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O N O M E P O R T R Á S D E O G R A N D E G A T S B Y

OS MELHORES LUGARES PARA VISITAR NA CAPITAL PORTENHA

O NOME DO NOVO

O ANÔNIMO MAIS FAMOSO DO MUNDO

F. SCOTT FITZGERALD

BUENOS AIRES

WIM WENDERS

BANKSY

EDIÇ

ÃO 1

| ANO

1 | J

UNHO

DE

2011

CONTRA A CORRENTE

dist

ribu

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gra

tuita

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A revista Gatsby pretende romper o estereótipo da geração jo-vem convencionalista e hedonista trazendo artigos com enfoque na área cultural. Nossa revista é para os que nadam contra a corrente. Assim, trataremos de assuntos como música, cinema, literatura e política de uma maneira divertida e dinâmica.

O nome foi escolhido como referência e homenagem ao reno-mado romance do autor americano F. Scott Fitzgerald, O Grande Gatsby, lançado em 1925. O livro trata de uma grande metáfora do sonho americano, retratando a sociedade extremamente ma-terialista e fútil dos anos 20. A narrativa do romance, apesar de sutil, faz uma clara crítica aos valores da sociedade, assim como a revista pretende questionar os padrões da sociedade atual.

Para a edição de lançamento, selecionamos como matéria principal alguns aspectos da vida do autor F. Scott Fitzgerald e como o seu romance O Grande Gatsby tem influenciado dife-rentes gerações desde seu surgimento. Aqui, Gatsby visita, lê, indica museus, livros, exposições e traz as melhores referências culturais da cidade de São Paulo para os seus leitores.

Preparamos um guia não-convencional da cidade de Buenos Aires para que você veja a cidade com o olhar do turista que está aberto às surpresas que a cidade oferece.

Ainda em relação ao olhar, entre no universo do cineasta Wim Wenders, e conheça seu ponto de vista sobre o mundo do cine-ma, o que a crítica pensa sobre sua obra e sua trajetória pessoal.Nossa revista ainda o presenteia com um poema visual, que dialoga com o último parágrafo do romance “O grande Gatsby” e propõe uma reflexão sobre os demais temas aqui abordados.

Convidamos o nosso leitor a remar contra a corrente conosco em busca da luz verde.

DIZ OI

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Diretor de Redação

JOÃO PAULO RODRIGUES

Redator-Chefe

LÚCIO RIBEIRO

Editores

GABRIELA SILVEIRA E HERNANI FREITAS

Edição de Arte

PAULO DA COSTA E LUIS MIGUEL

Arte de capa

MADSBERG

Projeto Gráfico

LETÍCIA CONTE

LORENA BÓSIO

MARIA ELISA ZAIA

MARIANNE MENI

SUSANA RODRIGUES

NICKOLAS SERTEK

Projeto Integrado das Disciplinas

Projeto III - Cultura e Informação

Profa. Marise de Chirico

Marketing II

Profa. Vivian Strauss

Módulo Cor

Profa. Paula Csillag

Língua Portuguesa III

Profa. Regina Ferreira da Silva

Produção Gráfica

Prof. Antônio Celso Collaro

Graduação em Design 2011/3A

www.gatsby.com.br

[email protected]

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10Ah, os lugares aonde você irá! 12Bukowski e a literatura 16Larry Towell 18E se Paul McCartney tivesse morrido?

20As mais lindas de todos os tempos 22F. Scott Fitzgerald 30Seleção de compras 32The Strokes

SUMÁRIO

VISITALÊ

FOTOGRAFARESPONDE

APRESENTA

NA CAPADESEJAESCUTA

QUESTIONA

ENTREVISTAAPRECIAASSISTE

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3222

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20As mais lindas de todos os tempos 22F. Scott Fitzgerald 30Seleção de compras 32The Strokes

36Mídia e Poder na sociedade do espetáculo 40Wim Wenders44Banksy48Wagner Moura

52The Strokes 56Mídia e Política 57Poema Visual

QUESTIONA

ENTREVISTAAPRECIAASSISTE

VIAJAESCREVE

CRIA

FIM.

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VISITA

ESCHER

AH, OS LUGARES

GRACE KELLY

Escher é ainda hoje é um dos artistas mais admirados do mundo. A exposição “O Mundo Mágico de Escher”, está em cartaz com 95 obras no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo.

QUANDO? a partir do dia 19 de abril, de terça a domingo, das 9h às 20hONDE? CCBB – Rua Álvares Penteado, 112QUANTO? entrada francaINFORMAÇÕES? www.bb.com.br/cultura

Momentos marcantes da trajetória percorrida pela princesa de Mônaco poderão ser apreciados na exposição “Os Anos Grace Kelly, Princesa de Mônaco” reúne 900 objetos que revisitam a vida da diva que conquistou o mundo.

QUANDO? de 5 de maio a 10 de julho de 2011ONDE? Museu de Arte Brasileira da FAAP – Rua Alagoas, 903 – HigienópolisQUANTO? entrada francaINFORMAÇÕES? www.faap.com.br

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LEONILSON

BOB DYLAN

A exposição Sob o Peso dos Meus Amores, explora o cotidiano e o processo criativo de José Leonilson. São mais de 300 obras - algumas inéditas no país -, além de agendas e cadernos do artista.

QUANDO? 16 de março a 29 de maioONDE? Itaú Cultural – Av. Paulista, 149QUANTO? entrada francaINFORMAÇÕES? www.itaucultural.com.br

A Cinemateca Brasileira celebra neste mês os 70 anos do cantor e compositor Bob Dylan. A mostra de vídeos oferece um retrato da complexa personalidade desse expedicionário da música folk.

QUANDO? 24 a 29 de maio de 2011ONDE? Cinemateca – Largo Senador Raul Car-doso, 207 – próx. ao Metrô Vila MarianaQUANTO? entrada francaINFORMAÇÕES? www.cinemateca.com.br

AONDE VOCÊ IRÁ!

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LE

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Além dos correios, Bukowski escrevia po-esias e matérias jornalísticas para várias revis-tas de Los Angeles. Todo dinheiro que ganhava gastava com bebida e putas, viva na pobreza. Apesar de ser identificado com a geração beat, ele resistia a esse rótulo, preferindo ficar só. Bukowski viveu toda a sua vida adulta na cidade de Los Angeles, uma relação ambígua que asso-ma em sua obra: se as corridas de cavalos, bares e putas foram suas companhias fiéis em seus últimos anos, há também o sentimento de que Los Angeles pode ser uma cidade impessoal e implacável.

Bukowski morreu de leucemia aos 73 anos, deixando uma esposa, Linda, e uma obra que é a própria “biblioteca do outsider”, estilistica-mente única e tematicamente solidária àqueles que ele nunca deixou: os que estão à margem da sociedade e aqueles que não se encaixam em padrão nenhum.

Para alguém tão identificado com os Estados Unidos, é surpreendente que Charles Bukowski, ou o Velho Safado, apelido pelo qual também era conhecido e que o acompanhou por toda a vida, tenha nascido na Alemanha. De pai americano e mãe alemã, Bukowski mudou-se para a América com apenas 2 anos de idade em 1922.

A familía de Bukowski chegou aos Estados Unidos justamente durante a Depressão. Consta que seu pai, cronica-mente desempregado, se embebedava e batia nele. Isso e mais uma acne crítica e renitente faziam o jovem Bukowski se sentir profun-damente indesejado, tema que transparece em seus romances e poemas, em especial no autobiográfico Misto-Quente.

Boa parte de sua obra, aliás, é explicita-mente sobre si mesmo. Cartas na Rua, de 1971, que aborda a sua experiência nos Correios durante as décadas de 1950 e 1960, é também a estréia do seu mais famoso personagem e alter ego literário Henry Chinaski.

“ALGUNS HOMENS NUNCA ENLOUQUECEM. QUE VIDA

HORRÍVEL ELES DEVEM LEVAR”

PARA LER

O VELHO MAIS SAFADO DA LITERATURA MUNDIALBUKOWSKI

Misto-Quente, Charles BukowskiEd. Martins Fontes, 245 páginas, R$32 Cartas na Rua, Charles BukowskiEd. Martins Fontes, 300 páginas, R$19

POR LUCIO MALFOTE

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LIVROS PARA LER ANTES DE MORRER

UA:BRARI

RETALHOS

Zaldo é filho de um rico empresário brasileiro e viaja à Amazônia a negócios.Embrenha-se na mata e desaparece. Um ano depois, chega a notícia de que ele é tratado como messias pelos povos da floresta. Lidera uma seita. Chamam-no de Ua:brari -segundo lenda dos índios Macuxi, Ua:brari era um jovem que conhecia o caminho para o outro lado do mundo. Um jornalista e antigo amigo é convocado pela família de Zaldo para fazer uma expedição à Amazônia e trazer o rapaz de volta .Histórias de corrupção e mentira surgem diante do repórter, mas ele não deve revelar a ninguém sob a ameaça de perder a vida.Marcelo Rubens Paiva, Ed. Objetiva, R$41,50

RECOMENDA

O autor retrata sua história, da infância até a vida adulta, numa cidadezinha de Wisconsin,

no centro dos EUA, que parece estar sempre coberta pela neve. Seu crescimento é marcado

pelo temor a Deus, seu colégio, seu pastor e as trágicas passagens bíblicas que lê -,

que se interpõe contra seus desejos, como o de se expressar pelo desenho. Ao mesmo

tempo Thompson descreve a relação com o irmão mais novo, com quem ele dividiu a cama durante toda a infância. Conforme

amadurecem, os irmãos se distanciam.Craig Thompson, Ed. Quadrinhos na Cia, R$52

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LARRYTOWELL

Towell nasceu em 1953 em Ontário no Canadá e se tornou fotógrafo, poeta e historiador. O namoro com a fotografia começou nos tempos de estudante. Towell comprou sua primeira câmera e aprendeu a técnica da revelação durante o curso de artes visuais da Universidade York, em Toronto (Canadá). Pouco depois, aos 23 anos em 1976, o jovem seguiu para uma temporada de trabalho voluntário em Calcutá. A experiência toda foi registrada em textos e fotos, mas a carreira profissional mesmo só decolou a partir de 1984, quando ele passou a trabalhar como fotojornalista independente entre poemas e acordes de músicas folk. Com a cobertura das guerras civis da América Central, Towell conquistou muitos prêmios e projeção internacional. Suas imagens foram publicadas em importantes veículos, entre eles o The New York Times, Rolling Stone e a Life, e também em livros como El Salvador (1997), sobre a revolta camponesa naquele país, e Then Palestine (1999) e No Man’s Land (2005), que documenta a vida nos campos de refugiados palestinos. Já The Mennonites (2000) faz um registro impressionante sobre a seita de mesmo nome, existente no México. Ele trabalha sempre com filmes tradicionais, abstendo-se de opções digitais: “Preto e branco é ainda a forma poética da fotografia. Digital é o momento, preto e branco é um investimento de tempo e de amor.” Ele também trabalhou com câmeras panorâmicas, que lhe permitem fotografar as ‘paisagens de destruição’ - olhando para os seres humanos e o seu lugar na paisagem.

O ESCRITORPaul Thomasch

O SITEwww.larrytowell.com

FOTOGRAFA

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APRESENTA

?E SEPAUL MCCARTNEY TIVESSE MORRIDO

RESPONDE

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? SEGUNDO A MAIOR LENDA URBANA DA MÚSICA, O VERDADEIRO PAUL BATEU AS BOTAS FAZ TEMPO. E FOI SUBSTITUÍDO POR UM IMPOSTOR.

A data da tragédia: 9 de novembro de 1966. Paul teria morrido num acidente de carro, mas, como os Beatles eram uma máquina de dinheiro, seu empresário teria arrumado um sósia para substituí-lo. E se ele tivesse realmente morrido? A história da banda viraria de ponta-cabeça. Sem o conflito de egos entre os “donos da banda”, Lennon não teria saído; o som dos Beatles seria menos experimental, mas instrumentalmente mais sofisticado, e Sgt. Pepper’s, eleito pela revista Rolling Stone o disco mais influente da história, não existiria, deixando órfãs as bandas que se inspiraram nele. Mas o menor sucesso teria também poupado a vida de Lennon. Já George Harrison teria morrido de qualquer jeito em 2001, de câncer.

Em 1966, os Beatles decidiram encerrar suas turnês para se dedicar apenas à composição e aos estúdios. Mas não demorariam a mudar de ideia - sem hits que Paul criou a partir de 1967, como Let It Be, Hey Jude e Get Back, o sucesso da banda cairia, e, com menos discos vendidos, buscariam faturar com shows.

Brian Wilson, dos Beach Boys, era o grande concorrente de Paul. Mas a competição terminou quando Brian ouviu Sgt. Pepper’s pela primeira vez. O beach boy viu que não tinha como superar McCartney e não concluiu seu álbum Smile, superesperado na época. Sem Paul, o disco sairia, Brian viraria um Deus, e teríamos o Oasis regravando Surfin’ in USA.

Sgt. Pepper’s e companhia abriram os ouvidos da indústria fonográfica para aquilo que viria a ser o rock progressivo nos anos 70 - já havia o Pink Floyd nos 60, mas, sem Paul promovendo a música experimental, não teria virado o que virou. O que entraria no lugar do progressivo? Talvez a música eletrônica, que de fato começou em 1970, com o Kraftwerk.

Talvez a melhor coisa que aconteceu aos Beatles foi sua separação. Sem Paul, o grupo deveria continuar forte nos anos 70. Mas só até aí, pois não estaria imune às breguices dos anos 80. A redenção só viria em 1992, quando um Acústico para a MTV reviveria as melhores baladas compostas por Lennon, Harrison e Clapton.

THE BEATLES NO BEIRA RIO BEATLES UNPLUGGED

PARADO NO DARK SIDEALL YOU NEED IS SURF

POR ALEXANDRE CARVALHO

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AS MAIS LINDAS DE TODOS OS TEMPOSO ilustrador José Luiz Benício, teve um privilégio raro: por 20 anos, retratou cerca de 300 mitos do cinema.Entre eles, as atrizes mais lindas do mundo. “Posso dizer que sou um homem realizado. Pintei todas as mulheres que chamaram minha atenção”, brinca ele. Gaúcho, 74 anos, Benício criou cartazes de cinema memoráveis, feitos com tinta guache e baseados em fotos dos artistas caracterizados como personagens de filmes. Eram coisas fantásticas, como o poste de Audrey Hepburn que anunciava o filme My Fair Lady. Com a chegada dos recursos tecnológicos, esse tipo de ilustração ficou meio esquecida. Mas agora, Benício vem recebendo homenagens uma atrás da outra- que vão de exposições ao ótimo livro Sex & Crime - The Book cover art of Benício(editora Reference Press), que reúne também ilustrações feitas para a revista Playboy e campanhas publicitárias.

POR THAIS MARTOS

APRESENTA

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f.scottf itzgerald

F. Scott Fitzgerald deve ser considerado mais do que um romancista. é um

cronista, uma testemunha ocular e a voz de anos divertidos, intensos e apaixonados que

não voltam mais.

POR LUCAS MOURA

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A ERA DO JAZZ

Francis Scott Key Fitzgerald (1896-1940), romancista norte-americano, nasceu em Minnesota nos Estados Unidos. Foi soldado voluntário na I Guerra Mundial, mas não chegou a participar dos combates na Europa. Tornou-se conhecido como o memorialista da era do jazz dos anos 20. Seu romance mais famoso, O grande Gatsby de 1922, descreveu a degradação moral que acompanha a riqueza e o sucesso. Outro romance, Suave é a noite, de 1934, relata a insatisfação de Fitzgerald com a vida burguesa e sem raizes que teve na Riviera Francesa, envolvido com a doença mental de sua mulher Zelda, com sua própria melancolia e o alcoolismo.

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O autor costuma ser pouco lembrado por seus contos. Muito por ter como companheiro de geração Ernest Hemingway, considerado um dos principais artífices do gênero na literatura americana do século 20. Fitzgerald é mais citado por seus grandes romances.

Antes de mais nada, é preciso dizer que Este Lado do Paraíso que retrata um momento de transição na cultura americana: a passagem do ascetismo religioso focado no trabalho para um momento em que se torna possível gozar sem culpa os bens materiais por ele gerados. foi o único romance de Fitzgerald que vendeu bem. Todos os outros encalharam nas livrarias, e só foram redescobertos de forma decente depois de sua morte. Para sobreviver,

o autor escrevia contos em peso para revistas e outras publicações. Era a maneira de manter os excessos da famosa década de 20, época da Geração Perdida e, como classificada pelo próprio Fitzgerald em um livro de contos, A Era do Jazz, “uma era de milagres, uma era de arte, uma era de excessos e uma era de sátira”.

O termo jazz aqui vale não para a música tocada nas festas e celebrações - esta começaria a se desenvolver na década seguinte -, mas para todo o comportamento jovem da época, desde corte de cabelo até o modo de dançar e se vestir. Com o trunfo comercial norte-americano durante a Primeira Guerra, o dinheiro estava sobrando entre os burgueses. E eles viviam em farras que duravam dias, porres homéricos,

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férias na Riviera Francesa. Os americanos só não contavam com a quebra da bolsa em 1929 e a profunda depressão que se seguiu. E assim, foram-se as farras e a prosperidade.

É sobre esta aristocracia que Fitzgerald escreve (para profundo desgosto de Hemingway, que dizia que Fitzgerald só escrevia sobre ricos). Toda a sua obra possui fortes traços autobiográficos, e vários pequenos incidentes e situações realmente aconteceram com o autor. Mas na maioria deles, Scott participou apenas como observador.

ZELDA&FITZGERALD

É importante destacar a importância de Zelda Fitzgerald aqui. Eles se conheceram quando ainda eram estudantes, e só puderam se casar depois que Scott virou sucesso com Este Lado do Paraíso. O casal viveu uma relação de muito amor e ainda mais ódio, entre tapas, beijos e bebedeiras. Depois de um colapso nervoso, Zelda acabou enlouquecendo, foi internada em vários hospícios e o marido acabou no alcoolismo. Por isso não é raro encontrar moças dominadoras e rapazes beberrões em sua obra.

Faltam em Fitzgerald as inovações estilísticas dos contos de Hemingway. Ele compensa isso com lirismo. Seus personagens são cativantes, e estão sempre em busca de um amor que os salve, mesmo que se auto-sabotem muitas vezes. Tudo o que estes personagens querem é amar e serem amados, de todas as formas.

Com toda essa habilidade e minúcia para transmitir o sentimento de uma geração, F. Scott Fitzgerald deve ser considerado mais do que um romancista. É um cronista, uma testemunha ocular e a voz de anos divertidos, intensos e apaixonados que não voltam mais.

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GATSBY OUVE

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1 Nixon The Time Teller P, R$326,00

3 Lápis Caran d’Ache 12 Cores, R$66,50

4 Ray Ban Clubmaster RB 3016, R$595,002 Lápis Jack Disney, R$9,00 5 Moleskine Le Petit Prince, R$73,00

6 Relógio Mini Vermelho R$5,00

DESEJA

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4 Ray Ban Clubmaster RB 3016, R$595,00

6 Relógio Mini Vermelho R$5,00

7 Moleskine Packman R$73,00

9 Moleskine Música R$73,008 Câmera Diana, R$100,00

10 Pelúcia The Cookie Monster, R$60,50

12 Panasonic RP-HTX8, R$109,0011 Camiseta Threadless, R$40,00

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GATSBY OUVEESCUTA

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THE STROKES ANGLES SERIA UM RETORNO ÀS ORIGENS DO STROKES. O DISCO PEGA OS ELEMENTOS BÁSICOS DO SOM DO STROKES, OS QUEBRA EM PEDAÇOS, DEPOIS MONTA TUDO DE NOVO E TRANSFORMA A MÚSICA EM ALGO MAIOR.

O processo de composição do disco teve início em janeiro de 2009. A banda entrou em estúdio em fevereiro daquele ano, mas o que prometia ser um parto fácil acabou se revelando extremamente complicado. Joe Chicarelli, renomado produtor com trabalhos para nomes como U2, Elton John e Frank Zappa, foi chamado para o álbum. Após gravar praticamente todas as faixas, a banda não ficou satisfeita com o resultado final e reprovou o trabalho de Chicarelli, recomeçando praticamente do zero no estúdio do guitarrista Albert Hammond Jr – apenas “Life is Simple in the Moonlight”, faixa que encerra “Angles”, manteve a mixagem original de Joe Chicarelli.

POR RICARDO SEELIG

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ESCUTElançamento: 22 de março de 2011Angles, The StokesSony Music R$ 24,90

O álbum revela uma banda um tanto per-dida, tentando inserir novos elementos em seu som, mas patinando feio na maioria das vezes, tanto que a melhor faixa não ten-ta reinventar só traz de volta a identidade sonora dos primeiros anos. Se tivessem feito apenas isso, os caras teriam gravado um grande álbum, mas como quiseram inovar, acabaram se perdendo pelo cam-inho. No final das contas, a expectativa sucumbiu à decepção.

Segundo o baixista Nikolai Fraiture, “Angles” seria um retorno às origens do Strokes. A Rolling Stone, em seu review, diz que o disco “pega os elementos básicos do som do Strokes, os quebra em pedaços, depois monta tudo de novo e transforma a música em algo maior”.

O disco começa bem com o sur-preendente balanço reggae de “Machu Pic-chu”, faixa de abertura, que remete ao Talk-ing Heads. A já conhecida “Under Cover of Darkness” vem a seguir e ratifica aquilo que todos nós já sabemos: é uma grande canção, provavelmente uma das melhores do ano.

“Two Kinds of Happiness” transporta o ouvinte para 1985, e parece um b-side per-dido do The Cars. O andamento repetitivo e hipnótico de “You´re So Right” reforça a influência da new wave da década de 1980 em “Angles”, como se o Strokes buscasse agora, ao invés da sonoridade setentista do primeiro disco, uma aura oitentista para a sua música.

“Taken for a Fool” é uma boa faixa, mas, só para comparar com outra da safra 2011, está longe de ser memorável como “Under Cover of Darkness”. Já “Games”, com uma equivocada sonoridade eletrônica, soa to-talmente desnecessária e fora de contexto.

“Call Me Back” brinca com a bossa nova, mas o resultado é uma composição total-mente esquecível, que vai do nada para lu-gar nenhum.

O trem volta aos trilhos em “Gratisfac-tion”, dona de um ótimo refrão e cara de futuro single. “Metabolism” tem boas gui-tarras, e só isso, enquanto “Life is Simple in the Moonlight” encerra o álbum de forma agradável e cai nas graças dos fãs.

A SONORIDADE DO PRIMEIRO SINGLE REMETE AQUILO QUE

OS FÃS ESTÃO ACOSTUMADOS E ESTAVAM ESPERANDO

OUVIR, ENQUANTO AS NOVE FAIXAS RESTANTES TRAZEM A BANDA EM BUSCA DE NOVOS

CAMINHOS SONOROS.

Chama a atenção em “Angles” o grande contraste entre “Under Cover of Darkness” e as demais faixas. A sonoridade do pri-meiro single remete aquilo que os fãs estão acostumados e estavam esperando ouvir, enquanto as nove faixas restantes trazem a banda em busca de novos caminhos so-noros que, na maioria das vezes, não levam a lugar nenhum.

ESCUTA

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ARCTIC MONKEYS

THE KOOKS

Arctic Monkeys é uma banda de rock britânica formada em 2002 nos subúrbios da Inglaterra. A banda é geralmente considerada parte da cena indie rock A banda é formada por Alex Turner (vocal e guitarra), ‘Cookie’ Jamie Cook (guitarra), Nick O’Malley (baixo) e Matt Helders (bateria e vocais). O baixista original, Andy Nicholson deixou em 2006. Sheffield, Inglaterra, Reino Unido(2002 – presente) ; Rock Alternativo

The Kooks foi formado em Brighton, no Reino Unido, quando todos os integrantes da banda

ainda eram estudantes. A banda é formada por Luke Pritchard (voz, guitarra), Hugh Harris

(guitarra), Peter Denton (baixo) e Nick Millard (bateria). Nick está preenchendo para Paul

Garred devido a uma lesão no braço recentes. Brighton, Inglaterra, Reino Unido

(2004 - presente); Indie Rock

BANDAS PARA OUVIR ANTES DE MORRER

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MÍDIA E PODER NA SOCIEDADE DO ESPETÁCULO

A ELEIÇÃO DE DILMA RETOMOU O DEBATE SOBRE A INFLUÊNCIA DOS GRANDES CONGLOMERADOS NA OPINIÃO PÚBLICA

Um dos principais equívocos sobre a sociedade contemporâ-nea é o argumento de que o conjunto dos meios de comunica-ção, a mídia, é a instituição social mais poderosa. Fazem parte desse argumento expressões problemáticas como “sociedade midiatizada”, “cultura da mídia” etc. O conceito de “indústria cultural”, ainda que tenha sido criado por Adorno e Horkheimer na primeira metade do século passado, explica muito melhor a atuação dos meios de comunicação do que o termo “mídia”, pois destaca a dimensão econômica da comunicação. No livro Dialética do Esclarecimento, publicado em 1947, já indicavam que os conglomerados empresariais que atuam na comunica-ção são fundamentais para a existência da sociedade capitalista, mas que seu poder depende do poder dos conglomerados empresariais de modo geral.

POR CLAUDIO NOVAES PINTO

GET

TY IM

AG

ES

QUESTIONA

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A atual crise econômica, que se manifesta in-tensamente nos Estados Unidos e na Europa, está provocando um abalo significativo no neo-liberalismo e no pensamento único. Na América Latina, esse abalo teria começado antes, com a ascensão ao poder de líderes políticos conside-rados de esquerda. No entanto, não é muito fácil avaliar se essa ascensão significou efetivamente um abalo no neoliberalismo, já que, na prática, são governos com atitudes bastante distintas. No Brasil, por exemplo, em que pese a me-lhoria das condições de vida da maioria da po-pulação com a diminuição das desigualdades so-ciais, houve, em linhas gerais, uma manutenção da política econômica neoliberal. Além disso, nas campanhas eleitorais e durante os mandatos pre-sidenciais de Lula ocorreu uma farta

como capazes apenas de descrever as carac-terísticas sociais, mas fazem parte de uma construção teórica que procura apontar aquilo que se constitui em entraves para a emanci-pação humana. Em 1988, Debord publica os Comentários sobre a Sociedade do Espetáculo, reconhecendo que, em vez de a sociedade do espetáculo ser destruída, ela se fortaleceu no pe-ríodo histórico posterior às lutas sociais de 1968. Nesse texto, ele afirma que a produção de espetáculos tomou conta de toda a vida social; o poder espetacular manifesta-se agora de for-ma integrada, já que desapareceram os movi-mentos sociais de oposição, que se assimilaram à sociedade capitalista e não defendem mais sua superação. A análise feita por Debord em 1988 a respeito do poder espetacular corresponde ao momento do triunfo do neoliberalismo em escala mundial.

Com o neoliberalismo, o poder dos con-glomerados comunicacionais fortalece-se e a indústria cultural, articulada mundialmente, transforma-se no porta-voz ideológico do capi-talismo, desqualificando qualquer visão contrá-ria a ele como ultrapassada, promovendo assim o pensamento único, em relação ao qual não há alternativa.

SOCIEDADE DO ESPETÁCULO E CAPITALISMO

O CONTEXTO CONTEMPORÂNEO

A própria expressão “sociedade do espetá-culo” pode dar margem a interpretações equi-vocadas, se for entendida como o poder que as imagens exercem na sociedade contemporânea. É certo que Guy Debord, o criador desse conceito, definiu o espetáculo como o conjunto das rela-ções sociais mediadas pelas imagens. Mas ele também deixou claro que é impossível a separa-ção entre essas relações sociais e as relações de produção e consumo de mercadorias.

A sociedade do espetáculo corresponde a uma fase específica da sociedade capitalista, quando há uma interdependência entre o pro-cesso de acúmulo de capital e o processo de acúmulo de imagens. O papel desempenhado pelo marketing, sua onipresença, ilustra perfeita-mente bem o que Debord quis dizer: das relações interpessoais à política, passando pelas mani-festações religiosas, tudo está mercantilizado e envolvido por imagens. Mas, se a sociedade do espetáculo só pode ser compreendida dentro do contexto da sociedade capitalista, isso não quer dizer que só nessa forma de vida social ocorre a produção de espetáculos.

A produção de imagens, a valorização da dimensão visual da comunicação, como instru-mento de exercício do poder, de dominação so-cial, existe, conforme argumenta Debord no livro Sociedade do Espetáculo, publicado em 1967, em todas as sociedades onde há classes sociais. O que permite a caracterização do capitalismo como a sociedade do espetáculo é o caráter coti-diano da produção de espetáculos, a quantidade incalculável de espetáculos produzidos e seu vín-culo com a produção e o consumo de mercado-rias feitas em larga escala.

O PODER ESPETACULAR

Assim como o conceito de “indústria cul-tural”, o conceito de “sociedade do espetácu-lo” faz parte de uma postura crítica com rela-ção à sociedade capitalista. Não são conceitos pensados de maneira puramente acadêmica,

GET

TY IM

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utilização das técnicas de marketing para a pro-dução de imagens espetaculares capazes de ga-rantir sua eleição, reeleição e altíssimos índices de popularidade.

A vitória da candidata Dilma Rousseff signi-ficou a retomada do debate sobre um eventual declínio da capacidade de os grandes conglome-rados comunicacionais influenciarem a opinião pública. Esse debate já havia acontecido à época da reeleição de Lula, quando a atuação desses conglomerados, com a divulgação intensa de

“escândalos” envolvendo figuras importantes do PT, contribuiu de forma decisiva para a existên-

cia do segundo turno eleitoral, que, no entan-to, foi vencido por Lula. Na campanha de 2010, a atuação dos grandes grupos comunicacionais, em especial a mídia impressa, foi ainda mais for-te contra a candidata do PT, mas o resultado final foi o mesmo: houve um segundo turno vencido por Dilma Rousseff.

Um aspecto importante, que precisa ser levado em consideração, é que é a mídia ele-trônica, em especial a Rede Globo de Televisão, a principal mídia capaz de influenciar a opinião pública em escala nacional, atingindo todas as classes sociais. Também precisa ser le-vado em consideração que, em São Paulo, o PSDB governa o estado há mais de uma déca-da, com total apoio da chamada grande mídia. Além disso, José Serra foi o candidato à Pre-sidência mais votado no estado, evidenciando

“É POSSÍVEL QUE O GOVERNO DILMA AVANCE NA DIREÇÃO

DE UMA POSTURA IDEOLÓGICA DE ESQUERDA DEFINIDA,

DIMINUINDO O USO DA PRODUÇÃO DE ESPETÁCULOS POLÍTICOS”

o peso das posturas políticas mais conservado-ras, amplamente hegemônicas no jornalismo dos grandes conglomerados comunicacionais.

Embora o governo Lula não possa ser con-siderado um governo que rompeu com o neo-liberalismo, só o fato de ele ter sido um líder operário eleito pelo partido que se afirma como defensor dos trabalhadores e com um pas-sado político vinculado à defesa de posições de esquerda já foi suficiente para gerar uma forte onda conservadora na grande mídia, es-pecialmente na mídia impressa. Se essa onda conservadora não foi capaz de superar a ima-gem positiva de Lula trazida principalmente pela retomada do crescimento econômico acontecida em seu governo, ela não pode ser deixada de lado e se fez presente com força na campanha eleitoral de 2010, principalmente em torno da questão do aborto.

Como o passado político de Dilma Rous-seff é ainda mais problemático do ponto de vista do conservadorismo político, visto que ela se envolveu na luta armada contra a dita-dura militar, é provável que a reação conser-vadora seja ainda mais forte do que foi contra o governo Lula. Caso isso aconteça, é possí-vel que o governo Dilma avance no sentido de uma ruptura com o neoliberalismo, ou pelo menos na direção de uma postura ideo-lógica de esquerda mais definida, diminuindo o uso do marketing político e da produção de espetáculos políticos, inclusive porque, se Lula dificilmente sairá do cenário político, ele não estará mais ocupando a posição central.

QUESTIONA

PARA LER:Comunicação e sociedade do espetáculo Cláudio Novaes Pinto Coelho, Valdir J.Castro , Pedro RamosEd. Paulus, 245 págs, R$27

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WIM WENDERS,O NOME DO NOVO

Dificilmente qualquer discussão sobre o moderno cinema eu-ropeu deixa de passar pelo nome de Wim Wenders. Juntamente com Werner Herzog e Rainer Werner Fassbinder, este alemão nas-cido em Düsseldorf (1945), ex-estudante de medicina e filosofia que estreou no longa com Verão na Cidade (1970), renovou toda uma tradição estética do seu país. Wenders desistiu dos estudos universitários e se mudou para Paris para tornar-se um pintor. Ele fracassou em seu exame de admissão para escola nacional de cinema da França IDHEC (agora, La Fémis), e, como alternativa, tornou-se um gravurista no estúdio de Johnny Friedlander, um artista norte-americano. Durante este tempo, Wim Wenders tor-nou-se fascinado com cinema. O auge de sua obra aconteceu nos anos 70 e 80m com títulos como O amigo americano (1977), Paris, Texas (1984) e Asas do Desejo (1987), e a oscilação de sua fortuna crítica, que foi do deslumbramento dessa época ao desencanto da década de 90, acompanhou as idas e vindas de uma trajetória de inquietação artística.

Porque se pode acusar Wenders do que for, mas nunca se encontrará no exercício de seu ofício um rastro de acomodamen-to: em filmes inegavelmente menos como Até o fim do mundo (1991) e Tão longe, tão perto (1993), o cineasta deu início ao pro-jeto ambicioso de filmar um mundo em constante metamorfose, a geopolítica que se insinuava depois da Guerra Fria, uma era pós-utópica e ditada pela influência da tecnologia. Não à toa, boa parte desta entrevista foi pontuada pelo entusiasmo com as pos-sibilidades ainda desconhecidas do novo cinema digital. Nada mais contemporâneo, e nada mais wenderiano.

POR FERNANDO EICHENBERG

“A ÚLTIMA COISA QUE ME INTERESSA É QUE ALGUÉM ME DIGA SE O FILME É BOM OU É RUIM. QUERO DECIDIR ISSO EU MESMO”

ENTREVISTA

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GATSBY: O sr. afirmou certa vez que todo cineasta não tem mais do que duas ou três his-tórias para contar – às vezes, tem apenas uma. O problema seria encontrar uma nova forma de contar. Quais suas duas ou três histórias? WIM WENDERS: Eu mudei com o tempo. Acho que as duas ou três histórias que contei nos anos 70 acabaram se tornan-do diferentes. Não contei histórias de amor no começo da minha carreira. Aprendi, pouco a pouco, a ter confiança para contá-las. Falava sobretudo da necessidade do amor, mas des-de um certo tempo comecei a tratar do amor como algo possível. O que acontece em O Ho-tel de um milhão de dólares é uma esperança de amor, mesmo que não tenha um final feliz. G: Na sua filmografia, cinema e rock’n’roll es-tão quase sempre juntos. Como é essa relação? W: Cinema e rock’n’roll são, cada vez mais, as duas expressões contemporâneas mais pre-cisas, mais espontâneas. Tenho a impressão de que todas as outras formas de reflexão, so-bretudo o teatro ou a literatura, são demasiado lentas, pesadas. O cinema e o rock’n’roll são consumidos em harmonia com nossa época de consumo. De maneira direta, rápida. Por causa disso, podem ser bastante precisos na constata-ção da temperatura, do pulso da nossa época. O cinema é cada vez mais influenciado pela publi-cidade e pelo videoclipe.

W: Acredito que a palavra superficial não sig-nifica mais grande coisa. Toda nossa cultura, essa cultura da imagem, que se torna a principal cultura de nosso tempo, é extremamente super-ficial. E a natureza da imagem que nos mostra sobretudo a superfície. E o que quer dizer super-fície? É a área, a extensão, não? Ela se torna cada vez mais refinada, interessante, de maneira que cada vez menos se quer ver o que há por trás dessa superfície. Vemos já todo um gênero de filmes que abandonam completamente a idéia de nos mostrar outra coisa que não seja a super-fície. Tudo que está por trás, como a psicologia, já não interessa mais.

G: Como o sr. Vê hoje, a distância, o movimen-to de Wim Wenders, Rainer Fassbinder e Werner Herzog, que renovou o cinema alemão?W: Nos anos 70, até metade dos 80, com a morte de Fassbinder e um pouco também com a morte do cinema de autor, desenvolveu-se de uma maneira bastante forte esse novo cine-ma alemão. Foi, talvez, a última vez que o cine-ma de autor pode irromper de uma forma clara e maciça. As mesmas pessoas eram produto-res, diretores e roteiristas. Hoje ainda vemos alguém que repete essa forma de cinema em algum lugar, mas acho que aquela foi a última vez que ela se manifestou como uma verdadeira força econômica e houve uma certa continui-dade, com o jovem cinema alemão. Depois, eu fui para os Estados Unidos, Rainer nos deixou e Werner se retirou para fazer documentários. A onda do cinema alemão perdeu sua força em meados dos anos 80, eu mesmo ainda fiz um ou dois filmes nessa tradição. O último talvez seja Asas do Desejo. Talvez, ainda, Até o fim do mun-do. Hoje trabalho com produtores, roteiristas, faço filmes como O Hotel de um milhão de dóla-res, realizado por um trio: Bono, Nicholas Klein e eu mesmo. O cinema de autor, por definição, é aquele que sai de uma só cabeça, e não faço mais filmes assim.

G: O sr. Já manifestou simpatia pela obra de Jim Jarmusch, Quentin Tarantino e Gus Van Sant, por exemplo. Seria um pouco nessa linha o seu gosto pelo cinema?W: É, são esses nomes, sim. E também jovens que começam a trabalhar hoje, que estão mon-tando seus primeiros filmes e criam uma certa atitude de revolta contra esse velho cinema que

Mika Jovovich e Jeremy Davies em O Hotel de um milhão de dólares: esperança no amor

ENTREVISTA

G: Como o sr. vê as críticas ao aspecto superfi-cial dessa linguagem?

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funciona à base de receitas. Esse cinema jovem é feito em grande parte, hoje, na Ásia. Não foi por acaso que a maioria dos prêmios do Festival de Cannes (em maio de 2000) foi para a Ásia. Há jovens por todo o mundo que querem entrar no sistema, que fazem um só longa-metragem, uma publicidade, e no dia seguinte estão inseri-dos na máquina e ficam contentes, porque era isso que queriam, fazer filmes de ficção cientí-fica de orçamentos grandiosos. Não digo que isso é o diabo, que é ruim. Também assisto a esses filmes, também gosto de ver os grandes espetáculos. Mas é preciso deixar claro que essa é uma forma de fazer filmes e não poderá nun-ca ser a única forma. Daí a minha simpatia por aqueles que reinventam o cinema hoje. E acho que que isso tem muito a ver com o cinema di-gital. É interessante, pois estamos justamente num momento em que cada um tem a liberda-de de decidir o que vai reter de toda essa his-tória do cinema analógico. O que vou guardar desse tesouro? Há coisas que me interessam? É preciso saber para, então, começar a tradu-zir no formato digital. A questão é saber digerir esse primeiro século de filmes para poder entrar no segundo, que pertence ao cinema ditigal.

G: O sr. revelou certa vez ter más lembranças das filmagens de Paris, Texas, Por quê?W: Tenho lembranças gloriosas de Paris, Texas. Mas, ao mesmo tempo, na época em que filmá-

Nastassja Kinski em Paris, Texas: clássico da época em que Wenders deslumbrava a crítica

vamos, não achávamos tudo assim tão glorioso. A qualquer hora, o Departamento de Imigração poderia ter interrompido nosso trabalho e expul-sado toda a equipe. Metade da equipe trabalhou com um visto de turista, escondida. Se não ti-véssemos popdido terminar o filme, teria sido um desastre. Fora isso, as lembranças de Paris, Texas são formidáveis. Foi genial. E vendo ago-ra, mesmo o perigo foi um pouco heróico, mas na época não achávamos isso. Tínhamos medo.

G: O sr. foi crítico de cinema quando tinha 23 anos. Quais as virtudes e os defeitos da crítica hoje?W: Talvez não possamos dizer virtudes e de-feitos. A crítica não é feita de forma separada do resto do mundo. Ela se faz em meio a essa paisagem muito diferente, audiovisual, na qual se faz o cinema hoje. Se olho para a época em que era crítico de cinema, comparada à época de hoje, tudo mudou. Há muito pouca crítica independente, como era na época da Nouvel-le Vague, como eram Truffaut e Godard quan-do escreviam sobre cinema. Hoje a crítica faz parte da indústria, é mais um serviço do que uma instituição independente. Raramente leio críticas em revistas sobre as quais posso dizer: “Ulalala, ele correu riscos”. A mais parte delas, sobretudo nos Estados Unidos, mas também na Europa, na França e Inglaterra, é uma crítica de opinião, é muito opinativa. O que gostava na crí-tica era essa capacidade de atrair o espectador para o filme, de falar de experiências, de expli-car o contexto. A última coisa que me interessa é que alguém me diga se o filme é bom ou é ruim. Quero decidir isso eu mesmo. Eu tinha uma regra própria: só escrevia sobre filmes dos quais havia gostado. Hoje, tenho a impressão de que a crítica faz o contrário.

G: O sr. acompanha o novo cinema brasileiro, de Walter Salles, por exemplo?W: Conheço Walter, seu cinema e também a pessoa. Nós vimos num festival de Cannes, participamos juntos de um debate sobre o fu-turo do cinema. Gosto muito dele. Mas devo di-zer que é o único que conheço da nova geração de cineastas brasileiros.

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BANKSYO ANÔNIMO MAIS FAMOSO DO MUNDO

APRECIA

POR CELSO RODRIGUES

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DAS RUAS AOS LEILÕES, CONHEÇA A TRAJETÓRIA DO ARTISTA QUE FOI INDICADO AO OSCAR DE MELHOR DOCUMENTÁRIO – OU SERÁ MELHOR PEGADINHA?

O choro da senhora parou a rua. Sua casa fora pichada com uma paródia da família real - e a prefeitura, insensível, pintou por cima. “Era parte de nossas vidas. E agora, se foi”, afirmou à BBC Sofie Attrill, 50 anos e recém-ex-propri-etária de um grafite de Banksy, o artista de rua mais badalado da história. A prefeitura lamen-tou o erro.

O episódio, ocorrido no leste de Londres em setem-bro de 2009, mostra como anda alta a cotação do grafit-eiro. Se resolvesse vender a obra, pintada em 2003, Ms. Attrill perderia uma parede e ganharia muito dinheiro - não seria a primeira. Já as descul-pas oficiais mostram que Banksy recebeu um privilégio inédito: quase-licença para pichar. Na verdade, se as au-toridades inglesas quisessem se entender com ele, seria complicado: sua identidade é secreta.

Banksy tornou-se o anôni-mo mais famoso dos últimos anos. Seu trabalho mudou o olhar sobre a arte de rua. Com spray, faz críticas políti-cas, à sociedade e à guerra, mas sempre com um humor sombrio e uma sacada. Tam-bém se especializou em ações espetaculares, como na vez

em que pôs um boneco vesti-do de prisioneiro de Guantána-mo dentro da Disneylândia. Com prováveis 40 anos, ele segue experimentando: é o diretor de Exit Through the Gift Shop (“Saída pela loja de presentes”), documentário sobre um francês que o perseg-ue, indicado ao Oscar. Hoje suas obras se espalham por Londres, Los Angeles, Nova York, até no muro que separa Israel e Palestina. Mas tudo começou em Bristol, no inte-rior da Inglaterra, onde Banksy já dava sinais de que iria longe.

“Ele quer superioridade absoluta sobre qualquer coi-sa com a qual lida. Quando estava em Bristol, ele não queria dividir o topo com nin-guém. Nem em Londres”, diz o grafiteiro Graham Dews, o Paris, que o encontrou pela primeira vez em 1996. Nessa época, Banksy começou a faz-er estêncil, em que o desen-ho é formado por buracos numa superfície. Novidade nas ruas britânicas, a técnica que o consagrou foi adotada por segurança: pintando di-reto na parede, ele demorava tanto que a polícia chegava. Foi no bairro de Stokes Croft,

onde é possível ver alguns desses primeiros trabalhos, que a Gatsby conversou com Paris. “Conhecendo ele desde Bristol, acho engraçado o mito sobre sua identidade”, diz Paris. Uma busca na internet resulta em diferentes nomes e rostos (ver quadro Afinal, quem é Banksy?, na pág. 47). E o boato de que há um coletivo por trás do nome? “É uma pes-soa só”, garante Paris. “Mas com um grupo de 10 a 20 co-laboradores próximos. Chegam a montar tapumes para ele pin-tar escondido.”

Com seu rosto protegido por seus fiéis escudeiros, o artista foi muito além de pintar figuras irônicas e frases de efeito em paredes de pré-dios. Deixou mensagens em jaulas de zoológico - “Quero sair. Chato, chato, chato”, es- es-creveu na jaula de um elefante. Acrescentou obras a museus - em 2005, sua pintura penetra de homens da caverna caçan-do um carrinho de supermer-cado acabou indo pro acervo permanente do Museu Britâni-co. Trocou CDs da Paris Hilton por versões remixadas e com encartes adulterados - em um, ela acompanhava mendigos. Produziu notas de £ 10 subs-tituindo a rainha Elizabeth pela princesa Diana, hoje vendidas

ANONIMATO E FAMA

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APRECIA

por £ 200 - no documentário, ele comenta: “Foi como se hou-vesse falsificado dinheiro, posso ir pra cadeia por isso”.

Mas foi pelas ações ex-plicitamente políticas, como pintar painéis irônicos no lado palestino do muro que separa a Cisjordânia de Isra-el e plantar o guantanamero na Disney, que Banksy virou “o cara”. Mais especificamen-te, o cara que corria da polí-cia e agora vendia quadros pra Christina Aguilera - ela pagou £ 25 mil pela imagem de uma rainha Vitória lésbica.

Quando faz exposições, Banksy coloca obras para ven-der. Quando faz um grafite na rua, não - o que não impede as obras de serem vendidas. A partir de 2007, tornou-se cada vez mais comum seus trabalhos saírem diretamen-te dos muros e paredes para as casas de leilão. Indignado, ele chegou a colocar em seu site a imagem de pessoas dan-do lances em uma figura que dizia “não acredito que vocês idiotas vão mesmo comprar esta merda”.

Se a dona da abertura do texto não quis lucrar com o trabalho alheio, já houve quem aproveitou. Em Bristol, os donos de uma casa com um mural de Banksy em uma pa-rede não colocaram o imóvel à venda em uma imobiliária, mas em uma galeria de arte, listada como “mural com uma casa anexa”. Já em Liverpool, uma casa caindo aos pedaços

GRANA E CRÍTICA

alcançou o preço notável de R$ 300 mil, só porque em um dos lados do prédio há um gi-gantesca cabeça de rato dese-nhada pelo grafiteiro famoso.

“Não é sobre o hype, não é sobre o dinheiro”, Banksy diz em seu documentário. Mas, mesmo idealista, anônimo e contra o sistema, Banksy está inserido no mundo da arte. “Ele é parte de uma ge-ração que olhou para fora do sistema convencional de ga-lerias, no jeito de exibir uma obra”, observa Gill Saunders, curadora do museu Victoria & Albert, em Londres, que tem 4 peças suas. Na imprensa, ficou popular a expressão “o efeito Banksy”, para des-crever o interesse em outros artistas de rua que vieram na carona do seu sucesso.

A escalada em popularida-de não foi marcada apenas pela conquista de fãs, mas também por críticas. Banksy pautou

o debate no Reino Unido so-bre o grafite ser classificado como arte ou mero vandalis-mo. “Não há nada de interes-sante sobre Banksy. Quando vi suas pinturas por aí, pensei: é um pouco de entretenimen-to em um lixo no muro. Ago-ra se supõe que a gente tenha que ver isso seriamente. Mas é óbvio que não é nada”, diz o crítico de arte Matthew Collin-gs, no documentário B Movie. Já a organização Keep Britain Tidy (“Mantenha a Grã-Breta-nha arrumada”) considerava Banksy um vândalo, mas mu-dou sua posição ao constatar em uma pesquisa que a maio-ria da população diferenciava tipos de grife entre arte e van-van-dalismo. Há mais de 50 anos combatendo de carros aban-donados a chiclete jogado no chão, o grupo admite agora que o artista virou um signi-ficativo ícone cultural. Mas deixa claro - ele é uma exceção.

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VERDADE E MENTIRA

Todos que assistem a Exit Through the Gift Shop ficam com uma enorme pulga atrás da orelha. Sem revelar detal-hes, a pergunta é: será que é tudo aquilo retratado por um observador é verdade? É possível que Banksy tenha aplicado o seu maior golpe: convenceu Hollywood de que sua ficção é na verdade, a mais pura realidade.

Banksy se chama Robin Banks e nasceu em Bristol em 1973, de acordo com o tabloide Daily Mail, mas ninguém con-seguiu comprovar. A revelação de sua identidade esteve em leilão em janeiro no site e-Bay, mas a oferta foi retirada.Se entrevistá-lo é missão cumprida para poucos jornalistas, tentar conseguir informações com quem já trabalhou com ele resulta em pedidos de entrevista negados, e-mails sem retorno e respostas evasivas. O designer Tristan Manco de-fende que isso mantém o foco na arte: “Em um mundo ob-cecado com celebridades, é alentador que Banksy não seja julgado pelo que está vestindo no dia tal. É importante que faça o que faz em segredo”.

AFINAL, QUEM É BANKSY?

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ASSISTE

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É quinta-feira no Rio de Janeiro e o ator Wagner Moura - com cabelos despenteados, óculos de grau e um tênis preto encoberto pela imensa calça jeans - caminha até um restaurante no bairro da Gávea sem ser incomodado. Naquele momento, Wagner é apenas ele mesmo - o que talvez seja pouco para quem já foi assistente do Todo-Poderoso (no filme Deus é Brasileiro. 2003), príncipe da Dinamarca (na peça Shake-speare), e um policial incorruptível do BOPE, mais conhecido como Capitão Nascimento. O ator, de 35 anos, que já interpretou tantos out-ros personagens se sente incomodado quando tem que fazer duas coisas ao mesmo tempo.

Ao lado de Selton Mello, Wagner Moura é o ator símbolo da chamada retomada do cin-ema nacional. Selton é um ator de cinema por opção - há anos ele abriu mão de sua carreira na TV para se dedicar integralmente à sétima arte. Já Wagner, costuma dizer que o teatro é a sua casa e que é ali que ele consegue se sentir um ator pleno. Nos últimos tempos, no entando, beneficiou-se como nenhum outro do momento de efervescência do cinema nacional, tanto que é muito mais conhecido por seus pa-péis nas telas do que na televisão. E, a que pa-

PARA ASSISTIRVIPs, de Toniko Melo Com Wagner Moura Gisele Fróes, Juliano Cazarré e Jorge D’Elia.

rece, vai continuar no mesmo caminho. Agora, está em cartaz nos cinemas com o filme VIPs, dirigido por Tonilko Pereira, onde interpreta um estelionatário real, que se passou pelo filho do dono de uma companhia aérea brasileira, Wagner só aceitou fazer o longa, por ser um per-sonagem totalmente diferente do que já fez em sua carreira.

“Gosto de procurar fazer coisas diferentes. Coisas que nunca fiz. Esse é diferente porque ele procura a própria identidade e, por isso, passa por diversas personalidades. Foi um exercício bacana”, diz o ator a O Fuxico.

O filme, que apesar da forte divulgação não teve o resultado esperado nas bilhete-rias, porém, deixou o ator satisfeito - pelo me-nos com a sua atuação, que ganhou o prêmio de melhor ator no Festival do Rio, em 2010. “O roteiro é belíssimo e estou super feliz com o resultado. O filme fez seu papel”.

WAGNER MERGULHA TÃO INTENSAMENTE NOS PAPÉIS QUE TEM DIFICULDADE QUANDO PRECISA REALIZAR DUAS ATIVIDADES AO MESMO TEMPO.

O MESTRE DOS DISFARCES

POR LUCIANA PAIVA

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MAMONAS O DOC

SUPER 8No verão de 1979, um grupo de crianças

em uma pequena cidade de Ohio presencia uma catastrófica colisão de trens enquanto realizavam um filme com a câmera Super-8

e logo eles desconfiam que aquele não foi um acidente. Pouco tempo depois, estranhos

desaparecimentos e eventos inexplicáveis começam a acontecer na cidade, e o agente da lei tenta descobrir a verdade – algo mais assustador do que eles poderiam imaginar.

O filme de J.J Abrams consegue entreter e chocar ao mesmo tempo.

ESTRÉIA: 12 de agosto de 2011

Mamonas Para sempre, narra a história da banda que em menos de dez meses saiu do anonimato para ser um dos maiores fenômenos da música brasileira. Repleto de material inédito, resgata a trajetória do grupo, os desafios sua ascensão. Irreverentes, inteligentes, sarcásticos, mas, acima de tudo, extremamente criativos, os Mamonas viraram o país de cabeça para baixo enquanto divertiam e uniam as famílias brasileiras. Foi compilado um vasto arquivo de imagens, incluindo cenas do começo, bastidores e gravações dos próprios Mamonas em suas turnês e apresentações.Estréia: 10 de junho de 2011

FILMES PARA VER ANTES DE MORRER

RECOMENDA

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VIAJA

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53conheça os restaurantes, lojas e passeios turísticos imperdíveis da terra do tango.

A CIDADE SEMPRE DESPERTOU NOS BRASILEIROS SENTIMENTOS QUE MISTURAM DESPEITO, INVEJA, ADMIRAÇÃO E ATÉ UM CERTO CIÚME – NA VERDADE ALGO PRÓXIMO AO AMOR. VOLTAMOS PORQUE SEMPRE HÁ ALGO NOVO PARA VER.

POR CAMILA COUTINHO E FOTOGRAFADO POR LORENA BARONI

OS MELHORES LUGARES PARA VISITAR EM

BUENOS AIRES

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Por receberem tantos brasileiros, os hotéis acei-tam reais e dólares na hora de pagar, em algu-mas lojas você pode ter a mesma sorte, mas o mais comum é a moeda local. É recomendado trocar o seu dinheiro no Banco de La Nacion Ar-gentina, que não cobram altas taxas e seguem a cotacão oficial. Agora está tudo pronto para você começar o seu passeio em Palermo, um lugar que concentra uma enorme variedade de lojas, bares, cafés e restaurantes.

Você não pode deixar de conhecer a Palermo de Vanguardia: é uma loja enorme que vende somente criações de estilistas independen-tes e super novos no mercado! As araras são tão lotadas e você passará um bom tempo lá para descobrir tudo. Outra que vale a pena visitar, é a Vestite y Andate, uma loja peque-na de esquina com estilo super moderno. As estampas são lindas e as vendedoras, simpá-ticas, sempre dispostas a ajudar. Para que curte o estilo vintage, o Mercadito de Ropa é um brechó muito bem organizado e recheado de peças dife-rentes! Os preços podem ser um pouco altos, mas é possível negociar. Também aproveite a Papele-ra Palermo, ainda em Palermo Soho, uma verda-deira parada obrigatória! Lá você vai encontrar uma variedade enorme de papéis e cadernos incríveis feitos com técnicas manuais. Eles tam-bém oferecem cursos de fabricação de papel e estamparia. Não deixe de passar na tienda Tazz. Para quem gosta de decoração, A Cal-ma Chica vai render ótimas compras.. O enorme galpão abriga um monte de tranquei-ras e quinquilharias divertidas, de pinguins de geladeira a almofadas gigantes! Já a Farmacity é para as meninas: uma loja lotada de maquia-gens com um preço ótimo! Pode parecer clichê recomendar a feirinha de San Telmo aos domingos, mas não é coin-cidência que todos os turistas passam sempre por lá, não importa se é a primeira ou a milé-sima viagem a Buenos Aires. A verdade é que o passeio em si vale muito mais que as com-pras. Encontrar os artistas de rua e os dança-rinos de tango é impressionante! Se tiver sorte, você encontra a orquestra “Tipica el Afronte” que vale até comprar o CD.

AS LOJAS

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OS RESTAURANTESOS PASSEIOS

OUTRAS DICASCuidado com os taxistas, eles são famosos por dar golpes. Não deixe ônibus e metrô de lado, eles funcionam bem e vale o passeio. Fiquem de olho nos seus pertences o tempo inteiro e evite horários de pico no metrô.

Conheça a Rosa Negra, o ambiente é super aconchegante e comida e a carta de vinhos são ótimas! Te Mataré Ramirez conquista pela deco-ração toda vermelha estilo Moulin Rouge, pratos deliciosos e programação no mínimo exótica. Durante a semana rolam shows de jazz, bossa nova, marionete eróticas e tarot do amor. Com menu afrodisíaco, o cardápio é um caso a par-te…repare bem nas ilustrações e nos nomes dos pratos! Mas o que ninuém pode deixar de co-mer são as Empanadas! O Cabernet é um bistrô maravilhoso que fica perto da Plaza Serrano! Ótimo pra almoçar depois de passear na feira. O essencial é o Freddo: A sorveteria artesenal ama-da pelos argentinos e idolatrada pelos turistas, tem zilhões de pontos de venda e está sempre lotada! Não há quem não se apaixone pelos sor-vetes de lá. Cada sabor é uma novidade.

Além das tentadoras compras, a cidade oferece mais um monte de passeios agradáveis e diver-tidos para aproveitar!

O foco vai pro Jardim japonês. Não só é lindo, como também é um ótimo lugar pra passar a tarde com quem você gosta. Já o car-tão postal é o El Caminito. As casas coloridas são, sem dúvida, o cartão postal mais famoso da cidade! As ruas cheias de artistas e expo-sições valem o passeio, mesmo estando tão comerciais hoje em dia. Para os amantes de fu-tebol, o La Bombonera: é imperdível! Um está-dio muito bonito, vale a pena assistir um jogo na sua viagem.

E por fim, o Malba. Foi inaugurado em 2001 e mantém obras de artistas latino-americanos como: Hélio Oiticica, Frida Kahlo, Antônio Dias, Wanda Pimentel e Nelson Leirner. Não deixe de viajar sem se informar sobre as exposições que estarão em cartaz durante sua visita. E a lojinha do Malba é uma viagem à parte. Agora junte seus pertences, faça as malas, conte as moedas, pegue o passaporte e até a sua próxima viagem!

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A gente não tem como saber se vai dar cer-to. Talvez, lá adiante, haja uma mesa num restaurante, onde você mexerá o suco com o canudo, enquanto eu quebro uns palitos so-bre o prato — pequenas atividades às quais nos dedicaremos com inútil afinco, adiando o momento de dizer o que deve ser dito. Talvez, lá adiante: mas entre o silêncio que pode es-tar nos esperando então e o presente -- você acabou de sair da minha casa, seu cheiro ain-da surge vez ou outra pelo quarto –, quem sabe não seremos felizes? Entre a concretude do beijo de cinco minutos atrás e a premoni-ção do canudo girando no copo pode caber uma vida inteira. Ou duas.

Passos improvisados de tango e risadas, no corredor do meu apartamento. Uma festa cheia de amigos queridos, celebrando alguma coisa que não saberemos direito o que é, mas que deve ser celebrada. Abraços, borrachu-dos, a primeira visão de seu necessaire (para que tanto creme, meu Deus?!), respirações ofegantes, camarões, cafunés, banhos de mar

– você me agarrando com as pernas e tapan-do o nariz, enquanto subimos e descemos com as ondas -- mãos dadas no cinema, uma poltrona verde e gorda comprada num anti-quário, um tatu bola na grama de um sítio, al-gumas cidades domesticadas sob nossos pés, postais pregados com tachinhas no mural da

cozinha e garrafas vazias num canto da área de serviço. Então, numa manhã, enquanto leio o jornal, te verei escovando os dentes e andando pela casa, dessa maneira aplicada e displicente que você tem de escovar os den-tes e andar ao mesmo tempo e saberei, com a grandiosa certeza que surge das pequenas descobertas, que sou feliz.

Talvez, céus nublados e pancadas espar-sas nos esperem mais adiante. Silêncios onde deveria haver palavras, palavras onde poderia haver carinho, batidas de frente, gritos até. Depois faremos as pazes. Ou não?

Tudo que sabemos agora é que eu te quero, você me quer e temos todo o tempo e o espa-ço diante de nossos narizes para fazer disso o melhor que pudermos. Se tivermos cuidado e sorte – sobretudo, talvez, sorte -- quem sabe, dê certo? Não é fácil. Tampouco impossível. E se existe essa centelha quase palpável, essa esperança intensa que chamamos de amor, en-tão não há nada mais sensato a fazer do que soltarmos as mãos dos trapézios, perdermos a frágil segurança de nossas solidões e nos en-laçarmos em pleno ar.

Talvez nos esborrachemos. Talvez saiamos voando. Não temos como saber se vai dar cer-to -- o verdadeiro encontro só se dá ao tirarmos os pés do chão --, mas a vida não tem nenhum sentido se não for para dar o salto.

POR ANTONIO PRATA

OSALTO

ESCREVE

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