Aspectos Conceituais Teoricos de Epidemiologia

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Epidemiologia

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ASPECTOS CONCEITUAIS, TEÓRICOS DE

EPIDEMIOLOGIA

Prof. Irani

Breve histórico Epidemiologia

• Saber clínico naturalizado, racionalista e moderno.

• Do individual para o sistemático.• Estatística: quantificação das

enfermidades– Edmund Halley (1656-1742) técnicas de

análise de dados – estudava cometas.– Daniel Bernouilli (1700-1782) – teoria das

probabilidades

Estatística:

• Pierre-Simon Laplace (1749-1827) consolida a teoria das probabilidades e aperfeiçoa método de análise de grandes números, antecipou os conceitos de eficácia, randomização e desenho e a análise dos estudos de caso-controle.

• Lambert Adolph Quetelet (1796-1874) – criador do índice de superfície corporal, demonstra a capacidade de descrição de fenômenos biológicos e sociais – morbidade e mortalidade.

• Pierre-Charles Alexandre Louis (1825) inaugura a epidemiologia – publica um estudo estatístico com 1960 casos de tuberculose.

Estatística:

Epidemiologia

• 1927 – Wade Hampton Frost– A epidemiologia é essencialmente uma

ciência indutiva, preocupada não meramente em descrever a distribuição de enfermidades, mas sobretudo em compreendê-la a partir de uma filosofia consistente.

Epidemiologia

• Década de 50 – Programas de investigação e departamentos de Epidemiologia – criam novos desenhos de investigação – estudos de coorte e os ensaios clínicos controlados.– Surge indicadores típicos da área (incidência

e prevalência) e delimitação formalizada do conceito de risco.

CONCEITO DE EPIDEMIOLOGIA

É o eixo da saúde pública e proporciona as basespara avaliação das medidas de profilaxia, fornecepistas para diagnose de doenças transmissíveise não-transmissíveis e enseja a verificação da consistência de hipóteses de causalidade.

EPIDEMIOLOGIA

Estuda a distribuição da morbidade e da Mortalidade a fim de traçar o perfil de saúde-doença nas coletividadeshumanas.

Realiza testes de eficácia e de inocuidade de vacinas.

Desenvolve a vigilância epidemiológica.

OBJETIVOS

EPIDEMIOLOGIA OBJETIVOS

Analisa os fatores ambientais e sócio-econômicos que possam ter alguma influência na eclosão de doenças e nas condições de saúde.

Constitui um dos elos de ligação comunidade/governo, estimulando a prática da cidadania através do controle, pela sociedade, dos serviços de saúde.

Associação Internacional de Epidemiologia (IEA)

1973 “o estudo dos fatores que determinama freqüência e a distribuição das doençasnas coletividades humanas”.

Clínica Estuda a doença no indivíduo

EpidemiologiaProblemas de saúde em grupos de Pessoas.

“ciência que estuda o processo saúde-doençaem coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes dasenfermidades, danos à saúde e eventos associadosà saúde coletiva, propondo medidas específicas deprevenção, controle, ou erradicação de doenças, efornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação dasações de saúde”.

EPIDEMIOLOGIA

PROCESSO SAÚDE-DOENÇA

“o modo específico pelo qual ocorre, nos grupos, o processo biológico de desgaste e reprodução,destacando como momentos particulares a presença de um funcionamento biológico diferente,com conseqüências para o desenvolvimento regular das atividades cotidianas, isto é, o surgimento da doença”.

Indicadores de bem-estar e de saúde:

• Analisam a situação de saúde, pois documentam as condições de vida da população e dimensionam o espaço social em que ocorrem as mudanças no estado de saúde.

• A busca destes têm o propósito de estimular as seguintes questões:– O que medimos? Para que medimos? Como

medimos? Quando medimos? Onde medimos? Quem realiza estas mensurações? Por que medimos? Para quem medimos?

Variáveis populacionais:

• Secundárias: Já disponíveis.

• Primárias: levantamentos de uma determinada população ainda não disponibilizados.– Grupos mais susceptíveis, faixas etárias mais

atingidas, os riscos mais relevantes e os mecanismos efetivos de controle para cada caso.

Valores relativos

• Variável dependente: é sempre expressa em números de pessoas acometidas por uma determinada doença ou falecidas.

• Valores absolutos: quando os dados foram colhidos diretamente de fontes de informação, ou gerados através de observação controlada, são dados não-trabalhados.

• Freqüências absolutas: quando os valores absolutos estão relacionados à referida variável independente.– Eventos localizados no tempo e no espaço, não

ensejando, portanto, possibilidade de comparação temporais ou geográficas.

• Ex: Em Araras há um aumento no índice de morbidade por problemas respiratórios na época da colheita da cana de açúcar. Porém não podemos afirmar ser verdadeiro esta situação em outras cidades onde são realizados a colheita da cana.

Para haver possibilidade de comparar dadoshá necessidade de transformar os valores absolutos em valores relativos, ou seja, em numeradores defrações com denominadores fidedignos.

Surgem os conceitos de mortalidade e morbidade relativas.

As novas variáveis dependentes não são mais freqüências absolutas, e passam a ser coeficientese índices.

Coeficientes: são as relações entre o número de eventos reais e os que poderiam acontecer.

Ex: supor que o coeficiente seja 0,00035.

Está se afirmando que o coeficiente é igual a 35dividido por 100.000 (35/100.000), ou seja,que haveria a possibilidade de acontecer 100.000eventos, mas que, destes, só aconteceram 35. É portanto, uma medida de risco.

Se os eventos realmente ocorridos (numerador)estão categorizados como “óbitos por tuberculosena capital X, no ano Y” e os eventos que poderiamter ocorrido (denominador) estão categorizadoscomo “habitantes domiciliados na referida capitalnaquele ano”, o coeficiente será traduzido com35 óbitos de tuberculose por 100.000 habitantesna capital X no ano Y.

O valor 0,00035 mede o risco de se morrer detuberculose naquela cidade, ou seja, os coeficientes são também medidas de probabilidade.

No cálculo dos coeficientes, deve-se ter o cuidadode excluir, no denominador, as pessoas nãoexpostas ao risco, exemplo, excluir mulheresdo denominador na determinação do coeficientepor câncer de próstata.

Índices: relações entre freqüências atribuídas da mesma unidade – geralmentesão apresentados sob forma percentual.

No numerador são registradas as freqüênciasabsolutas de eventos, que constituem subconjuntosdaquelas que são registradas no denominadorde caráter mais abrangente.

Seja 0,45 o índice de mortalidade infantil proporcional.

Neste caso: a freqüência dos eventos acontecidos,registrada no numerador, é da categoria “óbitos de criançasmenores de 0-1 ano” e a freqüência registrada no denominadoré da categoria “óbitos ocorridos em todas as idades”.

Percentualmente, este índice pode ser expressopelo valor 45%, isto é, em cada 100, no conjuntodos óbitos gerais, 45 referem-se a óbitos de crianças menores de 1 ano de idade.

COEFICIENTES DE MORTALIDADE

• São coeficientes entre as freqüências absolutas de óbitos e o número dos expostos ao risco de morrer.

Índices de Mortalidade

Índices de Swaroop & Uemura

ISU = Nº de óbitos de pessoas de 50 anos ou mais x 100 Total de óbitos

Excelente indicador do nível de vida.

Vantagens ISU

• Simplicidade;

• Disponibilidade de dados, na maioria dos países;

• Possibilidade de compatibilidade nacional e internacional;

• Dispensa dados de população.

Classificação em 4 grupos:

• 1º grupo: índice igual ou superior a 75%.

• 2º grupo: variando de 50 a 74%.

• 3º grupo: variando de 25 a 49%.

• 4º grupo: valores inferiores a 25%.

Índice de mortalidade infantil proporcional

IMIP = Óbitos de crianças menores de 1 ano x 100 Total de óbitos

COEFICIENTES DE MORBIDADE

• Comportamento das doenças e dos agravos à saúde em uma população exposta.

Coeficiente de = nº de casos de uma doença x 10n

Morbidade população

Prevalência

Descreve a força com que subsistem as doenças nas coletividades.

É a freqüência absoluta dos casos de doenças.

Coeficiente de prevalência

A relação entre o número de casos conhecidosde uma dada doença e a população, multiplicando-se o resultado pela base referencial da população,que é potência de 10, usualmente 1000, 10.000 ou 100.000

Coeficiente de = nº de casos conhecidos de uma dada doença x 10n

prevalência população

Soma dos casos anteriores conhecidos e que ainda existem com os casos novos que foramdiagnosticados desde a data da computação anterior.

Incidência

Traduz a idéia de intensidade com que acontece a morbidade em uma população.

Freqüência absoluta de casos novos relacionados à unidade de intervalo de tempo

Coeficiente de incidência

Razão entre o número de casos novos de uma doença que ocorre em uma comunidade, em um intervalo de tempo determinado, e a população exposta ao risco de adquirir referida doença no mesmo período, multiplicando o resultado por potência de 10, que é base referencial da população.

nº de casos de uma doença Ocorrentes em determinada

Comunidade em certo período de tempo x 10n

nº de pessoas expostas ao risco deAdquirir a doença no referido período

Coeficiente deIncidência =

Exemplos:

Nº de resfriados , no período de 1 anoPopulação exposta ao risco

Nº de pessoas que tiveram um resfriado, no período de 1 anoPopulação exposta ao risco

Esperança de vida

• Termo técnico utilizado na estatística vital para designar “o número médio de anos que ainda resta para ser vivido pelos indivíduos que sobrevivem até a idade considerada, pressupondo-se que as probabilidades de morte que serviram para o cálculo continuem as mesmas”

Inquérito epidemiológico

• Estudo das condições de morbidade por causas específicas, efetuado em amostra representativa ou no todo de uma população definida e localizada no tempo e no espaço.

Vigilância epidemiológica:

• Lei 8080/90:– “Um conjunto de ações que proporciona o

conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças e agravos”.

Notificação compulsória

• Controle das doenças definidas pelo Sistema Nacional de vigilância epidemiológica, instituído pelo decreto-lei 78.231/76.

Portaria 1.100 de 24 de maio de 1996 e em 1998:

Febre amarela, peste, cólera, varíola, hanseníase, tuberculose, poliomielite, tétano, doença meningocócica e outras meningites, difteria, raiva humana, febre tifóide, sarampo, leishmaniose tegumentar e visceral, coqueluche, oncocercose, dengue, hepatites virais, doença de Chagas (casos agudos), rubéola e síndrome da rubéola congênita, sífilis congênita e AIDS. Malária em áreas não endêmicas, hepatite B e meningite por Haemophilus influenzae.

Endemia

• À ocorrência coletiva de determinada doença que, no decorrer de um largo período histórico, acometendo sistematicamente grupos humanos distribuídos em espaços delimitados e caracterizados, mantém a sua incidência constante.– Doença habitualmente presente entre os

membros de um determinado grupo, em determinada área.

Endemia

Qualquer doença espacialmente localizada, temporalmente ilimitada, habitualmente presente entre os membros de uma população e cujo nível de incidência se situe sistematicamente nos limites de uma faixa endêmica que foi previamente convencionada para uma população e época determinadas.

Endemicidade

• A intensidade de caráter endêmico de determinada doença, em determinado lugar e intervalo cronológico.– Pode ser caracterizada pelo patamar onde se

situa a faixa endêmica.

Epidemia

• É a ocorrência de doença em grande número de pessoas ao mesmo tempo.

• É uma alteração, espacial e cronologicamente delimitada, do estado de saúde-doença de uma população, caracterizada por uma elevação progressivamente crescente, inesperada e descontrolada dos coeficientes de incidência de determinada doença, ultrapassando e reiterando valores acima do limiar epidêmico preestabelecido.

Surto epidêmico

• Uma ocorrência epidêmica restrita a um espaço extremamente delimitado: colégio, quartel, edifício, bairro...

Pandemia

• Ocorrência epidêmica caracterizada por uma larga distribuição espacial, atingindo várias nações.

Referências Bibliográficas:

• PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. 3ª reimpressão. Rio de Janeiro, Guanabara-Koogan, 2000.

• ROUQUARYOL, M. Z.; ALMEIDA F., N de Epidemiologia e saúde. 5.ed. Rio de Janeiro, MEDSI, 1999.

• LESER, W.; et al. Elementos de epidemiologia geral. São Paulo, Atheneu, 2000.

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