A Medida Em Fisioterapia - Marisa Caeiro
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A medida em fisioterapia
KOOS VS WOMAC
Unidade Curricular: Fisioterapia Teoria e Prática II
Aluna: Marisa Alexandra Moreira Caeiro Nº4024
Maio de 2011
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Instituto Politécnico de Setúbal | Escola Superior de Saúde
A medida em fisioterapia
KOOS VS WOMAC
1ª Ano da Licenciatura em Fisioterapia
Módulo: Avaliação e Medida de Problemas Associados ao Movimento,
Função e Participação Social
Unidade Curricular: Fisioterapia Teoria e Prática II
Aluna: Marisa Alexandra Moreira Caeiro nº 4024
Maio de 2011
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Índice
Pág.
A Medida em Fisioterapia 4
Analise dos instrumentos de medida 4
o Knee Injury and Osteoarthritis Outcome Score (KOOS) 5
o Western Ontario McMaster Osteoarthritis Index
(WOMAC)
7
o Comparação do KOOS com o WOMAC 8
Bibliografia 10
Anexo 1 – Inquérito KOOS 11
Anexo 2 – Inquérito WOMAC 15
4
A Medida em Fisioterapia
No âmbito da unidade curricular de Fisioterapia Teoria e Prática II será
desenvolvido o seguinte trabalho que tem como tema a medida em fisioterapia.
Com este trabalho tenho como objectivo analisar e seleccionar o
instrumento de medida mais adequado ao seguinte cenário:
“O fisioterapeuta António trabalha numa clínica privada em Setúbal. Recebeu hoje
uma nova utente, a Professora Ana de 59 anos que o procura por queixas de dor, no
joelho, bilaterais (mais acentuadas à direita). A utente refere como principais
problemas o facto de não conseguir manter algumas das suas rotinas por dor e
cansaço (caminhar ao fim de semana com os filhos, actividades domésticas,
deslocar-se para o trabalho e passar algum tempo em pé). Face às queixas da
utente e considerando os problemas referidos, o fisioterapeuta António considera a
hipótese de utilizar a KOOS (Knee Injury and Osteoarthritis Outcome Score) ou a
WOMAC (Western Ontário McMaster Osteoarthritis Index) para avaliar os níveis de
funcionalidade desta utente.”
Análise dos instrumentos de medida
Os instrumentos de medida são ferramentas que permitem ao fisioterapeuta
empreender/garantir uma avaliação do tratamento. Estes incluem, mas não estão
limitadas a, uma avaliação da mudança nas disfunções do paciente, limitações de
actividade (incapacidade/desvantagem), restrições na participação
(desvantagem/deficiência), ou na qualidade de vida (Chartered Society of
Physiotherapy).
Para que um fisioterapeuta escolha um instrumento de medida adequado às
condições dos seus utentes deve ter em conta as propriedades psicométricas dos
instrumentos de medida. Um instrumento tem de ser adaptável, ou seja, o
fisioterapeuta tem de saber se esse instrumento é relevante para os seus objectivos
e condição de saúde do utente. A confiabilidade / fidedignidade avalia se medida
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produz o mesmo resultado em repetidas ocasiões. (Chartered Society of
Physiotherapy). A consistência interna é calculada com alfa de cronbach. Valores
superiores a 0,90 revelam uma fidedignidade excelente, entre 0,90 e 0,71 é boa,
entre 0,70 e 0,51 é justa, fraca se estiver entre 0,50 e 0,31 e pouco ou nada se estiver
inferior ou igual 0,30. Test – retest avalia o grau de estabilidade de uma medida,
quer ao longo do tempo ou entre diferentes observadores (Lysholm & Tegner,
2007). A validade é uma maneira de descrever se um instrumento mede aquilo que
se pretende medir (Lysholm & Tegner, 2007). Um instrumento é valido quando
regista o que é suposto registar. A receptividade (sensibilidade à mudança) é a
capacidade do instrumento para detectar a verdadeira mudança na condição/estado
dos utentes ao longo do tempo A interpretabilidade de um instrumento é avaliada
pela facilidade em interpretar os resultados. Por fim a viabilidade. Um instrumento
é viável quando é fácil de administrar na prática clínica (Chartered Society of
Physiotherapy). O fisioterapeuta tem de avaliar se esse instrumento não oferece
obstáculo como o custo dos equipamentos, por exemplo.
Além das propriedades psicométricas o fisioterapeuta tem de averiguar se os
instrumentos de medida apresentam um procedimento para a interpretação do
score e se estão publicados.
Knee Injury and Osteoarthritis Outcome Score (KOOS)
O objectivo do KOOS é medir e avaliar a incapacidade gerada por problemas
no joelho, como osteoartrose do joelho, artroplastia, etc. Destina – se a avaliar
jovens, adultos e idosos (KOOS). O KOSS engloba a forma original do WOMAC (33
itens) e é composto por 42 itens auto – aplicáveis, com 5 opções de resposta para
cada item. Este questionário abrange 5 dimensões relevantes para o utente:
sintomas (7 itens), dor (9), actividades da vida diária (17), actividades desportivas e
de lazer (5), e qualidade de vida (4) (Roos, Toksvig-Larsen, 2003). Cada item é
pontuado de 0 a 4. A pontuação de 0 (problemas extremos) a 100 (sem problemas),
é produzida separadamente para cada dimensão (Cabri, Ferreira, Gonçalves &
Pinheiro, 2009). Para a obtenção dos valores finais de 0 a 100 é feito o seguinte
cálculo para cada uma das dimensões do KOOS:
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100 - (pontuação actual x100) / (pontuação máxima possível nessa dimensão)
(Cardoso, 2008).
O tempo de preenchimento é de 10 minutos (KOOS). É um instrumento
barato já que o único custo é a impressão dos inquéritos. O único equipamento
necessário é papel e caneta.
Cabri, Ferreira, Gonçalves e Pinheiro (2009) realizaram um estudo com o
objectivo de traduzir e adaptar o KOOS para o idioma português, sendo aplicado a
233 utentes com osteoartrite do joelho. Através desse estudo chegou – se à
conclusão que relativamente à consistência interna, o valor de alfa encontra-se
entre o 0,77 (outros sintomas) e 0,95 (actividades da vida diária) possuindo assim
uma fidedignidade aceitável. Todas as perguntas e opções de respostas foram
consideradas satisfatórias e compreensíveis pelos utentes, fornecendo um
questionário que é simples para ser concluído. Não houve grandes problemas para a
tradução e adaptação cultural, dando origem a uma versão razoavelmente
inteligível portuguesa.
Segundo Lysholm e Tegner (2007) o KOOS apresenta boas evidências de
confiabilidade e validade.
Foi provado que o KOOS é mais sensível que o WOMAC em utentes mais
jovens e mais activos (Roos, Toksvig-Larsen, 2003).
O impacto de utilização deste instrumento é positivo já que é um
instrumento de fácil aplicação e interpretação e de custo relativamente baixo. Além
disso o KOSS permite ao fisioterapeuta António saber qual o nível de funcionalidade
da professora Ana porque além de abordar questões sobre a dor e sintomas
também aborda questões sobre a qualidade de vida, actividades da vida diária,
actividades desportivas e lazer.
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Western Ontario McMaster Osteoarthritis Index (WOMAC)
O WOMAC é um questionário que serve para avaliar a sintomatologia em
indivíduos com diagnóstico de osteoartrite ao nível da(s) anca(s) e/ou joelho(s).
Destina-se a indivíduos com osteoartrite na(s) articulações da(s) anca(s) e/ou
joelhos, não fazendo distinção dos que, por este motivo, já foram sujeitos a uma
cirurgia (Estêvão, Lopes, Pascoalinho, Ramos, Santos, 2005). É um questionário
auto – aplicável composto por cinco questões sobre a dor, duas perguntas sobre a
rigidez e 17 sobre o grau de dificuldade em realizar actividades da vida diária. A
pontuação de cada dimensão, é calculada separadamente. Como o KOSS engloba a
forma original do WOMAC, os escores do WOMAC podem ser calculados a partir da
fórmula do questionário de KOOS (Beynnon e tal. 1998). É um instrumento de
custos baixos, já que é só necessária a impressão dos inquéritos. O equipamento
necessário é papel e caneta. O tempo necessário para o seu preenchimento é entre
3,5 minuto e 20 minutos (Fauche et al. 2002).
Fauch et al. (2002) realizaram um estudo que permitiu avaliar a
confiabilidade test-retest do WOAMC. Oitenta e oito utentes preencheram o
inquérito. Todas a questões foram bem aceites pelos utentes. A confiabilidade foi
boa para a secção A( 0, 82) e para a secção C (0,74). Para a secção b a confiabilidade
foi justa (o,68).
Foi comprovado através do estudo que compara a WOMAC e o KOOS de
Roos e Toksvig-Larsen (2003) que o WOMAC é sensível à mudança, porém o KOOS é
mais sensível. Foi também provado que o WOMAC é valido e que todas as suas
dimensões são extremamente ou muito importantes para os utentes.
WOMAC está traduzido e adaptado para o idioma português. O processo de
adaptação cultural e linguístico deste instrumento constou da realização de duas
traduções, da sua retroversão e da comparação com a versão original (Estêvão et al.
2005).
O impacto de utilização deste instrumento é positivo porque é de custos
baixos e de fácil aplicação, sendo só necessário papel e caneta. Por outro lado é
negativo já que o fisioterapeuta António não consegue analisar
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pormenorizadamente a funcionalidade da professora Ana porque este instrumento
não aborda os temas qualidade de vida e actividades desportivas e de lazer.
Comparação do KOOS com o WOMAC
O WOMAC foi desenvolvido mais para pessoas idosas com osteoartrite e
avalia a dor, rigidez e função da vida diária em três dimensões diferentes. O KOOS
foi desenvolvido como uma extensão do WOMAC para jovens e/ou utentes mais
activos com lesão no joelho e/ou osteoartrite, podendo também se aplicar a idosos.
O WOMAC não avalia as dimensões da doença, sendo a dimensão desporto e lazer
do KOOS extremamente importante (Roos, Toksvig-Larsen, 2003).
Tanto o KOOS como o WOMAC são questionários simples e fáceis de aplicar,
de baixo custo e de fácil interpretação. Foi provado que o KOOS é mais sensível que
o WOMAC em utentes mais jovens e mais activos (Roos, Toksvig-Larsen, 2003).
Quanto à fidedignidade o valor de alfa para o KOSS encontra-se entre o 0,77 e 0,95,
enquanto para o WOMAC encontra – se entre 0,68 e 0,82, sendo o KOOS mais
fidedigno do que o WOMAC. Ambos os instrumentos de medida são válidos,
aceitáveis pelos utentes e estão traduzidos e validados no idioma português.
O WOMAC engloba três dimensões, dor, rigidez e o grau de dificuldade em
realizar actividades da vida diária. O KOSS engloba a forma original do WOMAC,
possuindo além das três dimensões do WOMAC as dimensões qualidade de vida e
actividades de desporto e de lazer. Assim sendo o fisioterapeuta através do KOOS
consegue perceber melhor o grau de funcionalidade dos utentes, compreendendo
também qual a percepção dos utentes sobre a sua qualidade de vida desde que
possuem dor nos joelhos.
Através da análise dos dois instrumentos cheguei à conclusão que o
instrumento de medida mais adequado para avaliar os níveis de funcionalidade da
professora Ana é o KOOS. Como a Senhora Ana ainda é relativamente jovem (59
anos) e ainda é bastante activa, caminhando ao fim de semana com os filhos,
realizando actividades domesticas, deslocando – se para o trabalho, o KOSS é o
instrumento que se enquadra melhor já que, como referi anteriormente, o KOSS é
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uma medida para jovens e/ou utentes mais activos com lesão no joelho e/ou
osteoartrite, enquanto o WOMAC é mais para pessoas idosas com osteoartrite. O
KOOS além de possuir as dimensões que se referem à dor sentida pela utente, à
rigidez no joelho e às dificuldades em desempenhar as actividades diárias que são
idênticas às dimensões do WOMAC, também se centra nas dimensões qualidade de
vida e actividades de desporto e de lazer, permitindo ao fisioterapeuta António
perceber melhor a função física da professora Ana e conhecer a sua percepção
sobre a consciência do seu problema e a sua falta de confiança, e assim avaliar de
forma mais adequada os níveis de funcionalidade desta utente.
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Bibliografia
Cabri, J, Ferreira, P, Gonçalves, R, Pinheiro, J. (2009). Cross-cultural adaptation and validation of the Portuguese version of the Knee injury and Osteoarthritis Outcome Score (KOOS), 17, 1156 - 1162
Chartered Society of Physiotherapy. Outcomes Measures. 2001.
Lysholm, J, Tegner, Y. (2007). Knee injury rating scales, 78 (4), 445–453
Fauche, M, Fermanian, J, Lefevre-Colau, M, Poiraudeau, S, Rannou, F, Revel,
M. (2002). Algo-functional assessment of knee osteoarthritis: comparison of
the test–retest reliability and construct validity of the Womac and Lequesne
indexes, 10, 602–610
Roos, E, Toksvig-Larsen, S. (2003). Knee injury and Osteoarthritis Outcome
Score (KOOS) – validation and comparison to the WOMAC in total knee
replacement, 1-10
Estêvão, P, Lopes, A, Pascoalinho, J, Ramos, N, Santos, A. (2005).
Instrumentos de medida úteis no contexto da avaliação em fisioterapia,( 1), 131-
156
Beynnon, B, Ekdahl, C, Lohmander, L, Roos, H, Roos, E. ( 1998). Knee Injury
and Osteoarthritis Outcome Score (KOOS)--Development of a Self-Administered
Outcome Measure, 78 (2), 88-96
Cardoso, M. (2008). Influências da fisioterapia na redução da dor e aumento
da funcionalidade no síndrome fémoro – rotuliano bilateral: estudo de caso, 1-
82
KOOS. Retrieved May 15, 2011 from
http://www.uc.pt/org/ceisuc/RIMAS/Lista/Instrumentos/KOOS
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Anexo 1 – Questionário KOOS
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Anexo 2 – Questionário WOMAC
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