrados.
Atividade Investimento Prazo
Pesquisa e Desenvolvimento U$ 5 bilhes +10 anos
Construo das instalaes civis eequipamentos
U$ 3 bilhes 3 anos
Incio de produo U$ 1 bilho 1 ano
Custo operacional U$ 600 milhes 1 ano
Depreciao U$ 400 milhes 1 ano
Quadro 7 - Investimentos de uma fbrica de 90nmFonte: Preparado pelo autor14
O custo total de uma fbrica de difuso de circuitos integrados bastante
elevado. No caso da tecnologia de 90nm temos os seguintes custos: 5 bilhes de
dlares em pesquisa e desenvolvimento (10 anos at estabilizar o processo e torn-la economicamente vivel); 3 bilhes de dlares para construo das instalaes
civis e equipamentos (3 anos); 1 bilho de dlares para ramp upda produo (1 ano
at a fbrica atingir plena capacidade produtiva); 400 milhes de dlares anuais de
depreciao e; 600 milhes de dlares anuais de custos operacionais.
O investimento para modernizar uma linha de produo tambm elevado,
por exemplo: a migrao de uma linha de produo de 200mm para 300mm 15pode
13IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business. 2003.14Dados coletados de IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business. 2003.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
32/90
31
custar meio bilho de dlares16. As tecnologias de 200mm e 300mm tm grande
influencia no preo final de um circuito integrado, pois quanto maior o dimetro do
wafer, mais circuitos integrados podem ser produzidos no mesmo lote. Segundo IC
Insights Inc.17 a Texas Instruments conseguiu obter 30% de reduo nos custos
utilizando a tecnologia de 300mm. Entretanto implementar wafers de dimetros
maiores tambm tem seus desafios: 1) investimentos em P&D e equipamentos so
altos; 2) o custo de mscara muito maior; 3) a produtividade de waferspor hora
menor e; 4) o aproveitamento da rea til da pastilha de silcio menor. Portanto em
mdio prazo, a produo de 300mm ficar limitado a servir apenas os produtos
commodities de alto volume tais como memrias DRAM e Flash ou para os circuitos
integrados que necessitem de grandes reas de wafer. J existem estudos comwafersde 450mm, mas no esperado que haja grande evoluo antes de 2010.
2.7. INVESTIMENTOS EM P&D
O custo para desenvolver novos circuitos integrados cresce juntamente com a
evoluo da tecnologia de difuso. Veja os exemplos abaixo:
a) os investimentos para se desenvolver uma nova arquitetura de processador
de 32 bits pode custar de 50 a 200 milhes de dlares;
b) os investimentos para se desenvolver uma nova arquitetura de processador
de 64 bits pode chegar at 1 bilho de dlares;
c) os investimentos da Intel para criar a arquitetura do Intanium custou mais de
2 bilhes de dlares.
15Tecnologias de dimetro do wafer16IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business. 2003.17IC Insights Inc. Technology Trends. 2004
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
33/90
32
Grfico 5 - Custo de desenvolvimento do hardwarede um circuito integrado
Fonte: IBS Inc, 2003, p.2.9, traduo nossa
Os grficos 5 e 6 mostram a composio dos custos de desenvolvimento de
novos circuitos integrados. O custo cresce exponencialmente para as tecnologias
mais avanadas devido necessidade de gerenciar uma complexidade maior de
elementos, do aumento do custo de mscara e prototipagem e, do aumento do custo
de verificao do projeto.
Alm da capacitao de gerenciar uma complexidade maior de elementos
para desenvolver os circuitos integrados, tambm necessrio investir na
capacitao para obter exatido da execuo dos projetos. Pois, devido aos altos
custos de mscara e prototipagem, os projetos que no funcionam de acordo com o
esperado geram grande prejuzo18.
18IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business. 2003.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
34/90
33
A utilizao de ASIC trouxe algumas vantagens em relao ao
posicionamento junto aos clientes, entretanto resultou no aumento dos custos para
desenvolver novos produtos. Geralmente um ASIC projetado exclusivamente para
atender as necessidades especficas de um nico cliente / aplicao e no se
consegue aproveit-lo para outros clientes / aplicaes, aumentado os custos de
NRE (Non Recurrent Engineering). Uma forma de reduzir os custos utilizar a
abordagem de circuitos ASSP (Application Specific Standard Product). O ASSP
desenvolvido utilizando a mesma metodologia do ASIC, mas classificado como
standard products,pois pode ser vendido para mais de um cliente. Existe um grande
nmero de clientes que iro optar por no avanar para as tecnologias mais
avanadas a fim de evitar os custos elevados destas tecnologias. E o mercado deASIC ir perder espao para os circuitos integrados ASSP1920.
Hoje existem arquiteturas mistas onde as funcionalidades padres so
implementadas atravs de hardware, que podem ser reaproveitadas em vrios
projetos, e, as funcionalidades especficas so implementadas atravs de software
(ver grfico 6).
19
Enquanto o mercado total de semicondutores ir crescer a uma taxa de 9% ao ano, o mercado deASIC ir crescer apenas 4% ao ano.
20IC Insights Inc.ASIC and SOC Market Overview. 2004.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
35/90
34
Grfico 6 - Custo total de um circuito integradoFonte: IBS, Inc, 2003, p. 2.9, traduo nossa.
Segundo IBS Inc21, no passado as empresas investiam em torno de 10 a 15%
do faturamento em P&D. Atualmente os investimentos com P&D variam de 15% a
20%. Analisando o quadro abaixo, que mostra os investimentos de P&D realizados
pelas empresas que tm aes negociadas em bolsa de valores, constatamos que
no ano de 2000 a mdia dos investimentos foi de 13%. E nos anos seguintes esta
mdia subiu para 18%.
21IBS Inc. Factors for Success in the System IC Business. 2003.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
36/90
35
Actel
2000
8,38315% 20%
2003
6,3578,201 19% 18%9,419
9%6,833
12%26% 62% 63%8%
51%218323366 16%
23%
11% 12% 15%
28% 27% 25%15%
21%1,673
30%21%
15%
39%
18%5%1,408
28%
18%
15%
5,226 20%
650
819 801150
1,412271
775
1,3696% 6%
962 1,508608
46%22% 54% 51% 26%839
18% 21% 20%1,472
14% 17%
16%946 1,077 1,38816%15% 24% 29% 21%1,782
134
23%
20% 64% 124% 131%
20% 813
112
P&D16%
P&D26%
Receita
37%
10%
P&D27%
Receita146
27%
28%
3,208
27%
P&D29%
30%
16%
Receita
Altera
Receita
18%
2001 2002
Agere System712839
226 1465,1041,377 13%
0.27 30%2,038
Analog Devices 3,049
3723,892
AMCC4,644AMD
24%26%
1,898
244 882,697 3,085
2,106
3,255 1,871
BroadcomConexant
ATI
5%
Atmel11%
23%2,0131,290
13%
22%33,726
1,194 1,2671,096 1,083
15%
43%
37%
15%26,764IntelIntersil
14% 33%
12% 14%24%
713 14%
LSI Logic
Infineon
2,004 625
Linear Technology1,785
72314%
1,781
Lattice
1,288
Fairchild
CypressESS Technology 10%
Micron1,203
26,5394,386
887 10%
1,477MaximMarvell
2,738
NVIDIA
303 9%
NEC ElectronicsNational
16%
2,380
6,876
568
12%PMC Sierra
273 10%
25%
17%5,1601,583
20%
15%
6,2471,801
238541 921
27%
14% 24%295658
229
1,640769
25%29%
1,189
5,530
495
223
28,533
15%
13% 558
23%
1,817
6,318
1,111
576
1,124
1,632
505
1,909
144 24% 32%
6,590 2,7887% 18%
289
695602
7,81311,875
UMC
STMicroeletronics
12%517
1,559
Texas Instruments
TSMC
13%
6%VitesseXilinx
20% 65%18%
SanDisk
6,615 12% 15% 6,145 13%735 1,369
19%
7%3,183 1,939
1,149 19%159258
13%1,843 3,7255,328 3% 9% 4,654 2,37670%1617%
95%1,246
2,850 20%
16% 17%
6%5,560
Quadro 8 - Gastos com P&D das empresas de semicondutores com aesnegociadas em bolsa de valoresFonte: IBS Inc. 200322. Adaptao e traduo nossa.
22IBS Inc. Factors for Success in the System IC Business. 2003
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
37/90
36
3. BUSCADEUMMODELODENEGCIOSSUSTENTVEL
3.1. MERCADO DE ALTO RISCO E ALTO RETORNO
Este ramo industrial apresenta retornos elevados quando o mercado est em
expanso, e grande prejuzo quando o mercado est em retrao. Vimos no grfico
4 que a cada variao positiva de 1.6% do PIB mundial, o mercado de sistemas
eletrnicos cresce 7% e o mercado de semicondutores cresce 30%. E a cada
variao negativa de 1.6% do PIB mundial, o mercado de sistemas eletrnicos
decresce 21% e o mercado de semicondutores decresce 45%.
O ano de 2000 foi um ano de expanso e a margem de lucro lquido mdia
das empresas listadas no quadro abaixo foi de 22%. Entretanto no ano de 2001 o
mercado foi fortemente afetado pelas conseqncias do ataque terrorista ao World
Trade Centere pelo estouro da bolha de tecnologia23; e a margem de lucro lquido
mdia das empresas foi de 19% de prejuzo.
23Expresso dada a crise do mercado de aes das empresas de tecnologia no ano de 2001.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
38/90
37
2,376
LquidoReceita
Lucro LucroLquido
Receita
4%134
159 -496% 161Vitesse 517 11% 258-5% 1,939 11%
-129%-96%UMC 3,183 48% 1,843TSMC 5,328 39% 3,725Texas Instruments 11,875 26% 8,201
STMicroeletronics 7,813 19% 6,357
PMC Sierra 695 11%SanDisk 602 50%
NVIDIA 735 14% 1,369NEC Electronics 6,615 5% 5,160National 2,380 31% 1,583Micron 6,590 23% 2,788Maxim 1,477 29% 1,203Marvell 144 -163% 289LSI Logic 2,738 9% 1,785Linear Technology 887 46% 723Lattice 568 30% 295Intersil
713 9% 576
Intel 33,726 31% 26,539Infineon 6,876 17% 4,386Fairchild 1,781 15% 1,408ESS Technology 303 16% 271Cypress 1,288 22% 819
-63% 962Conexant 2,004 -22% 839
946Atmel 2,013 13% 1,472
3,892Analog Devices 3,049 25% 1,898
2000 2001 2002 2003
21%
1,3882,106
1,194
-173%
0%1,871
146
-544%813
3,255
3,085
LucroReceita
Lquido Lquido
-153% 2,038146 -3%
-14%
13% 18%-465%
-14%3%
15%
6081,508
-5%36% 839AMCC 372 -60% 244AMD 4,644
226-3%
ATI 1,290 11%
Broadcom 1,096
Actel 18%Agere System 5,104
-1521%
-3% 8,383
-144%
1,083625
-81%
558 39% 658
1,412
223
-56% 1,817
4%
505
10%5% 1,077
273-50% 775
1,782
28%
112712
-80%
-5%
15%
88
-3%
2,697
-18%-32%
42%
-1%
-285%
-2%
-16%
207%-89%
1,267
1,369150801
495
28,5335,530
238 -10%
6,833 2%
5,560 9,419 10%22%
26%2,850 34% 3,208
-30%7%
6,318541
-24% 5,226 -14%5% 26,764 12%
-3%
Receita
Altera 1,377
9%
1,189
921 17%
1,8016,247
12%
40%26%
-14% 5%7691,640
-7%
0%
-48%8%
14%0%
-54%
9%-9%
-78%
16%
6%-34%
-14%
650
-45%
-37% 229 -77%
18%
1,909
1,111
323366
12% 4,654
28%-40%
-1% -1%-8% 6,145
1,6731,632
7%
-4%13%
1% 4%5%13% 4%
-198% 218
Lucro
Quadro 9 - Lucro lquido das empresas de semicondutores com aes negociadasem bolsa de valoresFonte: IBS Inc. 200324. Adaptao e traduo nossa.
Algumas empresas, como Broadcom, PMC-Sierra, Vitesse e AMCC,
apostaram no crescimento do segmento de mercado de circuitos integrados digitaispara redes de comunicao de dados. E foram buscar a tecnologia necessria para
participar deste mercado atravs da aquisio de outras empresas. Era comum
encontrar empresas comprando start ups,com faturamento inferior a 10 milhes de
dlares, por 500 milhes de dlares e at 2 bilhes de dlares, somente para
adquirir os projetos e arquiteturas de circuitos integrados digital para redes de
comunicao de dados25. Estas empresas subestimaram as dificuldades deste
24IBS Inc. Factors for Success in the System IC Business. 200325IBS Inc. Processor Trend. 2002
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
39/90
38
mercado, e foram surpreendidos pelas conseqncias do ataque terrorista de 11 de
setembro, que resultou no cancelamento de vrios projetos que estavam
trabalhando junto aos seus clientes26; e se frustraram na tentativa de obter uma
parcela do segmento de circuitos integrados digitais para redes de comunicao de
dados. E foram obrigados a absorver prejuzos enormes (Broadcom 285% de
prejuzo em 2001; PMC-Sierra 198% de prejuzo em 2001; Vitesse 96%, 496% e
129% de prejuzo nos anos de 2001, 2002 e 2003; AMCC 60%, 1.521%, 544%,
456% de prejuzo nos anos de 2000, 2001, 2002 e 2003; entre outros).
Por outro lado algumas empresa apresentaram uma grande lucratividade
neste mesmo cenrio. Onde podemos citar a Linear Tecnology e a Intel que
apresentaram margens de lucro lquido mdia superiores 40% e 20%,
respectivamente.
3.2. BUSCA DA LUCRATIVIDADE
O aumento dos custos das novas tecnologias ir alterar o ambiente de
negcios deste ramo industrial nos prximos anos. Haver uma clara preocupao
das empresas de semicondutores em controlar as mtricas financeiras em busca de
lucratividade para obter recursos para financiar os investimentos exigidos pelas
novas tecnologias.
Desta forma uma empresa de semicondutores deve desenvolver um modelo
de negcios que fornea uma lucratividade adequada no mnimo 40% de margem
bruta para cobrir os custos de desenvolvimento de novos produtos e os
investimentos em novas tecnologias. esperado que os custos continuem
aumentando na medida em que se aumenta a complexidade do CI e se utiliza
tecnologias mais avanadas, e talvez seja necessrio uma margem bruta de no
mnimo 50% de margem bruta para financiar os novos produtos e futuras
tecnologias. Estas empresas devem ter acesso a recursos apropriados (financeiros,
tcnicos e mercadolgicos) para atuar de forma efetiva dentro de seus mercados, e
26In-Stat MDR. Network Processors: Not just for Routers Anymore. 2002.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
40/90
39
aquelas que tiverem dificuldades, tero que optar por fazer parcerias para
desenvolver as novas tecnologias em conjunto com outras empresas27.
A lucratividade influenciada principalmente pelas barreiras competitivasimpostas pelas patentes de Propriedade Intelectual. A tecnologia de difuso utilizada
um fator importante para competitividade, mas tem pouca influencia sobre a
lucratividade. Isto explica o fato de Vendors de CI Analgico, que trabalham com
projetos complexos nas tecnologias antigas, conseguirem maior lucratividade do que
os Vendorsde CI Digital, que trabalham com as tecnologias mais avanadas.
Outra forma de aumentar a lucratividade atravs da transferncia de parte
da complexidade da aplicao dos sistemas eletrnicos para dentro dos circuitos
integrados.
Geralmente os lderes dos segmentos de mercado conseguem obter maior
lucratividade. E apresentam bons resultados mesmo nos perodos de crise. Este o
caso da Intel lder no mercado de processadores; TSMC e UMC lderes no mercado
de Foundry Vendor;Linear Technology, Maxim e Analog Devices lderes no mercado
de Analgicos de alta performance e; Altera lder no mercado de lgicas FPGA.
3.3. POR QUE INVESTIR E FORAR OBSOLESCNCIA?
Um fabricante de semicondutores poderia optar por esperar o mximo antes
de lanar uma nova gerao de produtos. Desta forma seria possvel reduzir as
necessidades de altos investimentos e poderia tentar maximizar o retorno sobre os
investimentos realizados nas geraes anteriores. Mas esta deciso no to
simples assim, pois na medida em que se prolonga a vida de uma gerao de
circuitos integrados a demanda cai acentuadamente. Se no houver evoluo
tecnolgica, a maioria dos usurios de sistemas eletrnicos no necessitariam trocar
seus aparelhos freqentemente, e haveria uma forte queda na demanda logo aps a
disseminao inicial.
27IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business. 2003.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
41/90
40
Portanto, mesmo que os usurios no necessitem de mais performance ou
features adicionais, as empresas tm que manter um forte ritmo de evoluo
tecnolgica, para que os usurios troquem seus aparelhos eletrnicos.
Os clientes das empresas de semicondutores investem muito dinheiro para
desenvolver novos produtos; e existe a tendncia de realizar apenas pequenas
melhorias incrementais para evitar os altos custos e riscos de desenvolver um novo
produto. Desta forma necessrio uma grande melhora na performance do
semicondutor, de pelo menos 10 vezes (20 vezes no caso de microprocessadores),
para convencer os clientes em modificar suas atuais plataformas / arquiteturas.28
3.4. GERENCIAMENTO DOS RISCOS
Os riscos aumentam na medida em que se evolui para as tecnologias de
difuso de wafersmais avanadas, pois nas novas tecnologias: 1)haver uma maior
complexidade de elementos; 2) aumentar os custos de desenvolvimento e; 3)
reduzir o portflio de produtos.
Grfico 7 - Exemplo de risco nas tecnologias de 0,25m e 90nm
Fonte: IBS, Inc., 2003, p.2.1528IBS Inc. Processor Trend. 2002.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
42/90
41
O custo de desenvolvimento de CI na tecnologia de 0,25um era baixo, e no
era necessrio um faturamento elevado por produto para garantir o retornos sobre o
investimento. Desta forma as empresas conseguem ter vrios produtos em seu
portflio e diluir os riscos de um novo produto entre os vrios outros produtos de seu
portflio. Entretanto na tecnologia de 90nm o custo para desenvolver um novo
produto bem mais alto, e poucos produtos conseguem obter o faturamento
necessrio para cobrir os investimentos, resultando na reduo do portflio de
produtos. Logo os riscos aumentam significativamente nesta tecnologia, devido ao
prprio aumento da complexidade da nova tecnologia, e, devido a dificuldade dediluir os riscos de um novo produto em um portflio reduzido29.
3.5. PARCERIA PARA TER ACESSO S NOVAS TECNOLOGIAS
Segundo a IBS Inc30somente a Intel, Samsung entre outras 3 ou 4 empresas
tero capacidade financeira para realizar os investimentos necessrios para ter
fbricas prprias para produzir CIs na tecnologia de 45nm. O aumento dos custos
das novas tecnologias far com que poucas empresas tenham acesso as novas
tecnologias. Desta forma a maioria das empresas ter que fazer parcerias para
reduzir os custos de desenvolvimento e ter acesso as novas tecnologias.
Atualmente existe alguns casos de sucesso. Como por exemplo, a parceria
entre a ST Microeletronics, Philips e Motorola. Ou a parceria entre LSI Logic, Agere
Systems, National, Motorola e Altera. A IBM tambm colaborou no desenvolvimentode processos junto com a Toshiba, Sony, Infineon, Chartered e AMD. A Chartered e
a IBM assinaram um acordo para desenvolvimento e manufatura das tecnologias de
90nm e 65nm, que pode ser estendido para tecnologia de 45nm.31.
Os clientes consumidores de circuitos integrados esto reduzindo cada vez
mais os recursos das reas que no esto diretamente relacionadas com as
29IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business. 2003.30IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business. 2003.31IC Insights Inc. Leading IC Supplier and Foundries. 2004
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
43/90
42
atividades de marketing e P&D. A produo est sendo terceirizada para as
empresas especializadas na montagem de placas, o controle de estoque e
relacionamento com os fornecedores fica sob responsabilidade de empresas
especializadas em logsticas de materiais, e at as atividades de vendas e ps-
venda so repassadas para os distribuidores e representantes, e vrios clientes
esto reduzindo, inclusive, os recursos nas reas de engenharia de
desenvolvimento de novos produtos, repassando parte da responsabilidade para os
fornecedores.
Este movimento positivo para as empresa de semicondutores, pois permite
incorporar funcionalidades adicionais nos circuitos integrados e trabalhar com
margens de lucro maiores. Mas por outro lado resulta no aumento da complexidade
e custos do processo de venda, onde se faz necessrio desenvolver circuitos
integrados customizados exclusivamente para atender a necessidade de apenas um
cliente / aplicao. Entretanto o alto custo das novas tecnologias obriga as empresas
de semicondutores a avaliar minuciosamente os riscos e as receitas potenciais dos
novos produtos antes de comprometer em tais atividade32(ver grfico a seguir).
32IBS Inc. Factor for Success in the System IC Business.2003.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
44/90
43
Grfico 8 - Custo de desenvolvimento de um circuito integrado e custo do processode design inFonte: IBS Inc, 2003, p.2.12, traduo nossa.
Hoje muitos Vendorsde pequeno porte tm projetos inovadores que poderiam
ter boa aceitao do mercado, mas devido ao custo total (desenvolvimento do CI +
desing in) fica muito difcil para estes Vendorsobterem a capacidade financeira para
suportar os riscos envolvendo tais investimentos. Sendo obrigado a atuar em nichos
de mercado33.
33IBS Inc. Processors Trend. 2002.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
45/90
44
4. PRINCIPAISTEORIASSOBREVANTAGEMCOMPETITIVAEINVESTIMENTO
INTERNACIONAL.
Neste captulo foi feito o levantamento das principais teorias sobre vantagemcompetitiva e investimento internacional. Existe uma evoluo nestas teorias, onde
cada autor complementa as teorias anteriores com informaes adicionais e pontos
de vista diferentes.
4.1. TEORIA DA VANTAGEM ABSOLUTA SMITH (1776)
No livro The Wealth of Nations, Adam Smith (1776) analisou os processos
produtivos antes e depois da Revoluo Industrial. Onde constatou que antes da
Revoluo Industrial um trabalhador realizava todas as etapas do processo de
produo sozinho e, se produzia apenas um pequeno volume, suficiente para
atender suas prprias necessidades pessoais. Aps Revoluo Industrial, foi
introduzido o conceito de diviso do trabalho, e os trabalhadores tornaram-se
especializados na produo de apenas uma etapa do processo produtivo. E uma
fbrica necessitaria de vrios trabalhadores especializados, cada um
desempenhando uma funo diferente. Os trabalhadores organizados conseguiam
produzir um excedente de produo que era explorado pelo dono do capital.
Outro conceito importante elaborado por Adam Smith foi a vantagem
absoluta. Um pas teria vantagem absoluta caso tivesse abundncia de recursos
naturais e / ou de mo de obra. Desta forma as empresas que estivessem
localizadas em um pas que tivesse vantagem absoluta teriam condies de produzir
de forma mais eficiente que os outros pases e conseqentemente seus produtos
teriam maiores possibilidades de obter sucesso no mercado internacional.
Adam Smith sugeriu que, cada pas deveria especializar apenas na produo
de bens que era possvel produzir com vantagem absoluta, pois uma nao seria
capaz de exportar somente se ela fosse capaz de produzir ao menor custo do
mundo.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
46/90
45
4.2. TEORIA DA VANTAGEM COMPARATIVA RICARDO (1819)
No Livro On the Principles of Political Economy and Taxation, David Ricardo
(1819) concluiu que um pas poderia possuir vantagem absoluta na produo devrios produtos. Mas, quando comparado com outros pases, este pas poderia ser
mais eficiente na produo de alguns destes produtos e menos eficiente na
produo do outros. Desta forma este pas teria o menor preo de produo apenas
para os produtos que tivessem vantagem comparativa. O sucesso dos pases no
seria resultado das vantagens absolutas, mas sim das vantagens comparativas.
Um pas conseguiria melhorar ainda mais o aproveitamento de seus recursos
atravs da especializao da produo dos bens que tiver maior vantagem
comparativa e comprar os demais produtos de outros pases. Ou seja, um pas
poderia importar um artigo, mesmo que tivesse vantagem sobre os outros pases, e,
mesmo se produzisse internamente a baixo custo, caso este pas tenha uma
vantagem comparativa ainda maior na produo de outros artigos. Tal comrcio
forneceria ganho para ambos pases.
Segundo esta teoria, as foras do mercado direcionariam os recurso de um
pas para as indstrias que tivessem maior vantagem comparativa.
4.3. TEORIA DOS FATORES DE INTENSIDADE E PROPORCIONALIDADE
HECKSCHER (1933) E OHLIN (1949).
A teoria de Heckscher e Ohlin considera que se existirem apenas dois fatores
de produo: por exemplo, trabalho e o capital. O fator de intensidadeseria obtido
atravs da comparao entre estes dois fatores de produo. Dado os produtos X e
Y, onde para produzir X necessrio 4 unidades de trabalho e 1 de capital. E para
produzir Y necessrio 4 unidades de trabalho e 2 de capital. Logo X, apesar de
utilizar a mesma quantidade de mo-de-obra, classificado como intensivo de mo-
de-obra, e Y classificado como intensivo de capital.
De acordo com esta teoria a tecnologia pode ser transferida entre os pases e ,
portanto no haveria diferena de produtividade entre os pases. Os fatores de
produo (terra, mo-de-obra, recursos naturais e capital), por sua vez, no podem
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
47/90
46
ser transferidos entre os pases, e portanto a disponibilidade e os custos dos fatores
de produo de cada pas seriam os fatores determinantes das vantagens
competitivas. E a abundncia dos fatores de produo, no trazem por si s, uma
vantagem competitiva, pois uma indstria somente teria vantagem competitiva se
fizer uso intensivo destes fatores abundantes.
Os pases deveriam produzir e exportar somente produtos que tenham
vantagem competitiva e importar os demais produtos de outros pases.
Ou seja, os pases com mo-de-obra abundante a barata deveriam se
especializar na produo e exportao de bens intensivos em mo-de-obra. Os
pases que tm grande disponibilidade de matria-prima ou terra cultivvel deveriam
se especializar na produo e exportao dos produtos que dependem destes
recursos. E um pas abundante em capital deveria se especializar na produo de
bens intensivos em capital.
4.4. TEORIA DA SOBREPOSIO DE PRODUTOS LINDER (1961).
Linder (1961) analisa a questo da competitividade e dos investimentos
internacionais atravs das caractersticas do mercado consumidor interno de cada
pas. Uma empresa tem possibilidade de conhecer as preferncias dos
consumidores que esto no mercado interno melhor do que as preferncias dos
consumidores que esto nos mercados externos.
Haver sobreposio de produtos caso dois pases tenham mercados interno
com preferncias similares, e neste caso uma empresa ter maior facilidade de
vender seus produtos para os mercados externos que tenham sobreposio de
produtos. E no haver sobreposio de produtos caso dois pases tenham
mercados interno com preferncias diferentes, e neste caso uma empresa ter maior
dificuldade de vender seus produtos para mercados externos que no tenham
sobreposio de produtos.
A renda per capita tem um papel importante, pois ela determina a sofisticao
dos mercados. E pases com renda per capita similar tm maior probabilidade de ter
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
48/90
47
sobreposiode produtos, e em pases com renda per capita diferente tm menor
probabilidade de ter sobreposio de produtos.
4.5. TEORIA DO CICLO DE PRODUTO VERNON (1966)
De acordo com Vernon (1966), na medida em que um produto avana em seu
ciclo de vida, as exigncias por conhecimento / mo-de-obra especializada e custos
dos fatores de produo / mo-de-obra de baixo custo vo se alterando.
Estgio I: Produto Novo: As inovaes tecnolgicas necessitam de grandes
investimentos de capital e mo-de-obra especializada. Geralmente a empresa
inovadora se beneficia do poder de monoplio, obtendo altas margens de lucro para
cobrir os custos de desenvolvimento. O desenvolvimento de novos produtos e o
incio da produo ser mais eficiente se realizado prximo aos centros de P&D
onde o fluxo de informao entre os diversos elos da cadeia produtiva facilitado.
Os mercados mais desenvolvidos tero vantagem competitiva.
Estgio II: Produto pleno: O processo de produo torna-se maispadronizado na medida em que os volumes de produo aumentam. E a
necessidade por mo-de-obra especializada diminui. Surgem competidores que
foram reduo nos preos e diminui as margens de lucro. Muitas empresas optam
por estabelecer centros de produo localizados em pases que tenham baixo custo
de mo-de-obra.
Estgio III: Produto Maduro: Neste estgio o processo de produo torna-se
completamente padronizado e no h mais necessidade de mo-de-obra
especializada. A competio acirrada, o que foras s empresas a procurar os
pases de menor custos dos fatores de produo para sediar os centros produtivos.
O pas sede ter supervit comercial, mas as margens de lucro sero baixas.
Esta teoria analisa as decises de investimento de acordo com o estgio do
ciclo do produto. Pois na medida em que um produto avana em seu ciclo de
produto as exigncias dos fatores de produo vo se alterando e as vantagens
competitivas vo se deslocando de um pas para outro.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
49/90
48
4.6. TEORIA DAS FONTES DE VANTAGEM COMPETITIVA NO
TRANSFERVEIS BUCKLEY E CASSON (1976), E DUNNING (1977)
Um estudo de Buckey e Casson (1976), e posteriormente Dunning (1977)
introduziu o conceito de fontes de vantagem competitiva no transferveis.
De acordo com esta teoria, muitas empresas iro optar por manter os centros
de pesquisas & desenvolvimento e os centros de produo das tecnologias mais
avanadas em localidades onde possam ter o total controle sobre o fluxo de
informaes. Atravs deste controle as empresa conseguiro internalizar asinformaes e conhecimentos, que so fontes de vantagem competitiva, para que
no sejam transferidas para outras empresas. Ou seja, internalizar os segredos
industriais, processos internos, conhecimentos especializados, conhecimento dos
empregados entre outras informaes confidenciais que sejam fontes de vantagem
competitiva.
As empresa no iro permitir que tais informaes e conhecimentos sejam
transferidos para outras empresas, pois isto poderia representar uma sria ameaa
para a competitividade destas empresas.
4.7. TEORIA DOS MERCADOS IMPERFEITOS HELPMAN E KRUGMAN (1985)
Em mercados perfeitos onde haja competio perfeita, os preos so reflexo
do valor imposto pela escassez dos produtos, e todas as decises econmicasseriam baseadas nos incentivos que os preos forneceriam. O preo de equilbrio se
daria quando os benefcios marginais igualaria aos custos marginais de produo.
As teorias tradicionais de comrcio e investimento internacional assumem que os
mercado e a competio so perfeitos, assim, o mercado consiste de um grande
nmero de pequenas empresas obtendo apenas o lucro necessrio para
permanecer no mercado. Neste caso o preo de equilbrio igual os custo marginal
de produo.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
50/90
49
Entretanto fatores como economias de escala, barreiras de entrada
(necessidade de capital ou P&D) e, as patentes fazem com que os preos de
equilbrio sejam superiores ao custo marginal de produo alterando as bases para
as decises econmicas.
Krugman considera a economia de escala como um fator importante na
composio dos custos de produo e nas decises de investimento. Uma empresa
tem economia de escala interna quando o seu custo de produo unitrio depende
do volume produzido internamente. Desta forma as maiores empresas tero maior
economia de escala interna, menores custos, e maior potencial de monopolizar um
mercado, criando um mercado imperfeito. E na medida em que uma empresa
cresce para atingir economia de escala interna, ela acaba absorvendo uma grande
quantidade de recursos disponveis no pas e limita a disponibilidade dos recursos
para as outras indstrias. Desta forma um pas no seria capaz fornecer recursos
para produo de todos os produtos, sendo necessrio especializar na produo de
somente alguns produtos, e os outros pases teriam oportunidade de produzir os
produtos que foram abandonados.
Uma empresa tem economia de escala externa quando o volume deproduo interno no o fator determinante do custo unitrio de produo. O custo
de produo unitrio depende do volume produzido por todas as empresas que
fazem parte do mercado produtor de uma determinada regio ou pas. Um pas pode
dominar o mercado mundial de um determinado produto, no devido ao volume de
produo de uma empresa em particular, mas devido a vrias pequenas empresas
que criam um mercado produtor extremamente competitivo, que as empresas
sediadas em outros pases no conseguem superar.
4.8. VANTAGEM COMPETITIVA DAS NAES PORTER (1990)
Segundo Porter as empresas e economias florescem devido s presses e
desafios. No em conseqncia de um ambiente tranqilo ou de incentivos externos
que elimine a necessidade de melhorar constantemente. A rivalidade interna, o
agrupamento, e a concentrao geogrfica so vitais para o aprimoramento dos
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
51/90
50
fatores porque multiplicam os centros de iniciativa, atraem massa critica de ateno
e esforo e estimulam os investimentos de instituies pblicas.
Na medida em que a competio passou a usar mais intensivamente osconhecimentos, a influncia do ambiente nacional tornou-se vital, e o Governo tem
um importante papel na criao e aperfeioamento dos fatores, quer seja recursos
humanos habilitados, conhecimentos cientficos ou infra-estrutura. A indstria de um
pas estar em desvantagem se o governo no enfrentar essas responsabilidades
com eficincia. importante ter em mente que os mecanismos governamentais de
criao de fatores, por si s, raramente so fonte de vantagem competitiva. Pois os
esforos diretos do governo se fazem em reas generalizadas, enquanto os fatores
mais significativos para a vantagem competitiva so especializados e avanados.
Segundo o modelo diamante determinante da vantagem nacional - os
pases tem xito devido a 4 atributos: 1) Condies de fatores de produo: a
posio do pas nos fatores de produo, como trabalho especializado ou infra-
estrutura. Para uma nao muito mais importante melhorar continuamente os
fatores de produo do que as suas condies iniciais; 2) condio de demanda: a
natureza e as caractersticas de competio que as empresas enfrentam nestesmercados so os fatores mais importante; 3) Indstrias correlatas e de apoio: uma
empresa que opera em um ambiente prximo aos fornecedores e industriais
relacionados ter vantagem competitiva devido a facilidade de relacionamento entre
as empresas para trabalharem em conjunto e a melhoria da comunicao e; 4)
estratgia, estrutura e rivalidade das empresas: as condies que, no pas,
governam a maneira pela qual as empresas so criadas, organizadas, dirigidas, e a
natureza da rivalidade interna.
4.9. OUTROS
Schumpeter (1950) afirmava que as empresas que tiverem sucesso na
inovao de produtos e / ou processos produtivos, sero recompensados por uma
vantagem temporria sobre seus concorrentes, que resultar em um poder de
monoplio temporrio sobre o que foi desenvolvido. Este poder de monoplio
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
52/90
51
possibilitar as empresas inovadoras a conquistar uma significativa participao de
market sharee usufruir lucros maiores.
von Hippel (1988) complementa o argumento de Schumpeter, afirmando queos retornos de uma inovao bem sucedida pode vir na forma de reduo de custos,
aumento dos preos, e / ou aumento das vendas durante o perodo que tiver poder
de monoplio. Atravs da explorao de vrios ramos industriais, Hippel constatou
que na maioria dos casos so os usurios dos produtos, no os fabricantes, que
identificam as necessidades e encontram solues atravs da inovao. Esta
constatao contradiz o conceito convencional que a maioria das inovaes vm das
empresas. Este conceito convencional somente ocorre, pois os usurios inovadores
no tm motivos para fazer propaganda de seu feito junto a outros consumidores,
geralmente so as empresas produtoras que iniciam as atividades de propaganda.
Segundo Czinkota; Ronkaines e Moffett (2000) as decises de investimento
para montar os centros de produo no focada exclusivamente nos menores
custos dos fatores de produo ou nos maiores mercados consumidores. Uma
empresa pode estar: 1) Procurando vantagens: tais como proximidade com recursos
naturais; benefcios oferecidos pelos governantes; proximidade com as localidadesque tenham cadeia produtiva estabelecida; segurana em pases com estabilidade
poltica e econmica; proximidade com os maiores e mais sofisticados mercados,
entre outros fatores e; 2) explorando imperfeies: tais como restries no acesso
de mercado impostas por barreiras alfandegrias; ou a imobilidade de fatores como
mo-de-obra, cadeias produtivas; entre outros.
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
53/90
52
5. ASOPORTUNIDADES PARAOBRASIL
O objetivo deste captulo analisar quais so as chances que o Brasil tem
para atrair investimentos em design housese fbricas de difuso de waferspara o
desenvolvimento e a produo de circuitos integrados.
Esta questo tem um alto grau de complexidade e, apesar de permitir anlise
por diferentes pontos de vista, ser analisada pelo ponto de vista das teorias de
vantagem competitiva e investimento internacional levantadas no Captulo 4.
O levantamento das caractersticas da indstria de semicondutores, feito no
Captulo 2, permitiu a identificao dos principais fatores determinantes de vantagem
competitiva deste ramo industrial: mo-de-obra qualificada; conhecimentos
cientficos; mercado interno, disponibilidade de capital e cadeia produtiva. Alm dos
incentivos governamentais e dos problemas existentes no Brasil que podem
influenciar nas decises de investimento.
Mercado consumidor interno:
Nas conversas que tive com profissionais de reas relacionadas e nos artigos
publicados sobre este assunto, constatei uma certa confuso sobre os fatores
determinantes da vantagem competitiva. A maioria dos profissionais consideram que
a maior vantagem nacional o tamanho do mercado consumidor interno 34.
Entretanto de acordo com Ricardo (1819), para um pas ter vantagem comparativa
no basta ter um grande mercado consumidor interno em termos absolutos;
necessrio que este mercado seja significativo quando comparado com os demaispases. Ou seja, o Brasil possui um grande mercado consumidor interno em valores
absolutos, mas ele muito pequeno quando comparado com outros mercados
mundiais, tais como a China, os Estados Unidos, o Japo e a Europa. Desta forma
este mercado no representaria uma vantagem comparativa para uma empresa que
tivesse operaes dentro do territrio brasileiro.
34Ver quadro 5 Principais aplicaes dos semicondutores
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
54/90
53
A teoria da sobreposio de produto (LINDER, 1961) complementa as
implicaes da teoria da Vantagem Comparativa de Ricardo em relao
importncia do mercado consumidor de semicondutor. No Brasil estas aplicaes
atendem a necessidade de uma camada da populao de maior poder aquisitivo,
que tem comportamento bastante similar aos mercados dos Estados Unidos, Japo,
Europa e sia-Pacfico. O que resulta em uma sobreposio de produtos entre estes
mercados. E de acordo com a teoria de Linder, os fabricantes que tiverem
operaes nos Estados Unidos, Japo, Europa e sia-Pacfico tero facilidade de
servir ao mercado brasileiro para estas aplicaes sem a necessidade de ter uma
operao no Brasil. Desta forma existir a motivao para uma empresa de
semicondutores estabelecer suas operaes prximo aos maiores e maissofisticados mercados dos Estados Unidos, Japo, Europa e sia-Pacfico e
utilizar os mesmos produtos para servir o Brasil.
De acordo com as teorias de Ricardo e Linder, as empresas de
semicondutores no teriam vantagem competitiva em estar prximo do mercado
brasileiro. A vantagem competitiva existe apenas em alguns nichos de mercado, que
apesar de no terem a mesma dimenso do principais mercados consumidores de
semicondutores em termos absolutos, tm um volume que representativo
mundialmente. So aplicaes como automao industrial, agro-pecuria,
segurana, transporte, governo, entre outros (como ser visto no decorrer deste
captulo). O perfil dos fabricantes de circuitos discretos no Brasil corrobora com esta
afirmao35.
Mo-de-obra qualificada:
O Programa Nacional de Microeletrnica desenvolvido pelo Ministrio da
Cincia e Tecnologia (ver APNDICE B) sugere a interligao dos cursos de
engenharia, fsica e computao de 17 universidades brasileiras para a formao de
profissionais para atuar na atividade de desenho de circuitos integrados. Estes
profissionais serviro de atrativo para as empresas multinacionais que queiram
35Aegis Semicondutores e Semikron atuam no mercado de bens de capital e a Heliodinmica tematuao junto ao governo
7/26/2019 Estudo Brasil Semic
55/90
54
estabelecer operaes no Brasil para aproveitar o baixo custo dos fatores de
produo e realizar as atividades de menor complexidade dentro do processo de
desenho de novos circuitos integrados.
O avano dos meios de telecomunicao e as novas ferramentas de
gerenciamento de banco de dados e de projetos possibilitaram a diviso do
processo de desenho de um novo circuito integrado em vrias partes, que podem
ser realizadas simultaneamente em diferentes centros de desenvolvimento ao redor
do mundo. As atividades de menor complexidade esto sendo transferidas para os
centros localizados em pases que tenham mo-de-obra qualificada e baixo custo
dos fatores de produo e as atividades de maior complexidade continuam sendo
realizadas nas localidades que tenham facilidade de interao com os clientes, mo-
de-obra alta
top related