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no entanto e justamente por volta de 1880 que se realiza
profunda na rnaneira de fazer polftica, na cultura e no costu-
o conflito franco-prussiano, dez anos antes, encerrara a epoca
independencia nacional, mas logo depois a Comuna de Paris
urn novo e irnportantissimo capitulo da luta entre
e classes dirigentes. 0 que determina a mudanca ,e
,egrandioso desenvolvimento da tecnologia industrial: muda a
da sociedade, rnudam 0ipo e a modalidade do trabalho, as rela-
e de consumo. A politica interna dos paises europeusrFl:aClJC;'" sao - - p e r a - e c o n o m r a : - E : i i X e i g a : " s e
industrial a promessa de uma sociedade nova, capaz de criar
bem-estar, harmonia entre todas as potencias e entre todos os
A realidade, porem, e muito diferente: 0capitalismo industrial
conflitos entre grandes potencias e entre classes socials: no arco
anos, sern falar dos conflitos coloniais, sao deflagradas duas
guerras, que envolvem 0mundo inteiro, e uma grande revolu-
que tende a se estender da Russia, onde explode em 1917, aos
pafses industrializados do mundo.
movimentos filosoficos que se desenvolvem naquele perfodo nao
a formar grandes sistemas unitarios, mas a descrever e a analisar a
psfquica e 0drama existencial do homem moderno, envolvido
global de producao e de consumo de massa. 0 tema domi-
e 0do estranhamento, da "alienacao", da perda de identidade do
na sociedade e do enrijecimento da sociedade na indistincao da
Aos sistemas fllosoflcos unitarios se substituem as pesquisas psico-
(Bergson); a analise das motivacoes inconscientes (Freud, lung),
contra a autoridade da historia (Nietzsche), 0anseio por urn
matisrno antitetico a toda metaffsica (Marx). Se0grande problema e0rtenncioaoe da existencia, 0interesse se concentra sobre os compor-
humanos e suas motivacoes conscientes e inconscientes; cada
rnais se determinam dois grandes campos de indagacao, a psicologia
e inconsciente e a existericia coletiva, economica e polftica,
outras correntes de pensamento constatam e anunciam 0firn da
ocidental (Spengler) e da propria historia como modalidade cons-e finalizada da acao humana.
Na politica, verifica-se, por urn lado, uma remocao sistematica dos
ideals e a instauracao de uma dura Realpolitik, para a qual so con- .
os interesses economicos e, por outro, a formacao de partidos polfti-
e a configuracao da luta poHtica como conflito entre as ideologias de
estes sao portadores. A ideologia e uma imagem da sociedade como
.•-.__._ que fosse, 0partido e urn conjunto de pessoas que professam a.
I
I
CYBERCOPYC O P I A D O R A IL AN H O US E E L AH C HO N ET E
AARTEDOSECULOXX
1. 1880-1940. Seria possfvel dizer que esses sessenta
tuem, para a arte moderna, 0que se chama periodo historico, ou
arco de tempo em que todos os eventos parecem ligados entre si
,~5es que podem ser de afinidade, de interferencia e ate de
mas que, contudo, formam urn contexto, tal que cada urn deles
explicado apenas em relacao aos outros? Eseria possfvel dizer que "
mo arco de tempo constitui urn perfodo da historia geral e que,
a historia da arte nao pode ser separada da historia politica, ~vV""V1J
social? Ea relacao seria de mao tinica, como a arte dependente dos
maiores da epoca, ou reciproca, de maneira que sem levar em
nao se poderia compreender a fundo a historia desse perfodo?
Consideremos, comecando pela historia geral, os termos e as
desse arco de tempo. Quanto a data final, 1940, nao pode haver
a Segunda G~erra Mundial nao marca apenas 0im de urn perfodo,
uma epoca. E a crise de todo 0sistema de valores, das proprias
ras da civilizacao: mudam a geografia politica, as relacoes de forca '
as potencias e, dentro delas, entre as classes sociais. Mudam
grandes temas da pesquisa cientffica e da cultura, especialmente
vidades artfsticas: finda a guerra, muitos se perguntarao se, num
que encontrou a maneira de se autodestruir e parece obcecado pela
tade de possuir meios de destruicao sempre mais poderosos, ainda
possfvel produzir e justificar os impulsos criativos que encontram
maior expressao na arte. A razao social da arte, que ja parecia
comprometida pelo desenvolvimento das tecnicas industriais, no
parece quase impossfvel: comeca-se a falar de dificuldade, logo de
e, finalmente, de morte da arte.
A data inicial do perfodo, 1880, nao corresponde a eventos tao
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mesma ideologia e se associam com a intencao de faze-Ia
quistar 0poder. Nas ult imas decadas do secula X D i : e nas-·"~U.l<11
cada vez mais se configura a antitese entre ideologias
~pelam aos principios da democracia e do socialisrno e tern
final a revolucao, e ideologias conservadoras e mais tard_ ~ eque terao como exito a formacao de regimes totalt tanos.
movimentos "modernos" paralelos, mas de signo oposto,
o contraste entre 0europeismo artfstico de matriz classica
e0europefsmo artfstico de matriz rornantica, alerna. Franca e
permanecerao, por todo esse perfodo, os dois polosdia-
cultura figurativa europefsta.
1918. E a fase das assim chamadas vanguardas hist6ricas. Jaapenas 0progresso, mas a transformacao radical, revoluciona-
emseus process os e em suas finalidades. 0cubismo analiticoe Braque pode ser considerado a nova l inguagem figurat iva,
verdadeira e integralmente "moderna"; e analitico, de fato,
nao tanto a realidade exterior, quanta. a propria arte, em suas
e seus processos. Ja nao tendo um "uso" social natural, a arte
para si mesma seu verdadeiro ser, sua funcao possfvel, 0
sua interven~ao na realidade social , mesmo conservando uma
autonomia.
rnais marcadamente do que 0cubismo, 0grupo alernao do
guiado por Kandinsky e Klee, corta toda relacao entre a ima-
e a imagem da realidade. Entre cubismo e Blaue Reiter se
em termos mais radicals 0contraste que fora proprio dos fauves e
ynreEiSi(::mistas.entre uma arte voltada ao conhecimento do objeto e
voltada a expressao do sujei to - eo ul timo ate da contraposicaode classicismo e romantismo. Com 0Blaue Reiter se inicia a arte
chamada de nao figurativa ou abstrata.
periferia europeia (Ital ia, Russia) a profunda renovacao cubista e
Reiter se manifestam com tendencias extremistas e "futuristas" ,
nao apenas separar a arte de toda tradicao, mas projeta-la para
Como nesses parses 0nfvel cultural era mais baixo eo deseri-
rimento industrial estava apenas comecando, a luta dos "futuristas"
o passado foi mais violenta e a adesao a nascente "civilizacao das
mais entusiasta.
1918:"1930, aproximadameriie-.Eaf::isedOpos-guerra. A aitese·
em tres direcoes diferentes: 1) pela analise das causas do confli ro
e pelo proposito de evitar que se repita nasce 0engajarllento
. " " ' L 1 < : > ' . " ' - < : > na reconstrucao 'da ci:viliza<;ao europeia e ria eliIlliiiac;aode-
contradicoes: sao essas as correntes que sao chamadas globalmente,
de notaveis diferencas internas, de construtivas; 2)·dlstariciainen ....
arte da realidade social e de todo interesse polfticora arte e vista
aventura interior, exploracao das profundezas, busca das fontes da
2.0periodo 1880-1940 na hist6ria da arte. A sucessaornovimentos artist icos se conforma a esse quadro hist6rico
expHcita e sempre mais marcada intencao de cortar as pontes
tradicoes e se apresentar como absolutamente "modernos'" 2)
~ao a ser "europeus", ou seja, expressivos de interesses cultu'rais
nais, 3) pela formacao e a alternancia sempre mais rapida de
correntes, de grupos organizados de artistas, amitide em vivo
si, como se fossem partidos polfticos. Para ahistoria da arte 0
-1940 pode esquematicamente ser articulado da maneiraA) 1880-1908, aproximadamente. E a fase do assim chva'-mt;~aUdJ'oll'C;:
nismo", e se manifesta por uma intensa reativac,;:ao de todas as
arnsticas, inclusive no campo das artes decorativas. Afirma-se a
social da arte com acentos semelhantes aos do socialisme,
Pretende-se que na arte se realize uma renovacao profunda comoindustria realizou no campo da producao. Busca -se a fusao total das
para alern dos limites delas, COrlla ciencia, a poesia, a filosofia:0
eo que Wagner charnara de Gesammtkunstwerk[obra de arte totall.
o ponto de referencia permanece, para a pintura, 0
e, para a arquitetura,· as novas tecnicas construtivas. E preciso
que a pesquisa dos Impressionlstas continua sedeserrvolverido
sua p~onta mais avancada (Cezanne) proceda solitaria e quas~
da ate a morte do mestre (1906). As ultirnas decadas do seculo
.caracterizadas pela vo,made: _de prQPoreioIlarumfunda:m.ento
visao dos impressionistas (neoimpressionismo de Seurat e V.l!';U"'-'-,
assumi-la como instrumento de umainterpretacao mais autentica
dadelra da realidade social (T'9uIQu,se-Lautrec); de obriga-la.a
com extra ordinaria intensidade 0drama interior do hornern
(Van Gogh, Gauguin, Munch, Ensor). A corrente difusa des
encabecada por Redon, opoe ao "naturalismo" impressionista seu
ri tualismo", mas visa, ela tambem, a uma reriovacao profunda da
. gem dos signospara expressar conteudos novos e atuais.
==Nocome~oao · s ec u lo xx~ -- p i i i t i i r a d e - C ; § z a h n e : d a q l l a l sera a avaliar a enorme importancia, e reconhecida como base tanto
movimento frances dos fauves, quanta pelo alernao dos ~_.__~·nn'
, 3) muito mais drastica e a posicao do dadafsmo; corrente que
na Europa enos Estados Unidos (com Duchamp) darecusa total
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3. 0 mercado. No perfodo que estamos tratando 0campo das
des artisticas se apresenta animado, e asvezes conturbado, mais do
qualquer outro perfodo. Embora 0centro da cultura artistica seja e
ca Paris (pelo menos ate a Segunda Guerra Mundial), movirnentossantes se registram na Belgica, na Holanda, na Alemanha, na ~",O~.~
Russia, naItalia, naEspanha, nos Estados Unidos. Manifestarn-se e
-se personalidades de grande destaque, nao apenas na pintura, na
tura, na arquitetura, mas tarnbem nas artes decorativas, que ja nao se
nem se pode chamar de artes menores ou aplicadas. Ajulgar pelo
de grandes artistas e pela qualidade de suas obras, na primeira
a arte parece realmerite atingir urn dos nfveis mais altos de suaa so~iedade e de seus valores e da propria arte como valoracreditado.
A frente das correntes construtivas se situa naturalmente '
ra, tanto na Franca, com LeCorbusier, quanto na Alemanh
e Mies van der Rohe, e na Holanda, com 0grupo a,
Enquanto na Europa se desenvolve a arquitetura dita
dos Unidos se afirma sobre bases completamente diferentes
nico" de Frank Lloyd Wright. A aderencla da forma a funs;:a~
de materiais de producao industrial, 0uso de formas ''-", ·",tares·respenaemaideia
criando modalidades de vida comuns, unificando as formas
das casas, impondo em todo lugar sua logica ferrenha, a
nal deveria ser 0fator principal do advento de uma sociedadee sem fronteiras nacionats.
o engajamento social da arte construtiva foi
Russia, onde a vontade de uma revolucao artfstica se associou a
social e politica em acao. A arte de vanguarda russa entre as
constitui 0inico exemplo de movimento artfstico moderno
te erigajado numa acao revolucionaria, visando tambem,
ficar asmodalidades de organizacao da atividade artfstica as
a sociedade e com 0Estado. '
D) 1930-1940. Na arte aparece 0pressentimento da crisecultural, que explodiria com a Segunda Guerra Mundial. 0 fato
relevancia e a condenacao e a persecucao da arte moderna
as suas correntes, pelos regimes totalitarios: Russia de Stalin,'
de Hider, Italia de Mussolini. A arte de Estado que os ditadores
impor nao produziu nenhum resultado apreciavel, mas as correntes
cas modernas, condenadas ou proibidas, assumem por reflexo urn
acento de oposicao a esses regimes e de defesa a qualquer preco dadade de expressao.
'H::l.1<1-'~rnostra se interessar pela arte como nunca antes. Surgem
JU,J"~-- para a organizacao de exposicoes nacionais e interna-
exemplo, a Bienal de Veneza, em 1898); formam-se museus
exc1usivamente a arte conternporanea. As antigas estruturas
Saloes, as Academias etc.) vao perdendo rapidamente ere-
as encomendas ptiblicas de obras, que ainda ha pouco eram
pelos artistas oficialmente reconhecidos, se tornam cada:~';"."'riC' laemfinsdo seculo xrxse-difunde.a.Ideia de que osartistas
cttulares de catedras e de dignidades academicas, sao os piores
'menos, .os menos interessantes. Pouco mais tarde, a desconflan-
desprezo, e os artistas que nao participam dos movimentos
sao ridicularizados como pompiers. De fato, a arte de tenden-
se torna cada vez mais mediocre: se, ainda em meados
urn conservador como Ingres estava no mesmo nfvel de urn
, como Delacroix, no fimdo seculo Bouguereau, Cabanel, Meis-
ernbora ainda preferidos pelo grande publico, parecem meros
se comparados aos impressionistas.
evolucao muito semelhante acontece na crftica. De uma critica
apenas informativa e jornalistica, que refletia passivamente os
publico, passa-se a uma critica participativa e amiiide vivamenteAmudanca acontece por volta de meados do seculo com Bau-
mas ja poucas decadas mais tarde aparece uma crftica que toma
jos;arrlerlleposicao a favor das correntes avancadas - em primeiro
dos impressionistas e dos simbolistas. Trata-se, mais uma vez, de
como Zola, Champfleury, Auriol, Feneon, mais tarde, 0grande
das vanguardas artisticas sera de novo um grande poeta, Apolli-
.Isso demonstra que a posicao do artista passou do nfvel de um pro-
nalismo necessario, procurado, integrado ao sistema, ao das ativida-
marginais, criticas e polemicas em relacao ao sistema.
decadencia gradual das organizacoes oficiais para 0apoio e 0
das artes, cuja presenca ja era urn indicio de crise, corresponde
srmacao e ao rapido desenvolvimento do mercado artistico. Trata-se
fenomeno muito complexo, destinado a se desenvolver e m todo
ocidental e a transferir seu epicentro, apos a Segunda Guerra,
para Nova York. 0 surgimento de urn mercado decididamente
nuv-,'V""U coincide com 0impressionismo e com 0simbolismo, ou
com as primeiras correntes artisticas para as quais a obra de arte ja
e algo que se produz sob encomenda, mas 0produto de uma pes-
autonoma nao dessemelhante, por sua Independencia, a da poesia
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e da Iiteratura, 0 fato de 0mercado se interessar apenas
artfsticas avancadas e concorrer poderosamente a vit6ria
tendencias conservadoras explica como arniude os grandes
tenham se tornado os apoiadores e os financiadores desta
corrente, eventualmente garantindo-se a exclusividade dos
interessantes, participando assim do debate das tendencias
sobre 0andamento da cultura artistica, Quase sempre a
fator de mediacao entre artistas, galerias de mercado
vez, 0mercado se assegura indiretamente 0controle das
nizacoes publicae e especialmente das grandes exposi~5es
enorme sua importancia para a difusao internacional do
arte moderna, que se afirma independentemente de todas as
escolas nacionais, Como e facil entender, 0mercado,da renovacao de valores, estimulou a concepcao da arte como
genuina da personalidade ou individualidade do artista e,
ca de talentos a serem "lancados",
omercado artfstico parisiense foi 0rnaior responsavel da
mada Escola de Paris, termo com que se indicou a confiuencia
na prime ira metade do seculo, de artistas originarios de todos
do mundo e dispostos a suportar anos de miseria na esperanca,
ria dos cas os frustrada, de uma "consagracao" ou de urn
por algum grande marchand. 0 mercado coritribuiu assim a
a sucessao das correntes urn ritmo extremamente rapido e
vivacidade polemica: foi possfvel falar, com certo fundamento
de, de "modas" artfsticas que, ap6s urn exito brilhantfssimo,
sao substituidas por outras "modas". 0 revezamento das
._ de Iastirnado, embora, na realidade, represente apenas uma
parcial da producao artfstica as leis do rnercado industrial)
acompanhado por ardorosas discussoes crfticas e, portanto, por
..movimento de ideias.
o desenvolvimento do mercado artistico, que se aoresenta:
fenomeno marcante inclusive em relacao a multiplicacao das
oficiais e dos museus de arte moderna, demonstra que a funcao
como produto cultural, ainda e mediada e condicionada pela posseto artistico, uma posse que, obviamente, e viavel apenas para as
economicamente privilegiadas. 0 surgimento de museus piiblicos
conternporanea a partir das colecoes particulares, sempre mais
(amitide doadas a coletividade pelos pr6prios colecionadores),
mente nos Estados .Unidos, demonstra que a rica burguesia
sidera seus gostos exemplares e instrutivos para a coletividade: 0
nismo privado, ainda mais quando as colecoes se transforrnam em
, portanto, urn dos meios pelos quais a classe dirigente
poder ecoriornico em hegemonia cultural.
leciOl!llSIll'J,especialmente 0de arte conternporanea, foi pratica-
pelo capitalismo avancado, interessado no progresso
tecnol6gico, inclusive como forma de se distinguir da pequena
conservadora e retr6grada. A burguesia avancada, que
como culturalmente moderna, acolhe com liberalismouaJLUL·-~·
amiude aspera, da arte moderna contra o establishment
fato, por estar ainda ligada de certamaneira a sua origem
esta convencida da necessidade de se mover no sentido de
que irnplica a crftica da situacao presente. Por isso,essa
avans;:ada estimula a acao seletiva do mercado e sua continua
de valoresj e, naturalmente, defende a liberdade da arte e sua
tn(:le1:JeJ[1U'CH\..L'"e todo preceito politico e religioso, bern como
LULJHUa.~~ tradicional que seja obstaculo a seu progressismo.
industria como meio. 0mercado internacional nao e 0unicomedtacao entre a producao e a fruicao da arte moderna. Desde
o impressionismo, a arte se impoe comouma pesquisa dis-
aUILV1.1VIU«, os artistas adquirem consciencia de que ela nao pode
apenas as classes ricas.museus, embora administrados pelo Estado ou por entes
ainda refletem a concepcao da obra de arte como bern patrimo-
os objetos sao fruidos como coisas que se possuem, ainda
nao seja do individuo, mas da coletividade. Quando as tecni-
invadiram todos os setores da producao, pondo em crise 0
tradicional, este tentou um salto qualitative para veneer a con-
do produto industrial: entre os dois seculos, 0art nouveau se
como resgate do lade artisticoou poetico da producao economica,
vulgaridade e a mera economicidade da industria. Ao mesmo
busca-se adequar 0rabalho artesao ao industrial, ou seja,
para fins artisticos 0potencial tecnico e as possibilidades de difu-
Nasce assirn a moda do mobiliario, do utensflio, da deco-
da Iridumeniarla "de arte", quedevern proporcionar ao costume,avida cotidiana urn carater "artistico", isto e: de estro e genialidade
.Como se quisesse se livrar da obtusidade do trabalho industrial,
aspira a urn estetismo difuso, como 0representado pelo "esti-
que, em seu complexo, alude a natureza elaborada, refinada,
da:·c(>n~J;elJ.ialn:lohomel11.e suasmaneiiaseIdeaisde vida:
1880 e a Primeira Guerra Mundial rnultiplicam-se as Exposicoes
'<L'-,LV'L""'::>,ue na realidade sao feiras da producao industrial e visam
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estimular, gras;:asao conhecimento e 'as comparas;:oes, 0
e a animacao dos mercados. Os artistas colaboram para
seja nas secoes dedicadas especificamente as artes, seja na
decoracao dos pavi lhoes e na publicidade dos produtos:
tacoes autocelebrat ivas, mas tambem instrumentais, sao os
e os animadores. E, como as Exposicoes representam urn
moderno, em todos os campos, e tambem mediante essas
nhas internacionais que a arte e suas formas "aplicadas"
uma modernidade de ponta.
um novo tipo de relacao entre arte e sociedade con-
que a obra de arte nao deve ser contemp~ada exteriormen-
aoente que estimula a escolha de deterrrunados cornporta-
o ternas essenciais sao 0do util e do bela ou, em termos
da funs;:ao e da visao. Para 0art nouveau, que parte tam-
de Ruskin, 0bela esta alern do util , se identi fica com:nsaUL'-~~·~mas com um superfluo necessario como evasao do mundo
Ie: , ITC: :WCI da necessidade. A producao "floral" e justamente fei-
uteis a que se sobrepoe0
superfiuo de formas nao funcio-
departamentos", que de certa maneira as reduz a dimerisao
e as torna permanentes: ja no flm do seculo as "Iojas de
constituem 0principal canal entre producao industrial e
esse canal a "producao de arte", cada vez mais industrializada
influericia sobre 0publico, agindo como fator principal do '
estet icidade da vida. As Iojas de departamentos se tornam logo, '
os bancos e os centros diretivos da grande industria, 0micleo
central da cidade moderna.
Considerando que no sistema industrial e preciso urna
sumos muito superior as necessidades objetivas, recorre-se a
artificial da necessidade de consurnir: justamente no fimdo "'-''-'UJlU1
a publicidade como genero artistico, praticado inicialmentee mais tarde por profissionais especializados. Realizaram
tarios artistas como Toulouse-Lautrec, Forain, Bonnard, Matisse
novo genero artfstico tem de ter caracterfsticas especiais: 1)a
poder ser reproduzida infinitas vezes e ser repetida ilimitadamente
muros da cidade sem gerar enfado ou tedio; 2) deve atingir de
atrair com forca 0olhar geralmente distraido dos transeuntes e ser,
to, iconicamente Simples e capaz de produzir uma emocao visual
3) deve, no entanto, comunicar uma mensagem, isto e, uma
capaz de suscitar em quem olha urn interesse improviso pela
consumo de determinados objetos; 4) tem duracao breve no
que 0que comunica e sublirna principalmente e a atualidade momen
do objeto. A necessidade da publicidade como incentivo ao
produtos industriais e evidente, mas por que recorrer a um estimulo
co"? Evidentemente, porque se julga que 0consumo eum ate que
tanto quanto a producao, algo de estetico ou de artfstico: e "belo"
um deterrninadocarro, um deterrninado tecido, um determinado
Essa esteticidade do consumo e um dos grandes componentes da
dade da vida social, que compensa a repet itividade ou nao
trabalho industrial.
do util. A essa fase segue, com as correntes racionalistas e
a ideia do uti l ou funeional que e em si tambern belo, porque
cort lunica uma Informacao e s6 quando esta for essencial e
uU'"'~'''-hayed valor estet ico: por isso, 0construtivismo se opoe
e a confusao da comunicacao pr6prias do kitsch, ou seja,
excessivas do art nouveau. Sobre essas bases se fundam todas
de estabelecer laces operat ives entre ideacao artfstlca e tee-
de produs;:ao: 0art nouveau, que visa dobrar a ind_?stria a ~ma-
o Werkbund alemao que, no.comeco do seculo, afi rma
:SSJ,ua,uc; de adequar a ldeacao artistica as possibilidades do meio
o programa organico da Bauhaus, para 0qual a funcionalidade
a forma. E s6 nessa fase rnais madura que 0artista deixa de sero inventor de formas que serao sucessivamente realizadas
para se torriar um projetista plenamente mtegrado no cielo
da produs;:ao: entre 1920 e 1940 verifica-se uma transforrnacao
tipologias e das morfologias das coisas que a sociedade fabrica
necessidades.
, busca de uma relacao organica, e nao mais apenas de colaboracao,
momento ideativo (ou criativo) e0momento operativo determina
a formacao de um "estilo" caracterizado pela nudez funcional
e dos objetos e pela "raclonalidade" da correspondencia
a seu usa pratico. 0conceito determinante e0de "standard",
forma perfeita realizavel nas condicoes tecnicas e econornicas pre-
o standard de um objeto e0produto da critica aos tipos anteriores
objeto e, ao mesmo tempo, 0projeto de um novo modelo, quevez sera logo superado pela cri tica e pela projetacao de um mode-
mais novo. Naturalmente, a Ident ificacao das diversas funcoes
leva a morfologias extremamente diferenciadas: um exemplo
e a cadeira de tubo metal ico ideada por Breuer em 1926, que el imina
arquitetonico (de pequena arquitetura) das cadeiras tradic~onais,
a relacao do objeto do ambiente arquitetorilco para a pessoa que a
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usa, substitui 0 sistema estatico de peso e suporte por Urn
de jogo de forcas. A identificacao das funcoes
contudo, a formacao de urn estilo homogeneo, ainda que
pela recorrencia de constantes formais, e sim pela ~~~""C;ll~
de, a flexibilidade das formas.
Quanto ao problema rnais especificamente tecnol6gico
design construtivista nem sequer se pode propor; porque '
existencia de tecnicas artisticas e tecnicas nao artisticas, 0 's6 pode faze-lo levando em conta os meios de que pode
tecnicas industriais; e estas, por sua vez, nao pertencem
artistas nem aos empreendedores, mas a sociedade inteira, que
e de seus produtos da maneira que julgar rnelhor, Nao existe
periodo que estamos tratando, uma arte "tecnoI6gica", mas o
projetista para a industria ou designer, e urn fator integrante
social de producao.
Uma vez que os objetos estandardizados sao a repeti~ao
seu projeto, as pessoas, aoutiliza-Ios, revivem a ordem do
como crftica ao passado, seja como projecao para 0 futuro: a
trutiva, portanto, comunica a seus usuarios sua pr6pria
esse e justamente seu aspecto social e politicamente '-UU..i:lL
toda sociedade deve continuamente projetar seu futuro. Para asconstrutivas a integracao da pesquisa estetica no sistema
tece mediante a producao industrial, sempre sob a condicao de
se realize por metodologias corretas e no interesse final, nao
capitalista, mas da sociedade inteira. 0tandard da producao
portanto, 0 agente da transformacao necessaria de urna sociedad=
quica e classista para uma sociedade funcional, sem classes.
de se formam os artistas educadores. A partir da segun-
s~~ulO .XIX, assiste-se ao progressivo declfnio das a~tigas
educa~ao artfstica, as Academias de Belas-Artes. no fundo
rtistas autenticos nao apenas nao conseguem se formar
~e ensina a copiar 0 antigo e a compor quadros de historia
.mas tambem se formam rebelando-se contra a escola. Com
polemicas de Ruskin e de Morris, com 0dinterlesse crescer:_te
com 0 maior conhecimento e cu turas que naoartes :'maiores" e "menores"(como ojapao), comecama
DrC)grarrlaSde impostacao humanitaria e as vezes abertamente
de arte aplicada, que habilitam para atividades de cara-
industrial. A pr6pria agrerniacao artistica de arts and crafts,e por Morris, tern uma manifesta postura didatica; mais
Influencia das ideias do Werkbund, surgem na Europa cen-
Kunstgewerbeschulen[escolas de arte aplicadal. De 1919 a
fundada e dirigida por Walter Gropius em Weimar e mais
para Dessau, foi a urn s6 tempo un:a escola m~d~rnfssima
e de artes visuals, 0 centro de movunentos arnsticos entre
(ali ensinaram por muito tempo Kandinsky, Klee, Fei-
ichlernrrler"Albers, Moholy-Nagy, Breuer etc.) e a primeira escola
e conduzida com caracteres de democracia avancada. Funda-didatica e tambem a organizacao da atividade artistica nos
sovieticos de vanguarda.
rucou.urua entre mercado e escola corresponde, no plano das
duas diferentes concepcoes da arte: para os defensores da fun-
a arte nao poderia deixar de participar como forca motriz
social, que se. pretende assegurado, Irrefreavel e irreversi-
os defensores da flnalidade mercantil, a arte nao tern progresso,
por mudancas improvisas e inesperadas, que cor:sistem na
dos casos no "golpe de genio" de uma grande personahdade: Urn
caminho e aquele aberto, durante a Primeira Guerra Mundial, pelo
:trata-se de uma visao negativa que contesta 0 inteiro sistema de
sociedade, portanto a propria arte como parte desse sistema,e
se realizar em atos gratuitos e aparentemente insensatos, masda vontade de conservar uma razao de serpara 0 artista na
de seu tempo, justamente na medida em que esta e contestada
por toda forma direta ou indireta de colabora~ao com ela,
conci1ito de moderno. 'f e c la a arte e r I l e d e rn a r i a e p o c a e m q u e eno entanto e possfvel dizer que por volta de 1880 nasce a a~e ~oder-
e, uma arte da qual a "modernidade" e a qualidade mtnnseca,.
5. A escola. Sinteticamente, os dois grandes sistemas de
entre arte e sociedade sao 0 mercado e a escola. 0mercado se
concepcao tradicional da obra de arte COmO bern produzido por
dores individuais, os artistas, para consumidores individuais, os
nadores, que subordinam 0 usa a posse material do objeto
concepcao, pela qual a arte e urn bern reservado a uma elite
no caso melhor, torna a comunidade 'parcialmente participe
museus, tern seu epicentro em Paris, e visaprincipalmente a
de e anovidade da obra de arte. No polo oposto da arte para 0
que constitui acumulacao de riqueza e e, portanto, sistemaucamerue
..,=~alizacla, ha a arte para aedueaeae-que ja naoquer se identificar
obra-pnma, e sim servir como instrumento para a educacao,
arte como funcao educativa, adquire destaque especial a escola
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permanente, explicitamente buscada e declarada. Chama-se
na Franca, Modern Style na Inglaterra, fugendstil na .n..l';:;UJ.GlUna;
que artistas, criticos, literatos valorizam sao "novidade",
"juventude", "primavera" etc. Alern .disso, insiste-se sobre 0
"estilo", que vale tanto para a arte quanto para as maneiras de
concebida, mais que como algo raro e precioso, como modelo
cia, e as obras de arte sao apenas urn meio para comunicar a
da realidade vivida exemplarmente pelos artistas, os quais,
posicao decriadores, sao considerados modelos de .l.l\..<.l.lla.1JlJ.U:ctQ«
dos movimentos artisticos que vao de cerca de 1880 a
o e chamado globalmente modernismo. Nele, a arte e conce-
urn estimulador da consciencia do tempo, ainda que as vezes 0
manifeste como uma critica dura ou ate uma recusa dos ideais
contemporanea, como em Van Gogh, Munch, Ensor. Apenas
indiferente a realidade social que 0cerca, e nao porque
eternidade sobre-historica da arte, mas porque esta intima-
~n'iTellCi'OOe que a arte nao e urn reflexo da historia social, mas
autonolnia disciplinar e sua historia, A pintura de Cezanne nao
hprcolJo. vrvacidade os aspectos e os caracteres, mas definir com
o valor e a funcao da experiencia visual na construcao da
moderna da realidade.
efeito, e de sua pintura que descende 0 cubisrno, ou seja, 0pri-
lUJ,C..lJLL'-'uja modernidade radical e absoluta se concretiza na
drastica de todas as convencoes da representacao artistica e na
das estruturas, das modalidades e das finalidades da arte.
nsl'OrJma.s;aoadical da arte se justifica porque uma mudanca raclical
lertl1c:allG<0ao apenas em todos os campos do saber, mas tambem
'.l.l~'''''-' na politica e nos costumes. 0cubismo nao e propriamen-
m()Vlmt:nLUde vanguarda: possui uma linha teorica, apresenta-se
rigorosa da realidade visfvel, como definicao de novas coor-
espaciotemporais da imagem e de urn novo valor do quadro, queser urn plano de projecao para a representacao da realidade, e se
plastico autonomo, Os criadores do cubismo (Picasso, Bra-
seus teoricos (Metzinger, Lhote etc.) constatam que uma mudanca
se produziu na concepcao do mundo e que a arte tambem ha de
LiL.:>lV.l.l.l.l<Um suas proprias estruturas para se tornar parte do novo
do saber. Ha, de fato, artistas (Duchamp, Delaunay) que, mesmo
!,.lC;JL<l.lJ.UVssencial e irreversivel a reforma artistica do cubismo, a jul-
.,.<C;lUa.,,.a.'uveorica, analitica, racionalista, "cartesiana".
cubismo se conectam, ao contrario, os movimentos que se decla-
vanguarda: em primeiro lugar 0futurismo, que explode na Italia
com propositos violentamente revolucionarios. A Italia e a
eram paises onde 0processo de industrializacao estava apenas no
a cultura era retrograda e tradicionalista, a orientacao polftica,
Por isso, a arte nao quer apenas transformar a si mesma,
como fator de transformacao da cultura, da polftica, dos cos-
Adquire assim urn forte carater ideologico, que se acentuaria na
depois da Revolucao de Outubro; ja nao a satisfaz pertencer a seu
quer antecipar e prefigurar 0futuro.
a Prime ira Guerra Mundial, aexigencia de nao historicidade
principio, moderna e a ruptura de todo laco com a tradis;ao,
contesta a autoridade. Isso nao significa ignorancia da arte do
.. ao contrario, justamente no flm do seculo formam-se uma
historiografia da arte com carater cientffico, e0usa de otimas
mecanicas de reproducao divulga 0conhecimento da arte de
remotas. Amiude os artistas se inspiram livremente na arte de
regioes distances: no perfodo bizantino, romanico, gotico, na
ou na dos povos primitivos; mas nao se sentem obrigados a
desenvolver urn processo de retorno (revival), que e multo
processo de desenvolvimento de uma tradicao, Para os rustoriac
arte do passado e urn documento; para os artistas e a expressao
criatividade ou espiritualidade que, nao sendo submetida as leise perenemente presente, atual emoderna.
Baudelaire ja criticara a imitacao dos antigos e afirmara
para ser tal, deve ser a expressao de seu tempo; e Stendhal ja
eternidade canonica do belo classico a mutabilidade e falta de
bela romantico, Se no passado a arte deu forma sensfvel aos
sobre os quais 0poder polftico ou religioso se fundava e visava
trar sua certeza e estabilidade, a arte que se de clara moderna
todo principlo de autoridade quer expressar os sentimentos,
as aspiracoes, as nostalgias das pessoas de seu tempo.
.mentos, opera escolhas e, naturalmente, separa 0que e
convencoes, obsequio as tradicoes, respeito da ordem I...Vll<:>L.LLLl1L1.",
representa por isso 0aspecto negativo da sociedade do tempo,
ao contrario, earrojo,. espfrito de aventura, sensibilidade, CUnC)l:ilCJ,
conhecimento, e representa 0aspecto positivo. A burguesia e
social que quer 0progresso e sabe que ele nao existe sem au.LV'..l.l'
espelho da arte e urn meio de autocritica, distingue aquilo que na
lidade burguesa e mesquinharia, conforrnismo, respeito das
[ideias recebidasl, daquilo que e entusiasmo, ousadia, anseio
experiencias e de mais extraordinarias conquistas.
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operam segundo novas tecnicas construtivas (ferro, con-
__I~~n'P homens de esquerda: e 0caso de William Morris,
volta a arte util, ou de Victor Horta, autor da Casa do Povo em
Para esses artistas a hist6ria e progresso, a arte tambern
a linha do progresso, atualizando suas tipologias e suas tee-
.qa produ~ao industrial. As tendencias para as quais a arte
do mundo interior e fantastico do artista, sem finalidades de
de analise e de intervencao na realidade de fato, ou seja,
sirnbolistas, afirmam ao contrario 0carater aristocratico, a
e poeticidade da arte. Recusam .todo engajamento
progressivo, negam ate que a arte tenha uma razao hist6rica:
nao e uma experiencia sobre a qual se constr6i 0presente e se
mas uma mem6ria que pode apenas ser evocada (revi-
OVllIIll:::lll.Uosa-Cruz, formacao ultraespiritualista do simbolismo
do seculo passado foi encabecada pelo literato Peladan, e
contrario a toda forma de naturalismo e de realismo e, no
JV.~--' fundamentalmente reacionarlo. Uma convergencia entre
. se propoe de uma forma ou outra uma finalidade cognitiva e,
deriva mais QU menos diretamente do impressionismo, e a arte
como expressao de uma realidade interior ja se esboca na
do seculo passado, com Gauguin e Van Gogh, se precisatprpc:.';PC: sociais de Munch e de Ensor, e desemboca quase contem-
na expressao da Brucke (1903) na Alemanha e no movi-
(1905) na Franca.
o movimento avancado alernao como 0frances nao tern um
politico definido, mas se fundam igualmente no pensamento de
e liberdade absoluta, superacao de todosos preconceitos e de
convencoes, comecando pelomoralismo, 0nacionalismo, a idea-
da realidade e, portanto, tambem peladistincao artificiosa entre
o."UJ"-'''''-''- ,exterior e uma realidade interior; a realidade na() terrl()l,lt1:::t
',-''':LJ"," que 0sujeito the proporciona, ao vive-la intensamente. No
SiCIni:3mOlernao, no entanto, e mais forte 0senso do escandalo,e
a deformacao da realidade na visao profundamente cogtllr:
artista, e rnais traumatica a liberacao de todo complexo repressi-
da realidade ja e um julgamento drastico, ou pelo menos
.'-u....~uvno limite entre uma exasperacao extrema do sentido da
desespero oprimente, uma angustia mortal. Pela prirneira vez
e anuncia, em termos extremamente dramaticos, aitninenci:::l
<i'~'nr"";';n';ca tas tr6fe h lstOdca : .precisamente sobre 0a1cance, as razoes logicas eos moventes irra-
daPrimeira Guerra Mundial que os artistas de tendencias avancadas
e de plena modernidade da arte se configura como Crltica e
.diretas na situacao de fato. Em todas as correntes, ainda
em suas teses te6ricas e polernicas, prevalece a Vontade de
erro e preencher uma lacuna da cultura contemporanea
qualquer colaboracao (dadaismo), seja reivindicando para
te reprirnido a exclusividade da criatividade humana'~-""~<11
condicionando a participacao dos artistas a reforma do ::;l~;relm:l
industrial, no sentido de uma plena funcionalidade eU~-"lUlln
7. Arte epolitica. A atualidade da arte se manifesta
como interesse e vontade de intervencao na situacao politica.
a carre gar a obra de arte de significados politicos ja se m:3.nife~
o firn do seculo XVIII e 0 comeco de XIX, com Goya e David·.
do seculo XIX, Daurnier fizera da arte um verdadeiro '
polftica, servindo-se inclusive da imprensa para difundir sua
Verdadeiras intervencoes polfticas apareceram, em fins do
desenhistas como Steinlen e Forain e com a crescente difusao da
ilustrada. Ap6s a Primeira Guerra Mundial, a pintura da Neue
keit [Nova Objetividade] e a caricatura agressivamente polftica
e, nos Estados Unidos, a obra pict6rica e grafica de Ben Shahn
duramente a involucao e 0egofsmo impiedoso da burguesiaja encarninhada a transformar sua hegemonia econ6rnica em
polftico. Ate artistas que costumavam permanecer estranhos a lut
foram induzidos as vezes a intervencoes engajadas, especi~l.lnlellte
dos horrores da guerra: Kokoschka, Beckmann e, de forma
riamente decidida, Picasso interpretaram a Indignacao das
civis contra a vergonhosa criminalidade da guerra.E a revolta
da civilizacao contra a violencla.
A parte a satira politica, que de meados do seculo XIX em
especialrnente apos a invericao da litografia, quee seu meio
eficaz} e u r n verdadeiro"genero" artfstico, perto d o i i . n : i do seculode maneira bastante clara a distincao, ligada inclusive ao tipo
ca empregado, entre tendencias progressistas, poltticamente
e tenciencias que, sem por isso ser programaticamenteexcluem qualquer relacao entre arte e situacao social epolftica.
dencias que partemda concepcao da arte como conhecimento ou
de consciencia da realidade externa, natural e social, assumem
racao politica progressista, radical, socialista. A associacao entre
'::::'::'artfstica c6gnitiva cnde616gia p61f t ica. de esqueida.e-evidente, por
plo, em Pellizza da Volpedo, pintor divisionista autor, em 1901,
grande quadro marcadamente polftico, 0 'quarto Estado. Na
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cornecam a refletir,enquanto 0conflito ainda esta em curso,
devanguarda veem na guerra uma ocasiao exaltante: os
a saudarn como "higiene do mundo", defendem com forca a
contra os Imperios Centrais, participam com entusiasmo da
esperam a renovacao cultural do pais. Masja em 1915,com
acoes do dadafsmo de Zurique, os artistas rnais avanfados
crirninosa "estupidez" da guerra; e, se0julgamento
vo envolve e compromete todos os valores, a arte tambem
algo vale, torna-se apenasum gesto, uma atitude; urn
coma Bauhaus, e na Holanda, com 0grupo De Stijl,se decla-
mas enunciam programas de acao social cujo carater e
de~end~nciasocialdemocrata. Comefeito, visam transformar
projetafao de produtos industriais estandardizados, que deve-
o nfvel devida na base deuma funcionalidade racional e
formaa evolucao para uma sociedade naomais hierarquica,
semdisttncoes de classes.0programa construtivo, visan-L . . .. ~ ' ·· - ·- ,
ilimitada de produtos industriais esteticamente qualificados,
vefculos essenciais de cultura, se traduz .na reducao ao
politica e atea remincia a toda polftica tambem sao polftica, Ja0.
russol..~ncabefadopor Maiakovski, se ligaarevolucao
primeiro momenta considera osmovimeritos artfsticos
cionarios, portanto fortes incentivadores do processo de IT\1-rn"~r;~
sociedade socialista.Lunatcharski, comissario do povo para a
unico homem polfticoque acreditou na forca revoluclonana da
na e tentou utiliza-la,seja como superacao da cultura burguesa,
componente estrutural do sistema de Informacao e de l-"''''l-'a.garu
tica, especialmente nos anos diffceisda luta para a defesa da
Entre aproximadamente 1920e 1930, a Russia foi sem duvida0
cultura artistica estava realmente na vanguarda, embora asuu .....cuu,
inforrnacao e apropria Iigacao comaRevolucao limitassema plenaeuropeia de seus fermentos de renovacao.
opas-guerra foidiferente nos diversos paises europeus, cenencda experiencia vivida. NaFranca, gracas a assim chamada Escolase iniciauma epoca brilhante, emque uma multidao de artistas,
de todos os cantos domundo, se reune emvolta dos mestres ja
mente reconhecidos. Picasso, Matisse, Braque e mais outros. As
de mercado se multiplicam, os americanos sao naturalmente os
mais procurados: com efeito, nesses anos se formam nos Estados
as grandes colecoes de arte contemporanea, Nenhum problema
desponta nesse pitoresco e urn tanto picaresco emporio de
busca de sucesso: tudo 0que se exige e se afirma e a liberdade
logo, a plena originalidade daarte, pois0respeito de uma tradicao,
recente, seria uma limitacaoda liberdade expressiva.0credo llU<;;!L<1U
Escola.de' Paris adquiriu indiretamente certo significado politico s6
1930, quando toda a arte modema comecou a ser proibida e oersezu
rnais ou menos duramente, na Uniao Sovietica, na Alemanha, na
de novo, anacronicamente, a protecao oficial foi concedida aos
pior qualidade, aospompiers.
Ascorrentes construtivas europeias, cujos centros maiores'
e das cores, para que a mensagem visual seja iguaImente
a todos; afirrna-se assim nao apenas a finalidade educativa,
."'......._.. a priori dade da educacao estetica, dirigida a preservar e
dotes naturais de criatividade que a educacao habltualmente
pelo sistema classista tende a sufocar ou desviar.
relVlJ.u,,_a ...a~ da liberdade da arte, no sentido seja de independen-
IJVU~~~ seja de engajamento numa politica libertaria, levou todos
autoritarios a combater a arte moderna como politicamente
o carater intrinsecamente politico da arte moderna, portanto,
COlnhleClGO por seus adversaries antes mesmo doque por seus defen-
.'Aaversao dos regimes autoritarios pela arte moderna, em todasas
'VJ'U~~ foi deterrninada justamente peIo fato de ela nao ter conteu-)ol[ticos,ou ate apenas inoralistas e narrativos, e por seu formalismo
falta de flguracao, que parecia carregar urn potencial subversivo
Aoposicao a arte moderna se manifestou na Russia apos a mortee a ascensao de Stalin, naAlemanha apos0advento ao poder de
na Italiacom0fascismo. Nesses tres paises, ainda que politicamen-
diferentes, a onda de conforrnismo artistico encontra, entre suas
determinantes, a pronta e oportunista adesao dos artistaspornpiers
patroes, cuja grosseria e ignorancia certamente contribuiram
uUU<;;U<1"_ ,"V da arte moderna como incompreensfvel. 0proposito de'
uma arte acessfvel a todos, independentemente do grau de cul-
era apenas urn pretexto vulgar: nem na Russia, nem na Alernanha,
na Italia0povo jamais deu sinal de apreciar a arte que era fomentada
~UJV''.o pelos governos. Pode-se, entao, afirmar tranquilamente quernaarte, sustentada e apoiada pelos governos como instrumento de
".1:""5'11<'''''0., nao surtiu0efeito esperado: conseguiu apenas bloquear ou
a pesquisa artistica seria e isolar aqueIes paises dos movimentos
mundial.Osmotivos e as modalidades da luta contra a arte moderna foram
Na URSS, a vanguarda foi considerada expressao de uma elite inte-
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ao que parece, se considerava umgrande arquiteto e sonhava
mesmo asgrandes cidades alemas uma disposicao que as tor-
dasmanifestacoes demassa, Encontrou arquitetos dispostos
comoTroost e Speer, destiruidos de toda qualidade artistica,
competentes, de maneira que muitas sisternatizacoes
constru<;;:5esmonumentais, se a guerra nao as tivesse destrufdo,
como imagens teatrais significativas da megalomania do
lectual burguesa e se favoreceu 0retorno a uma arte que
era naturalista ou realista, mas apenas ilustrativa e, como t 1
celebracao retorica dos faustos da Revolu<;;:ao.NaAlemanh: '
argumentos mais elaborados. a arte moderna au de pesquis
realidade "deformada" porque era fundamentalmente a
chevique (ernbora na Russia bolchevique a mesma arte fosse'.
comoburguesa), inirnigada pureza e dasaude daraca. NaURss '
contra a arte moderna teve como efeito uma condi<;;:aoe
nalizacao dos melhores artistas e a assuncao por parte do
de manter uma quantidade de pessimos artistas, cujas obras
propagandistas nao podiam certamente ter um mercado, nem
nern no exterior. NaAlernanha, as obras de arte moderna
dos museus e, em muitos casos, amontoadas na rua e
nazistas, providenclas de lei e medidas de polfcia puseram a arte
em estado de ilegalidade. Na Italia, a situacao foi mals ' .
.mente 0problema nao se apresentou, ao contrario,Marinetti e os
sobreviventes conseguiram convencer Mussolini de que a
cistadeveria estimular formas de artenovas, ousadas,
primeira corrente antivanguarda, ainda que nao propriamente
semanifestou em 1925 sob0nome deNovecento, COmainten<;;:ao
tar os artistas a uma vaga "tradicao italiana", mas mantendo certaem relacao a arte estrangeira europeia. Com a alianca da ItaliaAlemanha nazista, a polemica contra a arte moderna, acusada de
cionalismo, bolchevismo, hebrafsmo, se tornou mais cerrada e
, inclusive pelo apoio de artistas comoArdengo Sofficie de um
Ugo Ojetti; no entanto, apesar da pressao d()s chefes fascistasmais
mos aos alemaes, nunca se chegou a uma condenacao formale
da arte moderna, nem a persecucao dos artistas. Ao contrario,proprio partido e do governo fascista havia correntes "de fronda"
veis a artemoderna, quechegaram aterC:C!.rtoesgp()lltico nacion~l
a Giuseppe Bottai, por rnuitos anos ministro da Educacao Nacional.
A tendencia antimoderna e reacionaria teve efeitos mais
arquitetura,ou seja, flaativida_deartisticamaisdiretarne;;nteligadaao
politico. Na URSS, 0 fim do sucesso polftico da vanguarda '-V''''_''''''-.
o incrfvel desfecho do concurso para 0 plano regulador de LVll:JS(:Ol.
1929, de que participaram com entusiasmo alguns grandes
dentais, entre os quais LeCorbusier, e que, no entanto, foi ganho
. mediocre praticante russo, lofan. 0movimento arquitetonico
que entre 1920 e 1930 levaa.uRSspa.:r:aavanguardada arqllfteiiira
foi empouco tempo destro<;;:adopela onda reacionaria de um
talismo que nem sequer tinha a justificativa da tradicao nacionaL
infelizmente, uma megalomania analoga, que pretendia
cidades modernas a nova mentalidade de Roma imperial, se
com banais interesses de especulacao Imobiliaria, causando.
a muitas cidades antigas (por exemplo, Bergamo .~~
e especialmente aRoma, onde 0arquiteto do regime, Marcello
nao se contentou em comprometer de maneira irreversfvel0
TolvilnE!nt:orbano com 0 projeto do EUR," mas destruiu inteiros e
, bairros historicos, como 0dos BurgosVaticanos.
, contra a arte moderna nos pafses de regime totalitario teve
diferentes.nos varies pafses, mas, no conjunto, demonstra cla-
1) que a arte moderna, sendo arte de pesquisa e como tal ciosa
autonomia e especificidade, era inconciliavel com qualquer forma
(m:i;l.U;>llJ.V politico e irredutivel a instrumento de propaganda; 2) que~".~".__, qualquer que fosse sua orientacao Ideologlca, percebe-
a arte moderna era intrinsecamente crftica do establishment e
tanto mais alergica a pressao do poder ou do Estado, quanto maisaosinteresses da sociedade.
o urbanismo. 0que mudou radicalmente a condicao da arte foi
U""Us'~ da extensao, da estrutura e da funcao das cidades, devido ao
:nV01\T1IYlerlrOa industria. Amigracao para a cidade demultidoes de
b'yu~,,,-.~ atraidos pela demanda de mao de obra por parte da indus-
a forma~~~ deurn proletariado que nao conseguese {ntegrarnas
'~'"~'''''~'_'''rbanas e vive em condicao de exploracao nos casebres de
ja e grave na primeira rnetade do seculo XIX (quafldo ~.dE!sC:Jjt1il.,
~"~n_uu e quando Owen e Fourier prop5em as primeiras solucoesmas ocrescimento industrial ~rnais rapido do que asPfo-
CO)0 projeto do EUR foi iniciado em 1935e, nas intencoes Iniciais, deveria ser cornple-
em1942, quando deveria hospedar a Exposicao Universal de Roma, para celebrar os
leil"Qs·viElte·artQs·do-regirne·.faEiciEita.CSe:na.:ulnt)aUrroplanificado,coIUgrandesav:e~cl:aI5=':c ••.:::
varies ediffcios rnonumentais, fora do perfrnetro da cidade. A construcao foi
rromplda pela guerra, -mas os ediflcios projetados por Piacentini foram finalizadosern
Nas decadas de 1950 e 19600EUR se tomou urn bairro residencial e de services.
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nascimento e de tradicao. Como0grande impulso progressi-
,~.,"'r'"Unidos corneca com0fim do regime colonial, as grandes
nascemsegundo projetos que levam em conta 0crescimento
e urna funcionalidade relativamente homogenea. 0 progresso
industrial e impetuoso, nao precisa veneer, como na Europa, a
(inclusive psico16gica) de urnvelho artesanato, enraizado pro-
no costume local;0espirito pratico da burguesia americana
a arte senao uma posicao marginal. E apenas nos ultimos anosXIX enos primeiros do xxque comeca a se sentir a exigencia de
videncias urbanfsticas relativas, eapenas no fim do seculo
dedores comecam a perceber que a melhoria da qualidade
condicao social dos trabalhadores se traduz numa melhoriaquantitativa da producao. .
Pouco ap6s ametade doseculo, encarregado por
mann inicia a ampla reforma estrutural de Paris. Poi a.....·~··-Ut
operacao urbanistica que visou transformar uma cidade
organismo moderno de transitos. 0 objetivo principal era
c;;:aorterias longas, retas, perifericas. 0 n6 do sistema dos5«<"\.U::
..-···res·e,aomesmotempo; osfmbolo da cidade da
era0eatro da Opera, projetado em 1860 por Tony Garnier:
tipico do assimchamado ecletismo.estilfstico, ou seja, da
se estudava nas ecoles des beaux-arts.
Menos de trinta anos depois, por ocasiao da Exposic;;:ao
aquela mesma burguesia, que sesente cada vez mais moderna
Paris urn sfrnbolo urbano totalmente diferente, numa regiao '
Sena, onde se propoe construir em estilo "modernista" seus
denciais, antes situados na regiao de Saint-Germain: e a '-'''''l5dcua
vigas de ferro, com trezentos metros de altura, idealizada por
-Gustave Eiffel, urn engenheiro que foi tambem pioneiro de
aeronauticas. Nao se trata apenas de uma escolha estilfsticarnals
a torre e 0simbolo da cidade moderna porque e urn milagre deconstrutiva e,ao mesmo tempo, a dernonstracao deque, gracas
sistemas de construcao ja industriais, os engenheiros podem
apenas pontes e galpoes, mas verdadeiras obras de arte. A
que as estruturas metalicas entrelacam no ceu urn desenho linear
uma concepcao do espaco tao livre e isenta de preconceitos '-juau,.v
conternporaneos pintores impressionistas.
Ainda que com projetos menos definidos, todas as grandes
europeias sofrem, nas ultimas decadas do seculo, grandes
dimensionais, estruturais e funcionais. A populacao em rapido
determina a extensao das periferias, 0crescimento dos bairros
a transformacao das funcoes do centro, onde sao alocados os
diretivos: os escrit6rios das grandes empresas industriais, os
bancos etc. 0 cornercio se concentra cada vez mais nas lojas dementos, onde a producao industrial escoa no consumo.
Nosmesmos anos, 0rapido desenvolvimento industrial
que determina comercios sempre mais intensos com a Europa, gera •.
tipologias urbanas e edificativas. As cidades americanas nao .
grande heranca hist6rica das antigas cidades europeias, sua
heterogenea, semantern unida mais por interesses de trabalho do
tn~!cesSlaaaede economizar espaco nos centros das cidades sugere '
Unidos a construcao de casas muito altas, como e permitido
tecnicas construtivas. 0 "arranha-ceu", que logo se torna-
iral..LO:;"CW'-.~do skyline americano, parece inicialmente, na Europa,edilfcio, que transgride todas as leis da proporcao. De fato,
momento, e apenas uma acumulacao de andares, apenas
de 1890, comSullivan,0arranha-ceu adquiriria uma autonomia
propria, que 0tornaria urn elemento do urbanismo modemo.
fatores concorrem para tornar as cidades hist6ricas europeias
menos adequadas as funcoes de grandes centros industriais: 1) a
doautom6vel comomeio de transporte urbane, 2)a insuficiencia
unico centro da cidade; 3) a pressao da especulacao imobiliariaexploracao indiscriminada e irracional do solo urbano. Desde
do seculo, mas especialmente ap6s a Primeira Guerra Mundial,
dominante, para os arquitetos, e a relacao entre oficinas e habita-
operarias, 0 problema, como e l6gico, e posto emtermos de tecnica
econornia, fora de toda estetica prejudicial; alem disso, por se tratar
em serie, recorre-se amplamente a pre-fabricacao, seja de
, seja de inteiras unidades edilfcias.
Desdea segunda metade do seculo passado, com aacirrada polernica
os "arquitetos" cultores dos "estilos hist6ricos" e os "engenheiros"
pn~nlCP"das novas tecnicas, a arquitetura iase separando gradualmente
assimchamadas "belas-artes"e articulando-se coma tecnologia indus-
Devido a necessidade crescente de casas, determinada pelo cresci-
da populacao urbana, parece mais do que legitime preterir todaartfstica:entre os primeiros e mais rigorosos defensores da
funcional, AdolfLoosproclama em 1908 (e logo se tomaria urn slo-
que a ornamentacao e crime. Na realidade, porem, a pr6pria neces-
de retirar da arte toda funcao ornamental e decorativa semanifesta
.<L-UHJVau,,-a.<U".>U- em outros campos: a pintura expressionista nao
aparecer desagradavel e aflitiva;0cubismo se apresenta como uma
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pesquisa cientffica, mais do que estetica, pouco mais tarde
subordinariama artisticidade a renovacao cultural e os as
riam nao fazer arte ou ate fazer antiarte. Fica bern claro
rejeitarntudo0que e considerado artistico por uma sociedade
tam, negam que a arte possa ser urn privilegio das classes
nao fazer arte a trabalhar apenas para algumas camadas
mesmo tempo, julgam que da transformacao que esta se
.cerauma sociedade semdistincoes de classes, inteiramente
processo criativo coletivo, cumprindo, portanto, suas -'~.F.~."~."no pr6prio ato emque cumprira a praxis de sua funcao, A
casas e das fabricas, a forma dos objetos produzidos pela
as necessidades da vida serao tanto mais esteticas quanto mats
a funcao e quanto mais reduzidas a urn tinico tipo (standard).
sera "racional", porque ligada a funcao como0efeito a causa
da para todos a maneira de urn enunciado matematico e '
econornicidade sera 0reflexo de uma sociedade que ,'~-VUUCCI
fundamentais as leis da economia. A imagem da cidade dos
racionalistas, comecando por Walter Gropius, e a de uma
homogenea, em que 0unico elemento distintivo entre os
e a estratificacao hierarquica, mas as funcoes no sistema
como, perdidos os lacos tradicionais, e necessario realizar de
a coesao da comunidade, na economia urbana 0espaco para
individual e reduzido ao rninimo (ExistenzMinimum), enquanto e
ao maximo aquele dedicado aos services sociais e as fun~oes
e recreativas coletivas: a escola, 0teatro, 0estadio,
Objetos cuja forma seja racional e que sejam produto de
racionais sao obviamente iguais para todos: acima dos usos e dos
que mudam de lugar em lugar, a imagem da cidade sera, portanto,
rna para todos os pafses, a arquitetura racional e a producao
serao internacionais e contribuirao para formar uma uniforrnidade
tura e de costumes, alern de elliriinar0nacionalismo,
A tese de uma racionalidade absoluta se contrapoe, porem, ade que, para compensar a alienacao produzida pelo trabalho
mecanico, nao gratificante da industria, seja necessarioalguma maneira a relacao perdida do individuo com 0ambiente
sempre mais distante da cidade e comprometido ele mesmo pela
sao das fabricas, a polulcao das aguas e da atmosfera, a
. territ6rio. A hist6ria da polftica urbana e territorial, nesse ultimo
·c.c:cecaracterizada pela luta entre 6$ a:fcI.uitetosde teridencia
defendem 0usa racional do territ6rio, e a especulacao fundiaria, que ..
a exploracao maxima do solo urbano, destruindo as areas verdes
e transformando 0campo ao redor em subtirbios apinhados.
modernos afirmam que nao se pode fazer boa arquitetura
de urna planificacao urbana que ofereca solucoes racio-
'()C)le:LUGl'" da cidade social, e se declaram dispostos a nao fazer
tradicional do termo) para se dedicar a criar novas condi-
X~LC;.U-.~ para a comunidade. Para BrunoTaut, "osproblemas de
saoproblemas sociais"j para LeCorbusier, a arte e "asolucao de
bern formulado", cada vez mais ganha forca 0conceito de
moderna nao apenas necessita de uma premissa urba-tambem que e ela propria urbanfstica. a verdadeira tarefa do
nao e construir edificios, mas projetar bairros, cidades, amplas
territ6rio. 0 arquiteto modemo nao quer mais ser urn profls-
ordens de urn c1iente: traz sua pr6pria ideia da estrutura e das
de desenvolvimento da sociedade, a que corresponde uma
do espaco. Ja nao se trata de uma concepcao te6rica, geome-
:!rspe:CDlva'espaco e concebido como 0lugar onde 0individuo
vivem, agem, se deslocam, comunicam. Os pr6prios mate-
que a industria produz perrnitem delinear uma figura
infinitamente mais livre e aberta, dinamica: delgados pilares de
estrutura em tensao, amplas superficies vidradas que elimi-
cisao entre exterior e interior, deixando livre a passagem do arApossibilidade de construir ediffcios muito altos nao deve servir
:LU.H,"UL;LL adensidade da populacao, mas para abrir grandes espacos
os blocos, aumentando a possibilidade de aeracao e insola-
meios rapldos de comunicacao influem sobre a nocao do espaco
e do territ6rio: 0tracado das cidades deve favorecer a circulacao
,0territ6rio e construido pelas ferrovias e pelas rodovias,
revela uma realidade vista do alto, telefones e radios instauram
medidas mentais do espaco.
luta por urn urbanismo modemo e clentffico s~ c()11fi!Sti[a.,<il1a..metade do seculo, como duro embate entre a cultura e0poder,
UCLLU"GLL.U"_H.~ tern seus pr6prios arquitetos, ainda que geralmente se
meros praticantes que sacrificam a etica profissional ao.interesse.
as tendencias modemas, cultural e tecnicamente mais qualificadas,as que ofereciam solucoes mais adequadas aos problemas con-
da.existencia, de alguma forma acabaram se impondo: houve ate
"moda" da arquitetura modema,severamente condenada, porern,
representantes do movimento, que nao adrnitiam que uma questao
c:i"iHza~ao;fossefeduzidaa foririallsriio exterior. SeaarquFc=:c=::
modema se apresenta como correspondencia da forma a funcao, .
racional do espaco, maxima abertura a atmosfera e a luz, mas
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courbet entende que a fotografia pode oferecer materiais
urn pintor "realista", mas engaja toda sua tecnica de "ope-
" para conferir as imagens pintadas uma consistencia de
densidade de cor, urn peso ate fisico, que a imagem fotogra-
. parece querer afirmar assim, antecipando os tempos, que
e urna Imagem da realidade; a pintura, uma realidade concreta.
tarnbern se serviram amplamente da fotografia como
mas com a absoluta certeza de que a pintura deles,
int:eU:::ii:llll,:;a,"...crornatica, recriava a sensacao visual de maneira
, fortemente ...
arte figurativa, especialmente da pintura, tornando pratica-
a atividade do retratista ou paisagista profissional; concorreu,
'ao processo seletivo tipico da arte moderna, gra~as ao qual 0
da arte e elirninado e ao artista nao mais se pede a fidelidade
a lndagacao e a invencao.
lti.lralm~~nt:e, relacao com a arte muda em razao dos divers os graus
:'!mrol'vinJ.elltoda tecnica fotografica. No comeco do perfodo que
tratando, a "cornpeticao" entre fot6grafos e pintores ja se encerra-
IrO:gfE!SS.lvaeducao dos tempos de pose, a possibilidade de instan-
sernpre mais rapidos poem em evidencia os limites das faculdades
do olho: grac;;:asa fotografia, e possivel colher aspectos da
especialmente nos corpos em movimento, que 0olho nao per-ampliacao fotograflca, a macrofotografia, a radiografia permitem
aspectos totalmente Ineditos e as vezes profundos, estruturais,
anciaue; torna-se sempre mais forte a certeza de que 0olho humane
apenas alguns aspectos da realidade e que, portanto, a experiencia
nao pode ser considerada a base do conhecimento.
ter revelado alguns aspectos estranhos e surpreendentes dos
a fotografia comeca a registra-los diretamente em movimento: 0
!m~ltogr<ltoreduz ainda mais 0campo da narracao figurada, mas, ao
tempo, concorre poderosamente para cancelar a tradicional con-
do espac;;:ohomogeneo, cubico e perspectivo, tornando familiar a
uma nova concepcao do espaco descontinuo, fragmentario, inse-
das coisas. 0 quadro hist6rico 'e 0aned6tico seguem 0destino
e do paisagismo: que sentido poderia ter uma arte narrativaquando os fatos e os acontecimentos da vida e da hist6ria
ser narrados visualmente, e com intensidade bern maior, pelo cine-
E 0 fim do que Berenson, justamente no final do seculo XIX,
de valores ilustrativos; pouco antes Fiedler enunciara a sua teoria
'V"JH',,-,,,,U." " pura", Iimitando os significados da arte a pura visao ou
valores que Berenson chamaria de decorativos. (Lembre-se: se todo
principalmente como arte ao servico da sociedade, a
e a edilfcia corrente, obedientes a pressao do poder
urbano de forma macica, tendem a conservar e refor~ar os
propriedade fundiaria e a permitir a maxima explora~ao
solo, reduzindo ao minimo as areas verdes e os ediffcios
services sociais. A mega16pole capitalista se revela assim
camente errada, gravemente "alienante", socialmente '
mente mediocre. A batalha em que os arquitetos modernos
corajosamente entre as duas guerras contra a expansao
. das-eidades-nao-foj apenas uma batalhapor
tecnicamente melhor, mas uma luta por uma diferente""<LL;;U:i
zacao da sociedade e de urn diferente nfvel de vida da
o grande arquiteto americano Frank Lloyd Wright LCUUUC:U
sua concepcao urbanfstica (Broadacre City), que em alguns
rna as teses de Owen e de Fourier para 0esgate de uma
duo com a natureza e a posse pessoal do quantum de terreno
para urn myel decente de existencia.
As perspectivas urbanfsticas propostas pelos arquitetos
missas de uma boa arquitetura nao tiveram ampla aplicacao.
Corbusier e Gropius tenham conseguido, antes da Segunda
dial, realizar fragmentariamente suas ideias urbanfsticas em
de habitacao economica, nenhuma cidade manifesta, em suas
estruturas, uma concepcao plenamente atual do organismo
todo lugar os arquitetos modernos, mesmo quando foram
de projetos urbanos importantes, permanecerarn consultores ou
subordinados as decisoes finals do poder economico.
9..Afotografia. Toda a arte moderna e influenciada, positiva
tivamente, pelo desenvolvimento conternporaneo das tecnicas
no entanto, a relacao e infinitamente mais tensa e complexa
flgurativa se depara com a tecnica da producao industrial de
fotografia. Com efeito, essa tecnica naoapenas reproduzn necanicai
os aspectos da realidade com uma objetividade que, pelo menos
meiro momento, e considerada cientfflca, mas tambern introduz
do uma extraordinaria quantidade de imagens cuja producao naoespecialista, 0artista.
Desde que, em meados do seculo XIX, a fotografla demonsti
era possivel produzir mecanicamente imagens objetivas da
entre fotografia e arte figurativa se determinou uma especie de
c;;:ao.Baudelaire despreza a fotografia porque e urn produto J . .L " . . . .u,,,w..
fornece imagens da realidade totalmente alheias a faculdade
463
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o valor da arte esta na forma visfvel, e facil enterider por que
raneamente, 0art nouveau abole toda distincao entre arte '
"decorativa"; uma casa, uma cadeira, uma taca tambem sao
Afotografla alimenta, na arte figurativa, 0aspero conflito
ralistas" e "slmbolistas", que dominam a literatura na passagem
se a fotografia livra a arte da obrigacao de imitar ou representar
acabou definitivamente a concepcao classica da arte como
arte deve ser algo "espiritual", sem relacao com a natureza "....n"""~
grafia representa urn impulso vigoroso, por contraste, para assimbolistas que se contrapoern a visualidade do ;-n-'~"C'G."uH!~)ln(
Com efeito, entre 1880 e 1890 ja se perfllam novos
neoimpressionistas, guiados por Seurat, reconhecem a r-rt r-o-,...."
coberta dos impressionistas, mas consideram a visao deles muito
pela restituicao do dado sensorial. Dizia-se que a fotografia,
duto de urn meio mecanico e fornecendo uma representas;:ao
objetiva, seria "cieritffica", em relacao a visao ernpfrica do olhoseria verdade 0contrario? Nao seria possfvel uma visao '''''rrl"rI=:_
cientffica, em comparacao com a qual a fotografia seria apenas
mecanica? A divisao da cor em seus componentes crornaticos
uma fase de analise cientffica que precede a sintese que se rp.,~r,,~~
olho do observador, cuja percepcao perde assim qualquer carater
tividade: diante dessa percepcao cientffica, a fotografia e mero
Fauvismo e expressionismo, nos primeiros anosdo seculo xx,
de maneira diferente, e retomando tambern a experiencia de Van
e de Munch, uma visao que, ainda que nao se coloque como
alias, se apresente como exclusivamente artfstica, se propoe como
turalmente diferente do ernpirismo fotografico. Em1911, Kandinsky
a grande fase hist6rica da arte nao figurativa (ou "abstrata"),
que 0sistema de signos da arte nao tern nenhuma relacao com a
e, poucos anos depois, Duchamp proporia uma arte totalmente
dbpassadb,plitamehte 'coriceitual'e n i i c : > retiniana, distante de
as tecnicasda representacao. Os dadafstas, comecando por Man
utilizarao a fotografia, mas nao como tecnica de representacao:
simplesrnente lima tecnica para produzir e manipiilar as imagens.efeito, muito menos do que a tbmadafotografica, interessara ao
elaboracao hi camara escura, a impressao dos negativos, os pr'DC<=SSO:
solarizacao etc. Apr6pria fotografia, portanto, deixara de ser \..UH"!-"!~urnmeio de representacao.
LUU."ll.lU 0uturisrno e, emgeral, ascorrerrtes rtao flgurativas
que a arte seja representacao. Nao sendo representacao da realidade,
mesma uma realidade autorrornar Moridriari recusara chamar a arte
abstrata e a chamara, ao contrario, de concreta. Mas, como
que a arte seja imagern, e nao se pode contestar que a fotogra-
o seja.a fotografia tambem nao sera representacao: sera sim-
urn instrumento da imaginacao. A concepcao do dadafsta Man
assirn com a do construtivista Moholy-Nagy; e a fotografia
como uma nova tecnica artfstica, absolutamente aut6noma e
.Edado que, como e 6bvio, nao pode haver diferenca entre
e cinema, 0filme e e1evado ao myel de arte e cooptado para a
avancada: houve artistas, como Richter, que desde antesGuerra, entre 1920 e 1940, tentaram produzir filmes nao figu-
LlIJU""~~-- exclusivamenteno ritmo de sucessao das imagens.
do meio fotografico, que permite a todos produzir Ima-
cotidiana, exerceu, junto com 0cinematografo, uma enorme
sobre a concepcao comum do espaco e do tempo. A fotografia,
e praticada pela maior parte das pessoas, constitui uma espe-
L...criica" automatica que registra os movirnentos e as inclinacoes
;cit=nteS;nclusive por isso a fotografia foi cultivada pelos surrealis-
meio de registro tanto mais sincero e revelador, quanta mais os
tentavam dissimular seus impulsos Intimos, Tambem para 0
, entao, a fotografia se apresenta como meio expressivo que
a pintura e substitui suas tecnicas tradicionais.
Apublicidade. Urn"genero" artfstico inventado pela artemoderna
rreSP(Dn':lelnreuma especffica demanda do mercado e a publicida-
"tipo" dominante e0cartaz figurado e colorido que e afixado em
exemplares sobre osmuros da cidade, de maneira a tornar familiar
transeuntes distrafdos a informacao que se comunica. Como fen6-
demercado e rnediacao incentivadora entre producao e consumo,
JULJU.lUCLU'" foi estudada do ponto de vista psicol6gico e sociol6gico.
de vista artistico, a publicidade e importante: 1) porque obriga
a o exame de l l Il l te m a , a r o : v e r i c ; a o de ummotivo.Y busca
"""CHla.i:l de cornunicacao visual extremamente rapidos e impressivos;
alern de visualizar a informacao, a poe em relacao com uma
escrita, que por sua vez ~'conformada ao estilo da imagem;nlrnlPa imagem, mesmo sendo repetida imimeras vezes, deve per- .
agradavel, aceitavel, possivelmente interessante; 4) porque as
publicitarias, invadindo as paredes dos ediffcios, constituem 0
mas mais imediatamente perceptf",el e significativo, ' , : : ', ': : : , = : ' = : C C : : = = : : = = = = = =
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466
Wagner ja indicara 0teatro como lugar onde, superadas as dis-
entre as artes, se.realizaria "a obra de arte total", resultante
'~,'''Tndinamico de poesia, rmisica, arqui tetura, pintura e dan-
do seculo, inclusive por influencia de uma arte figurat iva que
conteudos intelectuais e quer se real izar inteiramente nos
acentua-se 0nteresse pelo puro espetaculo, isto e, pelo bale,
revista, 0circo. No polo oposto, mas em certo sentidocomple-
simbolistas veem 0teatro como lugar da revelacao moderna
Appia e Graig, e Meyerhold na Russia rejeitam decididamente
467
-Lautrec, desenhou mais ou men os trinta cartazes para
cabare, nos quais conseguiu selecionar e ident ificar de---.-".~u,
dente os "apelos" visuais e psicol6gicos. Outros artistas
tazes publicitarios, contribuindo a primeira formacao de
comunicacao visual: entre outros, Bonnard, Steinlen e, rnais
eo pr6prio aulicoMatisse. Logo, com a crescente emergencia'
importancia do genera publicitario e tornando-se necessaria
deira ciencia da publicidade, nasceria uma profissao eSlpe,clfica
res de cartazes ese formariam importantes "atelies" es·peci~lli:;'.::l
Na prirneira metade do seculo xx alguns pintores (por
piello, Dudovich) se especializaram no genero publicttarjo,
amplamente as experiencias amadurecidas no campo da
que descendia da "visibilidade pura" dos impressionistas.
momento, a publicidade utilizou abundantemente as tecnicas
fia e da fotomontagem, tambem nesse caso aproveitando as
visuais das vanguardas e do construtrvismo.Ta durante a f-'rl!TY1,,,lr'
Mundial, 0cartaz publtcitarto foi utilizado para a propaganda
por essa via tarnbem, alem do que pela pratica frequente da
sobre motivos caricaturais, se estabe1eceu certa afinidade
satira politico-social. A publicidade estendeu seu campo a
exposicoes e nas feiras de produtos industriais os estandes tern
explicitamente publicitario, que se manifesta seja na acentuacao
res de apelo visual, se]a no usa de expedientes exposit ivos, seja
te na evidencia das escritas e das figuras, A arquitetura pYnn,ci~;i".,
como urn 6timo campo de experimentacao para varias
arquitetura moderna. Tambem em ediffcios comerciais
escritas publicitartas ou, em geral, informativas se integram as
consti tuindo urn elemento de novidade tematica e morfoI6gica.·
prias arquiteturas industrials assumiram amiude urn carater
pelo menos demonstrat ivo, na medida em que bus cam nrnn,nr,rlr,,,,,,
ideia visual da ordem e da eficiericia do trabalho que se realiza no
e, portanto, a inspirar confianca nos produtos. No plano
ser considerado indiretamente publicitario onorme oesenvo
dimensional, sobretudo em altura, e a marcada ostentacao dosonde estao sediadas as direcoes das grandes firmas industriais
co, os grandes buildingsamericanos e0pr6prio Ediffcio Seagram
van der Rohe).
11. Arte e teatro. Na concepcao laica do modernismo 0eatro
lugar da igreja como ponto de encontro e de celebracao de urn ri tual
L1U~W~- aut6nomo e nao apenas de comentario, reduzem o espaco
conjunto de formas simplificadas e simb6licas cuja imagem se
sob0ogo sapiente dos refletores, E0nfcio de uma concepcaoda realidade cenica, que e tanto mais necessaria na medida em
cada vez mais perigosa a concorrencia do cinema: esse fato
torna necessaria uma distincao de papeis e a busca de urn teatro
apenas, e em absoluto, espetaculo.
necessiClaClede uma transformacao da funcao teatral , que se faz
vigOlrosa:m(~nl[einclusive em campo Iiterario (especialmente por
leva a busca de uma nova funcionalidade, portanto de uma nova
do ediftcio teatral , onde nao mais haveria as dist incoes de clas-
que determinaram a forma tradicional e onde, alern disso, seria
urn animadissimo jogo cenotecnico, capaz de reduzir 0desnivel
fixidez do espetaculo teatral e a extrema mobilidade do espetaculo
natogranco. Uma nova morfologia teatral foi estudada por Grapius
projeto de "teatro total" (1927).
novidade da maior irnportancia foi 0aparecimento em Paris,
dos Bales Russos de Diaghilev, com as cenografias e os figurinos
isamenre coloridos de Bakst e Benua: como se pretende que 0teatro
represente a vida real , mas const itua uma experiencia totalmente
infinitamente mais intensa, capaz de compensar a monotonia do
industrial, 0Bale russo nao apenasse apresenta como urn "espe-
perfei to, mas tambem lanca uma ponte important issima para uma
que, por sua vez, valoriza apenas os fatos visuais.
verdadeira revolucao, que envolve no fato teatral alguns dosartistas contemporaneos, se verifica com as vanguardas: 0tea-
torna 0lugar das experirnentacoes mais interessantes e temera-
no campo da visao e se oferece como lugar nao mais do somat6rio,
da sfntese de todas as artes. Tema comum das vanguardas, tanto do
Italiano como do cubofuturismo e do construtivismo russo, e
~inamLisrno,ou se]a, a recusa radical de uma concepcao da arte como
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imagem.unica e escolhida, identificada com urn objeto Co
tua) que tern urn valor venal, pode ser possuido e Constitu'
Indice de distincao social. No teatro, entendido como puro 1
imagens se sucedem, nao contam por si, mas pelo ritmo de
preenchem por inteiro a sensibilidade e a imaginas;ao dos
envolvem-nos, transportam-nos a urn espaco e a urn tempo
e uma extraordinaria aventura da imaginacao ou, se
imaginacao se atualizando,
Uma teorizacao extremamente precisa do espaco cenicoritmico do movimento coreografico, foi elaborada na Bauhaus
tor, Oskar Schlemmer, autor de dois bales Cum, Triadiscbe
sentado em 1924) sobre 0 tema da civilizacao mecanlca, onde
flguras, com seus costumes mecanizados, estavam no limite entre
e0mecanico.
Na decada 1919-29, em Paris, os bales e em geral 0 teatro de
da tiveram sua estacao mais rica; quase todos os maiores pintores
tiveram parte nisso: Picasso, Braque, Leger, Derain, De Chirico
o objeto especffico da pesquisa foi a determinacao de efeitos '
e de mudancas improvisas de dimensoes e proporcoes, ~u.L-a.1U<:1
mudanca de relacao de cor dos costumes e do fundo.
Quase todos os maiores pintores europeus, no periodo entre
guerras, trabalhararn para 0 teatro: foi sem diivida uma tentativa de
o espetaculo de arte do invasivo espetaculo industrial 0cinema
tambem uma experiencia extremamente vital para a arte . '
que assim se Iivrou definitivamente do preconceito do objeto
cioso, prenhe de conteudos intelectuais ou de significados "lll.lUIJll(;US
disso, houve a verificacao ciavalidade dos sistemas figurativos ou
ticos criados pe10 cubismo e pelas vanguardas: eles eram capazes
urn espaco novo, nao naturalista nem perspectivo, mas imaginario,
a imagem era estritamenteligada a urn fator ritmico de tempo.
o pr6prio ciriema, de resto, utilizou largamente a experiencia
moderna e por sua vez permitiu que varios artistas modernos
experiencias novas e definitivas no campo da cinetica da imagem.
ve, na Europa, correntes impresslorilstas, expressionistas,surrealistas que Ievararn a considerar 0 cinema, ainda que Cll.dLldl.l1<
urn derivativo das artes figurativas. Houve, por outro lado, artistas
serviram do cinema como de urn meio expressivo novo e original.
Giulio Bragaglia, na Italia, criou urn originalissimo cinema
.cHans Richter,' Moholy..:Nagy, Man Rayesfi.idarammea.iarife 0
possibilidades de uma arte visual baseada na multiplicidade e na
e nao na unicidade da imagem. .
abstrato ou, de qualquer forma, nao rnais fundado no
vLLJL~L"~ de uma vicissitude .narrativa, permaneceu urn fato de
a nova construcao do espaco que, a partir das vanguardas,
pelas artes visuais teve efeitos muito importantes sobre 0
e a montagem do fllme. Acomposicao cubista, por exern-
prescinde da relacao naturalista entre coisas e espaco, consi-
o espas;o uma estrutura unitaria e dinamica e permite isolar as
fragmentos das coisas com uma intensidade que deriva do
:.c()nt:eJ!:tom que se inserem -, influenciou sem duvida a mon-
imagens cinematograficas de Eisenstein, conferindo-Ihe uma
__~.~~·i"'"heia de urn realismo nao usual,mas dilacerante.
e antikitscb. Urn fenomeno que nao pode deixar de ser
quadro da cultura artistica modema, ainda que ligado a uma
UatlU<l.UC artfstica e a uma ausencia total de valor estetico, e 0 que
dekitscb, termo de etimologia incerta, mas de significado
arnente depreciativo. 0enomeno foi profundamente estudado do
vista sociologico; com efeito, e evidentemente relacionado com
-olvimento industrial, com a vaga pretensao de produzir indus-
uma arte que possa ser consumida pelo vastissimo publico que
produtos industriais. 0kitsch nao e uma cIasse de objetos, qual-r-,,=.~.~""'r1= ser kitsch; e mais uma categoria do gosto ou do costume.
todos os campos: decoracao, indumentaria, utensilios, artes graft-
naturalmente, tambem as artes rnaiores. Conotacoes constantes do
sao 0 mau gosto, 0 preco baixo, a nao funcionalidade, a banalidade,
Il)lLca<,;aIJ Alern disso, as ternaticasdo kitsch saO na rnaioria ternaticas
num myel artfstico superior, que sao reutilizadas de segunda
carregando seus caracteres para irao encontro de urn publico menos
refinado. E possfvel encontrar relas;oes. com a obra de. artistasna .
exemplo,Cabarie1,Bouguereau, ate Rodin ou Bocklin),
relacao e possfvel com a arte que, do impressionismo em diante,
iresenta COJ:ilO pesquisa. o kitsch, enfim, se. configura sempre como
contrafas;ao, banalizas;§'o;nao autenticidade~ ..amplissima mas Inorganica produs;ao kitsch se dirige expressa-
a burguesia media e pequena, sempre mais distanciada, inclusive
, da alta burguesia financeira, empresarial, tecnica, Esta, de
se orienta progressivamente para 0 modernismo, em que ve urn espf-
e ·u m gostodaexperiffientas;:aoseme1harifesaoespInto
micratrva dos novos .cavaleiros da industria; a pequena burguesia, ao
ja condenada ao destino mediocre da burocracia e das funcoes
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executivas, permanece inclusive na arte ligada ao rnn"",~~!
,idees recues, ao sentimentalismo, ao mau gosto.
Outra constante do kitsch e a substituicao de materiais
e do artesanato de classe por sucedaneos de producao .u.L\...LU:~lrJla
rina no lugar do ouro, 0ferro-gusa no lugar do bronze, 0
falsa madeira. Ha uma razao economics, porque 0kitsch e
arte barata, ao alcance de todos, mas ha tarnbem 0orgulho
trar que a tecnica industrial produz a preco menor os mesmos
antes podiam ser obtidos apenas com materiais e
nOs Estados Unidos teve urn carater pr6prio, mais organico do
em graride parte devido as ideias de Wright, mas principal-
original do finlandes Eero Saarinen. e a vasta atividade
Eames, que esi:abeleceu relacoes de plena colaboracao com as
de decoras;:ao.
rambern sofreu sua degeneracao e ate, poderiamos dizer,
o Styling. Este consiste em considerar os objetos funcionais em
consumo e, portanto, aomercado, e nao as exigencias objeti-
ostentosamente os caracteres os tornam desejaveis .
revestimento, a reproducao fotograflca etc. A breve duras;:ao
preocupacoes excessivas: parece se ter consciericia do carater '
gastronornico desse horrfvel art du bonheur[arte da felicidadel
A parabola do. kitsch coincide aproximadamente com a
veau, e pode ser considerada como 0efeito monstruoso de
mento inatural entre artesanato moribundo e industrialismo
essencialidade formal, a novidade da linguagem do cubismo e
guardas, a desilusao com as perspectivas progressistas, a
o fim do kitsch. Sucede a ele, como estilo de epoca, 0assim
deco que, pelo menos aparentemente, inverte suas
retas, verticais e horizontals, escolhas cromaticas s6brias,
dissimulado de materiais produzidos industrialmente, dos quaisca a reconhecer as qualidades intrfnsecas e nao apenas de "L1\...C;Ui:lJlIC:::~
materiais naturais preciosos. A destinacao social tarnbem e
deco atende ao gosto de uma burguesia tecnica, culturalmente
a hip6tese progressista, ainda que paternalista, de uma arte ao
todos os bolsos ja nao interessa a quem se considera uma a.U.:>L'-'\...L,o.LL,
nica. Por outro lado, 0artdeco ainda e urn kitsch, embora destinado '
classe mais culta e abastada, e em grande parte, com efeito, a
do design que esta comecando a se afirmar como exigencia de
aos produtos industriais, desde a fase de projeto, urn coeficiente
lidade estetica integrada a funcionalidade dos objetos. A slntese
de forma e de funcao e 0standard: todo processo de design LH'~L'-/U.'-
.camente correto leva ao standard, isto e, a uma forma que, teoncarru
une 0maximo de qualidade do prot6tipo ao maximo de qualidadeducao em serie. A relacao design-standard foi teorizada de maneira
rente, mas igualmente rigorosa, por Le Corbusier e por Gropius. Os
res centros de design foram na Alemanha (Bauhaus, especialmente
1925), na Escandinavia (Noruega, Finlandia, com a manufatura
a obra do arquiteto Alvar Aalto) enos Estados Unidos, ap6s a
de Moholy-Nagy, Breuer, Gropius, Albers,fugindo a perseguicao
node potencia dos autom6veis) e estimulam impulsos inconscien-
:0I1"lULJ''-'; em favorecer de maneira exagerada as modas, 0consumo
a obsolescericia rapida e a troca frequente. Afuncionalidade
ao mercado, no lugar da funcionalidade em relacao as exigen-
objetivas, e urn dos fatores mais pesadamente destrutivos, ja
imediatamente anteriores, mas especialmente ap6s a Segunda
Mundial, da experiencia estetica na affluent society do capitalismo
As tecnicas. Do ponto de vista tecnico, a pintura dos impressio-
nao era substancialmente diferente da tradicional: era simplesmen-
registro rapido contraposto ao registro lento, elaborado mediantedesenhados e coloridos, a aplicacao de certas convencoes da
, _: ;<OULa. . .. ' - (como a perspectiva e as regras de composicao), a disposi-
de certas condicoes (como os modelos em pose, a Iluminacao
do ate lie) e certas normas operativas (como a passagem do
ao claro-escuro e a cor). Ja em Courbet, todavia, a tecnica pict6-
se configurara como tecnica construtiva ou produtora de objetos, em
tecnica de reproducao de imagens: afastava-se assim da fotogra-
tambem, em geral, de toda tecnologia industrial. Por outro lado,
ocampo da pintura se ressente da repercussao da industria: as
produzidas pela industria quimica permitem uma grande extensao
"u<ou""u<o de gamas, poupam aos artistas a etapa artesanal da trituracao e
" P , , , , , , , , . . .a.udas tintas, reduzem significativamente 0 artesanato ja mais refi-
da mistura na paleta, Amitide os impressionistas pintararn depondo.suoerncie toques de cor pura, evitando assim as transicoes graduais de
Aprimeira grande inovacao tecriica, a partir de 1884, e a de Seurat e
neoimpressionistas: partindo do estudo rigorosamente cientffico da
composicao crornatica da luz, pintam justapondo pontinhos ou peque-
toques de cor pura que, visto de certa distancia, recompoem na reti-
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rtrlfT lUa 6 pensamento de que os artistas possuem cada urn sua
diferente da tecnica industrial e nao dirigida a produzir
para a vida; uma tecnica, portanto, que nao tern nenhuma
~aIllll,Ua.U.~om as tecnicas industriais, mas que pode se apro-
alguns casos, da pesquisa cientffica (neoimpressionistas) e da
literaria (simbolistas).
substancial entre as tecnicas artisticas, que poderiam ser
tecnicas do estetico, e as tecnicas industriais, e que as primeiras
e as segundas coletivas: com efeito, a tecnica tende sem-
se identificar com 0estilo, ou seja, com a ideia de uma tecnica
conu,al-JU"L<Ltecnica impessoal da industria. No momenta em
aUSLllal,l,nuvse encaminha para a hegemonia, pode parecer con-
afirma~ao paralela da arte como anti-industrialismo.e.e ainda
'''~'''''''''~Interesse e 0favor da burguesia industrial, capitalista,
que a contradiz, amhide com tons violentamente polemicos.
na fase inicial de sua ascensao, a burguesia industrial tern
ueresse em alimentar essa contradicao, seja porque a arte produz
cujo consumo e necessariamente reservado a uma elite economi-
porque esse consumo de elite a distingue da pequena burguesia
uua~~~ com que ja aspira a nao ser confundida. Em outros termos,
da industria se interessam pela arte porque ela compensa a
estetica pr6pria da industria, mas ao mesmo tempo querem
que essa compensacao permaneca marginal e nao seja consu-
pela coletividade senao nos lirnites e nas modalidades que a c1asse
determina.
problema das tecnicas, ou seja, das modalidades de producao da
estende logicamente ao produto: 0que vern a ser a obra de arte,
que deixou de ter uma utilidade e uma finalidade imediatas e ja nao .
na realidade social? 0 que vern a ser urn quadro ou uma
agora que ja riao servempara fe:;presE!Iltarpetisoas;fatos,<?pi(:!-::,
existencia, mas as pessoas, os fatos e os objetos se tornaram aperias
ou pretextos, nem sequer necessaries, do quadro ou da estatual' E
que, se a obra de arte ja naovalecomo representacao de UIIlobjet(),
como objeto em si, mas a questao e saber que tipo de objeto, ja quee intrinseca e estruturalmente diferente dos objetos produzidos pelas:
norma is para as necessidades normais da vida.
Paul Cezanne e 0primeiro a propor com clareza.inao no plano teo-
direta da 9 problema do quadro, tentando
na de quem olha a unidade dos tons. E claro. 1) que essa
condicionar a percepcao a nocoes cientfficas e, portanto a
apenas consciente, mas tambern analitica; 2) que ela visa ' ,
numa producao difererite da industrial, mas igualmente
premissas cientificas; 3) que exige a disponibilidade de
rnaticas, ou seja, de tintas em bisnagas produzidas pela U.lu;[r"
Van Gogh, nos mesmos anos, pintou com cores muitas vezes
cando-as na tela encorpadas, amhide formando espessuras
raramente se serviu no lugar dos pinceis da esparula, quebastante salientes de cor. Para Van Gogh e fundamental a
a furia da inspiracao e, consequentemente, 0"gesto" da
coloridos janao acompanham os contornos ou planos da figura
representados, mas ritmos e cadencias de urn dinamismo
do artista. Seu modo pict6rico nao apenas e0oposto do U"_ '-<U 11
trabalho industrial, mas 0e tambern da operacao projetada e
do artesao: uma arte que exprime a tragedia existencial do uU'U«:lJ
no nao pode ser senao antitetica a pratica da vida cotidiana em
causa da tragedia, Nao apenas em sua frenetica exaltacao de
de que se pode arnar ou odiar, mas com a qual nao e facil
feitura de sua pintura, Van Gogh esta em marcado contraste com
chamada civilizacao industrial. Gauguin, por sua vez, percebe
nao pode nascer e se ambientar na cidade moderna, cada vez mafs
rizada pelos produtos industriais, e busca lugares apartados e
Bretanha ou ate nas ilhas do Pacifico. 0 simbolismo nao tern
prias: 0interesse do artista ja nao esta no quadro como objeto,
representacao, mas como vefculo de significados. Busca-se
arte, por sua espiritualidade, do mecanismoe dapraticidade
da industria. No campo tecnico, portanto, os simbolistas tendem
materializar e simplificar a obra de arte, evitando pastas muito
efeitos visuais muito violentos~ Se, p()rem, se consideraque tudo elico e possui urn significado espiritual af~mcia pe~~~p~ao pura e
operacao artistica, que por simesma e uma as;:aoespiritualizante,
realizada mediante todasas tecnicas, inclusive as lastimadas, lUC;;\..,,111,L\..
vulgares tecnicas da industria. E justarneIlteb filao simbolista da artedo seculo XIX que tende a apagar asfronteiras tr~dicionais entre as
tes artes, e especialmente entre as artes "maiores" e "menores"; e emente 0desprezo pelas tecnicas da producao industrial que leva a
-las, aindaque apenas como rneios instrumentais. Quando os
c :: :mamque um ' q u ad f6 'e 'a p e n as uma .' su p e rf lC I eI el .t aa e ~ r ea s \..UIUJLIUa",mam ao mesmo tempo sua inutilidade pratica e sua identidade
com qualquer outro objeto. Entre 0 fim do seculo XIX e 0 cornecodo
,~V'_ULw...au Apintura e uma superficie sobre a qual sao depositadas
que devem ser consideradas nao apenas em relacao a tonalidade,
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and crajtsde Morris e0Werkbund na Alemanha, buscou-
reabilitar 0artesanato, mas the atribuir uma funcao de guia
a produs;:ao industrial; as proprias artes "maiores" se aproxi-
Int;o:>a.u",.~ e tipico 0caso do renascimento da antiga tecnica da
proposto e defendido pelos expressionistas da Brucke.
novidade artistica da primeira metade do seculo xx e a cola-
ela consiste em aplicar sobre os quadros fragmentos
papelao, pedacos de [ornal, f6sforos etc. No pensamento dos
e urn objeto real que, portanto, pode facilmente serf"..·,..'1c·=o'm·······a·.s··c··o··i'·s·.as····reai.s·que existem ao seu'redor:' alem dissO,
percebido como qualquer outra cois~, logo,. a,parte pintada n~o
como algo diferente de toda a reahdade visfvel. 0 quadro nao
urn objeto real que ocupa urn espaco real, tambem possui uma
poderia se chamar de magnetica, e que the perrnite cap tar a rea-
o cerca ou, rnelhor, de tomar como refens alguns fragmentos
. isso, a tecnica da colagern, que tende a transformar a obra do
especie de montagern, se desenvolve rapidamente e se torna
maiores fundamentos lingulsticos da arte moderna.
futurismo e as outras vanguardas europeias se anunciamcom
acento tecnicista (0 proprio manifesto dos pintores futuristas, de
intitula "manifesto tecnico"): rejeitarn, pelo menos por princfpio,
artfsticas tradicionais, tentam experimentacoes em varias dire-quase todas mais ou menos baseadas sobre 0principio poli-
da cola gem. As pr6prias correntes de origem dadaista, mesmo
uma tecnica comum, acabam por utilizar largamente tecnicas
.V"'j",'-' ••e outras aflns. A prova de que a colagem constitui, a partir de
quase uma constante linguistica, se encontra no fato de que essa
e suas derivacoes nao permanecem exclusivas do cubismo e dos
,",,-np1nTr,,;: construtivos que remetern a ela mais ou menos diretamente:
rwitters, cuja formacao e essencialmente dadaista, generalizou a tecni-
colagem ate construir composicoes inteiras (Merzbau) com objetos
ragmentos de objetos encontrados por acaso e justapostos. Trata-se,
caso, de urn processo de colheita casual (bricolage) e de justapo-
e acumulacao (assemblage), que tende singularmente a reunir dois
'u..~u,.v"antiteticos da concepcao artfstica moderna: a racionalidade e
por urn lado, 0acaso de outro.
o dadaismo nao possui tecnicas proprias, ao contrario, busca elimi-
o aspecto tecnico da pesquisa artfstica, justamente por iss0, no entan-
e aberto ao usa ocasional de todas as tecnicas, Com efeito, e gracas
dadafsmo e ao seu desprezo pela tecnica "privilegiada" da arte que
os ultimos preconceitos, e todo meio tecnico passa a ser considera-
475
a densidade e a transparencia, mas tambem no que diz
das pinceladas, as tensoes que determinam suas relas;:oes.
algumas partes da tela permanecem descobertas, e0branc. ., . 0
texto pictonco, mas esses brancos servern principalmente
toda representacao ilus6ria de profundidade e a explicar que
uma casca de cor, com sua consistencia ftsica, aderindo
Sabe-se que Cezanne nao pintava senao ao vivo, sempre nF"r".,~
ou 0modele, contudo, Cezanne nao imita nem interpreta: nao
real como modelo, mas como termo de confronto. 0
mas concretovital- sobretudo, porern, igualmente "autentico", De fato, e'a
dade" da imagem que constitui a grande aspiracao dos artistas
a fotografia passou a cumprir todas as funs;:oes medinicas da '
Outra novidade tecnica arrebatadora foi introduzida por
do, justamente por volta de 1880, fez esculturas dedans;:arinas
era feito de verdadeiro tule. Aquele pedaco de tecido tinha uma
ser nao muito 'diferente das pequenas areas de tela branca nos
Cezanne: entrava no contexto plastico da escultura e, ao m,eslno
media a distancia, alias, a diferente natureza, entre realidade e
artfstica. Nao resta dtivida de que aquele pedaco de tule vprrl.."rl=
com pleno direito, escultura, mas isso prova justamente que a
artfstica nao depende da realidade, ao contrario, pode recolhe-lave-la em sua propria realidade e concretude de imagern.
Nos mesmos anos, urn escultor aclamado como 0maior de
tentava uma operacao totalmente diferente. conseguir na escultura
tos luminosos da pintura Irnpressionista, sem renunciar a sua
talidade e a sua tradicional funcao civil. Tanto Rodin como, '-''''1-''-''0:>.
o Italiano Medardo Rosso mudaram sem diivida a maneira de
deixando amiude traces evidentes da vareta ou dos dedos, assim
os impressionistas deixavam a vista as pinceladas: todavia, seu
voltado a modernizar a tecnica tradicional, enquanto Degas, talvez
pretender, marcou a virada clara da escultura tradicional para a
moderna.
Tambem para os fauves e, paralelamente, para os
rnaes, a tecnica deve construir 0manufato artistico como umaautonorna, e afinal mais autentica, da realidade da experiericia
fato, aflrrna-se que 0Industrialismo teria destrufdo 0sentimento da
ticidade natural, que se conservaria apenas na arte. Justamente
arte nao fabrica representacoes, mas coisas, dirninui seu u.L<>La.U-.Lo. .... ,
do artesanato, que certamente deixou de existir como atividade
normal, mas se pretende ressuscitar como arte para contrapo-lo a
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do aproveitavel para osfins da arte: com efeito, e com os
Ray, Richter) que a fotografia e 0cinema cornecam a
como tecnicas de pesquisa, e nao rnais apenas como
Remonta tambern a esse momento 0declfnio e 0Q.Ud.!lUonnmaterials "nobres": na escultura especialmente, cada vez
o uso do ferro, da ceramica, ate do vidro e de outros Ul,uenai",
pela industria. A escola de arte criada por Gropius em
visa estabelecer uma relacao funcional-operativa entre
exige-se, portanto, que todos os produtos artfsticos possam
industrialmente e que, portanto, desaparecarn as tecnicas
individuals, e os artistas aprendam a se servir do aparato
sociedade elaborou conforme sua cultura e suas exigencias:
termos, do aparatotecnico da industria. Por esse caminho ..
gou, no primeiro pos-guerra, a eliminacao quase total tanto
sistemas de representacaoIperspectiva, simetria, composi~ao,
tonal etc.), como das tecnicas artisticas tradicionais, esse
minacao seria retomado de maneira radical e definitiva ap6s
Guerra Mundial.
Na arquitetura, que obviamente nao depende apenas da
dos artistas, assiste-se a uma rapida adequacao aos materiais e
da producao industrial: apenas em Barcelona, com Gaudi, houvetativa grandiosa, mas isolada, de fazer arquitetura moderna com
dos de projetacao e de execucao de urn passado distante e
A polemica que ja se desenvolvera no decorrer do seculo
"arquitetos-artistas" e "engenheiros-construtores'' se torna mais
nas ultimas duas decadas do seculo a respeito do concreto, 0
construcao que a industria produz em grandes quantidades a
e cuja eficiericia tecnico-construtiva e muito superior a de todos
riais tradicionais; 0mesmo discurso vale para 0ferro, que de resto
ciado inclusive tecnicamente ao concreto (concretoarmado). 0
nao eumamaterta riatural.ftaotemfoima nemq1..lali&ide pr6prias
pasta que, passando do estado Ifquido ao s6lido, assume em
.forma do recipiente em que foi despejada. A discussao verte sobre
pontosise o concretopode ser utilizado apenas como materialou de preenchirnento, sendo depois revestido por materials mais
se pode gerar uma nova morfologia arquitetonica, diferente da
logia tradicional das construcoes em pedra ou tijolos, se permite
decorativos, se pode ser utilizado tambern em edificios representat
··ou apenas -ern -obras deengenharia.A discussaOse 'pro16iigoll porde vinte anos na Europa enos Estados Unidos: Acabararn por
algumas consideracoes fundamentals. I)-com 0erro e ocoIlcreto
:UHc.u"~ a proporfao entre cheios e vazios: e possivel lancar
obter.espafos mais amplos e luminosos; 2) a construcao
necessariamente baseada sobre a relacao estatica de pesos
. e horizontais: as arnculacoes arquitetonicas podem
IICH-U.~0espaco em muitas direcoes e desenvolver tensoes e
segundo sua amplidao e sua forma; 3) podendo a deco-
nas formas, cai a distincao tradicional entre partes
partes omamentais; 4) caem definitivamente, por seremja
de significado, as antigas regras proporcionais de altura, Iar-
nn.U1I.ld.\.J,"-:ssirn como as leis de equillbrio estatico e de sirnetria.
de elementos estruturais e decorativos ja se encontra,au'''u' ......'~
passado, na arquitetura de Gaudl ou, com outro espfrito,
cULa_JU~ da tecnica arquttetonica, do funcional e do ornamental,
belo, esta na raiz da transformacao radical da concepcao do
da profissao dos arqultetos. Parece haver uma contradicao
entre 0pensamento de Ruskin - para 0qual nao e arte tudo
finalidadesecohomicas ou utilitarias, e apenas a decoracao
ser chamada de arquitetura - eo pensamento de Loos, pou-
niais tarde, para 0qual 0ornamento e crime e apenas 0 que
funcional e perrnitido ao arquiteto. Essas divergencias cer-
'tmharn urn significado enquanto construtivo e decorativo eram
como, no discurso, 0substantivo e0adjetivo: nao tern mais razao
JU:lU'-'V os elementos construtivos e decorativos podem ser produ-
mesma materia, com 0mesmo procedirnento tecnico, e serem
'ialJnente fundidos ho mesmo molde.
a arquitefura deixou de ser lima caixa fechada, se::os elementos
se movirnentarn agil e livremente no espaco, se os espacos
e as paredes de vidro estabelecem uma continuidade luminosa
.........",;,,'"e I:!xt<::!Ii()re§,e f1n~lJnem<= 1 r n si9tE!rn~_construtiv:().~]:)e:rt:S?~_substituiuo tradicional sistema estatico e fechado, pode se
a concepcao do espaco arquitetonico e muito semelhante ada
ap6s a rev91uci()I1~ria e:x:periellcia e:xpressi()I11st.a. --: ..· . · · .
. .contribuicao extremamente irnportante para a renovacao dasarquitetonlcas e. da espacialidade urbana foi traz;ida, aos Esta-
Jll1UJ", pela assim chamada Escola de Chicago, e especialmente por
Sullivan. 0 arranha-ceu.e, para a cldade americana da epoca Indus-
necessidade a: ate 1$79, quando . . pe1a.
vez esse. 0arra-
fora urn ediffcio tipologicamente tradicional desenvolvido em
fora de toda relacao proporcional, mediante uma acurntrlacao de
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a qual a arte e uma operacao puramente mental, nao tee-
realiza par meios absolutamente ocasionais. Nao se exclui,
que a artista precise se servir dos materials e dos procedi-
mas se exclui que a praxis operativa dependa de uma.L."'~---'aLl~""~~ organizada, deurnprojeto.0embate esta entao entre uma
projetivo e uma arte fundada na ocasiao, no acaso.
-'-_''11PS artfsticas que privilegiarr:ta casualidade partem do pres-
que ela responda a uma ordem (fa loi de la cbance [a lei do
IHJ1U~"""~ e reprimida pela ordem racional que a homem se deu
r~entepatapc.dE!r dirigirsuasacoes para urnfima-seralcancado:e a espfrito essencialmente economico de uma sociedade de
e de comerciantes. Como se pretende que 0artistanao produ-
e seve uma antitese entre a racionalidade da producao e a
da criacao, a criacao acontecera par procedimentos inteira-
1.m~re:ntE~sos das tecnicas projetuais da producao.
lC::;<U"U"J que afirma querer liberar as energias criativasreprimi-
:)irlcc.nS:Cl(~nt:e,ao atribui muita importancia ao problema tecnico,
que a procedimento artfstico seja totalmente espontaneo e
par urn automatismo tecnico, impedindo assim que a pesquisa,
grande forca do seculo, se constitua como problema. Ha proce-
totalmente casuais, como a do cadavre exquis." que pode ser
tanto a escrita como aHguracao e que substancialmente consiste
prosseguir par outros uma frase au urn desenho de quem nao se
a parte ja feita. E legftimo tarnbem a usa das tecnicas normais de(incluindo a fotografia), se forem empregadas na maneira mais
e corrente, como urn meio que se possui ao ponto de utiliza-lo sem
ne1e,de forma automatica. E, por exemplo, 0casa de Dalf e deoutros pintores surrealistas cuja figuracao e fantastica e irreal, mas
I..IllLLU.a., tecnicamente, e convencional.Ernst inventou algumas tecnicas autornaticas, baseadas em ges-
U,"UHUa..'" e mecanicos como esfregar au deixar gotejar substancias
. a frottage consiste em esfregar urn lapis num papel posto sobre
, superffcie aspera (por exemplo, madeira), de maneira a transcrever
asperezas, obtendo urn desenho que excita a fantasia do artista, que
a partir dele; a grattage, procedimento que consiste em rasparUC::;;jLl:1j~aluma superffcie; 0dripping, au gotejo casual de cores liqui-
.' urn suporte estendido no chao. Essaultima tecnica automatica,
Ernst se llmitou a experimentar, foi retomada em ampla escala pelo
lL<:"'-d.HU Pollock ap6s a Segunda Guerra Mundial; pode ser considera-
479
andares, Par volta de 1890,Sullivan realizou asprimeiras
de qualquer remissao a esquemas construtivos
diretamente a partir da situacao e da funcao urbana do
a principio da nova concepcao "organica" do espaco
mais tarde seria amplamente desenvolvida, de maneira
par seu grande discipulo Frank LloydWright.
Outra inovacao radical, inclusivenoplano tecnico, eo
nico", defendido par Wright, dosmateriais naturals do lugar
a ediffcio; a novidade consiste principalmente no fato de qu.--amiude-no-estado bruto . ....... . . e
arquitetonica e com a objetivo de estabelecer uma conexao
uma especie de afinidade eletiva entre 0ediffcio e seu GL"UIC::;U
cepcao espacial de Wright e sua teoria da relacao organica
tetura e a espaco ambiente exercerarn uma influencia riotavo]
a partir de 1910(data da publicacao Wasmuth das obras de
Holanda, na obra de Dudok e dos arquitetos do movimento
De Stijl,e na Bscandinavia, especialmente na obra de Aalto.
Ap6s a Primeira Guerra Mundial, quando a tendencia
a da pura funcionalidade (aderencia da forma as estruturas) e
nalidade (aderencia da forma a economia e ao escopo da
problema tecnico dominante e0daproducao emserie e da
parcial au total. A industria ja tern condicoes de fabricar emmais ou menos importantes do edificio: coberturas, caixilhos,
reduzindo assim consideravelmente a tempo e os custos de
a complexidade do canteiro. Aconstrucao se torna assim, pelo
parte, uma obra de montagem; e a pr6prio projeto deve levar em
disponibilidade de elementos pre-fabricados. Logo se chegara
nas a construcao estandardizada de muitas unidades edilfcias
(Siedlungen), como tambem a imissao no mercado edilfcio de
unidades inteiramente pre-fabricadas. Como e Iogico, a ri"",,,,~,,,...h,;~
da pre-fabricacao progride ao mesmo ritrno do da U"...lU"Ui:111GaLo.;au
afastamento sempre maior da arquitetura do campo tradicional da
interesse, que ja nao se concentra sabre ediffcios singulares vistas'
obras de arte, transfere-se aos conjuntos de edificios, au seja, ao
a cidade, aoterrit6rio. A pre-fabricacao arquitetonica esta, nr,rt<lT\tnrelacao com a identificacao sempre mais clara da arquitetura
com a urbanismo.
Ligadaa pesquisa de novas procedimentos tecnicos esta a
inversa, de elirninar a tecnica na arte. Aprimeira negacao da Iegitimid
de tecnicas especificamente artfsticas e, ao mesmo tempo, da
do trabalho artfstico se encontra, durante e ap6s a Primeira \T"" ">I., C o) jogo coletivo lnventado pelos surrealistas em 1925.
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poHticas dos grupos e a sua vontade de influir nao apenas no
da arte, mas tambern na cultura em geral e ate nos costumes.
ultima dos manifestos e desacreditar e substituir na opiniao do
mas tambem do mercado, os valores artisticos mais prestigiados,
os manifestos sao instrumento da variacao das modas.
como comentario aos fatos artisticos do dia, e especialmen-
F'XIUV:)L".,-,~.voficiais, remonta ao seculo XVIII, ou seja, aos infcios do
: exemplo tipico e prestigioso sao os Salons de. Diderot. Uma
engajada, visando defender certas tendencias contra outras (eas modernas contra as tradicionalistas), aparece em mea-
seculo XIX na Inglaterra com os Modern painters (0 titulo tam-
significativo), em defesa de Turner, Constable e, mais tarde, dos
:aC::l1l,C1C1, na critica francesa, mais ou menos no mesmo perfodo, 0
qualidade e marcado pela intervencao no debate sobre as artes
de urn grande poeta e literato, Baudelaire. Entre os muitos aspectos
da critica de Baudelaire (que abre a serie das "colaboracoes" entre
e literatos) estao a condenacao explfcita da imparcialidade e0ou-
passionalidade e ate ao carater "politico" da critica, Contra 0 credito
florescente da tradicao classica, prestigiosamente representada por
Baudelaire afirma energicamente a necessaria e intrinseca "moder-
da arte; paralelamente, pode-se dizer que a dele e a primeira
de arte intnnseca e estruturalmente "moderna", ou seja, a primeira
nao mais julgadora externa dos fatos artisticos, mas engajada e par-
no acontecer e no devir destes. .
1874 e 1886 osimpressionistas organizaram oito exposicoes de
que a crftica militante acompanhou, COmo de costume, com facil
por parte dos representantes do "born-senso", preocupados ape-
em secundar os gostos convencionais do grande publico; contudo,
constatar que, com 0passar do tempo, comeca-se a reconhecer a
de uma "escola" impressionista e a seriedade, as vezes a genia-
de seus artistas(com excecaode Cezanne, que perrnaneceu igriO" "
e se isolou de seus pr6prios companheiros de corrente). Em 1880,
no Salao ainda prevalece 0espirito reacionario da academia, e
J·CAL>UJI..l'-'i:) artistas como Manet e Renoir (mas no ana seguinte Manet
o segundo premio): tomam suas defesas, respectivamente em
TT"IT,n';~" e LaReforrne, dois literatos, Emile Zola e loris Karl Huysmans.
,a posicao dos dois escritores ainda era mais ou menos a mesrna,
anos mais tarde divergiriam, inclusive em campo literario, e Zola
amaneceria (5 defensor ihcansavel do'natiiralfsmo; enquanto Huysmaris ' .-
urn dos maiores representantes do simbolismo e do espiritua-
E claro, entao, que 0 impressionismo, como arte fundada sobre a
da, portanto, uma antecipacao da actionpaintingamericafoi se acentuando orozi . na0i se acentuan 0 progressivamente a tendencia a .
consequentemente procedimentos diferentes dos tradiciona' .
rencia marcada por materiais pobres como aterracota a IS,
(Gonzalez) ou, em outros casos, materiais totalmente ~ovos
e as materias plasticas sinteticas (Gabo), E frequente, seja nos
seja nos dadafstas e surrealistas, 0 emprego de materias e
numa mesma obra de arte (poHrnaterismo).
14. A critica. Na segunda metade do seculo XIX os f>!';('rir",
arte, ate entao predominantemente cronicas ou comentarios
autoria de artistas ou literatos, se intensificam, se organizam, s~
como uma disciplina autonoma, com seus fundamentos
metodologias. Essa maior consistencia disciplinar depende seja
tacao geralmente critica da cultura do Iluminismo em diante
de que a arte se qualifica como disciplina e como pesquisa '
divers as categorias: 1) escritos de artistas relatando suas expe:rie:nc
ideias sobre arte, suas intencoes e programas individuais ou de
escritos de jornalistas e literatos sobre os acontecimentos
seu tempo; 3) textos filos6ficos ou te6ricos; 4) hist6ria da arte. A
e complexidade dessa literatura sobre a arte demonstram que a
artfstica esta se juntando uma reflexao sobre a arte, OUseja, a
fornecer uma explicacao aos fenomenos artisticos de que se sente
nheza ou, pelo menos, a excepcionalidade em relacao ao quadro
uma cultura cadi vez mais cientffica e tecnol6gica.
Entre os escritos de artistas muitos sao privados: anotacoes,
cartas com referencias as pesquisas artfsticas em curso e as TFI<rnp
o mundo cultural contemporarieo: as cartas de Cezanne e de Van
os diaries de Gauguin revelam a problematica daqueles artistas e
cionalidade de sua pesquisa. Outros escritos, porern, sao
destiriados a pllbIica<;;ao e possuem urn car~1:erpol@mico e
como, por exemplo, os manifestos, pelos quais os movimentos
surgindo sucessivamente (futurismo, .surrealismo etc) anunciam
macae, sua composicao, suas finalidades, Os'marlifestos contem
enunciacoes te6ricas que, porem, sao claramerite llnilaterais e
consideradas simples declaracoes de "poetica' por parte dos
os promulgam e os subscrevern, todavia, por sell carater
por refletir a orientacao de grupos rnais ou men()snumerosos, sao
"'==sintoma das afinidades exlstentes entre a pra)cl~aos'm6vimeiitose ados partidos polfticos. E frequente, de fato, que os enunciados
a arte sejam acompanhados, nos manifestos, por declaracoes
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482
< .. ~ •. •• ~. _ _ elevado como, na Franca, a Revue Blanche. Gauguin
e defendido por urn dos literatos de ponta do simbolis-
e foi ainda urn literato simbolista, George-Albert Aurier, 0
o"rr~VE>T urn ensaio sobre Van Gogh. Vale salientar que Aurier
admirador de Rimbaud e que 0estilo de seu ensaio e clara-
no do poeta: evidentemente, Aurier foi levado a entender
indubitavel afinidade de situacaoexistericial entre 0pintor
483
experiencia visual, e0simbolismo, enquanto arte toda
nao sao absolutamente polos opostos: sao duas UU'e<;::oc:!S
igualmente legftimas da arte "moderna", em contraste
mas em igual e deeidida oposicao ao estilo convencional .
Por outro lado, justamente quando, em 1886, os
xam de formar urn gropo homogeneo e de fazer sua
aflrrna-se urn novo grupo de jovens pintores, liderado por
que adota 0nome de neoimpressionismo e se propoe
de uma pesquisa cientffica, na linha da 6ptica de
. Rood-a-visao-eromatlca impressionista. Entre r\( ........".,,"''''''', ..,c
sobre eles esta urn poeta, Jean Moreas, que se tornarla
poesia simbolista outra prova de que entre 0cH~nl,iticisim(
impressionistas e 0espiritualismo dos simbolistas nao ha
mas relacao dialetica. Os criticos que falam do neoilCIlj:>re:ssi.on
Roger Marx e Felix Feneon, empregam uma linguagem
nao pretendem julgar as obras de que falam (por outro lado
dem 0apoio a essa teridencia), mas querem explicar, enunciar
a "poetica" dos artistas. Agora 0critico ja nao e0omalista
fazer a resenha de uma exposicao tentando acompanhar 0
conservador, dos jornais em que escreve: e urn pesquisador,
literato, que frequenta os atelies dos artistas, participa de suas
e busca demonstrar que aquela pesquisa, nao diferentemente
sa cientffica, e parte ativa do quadro geral da cultura do
Baudelaire, Stephane Mallarme se interessou por pintura, foi
pintores - de Manet a Gauguin, a Whistler, a Redon - e sua
raria e cheia de intuicoes importantes para com a pintura QU
uma experiencia pict6rica. Nao contrapoe uma arte fantastica
visual em "retorica", rnuito pelo contrario, define a si mesmo
impressionista e simbolista; com efeito, quando a autenticidade
ta do dado for alcancada, quer se trate de urn dado visual ou
quando esse dado for disjunto de todo significado corrvericionar
inevitavelmente a necessidade de urn novo significado, que
nao pode ser a nocao banal, mas e necessariamente simb6lico.
sfvel apreender apenas fragmentos da realidade, e preciso que
signiflcativos do infinito ou da totalidade; nesse sentido, 0mpressto
e 0simbolismo sao duas poeticas diferentes do fragmentario e do
do, que nao se contrapoern, mas se integram.
Nas duas ultimas decadas do seculo XIX, os literatos mais
tomam abertamente as defesas dos artistas inovadores, ignorados
tratados pelos criticos dos jornais. Inicia-se assim 0sodalicio entre
literatura de teridencias modernas que encontrara seus centrosem
praticamente ignorou Cezanne ate a exposicao organiza-
_,··"..r.rf"p;mesmo depois, por muito tempe=eontinuou a pesarde sua obra 0equfvoco devido a Zola, que no romance
obral descrevera 0amigo de infancia como urn artista dotado
eternamente insatisfeito por seu trabalho, fracassa por urn
amor a sua arte. Antes da critica francesa, inieialmente incli-
a obra de Cezanne a uma vaga tentativa de conferir forca
impressionismo, a critica alema (e mais uma vez urn poeta,
a quantidade de problemas abordados por Cezan-
pesquisa. Ainda antes, porem, 0compreenderam os pintores,
'CUJIJ....J J..... os fauves: 0pr6prio Matisse e, de maneira mais Weida e
Braque. 0 cubismo analitico, com a pesquisa coordenada de
Picasso, parte de urn exame aprofundado da problernatica for-
;......,co<.auJJ ....; pela primeira vez urn movimento artistico parte de uma
;critica, assim como, pela primeira vez, uma analise critica e condu-artistas mediante sua obra pict6rica. Nao surpreende, portanto,
te6ricos do cubismo fossem artistas que, propondo-se 'reconduzir
urn ambito racional, sentiram a necessidade de se expressar em
de teoria: Gleizes, Metzinger, Lothe.
uJJJG"JJ" . .. . Apollinaire, urn dos maiores poetas franceses do inicio
xx, foi critico assiduo, pontual, engajado antes no movimento
depois no cubismo e no futurismo. Sua acao foi principalmente de
e de suporte, inclusive polernico; certamente, 'porem, existia certa
estrutural, que foi se preeisando pela relacao continua entre sua
e a pintura cubista. Ja nas duas ultimas decadas do seculo forarn se
'''JJU\..,''-U'uv as correspondances entre artes visuais e literatura, mas pela
vez, com 0expressionismo, urn movimento artistico se desenvol-
,JUJUJ LGUCO,"-H1COJJLCO em campo figurativo e em campo literario, com claras
UCOH-.Jd." reciprocas, que pressupoem uma poetica comum e, portanto,
atividade reflexiva e critica entrelacada a operacao artistica. Quando,
,porvolta de 1910, aparecem os primeiros movimentos de vanguar-
,a figura do literato corifeu, que enuncia as razoes e as finalidades do
, torna-se essencial. 0 futurismo Italiano se irradia em todas as dire-
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coes: pintura, escultura, arquitetura, teatro musica po ., ,eSla'
savel e a guia do movimento e urn poeta, Filippo Toi:nmas~
urn manifesto de base, de 1909, a que seguem os """''7~u.'___"
varias artes. Analogamente, a vanguarda russa e liderad
Maiak6vski, que dirige e coordena os diferentes ramos do a
a mesma finalidade revolucionaria,
Como 0dadaismo nega a relacao da arte com 0conceit
o pr6prio conceito de valor -, nao pode adrnitir uma 0
ficacao do valor, e como0
ate dadaista e gratuito e~L-UC:LJUC:
admitir 0momenta crftico nem como preparas;:ao nem como
cia do ate artistico. Da mesma maneira, 0surrealismo e urn
artistas figurativos, de literatos (Breton, Aragon, Cocteau), de
gera numerosas declaracoes de poetica, mas nao admite uma
critica, metodol6gica, em seus procedimentos expressivos.
o momenta crftico, ao contrario, e fundamental para as
construtivas, que defend em a plena racionalidade da
ca. Frequentemente sao os pr6prios artistas a deftnir em r"" .~ __ .
suas intencoes. A maior parte dos escritos e de arquitetos:
importantes, no corneco do seculo, sao as declaracoes
cisas e as intervencoes polemicas vivas de Henry van de Velde e .
do, de Adolf Loos. Na Holanda, 0movimento construtivo De Stiji
a partir de 1917, uma revista dirigida por Theo van Doesburg, aboram todos os integrantes do grupo (os arquitetos Oud, 1-("t"",,,1<
Eesteren; os pintores Mondrian e Vantongerloo), como para
a necessidade de uma critica nao mais a posteriori, mas integrada
cesso criativo da arte.
Os escritos filos6ficos e teoricos tiveram grande importancia
macao de uma critica, nao judicativa, mas participativa ou ate .
a arte. A grande novidade, no estudo dos fatos artisticos e a
mada da visibilidade pura, encabecada por Konrad Fiedler e
Hildebrand. Fiedler separa 0estudo das artes cia estetica geral,
"ciencia da arte" a partir daquilo que cada urna tern de especffico:
importa, nas artes visuais, e justamente 0que se oferece imediata e
sivamente a vista. A arte nao e a revelacao e ainterpretacao da
das leis da criacao, mas a expressao "construtiva" da atividade de
seja, da experiencia que se realiza pela percepcao. As obras teorica:
Fiedler apareceram entre 1876 e 1887 e certamente nao
conhecimento aprofundado da pintura impressionista, no entanto,
'constituem sern duvida 0iristrurnerito crfticomaisa.propriado para
car uma arte como a pintura dos impressionistas, que nao tern
significados alern da restituicao do dado visual, Naturalmente, seo
no que se ve, e qualquer objeto tern uma forma visfvel, a
concorre para eliminar toda diferenca de grau entre as cha-
e menores. 0estudo dos produtos do artesanato, das
da arte popular, por outro lado, ia progressivamente se
desde que os rornanticos alemaes valorizararn a literatura
."-u,.~~"celebrara 0trabalho artesanal, por ter urn fundamento
flnalidade religiosa, implfcitano humilde e serio esforco da
anos do seculo xx, urn historiador da arte austria-publicara urn livro fundamental sobre a arte "industrial"
reavaliando a importancia predominante do artesanato
romanas em relacao a arte aulica, escolastica, desprovida
expressiva, da corte imperial. Foi a primeira contestacao
classica, que por seculos foi considerada exemplo de per-
a ser imitado, unico ponto de encontro entre a hist6ria da
i:l-1J"'-'L~"~ estetico, 0belo, e nao apenas 0classico nao e 0ideal
sim uma realidade hist6rica, como tambem e possfvel opor, e
urn anticlassicismo ao c1assicismo. Num outro livro, Stil-
rooiemas de estilo], Riegl propunha pela primeira vez 0problema
mentacao na arte antiga e alto-medieval; e era 0problema de uma
nao tern conteudo hist6rico ou religioso e nao "representa", nao
urna modalidade de conhecimento. Contudo, a ornamentacao eralinhas, planos, volumes, cores que 0olho percebia: qual seria seu
Intrinseco, nao inerente a uma eventual representacao, mas a
de linhas, planos, volumes e cores e asua disposicao segun-
:ennillaciOSesquemas de simetria, proporcao e ritrno? Que concep-
e de tempocomunicava? Aideia de urn significado inerente
erentes categorias da forma (essas categorias seriam identificadas
anos mais tarde por W6llflin) e, consequentemerite,a ideia de que
e urn meio para cornunicar, mas tern urn significado.intrfriseco
proprio ser (hoje dtnamosra sua estrutura) eta fundamental para
uma arte que nao queria mais comunicar ideias e sentimentos,
Ju",uU.'-<lJ sua presenca no mundo pelo simples fato de ser arte.
1908, em Munique, poucos anos antes que Kandisky provocas-
'5~LU~'-''' ' decisiva no sentido da abstracao formal, Wilhelm Worrin.,.
~""""'-'-'U Abstraktion uridEinfilhlung [Abstras;:aoe ernpatial, em que
com clareza os dois campos contrapostos darepresentacao e cia
representacao como correspondentes, respectivamente, ao mundo
(e seueternocla.ssicismo)eaomundo n6rdico (e seu~etel''''=:-;:-~==:_:,,_:c~~:=:
~...L~LLLLC>LU-). Worringer nao abordava a questao da arte moderna,
'.apresentava as premissas te6ricas da tendencia nao figurativa, nao
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representativa, "abstrata", que iria se afirrnar cada vez
se 0ciclo hist6rico da representatividade, da ~"~uC'"_!U:iUE
em gl6ria, entre as duas guerras, com Matisse, Picasso e
minancia da nao representatividade na Alemanha e na
interpretada como ultima consequencia da estetica
verifica,com Mondrian, uma repentina e apenas
xal inversao de termos: abstracao deve ser considerada a
sentacao, que substitui as coisas a imagem delas, concreta.
e a arte nao representativa, que cria uma realidade a parte:
inclusive por isso de Manet que, no entanto, julgavam 0
urna nova pintura: Manet recusava 0ensino academico, mas
espanh6is e aos holandeses do seculo XVII. Em 1876, um
."n1aIl{.;!."La. de talento, Eugene Fromentin, publicara sob 0titulo
d'autrefois[Os mestres de antanhol seus apontamentos de
Pafses Baixos: nao era urn livro de hist6ria da arte nem uma
de pensamentos sobre a arte, mas 0primeiro e brilhantissi-
de urna "Ieitura" da arte do pass ado por um artista moderno.
Franz Hals nao sao model os a serem imitados: a, . .
nao figuratrvo, os escritos com que os artistas ilustram
suas "poeticas", e que devem ser considerados
sao tais, de fato,os escritos te6ricos, os diaries, as
os ensaios sobre arte de Kandinsky, Klee, Van Doesburg,
Os arquitetos defendem, no plano formal, teses UU.U"La.1..
analogas as dos artistas, com os quais de resto mantem
balho, mas as justificam, como e 16gico, no plano da
numerosos escritos te6ricos de LeCorbusier exerceram !JP:ITrl<>
sobre 0publico culto, inclusive pelo estilo brilhante e a.uuucu<::
mais aderentes a problematica edilicia sao os escritos dos
maes, como Bruno Taut e Walter Gropius, os muitos p<;,rrllrr.c
biograficos, de Frank Lloyd Wright sao documentos de uma
nalissima experiencia construtiva, mas, sobretudo, de uma
plexa com 0mundo americano.
suasque esses artistas enfrentaram a cada vez e resolveram
cavalete, fazendo pintura. Apostura de Fromentin e semelhante
o antigo nao e modele, mas estimulo da operacao artistica.
outro lado, se a arte ja nao encontra sua origem e seu modele na
s6 pode nascer da pr6pria arte. Os impressionistas frequentam
e poem seus cavaletes diante do "motivo". ~ezanne di:ia que
de pintor dependia do sucesso de suas seances [sessoes] no
De Cezanne, justamente, temos algumas pinturas d'apres os anti-retomando 0 metodo iniciado por Rubens no seculo XVII, nao
recria, transpoe a imagem para urna linguagem visual moderna.
, atormentado Van Gogh nao pode deixar de se remeter
artistas do passado (Daumier, Delacroix, Millet), nao tanto para
quanta para entreter com eles, diante do cavalete, uma conversa
Em todo caso, as obras a que os artistas se referem, por anti-
sejam, sao sentidas como absolutamente presentes, fora de toda
hist6rica .
..'-A.lUO"-"~La.UUV':''- soltos de qualquer laco com a tradicao, livres para
no exterminado universo da arte, os artistas modernos podem
no mesmo plano de valorobras de culturas muito diferentes, dis-
no tempo e no espaco. Todo 0"modernisrno" europeu e permeado
experiericia da arte do Extremo Oriente: mas os artistas olham para
com urn espirito muito diferente dos artistas romanticos em bus-
exotisrno. A arte japonesa nao tern perspectiva, nem claro-escuro,
iomposicao nao e simetrica, mas ritmica; as cores sao estendidas em
planas e nao sao calibradas segundo a incidencia da luz, ousegundo os prindpios do tom: e a confirrnacao de que a p~tura de
impressionista esta longe de ser bizarra e paradoxal, mas simples-
se liberou de certas convencoes e preconceitos, que sao pr6prios
VUL,11,-,,"V figurativa ocidental e constituem seu limite. 0 "japone-
, que se difunde em todo lugar na segunda metade do seculoxrx
sua ponta maxima nas duas ultirnas decadas, constitui 0trait
15. Historicismo e anti-bistoricismo. Uma arte intencional
maticamente moderna exclui, como e Iogico, toda oepencencia
tradicao, recusa 0passado como modelo, afirrna '-":ill.lV
originalidade ou criatividade. Pode-se ate chegar a defender
sempre foi, em todas as epocas e em todas as.culturas,
e que suas ligacoes evidentes com a cultura artistica do passauo
tuem urn aspecto secundario e amiude negativo. Mas, se a arte
expressou no maximo grau a faculdade criativa do espfrito
te entao uma especie de universo da arte em que 0tempo nao
nao ha diferenca, na ordem da qualidade, entre antigo e !HUU<::!.W
os produtos da historia e' das outras civilizacoes; em que 0
chega a ter a vantagem de se expressar com imediatismo, sem
obstaculo das convencoes, da tradicao, da cultura.
Os impressionistas acreditavam poder captar a imagem
da realidade e elaborar uma linguagem pictorica capaz de
tela a percepcao visual da maneira rnais direta e livre de orecoru
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:hnnc:relta0revival da arte bizant ina na pintura da Secessao Vie-
em Klimt: com efeito, 0que se busca evocar simbo-
e o terna ideal do poder teocratico ou carismatico, da comunica-
entre ceu e terra e, ao mesmo tempo, a decadencia desse ideal.
consciencia da afinidade simb6lica com a condicao hist6rica
dos Habsburgo (mas lembre-se a prosa conternporanea
Schiele exprirne 0sentido da fatalidade tragica da decadencia
"beleza" humana. Aqui tambem, todavia, como ja fora no mais
representante do espfrito "secessionista", 0sufco Hodler, 0
.da hist6ria e vagamente poetico: Hodler insiste no tema da
(0 vernovum), da adolescericia, da esperanca no futuro, e nao
.surpreender a influencia que exerceu sobre 0mais jovem Schiele
toda a.arte europeia dos primeirissimos anos do seculo xx), se
no sentimento comum da historia como transicao, metamor-
sazonal, demonstracao da afinidade entre 0destino humano e
nascer-morrer-renascer da natureza.
concepc;;:ao da hist6ria, na arte moderna, parece de fato se reduzir
. dos termos de progresso e decadencia. No fim do seculoxrx
um mito e nasce uma Iiteratura do progresso, que se movem
direcao do progresso industrial (entendido inclusive como
social e gloriflcacao da criat ividade humana), mas tambem se
urn mito e nasce uma literatura da decadencia, que se movem na
oposta, denunciando 0acionalismo e0materialismo do progres-
a causa do fim da espiritualidade e criatividade humanas. Tal
}{,.'.Il_,"-U de progresso e decadencia corresponde a contraposicaoe arte ou, em outros termos, a relacao entre producaoe cria-
tendencias (do impressionismo ao cubismo e ao construtivismo)
as quais a arte deve estar no vertice da produc;;:aoeconomica, ter
posicao de vanguarda, ult rapassar a hist6ria acelerando seu curso;
cumprir essa funcao hist6rica, antepoem as final idades pratic:as
:::;Lt~Llt;<l;:',eclaram-se prontas a deixar de fazer arte se isso significar
anhamento.xernincia a participar do.esforco coletivo da humanidade;
tendencias (do simbolismo ao surreal ismo) para as quais a arte
irna direcao oposta a do progresso tecnol6gico e social , fugir de
contato com a realidade e assumir 0simb6lico como seu domi ...
pr6prio. De fato, porern, a tendencia progress iva se revelara ut6pica,
sera justamente a producao industrial a se apropriar do espaco da
e a tendencia oposta tambem se revelara ut6pica, ainda:~,.•~~.ICsJlUeLLhLltUidUo'-<ln'eg:it:1Vo,otquealdela. de· ciia~ao 1i:J:iplica·aeaiviD:o;::C~--:-_===cc======
seja, justarnente aquilo que 0racionalismo cientffico e tecnol6gico
d'urzion entre a pesquisa especiflcamente pict6rica dos
a esfera muito maisampla das artes decorativas e apl icadas
momento, portanto, em que a experiericia japonesa l ibera a
do historicismo classicista e acadernico, a introduz nurna
rnui to mais ampla, em que astradicoes ou escolas nacionais
significado.
Nas correntes simbolistas, 0senso da hist6ria pode
to mais forte que nas correntes essencialmente visuals. Com
gravitam em volta da identiflcacao de criatividade esua vez, a Imaginacao e memoria do passado e prefigurac;;:ao
percepcao da real idade presente nao passa de urn instante
deravel entre essas duas dimens5es exterrninadas, por isso, a
dada na percepcao, no presente, parece l irnitada se comparada
imaginacao. A arte da percepcao propoe 0passado como
a arte de Imaginacao, 0empo e ilimitado,' nao ha diferenc;;:a
entre passado, presente e futuro. A ideia de hist6ria dos
concretiza no revival, ou seja, no renascirnento imaginarlo do
presente e no futuro, numa circularidade do tempo. Epensamento do eterno retorno, como foi formulado por l"li ,et2:sch
Rilke, que se inspira a concepcao do revival dos simbolistas.
te,o revival, como evocacaoque chega a ser.onirica, nao <-V.U;:',L;: 'LI
imitacao de formas antigas tomadas como model os, mas na
"espfrito" de outros tempos ou de outras civilizacoes. Assim, a
moderna, especialmente quando aprovei ta materiais novos
ro e 0concreto, evoca vagamente os ritrnos do romanico ou do
opondo essa livre evocacao a imitacao macante e mesmo assim
"estilos". Assim, e propositadamente fantastlca, de maneira UC:!llJU.U
tativa dos "estilos", a evocacao que Gaudf faz na Sagrada Familia da
mais do que da real idade historica, das catedrais g6ticas; ou
num plano totalmente diferente, Berlage, na Holanda, faz da
romanica, proposta de rriarieira muit:ovaga,como expressao do
comunitario das cidades medlevais. Analogamente, mais tarde,
rneiro p6s-guerra, seria puramente. evocat iva e sem nenhum
res gate hlstorico arernissao de Le C6rbusier
aarquitetura classica
como exemplo de relacao perfei ta entre civil izacao e natureza, de
formal, de ordem proporcional, de correspondencia da aparencia
essencia estatica do ediffcio. Esse historicismogerierico e sem
forrnais precisas marca 0verdadeiro fun de toda postura escolastica
-ctativa, corriotambem a liquida:s;:ao-dos-assiffi-cliamad6s-estil6sde que se reconhece flnalmente a substancial falsidade e 1111_V.l"1L-.LL
Igualrnente, voltando a pintura fin de siecle, e desprovido de
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Para alern da ideia de hist6ria como proje~ao no
~ao oposta, como retorno fatal, ha a nega~ao drastica
Como anti-hist6ria. Gauguin nao se contenta em se ,a
precisa deixar Paris e a Europa, viver no Taiti. Nao
guin tentara a sintese entre 0realismo de fundo dos
antirrealismo dos simbolistas. Entao, admitia que 0
contato com 0mundo real, nao podia renunciar ao dado
cepcao (esse era seu ponto de encontro com Van Gogh
com Cezanne, por outro), mas 0mundo moderno '
nais, tanto que para fazer arte seria necessario encontrar
te mais estimulante, um arnbiente incorrupto, virgem,
nao possuem 0conhecimento racional, mas a intui~ao
realidade. No fim do seculo XIX , em suma, Gauguin ~U.C'-J"U.'<::l
exprime um conhecimento mftico-simb6lico do universo e
nao pode ser feita na Europa, onde 0racionalismo exclui todamftica.
Nos mesmos anos do exilio voltmtario de Gauguin de
excessivamente cientffica e tecnol6gica, outra nega~ao da
mente radical, mas diferentemente motivada, e a do aouanos-»
que inaugura como grande mestre a sequela intermlnavs-j
naifs. Rousseau elirnina todas as convencoes representativas,
compositivos e as sofistica~oes tecnicas dos artistas profissionaissenta aos contemporaneos (obtendo os aplausos, ainda que
Ironicos, dos jovens artistas mats avancados da epoca, co'mle~~lll!
Picasso) Como 0artista ingenuo, que nao sabe nada de <Carte",
a necessidade de se exprimir por figuras, trazendo assim de
sua funcao originaria e elementar. Com Rousseau, enfirn, ganha
o problema da arte popular, ate eritao menosprezado. A propria
da arte ate esse momento se ocupara apenas da arte cuIta, das
por encomenda dos soberanos, dos principes, dos prelados, das
religiosas, dos senhores - mas temos realmente certeza de que
produzida pela elite social era qualitativamente superior? Sem
Renascimento italiano, as grandes personalidades artlsticas Ud.HJ~
livremente com as grandes personalidades do mundo religioso e
mas como negar 0carater coletivo e, aflnal, culto e popular ao
tempo da arte romanica e g6tica? Em fins do seculo X IX os estudos
ficos e os de urn grande historiador da arte, Alois Riegl, poem em
novos e amplos setores do pensarriento expresso, no passado,
as artes visuals: 0da arte popular se torna um problema que nao
ignorado, ainda mais porque amea~a·de perto a profissao artfstica,
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tambem nega qualquer sentido hist6rico ao presente como
precisarnente a Prime ira Guerra Mundial, que destr6i omundourna Imensa estupidez. Mais sutil, porern, e0pensamento
UlCl.l<:Ll.l1}" que nao apenas cortou todo laco com a hist6ria da
a pintar, mas no Grande vidro, realizado entre 1915 e
uma complexa tematica de imagens cujas raizes afundam
evocando inclusive motivos alqufrnicos, explicaveis pelo
a alquimia e uma ciencia morta, ou seja, pass ada para oincons-
surrc!al.LblJllUambern, de resto, mesmo nao rejeitando a evocacaoexclui toda forma de historicismo como busca de uma ordem
urn finalismo no pensamento e na acao, enxergando na arte a
humana nao apenas nao historicista, mas irracional e nao
-se livremente de documentos figurativos do pass ado. if' d hi ;. , serr,
. com seu sign ica 0 istorico e assumindo-os como puros
que conservam sua vitalidade ao ponto de poderem- . d ) P' sernao interpreta os. rcasso, mais do que qualquer outro
captou 0senso de absoluto presente, indelevel e nao
obra de arte conserva no tempo: em suas obi-as se~~"""""'llLI'an
em estado puro de epocas e culturas diferentes,
sumeria, Grecia arcaica, Idade Media, Renascimento
tos, arte asteca e rnaia etc. Evidentemente, quer de~onstrarvel um contato direto evital com 0passado, sem a "~-'.la.'~>t(
gracas a criatividade intrinseca da arte, e .afirma assim a nao
ou, pelo menos, a diferente historicidade da arte. 0 trabalho d
campo do "d'apres" foi extremamente importante para uma e
mais clara do fato artfstico, ou criativo, emrela~aoaos fatores
e agregados, como a ocasiao e a finalidade representativa, 0
ca etc. Semelhante a concepcao da historia de Picasso e a decom a diferenca que 0apelo ao passado, no caso dele,
da nao temporalidade, e nao do Indeclinavel carater de nr.PC!.~,.",=
da arte. Nesse sentido, a escultura de Moore difere da'-",-UULla
primeira metade do seculo xx, desenvolve de varias maneiras a
posta por Rodin, de urn classicismo modernizado - isto e , do
partindo de Rodin, passa por Maillol, Despiau,Ha.ller, De Fiori.
Marini, Manzu, Define-se, enfim, 0carater fundamentalmente '
co da arte moderna; recusa-se 0historidsmo, porque conduz
ao classicismo, reconhece-se que 0classicismo nao e a arteapenas uma sua Interpretacao-em sentido escolar e preceptlvo,
disso que 0historicismo nao e a hist6ria.,ma.s apenas lima
de1a em sentido normativo e dogrnatico, ambictona-se um "-l (1"COL,-\
classicista e uma "historicidade" .nao historicista. Pode-se entencier
como osentimento classico (masnao classictsta) tab autentico na
Marini Qude Manzu seja0oposto do classicismo normativo
acritico dos escultores oficiais dos regimes totalitariQs.· '
A "metaffsica" italiana de De Chirico e Carra foi uma LC;J1UOOl 'Lld
cionada a afirmar, em marcada oposicao com 0porvir dos
nao ternporalidade daarte, seu ser eterno e seu pass ado Imovel
dencia que teve seu deserrvolvimento na pintura de De Chirico e
gio Morandi, visando demonstrar (embora diferentemente, e com
maior engajamento por parte de-Morandi) que a obra.dearte,
.cna.SCim ent5;- ja 'e 16falm enfea: is j l inta 'do : i : i t e s : e h t e ~ l i ; : { e f . § a 1 1 . 0 ' I-'d.""<:LUU
Negacao radical da hist6ria, enquanto tentativa va de enxergar
ordem no caos dos acontecimentos passados, presentes e futures
movimentos do primeiro pos-guerra que se podem chamar de
.H",~a~~~se propoem a aderencia plena a situacao em curso (que na
a vanguarda sovietica, e a Revolucao), visando, porem, uma'or,ojeta<;aoda futura ordem do mundo. 0 pass ado e considerado,
urn status a ser superado, segundo uma concepcao da histo-
enci:Jlirrlelltesocio16gica, ainda que nao propriamente marxista, Essa
crftica dahistoria se..orna tanto maisdefinida, quanta mais se
de autondade-na. Italiae na Alemanha, um historicismo artifi-
dogmatico, nactonalista.eretorico, isto e , urn historicismo que pre-
irnpor como modelos pragmaticos realidadeshist6ricas superadas
o imperio romano, ou abstracoes inconsistentes como a raca ariana
gCIHJ d1JC1"111U A nova historicidade, afirmada e defendida pela neo-
construtiva, se declara europeista, internacionalista e socialis-
zanoo-se assim a hist6ria do pensamento socialista, dos movimentos
da tecnologia industrial, dos grandes movimentos de mercado.
"",·rp·nnja nao e0da historia da arte, mas da hist6ria do urbanismo ou,
1J1;:;\.1"a.J1JC.UL-, c l ( ) que Mumford chama de ctlltllfa urbana.
Y_Ud.llLU mais emergem as tensoes sociais e politicas que levariam
Guerra Mundial, tanto mais. emerge na arte 0pressentimento
r<lr",,,rrr.1TP cio fim cia,civiliza~ao, do ocas()ciahist6ria, do apocalipse
Como sempre, Picasso e 0artista que colhe e exprime esse
ltiDlellto da hist6ria que ja nao e catarse, mas tragedia, terror, morte.
dizer que Guernica, em 1937, retoma e amplia em escala mun-
o rriotivo de Lesdemoiselles de Avignon: e de novo um quadro de
classica, mas ciesped::l~adoporllma,l:!:xplos?o que revela de lim
uma
LG.1~U"UC;;nazista, 'mas 0amincio tragico da crise final da crvilizacao
e crista, que fixou, na hist6ria, 0princfpio da racionalidade e da
8/4/2019 ARGAN. a Arte Do Seculo XX (CAP)
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finalidade da vida humana e, na arte, 0produto perfeito
que demonstra a coerencia da obra humana com a di .~ . - ~ id ~ 1 . rvina e. a cnacao, a VI a, a sa vacao. Com Guernica talvez se e
O· bl d hi icid d ncerrepro .ema a istorici a e da arte, ou seja, de seu .
que seja por contradicao dialetica, ao sistema global da
A ESTETICA DO EXPRESSIONISMO
possivel provar historicamente que 0expressionismo nao inventou
1l1l:~U''''15':''u figurativa, mas uma nova modalidade de cornunicacao,
tipo da linguagem, entre a arte e seu ambience social. A nao Inven-
uma linguagem implica a adocao, com carater instrumental, de
estruturas Iinguisticas: isso explica facilmente como um movimen-
, senao ate revolucionario como 0expressionismo aceita sem
uma condicao subordinada, pelo menos no campo da lnvencao da
em relacao a outras correntes artfsticas contemporaneas ..
Essa aceitacao, com a ressalva da instrumentalidade, pressupoe uma
:evidentemente, a comunicacao nao e um fim em si mesmo (ou
na linguagern), mas esta ligada a uma acao que se pretende
Tampouco vale como incentivo para a acao (nesse caso haveria
enfase na linguagem para fins de persuasao, enquanto a arte dos
e polemica e as vezes intencionalmente desagradavel),
como acao que comunica seu pr6prio impulso, que atraves da obra
LJ.<1JU,,..lll.'" do artista para os outros, para a sociedade. E 6bvio que esse
seja mais forte onde mais forte for a reslstencia, e que a arte, por-
busque atingir e sacudir, inclusive pelo escandalo, as areas mais
No caso especffico, trata-se da grande e pequena burguesia da Ale-
guilhermina, narcotizada pelo paternalismo pesado do chanceler
,, •__1_ mas a arte "progressiva" dos expressionistas nao e, no conjunto,arte antiburguesa, ao contrario, tem ate dernasiada consciericia de sua
intelectual: e justamente a arte dos intelectuais burgueses, e impii-uma critica, mais doque uma tentativa desubuersdo, da burguesia.
Mais precisamente, essa arte tende a penetrar no dia a dia da situacao
".U;'Sl'''_''';l, para separar 0que e vivo do que e morto e, afinal, para refor-
a cultura burguesa, tendo em vista as novas tarefas tecnicas e politicas
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