CAPÍTULO I - Biblioteca Virtualbiblioteca.virtual.ufpb.br/files/educaaao_inclusiva_1462975990.pdf · políticas de educação para a inclusão da pessoa deficiente na escola regular,
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CAPÍTULO I EDUCAÇÃO INCLUSIVA
PALAVRAS INICIAIS ...................................................................................... 13
UNIDADE I - INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA NO
ENSINO REGULAR ........................................................................................ 15 UNIDADE II - EDUCAÇÃO INCLUSIVA: NOVOS PARADIGMAS NA ERA
DAS NOVAS RELAÇÕES .................................................................................. 39
UNIDADE III - REPENSANDO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES .......................................................................................... 53
SUMÁRIO
Formatado: Fonte: Verdana
Formatado: Fonte: Verdana
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Benedita Marta F. de Oliveira
Adyla Farias de Oliveira
Palavras iniciais
O curso de Ciências Naturais traz a disciplina Educação Inclusiva, que
como veremos, trata de um tema atual e bastante polêmico, pois se refere
à inclusão da pessoa com deficiência no ensino regular.
A nossa disciplina está dividida em três partes: Unidade I – Inclusão
de Crianças com Deficiência no Ensino Regular. Unidade II – Educação
Inclusiva: Novos Paradigmas na Era das Novas Relações. Unidade III –
Repensando a Educação Inclusiva: Desafios e Possibilidades.
Buscaremos juntos, adentrar nessa problemática para melhor
visualizar o que torna o tema Inclusão da pessoa com deficiência no ensino
regular, algo que gera tanta inquietação e insegurança aos profissionais da
educação.
Ao selecionarmos o material para compor nossos textos de estudo
tivemos como principal objetivo, facilitar a sua compreensão sobre alguns
aspectos que dificultam e em muitos casos, impossibilitam a inclusão.
Esperamos que através dos temas que iremos desenvolver vocês
possam aproveitar bastante e somar aos seus conhecimentos sobre o
assunto, novos conhecimentos aqui adquiridos.
Nesse nosso caminhar, procuraremos realizar de forma partilhada a
construção do conhecimento que ora queremos alcançar.
Finalmente, desejamos muito sucesso e que invista nos seus estudos,
caso tenha alguma dificuldade, busque a ajuda dos tutores e dos seus
colegas, formem grupos de estudos, e contem sempre conosco.
Vamos em frente sempre, muito sucesso para todos.
Nota sobre essa Edição:
Objetivando melhorar o conteúdo desse livro e primar pela sua
qualidade reorganizamos as referencias e complementamos a unidade III.
Nessa complementação, aprimoramos os textos e incluímos figuras nas
aulas II e III da unidade III.
Resumo da Unidade I – Esta unidade discorre sobre a inclusão de crianças
com deficiência no ensino regular. Para desenvolvê-la, abordaremos temas como: Inclusão, deficiência e preconceito, garantindo direitos, (documentos e
conjunto de leis) crianças deficientes e formação de professores. Você
perceberá que esse assunto gera muita polemica. Como veremos, devido à sua
complexidade, tem sido alvo de vários estudos e propostas baseadas nas
políticas de educação para a inclusão da pessoa deficiente na escola regular, e de formação de professores, como ponto de partida na busca de soluções para
garantir o direito de todos, deficientes ou não a escola de qualidade.
Resumo da Aula I.I – Nesta aula, buscaremos compreender melhor, a inclusão
que reconhece e garante o direito de todos à escola, e tomar conhecimento da
distância que há entre ter direito a inclusão e ser incluído.
UNIDADE I - INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA
NO ENSINO REGULAR
AULA I.I - CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE INCLUSÃO
A inclusão é um novo modelo escolar que obriga a escola a repensar
antigos conceitos sobre aprendizagem, métodos de ensino, avaliação e
currículos, relações profissionais, e aponta para a necessidade de uma
tomada de consciência que venha permitir um novo entendimento sobre
valores sociais e humanos, de normalidade e deficiência.
Esse novo modelo indica que é preciso buscar outros conhecimentos
para tornar a escola capaz de receber esse novo aluno dando-lhe condições
de aprender e se desenvolver plenamente.
Outro ponto muito importante a ser considerado no que se refere à
inclusão é o envolvimento da escola no processo de mudança, sua vontade
e investimento nessa mudança assumindo o compromisso de fazer
acontecer.
Para tanto, faz-se necessário uma ampla transformação, os
professores precisam ser capacitados para adquirir a competência de
modificar ou adequar o seu método de ensino ás necessidades dos alunos
deficientes ou sem deficiência.
É preciso ainda, um trabalho conjunto da escola com os pais de todas
as crianças com deficiência ou não, para facilitar a integração e difundir
uma política de respeito e aceitação das diferenças.
O espaço físico da escola também precisa ser modificado para melhor
atender às necessidades de acessibilidade e locomoção desses alunos.
Segundo Mantoan (2000),
é primordial que sejam revistos os papeis desempenhados
pelos diretores e coordenadores, no sentido de que
ultrapassem o teor controlador, fiscalizador e burocrático de
suas funções pelo trabalho de apoio, orientação do professor e de toda a comunidade escolar.
Ainda Mantoan (2000) a descentralização da gestão administrativa,
por vezes, promove uma maior autonomia pedagógica. Nessa visão, a
quebra da rigidez e autoritarismo, possibilita a troca de papeis e o ganho de
novos conhecimentos são articulados entre os profissionais.
Faz-se necessário também, apontar aqui a importância do
investimento da escola na sua principal ferramenta que é o professor,
oferecendo-lhe capacitação contínua.
Algumas escolas ainda não aceitam a criança com deficiência,
alegando que seus professores não estão preparados para esses alunos.
Certa vez, dando aulas num curso de especialização para professores
do município, ouvi de uma aluna o seguinte relato:
Quando eu soube que teria uma criança com deficiência (surda) na minha sala eu fiquei apavorada, quase não dormi
a noite e quando cheguei à escola no dia seguinte, procurei
imediatamente entre as crianças se havia alguma novata,
quando percebi aquela criança no meio das outras, “calada” me olhando, fiquei pregada no chão. No decorrer da manhã
fiquei “perdida, incomodada”. Nos outros dias que se
seguiram foi a mesma coisa, não tive mais paz. Eu entendi
que não sabia nada sobre trabalhar com surdos, me senti incompetente, por isso aquela criança me incomodava tanto!
“O problema, não era ela era eu que não estava apta, não
tinha competência para atendê-la.
Caro (a) aluno (a),
Diante dessa situação o que faria você?
• ignoraria a presença daquela criança?
● se sentiria perdida e incomodada com a presença dela?
● você a colocaria nas primeiras carteiras e procuraria falar sempre de
frente para a sua turma, dando á aquela criança condições de fazer a leitura
labial da sua fala?
• ou procuraria a direção da sua escola em busca de apoio para você e
aquela criança surda solicitando um intérprete? (língua de sinais – Libras)
O que se percebe, é que o professor está habituado a uma rotina
traçada através de métodos de ensino e conteúdos pré-estabelecidos para
seus alunos, que, se não são nada criativos nem atrativos, ao menos lhe
garante certa margem de “segurança”, no sentido de não inovação, ou seja,
acomodados á mesma prática pedagógica.
Dessa forma, resistem às mudanças e inovações educacionais,
preferem manter-se no mesmo esquema no qual estão acostumados. Até
ouvem falar e concordam com a inclusão, mas mudar no sentido de abraçar
a inclusão, significa desfazer-se de posturas e conceitos que estão
ultrapassados, por novos conhecimentos, que de certa forma o levarão a
uma avaliação da sua postura e competência profissional.
Segundo Mantoan (2000) “Eles esperam aprender uma prática inclusiva,
ou melhor, uma formação que lhes permita aplicar esquemas de trabalho pré-
definidos às suas salas de aula, garantindo-lhes a solução dos problemas que
presumem encontrar nas escolas”.
Embora exista um consenso de que a escola precisa mudar adequar-
se a uma nova realidade, preparar-se para a inclusão, sabemos que isso
demanda tempo e muito empenho.
A escola que conhecemos está estruturada com base num sistema de
nivelamento, onde separar é sinônimo de tornar homogêneo.
Assim sendo, disciplinas recebem importância diferenciada, o
conhecimento é fragmentado, a avaliação categoriza os alunos em bons ou
ruins, e as crianças são “normais” ou deficientes.
Para Mantoan (2006) “problemas conceituais, desrespeito a preceitos
constitucionais, interpretações tendenciosas de nossa legislação educacional e
preconceitos distorcem o sentido da inclusão escolar, reduzindo-a unicamente à
inserção de alunos com deficiência no ensino regular”.
Diante do que diz Mantoan, falta seriedade e responsabilidade por
parte daqueles que deveriam estar garantindo os direitos das pessoas com
necessidades especiais á inclusão escolar. Segundo ela, esse fato se dá, por
falta de fiscalização dos pais, das autoridades de ensino e da justiça em
geral que deveria fiscalizar melhor como está sendo feito essa “inclusão”
das pessoas com deficiência nas escolas.
Essas escolas se mantêm numa postura ultrapassada sobre a
inclusão, o que permite atitudes e interpretações equivocadas por parte dos
seus profissionais que produzem a exclusão dos alunos.
Isso nos mostra, o quanto se tem ainda que caminhar e lutar, para
garantir que num futuro bem próximo as pessoas com deficiência possam
realmente estar incluídas na sociedade e nas escolas regulares, usufruindo
de todos os direitos que lhe confere a lei, o direito de ser cidadãos.
Segundo Pires (2006), Uma prática social de inclusão supõe o
abandono definitivo de práticas e relações sociais discriminatórias,
inscrito num profundo processo de mudanças atitudinais de uns em
relação aos outros.
Numa sociedade na qual os valores se alicerçam nas relações de
poder, na exploração do trabalho de uns para manter outros nesse poder,
as diferenças sociais estão consolidadas na compreensão, de que existe
uma separação natural da sociedade na qual, alguns, os mais letrados e
mais ricos “merecem” melhores condições e oportunidades. Enquanto os
outros, aqueles menos letrados e pobres, devem se contentar com as
“sobras”, ou com aquilo que a sua condição e incompetência permitem
alcançar. Essa visão cruel de separação entre seres humanos, nega a
igualdade de direitos na sociedade.
No que se refere às pessoas com deficiências essa separação se faz
mais patente, pois numa sociedade consumista ser diferente significa
produzir menos, conseqüentemente, essas pessoas são consideradas
inadequadas ou inaptas aos propósitos da produção e geração de renda.
Nesse entendimento, a sociedade é a primeira fonte geradora da exclusão.
Portanto, seria necessária uma mudança profunda na própria
sociedade com vistas a garantir os direitos de todas as pessoas a todos os
bens nela existentes.
No que diz respeito às escolas, os valores sociais se reproduzem
através do preconceito em relação às diferenças. As pessoas são
classificadas segundo critérios, que podem levar ao entendimento de
adequados ou não, aptos ou não. Tais critérios, fundamentados no conceito
de normal ou deficiente, tem servido aos propósitos da escola para justificar
a falta de preparo dos professores e dela mesma para receber as pessoas
deficientes.
Assim, seguem praticando a exclusão da pessoa deficiente de forma
justificável.
Observe esse Diálogo:
Mãe para a moça da secretaria:
“Moça eu quero matricular o meu filho”
Moça da secretaria olhando a criança da cabeça aos pés:
“Essa criança ouve? Ela fala? Enxerga? Sabe comer só? Pode andar? Vai ao
banheiro sozinho?
Mãe para a moça: “O nome dele é Pedro, tem 9 anos ouve e enxerga bem,
tem problemas de fala e precisa de ajuda para andar, comer e ir ao
banheiro. O meu filho tem paralisia cerebral porque demorou a nascer, mas
ele não é retardado mental não”.
Moça para a mãe: “Olhe, a senhora volte amanhã pra falar com a diretora,
hoje ela não está aqui”
Mãe: “Moça, eu já estive em outras escolas antes dessa, estou cansada de
ouvir desculpas, é a diretora que não está não tem professor, ou não tem
vaga”.
Moça da secretaria: “A senhora precisa voltar amanhã para falar com a
diretora, isso não significa que não há vaga para a sua criança. A diretora
faz questão de atender pessoalmente as crianças que têm algum tipo de
necessidade especial”
Perguntamos:
• Você já presenciou a negação de vagas para crianças com
deficiência na sua escola?
• Se já presenciou qual foi a sua atitude?
• Ficou calada afinal essa criança poderia vir para você “cuidar”?
• Ou aproveitou para conversar com os seus colegas sobre a
necessidade de dar continuidade à sua formação para melhor atender
as necessidades especiais de aprendizagem da criança com
deficiência?
Entende-se que há necessidade de uma mudança ampla e profunda
na sociedade, mas, não há como esperar que se mude toda uma sociedade
com tudo o que isso significa, para só então resolver questões tão urgentes
como a inclusão, e que continua se arrastando indefinidamente. Todas as
pessoas deficientes ou não, tem diretos constitucional à humanidade com
dignidade e cidadania.
A escola, na sua significação cultural e no discurso político é a base
para a formação do cidadão consciente dos seus deveres e direitos, sendo
ela própria, direito de todos.
Todos no significado maior da inclusão quer dizer, deficientes ou não,
“todos juntos” sendo obrigação da escola, adequar-se para permitir que
sejam garantidos esses direitos.
Esperamos ter feito uma boa caminhada até este ponto, e juntos
seguiremos. Não se esqueça de visitar sempre a Plataforma Moodle para se
inteirar dos exercícios propostos. Esteja atento (a) ao prazo e horário
determinado para envio da sua resposta.
Resumo da Aula I.II – Nesta aula, conheceremos documentos e veremos um
conjunto de leis e decretos que fornecem a base da legislação que legitima os
direitos da pessoa com deficiência, assim como orienta a sua aplicação.
Teremos a oportunidade de entender também, segundo alguns teóricos, noções
básicas sobre tipos de deficiências, suas características, suas causas prováveis e
como atendê-las.
AULA I.II - GARANTINDO DIREITOS (CONJUNTO DE LEIS)
GARANTINDO DIREITOS (CONJUNTO DE LEIS)
A história tem mostrado em sua
trajetória as muitas injustiças e os descasos
cometidos com as pessoas deficientes.
Para corrigir e garantir os direitos das
pessoas e das crianças com deficiências,
zelar pela sua segurança e determinar
competências que venham assegurar esses
direitos, foram elaborados documentos tanto
nacionais como internacionais, que orientam,
regulam e indicam os caminhos e competências a serem seguidos por
educadores, familiares, governantes e a sociedade em geral. E também,
para impedir a violação desses direitos.
A Convenção dos Direitos da Criança (ONU, 1989), é composta
por 54 artigos que discorrem sobre formas de atender aos direitos das
crianças, enquanto garantem os meios legais para formalizar ações jurídicas
e de cumprimento desses direitos junto aos órgãos administrativos e nas
demais entidades da sociedade.
Alguns desses artigos, ao mesmo tempo em que definem e garantem
os direitos das crianças, fornecem diretrizes para orientação e elaboração
Veja mais material
para enriquecer os seus
conhecimentos sobre esse
assunto em:
portal.mec.gov.br/arquivos/
pdf/politicaeducespecial.pdf
http:/www.direitoshumanos.
usp.br
de políticas públicas e de garantias dos direitos de todas as crianças a
saúde, educação e proteção da sua vulnerabilidade.
Artigo 2: O Estado compromete-se a respeitar e garantir os direitos
contidos nessa convenção a todas as crianças sob a sua jurisdição sem
discriminação alguma independente de raça, cor, sexo, língua, religião, ou
outras condições baseadas nas opiniões políticas, religiões ou crenças dos
seus pais, responsáveis legais ou familiares.
Artigo 3: Todas as decisões relativas à criança adotadas por instituições
públicas ou privadas de proteção social, por tribunais, autoridades
administrativas ou órgãos legislativos, levarão primordialmente em conta o
interesse superior da criança. Comprometendo-se a garantir à criança a
proteção e os cuidados necessários ao seu bem estar, tendo em conta os
direitos e deveres dos pais, representantes ou outras pessoas que a
tenham legalmente sob seus cuidados e tomam todas as medidas cabíveis.
Artigo 6: Os Estados reconhecem à criança o direito a vida e asseguram
medidas que garantam a sobrevivência e desenvolvimento da criança.
Artigo 12: Os Estados garantem à criança o direito de quando capazes de
discernimento, exprimir livremente sua opinião sobre questões que lhe
digam respeito e suas opiniões serão levadas em consideração, de acordo
com sua idade e maturidade.
Artigo 23: Os Estados reconhecem as crianças mental e fisicamente
deficientes o direito a uma vida decente e garantias de condições que
facilitem sua participação ativa na vida da comunidade com autonomia e
dignidade.
O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei 8069/90)
O E.C.A. - aponta no seu artigo 55 que é obrigação dos pais ou
responsáveis matricular os seus filhos na rede regular de ensino. Assim,
como imputa ao Estado, direitos e deveres para com a criança e
adolescente afirmando que: nenhuma criança ou adolescente será
negligenciado, discriminado, exposto a qualquer tipo de exploração,
violência, crueldade ou opressão. Qualquer omissão aos seus direitos será
punida na forma da lei.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei
9394/96) A LDB diz no seu Art. 59, que os sistemas de ensino devem
assegurar aos educandos com necessidades especiais: currículos, métodos,
técnicas, recursos educativos e organizações específicas, para atender as
suas necessidades.
O Art. 58, diz que para efeito dessa Lei, entende-se por Educação
Especial a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na
rede regular.
Esse “preferencialmente”, deu margem a entendimentos diversos.
Pois ao invés de permitir a compreensão de que a Educação Especial
deveria ser um recurso a ser utilizado na própria escola regular para
potencializar e facilitar a aprendizagem do estudante com deficiência levou
ao entendimento, de que poderiam quando fosse necessário, oferecer
Educação Especial para a pessoa deficiente num outro contexto, inclusive
atendimento fora da escola regular.
E com isso, a escola teria desculpas para não aceitar a criança
deficiente na escola alegando não possuir condições para atendê-la.
Desta forma, baseados na lei ou no “preferencialmente” do seu texto,
as escolas encontram base para negar ao deficiente o direito de estudar
junto às demais crianças.
Com esse procedimento as escolas descumprem a lei e continuam
promovendo a exclusão da pessoa com deficiência da escola regular.
Convenção dos direitos da Pessoa com Deficiência (ONU 2008)
Essa convenção estabelece que os Estados devem assegurar a
educação inclusiva em todos os níveis de ensino e criar condições para
garantir o pleno desenvolvimento das pessoas com deficiência. Para tanto
devem criar medidas para: garantir que as pessoas com deficiência não
sejam excluídas do sistema educacional ou ensino fundamental gratuito sob
alegação da sua deficiência, e que possam ter acesso ao ensino
fundamental inclusivo de qualidade em igualdade de condições com os
demais.
Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994)
Essa declaração influencia a criação de políticas públicas e orienta
ações para garantir os direitos da pessoa com deficiência a educação. Na
sua orientação, traça o perfil das escolas inclusivas como: aquela na qual
todas as crianças aprendam juntas, independente das suas deficiências.
Essa escola deve adaptar-se para satisfazer às necessidades e
peculiaridades dos seus alunos, adequando currículos e métodos de ensino,
organizando a escola e criando recursos que venham garantir um bom nível
de aprendizagem dos seus alunos.
Lei de Acessibilidade (Lei 10.098/2000)
Essa Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para promoção
da acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e dá
outras providências.
Defende os direitos da pessoa com deficiência nas questões da
acessibilidade: na retirada de barreiras arquitetônicas, adequação de
mobiliário, garantia de acesso a informação, comunicação e suporte técnico
que venha a possibilitar condições de ingresso e permanência no ensino
público até a conclusão dos seus estudos. Garantia de livre acesso a todos
os setores públicos e ambientes sociais.
Veja o que diz a lei de acessibilidade:
“Garantia de livre acesso a todos os setores públicos e ambientes sociais”.
Vamos comparar o que diz a lei com a realidade?
Observe a imagem e compreenda a distancia entre a lei e realidade
da pessoa com deficiência:
Figura: Werner K. S. Soares
Caro (a) aluno (a),
Deparando-se com a situação do quadro, o que faria você?
• olharia para o outro lado, pois considera que não é problema seu?
• procuraria saber do cadeirante se ele quer ajuda?
• chamaria um guarda ou o dono do carro que está bloqueando a rampa de
acesso à cadeira de rodas?
Portaria do MEC – (MEC, 1.679/99) Essa Portaria dispõe sobre
requisitos de acessibilidade a pessoa com deficiência para instruir processo
de autorização e de reconhecimento de cursos e de credenciamento de
instituições. Essa portaria determina que: na avaliação para fins de
autorização renovação ou credenciamento de instituição de ensino superior,
esta deve obedecer e apresentar requisitos de acessibilidade para atender a
pessoa com deficiência.
A Constituição Federal garante a todos, o direito a educação, com
igualdade de oportunidades e diz que é dever do Estado criar condições
para que todos possam ter acesso á escola e nela permanecer,
buscando alcançar os níveis mais altos de escolaridade de acordo com
suas condições e competências.
Portanto, a escola deve atender aos princípios da Constituição, dando
a todos iguais oportunidades de acesso a escola.
Ao garantir a todos o direito á escola com dignidade e igualdade, a
Constituição Federal adverte que nenhuma escola pode excluir ninguém em
função de sua cor, origem, sexo, deficiência ou ausência de deficiência sob
pena de ferir o que diz a Constituição, além de ser alvo de punição caso
venha a descumpri-la.
Você é personagem importante para mudar essa realidade marcada
pelas varias faces do preconceito em nossa sociedade. No seu papel de
educador, não há de faltar oportunidades para conversar com seus alunos
sobre as pessoas ou colegas deficientes, explicando-lhes porque são
“diferentes”.
Dessa forma, você estará dando aos seus alunos, a oportunidade de
tornarem-se cidadãos mais humanos e capazes de conviver com a
diversidade.
Caro (a) aluno (a)
Quando a Constituição garante a educação para todos, não significa
que se deve apenas juntar crianças num mesmo espaço, e sim, recebê-las
num mesmo ambiente, sendo este livre de empecilho ao seu
desenvolvimento e apropriado ás suas necessidades, sejam elas, de
locomoção, comunicação, visão, audição ou outras.
Neste entendimento, a diversidade favorece a interação entre as
pessoas e possibilita o desenvolvimento da cidadania.
Encontramos na Constituição atual, que a pessoa com deficiência
deve receber atendimento educacional especializado de preferência na
escola regular. Diferente da Constituição anterior, onde a pessoa com
deficiência independente da sua deficiência era encaminhada ao
atendimento na educação Especial, que substituía os serviços educacionais.
A Constituição não admite o oferecimento do ensino fundamental em
local que não seja escola. A recomendação é que a pessoa com deficiência
deve receber atendimento especializado na própria escola, junto às crianças
“normais” de idade cronológica igual é só em situações excepcionais,
receberá outro tipo de atendimento fora da escola regular.
Acrescentando que esse atendimento, não substitui o ensino na
escola regular.
O atendimento especializado será o complemento ou ferramenta que
atenderá às suas especificidades visando eliminar ou minimizar as
dificuldades enfrentadas por essas pessoas para aprender e se relacionar
com o seu ambiente.
Tais ferramentas ou complementos são o ensino da Língua Brasileira
de Sinais (Libras), o código Braile, informática e outras tecnologias para
facilitar novas formas de comunicação, sem esquecer, de mencionar aqui, a
importância de se eliminar as barreiras arquitetônicas para facilitar a
locomoção das pessoas com mobilidade reduzida.
A Cartilha elaborada pelo MEC (Cartilha MEC, PFDC. 2004) facilita
o entendimento sobre o tipo de ferramentas que a escola deve dispor, para
atender às especificidades e particularidades do aluno com deficiência no
ensino regular.
Como segue:
- O ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras)
- Interpretação de Libras
- Ensino da língua Portuguesa para surdos
- Sistema Braile
- Orientação e mobilidade
- Utilização do soroban
- Ajudas técnicas/Informática Adaptada
- Mobilidade e comunicação (alternativo-aumentativa)
- Tecnologias Assistivas
- Informática Educativa
- Educação Física Adaptada
- Enriquecimento e aprofundamento do repertório de conhecimento
- Atividades da vida autônoma e social.
Com essas medidas, a escola estará se adequando para receber esses
novos alunos tornando possível sua permanência, sem que seja preciso
encaminhá-los para outros atendimentos fora da escola.
Atualmente, há um novo entendimento sobre o papel da Educação
Especial, esse refere que as instituições que ainda oferecem atendimento de
Educação Especial têm agora o papel de preparar as crianças com
deficiência oferecendo recursos educacionais e de apoio, para colocá-las na
escola regular junto às crianças “normais”.
Isso não quer dizer que as Escolas Especiais vão acabar, sabe-se que
há situações, nas quais os pais da criança deficiente preferem mantê-la fora
da escola regular. Alguns desses pais consideram que o seu filho terá na
Educação Especial, o atendimento mais adequado à sua deficiência, e
também não estão preparados para colocá-los junto a outras crianças.
Alguns não acreditam que o filho será bem aceito pelos demais nem
que a professora do ensino regular possa atendê-lo nas suas necessidades.
Sabe-se também, de casos em que a família da criança “normal” não
aceita com facilidade essa integração do seu filho com a criança deficiente.
No entanto, acredita-se que essa é uma situação especial, na qual a
diversidade promove a interação entre os pares favorecendo o
desenvolvimento e o respeito pelo outro, num exercício de humanidade e
cidadania.
Concluindo essa aula, esperamos que este estudo tenha contribuído
para o seu entendimento sobre os temas trabalhados.
Não se esqueça de visitar a Plataforma Moodle para saber qual o
exercício a ser feito. Observe atentamente a data e a hora determinada
para o envio da sua resposta.
Resumo da Aula I.III – Nessa aula, veremos um breve esboço do que tem sido
para o deficiente, conviver com o preconceito e como ele continua real na sua
vida e também, a definição de deficiência segundo alguns autores.
AULA I.III DEFICIÊNCIA E PRECONCEITO/CRIANÇA DEFICIENTE
DEFICIÊNCIA E PRECONCEITO/CRIANÇA DEFICIENTE
Durante muito tempo as pessoas que nasciam com alguma
deficiência eram afastadas da sociedade e mantidas em casa “escondidas”.
Esses deficientes eram vítimas da ignorância das pessoas que os
consideravam como: aberrações, demônios, pobres coitados, ou pessoas
amaldiçoadas.
Com o avanço da ciência, o saber médico sobre as deficiências
começa a ser produzido e as deficiências são estudadas e consideradas
como desvios ou de causas orgânicas. Assim, essas pessoas deixam de ser
vistas como demônios ou aberrações, mas, continuam a ser diferentes, e
ser diferente em muitas situações significa ser inadequado, inapto, anormal,
doente ou deficiente.
Os deficientes tornaram-se tratáveis e de interesse dos médicos. Para
eles, os deficientes poderiam ser treinados tinham direito a essa educação.
A partir da idéia de tratamento das deficiências dá-se o nascimento
dos processos de reabilitação e educação. A história tem mostrado que os
processos de reabilitação e educação das pessoas com deficiência têm como
finalidade, adaptá-las, moldá-las, classificá-las e modificá-las, com o
interesse maior de corrigir.
Esses são propósitos da integração e papel da Escola Especial.
Nessa escola, o principio norteador é de que as pessoas com
deficiências devem fazer parte da sociedade, desde que se adaptem a ela,
às suas normas e valores sociais. Nesse caso, é preciso prepará-las para a
integração.
Trazendo as últimas colocações para a situação atual da educação,
chegamos ao ponto principal no qual a luta é dar à pessoa com deficiência o
direito de passar desse “estado” de preparação da integração infindável na
Educação Especial, e possibilitar de uma vez por todas, a sua inclusão de
fato e de direito no ensino regular.
Criança Deficiente
CAUSAS DAS DEFICIÊNCIAS: (Rodrigues, UFPB)
Pré-Natais: (antes do nascimento).
Genética: mal-formações congênitas, alterações cromossômicas e outros.
Ambientas: viroses (rubéola) radiações, desnutrição, exposição da mãe a
agentes agressores.
Peri–Natais: (durante o nascimento).
Traumatismos obstétricos, hemorragias, pós ou pré-maturidade,
incompatibilidade sanguínea.
Pós – Natais: (depois do nascimento).
Viroses, infecções, poliomielite, meningites, desnutrição, carência afetiva e
emocional, acidentes traumáticos.
Definição de criança deficiente aceita internacionalmente. Fonseca
(1989).
CRIANÇA DEFICIENTE é aquela que se desvia da média ou da criança normal
em:
Características mentais
Aptidões sensoriais
Características neuromusculares e corporais
Comportamento emocional e social
Aptidões de comunicação
Múltiplas deficiências, até ao ponto de justificar e requerer a modificação das
práticas educacionais ou a criação de serviços de educação especial no sentido de
desenvolver ao máximo as suas capacidades.
Na compreensão do autor, essa definição torna-se necessária, a fim de garantir a
igualdade de oportunidades educacionais para todos deficientes ou não.
No seu entendimento, tal enquadramento se justifica, porque torna possível
reconhecer qual a necessidade da criança e qual a abordagem educacional que
melhor irá atendê-la.
NOÇÕES BÁSICAS SOBRE TIPOS DE DEFICIÊNCIAS
Mazzotta (1982)
Ainda Mazzotta, o aluno com deficiência física em sua maioria se
beneficia com os serviços escolares comuns, desde que a escola lhe
proporcione condições de acesso e livre movimentação na escola.
DEFICIÊNCIA AUDITIVA:
Segundo o Decreto (3.298/1999), deficientes auditivos são pessoas
que apresentam perda de audição de:
De 25 a 40 Decibéis (D.B.) - Surdez Leve
De 41 a 55 (D.B.) - Surdez Moderada
De 56 a 70 (D.B.) - Surdez Acentuada
De 71 a 90 (D.B.) - Surdez Severa
Anacusia Profunda
Para que possam ter acesso à informação e a comunicação, as
crianças com deficiência auditiva ou surdez necessitam de:
Prótese auditiva
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
Interpretação de Libras
Ensino da língua portuguesa para surdos
Recursos técnicos e visuais.
DEFICIÊNCIA FÍSICA
As crianças com deficiências físicas são aquelas que possuem limitações na sua
capacidade de locomoção, postura ou uso das mãos, ou ainda limitação do vigor,
vitalidade e agilidade e por isso seu aproveitamento escolar acha-se comprometido.
DEFICIÊNCIA VISUAL:
Deficientes visuais são crianças que por causas congênitas ou
hereditárias sofreram diminuição ou perda da resposta visual, de forma
parcial ou total.
A deficiência visual pode ser:
Leve
Moderada
Profunda
Severa
Perda total da visão (cegueira)
O aluno com deficiência visual necessita de:
Leitura ampliada (baixa visão),
Sistema Braile (cegos)
Reglete (régua composta por celas, fundamental para a escrita em Braile)
Orientação e mobilidade
Informática adaptada (ajudas técnicas)
Bengala e/ou cão guia.
PREVENÇÃO
Ainda Rodrigues (UFPB)
Exames pré-nupciais, campanhas informativas, ações e políticas voltadas à
comunidade, atendimento médico e preventivo, aconselhamento familiar.
Ao concluir essa aula, esperamos que tenha feito uma boa leitura do
material e que se sinta motivado a querer saber mais sobre esse assunto.
Esteja sempre antenado sobre a possibilidade de aprender mais, buscando
pesquisar assuntos que possam enriquecer a sua bagagem como
profissional. Lembre-se, é importante observar a data e hora estipulada
para entrega dos exercícios. Visite sempre a Plataforma Moodle.
Bom estudo!
Resumo da Aula I.IV – Nesta aula, veremos a problemática enfrentada pelos
professores frente à inclusão da criança com deficiência na escola regular.
Acompanharemos a partir da visão de alguns teóricos, como eles vêm essa
problemática e as soluções apontadas para enfrentá-las, sendo a principal delas,
a formação continuada para os professores.
AULA I.IV - FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Ao falar sobre a formação do professor, não se tem aqui, a intenção
de fazer nenhuma revisão histórica sobre a mesma. Apenas, entender à luz
de alguns estudiosos sobre o assunto, como eles vêm essa formação, a
partir da necessidade urgente de mudanças e de aquisição de
competências, para dar conta da grande responsabilidade que é receber
esse novo aluno, partindo-se do princípio, de que os professores não estão
capacitados para atender às necessidades educacionais e de
desenvolvimento desses alunos.
Sabemos que os professores na sua maioria encontram-se, digamos,
limitados ao uso de uma metodologia que não deixa margem para a
criatividade e participação dos seus alunos. Nessa, o mais importante é
cumprir com o calendário escolar, dar o conteúdo, fazer avaliações, enfim,
cumprir com a tarefa que lhe foi entregue que é a educação daquelas
crianças.
A formação continuada para professores é fundamental e sem
sombra de dúvidas, a oportunidade que terão, para agregar novos
conhecimentos que possam vir a facilitar uma tomada de consciência
possibilitando repensar conceitos e modificar posturas arcaicas.
Dito dessa forma, não parece difícil, mas, a experiência é nova para
muitos, o professor na sua maioria não está capacitado para receber a
criança com deficiência, e há também, famílias que não aceitam com
facilidade essa integração.
Mas, a escola inclusiva esse novo modelo de escola, traz no seu bojo,
muitas preocupações e inquietações para todos: professores, pais de
alunos, demais profissionais da escola e a sociedade como um todo.
É patente que a pessoa com deficiência tem o direito assegurado por
lei, e deve estar na escola regular. Não mais na Escola Especial preparando-
se para a integração e posterior inclusão.
É exigido do professor, que ele tenha competência para receber a
pessoa com deficiência, seja qual for o tipo de deficiência e ensiná-lo,
educá-lo, socializá-lo, prepará-lo para ser uma pessoa competente e capaz
de reivindicar os seus direitos na sociedade, torná-lo um cidadão.
Segundo Freitas (2006, pg. 168)
a formação obtida atualmente no Brasil, não capacita os
professores para dar conta do desenvolvimento dos seus
alunos como pessoas, promover a sua aprendizagem, nem
torná-los capazes de adquirir conhecimentos, para participar
com igualdade dessa sociedade competitiva.
Ainda segundo esse autor é necessário que se produzam mudanças e
não adaptações. Mudanças nos currículos incluindo temas referentes à
pessoa com deficiência, características peculiares ao seu desenvolvimento e
forma de aprendizagem.
No Manual sobre Educação Inclusiva (MEC/PFDC, 2004) há uma
colocação feita pelos elaboradores sobre o possível entendimento
equivocado dos professores a respeito do documento não levar em
conta a experiência profissional do professor.
Os elaboradores têm consciência de que a proposta apresentada
no documento pode gerar essa compreensão.
Mas enfatizam que com a experiência que têm, os professores
podem fazer um bom trabalho de transformação no seu ambiente de
trabalho para receber todas as crianças.
Veja o
detalhamento
desse assunto
na página
www.prgo.mp
f.gov.br/cartil
ha acesso
deficientes.p
Quando se fala em transformar o ambiente de trabalho, entende-se
aqui, um movimento amplo, no qual todos estão envolvidos e cada um tem
consciência do seu papel nessa engrenagem.
Esse movimento demanda muita vontade e determinação para
assumir, que cada um pode ser a ponte, o facilitador, aquela pessoa que, ao
se deparar frente ao novo, resolve experimentá-lo, e aprender com ele.
Segundo Vygotsky (1996) o sujeito é interativo e o seu
desenvolvimento se dá através das relações inter e intrapessoais e de troca
com o meio. É assim para todas as pessoas, inclusive com as pessoas
deficientes.
Para esse autor, as pessoas com deficiências passam por todas as
etapas do desenvolvimento da pessoa “normal” só que em ritmo e caminhos
diferentes.
Na compreensão de Vygotsky, as crianças que possuem habilidades
parciais, podem desenvolvê-las por completo com a ajuda de companheiros
mais experientes (zona de desenvolvimento proximal).
Esse entendimento se presta à situação da pessoa com deficiência no
ensino regular, onde a interação com as demais crianças assim como com o
professor funcionando como mediadores facilitam a aprendizagem e o
desenvolvimento da pessoa deficiente.
Preocupando-se em combater as desigualdades e a exclusão no
sistema educacional e com foco central nas pessoas com deficiência no
ensino regular, a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação
desenvolveu um material que recebeu o nome de “Educar na Diversidade”,
para orientar a formação docente.
São orientações do Educar na Diversidade (2006) desenvolver
escolas para todos através do desenvolvimento de políticas e práticas
escolares inclusivas a fim de combater a exclusão educacional e social
e responder à diversidade estilos e ritmos de aprendizagem
existentes nas escolas.
Veja o
detalhamento
desse assuvnto
no portal
mec.gov.br/ind
ex
Formar e acompanhar docentes de 144 municípios - pólo para o uso
de metodologias do ensino inclusivo nas salas de aula das escolas da rede
regular de ensino.
Preparar gestores equipe de apoio e a comunidade escolar em geral,
incluindo os familiares, para apoiar o desenvolvimento docente.
Transformar o ambiente escolar tornando-o mais acolhedor, onde o
processo de aprendizagem tenha o envolvimento e a colaboração de todos.
Formar redes de intercambio e disseminação de experiências bem
sucedidas para facilitar o engajamento de novos educadores no processo de
transformação do sistema educacional brasileiro.
Para atender aos objetivos do movimento da educação para todos o
projeto Educar na Diversidade, na sua preocupação com aqueles alunos que
em decorrência da sua condição especial ou diferença estão sob risco de
exclusão nas escolas, traz na sua composição, aquilo que podemos chamar
de “ferramentas.
Essas ferramentas vão possibilitar aos professores em formação,
aprender como ensinar de forma mais ativa e participativa, e a promover
situações de aprendizagens nas quais os estudantes têm papel ativo. Tanto
na cooperação quanto na troca de informações entre os pares deficientes ou
não, o que favorece o processo de aprendizagem e o desenvolvimento da
autonomia, levando assim, à valorização pessoal e sentimento de pertencer.
Ao concluir mais essa aula, esperamos que tenha aproveitado
bastante as informações trabalhadas e que mantenha o interesse para
acompanhar a próxima unidade do curso. Continue cumprindo os prazos
para entrega dos exercícios.
Bom estudo!
REFERÊNCIAS - UNIDADE I
BARBOSA, V.L.B. O desafio das estratégias inclusivas no cotidiano escolar
João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2008.
BARBOSA, V.L.B. Saber fazer: práticas inclusivas. João Pessoa: Editora
Universitária da UFPB, 2008.
BARROSO, J. Incluir, sim, mas onde? Para uma reconceituação
sociocomunitária da escola pública. São Paulo: Summus, 2006.
BRASIL. Ministério Público Federal. O Acesso de alunos com deficiência ás
escolas e classes comuns da rede regular. 2 ed. Brasilia: Procuradoria Federal
dos Direitos do Cidadão, 2004.
Brasil. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na
Pesrpectiva da Educação Inclusiva. Brasilia, 2008.
DUK, C. Educar na diversidade: material de formação docente. 3 ed. Brasilia:
MEC. SEESP, 2006. 266 p.
FERREIRA, W.B. Inclusão X exclusão no Brasil: reflexões sobre a formação
docente dez anos após Salamanca. São Paulo: Summus, 2006.
FREITAS, N.S. A formação de professores na educação inclusiva:
construindo a base de todo o processo. São Paulo: Summus, 2006.
MAGALHÃES, A.M.; STOER, S.R. Inclusão social e a “escola reclamada”. São
Paulo: Summus, 2006.
MANTOAN, M.T.E. Todas as crianças são bem-vindas à escola: Universidade
Estadual de Campinas/Unicamp Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e
Reabilitação de Pessoas com Deficiência – LEPED/FE/Unicamp. Campinas, 2000.
MANTOAN, M.T.E. O direito de ser, sendo diferente, na escola. São Paulo:
Summus, 2006.
MAZZOTTA, M.J.S. Fundamentos de Educação Especial: Série Cadernos de
Educação. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1982.
RODRIGUES J.M.C. Etiologia – Causas das Deficiências: material instrucional.
João Pessoa: (UFPB/CE/DHP/PPGE), 2003.
VYGOTSKY, L.S. Interação entre aprendizado e desenvolvimento. São Paulo:
Martins Fontes, 1989.
Resumo da Unidade II – Nessa segunda unidade da nossa disciplina
buscaremos entender o que são os paradigmas, como surgem, e sua
repercussão principalmente na educação. Caminharemos com alguns autores
que nos apontam novas possibilidades de comunicação e aprendizagem com o
surgimento da nova era que denominam “era do ensino digital”, e voltamos a
colocar aqui, a importância da formação continuada do professor e também do
seu papel, para poder acompanhar o aprender do seu aluno nesse “navegar”
da aprendizagem interativa.
Resumo da Aula II.I – Nesta aula, veremos o que é um paradigma, porque
surgem e como seu surgimento afeta a sociedade. Procuraremos entender ainda,
segundo alguns autores, porque a educação se ressente diretamente a cada
novo paradigma que surge.
UNIDADE II – EDUCAÇÃO INCLUSIVA: NOVOS PARADIGMAS NA ERA
DAS NOVAS RELAÇÕES
AULA II.I – NOVOS PARADIGMAS
Começaremos a II Unidade do nosso curso com a seguinte pergunta:
o que vem a ser “novos paradigmas na era das novas relações”? Do que
estamos falando?
Primeiramente entenderemos aqui, que paradigma se refere a
“modelo” (valores, crenças, conceitos, idéias acerca da realidade).
A literatura tem mostrado que a educação tem sido regida por
modelos através dos tempos.
Segundo Santana (2009) “a sociedade está em constante mudança
em seus aspectos sociais, culturais, e políticos provocados pelo capitalismo
que traz consigo a propriedade de gerar novos paradigmas a cada
mudança”.
Compreendemos então, que os acontecimentos importantes nas
diversas áreas do conhecimento como as descobertas na ciência, na indústria,
na política e até as guerras, todos eles produzem transformações que se
apresentam em maior ou menor escala mundial ou nacional, e que essas
transformações geram novos paradigmas, que por sua vez provoca mudanças
na sociedade. Essa sucessão de acontecimentos e descobertas é cada vez
mais rápida e transitória, trazendo consigo novas tecnologias que modificam,
aprimoram e permitem novas formas de relacionamento humano e de
aprendizagens.
Ainda Santana (2009)
a escola sempre esteve atrelada ao sistema produtivo,
identificando-se e reproduzindo sua ideologia, supre suas necessidades e força de trabalho. No entanto, a escola tem
enfrentado problemas de adaptação por não conseguir
acompanhar as constantes mudanças da sociedade geradas
por esse mesmo sistema que ajuda a suprir.
Contextualizada num modelo tradicionalista, a escola ainda concebe
uma educação na qual o professor é o dono do saber e o aluno o receptor.
Assim, distancia-se das mediações, das novas relações humanas e
das novas formas do aprender.
Trazendo consigo ao longo dos tempos a incumbência de ensinar e
tornar educados os seus alunos, nesse educar, está embutido além dos
conteúdos pedagógicos, os valores e crenças que formam o seu perfil e a
caracterizam e que são adotados nos seus métodos educativos.
Podemos entender porque para a escola torna-se difícil acompanhar
com a mesma velocidade as mudanças que ocorrem no social. Afinal, não
se troca de valores, principalmente os morais, há cada mudança que ocorre
no meio social. Mas, a rigidez impossibilita o salto qualitativo que pode
advir da adesão ás novas formas do aprender com base na aplicabilidade
das novas tecnologias a serviço da comunicação e da aprendizagem
interativa.
As novas tecnologias reclamam nova postura da escola, redefinição
do papel do educador para dar conta do novo aluno que surge nesse
processo.
Assim sendo, o conhecimento precisa ser aprimorado constantemente
e alguns conceitos, costumes e formas de ver e sentir a realidade seja em
que área for, devem ser revistos, modificados ou até mesmo descartados
para que seja possível acompanhar as transformações da sociedade que
afetam a educação.
Entendemos que na atualidade novo paradigma se apresenta e com
ele, a promessa de novas formas de mediação da aprendizagem, a
interação e a comunicação mediada pela internet.
Tenho observado em ocasiões diversas, que as pessoas utilizam
freqüentemente em sua fala a expressão “não tive, ou não tenho tempo,”
parece que o tempo encurtou, ou são os nossos afazeres que não cabem no
“tempo”. Isso remete, à constatação de que não se pode negar as
vantagens e possibilidades que trazem as novas tecnologias para auxiliar e
gerenciar melhor esse “tempo”, nem desconsiderar a sua importância como
veiculo de comunicação e também da interação a serviço da aprendizagem.
No entanto, sendo um poderoso “veículo” de comunicação é
necessário ter cautela, reconhecer o valor das novas tecnologias numa
sociedade cada vez mais informatizada, sem deixar também, de preocupar-
se com a repercussão alcançada pelas novas tecnologias no meio social e a
larga aceitação das suas possibilidades, inclusive, pelo público mais jovem.
Segundo autores como Nascimento (2005) esse veículo de
comunicação, é também uma poderosa ferramenta de disseminação de
idéias e informações que podem trazer nas entrelinhas discursos ideológicos
alienantes que impossibilitam perceber a sua real intenção.
Seguindo o pensamento do autor o educador pode utilizar no espaço
educativo o exercício de reconhecimento do que está nas entrelinhas do
discurso da mídia, buscando através da reflexão e argumentação facilitar no
educando a capacidade de perceber a real intenção da mensagem da mídia.
Dessa forma o educador estará contribuindo com a formação de um cidadão
crítico e menos alienado.
Oliveira (2003) concorda que as novas tecnologias devem ser vistas
com certo cuidado devido ao leque de experiências, permissões e
possibilidades que oferece.
Segundo Leonardo (2010) “a educação, nessa era da informação e da
tecnologia virtual abre um universo novo, cheio de novos paradigmas e formas de
interação social, bem como novos paradigmas científicos e sua influencia na
concepção de tecnologia aplicada à educação”.
Ainda Leonardo, “o espaço da multimídia na educação a distancia, a
multimídia interativa com base no computador e telecomunicações, e a proliferação
dos mutimeios aos novos desafios da educação no mundo contemporâneo trazem
cena uma nova realidade de interação social”.
Segundo Beauclair (2008) “se entre nós a mudança se presentifica,
precisamos de novas reflexões sobre o autorizar-se e o inscrever-se”.
Ainda Beauclair, “autorizar-se e inscrever-se é um grande desafio ao
nosso aprender a transitar, ampliando parcerias e espaços que fomentem
nosso desejo de mais saber, que nos leva a procura por construir nossos
próprios movimentos de saber fazer, ampliando nossas perspectivas de
trabalho e nos “auto-convocando” a enfrentar o desafio de aprender a
transitar por outros campos de ações humanas e de conhecimentos, onde
as múltiplas interações, presentes nas atividades humanas, nos tragam
aprendizagens de fato significativas”.
O “autorizar-se e inscrever-se” colocado pelo autor, nos fala que é
preciso querer, assumir consigo o compromisso de buscar o que falta para
torná-lo um profissional mais atualizado e competente naquilo que faz.
O “auto-convocar” refere-se ao desejo, para que se consiga realizar algo, é
necessário que se tenha o desejo de fazê-lo, só assim é possível consegui-lo.
Já o “transitar” referido pelo autor nos faz pensar no seu significado real,
que seria o de ir e vir naturalmente na busca de novos conhecimentos nas
diversas áreas do saber para complementação do nosso saber.
Compreendendo melhor:
Sabemos que a realidade na educação muitas vezes impõe condições
adversas ao professor, que dificultam essa liberdade de ir e vir de que se
fala, mas o permitir-se, é exatamente não deixar que as dificuldades sirvam
de desculpas para não ir e vir.
Você poderia dizer também, que as escolas não têm computador e
muitas vezes quando têm os professores e demais funcionários não sabem
utilizá-lo.
Acompanhe o relato:
Tenho observado que muitos dos professores meus alunos do curso de
especialização, na hora em que estão formando grupos para trabalhar os
seminários, têm a preocupação em escolher para o seu grupo alguém que
tenha computador e também saiba digitar.
Preocupação perfeitamente normal, afinal, nem todos têm condições de ter
um computador. Mas, não era apenas isso, fiquei curiosa e perguntei
quantos tinham computador? A resposta foi apenas seis em uma turma de
32 alunos.
Perguntei então quem tinha acesso a algum computador e a resposta, foi
que a maioria tinha algum amigo ou parente, ou mesmo namorado que
tinha computador e poderia usá-lo. No entanto, faltava a “prática” segundo
eles, mal sabiam “fazer” um documento, é “catando milho” com um dedo só.
Acessar a internet na escola (quando tem) nem pensar, não é permitido e
também falta a prática para pesquisar na internet. E se for na “lan” acaba o
tempo e agente não consegue achar o assunto que quer.
A experiência relatada aconteceu há dois anos, diante das
mudanças aceleradas por que tem passado a sociedade para
acompanhar as exigências das novas tecnologias de uma sociedade
cada vez mais informatizada, pergunto:
• Você acha que esse quadro relatado já mudou, ou está mudando?
• As escolas estão se adequando para atender as exigências dessa nova
realidade?
• Os professores estão investindo na sua formação continuada?
Respondendo as perguntas:
Segundo dados de pesquisa realizada por Coelho (2008) “o campo
das novas tecnologias é ainda um universo inexplorado, até então, pelo
professor, que sequer fez uso de tais tecnologias em sua formação
acadêmica”.
Percebe-se que as escolas ainda não estão prontas para a era das
novas tecnologias, e aquelas que possuem laboratório de informática nem
sempre fazem uso do mesmo por não possuir um funcionário que faça o
apoio técnico aos alunos e professores, assim como, os professores carecem
de formação em informática.
Do que tem sido observado nas leituras, as escolas continuam não
fornecendo espaços para a formação continuada do professor.
O que se tem visto é um esforço de alguns professores que buscam
por conta própria se atualizar na medida do possível.
Ao concluir essa aula esperamos que os conteúdos aqui apresentados
tenham despertado o seu interesse. Lembre-se, organizar o seu tempo é
importante para se dedicar melhor às leituras e postagem dos exercícios
respondidos dentro dos prazos, observando sempre a data e a hora
indicada.
Bom trabalho!
Resumo da Aula II.II – Nessa aula veremos segundo a ótica de alguns
autores, novas possibilidades de comunicação e aprendizagem que trazem
consigo as novas tecnologias do ensino digital Veremos ainda, a importância do
papel do professor, que chamado a participar ativamente dessa nova era, deve
buscar novos conhecimentos e aprimorar-se, para promover e acompanhar o
processo de crescimento dos seus alunos na aprendizagem interativa.
AULA II.II – NOVAS POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO E
APRENDIZAGEM COM O SURGIMENTO DA NOVA ERA DO ENSINO DIGITAL
Nota-se que a internet toma cada vez mais espaços na sociedade e
no mundo, reconhecida e imprescindível para muitos que têm nela seu
veículo de trabalho, é também vista por outros com certa reserva e porque
não dizer, certo temor.
Esse novo veículo de comunicação trouxe consigo tantas
possibilidades, que às vezes nos surpreendemos falando (teclando) “estarei
aqui amanhã” estando noutro estado ou país.
Mas, me atendo à área da educação, e voltando ao ponto em que falo
da “reserva” de alguns em relação à internet, esses, colocam que na
educação nesse novo veículo os vínculos entre as pessoas não são
favorecidos, o relacionamento é impessoal e dificulta a formação de grupos
de estudos e discussão.
Capistrano diz que, ao contrário, o uso de computadores ligados em
rede potencializa ainda mais as possibilidades de trocas entre alunos e
professores de diferentes contextos culturais e sociais propiciando a
diversidade tão necessária ao desenvolvimento da inteligência e da
comunicação individual e coletiva.
Na visão do autor, o que muda substancialmente é a forma como a
aprendizagem acontece, muda a postura do aluno que só recebia a
informação e a do professor que só transmitia, a aprendizagem é construída
por todos os atores.
É necessário perceber, que essa nova era traz novas possibilidades de
comunicação e aprendizagens que priorizam o hoje, a velocidade com que
as informações são construídas e propagadas através da mídia, exige o
aliar-se a essa nova realidade, pois os alunos há muito já possuem
intimidade com o teclado, o joystick e as salas virtuais de bate-papo.
Aprendendo a utilizar a mídia a favor da aprendizagem o professor
descobrirá que não há mais tempo para o método eu sei você aprende que
o saber é coletivo e o futuro é agora.
É impossível negar que há necessidade urgente de adequações em
todos os âmbitos para dar conta das exigências das novas tecnologias.
Para Silva (2000) “a escola não se encontra em sintonia com a modalidade
comunicacional emergente, ela continua alheia as novas tecnologias comunicacional
e ao perfil do novo espectador”
Segundo o autor, “para enfrentar o desafio de mudar essa tradição, o
professor encontra no tratamento complexo da interatividade, os fundamentos da
comunicação, que potencializam um novo ambiente de ensino e aprendizagem.”
Na perspectiva da interatividade, o professor pode deixar de ser um
transmissor de saberes para converter-se em formulador de problemas,
provocador de interrogações, coordenador de equipes de trabalho,
sistematizador de experiência, e memória viva de uma educação que, em
lugar de prender-se á transmissão, valoriza e possibilita o diálogo e a
colaboração (SILVA, 2000).
Só com essa percepção o professor poderá entender que se vive um
novo momento no qual é preciso familiarizar-se com novas formas de
aprender e facilitar o aprender dos seus alunos.
Para Capistrano (2005) “os recursos computacionais contribuem para a
construção de alunos críticos, investigadores e criativos, capazes de atribuir um
leque de aplicações às programações desenvolvidas.”
É notório que uma das principais características da educação que tem
a internet como veículo é a interação. Nesse espaço de comunicação e
construção do aprender as distancias são encurtadas e a relação entre os
pares, não tem cor, credo, condição social nem diferença de gênero, portanto
podemos considerar, que essa nova forma de veicular o saber é ao mesmo
tempo inclusiva e interativa. E não podemos deixar de destacar, que a
educação através da internet ou a distancia, permite que cada pessoa
construa de acordo com as suas possibilidades e conveniência o seu espaço
para aprender.
Segundo o autor, as tecnologias da informação e comunicação criam
novas chances de reformular as relações entre alunos e professores e de
rever a relação da escola com o meio social. Por diversificar os espaços de
construção do conhecimento as tecnologias da informação revolucionam
processos e metodologias da aprendizagem, permitindo à escola um novo
diálogo com os indivíduos e com o mundo.
Alguns estudiosos têm mostrado preocupação acerca dos efeitos
causados pelas exigências das novas tecnologias sobre os alunos,
educadores e outros trabalhadores nessa nova era que se denomina como
“era da informação”. Nesse sentido, apontam-se capacidades e habilidades,
mudança de atitude e de enfoque educacional como algumas condições
necessárias ao professor, para que possa provocar no seu aluno novas
competências que o tornem aptos a lidar com a informação e com os novos
conhecimentos nessa era digital.
Sabe-se, que esse professor interativo possuidor de tantas
competências necessárias para transformar o modelo vigente de educação,
incentivador de novas aprendizagens de seus alunos, esse professor ainda
não está formado, ele deve se permitir adentrar e transitar em várias áreas
do conhecimento numa busca continua do aprimoramento que não tem
prazo fixo para terminar.
Diante do exposto, como você se posiciona?
• acredita que os vínculos entre as pessoas não são favorecidos nessa
forma de veicular a aprendizagem?
• ou você percebe que esse novo veículo de comunicação facilita a interação
entre as pessoas favorecendo e possibilitando a troca de experiências e de
novas aprendizagens?
Entende-se que o professor tem papel fundamental nessa nova forma
do aprender a aprender, deve tomar para si a incumbência de transitar
continuamente nas diversas áreas do saber, e provavelmente, encontrará
nesse transitar algumas situações de confronto que o levarão a pensar
sobre os seus feitos.
Tais confrontos são necessários, uma vez que podem permitir
enxergar novas formas de transformar o saber centralizador numa
aprendizagem interativa, como aquela construída na educação no ensino
virtual que é considerada na atualidade como coletiva e inclusiva.
Para Oliveira (2003), citando Morin (1999) “marcado por permanente
processo de mutação, o contexto sócio-cultural que surge com as novas
tecnologias exige que se problematize a educação, definindo o papel do
ensino diante da informação e do conhecimento, em que seja repensado um
perfil de educador capaz de compreender o sujeito que desse processo
emerge.”
Em se falando de mudanças freqüentes na sociedade, motivadas pela
velocidade com que as novas tecnologias tornam obsoleto o que era novo,
entende-se porque, segundo alguns autores, a escola não consegue
acompanhá-las.
A escola em seu contexto é constituída por valores, crenças e
relações de poder no qual o professor transmite o conteúdo e o aluno
recebe.
Nesse contexto de des-aprendizagem não há flexibilidade nem espaço
para troca e construção do saber. Valores, crenças e relações de poder são
condicionantes para a fixação de modelos educacionais cuja base é o
autoritarismo.
Ao mesmo tempo em que percebemos a importância em se abraçar
as novas tecnologias como ferramenta imprescindível a serviço da
educação, é necessário que se observe também o que diz Oliveira (2003)
sobre aspectos que caracterizam as novas tecnologias.
Segundo o autor, as novas tecnologias evidenciam diferentes
dimensões de uma nova percepção de mundo.
“As demandas especificas próprias de uma sociedade informatizada e
globalizada de forma inevitável vêm dinamizando e influenciando os campos
de competência, produzindo num certo espaço de tempo o nascimento e a
morte de diferentes áreas do conhecimento e gerando uma profunda crise
de identidade.”
Para o autor, essa crise adquire dimensões imprevisíveis por ter
ocorrido num momento no qual instancias básicas que formam a cultura
como, família, religião e escola estão enfraquecidas.
Tais instâncias, estruturantes do sujeito, ao longo da sua história valeu-se
da fixidez territorial e de princípios de autoridade verticalizante.
As colocações do autor nos fazem entender, que as novas tecnologias
apresentam uma nova cultura, caracterizada por novos signos e
significados. Representada por possibilidades ilimitadas e aberta a novas
experiências e permissões, vai de encontro aos princípios de autoridade
podendo dar ao sujeito o entendimento de que “tudo pode” (grifo do autor).
Nascimento (2005) falando da “importância” da mídia como veiculo
de comunicação, acrescenta, que essa é também um meio de propagação
de idéias e discursos ideológicos que pode levar a alienação impossibilitando
as pessoas de perceber a sua intenção real, ou seja, levá-las através da
persuasão e dos seus apelos convincentes, a perceber apenas o que lhe é
relevante.
Entendemos que a mídia apresenta um quadro cujas cores
ressaltadas com pinceladas generosas têm como objetivo, mostrar uma
realidade de faz de conta e de possibilidades ilimitadas, onde as pessoas se
distanciam do real e passam a almejar para si um quinhão, que segundo a
mensagem passada pela mídia está ao seu dispor.
Pensando no poder da mídia como veiculo de comunicação,
Nascimento (2005) considera a possibilidade de utilizá-la a serviço da
educação:
“O emprego da mídia nas escolas não é puramente fazer uso dos
meios de comunicação para “passar o tempo das aulas”, mas ter como
objetivo o acesso à mídia para um aprendizado consciente e libertador.”
Na visão do autor essa proposta necessita ser abraçada por um novo
educador, aquele comprometido em utilizar a mídia como auxiliar de
transformação das práticas educacionais sendo de maior relevância, levar
os educandos a proceder a avaliação crítica dos conteúdos veiculados pela
mídia possibilitando-lhes reconhecer as diversas formas de manipulação
embutidas nas mensagens da mídia para seduzir e direcionar aos seus
propósitos.
Nessa perspectiva o desenvolvimento do senso critico dos educandos
permite novo posicionamento dos mesmos frente ao real, e que dele façam
parte.
Aponta-se a importância da educação no gerenciamento dessa pratica
educativa, à educação cabe propiciar um novo relacionamento entre
educadores e educandos onde o cotidiano dos educandos é valorizado e a
pratica da avaliação discursiva das mensagens transmitidas pela mídia
favorece o exercício da avaliação critica do real.
Aqui se percebe mais uma vez, a importância do papel do educador
que é chamado a agir e interagir, para transformar as práticas educativas
para poder acompanhar as mudanças que ocorrem no social e afetam
diretamente a educação.
Nessa nova pratica educativa, espera-se favorecer o desenvolvimento
de um educando que tendo uma visão critica do real possa reclamar para si
os seus direitos e exercer mais efetivamente o papel de cidadão.
Nesse exemplo, é esperado do educador a competência para usar o
poder da mídia como veiculo de comunicação a serviço da construção de
novas práticas educativas.
Compreende-se que o poder da mídia como veiculo de comunicação,
pode ser usado de forma positiva ou negativa, dependendo da intenção
desejada.
Cabe ao educador “competente”, construir junto aos seus educandos,
espaços de avaliação e discussão que os torne capazes de perceber a
intenção real que há por traz das mensagens.
E nesse ponto, ressaltamos a importância do papel do professor,
aquele professor que precisa reformar seu pensamento para poder segundo
Oliveira (2003), empregar sua inteligência para responder a esses desafios,
sugerindo caminhos e oferecendo aos seus alunos o suporte necessário para
um explorar e uma aprendizagem interativa e responsável.
Caros alunos acreditamos ter respondido à nossa pergunta no início dessa II
Unidade – “O que vem a ser novos paradigmas na era das novas relações”,
e também, do que estamos falando?
Esperando que tenham acompanhado com interesse o conteúdo
apresentado, aproveitamos para ressaltar que acreditamos no seu
potencial.
Não se esqueça de visitar com freqüência a plataforma Moodle para
localizar os exercícios por fazer. Nessa ocasião, observe com atenção a data
e hora estipulada para postar o exercício respondido. Desejamos a todos
um bom estudo!
REFERÊNCIAS - UNIDADE II
BEAUCLAIR, J. Entre nós, a mudança: reflexões sobre o autorizar-se e o
inscrever-se. 2008. Disponível em: www.direcionalescolas.com.br
CAPISTRANO, R.A. O professor de Matemática Atuando no Ciberespaço, A
formação Dalética de Ensinar e aprender na Cibercultura João Pessoa:
Editora Universitária, 2005.
COELHO, S. L. B. Limites e Possibilidades das Tecnologias na Educação de
Jovens e Adultos. 2008.
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MORIN, E. A cabeça bem feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
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Disponível em: www.partes.com.br/educação/paradigmaseducacionais.asp
SILVA, M. SALA DE AULA INTERATIVA. LOYOLA, 2010.
Resumo da Unidade III – Nessa terceira e última unidade da nossa
disciplina você verá que buscamos nas Unidades anteriores, o reforço
necessário para compor nossa compreensão sobre a problemática da
inclusão da pessoa com necessidades especiais no ensino regular. A partir
dessa compreensão, nos certificamos de que há de fato vontade política em
garantir a educação inclusiva, haja vista a construção de um conjunto de
leis que legitimam o direito das pessoas com deficiência na escola regular e
também, o empenho do governo através das ações do MEC na construção
de Programas e material de formação docente. Mas, ainda há muito por
fazer, estudiosos e profissionais da educação preocupados com a qualidade
do ensino, e com as dificuldades enfrentadas pelas escolas para receber as
pessoas com necessidades especiais de aprendizagem e oferecer um
ensino de qualidade, afirmam que se faz necessário repensar a Educação
Inclusiva, de forma a poder reverter prejuízos na educação e garantir a
Inclusão para Todos. Você verá ainda, que alguns autores propõem novos
modelos do fazer pedagógico e sugerem estratégias inovadoras como
possibilidades para enfrentar os desafios da inclusão da pessoa com
deficiência no ensino regular.
Resumo da Aula III.I – Nessa aula traçamos uma rota do caminho percorrido
nas Unidades anteriores até o presente, com o objetivo de compreender melhor
a problemática que envolve a inclusão da pessoa com necessidades especiais de
aprendizagem no ensino regular, e, visualizando melhor esse panorama, pensar
em prováveis saídas para enfrentá-lo.
UNIDADE III – REPENSANDO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DESAFIOS E
POSSIBILIDADES
AULA III. I – BREVE PASSEIO PELAS UNIDADES ANTERIORES
Caros (as) alunos (as)
Sejam bem vindos à Unidade III (última) da nossa disciplina.
Inicialmente, faremos um breve passeio pelas Unidades anteriores
lembrando aspectos que as caracterizam e de certa forma, facilitando o
processo de construção da Unidade em desenvolvimento.
A Unidade I – Inclusão da Criança com Deficiência no Ensino Regular,
nos fala da possibilidade da inclusão da criança com deficiência nas salas de
aulas do ensino regular, juntas às demais crianças. “Todas juntas” seja qual
for a sua deficiência.
Veja na Unidade I, conjunto de Leis – Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994)
Unidade II – Educação Inclusiva: novos paradigmas na era das novas
relações nos mostra, o que são paradigmas, como surgem, como afetam a
sociedade e diretamente a educação. Mostra ainda, a importância das novas
tecnologias que tem a mídia como veiculo de comunicação e como
ferramenta inovadora na aprendizagem interativa, mas autores apontam
que se deve tomar alguns cuidados com esse novo modelo.
A Unidade III – Repensando a Educação Inclusiva: Desafios e
Possibilidades nos leva ao entendimento de que se deve repensar a
Educação Inclusiva o que nos faz supor, que há uma insatisfação com essa
inclusão alardeada, mas que na verdade, ainda há muito por fazer para que
aconteça de fato.
Sabe-se de algumas escolas em que há crianças com deficiência, mas
não se sabe ainda, de estudos que apontem dados comprovando o sucesso
da inclusão e das crianças com deficiência no ensino regular, não como diz
a lei, “Todos juntos” seja qual for a sua deficiência. Isso nos dá a idéia, de
que ainda há muito que se buscar enfrentar e construir, para poder falar em
inclusão. E ainda, que não há uma receita de inclusão, cada escola,
comunidade ou família tem a sua própria verdade sobre a inclusão e a
necessidade que tem dela. A inclusão só acontece de acordo com as
possibilidades da escola, da criança, do professor, do ambiente familiar e
até da “criatividade” do professor que recebe o aluno com deficiência.
Apostando nessa compreensão seguiremos nessa Unidade.
Veja na Unidade II, o que diz Oliveira (2003) e Nascimento (2005) sobre o que
caracteriza as novas tecnologias.
Isso nos remete ao que diz Santana sobre a escola manter-se atrelada ao
sistema produtivo. Veja na Unidade II Santana (2009).
Mas, aonde nos leva esse passeio? Leva á compreensão da complexidade
que é incluir a pessoa com deficiência no ensino regular.
Após um longo e penoso caminhar em busca de atendimento de
qualidade para as pessoas com deficiências, os pais e responsáveis por
essas, vem nas disposições da lei, a garantia de que seus filhos deficientes
finalmente passarão de um infindável estado de “integração” para a
inclusão na escola regular.
Porém, as escolas precisam se adequar, tanto fisicamente para
corresponder ás necessidades de acessibilidades dessas pessoas, quanto
nas questões que se referem á mudança de postura dos seus dirigentes,
metodologia adotada, formação continuada dos educadores e
conscientização de pais responsáveis e demais pessoas da comunidade para
lidar adequadamente com a diversidade.
São muitas as questões a serem resolvidas para dar condições á
inclusão, mas, como diz Santana (2009), o ritmo da escola não acompanha
o ritmo das mudanças no social, dessa forma, muda o social e com ele
novas mudanças na educação (paradigmas) que a escola não consegue
acompanhar.
Preocupando-se com essa situação e com a qualidade do ensino nas
escolas, o MEC “tem apoiado os sistemas de ensino, tem criado material
para formação de professor e também, implantado laboratórios de
informática nas escolas com matrícula de alunos com necessidades
educacionais especiais visando, com a utilização das tecnologias da
informação e comunicação facilitar o processo de ensino aprendizagem”
Dutra (CONADE, 2005).
Concorda-se, que as novas tecnologias com a mídia a serviço da
comunicação, o ensino virtual proporcionando a aprendizagem interativa, é
sem duvida muito vantajoso para uma sociedade globalizada. Mas, mais
uma vez preocupa as escolas por motivos muito parecidos aos já vistos por
nós. A escola que nem deu conta ainda das condições necessárias para a
inclusão das pessoas com deficiência, se vê agora, ás voltas com esse novo
“modelo” de educação informatizada.
Em pesquisa realizada para identificar possíveis contribuições do uso
das tecnologias digitais na educação de jovens e adultos, Coelho (2008)
constatou, que “a utilização de tecnologias digitais em âmbito escolares,
mesmo numa escola bem equipada, é ainda muito incipiente, e que a
escola, como a maioria das escolas do País, não dispõe de tempo para a
formação do professor”.
Segundo a autora, os professores não tiveram nenhuma formação
anterior em informática, o que os deixa inseguros para levar os alunos ao
laboratório de informática. Outro fator que segundo os professores dessa
pesquisa aumenta a insegurança para utilizar o laboratório com seus
alunos, refere-se ao fato de não haver na escola um técnico responsável
pelo laboratório para auxiliá-los nos imprevistos que
ocorrem com freqüência.
Percebe-se, que a adequação da escola e a formação
de professores é um assunto inesgotável e que não tem sido
encarado com a devida seriedade, encontrar o espaço
necessário para a sua execução.
Atividade sugerida:
Leitura do texto: Limites e Possibilidades das Tecnologias na
Educação de Jovens e Adultos de COELHO (2008).
Tente fazer uma comparação entre os achados da autora na pesquisa
realizada, com a realidade da sua escola.
Veja esse
assunto em:
www.anped.or
g.br/reunioes/
31ra/1trabalho
/GT18-5049--
Res.pdf
Esperamos que tenham acompanhado com interesse o nosso passeio
pelas unidades anteriores nessa aula e que realizem as atividades
propostas.
Não esqueçam, visitem com freqüência a plataforma Moodle para
localizar as tarefas indicadas. Observem com atenção, a data e hora para
postagem da resposta e bom estudo.
Resumo da Aula III.II – Nesta aula abordaremos a situação das escolas e dos
professores, que tendo que acatar a determinação da lei para que recebam as
pessoas com necessidades especiais de aprendizagem, preocupam-se em como
lidar com as necessidades especiais de aprendizagem e também com as
deficiências dessas pessoas.
AULA III.II – QUALIDADE DO ENSINO E DIFICULDADES
ENFRENTADAS PELAS ESCOLAS
Com a determinação da lei para receber os alunos com necessidades
especiais no ensino regular, a maior preocupação dos professores tem sido
como atender ás necessidades de aprendizagem desses alunos e como lidar
especificamente, com cada necessidade advinda das deficiências desses
alunos.
Segundo Barbosa e Martins (2008) “a inclusão de alunos com
necessidades educacionais especiais – NEE depende não só de uma
legislação que garanta o seu acesso á escola, mas também de estratégias
de ensino que inibam comportamentos insatisfatórios, e de recursos e
materiais específicos que garantam a sua permanência com qualidade na
classe regular”.
Para capacitar professores a trabalhar com alunos com necessidades
especiais de aprendizagem no ensino regular e possibilitar a utilização de
metodologias de ensino variadas para atender aos diferentes estilos de
aprendizagens dos alunos, foi elaborado pela (UNESCO, 1993), citado por
Barbosa (2008), o Conjunto de Materiais Formação de Professores,
Necessidades Especiais na Sala de Aula.
O conjunto citado é composto por cinco abordagens como segue:
1. Aprendizagem ativa e significativa – abordagens que encorajam e
estimulam a participação ativa de todos, através da troca de experiências na
sala de aula, de forma a facilitar o desenvolvimento das habilidades e a
construção de novos conhecimentos;
2. Negociação dos objetivos – abordagens em que se valoriza cada
participante para expressar suas idéias, experiências e seus objetivos
individuais que podem ou não ser modificados de acordo com o
desenvolvimento do trabalho;
3. Demonstração, Prática e Reflexão sobre a Prática – abordagens que
possibilitam uma ação eficaz, já que a partir da demonstração de
experiências, se observa a prática, de forma a refletir, discutir e receber
apoio do trabalho colaborativo com os colegas;
4. Avaliação Continua - abordagens que promovem a investigação sistêmica,
construindo assim um processo de auto-avaliação para uma permanente
observação da prática, que influenciará as atividades como meios de
aperfeiçoar a aprendizagem;
5. Apoio – abordagens que estimulam as pessoas a enfrentar desafios, já
que na prática do apoio mútuo, os envolvidos aprendem melhor por se
sentirem apoiados.
Como já se falou anteriormente, não há receita para inclusão, o
Conjunto de Materiais Formação de Professores, Necessidades Especiais na
Sala de Aula objetiva fornecer subsídios para auxiliar com metodologia
variada, situações variadas de aprendizagem, propondo que o mais
importante é a aprendizagem em si, para tanto, deve-se diversificar a
abordagem e flexibilizá-la com vistas a identificar habilidades e potencializá-
las para levar ao desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. Nesta
perspectiva, a escola estará modificando sua prática excludente e apoiando
a inclusão.
Segundo Barbosa (2008), “quando utilizamos as abordagens
inclusivas percebemos os desafios destas no cotidiano escolar, no qual exige
ações que motivem atitudes e práticas educacionais inclusivas” Segundo a
autora, “essas ações ainda acontecem de forma isolada, o que provoca o
enfraquecimento das mesmas.”
Percebemos que mesmo com a possibilidade de utilizar as
abordagens inclusivas como apoio no processo de ensino aprendizagem do
aluno com deficiência no ensino regular, é necessário a mudança de postura
da escola, essa deve desvencilhar-se de uma vez por todas de sua postura
arcaica e centralizadora para poder juntos partilhar as ações que serão
necessárias desenvolver para construir um novo fazer pedagógico, onde
todos são aprendizes e precisam ter clareza da sua responsabilidade e
importância nesse processo de mudança.
Para tanto, é necessário manter o foco no objetivo principal que é
acolher esse novo aluno e proporcionar-lhe o atendimento adequado para
que possa, usufruindo de uma educação de qualidade, desenvolver suas
potencialidades e sentir-se incluído de fato na escola regular.
Na busca de soluções para transformação da escola atual numa
escola inclusiva, o projeto pedagógico da escola precisa contemplar
estratégias e ações que ampliem a colaboração entre profissionais, alunos,
pais e demais pessoas da comunidade, que como parte interessada, pode
trazer colaboração ao processo de ensino aprendizagem partilhando saberes
e possibilidades de inclusão.
Neste aspecto, Lima (2008) diz que “manter uma relação de troca
com a família é muito importante, essa troca permite conhecer melhor o
aluno e facilitar um melhor relacionamento professor-aluno, o que por sua
vez, pode permitir a descoberta das suas potencialidades de aprendizagem
e levar a inclusão.
Nesse sentido, Barbosa (2008) coloca a possibilidade de se trabalhar
com rede de apoio, para tanto, diz ela, “deve-se a compartilhar
conhecimentos e responsabilidades, refletir relações intra e inter-pessoais,
construir serviços de apoio voltados para contribuir no desenvolvimento de
ações, nas quais os alunos, professores e pais permitam que seus pares ou
outros profissionais observem seu trabalho, avaliem e critiquem
positivamente de forma recíproca.”
Neste ponto nos reportamos a Beauclair (2008) Unidade II quando fala:
“autorizar-se e inscrever-se é um grande desafio ao nosso aprender a transitar,
ampliando parcerias e espaços que fomentem nosso desejo de mais saber, que
nos leva a procura por construir nossos próprios movimentos de saber fazer”.
Percebe-se que a autora citada chama atenção para a importância de
se reconhecer os benefícios da implementação do trabalho coletivo para
promover a inclusão.
Faz-se necessário entender, a importância de se trabalhar em
conjunto com outros profissionais, para garantir o atendimento de qualidade
ao aluno com deficiência no ensino regular. O “transitar” em outras áreas
do saber, o apoio de profissionais especializados na escola é de suma
importância para a junção de competências que levem a escola a
desenvolver um novo saber pedagógico. É na soma desses saberes que se
torna possível realizar avaliações de postura, a reorganização das ações que
possibilitarão identificar as necessidades educativas especiais, construir ou
adaptar a metodologia para atender a todos e, em conjunto, com o auxílio e
a riqueza da construção coletiva de saberes, vencer o grande desafio de
concretizar a prática da inclusão.
Voltemos ao ponto no qual vemos que há um conjunto de leis que
legitimam o direito da pessoa com deficiência á inclusão no ensino regular,
e determinam que as escolas dêem procedimento a adequações para
recebê-las.
Veja na Unidade I Conjunto de Leis.
Ao receber as pessoas com deficiência no ensino regular como
determina a lei, a escola, que ainda está tentando se adequar para essa
inclusão que não é só da pessoa com deficiência na escola, mas da própria
escola em outras áreas do saber, tem a partir daí, um novo e grande
desafio.
Professor, você tem alunos com necessidades especiais de aprendizagem
em sua classe?
Se os tem como você os vê, como um desafio para buscar soluções ou como
um motivo para se lamentar?
Com a inserção do aluno com deficiência no ensino regular, agora
cabe á escola decidir, cruzar os braços ou fazer acontecer a inclusão.
Reflita conosco:
É nesse ponto que se observa como cada escola lida com as
dificuldades.
Algumas encontram nas dificuldades motivos para reclamar e para o
não fazer, enquanto outras encontram nas dificuldades o motivo, o desafio
para exercitar-se em novas experiências com o objetivo de utilizá-las na
aprendizagem dos seus alunos deficientes ou não.
Com a presença do aluno deficiente em sala de aula, o professor que
vê as dificuldades como desafios, procura entender a situação que se
apresenta e percebe de imediato que o primeiro passo é criar condições
favoráveis de interação entre os alunos deficientes e não deficientes,
evitando, assim, que estes se sintam isolados ou rejeitados pelo grupo. Para
tanto, necessita construir situações que além de favorecer a interação e a
cooperação entre os pares, ainda se preste ao desenvolvimento da
aprendizagem. O professor capaz de visualizar a situação dessa forma,
certamente será capaz de encontrar os meios e as condições mais
adequadas para resolvê-la.
Falando em meios e condições adequadas, utilizaremos como exemplo dois
quadros nos quais observamos o aluno surdo em duas situações diferentes
em sala de aula.
Quadro – 1 Quadro - 2
Figura: Werner K. S. Soares
No quadro 1 - o aluno surdo encontra-se sentado no fundo da sala, não há
interação com a turma nem com o professor.
No quadro 2 - o aluno surdo encontra-se sentado na primeira fileira de carteiras da
sala de aula onde pode ver o professor de perto e fazer a leitura labial do que está
falando.
Nesse caso, mesmo que o professor ainda não saiba a Língua de
Sinais (LIBRAS) para se comunicar com o aluno surdo ele está buscando
condições que venham a favorecer esse aluno e meios para melhor atendê-
lo, evitando assim, que fique isolado e excluído do grupo.
Caros (as) alunos (as):
Diante do exposto, lançamos a seguinte proposta: coloque-se no
lugar desse professor e pense criativamente, o que faria você, e como faria,
para promover a interação entre as crianças com e sem deficiência, e ainda
utilizar essa experiência (a interação conseguida), numa atividade de
aprendizagem dos conteúdos trabalhados em sala de aula?
Lembre-se, há muitas formas de se passar conteúdos para as
crianças, mas a forma mais fácil de conseguir chegar até a criança é aquela
na qual ela se sente mais a vontade, aprender brincando é muito mais
prazeroso.
Esperamos ter despertado o seu interesse nos conteúdos
trabalhados nessa aula e que se mantenham interessados para
trabalharmos na próxima aula.
Estejam atentos as informações postadas na plataforma Moodle, não
se esqueçam de observar os prazos estipulados para entrega das suas
respostas, observem a data e a hora.
Bom trabalho para todos.
Resumo da Aula III.III – Nesta aula veremos segundo alguns autores, novos
modelos do fazer pedagógico e estratégias inovadoras como possibilidades para
enfrentar os desafios da inclusão e da aprendizagem da pessoa com
necessidades especiais de aprendizagem no ensino regular.
AULA III.III - NOVOS MODELOS DO FAZER PEDAGÓGICO:
ESTRATÉGIAS INOVADORAS
Estudos têm comprovado Vygotsky (1989) que a situação de
brinquedo é o espaço apropriado para a construção da aprendizagem e
desenvolvimento das crianças. O brincar é uma situação lúdica presente na
história de todos os povos.
A brincadeira é de suma importância na vida das crianças, para
Vygotsky, o faz de conta pode ser considerado como o espaço onde as
crianças exercitam situações observadas no mundo dos adultos as quais
ainda não tem competência para entender nem realizar.
Por exemplo, ao brincar de motorista, a criança se investe de
competências que observa na pessoa do motorista, para isso, imita postura,
faz que coloca a chave na ignição do carro, passa a marcha, faz trejeitos e
se esse carro for um ônibus, ela conversa até com os passageiros. Isso
exige que ela se coloque no lugar do outro, facilitando a compreensão de
papeis sociais e favorecendo o processo de socialização.
Observa-se também, que as crianças pequenas de três anos de idade
até os sete anos, uma vez envolvidas na situação de brinquedo falam com
seus brinquedos. Essa situação é propicia para se observar os tipos de fala
que aparecem e seguir o curso do seu desenvolvimento.
O brinquedo é considerado ainda uma válvula de escape por permitir
ás crianças, reviver situações do cotidiano nas quais experiênciaram algum
tipo de sofrimento. No brinquedo é a criança quem dá as ordens (no papel
do pai ou da mãe, por exemplo) ela está no controle, as situações
traumáticas são vivenciadas com a garantia do espaço seguro.
No brinquedo, principalmente no faz de conta a criança realiza ações
do mundo do adulto que ainda não está pronta para realizar no plano real.
No pensamento de Vygotsky, isso demonstra que as capacidades
para a realização dessas ações existem e estão em processo de
desenvolvimento, ele as compara com “brotos ou flores” que florescerão
futuramente.
Isso nos remete ao conceito de zona de desenvolvimento proximal,
caracterizada pela distancia entre o nível de desenvolvimento real (o que a
criança consegue realizar sozinha) e o nível de desenvolvimento potencial
(o que a criança realizará com a ajuda de adultos ou de companheiros mais
capazes).
Exemplo: pense numa linha com três pontos: no início a criança tem um repertório, amplia esse repertório com ajuda, adquire novas competências e segue agora realizando sozinho o que antes não era capaz.
Ponto – 1 Ponto – 2 Ponto - 3
Figura: Werner K. S. Soares
O objetivo é levar a criança a desenvolver capacidades para resolver
aquilo que ela ainda não tem competência para fazer sozinha no hoje (com
ajuda ela conseguirá o desenvolvimento dessas capacidades e fará o
percurso para chegar ao outro ponto da linha) Ou seja, com ajuda, ela será
levada a trilhar essa distancia entre um ponto e outro com mais facilidade.
A situação de brinquedo tem que ser uma situação desafiadora, mas que ela
queira fazer e que o adulto ou o colega mais capaz, possa ajudar a resolver.
Outra característica importante do brinquedo, é que todo brinquedo
possui regras. Tais regras determinam condições a ser cumpridas para
poder brincar, com o passar do tempo as brincadeiras apresentam regras
cada vez mais rígidas que devem ser cumpridas.
O conceito de zona de desenvolvimento proximal pode ser trabalhado
com qualquer criança, deficiente ou não. Ao trabalhar com os seus alunos
utilizando o conceito de zona de desenvolvimento proximal, o professor
observará no seu plano de trabalho com os alunos, aquilo que a criança
ainda não é capaz de fazer sozinha para “puxá-la” a desabrochar, segundo o
autor (Vygotsky), aquilo que a criança faz hoje com ajuda, será capaz de
fazer sozinha amanhã.
Ao participar dessas brincadeiras, ao aceitar e cumprir as regras do
brinquedo as crianças estão se preparando para a situação de
aprendizagem em sala de aula, onde o mundo real se apresenta com regras
e exigências que precisam ser obedecidas para poder adentrar no mundo do
adulto.
Para Bezerra e Albuquerque (2008)
O ato de brincar é importante para o processo de inclusão,
por ser compreendido como uma atividade lúdica e um
procedimento metodológico mais dinâmico para a formação da criança, possibilitando o desenvolvimento das habilidades
perceptivas, motoras, e racionais, além de proporcionar um
convívio em grupo e de facilitar o processo de socialização.
Assim sendo, o brinquedo ou a situação do brincar, não se presta
apenas às crianças pequenas como pensam alguns professores. Alguns
acham que o brincar não será aceito pelos seus alunos maiores que já não
querem ser crianças. Para tanto, basta que se adapte a situação do
brinquedo para atender aos interesses (idades) das pessoas envolvidas.
Nota-se que ainda há nas escolas a dificuldade de ver o brincar como
um ato sério a serviço da aprendizagem.
Para que o brincar seja assim considerado, é necessário que a
postura da escola e a formação dos professores passem por significativa
mudança, a partir da qual possam acreditar nessa possibilidade, e também
estejam abertos a experiênciar desafios, como já se falou anteriormente.
Ainda Bezerra e Albuquerque (2008) concordam que os jogos em
todas as suas manifestações, devem ser considerados como instrumentos
didático-pedagógicos de inestimável valor e colocam que a melhor forma de
se trabalhar com quem tem necessidades especiais é fazer adaptações nos
jogos para atender ás particularidades de cada educando para permitir que
se destaque e seja respeitado como os demais colegas.
Jogos e atividades a serem realizados no espaço escolar (Sugestão
das autoras).
1. Transformar um bingo em jogo de palavras chaves do conteúdo;
2. Montar pequenos jogos de palavras cruzadas;
3. Usar o xadrez como prova ou outra atividade que requer lógica;
4. Trabalhar com perguntas e respostas, direcionadas aos temas em questão;
5. Criar peças teatrais;
6. Promover recitais de poemas ou incentivar a criação de músicas;
7. Estimular jogos de oportunidades (cada vez que o grupo acerta caminham-se
tantos passos).
Ainda seguindo a concepção de aceitar desafios, Rodrigues (2003)
coloca a importância do professor “dominar as novas tecnologias visando
utilizá-las em beneficio dos seus alunos em particular com os seus alunos
com necessidades educativas especiais, e aponta alguns desses benefícios,
como: a vantagem da concretude das ações pedagógicas, da áudio –
visualização dos exercícios, dos jogos, das aprendizagens”.
A autora chama atenção ainda para a importância de se transformar
o conteúdo de disciplina dados de forma tradicional, para outro formato,
através de técnicas de comunicação, de vídeos, de programas gerados a
partir das necessidades auditivas, físicas, visuais e mentais dos alunos.
Rodrigues considera, que “ao adquirir autonomia para digitar num
teclado, ao mover um mouse, ao navegar na internet, os alunos com
necessidades especiais, vivenciarão a prática efetiva da inclusão social”.
Ao concluir essa Unidade, queremos mais uma vez lembrar que não
há receita para inclusão, assim como o conjunto de leis que a legitimam,
por si só, não possibilita a sua efetivação no cotidiano das escolas.
É necessário dar condições ás escolas, e estas aos seus professores
para permitir que a teoria se alie á prática. Além disso, há um elemento
essencial que dá mobilidade a qualquer processo de construção, “o desejo”.
É o desejo que torna possível contornar as dificuldades para se
alcançar uma meta.
Estamos falando, do desejo que nos certifica de que apesar das
dificuldades que se enfrenta é necessário procurar saídas, ser criativos e
agir com responsabilidade entendendo, que o profissional comprometido
com o que faz, busca o que precisa para tornar-se mais competente, as
dificuldades são vistas como desafios a vencer, e não como motivos para
lamentações.
Finalizando essa última Unidade da nossa disciplina, esperamos que
os conteúdos trabalhados tenham contribuído para ampliar os seus
conhecimentos e fortalecer o seu desejo de saber mais. Parabéns, e
continuem aprimorando os seus conhecimentos.
Atenção! Não se esqueça de acessar a Plataforma para se inteirar do
material e tarefas a realizar. Lembre-se, é importante observar a data e a
hora determinada para postar a sua resposta.
REFERÊNCIAS - UNIDADE III
BARBOSA, V.L.; MARTINS, L.A.R. Saber fazer: práticas inclusivas a
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