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27elevare
DossierManutenção em Elevadores
Neste 1.° número da revista “elevare” de 2016 é dado especial destaque ao tema da ma-
nutenção, este que é e sempre foi um tema controverso uma vez que a manutenção dos
ascensores depende fortemente da EMIE, nomeadamente da sua maior ou menor com-
petência para a realizar e, também, do maior ou menor tempo disponibilizado para a sua
execução. Partindo do princípio que todas as EMIEs possuem a mesma capacidade técnica
para realizar uma adequada manutenção aos equipamentos, somos levados a concluir
que a boa, ou má, manutenção está mais associada a questões comerciais. Por outro
lado, no nosso setor, embora parecendo esquecidas, há duas Normas Europeias, já com
estatuto de Normas Portuguesas, que tratam deste assunto e que são um bom auxílio
para tornar a manutenção mais eficiente e eficaz. Saliento que só raras exceções de EMIE
conhecem e/ou utilizam estas Normas. Recomendo a leitura e aplicação dos requisitos
apresentados em:
> NP EN 627:1996 - Regras para o registo de ocorrências e vigilância de ascensores,
escadas mecânicas e tapetes rolantes;
> NP EN 13015:2001+A1:2009 - Manutenção de elevadores e de escadas mecânicas; Re-
gras para as instruções de manutenção.
A Norma NP EN 627:1996 descreve os métodos e os meios para registar dados relativos
ao estado do ascensor, escada mecânica e tapete rolante. Estes dados têm por objetivo
auxiliar a manutenção e podem aplicar-se em instalações de um ou vários aparelhos.
Quanto à Norma NP EN 13015:2001+A1:2009 são especificados os elementos necessários
para a preparação de instruções para as operações de manutenção, as quais são forneci-
das para as novas instalações de ascensores, ascensores de carga, monta-cargas, esca-
das mecânicas e tapetes rolantes. É de notar que esta Norma não se aplica a instalações
existentes, no entanto, pode e deve ser tomada como referência.
Neste Dossier encontram artigos de elevado nível sobre o tema da manutenção que espe-
ramos que seja um auxílio para as organizações melhorarem a sua manutenção, quer ao
nível da sua organização quer ao nível da identificação dos pontos-chave.
Fernando Maurício Dias
Prof. do Departamento de Engenharia Eletrotécnica
Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP)
© elevatorone.ca
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Dossier sobre Manutenção em Elevadores
> Outros equipamentos: máquinas, qua-
dros de comando, cabinas, contrapesos,
guias das cabinas e dos contrapesos e
suas fixações, corrediças das portas de
cabinas e dos patamares.
Zonas como: pavimento da casa das má-
quinas, cobertura das cabinas e poços dos
elevadores limpas, garantem um funciona-
mento regular dos elevadores e um ambien-
te mais respirável nestes locais.
LUBRIFICAÇÕES
A lubrificação é essencial para evitar ru-
ídos e impedir que peças que devem ser
lubrificadas periodicamente sejam sujeitas
a um defeito de funcionamento, que pos-
sam gerar ruídos ou gripar por falta de
lubrificação.
Exemplo: a substituição periódica de óleo ou
lubrificação deve ser feita em:
> Redutores de máquina de tração, cujo
óleo deve ser substituído periodicamen-
O bom funcionamento e segurança dos elevadores estão dependentes do cumprimento de quatro fatores:
limpeza, lubrificação, afinação e conservação.
LIMPEZAS
É essencial manter limpas as peças, partes
e locais dos elevadores que, sem limpeza,
estão sujeitos a avarias por deficiências/
maus contactos. A limpeza também é im-
portante para evitar ruídos e manter um
ambiente com higiene no espaço do técnico
e do utente. A manutenção destas condi-
ções garante um bom funcionamento e em
segurança dos elevadores.
Exemplo: a limpeza devem incidir sobre:
> Contactos de relés ou contactores dos
quadros de comando de elevadores ins-
talados anteriormente, até ao século XX;
> Dispositivos elétricos de fecho e encra-
vamento de portas de cabina e de pa-
tamar;
Manutenção em elevadores
Fernando Jorge Almeida
ISQ
te, em períodos mais curtos com óleos
minerais ou muitos longos com óleos
sintéticos;
> O óleo hidráulico nos reservatórios
deve ser substituído quando começa
a criar humidade, que pode originar ar
nas tubagens e no reservatório/bloco
de óleo dinâmico, cilindro/êmbolo, ori-
ginando um deficiente funcionamento
das válvulas e do êmbolo;
> Lubrificação dos mecanismos móveis
dos freios;
> Lubrificação de chumaceiras de moto-
res de tração, chumaceiras de rodas
de aderência, copos de lubrificação
de rodas de aderência e de desvio em
elevadores mais antigos, que não dis-
põem de rolamentos blindados, como
as atuais que não necessitam de lubri-
ficação;
> Lubrificação ou auto-lubrificação das
zonas laminadas das guias onde tra-
balham/deslizam as guarnições de
roçadeiras da cabina e do contrapeso.
Com exceção das rodas guiadoras em
que o laminado das guias e as rodas
devem manter-se limpas.
AFINAÇÕES
As verificações e afinações periódicas das
peças e partes dos elevadores são essen-
ciais para manter um bom funcionamento
destes equipamentos.
Exemplo: requerem verificação e afinação
os contactos de relés e de contactores não
herméticos de quadros de comando con-
vencionais elétricos mais antigos.
Os quadros eletrónicos e variadores de
frequência não requerem afinações, mas
devem ser mantidas as configurações e a
©controlelevadores.com.br
Dossier sobre Manutenção em Elevadores
PUB
temperatura ambiente mínima e máxima
que suportam.
Nos elevadores com redutor deve ser veri-
ficado o estado das guarnições das maxilas
de travão, afinação da abertura destas e dos
núcleos das bobinas dos freios das máqui-
nas de tração.
Nos motores gearless deve efetuar-se veri-
ficações periódicas dos freios/embraiagens
e condições de trabalho destes, tais como:
temperatura ambiente e humidade.
As portas de cabina e de patamar por esta-
rem sujeitas a manipulações ou uso indevido
devem ser sujeitas a verificações periódicas
e afinações quando necessárias de veloci-
dade de movimento destas, dos dispositi-
vos elétricos de fecho, de encravamento e
dos dispositivos de encontro de obstáculos
destas.
Os pára-quedas da cabina ou do contrapeso,
quando exista, devem manter-se afinados de
modo a que a sua atuação seja garantida com
imobilização da cabina ou do contrapeso.
CONSERVAÇÃO
O estado de boa conservação dos elevado-
res é essencial para o bom funcionamento e
segurança destes.
Exemplo: a boa conservação e bom fun-
cionamento dos elevadores em segurança
reflete-se no bom estado dos relés e con-
tactores em ambiente desprovido de sujida-
des e humidades, substituí-los é a solução
quando o seu estado o requeira.
As placas eletrónicas/variadores de fre-
quência ou as de variação de tensão reque-
rem a configuração de funcionamento de
acordo com os parâmetros do fabricante e
estarem providos de um ambiente de traba-
lho seco e com uma temperatura ambiente
que oscile até um mínimo de -5 e máximo
de 40 graus centígrados. Estas performan-
ces são essenciais para a boa conservação
destes equipamentos.
O dispositivo de falta ou inversão de fases
de corrente da rede deve estar operacional.
O dispositivo de proteção de encontro de
obstáculos da cabina ou do contrapeso
deve estar operacional.
A função do óleo nos redutores das má-
quinas de tração é lubrificar a engrenagem
reduzindo, deste modo, o atrito da roda
de coroa/sem-fim. O óleo deve ser subs-
tituído quando os índices de viscosidade e
densidade não forem os estipulados pelo
fabricante, porque nesta condição o óleo
escorre mais, fica mais contaminado e
deteriorado escorrendo da zona do atrito,
com efeitos de menor lubrificação.
Nos motores geradores de Corrente Contí-
nua por estarem sujeitos a muito desgas-
te, a atenção deve incidir sobre o desgas-
te das escovas de carvão, que trabalham
sobre os coletores. A substituição destas
deve ter em atenção a rigidez do carvão
das escovas para não causar desgaste
prematuro no coletor e por incidência de
30 elevare
Dossier sobre Manutenção em Elevadores
curto-circuito das bobinas indutoras ou do
induzido.
As guarnições das maxilas dos freios das
máquinas de tração com redutor, sujeitas a
desgaste contínuo, devem ser verificadas
periodicamente. Quando a espessura mínima
destas não garanta um bom desempenho na
travagem do freio, devem ser substituídas.
O atrito dos cabos de suspensão sobre os
gornes da roda de aderência deve ter em
conta o ângulo de trabalho e a têmpera/
rigidez do material dos gornes segundo os
itens do fabricante, e a rigidez dos cabos de
suspensão que, deve ser compatível com a
rigidez dos gornes. Estas condições visam
garantir atrito suficiente entre esses dois
materiais, sem que quaisquer destes sejam
excessivos.
A duração dos cabos de suspensão dos ele-
vadores de roda de aderência depende da
alma interna de cânhamo que autolubrifica
o cabo. Quando a autolubrificação deixa de
ser efetiva, o cabo de aço fica mais rijo e com
tendência a oxidar e a partir os fios das tran-
ças, originando deterioração do cabo e maior
atrito, que causa excesso de aderência des-
tes nos gornes da roda de aderência. A alma
interior em cabo requer uma lubrificação
periódica com óleo específico recomendado
pelo fabricante. Estas situações são também
inerentes ao cabo do limitador de velocidade.
A falta de igualização dos cabos de sus-
pensão origina um desgaste prematuro
dos gornes da roda de aderência e, por
inerência, insuficiente atrito dos cabos de
suspensão da cabina/contrapeso nos gor-
nes. Deve ser verificado periodicamente a
igualização dos cabos e o estado dos dis-
positivos que estabilizam e garantem esta
condição.
Os cabos de aço dos órgãos de suspensão e
do limitador de velocidade têm tendência a
alongar-se e devem ser vigiados periodica-
mente para não originarem deficiências no
funcionamento e falta de segurança/inope-
racionalidade dos dispositivos elétricos de
segurança dos elevadores, tais como: fins
de curso quando se vai fica um alongamen-
to excessivo dos cabos de suspensão da
cabina/contrapeso ou do dispositivo elétri-
co de deteção de alongamento do cabo do
limitador de velocidade instalado na roda
tensora.
Os dispositivos de manobra manual de res-
gate devem ser ensaiados periodicamente,
sejam manuais ou elétricas.
As guarnições das roçadeiras da cabina e do
contrapeso sujeitas a desgaste devem ser
verificadas periodicamente. A fricção destas
nas guias de cabina ou do contrapeso, assim
como as variações de temperatura, tornam
o material de plástico das guarnições mais
rijo e origina muito desgaste, e provocam a
rutura. A substituição destas deve ser efe-
tuada quando apresentem excesso de des-
gaste ou de rigidez. Quando as roçadeiras
possuem guarnições em plástico autolubri-
ficante não é necessário verificar o estado
de lubrificação.
O pára-quedas da cabina ou do contrapeso
se possuir, devem ser sujeitos a ensaios de
segurança periódicos. A inoperacionalidade
destes dispositivos põe em risco pessoas e
bens, e por esse motivo requer uma verifi-
cação imediata das causas que podem pas-
sar pela afinação, reparação ou por inerên-
cia à substituição imediata deste dispositivo
de segurança máxima. Causas da inopera-
cionalidade destes dispositivos de segu-
rança podem prover de um alongamento
excessivo e falta de atrito do cabo no gorne
do limitador de velocidade, por desgaste
excessivo das cunhas/roletas deste ou por
desgate excessivo das guarnições de roça-
deiras da cabina ou do contrapeso, quando
o pára-quedas seja deste.
Os dispositivos elétricos de segurança de
fins de curso devem estar operacionais.
Os dispositivos elétricos de segurança de
fecho e de encravamento das portas de
cabina e de patamar devem estar em bom
estado e garantir um bom funcionamento
no fecho e encravamento destas.
Nas portas de patamar semiautomáticas
devem deve ser verificado o estado e fun-
cionamento das molas e amortecedores hi-
dráulicos de fecho desta e os vidros destas
devem manter-se intactos.
As roçadeiras inferiores das portas auto-
máticas de cabina ou de patamar sujeitas
a desgaste e, por vezes, a mau uso devem
ser verificadas periodicamente. As corredi-
ças das portas e as rodas que lhe dão movi-
mento devem manter-se limpas e as portas
de patamar devem possuir condições de
movimento de fecho que, na situação de
desacopladas, devem fechar só por ação
da mola ou do peso que lhe transmitem
o movimento de fecho. Esta situação visa
garantir melhor movimento/funcionamen-
to e maior segurança destas nas situações
de emergência em que seja necessário de-
sencravar e abrir a porta de patamar para
socorrer/retirar pessoas encarceradas na
cabina e que a porta de patamar tenha que
fechar e encravar só por ação da mola ou
peso que lhe auferem este movimento ma-
nual de fecho.
Na cobertura da cabina devem ser obser-
vadas as dimensões/folgas mínimas e má-
ximas, balaustradas de proteção, quando
existam, estado de funcionamento do dis-
positivo de comando e estado dos órgãos
de suspensão da cabina e do contrapeso.
O dispositivo de controlo de carga da ca-
bina deve estar operacional e configurado
para a capacidade máxima de carga da
cabina.
Os dispositivos de emergência como alar-
me de socorro, iluminação de emergência
e comunicação bidirecional devem ser en-
saiados mensalmente e mantidos ativos.
A manutenção dos elevadores está a car-
go das EMIE que devem possuir planos de
manutenção afixados na casa da máquina,
onde seja registado a verificação periódica
dos dispositivos de segurança.
As EIIE têm como missão inspecionar os
elevadores de modo a garantir a seguran-
ça de pessoas e bens.
©elevemelevadores.com
31elevare
Dossier sobre Manutenção em Elevadores
de baixa qualidade, ou de óleos reciclados,
afetará o rendimento do sistema hidráulico
que acabará aumentando os custos do seu
negócio.
Os elementos mais importantes no sistema
hidráulico são:
> Bombas e motores;
> Cilindros hidráulicos;
> Válvulas;
> Componentes do circuito (depósitos de
líquidos, sistemas de filtração, depósi-
tos sob pressão, entre outros);
> Vedantes, juntas e elastómeros.
O fluido hidráulico está formulado para le-
var a cabo uma função chave em cada um
destes elementos para assegurar uma óti-
ma eficiência das máquinas em geral.
BOMBAS E MOTORES
Nos motores hidráulicos, as bombas e os
motores têm a função de transferir ener-
gia e estão sujeitos a uma grande tensão
hidráulica que pode chegar aos 700 bar.
Como resultado, o fluido hidráulico está
formulado para proteger os componentes
impulsores e os rolamentos contra o des-
gaste e a corrosão, para reduzir o atrito e
as necessidades energéticas.
A prevenção do desgaste e da acumulação
de depósitos traduz-se em bombas e moto-
res mais eficientes, com uma vida útil mais
A hidráulica é parte da nossa vida diária;
há poucas máquinas que funcionam sem
energia hidráulica, incluindo maquinaria
agrícola, de construção, transportadores,
máquinas-ferramentas, e maquinaria geral
na indústria de transformação, como por
exemplo, máquinas para processamento de
alimentos, aços e papel, incluindo os seto-
res aeroespacial e de aviação.
Neste tipo de máquinas, o fluido hidráulico
de alta pressão circula por um circuito até
distintos motores e cilindros hidráulicos.
O fluido é controlado diretamente por vál-
vulas, distribui-se mediante mangueiras e
tubos, flui pelo circuito até passar por um
mecanismo de filtração e voltar ao tanque
principal.
O fluido hidráulico é um elemento impor-
tante do sistema hidráulico e a chave para
assegurar uma utilização economicamente
mais eficiente destes ativos.
Apesar da natureza crítica do fluido hidráu-
lico, muitas vezes considera-se ser apenas
uma matéria-prima com rendimento técni-
co similar, independentemente do fornece-
dor que o oferece. Numa época em que os
preços são tão elevados, é natural explorar
opções de baixo custo que são oferecidas
por diferentes fornecedores. Contudo, o
fluido hidráulico de baixo custo, especial-
mente os formulados a partir de óleos base
A qualidade dos fluidos hidráulicos e os custos de produçãoCustos e perigos ocultos no uso de fluidos hidráulicos de baixa qualidadeFUCHS Lubrificantes Unip., Lda.
alargada, uma menor carga para o sistema,
e com isto um menor consumo de energia.
Os fluidos hidráulicos de baixa qualidade
não oferecem esta proteção pelo que au-
mentam os custos do processo.
CILINDROS HIDRÁULICOS
Os cilindros hidráulicos transformam a
pressão hidráulica em movimento linear
que depois realiza o trabalho mecânico. O
fluido hidráulico serve para selar e lubri-
ficar o pistão e as guias, evitar vibrações,
minimizar o desgaste e evitar a corrosão.
É possível que os fluidos hidráulicos de
baixo custo contenham baixos valores de
aditivos antidesgaste, fazendo com que
aumente a tendência em surgirem riscos
nos cilindros, reduzindo o seu rendimento
e aumentando os requisitos energéticos.
A compatibilidade com os materiais de
vedação também pode causar fugas que
resultarão em custos elevados: a falta de
lubrificação e, em última instância, a fa-
lha do sistema. A FUCHS tem relações de
partenariado com fabricantes líderes em
materiais de vedação e aditivos, pelo que
garante um bom rendimento e uma ótima
compatibilidade.
VÁLVULAS
As válvulas são mecanismos que contro-
lam a direção e o fluxo de um meio hidráu-
lico desde uma bomba ou uma válvula de
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Dossier sobre Manutenção em Elevadores
pressão. Nas válvulas o fluido hidráulico
é necessário para dissipar o calor, reduzir
o desgaste e minimizar o atrito, e evitar a
corrosão.
À medida que as empresas tentam obter ní-
veis de eficiência mais elevados nas máqui-
nas, através de intervalos de mudança de
óleos mais prolongados e cargas térmicas
mais elevadas, os fluidos hidráulicos de-
vem assegurar que não se formem depósi-
tos nas reduzidas tolerâncias das válvulas.
Os fluidos hidráulicos de baixo custo, apre-
sentam um maior espessamento com o ar
livre, um baixo rendimento das válvulas, um
pior rendimento das máquinas e um maior
consumo energético.
COMPONENTES DOS CIRCUITOS
Estes componentes incluem depósitos de
líquidos, sistemas de filtração, depósitos
sob pressão e tubos e mangueiras. O fluido
hidráulico deve ser compatível com todos
estes materiais, incluindo os revestimentos
e pinturas de acabamento final.
VEDANTES, JUNTAS E ELASTÓMEROS
Todos os vedantes ou elastómeros do sis-
tema hidráulico ficam expostos, total ou
parcialmente, ao fluido hidráulico quando o
sistema está em funcionamento, pelo que
este pode afetar os materiais vedantes fa-
zendo com que se dilatem ou encolham.
As válvulas elastoméricas podem ser afe-
tadas quimicamente pela temperatura, o
oxigénio, a água, os aditivos e os produtos
derivados de oxidação do fluido hidráuli-
co. Por isso, é vital que os vedantes e o
fluido hidráulico sejam compatíveis e que,
por sua vez, ofereçam proteção contra
o desgaste, dissipem o calor, reduzam o
atrito e evitem a acumulação de depósitos
nas esquinas ou fissuras que se possam
formar.
CONCLUSÃO
O fluido hidráulico é muito mais do que um
simples fluido; é um elemento crítico para
a utilização eficiente das máquinas em
geral, realiza uma variedade de funções
que incluem a limpeza, a refrigeração e a
proteção dos sistemas.
Optar por uma alternativa de baixo cus-
to põe em perigo a integridade da própria
máquina e pode implicar um aumento de
custo nos processos empresariais.
As principais funções de um fluido hidráu-
lico são:
> transferir pressão e movimento;
> transferir forças e movimentos quan-
do se utiliza como lubrificante;
> minimizar o desgaste das superfícies
deslizantes sob condições de atrito
limite;
> minimizar o atrito;
> proteção dos componentes contra a
corrosão;
> dissipar o calor.
Na maquinaria moderna, a integridade do
fluido é assim mais importante. Os siste-
mas hidráulicos modernos, com menores
volumes nos sistemas, maiores pressões e
temperaturas mais elevadas, exigem que o
fluido hidráulico circule mais rapidamente,
criando uma maior tensão sobre o mesmo,
e aumentando a necessidade de um fluido
de alta qualidade.
Apenas utilizando um fluido de qualidade
as empresas podem garantir a minimiza-
ção do consumo de energia, maximizar os
intervalos de manutenção, minimizar os
desgastes dos componentes e os custos
de substituição do óleo, maximizar a vida
útil da maquinaria e assegurar um custo
total mais baixo associado a estes fluidos.
Pode parecer que os fluidos hidráulicos
de baixo custo oferecem um potencial
de poupança, mas o custo total vai muito
mais longe do que uns cêntimos por litro. O
fluido hidráulico de baixa qualidade é uma
falsa poupança!
A FUCHS é o maior produtor independente
de lubrificantes no mundo e é um especia-
lista na área dos fluidos lubrificantes.
A FUCHS entende e valoriza o fator crítico
que pode ser o fluido hidráulico, e apenas
utiliza óleos base e aditivos da melhor
qualidade para proporcionar uma melhor
proteção de longa duração aos seus ati-
vos mais valiosos. A FUCHS acredita que
o fluido hidráulico não deve comprometer
o rendimento dos seus produtos e da sua
maquinaria.
Adicionalmente, os seus lubrificantes
apresentam:
> uma elevada estabilidade térmica e
elevada resistência ao envelhecimento;
> compatibilidade com metais e elastó-
meros;
> boa separação do ar;
> baixa formação de espuma;
> boa filtrabilidade;
> boa libertação da água;
> boa estabilidade frente ao cisalha-
mento.
PUB
34 elevare
Dossier sobre Manutenção em Elevadores
adequadas é essencial que a informação
que nos chega seja rigorosa. Ora, os equi-
pamentos de medição são produtos mais
ou menos complexos e são constituídos
por numerosos componentes, cada um
dos quais está sujeito à variabilidade ine-
vitável de todos os dispositivos físicos. Es-
tão sujeitos a utilização em condições que
muitas vezes estão longe de ser as ideais
(por exemplo em locais que tanto podem
estar com temperaturas muito altas como
muito baixas, com poeiras, com humida-
de, etc.). Sofrem quedas no transporte e
sobrecargas durante o seu uso. Sabemos
também que a passagem do tempo exer-
ce a sua acção inexorável sobre qualquer
objecto. É, por isso, fácil de perceber que
qualquer equipamento de medição pode
apresentar erros que comprometem a sua
adequada utilização. Mesmo que o equipa-
mento seja novo (e até mesmo de alguma
marca muito reputada), o erro estará sem-
pre presente nas medições que com ele
efectuarmos. Não é por isso exagero dizer
também que medir é errar. Se o erro da
medição for demasiado elevado, e tendo
em conta que há decisões importantes que
são tomadas em função dos resultados
obtidos nas medições, as consequências
desse erro podem ser muito sérias: por
exemplo, aprovar uma máquina que apre-
senta deficiências graves (com impactos
negativos para os utilizadores dessa má-
quina e em consequência disso com prejuí-
zos para a empresa), ou reprovar uma ou-
tra que na verdade cumpre os respectivos
requisitos (com óbvios prejuízos para o seu
fabricante). Os custos de uma má decisão
(baseada em medições erradas) podem
ser muito elevados, ou mesmo incompor-
táveis para a empresa.
Todos os técnicos que trabalham com equi-
pamentos de medição, mais cedo ou mais
tarde, acabam por serem confrontados com
uma pergunta sacramental: "E esse equipa-
mento está calibrado?". No presente artigo
procura explicar-se por que razão surge
essa pergunta, e de que forma lhe podemos
responder.
MEDIÇÃO E MEDIDA
Comecemos por nos questionar para que
serve um equipamento de medição, qualquer
que seja. Sabemos que um voltímetro nos
permite conhecer a tensão de um circuito
eléctrico; que um termómetro nos ajuda a
saber a temperatura de uma máquina; que
usamos uma fita métrica para medir alturas,
larguras e distâncias; que com um luxímetro
ficamos a saber se a iluminação de um local
é suficiente para o fim a que se destina; etc.
Todos esses instrumentos de medição (voltí-
metro, termómetro, fita métrica, luxímetro,
entre muitos outros) têm algo em comum:
o conhecimento que nos dão sobre o mundo
que nos rodeia, conferindo-nos a capacidade
de tomar decisões adequadas e tecnicamen-
te fundamentadas. Podemos assim afirmar
que medir é saber.
A palavra medição designa o acto de medir.
Chama-se medida ao resultado da medição.
Utiliza-se também o termo unidade de medi-
da para nos referirmos à grandeza com a qual
comparamos outra grandeza (do mesmo
tipo) para a exprimir sob a forma de um
valor numérico (por exemplo, em "230 V,
50 Hz, 16 A" são utilizadas três unidades de me-
dida: volt, hertz e ampere, respectivamente).
Para que o nosso conhecimento seja cor-
recto e assim possamos tomar decisões
Calibração dos equipamentos:custo ou benefício para a empresa?Paulo Cabral - pc@iep.pt
Director dos Laboratórios do Instituto Electrotécnico Português (IEP)
Coordenador da Especialização em Metrologia da Ordem dos Engenheiros
Vice-Presidente do Conselho Directivo da Sociedade Portuguesa de Metrologia
CALIBRAÇÃO E CONFIRMAÇÃO
METROLÓGICA
Sendo assim, da mesma forma que um
elevador ou um veículo automóvel devem
ser periodicamente sujeitos a inspecções
que avaliam a sua segurança, também um
equipamento de medição deve ser regu-
larmente objecto de uma operação técnica
designada por calibração, a qual tem por
objectivo avaliar se as características me-
trológicas que conduziram à escolha inicial
desse equipamento se mantém dentro dos
limites estabelecidos. Em função dos resul-
tados assim obtidos, devem ser tomadas
decisões relativas à continuação em servi-
ço do equipamento.
A necessidade de efectuar a calibração
dos equipamentos pode surgir da iniciativa
do próprio utilizador, que se quer assegu-
rar de que está a medir correctamente,
ou ser uma exigência de terceiros, como
clientes, organismos oficiais ou entidades
certificadoras.
Comecemos por ver algumas definições
importantes neste contexto. Para isso, va-
mos socorrer-nos do Vocabulário Interna-
cional de Metrologia (VIM), o documento
oficial nesta matéria. Segundo o VIM (Defi-
nição 2.39), calibração é a
"Operação que estabelece, sob condições
especificadas, num primeiro passo, uma
relação entre os valores e as incerte-
zas de medição fornecidos por padrões
e as indicações correspondentes com
as incertezas associadas; num segundo
passo, utiliza esta informação para esta-
belecer uma relação visando a obtenção
dum resultado de medição a partir duma
indicação."
35elevare
Dossier sobre Manutenção em Elevadores
Nesta definição surge o conceito de incer-
teza de medição, que segundo o mesmo
VIM (2.26) é o
"Parâmetro não negativo que caracteri-
za a dispersão dos valores atribuídos a
uma mensuranda, com base nas infor-
mações utilizadas."
É importante perceber que incerteza e erro
são conceitos muito diferentes. O erro é a
diferença entre o valor indicado pelo equipa-
mento e o valor que ele está efectivamente a
medir, ao passo que a incerteza é a "margem
de dúvida" em torno do resultado obtido.
Como se percebe da definição, a calibração
só por si não assegura que o equipamento
está a medir correctamente, pois apenas
determina os seus erros ("relação entre os
valores [ ] fornecidos por padrões e as indi-
cações correspondentes [do equipamento]").
A análise dos erros obtidos e as decisões
que decorrem dessa análise fazem parte
do que se designa por confirmação me-
trológica, a qual está definida na Norma
Internacional ISO 10012, que pretende ser
um documento auxiliar para quem utiliza
as Normas de sistemas de gestão da Sé-
rie ISO 9000. Na citada Norma ISO 10012,
Secção 3.5, diz-se que a confirmação me-
trológica é
"O conjunto de operações necessárias
para assegurar a conformidade de um
equipamento de medição com os requi-
sitos da utilização pretendida".
Na prática, é muito importante perceber
a diferença entre os conceitos de calibra-
ção e de confirmação metrológica. O mais
habitual é que a calibração seja feita por
um laboratório acreditado, externo à em-
presa. Cabe depois ao detentor do equi-
pamento a responsabilidade de analisar
os resultados obtidos (apresentados num
certificado de calibração) e de tomar as
decisões adequadas no que se refere à re-
posição em serviço desse equipamento. No
caso de equipamentos novos, mesmo que
de marcas bem conhecidas, é importante
verificar se já são fornecidos com certifi-
cados de calibração válidos; não é usual
que o fornecedor entregue tais certifica-
dos, salvo se a calibração for solicitada em
simultâneo com a encomenda do equipa-
mento, o que implica normalmente custos
adicionais.
EXEMPLO PRÁTICO
A título de exemplo, vejamos o caso de
uma pinça multimétrica de um modelo
bastante comum no nosso mercado. Co-
mecemos por analisar as suas especifi-
cações, tal como são apresentadas pelo
respectivo fabricante. A Figura 1 apresenta
um excerto dessas especificações.
O que nos é dito é que, por exemplo, para
a escala de Corrente Alternada até 40 A, à
frequência da rede (entre 45 Hz e 66 Hz),
num ambiente com temperatura entre
18°C e 28°C e humidade inferior a 75%hr,
esta pinça deverá ter um erro máximo de
±[2,0% da leitura (em A) + 10 dígitos].
A última parcela, "10 dígitos", causa fre-
quentemente alguma confusão no espírito
dos utilizadores. Isso significa apenas que
se devem adicionar “10 vezes a resolução”
da escala em questão (isto é, o algarismo
menos significativo que nessa escala é
possível ler). No exemplo acima, a resolu-
ção é de 0,01 A, pelo que a parcela "10 dígitos"
toma o valor absoluto de 10 X 0,01A = 0,1 A.
Este valor deve ser adicionado a qualquer
leitura feita com a pinça naquela escala, e
evita que o erro máximo possa ser zero
para leituras de 0 A (o que corresponde-
ria a um equipamento ideal). Esta parcela
introduz outra consideração muito impor-
tante para a utilização do equipamento,
que é o efeito da resolução sobre o erro
relativo (quociente entre o erro e a leitura,
que é habitualmente expresso em percen-
tagem). De facto, para leituras inferiores
a 2,5 A a contribuição dessa parcela para
o erro relativo passa a ser superior ao da
primeira parcela, fazendo com que em
vez dos cerca de 2% que pensávamos ter
possamos atingir erros relativos que são
várias vezes superiores a esse. Tal aspec-
to deve levar-nos a procurar utilizar os
equipamentos de forma a obter leituras o
mais possível próximas do final da escala.
A Figura 2 ilustra o andamento dos erros,
tanto em valor absoluto (A) como em va-
lor relativo (%), ao longo da escala de 40 A
que estamos a analisar.
O utilizador do equipamento deverá es-
tabelecer os seus próprios critérios de
aceitação, definidos em função do uso que
fizer do equipamento. Poderá seguir as
especificações publicadas pelo fabricante,
apenas uma parte delas (por exemplo, se
no equipamento acima apenas utilizar al-
gumas das suas funções), ou mesmo de-
finir critérios diferentes daqueles que são
publicados pelo fabricante. Neste último
caso há que ter o cuidado de verificar se
os critérios de aceitação não são inferiores
aos que foram publicados pelo fabricante,
pois nesse caso o equipamento dificilmen-
te poderá cumprir o que dele se espera.
O mais habitual (e porventura mais lógico)
é utilizar as especificações do fabricante,
pelo menos nos primeiros anos de vida do
equipamento. É também essencial ter em
conta eventuais requisitos legais, norma-
tivos ou contratuais que definam, directa
"A palavra medição designa o acto de medir.
Chama-se medida ao resultado da medição.
Utiliza-se também o termo unidade de medida
para nos referirmos à grandeza com a qual
comparamos outra grandeza (...)"
Figura 1
36 elevare
Dossier sobre Manutenção em Elevadores
Valor lido no
equipamento
Valor lido no
padrão
Erro Incerteza Erro Máximo
Admissível
9,87 A 10,00 A - 0,13 A ± 0,12 A ± 0,30 A19,99 A 20,00 A - 0,01 A ± 0,24 A ± 0,50 A30,11 A 30,00 A + 0,11 A ± 0,36 A ± 0,70 A
ou indirectamente, quais os erros máximos
admissíveis que os equipamentos poderão
apresentar.
CERTIFICADOS DE CALIBRAÇÃO
Suponhamos agora que enviámos esta pin-
ça para calibração. Vejamos então como
serão apresentados os resultados dessa
calibração no respectivo certificado, emitido
por um laboratório acreditado (estatuto evi-
denciado pela aposição do símbolo «IPAC»),
olhando para o exemplo que é apresentado
na Figura 3.
Após receber de volta o equipamento, acom-
panhado pelo respectivo certificado de cali-
bração, é necessário analisar os resultados
e em consequência decidir o que fazer com o
equipamento, procedendo-se assim à tarefa
de confirmação metrológica já mencionada.
Há que verificar antes de mais se o próprio
certificado satisfaz os requisitos formais
que são exigidos aos laboratórios acredita-
dos (de acordo com a Secção 5.10 da Norma
Internacional ISO/IEC 17025). Em seguida,
deve ser feita a análise técnica do certifica-
do, o que nos vai permitir averiguar se a pin-
ça satisfaz, ou não, as suas especificações.
Para a escala que estamos a considerar
no exemplo, verifica-se que para os vários
pontos calibrados (10 A; 20 A; 30 A) o erro
que a pinça apresenta é sempre inferior ao
erro máximo admissível. Mesmo que nesta
análise se inclua o efeito da incerteza (|Erro|
+ |Incerteza|), tal afirmação permanecerá
válida (Tabela 1).
Feita esta análise é recomendável identifi-
car o estado de calibração do equipamento,
apondo-lhe uma etiqueta que evidencie as
datas da última e da próxima calibrações,
qual é a entidade calibradora, bem como
outras indicações que forem de interesse
para quem vai utilizar o equipamento (por
exemplo, informação de alguma escala que
esteja com problemas e que não deva ser
utilizada).
PRAZOS DE CALIBRAÇÃO
Uma vez concluído o processo de confir-
mação metrológica (calibração e subse-
quentes análise e decisão), o equipamento
é reposto em uso até à sua próxima cali-
bração. Uma questão que surge com fre-
quência nesta fase é "de quanto em quanto
Figura 3
Tabela 1
Figura 2
Dossier sobre Manutenção em Elevadores
PUB
tempo devo calibrar o equipamento?". Não
existe uma resposta única a esta pergunta;
na definição dos prazos de calibração de-
verão ter-se em conta aspectos tais como
a frequência e a severidade de utilização, o
tipo de equipamento em causa, o desgaste
que apresenta, as derivas esperadas tendo
em conta o histórico das calibrações ante-
riores, e ainda as recomendações do fabri-
cante desse equipamento.
Note-se que é usual os fabricantes apresen-
tarem as especificações dos equipamentos
para o prazo de 1 ano após a calibração, o
que significa que após esse período não se
dispõe de elementos seguros para prever
o seu comportamento. São também de ter
em conta as eventuais consequências de
não ter um equipamento calibrado dentro
do período coberto pelas suas especifi-
cações, com todas as implicações que daí
poderão resultar para a empresa, como
por exemplo aceitar indevidamente má-
quinas não-conformes (e que deviam por
isso ser rejeitadas), ou reprovar instalações
que estão conformes. Na falta de outras
orientações vinculativas é por isso usual
estabelecer-se um prazo inicial de 1 ano, o
qual poderá ser posteriormente ajustado
em função dos resultados encontrados nas
sucessivas calibrações a que o equipamen-
to for submetido.
Excluem-se, naturalmente, desta análise os
instrumentos de medição que estão abrangi-
dos pelas disposições do controlo metroló-
gico legal (metrologia legal), como é o caso
dos alcoolímetros e dos radares utilizados
pelas polícias na fiscalização rodoviária, dos
sonómetros utilizados nas medições de ruí-
do, ou das balanças utilizadas no comércio,
entre diversos outros equipamentos. Nestes
casos, os prazos são fixados na legislação
respectiva.
PARA SABER MAIS
VIM - Vocabulário Internacional
de Metrologia:
www1.ipq.pt/PT/Metrologia/Documents/
VIM_IPQ_INMETRO_2012.pdf
Norma ISO/IEC 17025, Requisitos Gerais de
Competência para Laboratórios de Ensaio e
Calibração: www1.ipq.pt/PT/site/clientes/pa-
ges/Norma.aspx?docId=IPQDOC-185-97264
Norma ISO 10012, Sistemas de Gestão da
Medição; Requisitos para Processos de Me-
dição e Equipamento de Medição:
www1.ipq.pt/PT/site/clientes/pages/Norma.
aspx?docId=IPQDOC-185-153740
SPMet - Sociedade Portuguesa de Metrolo-
gia: www.spmet.pt e
/spmetrologia
Legislação relativa ao Controlo Metrológico
de Métodos e Instrumentos de Medição:
www.oern.pt/legislacao.php?id=81&cod
=0B0C
IPQ - Instituto Português da Qualidade:
www.ipq.pt/
IPAC - Instituto Português de Acreditação:
www.ipac.pt/
38 elevare
Dossier sobre Manutenção em Elevadores
PRIETÁRIOS e, acima de tudo, os produtos
PROPRIETÁRIOS.
Embora hoje a maioria dos fabricantes
afirme fornecer produtos NÃO PROPRIETÁ-
RIOS, a verdade é que muitos poucos real-
mente o fazem. O Webster dicionário online
define um produto PROPRIETÁRIO como
protegido por Marca Registada/Tradmark,
feito, produzido ou distribuído por alguém
que detém os direitos exclusivos. Segundo
os padrões industriais, define o sistema de
PROPRIETÁRIO, ou seja OEM (Original Equip-
ment Manufacturer),como um produto que
O que pretendo com este artigo é abordar uma questão que sugere
muitas opiniões. A minha será mais uma neste panorama numa tentativa de
aclarar um assunto que nem sempre é Preto ou Branco.
Na presente conjuntura económica causada
pela crise mundial, com as oportunidades
de trabalho a diminuir, procuram-se solu-
ções para competir no mercado cada vez
mais agressivo. No setor dos ascensores,
têm vindo a surgir e a consolidar-se dois
tipos de produtos: PRODUTOS NÃO PRO-
Ascensores:um mercado em evolução permanente
Eng.º Leitão
SICMALEVA
não está de acordo com o conceito Open-
Archtecture. Ao passo que o sistema de NÃO
PROPRIETÁRIO está de acordo com o con-
ceito e, acima de tudo, não coloca o cliente
final à mercê do fornecedor.
No maior e mais exigente mercado do mun-
do que é o da América do Norte, o qual
compreende o Canadá e os Estados Unidos
da América (EUA), os profissionais mais
exigentes e atentos começam a exigir de
forma muito clara e decisiva, nos pedidos
de oferta, o novo conceito de NÃO PROPRIE-
DADE. Este conceito evoluído, não é mais do
que a negação do conceito de PROPRIEDA-
DE, posse, prevalecendo o conceito positivo
da liberdade de uso de algo sem qualquer
restrição. De forma a garantir que o ascen-
sor permaneça sustentável, independente-
mente de quem possa ser selecionado para
prestar os serviços necessários.
MAS O QUE SE ENTENDE POR
PROPRIETÁRIO NO SETOR DOS
ASCENSORES?
Alguns fabricantes e profissionais ligados
à área dos ascensores consideram os seus
equipamentos por natureza de PROPRIE-
DADE em virtude do seu design, pesquisa e
desenvolvimento. Por este motivo, no pa-© www.gmv.it
39elevare
Dossier sobre Manutenção em Elevadores
norama dos ascensores há empresas que
vendem, no mercado final, produtos tecni-
camente perfeitos, mas tecnicamente blin-
dados. Apenas estas empresas podem for-
necer peças de substituição e manutenção
ao preço que entenderem. O fornecimento
das peças de substituição, embora possa
ocorrer livremente para outras empresas
de ascensores, não resolve o problema dos
custos, prazos de entrega e dos componen-
tes auxiliares necessários para o uso dos
mesmos. Devido a este comportamento
que tem causado uma anomalia no sistema
da livre concorrência, foram em 2007 san-
cionadas algumas empresas a pagar uma
multa de quase mil milhões de euros à Co-
missão Europeia pela violação clara a uma
das quatro liberdades de circulação - ser-
viços - por comportamento concertado de
empresas privadas colocando em causa o
tratado da CE, o qual vem sendo implemen-
tado desde 1958 como elemento dinamiza-
dor do Mercado Interno Europeu.
A negatividade deste conceito faz-se notar
ainda mais quando analisamos todo o Ciclo
de Vida Económico de um ascensor. Não se
pode analisar a situação apenas na perspe-
tiva do seu custo inicial ser baixo, também
devemos tomar em consideração o custo
elevado de manutenção e de reposição das
peças OEMs (Original Equipment Manufac-
turers) ao longo de 10 anos pela empresa
fabricante do equipamento original.
Se apenas uma empresa pode fornecer
o serviço e equipamento PROPRIETÁRIO,
como é que o proprietário do edifício pode
controlar os custos de manutenção? Mes-
mo que o componente auxiliar de diagnós-
tico seja fornecido ao proprietário, a sua
funcionalidade é limitada. Além disso, o
uso da ferramenta pode ser contratual,
restrito ao proprietário e não aos seus
representantes.
O PROPRIETÁRIO DO ASCENSOR ACABA POR
SER AQUELE QUE VENDEU O EQUIPAMENTO!
Dentro deste panorama atual de crise, exis-
tem também algumas empresas que op-
taram por produtos "pobres", de qualidade
mínima, ou optaram por montar o ascensor
com base em vários fornecedores, não sen-
do capazes desta forma de garantir, por um
período de 10 anos, as peças disponíveis e
o suporte técnico, colocando em perigo —
mesmo sem querer — o próprio futuro do
elevador e a sua manutenção a longo pra-
zo. Aqui também não se garante que quem
comprou o ascensor seja o seu verdadeiro
proprietário.
O QUE SE ENTENDE POR ASCENSOR
NÃO PROPRIETÁRIO?
Os ascensores NÃO PROPRIEDADE são
mais simples e têm um custo de manuten-
ção mais baixo. A informação técnica, peças
de reposição e componentes auxiliares de
diagnóstico, necessários à manutenção e
programação, estão disponíveis sem qual-
quer reserva do fabricante. Não sendo, por
este motivo, controlados por uma única
entidade, não se tornando rapidamente
obsoletos.
O compromisso do fabricante concede o
direito de liberdade ao proprietário do edi-
fício, na sua área geográfica, de escolher a
empresa de manutenção com qualificação
similar como responsável pela manuten-
ção do seu ascensor. Trata-se de uma op-
ção livre com base na seriedade e confiança
no serviço prestado localmente e não por
imposição. Existindo assim uma relação en-
tre fabricante, empresa de manutenção e
proprietário clara, livre, simples e honesta,
sem qualquer vínculo.
O cliente final deve receber o melhor ser-
viço possível e isso só é possível com base
num sistema de NÃO PROPRIEDADE.
NÃO PROPRIEDADE – uma palavra obscu-
ra, mas importante, que pode representar
uma grande poupança em dinheiro e tem-
po, mais do que se poderia inicialmente
imaginar.
A tendência do mercado de livre concorrên-
cia é exigir cada vez mais que os ascensores
sejam comercializados com base no con-
ceito de NÃO PROPRIEDADE. Esse princípio
favorece o cliente final, que pode escolher
a melhor oferta, e tem à sua disposição em-
presas de instalação e manutenção interes-
sadas no seu poder de compra.
"O fornecimento das peças de substituição,
embora possa ocorrer livremente para
outras empresas de ascensores, não resolve o problema dos custos, prazos de entrega e dos componentes auxiliares necessários para o uso
dos mesmos"
© www.gmv.it
40 elevare
Dossier sobre Manutenção em Elevadores
te ao facto de se deixar o ascensor parado
e passado uns dias enviar um orçamento,
sem dar a cara ao cliente.
É importante resolver uma avaria de uma
vez, mesmo que para isso seja necessário
dar um valor mais alto ao cliente, ou colo-
car-lhe essa alternativa, de forma que caso
volte a avariar, partilhe a responsabilidade
de não ter pretendido solucionar de vez o
problema detetado.
A ocorrência de avarias repetitivas, que não
se detetam, provoca uma imediata descon-
fiança no cliente.
A tendência que se verifica no mercado nos
últimos anos é que a qualidade do serviço
de manutenção tem vindo a degradar-se.
Esta mudança deu-se sobretudo devido ao
fato das empresas de uma forma geral,
tentarem distingir o seu serviço apenas
pelo fator preço, ou pelo nome da marca.
A consequência é que com valores con-
tratuais muito reduzidos não é possível
prestar um serviço de manutenção com a
qualidade expetável pelo cliente, o que con-
sequentemente descredibiliza a marca e
causa desconfiança no cliente.
Neste momento, o nome das marcas, e até
o próprio setor, já tende a estar descredi-
A qualidade da prestação do serviço de
manutenção é essencial para que um as-
censor ou outro produto se mantenha em
boas condições de funcionamento, trans-
mitindo aos utilizadores dos ascensores e
aos clientes das EMIEs, uma boa imagem
da empresa que o mantém e a segurança e
conforto que desejam sentir quando viajam
nos ascensores.
Esta perceção de que o ascensor está bem
mantido e de que o mesmo não avaria com
frequência, faz com que o cliente valorize a
EMIE, a manutenção preventiva efetuada, e
a qualidade do serviço prestado, resultan-
do numa relação mais duradoura e numa
aceitação por parte do cliente em pagar um
valor superior pelo bom serviço prestado.
É, por isso mesmo, que é muito importan-
te demonstrar ao cliente que se presta um
bom serviço, e se para isso for necessário,
garantindo as condições de segurança,
abrir a porta do ascensor e mostrar o poço
e o teto da cabina, limpos e sem fugas de
óleo, ou a casa das máquinas limpa e sem
materiais avariados ou fugas de óleo.
O facto de na situação de uma avaria, pa-
rarmos, mostrarmos ao cliente o que ava-
riou, e porque necessita de ser reparado ou
substituído, e que por esse facto o ascensor
não pode eventualmente funcionar, con-
quista a confiança do cliente, contrariamen-
Manutenção:distinção pela qualidade do serviço
Ricardo Vieira
Elevadores.com.pt – Consultoria e Formação para o Setor de Elevação
bilizado e os valores contratuais tendem a
estar no limite do razoável.
A diversidade e quantidade de ascensores,
clientes, preços e tipos de contrato coloca-
dos em cada rota é vasta e a tendência é a
de tratar a todos da mesma forma, tenden-
do a prestar um serviço de qualidade infe-
rior, independentemente do facto do cliente
ter ou não um contrato a um preço superior
ou inferior.
O cliente apenas se apercebe do serviço
prestado se comunicarmos com ele, pre-
sencialmente, e não através de comuni-
cações impessoais que lhe transmitem a
mensagem de que lhe estão a tentar vender
mais qualquer coisa.
Atualmente existe a perceção no mercado
que o escasso tempo que se passa no as-
censor não é a fazer a manutenção preven-
tiva, mas a tentar descobrir o que vender ao
cliente, e a dita manutenção preventiva não
passa de um formalismo legal ou de uma
inspeção visual a alguns dos componentes.
A boa comunicação pessoal com o cliente
deve de ser valorizada e quando se baixa o
©controlelevadores.com.br
©srelevadores.ind.br
PUB
valor de um contrato, não se pode passar a imagem de que se
irá prestar o mesmo serviço, como tem sido feito até agora.
É de extrema importância inverter a tendência de descredi-
bilização do setor, dando ao cliente a oportunidade de poder
escolher e valorizar um serviço de excelência, que tenha de
facto uma manutenção de excelência. É de extrema impor-
tância esclarecer o cliente que se se efetua um contrato por
um valor inferior não poderá ter o mesmo tipo de serviço ou
plano de manutenção e explicar quais as diferenças.
O cliente pode ser fidelizado pela boa relação de confiança, se
o valor praticado for justo para ambas as partes, e se estiver
claro que tipo de plano de manutenção e que tempo de servi-
ço está a contratar.
É importante aconselhar o cliente para que, sempre que pos-
sível, lhe seja dada a hipótese de poder escolher entre um
produto de qualidade superior ou inferior.
É importante que o cliente possa escolher entre efetuar uma
reparação ligeira que continuará a dar alguns problemas no
futuro e uma modernização mais profunda.
Quando uma EMIE presta a um cliente um serviço com qua-
lidade a um preço justo para ambos, e o cliente tem a perce-
ção adequada dessa qualidade, não tem vontade de mudar de
EMIE. A transmissão desta perceção e a boa relação com o
cliente é o fator chave, e quando assim o é podemos utilizar
minutas contratuais, claras, transparentes, por curtos perío-
dos e sem penalizações por rescisão, que o cliente não muda.
Por estes motivos acredito que o setor terá tudo a ganhar se
as EMIEs se distinguirem pela qualidade do serviço que pres-
tam, apresentando aos clientes serviços adequados e com
planos de manutenção ajustados a cada tipo de utilização.
"A qualidade da prestação do serviço de manutenção é essencial para
que um ascensor ou outro produto se mantenha em boas condições de
funcionamento(...)"
© controlelevadores.com.br
42 elevare
Dossier sobre Manutenção em Elevadores
vez, a manutenção exerce um papel funda-
mental na otimização da qualidade do ser-
viço prestado pelo equipamento.
Custo - Todas as ações de manutenção de-
verão conduzir à minimização do custo da
utilização do equipamento. No entanto, a
manutenção em si acarreta custos (mão-de-
-obra, peças, tempos de paragem dos equi-
pamentos, e outros) e torna-se necessário
ponderar estes custos (por exemplo, uma
operação de manutenção pode ser dema-
siado custosa face à substituição do equipa-
mento por um novo).
Disponibilidade - De um modo geral, todos
os equipamentos deverão estar disponíveis
para a sua utilização, bem como deverá ser
reduzido ao mínimo o seu tempo de imobili-
zação devido a avaria.
TIPOS DE MANUTENÇÃO
Para a análise e ponderação dos fatores
acima citados é conveniente dissecar a ma-
nutenção em cada um dos seus aspetos.
Assim, a manutenção pode ser:
> Preventiva:
• Sistemática,
• Condicionada,
> Curativa.
A manutenção preventiva sistemática é
executada em intervalos fixos.
A manutenção preventiva condicionada,
também chamada de manutenção inteli-
gente, é realizada em função do estado
do equipamento ou de componentes do
equipamento - a intervenção faz-se apenas
com a manifestação da necessidade. É uma
manutenção preventiva, subordinada a um
tipo de acontecimento auto-diagnosticado:
OBJETIVO
Este artigo tem dois objetivos: sistematizar
os conceitos associados à manutenção de
equipamentos e mostrar como a introdu-
ção de novas tecnologias na aquisição e
processamento de informação pode intro-
duzir um novo paradigma - a manutenção
inteligente de elevadores - que permite me-
lhorar de forma significativa a eficiência na
manutenção quer ao nível dos objetivos da
manutenção em si - segurança, fiabilidade,
entre outros quer ao nível da otimização de
recursos da entidade que a realiza
MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS
A manutenção de um equipamento pode
ser definida como um conjunto de ações
realizadas ao longo da vida útil desse equi-
pamento, de forma a manter ou repor a
sua operacionalidade nas melhores con-
dições de qualidade, custo e disponibilida-
de, de uma forma segura. No fundo, estas
ações permitem manter ou controlar o
estado original de funcionamento de um
equipamento.
De modo a assegurar os seus objetivos, há
fatores que, por poderem conflituar, devem
ser analisados de modo a que as operações
de manutenção sejam implementadas com
sucesso:
Segurança - Genericamente, tem a ver com
a segurança dos operadores e dos utiliza-
dores dos equipamentos. Através da manu-
tenção criam-se condições para a deteção,
avaliação e controlo dos riscos potenciais
que o equipamento possa proporcionar.
Qualidade - Todos os equipamentos devem
proporcionar um alto desempenho com
tendência para o "zero defeitos". Mais uma
Manutenção inteligente de elevadores
Miguel Tato
Efalift
à informação de um sensor, a uma medi-
da de um desgaste, ou outro indicador que
possa revelar o estado de degradação do
equipamento.
A manutenção curativa tem por objetivo
a correção de uma avaria ou defeito do
equipamento.
APLICAÇÃO À MANUTENÇÃO
DE ELEVADORES
À luz dos conceitos referidos podemos
constatar que a manutenção preventiva
sistemática de elevadores está normati-
vamente definida e, portanto, acarreta um
(elevado) custo fixo e previsível, não haven-
do grande flexibilidade na sua gestão. Já a
manutenção curativa, por apresentar um
caráter mais aleatório, apresenta uma ges-
tão mais complexa e com custos variáveis
e difíceis - se não impossíveis - de definir a
priori, facto agravado pela multiplicidade de
equipamentos existentes em manutenção
por uma mesma entidade. A introdução do
conceito de manutenção inteligente de ele-
vadores - baseado no conceito de manuten-
ção preventiva condicionada - pode permitir
uma redução substancial do esforço na ma-
nutenção curativa.
Já vimos que a manutenção inteligente tem
por base um autodiagnóstico dos equipa-
mentos e a gestão da informação gerada
por esse autodiagnóstico. Tratemos cada
um desses pontos.
Geração de informação de autodiagnóstico
A informação relevante para que o ele-
vador possa fazer um autodiagnóstico
depende muito do tipo de equipamento
em causa, mas podem ser feitas algumas
generalizações:
43elevare
Dossier sobre Manutenção em Elevadores
> Medição simultânea do estado de com-
ponentes existentes no elevador e ge-
ração de sinais de alarme sob condi-
ções específicas (por exemplo, fecho do
travão fora da zona de desencravamen-
to, ou abertura da série de seguranças
durante o movimento da cabina);
> Medição de outros parâmetros que
possam aferir o desgaste ou o mau
funcionamento do elevador enquanto
sistema (por exemplo monitorização da
temperatura do motor ou do óleo, ou
medição do nível de vibração da cabina).
Nenhum destes pontos oferece dificuldade
de execução, já que a eletrónica associada é
simples e toda a aquisição de dados é feita
localmente.
Processamento da informação
de autodiagnóstico
Uma entidade que faça manutenção de ele-
vadores tem forçosamente os seus equipa-
mentos distribuídos por uma área geográfi-
ca mais ou menos ampla. Este facto faz com
que o processamento da informação de au-
todiagnóstico seja complicado por não exis-
tir, de raiz, um canal de comunicações que
permita o trânsito dessa informação entre
todos os equipamentos. Estamos, portanto,
perante um modelo de um sistema de aqui-
sição de informação onde a informação está
distribuída espacialmente, podendo (e de-
vendo) o processamento desta ser local. É
aqui que os recentes desenvolvimentos de
canais de comunicação podem entrar, con-
tribuindo para a criação de um canal bidire-
cional de informação entre todos os equi-
pamentos e um centro de comando. Uma
tecnologia particularmente interessante e
em franco crescimento é a tecnologia M2M
(Machine to Machine).
De acordo com a Wikipédia, Machine-to-
-Machine (M2M) (em português, máquina-a-
-máquina) refere-se a “tecnologias que per-
mitem tanto sistemas com fio quanto sem fio
a se comunicarem com outros dispositivos
que possuam a mesma habilidade”.
A base da tecnologia M2M é simples: existem
sensores distribuídos e um canal de comuni-
cações ponto-a-ponto que permite o envio da
informação recolhida para um ponto central
(centro de comando) onde essa informação é
processada, armazenada e exibida.
A massificação da Internet e da tecnolo-
gia GSM de dados (com custos de utiliza-
ção cada vez mais reduzidos e, na maioria
dos casos, irrisórios) proporcionam uma
alavanca perfeita para a generalização da
ainda incipiente tecnologia M2M aplicada
na gestão de elevadores.
Diversos operadores de telecomunicações
móveis disponibilizam serviços de voz e de
dados adaptados a esta tecnologia. Estes
serviços são genéricos e estão apenas do
lado do canal de comunicações.
Já existem gateways GSM comerciais que,
além de proporcionarem um canal de voz
(obrigatório em cada elevador), disponi-
bilizam canais de entrada/saída de infor-
mação que podem ser lidos/operados re-
motamente utilizando a rede GSM dados
ligada à Internet. Com o interface adequado,
estes dispositivos podem ser diretamente
utilizados nos elevadores para a aquisição
e envio de dados através da Internet para
um servidor local para armazenamento e
processamento.
O desenvolvimento de um sistema central
e dedicado de armazenamento e proces-
samento da informação gerada pelos ele-
vadores, capaz de em tempo real dar aos
decisores informação de onde e quando
atuar, é o próximo passo para que esta
tecnologia possa ser devidamente imple-
mentada e utilizada na área da manuten-
ção de elevadores. Este sistema pode ser
facilmente conseguido por adaptação ou
especialização de sistemas genéricos já
existentes.
CONCLUSÃO – RUMO À MANUTENÇÃO
INTELIGENTE DE ELEVADORES
Do exposto pode-se concluir que o futu-
ro da gestão da manutenção de elevado-
res tem forçosamente de passar por uma
utilização cada vez maior da manutenção
preventiva condicionada - manutenção in-
teligente - de elevadores.
As vantagens da manutenção inteligente
para as entidades que a exercem são mui-
tas, diretas e indiretas. Ressalvo, no entanto,
estas que, no meu entender, sobressaem:
> Maior controlo no estado de funciona-
mento dos elevadores em tempo real,
com o respetivo benefício de diminuir a
manutenção curativa: passa-se a agir
proativamente consoante as potenciais
avarias, e não a reagir a elas;
> Armazenamento sistemático de infor-
mação podendo-se facilmente, por
exemplo, recorrer a históricos para
decidir ou justificar uma substituição de
componentes;
> Hipótese de incluir no sistema outro
tipo de informações que pode ser rele-
vante para a gestão do parque de ele-
vadores: tráfego, consumo, utilização,
entre outros;
> Gestão otimizada das equipas de manu-
tenção podendo utilizar, por exemplo,
um algoritmo de otimização de rotas in-
tegrado no sistema de processamento
de informação;
> Convém não esquecer que a manuten-
ção de elevadores é feita em prol dos
seus utilizadores, garantindo que o
equipamento está disponível para uso e
em plenas condições de funcionamento
e segurança. Num mercado de grande
concorrência como o da manutenção
de elevadores, a satisfação e confiança
dos utilizadores é a maior mais-valia
que uma entidade que exerce a manu-
tenção pode ter, e qualquer passo dado
no sentido de melhorar essa satisfação
e confiança é um benefício muito gran-
de; a manutenção inteligente é indiscuti-
velmente um grande passo dado nesse
sentido.
A tecnologia existe, está acessível e dispo-
nível. Falta cumprir-se o desafio de a utili-
zar em força.
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