Aula de filosofia antiga, tema: Heráclito de Éfeso
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Heráclito de Éfeso
544? – 484? a.C.
Pai da Dialética
A filosofia de Heráclito procura compreender a multiplicidade do real. Para tanto não rejeita
as contradições e busca compreender a realidade na sua mudança - isto é, no seu devir.
Heráclito apresenta o seu pensamento por meio de aforismos, que são frases que expressam
de maneira condensada uma idéia, um fato ou uma regra.
Dos escritos de Heráclito restam apenas fragmentos que permitem ter uma noção, mesmo
que incompleta, do conjunto de seu pensamento.
—Considerações importantes sobre Heráclito e sua filosofia:
Prof. Juliano
“Tudo flui (‘panta rei’), nada persiste, nem permanece o mesmo.” Heráclito
Heráclito de Éfeso
Fragmentos importantes:
1º. “Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio”, pois na segunda vez não somos os
mesmos, e também o rio mudou.
2º. “O mesmo é em (nós?) vivo e morto, desperto e dormindo, novo e velho; pois estes
tombados além, são aqueles e aqueles de novo, tombados além, são estes.”
3º. “O deus é dia noite, inverno verão, guerra paz, saciedade fome; mas se alterna como
fogo, quando se mistura a incensos, e se denomina segundo o gosto de cada.”
4º. “Por fogo se trocam todas (as coisas) e fogo por todas, tal como por ouro mercadorias
e por mercadorias ouro.”
6º. “Do arco o nome é vida e a obra é morte.”
7º. “O sol é novo a cada dia.”
julianojbs@yahoo.com.brProf. Juliano
Com base nos fragmentos é possível concluir que...
nada permanece idêntico a si mesmo, pois as coisas estão sujeitas a dialética da afirmação e
negação pelo fato de tudo conter o seu ser e também o seu não-ser (ou oposto). Neste sentido
todas as coisas fluem, transformam-se... isto é, mudam sua substância ou essência, mas
nunca a identidade. Veja:
Atenção!
Substância ≠ Identidade
Substância: refere-se ao que é (ser) em um determinado instante e ao que não é (não-ser) em
outro.
Identidade: refere-se a um elemento qualquer que é sempre idêntico a si mesmo.
Heráclito de Éfeso
julianojbs@yahoo.com.brProf. Juliano
Observe abaixo um dos principais fragmentos da filosofia heraclitídea:
“A guerra é pai de todos; rei de todos.”
Análise do fragmento acima.
Nele é possível extrair três idéias principais do pensamento de Heráclito a partir das palavras em
destaque, veja:
Guerra: representa a luta dos opostos como forma de manter a ordem [cosmos] da natureza
[physis].
Rei: representa a determinação do vir-a-ser [devir] do ser em seu ser contrário.
Pai: representa a origem [arché = fogo] da ordem entre os elementos contrários que compõe o
universo.
Palavras importantes: representação da luta, da origem e da determinação.
Heráclito de Éfeso
julianojbs@yahoo.com.brProf. Juliano
Conclusão do fragmento:
A origem do devir determina o vir-a-ser responsável pela vida dos seres, cuja luta entre os
contrários garante a harmonia do universo, pois afinal tudo é “Um” – isto é, unidade de
multiplicidade.
Veja:
VidaBem
Inverno
Noite
Frio
PazMorte
Mal
Verão
Dia
Quente
Guerra
Fogo
A equivalência de estados contrários com “o
mesmo” [unidade da pluralidade] exprime a
alternância harmônica de pólos opostos, pela
qual um estado é transposto no outro, numa
sucessão mútua, como o dia e a noite. Todas
as coisas são “Um”, toda a multiplicidade dos
opostos constitui uma unidade [na physis -
fogo], e todos os seres estão em um fluxo
eterno de sucessão de opostos em guerra
[devir].
Heráclito de Éfeso
julianojbs@yahoo.com.brProf. Juliano
toda essa constate transformação do ser em seu ser contrário, que decorre do devir, recebe
como physis o fogo. Ademais observe abaixo a noção de vir-a-ser nas artes.
Logo:
RetratoEu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Cecília Meireles
Dia e noite
Gravura de 1938 de Escher em que é possível observar o
fluxo dos contrários em Heráclito
Prof. Juliano Dialética
Conexão Filosofia e Arte
Teoria do Conhecimento
Dialética entre verdade e opinião
Graças a equivalência de estados contrários com o mesmo, é possível classificar em Heráclito,
a existência de duas formas de conhecimento, são eles: o epistemológico e o doxológico.
Características do conhecimento verdadeiro:
Refere-se a via ascendente do conhecimento;
Produzido pela razão, capacidade de pensar ou dedução;
Classificado como saber epistemológico;
Digno de fé, pois é universal e necessário;
Na busca de sua aquisição provoca dor.
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julianojbs@yahoo.com.brProf. Juliano
Ying Yang
Conhecimento de opinião:
Refere-se a via descendente do conhecimento;
Produzido pelos sentidos, capacidade de sentir ou indução;
Classificado como saber doxológico;
Não é digno de fé, pois é particular e possível;
Na busca de sua aquisição provoca prazer.
“Mortais imortais, imortais mortais;
Vivendo a morte de uns;
Morrendo a vida de outros.”
Heráclito de Éfeso
julianojbs@yahoo.com.brProf. Juliano
Cosmologia
Para os gregos a ordem do universo é garantida pela composição e equilíbrio de quatro elementos
naturais, são eles: fogo, ar, água e terra, cujo primeiro é para Heráclito a physis, que gera os
outros elementos por condensação e, em sentido contrário, por rarefação, volta a ser fogo. Veja:
Fogo
Ar
Água
TerraDoxa Rarefação
Heráclito de Éfeso
Dialética entre ordem e caos
A lei que causa a harmonia ou a ordem dos seres
que compõe o universo é a Razão Universal,
também chamado de Logos ou “deus”.
Condensação
Via descendente Via ascendente
Episteme
julianojbs@yahoo.com.brProf. Juliano
Caso se faça um paralelo entre a teoria do conhecimento e a cosmologia de
Heráclito é possível concluir que:
Via ascendente na Teoria do conhecimento e rarefação na Cosmologia são os mesmos. Veja:
Rarefação: conduz ao fogo – physis.Episteme = Physis
Prof. Juliano Dialética
Via ascendente: conduz ao conhecimento verdadeiro – episteme.
Via descendente na Teoria do conhecimento e condensação na Cosmologia são os mesmos.
Veja:
Via descendente: conduz ao conhecimento de opinião – doxa.
Condensação: afasta-se do fogo – physis [vai da ordem ao caos].
Doxa ≠ Physis
Teoria do Conhecimento vs. Cosmologia
ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia. Lisboa: Presença, 1992.
ARANHA, M. L. & MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2003.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003.
CHALITA, G. Vivendo a filosofia. São Paulo: Atual, 2002.
COTRIM, G. Fundamentos da filosofia. São Paulo: Saraiva, 2002 [e 2006].
GILES, T. R. Introdução à Filosofia. São Paulo: EDUSP, 1979.
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OLIVEIRA, A. M. (org.). Primeira filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1996.
REZENDE, A. (org.). Curso de filosofia; para professores e alunos dos cursos de
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Referências Bibliográficas
Prof. Juliano julianojbs@yahoo.com.br
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