Aula de filosofia antiga, tema: Filosofia Helênica
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Filosofia Helênica III a.C – VI d.C.
“Das reflexões políticas às reflexões éticas”
Prof. Juliano Batista julianojbs@gmail.com
Filosofia greco-romana
“A busca da felicidade interior.”
Período ético, helenístico ou cosmopolita (III a.C.–VI d.C.):
- nesse período o território grego é marcado pelas invasões macedônias lideradas por
Alexandre o Grande e, posteriormente, pelas invasões romanas;
- com as invasões macedônias ocorre a influência do pensamento judaico e cristão
(cultura dos povos orientais) na filosofia grega (cultura grega clássica);
- tempos depois, com as invasões romanas, ocorre a influência do pensamento
romano na filosofia grega.
julianojbs@gmail.com
Quarto Período da Filosofia Antiga
Prof. Juliano Batista
As principais correntes filosóficas desse momento são:
— Filosofia greco-romana III – I a.C.;
— Filosofia greco-romano-judaico-cristã: neoplatonismo d.C.;
— Filosofia greco-romano-cristã: patrística d.C.
Quarto Período da Filosofia Antiga
Prof. Juliano Batista julianojbs@gmail.com
- A escola epicurista fundada por Epicuro de Samos;
- A escola eclética fundada por Cícero de Roma;
- A escola cética fundada por Pírron de Élis;
- A escola estóica fundada por Zenão de Cítio.
Filosofia Greco-Romana
Principais escolas greco-romanas:
Com a invasão de Alexandre, a antiga e plena liberdade democrática e política do
cidadão grego, exercida na pólis, é desconfigurada. Com isso a reflexão sobre a vida
pública (Política) é substituída pela reflexão da vida privada (Ética).
Do público ao privado:
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Sociedade Grega vs. Soc. Romana
Gregos
Romanos
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Epicuro de Samos 341-271 a.C.
O prazer é o princípio e o fim de uma vida feliz.
— A primeira condição necessária à felicidade é a criação de condições materiais e
psicológicas que nos permitam experimentar apenas os prazeres da e na vida.
Prazer epicurista ≠ Prazer cirenaico
Prazer epicurista: é o prazer sábio, da justa medida, moderado - AUTARQUIA.
Prazer cirenaico: é toda e qualquer forma de prazer: excessivo, moderado ou faltoso.
— A primeira condição necessária à felicidade é a criação de condições materiais e
psicológicas que nos permitam experimentar apenas os prazeres da e na vida.
Prazer (moderado) no epicurismo significa ausência de dor (aponia) ou sofrimento.
Assim se chegaria à ataraxia, que é caracterizada pela ausência de pertubações.
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Epicuro distingue dois graus/grupos de prazeres/desejos, a saber:
Graus dos Prazeres
Prazeres Superiores do Alma: são os mais elevados e duradouros...
- contemplação das artes; - audição das músicas;
- dedicação ao conhecimento; - boa conversação.
Prazeres Inferiores do corpo: inclui os prazeres imediatos, intensos e passageiros,
que com o passar do tempo perdem à sua força. Eles podem ser classificados em...
- virtudes: resultado do controle das paixões, desejos e apetites: epicuristas e cirenaicos.
- vícios: ações não moderadas pela razão: cirenaicos.
Atenção! O único prazer é o prazer do corpo e o que se chama de prazer do
alma é apenas lembrança dos prazeres do corpo.
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Tipologias dos Prazeres
Epicuro afirma que alguns prazeres/desejos devem ser buscados e outros evitados.
Contentar-se com pouco seria o segredo do prazer e da felicidade: eliminação da dor.
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Prazeres e Felicidade
Para Epicuro o homem somente alcança a felicidade através dos quatro remédios da
alma e do corpo, a saber:
1º. não temer pelo castigo dos deuses;
2º. não se preocupar com a morte e o pós-morte;
3ª. saber que o bem é possível de se alcançar;
4º. reconhecer que os males não são difíceis de suportar.
Além disso o homem...
- não deve se preocupar sobre a vida futura;
- não deve se voltar à vida política.
Causas da angústia...
- Medo dos deuses;
- Medo da morte;
- Medo do futuro;
- Problemas políticos.
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Nos jardins, comunidade dos discípulos de Epicuro, reinava a alegria e a vida
simples, onde a amizade era a maior das virtudes, pois permitia a correção das
faltas uns com os outros. A Escola de Epicurista foi fundada na cidade de Atenas.
Para Epicuro a verdadeira felicidade está associada ao prazer moderado, que consiste
na unidade entre a aponia (ausência de dor e sofrimento) e a ataraxia (vida livre de
pertubações).
Felicidade
Felicidade = Aponia + Ataraxia = Prazer Moderado
Atenção!
Para Epicuro os prazeres momentâneos
desnecessários podem trazer mais desprazer e
dor do que felicidade.
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Epicuro de Samos
A filosofia epicurista é essencialmente...
- materialista: os princípios primeiros (physis) são os átomos e o vazio – Demócrito
e Leucipo.
- mecanicista: as leis da dinâmica explicam os fenômenos naturais;
- hedonista: a felicidade é o próprio prazer, mas o prazer moderado;
- empirista: o verdadeiro conhecimento vem dos sentidos, das sensações do corpo.
Epicuro acreditava na existência dos deuses, mas relegava-os a planos isolados e à parte,
os 'intermundia'. Epicuro rejeitava terminantemente a intervenção divina em assuntos
humanos. “Os deuses”, pensava ele, “têm coisas mais importantes a fazer”.
- Alma é composta de pequenas partículas atômicas distribuídas
pelo corpo, motivo pelo qual a morte conduz à dissolução da alma.
Prof. Juliano Batista
Zenão de Cítio c. 335-264 a.C.
Feliz é aquele que aceita e vive o seu amor fati.
Felicidade = Apatia + Ataraxia = Amor Fati
Apatia: é a eliminação, ausência das paixões.
Ataraxia: é uma vida livre de pertubações.
Amor Fati: significa amor aos fatos, aos acontecimentos, ao próprio destino.
— A felicidade consiste na compreensão e aceitação da ordem cósmica como condição
necessária e inevitável dos princípios universais que regem tudo que é natural.
Zenão propõe o dever, vinculado a compreensão da ordem cósmica, bem como a
atitude de austeridade física e moral, baseada em virtudes, como o melhor caminho para a
felicidade, pois é feliz somente aquele que vive segundo sua própria natureza.
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Sobre a Ordem Cósmica
A Física ou Cosmologia Estóica:
O estoicismo concebe o universo como kósmos, isto é, como mundo ordenado,
organizado, harmonioso e composto de dois princípios, a saber: passivo e ativo.
Princípio Passivo: refere-se a matéria.
Princípio Ativo: refere-se ao logos (razão ou inteligência).
É o logos que permeia, anima e controla a matéria.
Tudo o que acontece de natural no universo é sempre algo
bom, por isso o bem do todo é sempre melhor que o bem
individual. Logo, tudo que é natural, por pior que possa parecera,
como por exemplo a morte, será sempre uma coisa boa.
Prof. Juliano Batista
Atenção!
Sobre a Ordem Cósmica
O princípio ativo ou “Razão Universal” é denominado pelos estoicos de Providência,
que hoje seria equivalente ao que se denomina de Deus.
Providência: é imanente, ou seja, está no próprio mundo e se confunde com ele.
Deus: é transcendente, ou seja, está separado do mundo e não se confunde com ele.
Logo:
Tudo o que existe e que acontece, exceto a LIBERDADE, tem um objetivo e uma razão
de ser, pois foi determinado pelo logos divino. Ademais não se pode alterar a
substância do universo, que como toda e qualquer essência é universal e necessária.
Prof. Juliano Batista
Determinismo Cósmico vs. Liberdade Humana
— Os estoicos ensinavam que há coisas que...
só dependem de nós: fruto da liberdade humana – Vontade Individual.
Exemplo: ser moral ou imoral, profissional ou incompetente...
não dependem de nós: determinado pelo kómos – Independe da vontade.
Exemplo: nascer, crescer, morrer, envelhecer, adoecer...
não depende só de nós: é circunstancial, ligado à sorte ou ao azar.
Exemplo: ganhar na loteria, conquistar o coração da pessoa amada...
Coisas Boas
ou
Coisas Más
Se existe uma ordem cósmica predeterminada e se há coisas que não dependem
de nós ou só de nós, só resta ao homem aproveitar uma brecha de liberdade para
garantir a felicidade, que é fazer uso da vontade querendo coisas boas.
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Vontade vs. Liberdade vs. (não) Querer
É através da liberdade, ligada às condições que só dependem de nós, que podemos
exercer à nossa vontade de querer ou não querer a felicidade.
Ter tudo o que desejo e fazer tudo o que quero não depende apenas de meu poder. Por
isso devo aceitar o destino posto pela ordem cósmica das coisas indiferentes e
aproveitar a liberdade de modo a voltar minha vontade à coisas boas para ser feliz.
Prof. Juliano Batista
Virtude vs. Domínio das Paixões
— Os estoicos buscam orientar a conduta das pessoas estabelecendo a seguinte
distinção entre as coisas, a saber:
Coisas boas: são aquelas que só
dependem de nós e que devemos querer e
buscar durante a vida para sermos felizes.
Coisas indiferentes: são aquelas que não
dependem de nós ou só de nós e por isso
não devemos nos preocupar se quisermos
ser felizes.
Coisas más: são aquelas que só
dependem de nós, mas que devemos evitar
durante a vida se quisermos ser felizes.
Virtudes:
Determinismo Cósmico: morte, saúde...
Vícios:
- Prudente, justo, corajoso...
- injusto, covarde, guloso...
Força Externa: poder, ser amado...
Prof. Juliano Batista
Domínio do Pensamento e Paixões
A infelicidade ocorre, de acordo com os estoicos, quando não conduzimos
corretamente nossos pensamentos e não evitamos as chamadas coisas más (que são às
paixões) e as coisas indiferentes (que é o determinismo cósmico e forças externas), o
que conduz à formulação de juízos errôneos ou opiniões equivocadas.
Coisas más = Paixões Coisas Indiferentes
Coisas boas = Virtudes
Infelicidade
Os estoicos dividiram as virtudes em três categorias:
- Virtude natural: corresponde a Física.
- Virtude moral: corresponde a Ética.
- Virtude racional: corresponde a Lógica.A principal virtude é a verdade.
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Referências Bibliográficas
ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia. Lisboa: Presença, 1992.
ARANHA, M. L. & MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2003.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003.
CHALITA, G. Vivendo a filosofia. São Paulo: Atual, 2002.
COTRIM, G. Fundamentos da filosofia. São Paulo: Saraiva, 2002 [e 2006].
GILES, T. R. Introdução à Filosofia. São Paulo: EDUSP, 1979.
MANDIN, B. Curso de filosofia. Os filósofos do ocidente. São Paulo: Paulus, 1982.
OLIVEIRA, A. M. (org.). Primeira filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1996.
REZENDE, A. (org.). Curso de filosofia; para professores e alunos dos cursos de segundo grau e de graduação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar editor, 2002.
Fim
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