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Saberes Pedagógicos, Criciúma, v. 5, nº2, maio/agosto 2021.– Curso de Pedagogia– UNESC
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AUTOAVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS DIGITAIS DE PEDAGOGAS DE UMA
ESCOLA DE CRICIÚMA/SC
SELF-ASSESSMENT OF DIGITAL SKILLS OF PEDAGOGOS AT A SCHOOL IN
CRICIÚMA/SC
Christie Pereira Albuquerque1
Leila Laís Gonçalves2
RESUMO: A fluência do professor no uso das tecnologias digitais de comunicação e
informação (TDIC) é temática recorrente em pesquisas e que tomou contornos muito
particulares por conta da pandemia da COVID-19. Com o Ensino Remoto Emergencial,
formato que possibilitou a continuidade da educação e mudou a prática dos professores, as
competências digitais se tornaram essenciais para o trabalho docente. Diante disso, a pesquisa
buscou analisar o nível de apropriação de competência digital de pedagogas do ensino
fundamental anos iniciais de uma escola da rede municipal de Criciúma/SC. A opção
metodológica adotada foi a pesquisa descritiva, bibliográfica e estudo de campo com
abordagem quantitativa. O estudo abordou as TDIC e sua aplicação na educação, as
competências digitais dos professores e a sua autoavaliação apontando instrumentos para
autoavaliação. A pesquisa foi aplicada em uma escola da rede municipal de Criciúma/SC
envolvendo oito pedagogas. Foi utilizado, como instrumento de autoavaliação, o Guia EduTec
do Cieb. A partir da descrição do cenário pesquisado e a interpretação dos resultados pôde-se
concluir que, de forma geral, os professores usam pontualmente as tecnologias como apoio ao
ensino, caracterizando a apropriação como nível de familiarização. Com os resultados da
pesquisa espera-se contribuir na reflexão sobre a apropriação para o uso de TDIC na prática
pedagógica e com informações para o planejamento de jornadas formativas mais efetivas
envolvendo os recursos tecnológicos.
PALAVRAS-CHAVE: Competências Digitais do Professor. Avaliação de Competências
Digitais. Instrumento de autoavaliação. Tecnologia Digital de Informação e Comunicação.
ABSTRACT
The teacher's fluency in the use of digital communication and information technologies is a
recurrent theme in research and that took on very particular contours due to the COVID-19
pandemic. With Emergency Remote Teaching, a format that enabled the continuity of
education and changed the practice of teachers, digital skills became essential for the teaching
work. Therefore, the research sought to investigate the level of appropriation of digital
1 Acadêmica do curso de Pedagogia da UNESC. pedagogia@unesc.net 2 Doutoranda em Educação pelo PPGE/ UNESC. llg@unesc.net
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competences of elementary school pedagogues in the early years of a school in the municipal
network of Criciúma/SC. The methodological option adopted was descriptive, bibliographical
research and field study with a quantitative approach. The study addressed digital
communication and information technologies and its application in education, teachers' digital
competences and the self-assessment of teachers' digital competences, pointing out
instruments for self-assessment. The research was applied in a school in the municipal
network of Criciúma/SC involving eight pedagogues. The digital competence self-assessment
instrument used was the Cieb EduTec Guide. The main results were the description of the
digital competences of the teachers, the identification of self-assessment instruments and the
levels of appropriation of the digital competences of the researched pedagogues. From the
description of the researched scenario and the interpretation of the results, it was possible to
conclude that, in general, teachers use technology punctually to support teaching,
characterizing the appropriation as a level of familiarization. With the research results, it is
expected to contribute to the reflection on the appropriation for the use of TDIC in
pedagogical practice and with information for the planning of more effective training journeys
involving technological resources.
KEYWORDS: Teacher's Digital Skills. Digital Skills Assessment. Self-Assessment
Instrument. Digital Information and Communication Technology.
1 INTRODUÇÃO
A fluência do professor no uso das tecnologias digitais de comunicação e informação
(TDIC) é uma temática que vem sendo discutida de longa data por educadores e
pesquisadores, mas que tomou contornos muito particulares por conta da pandemia da
COVID-19. Em virtude do fechamento das escolas, distanciamento social e outras restrições,
professores dos diferentes níveis educacionais tiveram que adequar suas práticas, seus
materiais e suas dinâmicas de trabalho aplicando recursos tecnológicos para possibilitar a
continuidade da educação no formato do Ensino Remoto Emergencial. Nesse movimento, o
professor precisou acessar ferramentas, ambientes e plataformas digitais; dominar um
repertório de recursos para produção e compartilhamento de conteúdo; utilizar aplicativos; e
buscar meios digitais para a mediação e interação com os estudantes. Esses profissionais, na
maioria das vezes, tiveram pouca experiência prévia com plataformas, aplicativos e serviços
web que se tornaram essenciais para condução do seu trabalho.
No curso de Pedagogia, havia algumas disciplinas que priorizavam o uso de
laboratórios de informática, como a de Metodologia Científica e da Pesquisa e Ensino e
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Aprendizagem no Mundo Digital. Foi, no entanto, com a emergência das aulas remotas que os
professores passaram a empregar, de forma maciça, os recursos tecnológicos para a mediação
das aulas. Como acadêmica do Curso de pedagogia, vivenciei esse processo de incorporação
das TDIC na prática pedagógica dos meus professores, que até então envolvia o uso de
ambiente virtual de aprendizagem (AVA) como plataforma de repositório conteúdo e de
postagens de atividades. Nas aulas mediadas por tecnologia tivemos experiência com o uso do
Google Meet e suas funcionalidades (enquetes, apresentação de trabalhos, compartilhamentos
de tela, gravação das aulas), aplicativos como o Padlet, o Jamboard, o Mentimeter e o
Socrative. A partir do estágio supervisionado, pudemos também acompanhar o processo na
rede pública municipal, identificando necessidades relatadas pelos professores e seus pedidos
de auxílio para uso de programas, aplicativos e plataformas as professoras. Ao me deparar
com essa situação, desejei entender investigar o nível de apropriação e uso das TDIC pelos
professores.
Diante desse cenário, é importante identificar, verificar e refletir sobre as
competências necessárias para que o professor transite nesse cenário permeado pelas
tecnologias digitais de comunicação e informação, as TDIC. Assim surge a pergunta
problematizadora da pesquisa: “qual o nível de apropriação de competências digitais de
pedagogos do ensino fundamental anos iniciais?”. A pesquisa teve como objetivo geral,
analisar o nível de apropriação de competência digital de pedagogas do ensino fundamental
anos iniciais de uma escola da rede municipal de Criciúma/SC. Os objetivos específicos
foram: descrever as características que qualificam as competências digitais dos professores a
partir do referencial teórico tendo como base os estudos de Silva e Behar (2019); identificar
instrumentos de autoavaliação, sendo pesquisados a Escala de Autoavaliação de
Competências Digitais de Professores proposta por Dias, Moreira e Nunes (2017) e modelo de
Autoavaliação dos Professores do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb);
identificar o nível de apropriação de competência digital dos professores utilizando
instrumento de autoavaliação e discutir os resultados do nível de apropriação considerando os
indicadores do modelo autoavaliação.
O artigo é estruturado em seis seções. As seções 2 e 3 apresentam a fundamentação
teórica abordando os temas: Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) e sua
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aplicação na educação, as competências digitais dos professores e a autoavaliação da
apontando instrumentos para autoavaliação. A metodologia da pesquisa é descrita na seção 4.
Na seção 5 são apresentados e discutidos os resultados. O artigo é finalizado com as
conclusões e recomendações.
2 TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO
As TDIC são mídias, ferramentas, instrumentos e equipamentos que utilizam as
tecnologias digitais, como notebooks, tablets, celulares, softwares, aplicativos entre outros. O
número de tecnologias digitais cresce a cada dia e são utilizadas para os diferentes fins
incorporando-se ao nosso cotidiano. Estamos imersos na Cultura Digital que, de acordo com
Bortolazzo (2020), “envolve processos de comunicação, aparatos e dispositivos, espaços e
práticas sociais que se encontram atrelados aos usos das tecnologias digitais”.
O ensino remoto emergencial acelerou esse processo de transposição didática com o
uso da tecnologia na educação, considerado um dos meios de dar continuidade às aulas. Muito
se tem produzido, tanto no meio acadêmico, quanto também no meio comercial, em relação às
práticas com usos das TDIC e ferramentas digitais para o ensino. Destacam-se tanto as
práticas aplicadas transversalmente para apoiar a implementação da sequência didática ou
como suporte para promover a construção de conhecimentos e aprendizagem, assim como as
práticas cujo objeto do conhecimento seja a própria tecnologia (BRASIL, 2021). Ao mesmo
tempo que, a utilização de páginas em redes sociais promove a disseminação das práticas
pedagógicas e alcance de um número maior de pessoas favorecendo o compartilhamento.
Crespo e Crespo (2020) organizaram um E-book com ferramentas digitais e suas
aplicações pedagógicas para subsidiar e catalisar as ações docentes nas ações remotas
(síncronas e assíncronas) que podem também auxiliar nas aulas presenciais. As ferramentas
digitais foram organizadas nas categorias: serviços de armazenamento de arquivo on-line,
ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), ferramentas para videoconferência, ferramentas
para produção de vídeos e apresentações animadas, ferramentas para produção de quiz,
ferramentas para produção de mapas mentais e infográficos, ferramentas para atividades
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colaborativas, ferramentas para pessoas com necessidades educacionais especiais e banco de
imagens. Além das ferramentas digitais, o E-book aborda conceitos e informações importantes
para a análise das ferramentas. De forma semelhante, pode-se observar outras iniciativas
como a elaboração do Guia e Implementação de Estratégias de Aprendizagem Remota (CIEB,
2020) e o E-book de Ferramentas Digitais para Professores (ANASTÁCIO; FRANÇA, 2020).
Para utilizar os recursos, sejam eles analógicos ou digitais, o professor precisa de
conhecimentos, habilidade e atitudes que o capacitem. De acordo com Freire (1997, p.102 e
103),
A segurança com que a autoridade docente se move implica uma outra, viu isso aqui
se funda na sua competência profissional. Nenhuma autoridade docente se exerce
ausente desta competência. O professor que não leve a sério sua formação, que não
estude, que não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para
coordenar as atividades de sua classe.
O significado do conceito de competência varia de acordo com a argumentação
presente no discurso, como também em relação ao controle ideológico que se pretende
alcançar. Para Fairclough (2001) no contexto do discurso educacional, o vocabulário de
habilidades é prevalente incluindo termos como “habilidade” e “competência”. Na análise
feita pelo autor, o conceito de habilidades pressupõe duas construções contraditórias deixando
pouco espaço à individualidade (FAIRCLOUGH, 2001, p. 257):
tem implicações ativas e individualistas: habilidades são atributos apreciados pelos
indivíduos, estes diferem em tipos e graus de habilidade, e está aberto a cada um
aperfeiçoar as habilidades ou acrescentar novas habilidades; tem implicações
normativas, passivas e objetificadoras: todos os indivíduos adquirem elementos de
um repertório social comum de habilidades por meio de procedimentos de
treinamento institucionalizados.
Um documento publicado pela UNESCO intitulado “Padrões de Competência em TIC
para professores” teve como objetivo “oferecer um conjunto básico de qualificações, que
permita aos professores integrarem as TIC ao ensino e à aprendizagem, para o
desenvolvimento do aprendizado do aluno e melhorar outras obrigações profissionais”
(UNESCO, 2009). De acordo com o documento, os professores precisam adquirir a
competência no uso da tecnologia que lhes possibilite proporcionar suporte ao aprendizado e
ofertar autonomia aos estudantes compreendendo serem tais habilidades necessárias no
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repertório de qualquer profissional docente. Na análise de discurso do documento, Silva
(2019) alerta que o “enfoque de competências em educação remete à racionalidade técnica das
formas de ensino e à despolitização das práticas educativas quando não considera a autonomia
do professor e seu conhecimento tácito”.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC)3 é um documento normativo que
estabelece conhecimentos, competências e habilidades a serem desenvolvidos pelos
estudantes ao longo da escolaridade básica. Na Base (BRASIL, 2018), competência é definida
como “a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas,
cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida
cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho”. O documento aponta
para o desenvolvimento de competências relacionadas ao uso crítico e responsável das
tecnologias digitais, tanto de forma transversal presentes em nas áreas do conhecimento e
destacadas em diversas habilidades com objetos de aprendizagem variados, quanto de forma
direcionada tendo como fim o desenvolvimento de competências relacionadas ao próprio uso
das tecnologias, recursos e linguagens digitais. Dentre as dez competências gerais
preconizadas pela BNCC, a quinta competência, a Cultura digital, tem como foco a
compreensão, uso e criação de TDIC em diversas práticas sociais, assim definida:
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de
forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo
as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal
e coletiva. (BRASIL, 2018, p.9).
A BNCC indica o Currículo de Referência em Tecnologia e Computação do Cieb
como apoio para a construção de currículos escolares e de propostas pedagógicas que
contemplem tal uso “ativo” das TDIC nas escolas. O currículo prevê eixos, conceitos e
habilidades alinhadas à BNCC e voltadas para o desenvolvimento de competências digitais e
de uso das tecnologias nas escolas, além de propor uma reflexão sobre os usos das TDIC.
Ainda que em concordância com o posicionamento de Silva (2019) e Leher (2010),
em relação à visão tecnicista e ao determinismo tecnológico das políticas educacionais, sob
3 A BNCC, homologada em 14 de dezembro de 2018 pelo Ministério da Educação, norteia os currículos dos
sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas brasileiras.
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influência de Organismos Internacionais, na pesquisa buscou-se observar aspectos para além
da perspectiva tecnológica e instrumental. Nesse sentido, foram observadas na literatura
diferentes construções do conceito de competência digital, em especial para professores. Silva
e Behar (2019) fazem uma revisão sistemática acerca do conceito de competência digital na
Educação sintetizando: “o que se espera de um sujeito digitalmente competente é que este
possa compreender os meios tecnológicos o suficiente para saber utilizar as informações, ser
crítico e ser capaz de se comunicar utilizando uma variedade de ferramentas”.
Dentre os elementos comuns no conceito de competência digital dos autores
abordados no estudo de Silvia e Behar (2019) destacam-se:
A mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes (conhecido como CHA)
necessários para que o sujeito atue por meio das tecnologias; a ética para utilizar
adequadamente as tecnologias a partir do uso seguro e crítico das tecnologias de
informação para o trabalho, para o lazer e para a comunicação; a capacidade de
explorar e enfrentar as novas situações tecnológicas de uma maneira flexível; e o
aproveitamento do potencial tecnológico com o fim de representar e resolver
problemas, e construir conhecimento compartilhado e colaborativo, enquanto se
fomenta a consciência de suas próprias responsabilidades pessoais e o respeito
recíproco dos direitos e obrigações.
Para a pesquisa, adotou-se o conceito de competência digital de Ferrari (2012 apud
SILVA; BEHAR, 2019) entendido como:
Um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, estratégias e sensibilização
de que se precisa quando se utilizam as TIC e os meios digitais para realizar tarefas,
resolver problemas, se comunicar, gestar informação, colaborar, criar e compartilhar
conteúdo, construir conhecimento de maneira efetiva, eficiente, adequada de
maneira crítica, criativa, autônoma, flexível, ética, reflexiva para o trabalho, o lazer,
a participação, a aprendizagem, a socialização, o consumo e o empoderamento.
A partir deste conceito, se pode estabelecer relações mais pontuais entre letramento e
fluência digitais, que serão abordados na sequência.
3 AUTOVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS DIGITAIS DE PROFESSORES
A diferença entre ser digitalmente letrado ou digitalmente fluente, definida por Briggs
e Makice (2011), está em saber não só o que fazer com a tecnologia e como fazê-lo, mas
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também quando e por que usá-la. Saber usar, do ponto de vista técnico, as ferramentas digitais
qualifica o sujeito como letrado digital, já compreender efetivamente a tecnologia digital
sabendo aplicá-la de forma produtiva no trabalho e na vida quotidiana se configura como
fluente digital. Estar consciente da validade da fluência digital e identificar como estão as
competências digitais para o exercício da profissão docente são formas de exercer o
protagonismo para o desenvolvimento profissional e um apoio para inovação na prática
pedagógica.
Uma estratégia para conhecer a proficiência em um dado conhecimento é a
autoavaliação. De acordo com Punhagui (2012), a autoavaliação configura-se como uma
perspectiva de aprendizagem permitindo a regulação do próprio desempenho e a possibilidade
de reconhecer fortalezas e fragilidades. Bailey (1981 apud PUNHAGUI, 2012) afirma que a
autoavaliação é essencial para o desenvolvimento profissional de professores sendo que o
autoexame possibilita direcionar as decisões para formação e atuação profissional.
Nesse sentido, instrumentos de autoavaliação podem ser utilizados possibilitando
identificar níveis de proficiência ou de apropriação das tecnologias digitais nas áreas de
abrangência da atuação docente. Como ferramentas de autoavaliação estruturadas, validadas e
em português citam-se o DigCompEdu CheckIn e o Guia Edutec.
O DigCompEdu CheckIn (traduzido por DIAS-TRINDADE; MOREIRA, 2018) é um
questionário desenvolvido pelo EU Science Hub, departamento da União Europeia, que
possibilita a identificação do nível de competência digital e fornece informações de como o
professor pode se aperfeiçoar. O instrumento é composto de vinte e uma questões organizadas
em seis áreas estruturantes considerando as competências do professor para o uso de
tecnologias e recursos digitais: 1) Envolvimento Profissional com foco na comunicação,
colaboração e evolução profissional; 2) Tecnologias e Recursos Digitais, considerando
capacidade de usar, compartilhar e proteger as informações; 3) Ensino e Aprendizagem
referente à capacidade para gerir e organizar o uso de tecnologias digitais no processo de
ensino e aprendizagem; 4) Avaliação que trata da utilização das tecnologias digitais no
processo de avaliação dos estudantes; 5) Capacitação dos Estudantes referente à capacidade
de utilizar as tecnologias digitais para aumentar a inclusão, personalização e o envolvimento
ativo dos estudantes e 6) Promoção da Competência Digital dos Estudantes visando auxiliá-
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los no uso das tecnologias digitais de forma criativa e responsável. O nível da competência
digital é dado de acordo com a pontuação final sendo atribuídos de 0 a 4 pontos, em um total
de 84 pontos. O Nível de COMPETÊNCIA DIGITAL se dá de acordo com a pontuação assim
classificado: A1- Recém-chegados (menos de 19 pontos); A2- Exploradores (entre 19 e 32
pontos); B1- Integradores (entre 33 e 47 pontos); B2- Especialistas (entre 48 e 62 pontos); C1-
Líderes (entre 63 e 77 pontos) e C2- Pioneiros (mais de 77 pontos).
O Guia EduTec (CIEB, 2020) é uma ferramenta online, desenvolvida pelo Cieb em
parceria com o Instituto Natura e com a Rede Escola Digital, que possibilita aos docentes da
educação básica identificarem suas competências digitais para que possam se desenvolver
profissionalmente. Na elaboração da matriz de competência digital do Guia EduTec do Cieb
foram consideradas as formuladas por organizações internacionalmente reconhecidas, como a
Rede Enlaces do Chile, o International Society for Technology in Education (ISTE) dos
Estados Unidos e da UNESCO.
A ferramenta do Cieb é composta por um questionário de 23 perguntas objetivas, com
foco na autoavaliação de competência digital de professores para uso das TDIC, que mensura
os níveis de apropriação. Estas competências demandam a capacidade de integrar a tecnologia
de forma transversal e, para tanto, é fundamental que estejam preparados para adaptar suas
práticas docentes ao dia a dia da sala de aula. As perguntas estão estruturadas em três áreas:
pedagógica, cidadania digital e desenvolvimento profissional. As áreas abordam 12
competências: prática pedagógica; avaliação; personalização; curadoria e criação; uso
responsável; uso seguro; uso crítico; inclusão; autodesenvolvimento; autoavaliação;
compartilhamento e comunicação. As 12 competências necessárias para que professores
utilizem as tecnologias de informação e comunicação de forma efetiva na educação e suas
respectivas áreas foram sistematizadas pelo Cieb no quadro 1.
Quadro 1. Competências de professores para o uso de TICs
Área Competências PEDAGÓGICA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Ser capaz de incorporar
tecnologia às experiências
de aprendizagem dos alunos e às suas estratégias
de ensino.
AVALIAÇÃO Ser capaz de usar
tecnologias digitais
para acompanhar e orientar o processo de
aprendizagem e avaliar
o desempenho dos
PERSONALIZAÇÃO Ser capaz de utilizar a
tecnologia para criar
experiências de aprendizagem que atendam
às necessidades de cada
estudante.
CURADORIA E CRIAÇÃO
Ser capaz de selecionar
e criar recursos digitais que contribuam para o
processo de ensino e
aprendizagem e gestão
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alunos. de sala de aula
CIDADANIA DIGITAL
USO RESPONSÁVEL Ser capaz de fazer e
promover o uso ético e
responsável da tecnologia (cyberbullying,
privacidade, presença
digital e implicações legais).
USO SEGURO Ser capaz de fazer e
promover o uso seguro
das tecnologias (estratégias e
ferramentas de
proteção de dados).
USO CRÍTICO Ser capaz de fazer e
promover a interpretação
crítica das informações disponíveis em mídias
digitais.
INCLUSÃO Ser capaz de utilizar
recursos tecnológicos
para promover a inclusão e a equidade
educativa.
DESENVOLVIMENTO
PROFISSIONAL
AUTODESENVOLVIME
NTO
Ser capaz de usar TIC nas
atividades de formação
continuada e de desenvolvimento
profissional
AUTOAVALIAÇÃO
Ser capaz de utilizar as
TIC para avaliar a sua
prática docente e
implementar ações para melhorias
COMPARTILHAMENTO
Ser capaz de usar a
tecnologia para participar e
promover a participação
em comunidades de aprendizagem e trocas
entre pares.
COMUNICAÇÃO
Ser capaz de utilizar
tecnologias para manter
comunicação ativa,
sistemática e eficiente com os atores da
comunidade educativa.
Fonte: Cieb (2019)
Para a definição dos níveis de apropriação do uso de tecnologias digitais, , o Cieb
(2019) teve como base, estudos e modelos teóricos usados por pesquisadores, empresas,
governos e instituições não governamentais, dentre eles: Apple Classrooms of Tomorrow
(ACOT) dos Estados Unidos, o Modelo de Pasinato e Vosgerau do Brasil, European
Framework for the Digital Competence of Educators (DigCompEdu) e a Ferramenta de
Autoavaliação Tet-Sat do Mentoring Technology-Enhanced Pedagogy (MENTEP) da União
Europeia. Foram definidos 5 níveis de a apropriação que evidenciam a progressão da
competência digital pelo docente descritos no quadro 2.
Quadro 2. Níveis de Apropriação de Tecnologias
Nível Descrição
1. EXPOSIÇÃO
Não há uso das tecnologias na prática pedagógica, apenas pessoal, ou requer apoio.
Tecnologias como instrumento, não como parte da cultura digital.
2. FAMILIARIZAÇÃO
Conhecimento e uso pontual nas atividades como apoio ao ensino. O uso de tecnologias está
centrado no (a) professor (a).
3. ADAPTAÇÃO
As tecnologias são usadas periodicamente e podem estar integradas ao planejamento das
atividades pedagógicas. As tecnologias como recursos complementares para a melhoria do
processo de ensino e aprendizagem.
4. INTEGRAÇÃO
O uso das tecnologias é frequente no planejamento das atividades e na interação com os
alunos. As tecnologias estão integradas e contextualizadas no processo de ensino e
aprendizagem.
5. TRANSFORMAÇÃO
Uso das tecnologias de forma inovadora, compartilhada e colaborativa para além da escola.
Maturidade digital: as tecnologias como ferramenta de transformação social.
Fonte: adaptado do Cieb (2019)
Os Níveis de Apropriação de Competências Digitais são descritos em até três
aspectos:
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1. Fluência no uso de tecnologias digitais identificando evidências do uso de
tecnologias no contexto pessoal e pedagógico;
2. Integração das tecnologias digitais ao currículo com evidências sobre o uso de
tecnologias alinhado aos documentos orientadores da rede de ensino e da escola;
3. Empoderamento dos alunos pontuando evidências da participação ativa dos alunos
nos processos de ensino e de aprendizagem com o uso de tecnologias.
Os três aspectos estão presentes nas áreas pedagógica, cidadania digital e na área
desenvolvimento profissional há presença apenas do aspecto Fluência no uso de tecnologias
digitais.
Após responder todas as perguntas da autoavaliação, o professor tem acesso a uma
devolutiva personalizada que indica o seu nível de apropriação quanto aos conhecimentos e
usos que fazem das tecnologias digitais. Os resultados são apresentados por área e por
competência.
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
A análise sobre o nível de apropriação de competência digital dos professores
considerando o uso efetivo da tecnologia, tanto para as atividades de ensino, quanto para o
processo pessoal de atualização e desenvolvimento profissional demandou revisão
bibliográfica envolvendo conceitos, características da prática docente no contexto das TDIC,
as competências mobilizadas, modelos e instrumentos para a mensuração. A autoavaliação é
uma estratégia que possibilita a identificação do grau de fluência no uso e integração das
tecnologias nas práticas pedagógicas. Desta forma, considerando o objetivo, a opção
metodológica adotada foi a pesquisa descritiva sendo utilizados como meios a pesquisa
bibliográfica e de campo para o levantamento de dados com uso de questionário on-line.
Tanto para coleta, quanto para análise dos resultados foi aplicada a abordagem quantitativa.
A pesquisa descritiva tem como propósito levantar as opiniões, atitudes e crenças de
uma população apresentando uma realidade a partir da descrição, registro, análise e
interpretação de fenômenos atuais (MARCONI; LAKATOS, 2017; GIL, 2017). A pesquisa
quantitativa considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números
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opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Gil (2017) destaca que na pesquisa de
campo, o pesquisador estuda somente um determinado grupo, realizando a maior parte da
pesquisa pessoalmente, uma vez que o pesquisador precisa ter o contato com os fatos para
depois analisá-los.
A pesquisa de campo foi realizada em uma escola municipal com as oito (8)
pedagogas dos anos iniciais (1º ao 5º ano), sendo seis professoras diferentes por ano do 1º ao
4º e repetindo as professoras do 3º e o 4º anos no 5º ano. Dentre as professoras participantes
da pesquisa, cinco (5) professoras são efetivas e três (3) são contratadas pelo sistema
municipal de ensino pela modalidade de Admissão em Caráter Temporário (ACT). A faixa
etária das professoras é de 37 a 56. O instrumento de coleta utilizado foi o questionário on-
line disponibilizado no Guia EduTec do Cieb, disponível no link:
https://guiaedutec.com.br/educador. A escolha do instrumento se justifica pelo fato de estar
disponibilizado na web, facilitando o acesso e a distribuição, por disponibilizar uma
devolutiva detalhada ao professor e possuir avaliação de aspectos relevantes para a pesquisa.
A Figura 1 apresenta as três áreas e as 12 competências abordadas nas 23 perguntas do
questionário.
Figura 1. Composição do Questionário de Autoavaliação Guia EduTec
Fonte: Cieb (2019)
As professoras foram contatadas previamente e receberam, por e-mail, um formulário
on-line do Termo de Livre Consentimento para participação da pesquisa e autorização para
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uso dos dados, instruções e link para acesso ao questionário de autoavaliação. O período de
resposta do questionário foi de 29/04/2021 a 02/05/2021. Após responder o questionário, as
professoras foram orientadas a acessar a devolutiva com os resultados da autoavaliação,
indicando os níveis de apropriação (exposição, familiarização, adaptação, integração e
transformação) nas três áreas e nas 12 competências, e encaminhá-la ao pesquisador.
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
Para atender o objetivo da pesquisa que buscou identificar o nível de apropriação de
competência digital de pedagogas do ensino fundamental anos iniciais de uma escola da rede
municipal de Criciúma/SC, foram analisadas as respostas da devolutiva do Guia Edutec e do
instrumento aplicado às professoras. Os resultados foram avaliados no âmbito geral e
observados pontos que geram reflexões.
De forma geral, o nível de apropriação de competência digital dos professores
participantes se situa no nível Familiarização. De acordo com os autores do questionário
original, este nível refere que os respondentes possuem as características e aspectos
evidenciados apresentados no Quadro 3.
Quadro 3. Características e aspectos do Nível - Familiarização
Nível Familiarização
O professor começa a conhecer e usar pontualmente as tecnologias em suas atividades. Identifica e enxerga as
tecnologias como apoio ao ensino. O uso de tecnologias está centrado no professor.
Empoderamento dos alunos: o uso das tecnologias digitais está centrado no ensino.
Integração das tecnologias ao currículo: o professor começa a conhecer e usar as tecnologias digitais em
suas atividades de forma pontual.
Fluência no uso de tecnologias: o professor enxerga as tecnologias digitais como apoio às atividades de
ensino, como a busca de recursos ou informações para preparar suas aulas.
Fonte: Cieb (2019)
Considerando as três áreas, a Pedagógica e Cidadania digital tiveram a classificação
no nível Familiarização. Já na área de Desenvolvimento profissional, o prevalente foi o nível
Adaptação que apresenta as características e aspectos conforme o Quadro 4.
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Quadro 4. Características e aspectos do Nível - Adaptação
Nível Adaptação
As tecnologias são usadas periodicamente e podem estar integradas ao planejamento das atividades
pedagógicas. O professor identifica as tecnologias como recursos complementares para a melhoria do
processo de ensino e aprendizagem.
Empoderamento dos alunos: o uso das tecnologias digitais está centrado no processo de aprendizagem dos
alunos em sala de aula.
Integração das tecnologias ao currículo: caracteriza-se pelo uso frequente, embora não integrado ao
planejamento de seu componente curricular.
Fluência no uso de tecnologias: o professor enxerga as tecnologias digitais como recursos complementares
para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem.
Fonte: Cieb (2019)
Observando o Gráfico 1, onde constam as médias de resposta em cada uma das 12
competências, verifica-se a competência “Autoavaliação” apresenta o valor mais alto. Já as
competências “Curadoria e criação” e “Prática pedagógica” apresentam os valores mais
baixos. Observam-se valores intermediários nas competências “Autodesenvolvimento”,
“Personalização” e “Uso crítico”.
Gráfico 1. Resultados médios para as 12 Competências Digitais
Fonte: do autor (2021).
A competência de “Autoavaliação”, da área de Desenvolvimento profissional, refere-
se à capacidade de utilizar as TDIC para avaliar a prática docente, refletir e buscar ações para
melhorias. O nível de apropriação médio dessa competência é o de Adaptação traz como
aspecto o da “Fluência no uso de tecnologias” evidenciando o uso de tecnologias digitais para
registro e reflexão da prática docente. O resultado pode estar associado ao uso obrigatório de
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plataformas digitais para registro dos diários de classe nas escolas da rede municipal de
Criciúma/SC.
A “Curadoria e criação”, da área Pedagógica, cujo foco tem a seleção e a criação de
recursos digitais que contribuam para o processo de ensino e aprendizagem, teve um resultado
baixo. Nas respostas, três dos oito professores apresentaram o nível de apropriação Exposição
e quatro pontuaram no nível Familiarização. Os aspectos do nível Exposição, para essa
competência são apresentados no Quadro 5.
Quadro 5. Aspectos do Nível – Exposição para a Curadoria e criação
Nível Exposição
Empoderamento dos alunos: o professor não envolve os alunos na busca, na seleção ou na criação de
conteúdos digitais.
Integração das tecnologias ao currículo: caracteriza-se pela falta de planejamento do uso de tecnologias
digitais para curadoria ou criação de recursos digitais. Usa conteúdos digitais baixados da internet, porém sem
o emprego de operadores de busca ou critérios objetivos.
Fluência no uso de tecnologias: o professor desconhece, não usa ou precisa de ajuda de algum colega para
usar recursos básicos de busca ou de criação de conteúdos digitais.
Fonte: Cieb (2019)
Outro resultado de nível de apropriação baixo da área Pedagógica foi o da
competência “Prática pedagógica”. Nas respostas cinco dos oito professores apresentaram o
nível Familiarização de apropriação e dois pontuaram no nível Exposição cujos aspectos
apontados no Quadro 6.
Quadro 6. Aspectos do Nível – Exposição para a Prática Pedagógica
Nível Exposição
Empoderamento dos alunos: o professor não sabe, não usa ou precisa de ajuda para utilizar as tecnologias
digitais na prática pedagógica com alunos
Integração das tecnologias ao currículo: caracteriza-se pelo desconhecimento, não uso ou necessita de ajuda
para utilização das tecnologias digitais nas estratégias de ensino.
Fluência no uso de tecnologias: o professor desconhece, não usa ou precisa de ajuda para utilizar as
tecnologias digitais no campo profissional. No campo pessoal, usa tecnologias de
comunicação, como correio eletrônico e aplicativos de mensagens instantâneas.
Fonte: Cieb (2019)
Estes dois resultados, tanto da competência “Curadoria e criação”, quanto da de
“Práticas pedagógicas”, se contrapõem ao levantado no referencial teórico que aponta o uso
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potencial das TDIC na Educação, em especial de ferramentas digitais e da internet como as
descritas em Crespo e Crespo (2020).
A homogeneidade do grupo é observada nas competências “Avaliação”, “Uso seguro”
e “Uso responsável” com o nível Familiarização de apropriação. A maior diferença de
resultados foi identificada na competência “Autodesenvolvimento”, da área de
Desenvolvimento profissional, com respostas entre os níveis Exposição, Familiarização,
Adaptação e Integração. Observam-se também diferenças nas competências “Personalização”
e “Uso crítico”, também com respostas nos mesmos níveis, sendo o motivo de apresentarem
valores intermediários.
Analisando o Gráfico 2, com os resultados médios das competências digitais dos
professores obtidos por faixa etária, verifica-se que a proficiência diminui nos professores
mais velhos (faixa etária de 50 a 60 anos) ficando mais próximo do nível Exposição,
atingindo o nível Familiarização apenas na competência de “Autoavaliação”. Os professores
mais novos (faixa etária de 30 a 40 anos) apresentam mais resultados entre os níveis
Familiarização e Adaptação.
Gráfico 2. Resultados Médios para as 12 Competências Digitais por Faixa Etária
Fonte: do autor (2021).
Um ponto observado que chamou a atenção foi o resultado superior dos níveis de
apropriação de uma das professoras em relação aos demais em todas as áreas pontuando nos
níveis Adaptação e Integração, sendo pertencente a faixa etária intermediária (entre 40 e 50
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anos). A progressão linear de resultados por faixa etária fica evidenciada na retirada dos dados
da professora que pontuou acima da média, conforme mostra o Gráfico 3.
Gráfico 3. Resultados médios para as 12 Competências Digitais por Faixa Etária
Fonte: do autor (2021).
Analisados os seus resultados médios para as 12 competências digitais por Ano
(Gráfico 4), as participantes do 1º Ano apresentam um nível de desempenho mais baixo na
competência “Avaliação” e mais elevado na “Autoavaliação”. Já as respondentes do 2º Ano
têm maior apropriação na competência de “Comunicação” e menor no “Uso responsável”. No
3º ano se observam resultados mais relevantes na “Avaliação” e “Uso responsável”. O 4º ano
lidera na “Inclusão”. Os resultados de nível de apropriação mais baixo de maneira geral são
observados no 5º.
Gráfico 4. Resultados médios para as 12 Competências Digitais por Ano
Fonte: do autor (2021).
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6 CONCLUSÃO
O objetivo geral da pesquisa visou investigar o nível de apropriação de competências
digitais de pedagogas de uma escola da rede municipal de Criciúma/SC, sendo o mesmo foi
alcançado com a aplicação do instrumento de autoavaliação e as análises dos resultados a
partir do embasamento teórico. Com o levantamento bibliográfico foi possível identificar as
características das competências digitais das professoras e estudar os instrumentos de
autoavaliação DigCompEdu CheckIn e o Guia Edutec.
O Guia EduTec, questionário on-line para autoavaliação utilizado para coleta de dados
e a devolutiva, possibilitaram a verificação dos níveis de apropriação das 12 competências
(Prática pedagógica, Avaliação, Personalização, Curadoria e criação, Uso Responsável, Uso
Seguro, Uso Crítico, Inclusão, Autodesenvolvimento, Autoavaliação, Compartilhamento e
Comunicação) classificados em níveis de apropriação: Exposição; Familiarização; Adaptação;
Integração e Transformação. Os principais resultados da pesquisa de campo, obtidos a partir
da análise das devolutivas, são: o nível Adaptação de apropriação das pedagogas pesquisadas
com o nível Familiarização; a competência com melhor desempenho foi a de “Autoavaliação”
da área “Desenvolvimento profissional”; as competências com níveis Exposição, os mais
baixos, foram a “Curadoria e criação” e “Prática pedagógica” da área “Pedagógica”; e o fator
idade como interferente no nível de apropriação.
Para a continuidade da pesquisa, recomenda-se a autoavaliação para todos os
professores da escola pesquisada e demais escolas da rede, com o uso do Guia EduTec. Com
os resultados dessa pesquisa espera-se contribuir na reflexão sobre a apropriação para o uso
de TDIC na prática pedagógica e com informações para o planejamento de jornadas
formativas mais efetivas envolvendo os recursos tecnológicos.
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