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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CINCIAS AGRRIAS
CURSO DE GRADUAO EM AGRONOMIA
MANEJO RACIONAL DE COLNIAS DE MELIPONNEOS
HASSEIN MESQUITA BARROS
Florianpolis - SC
2013
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HASSEIN MESQUITA BARROS
MANEJO RACIONAL DE COLNIAS DE MELIPONNEOS
Relatrio de estgio apresentado aocurso de Graduao em Agronomia, doCentro de Cincias Agrrias, daUniversidade Federal de SantaCatarina, como requisito para aobteno do ttulo de EngenheiroAgrnomo.Orientador: Afonso Incio OrthSupervisor: Pedro Faria Gonalves
Empresa: Sitio Flor de Ouro
Florianpolis - SC2013
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CINCIAS AGRRIAS
CURSO DE GRADUAO EM AGRONOMIA
HASSEIN MESQUITA BARROS
MANEJO RACIONAL DE COLNIAS DE MELIPONNEOS
Relatrio de estgio apresentado aocurso de Graduao em Agronomia, doCentro de Cincias Agrrias, daUniversidade Federal de SantaCatarina, como requisito para aobteno do ttulo de EngenheiroAgrnomo.
Orientador: Afonso Incio OrthSupervisor: Pedro Faria GonalvesEmpresa: Sitio Flor de Ouro
Comisso Examinadora:
Prof. Dr. Afonso Incio Orth / UFSCOrientador:
__________________________________________Eng. Agr. Pedro Faria Gonalves / Supervisor:
__________________________________________
Msc. Andr Amarildo Sezerino / UFSC
__________________________________________
Florianpolis - SC
2013
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RESUMO
O estudo de abelhas indgenas sem ferro ainda recente e sem dvida merece
mais ateno por parte dos pesquisadores. A escolha de espcies nativas de
abelhas deve ser preferida, para que possamos valorizar as riquezas de nossas
matas. Este trabalho teve o objetivo de aprofundar os estudos sobre tcnicas de
manejo de meliponneos para tornar esta cadeia mais eficiente. Buscou-se
ressaltar conhecimentos que ajudam na obteno e na diviso de colnias, na
confeco de caixas racionais, na transferncia de enxames, no controle a
inimigos naturais, na alimentao artificial, entre outros manejos que auxiliam o
produtor a aumentar seus ganhos, seja na venda de colnias ou na venda dosprodutos e subprodutos das abelhas indgenas sem ferro.
Palavras-chave: abelhas sem ferro, meliponicultura, enxames.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Esquema de um ninho de Meliponneo, de uma espcie que faz favos de cria
compactos e horizontais. Fonte: Nogueira-Neto, 1997......................................................19
Figura 2. Entrada de ninho de Meliponini. Fonte: Pedro Faria Gonalves
(https://www.facebook.com/sitio.flordeouro?fref=ts)..........................................................20
Figura 3. Entrada de ninho de Trigonini. Fonte:
http://acriapa2007.wordpress.com/category/abelhas-nativas/...........................................20
Figura 4. Alimentador interno e reforo de cera de Apis. Fonte: Pedro Faria Gonalves..45
Figura 5. Excesso de geoprpolis. Fonte: http://www.ame-rio.org/2011/03/abelhas-e-
amigos-na-lagoa-do-faxinal.html........................................................................................46
Figura 6. Fordeo adulto. Fonte: http://curiosorealista.wordpress.com/2013/03/09/forideos-
da-cultura/..........................................................................................................................48
Figura 7. Controle de fordeos realizado com reforo de abelhas campeiras. Fonte:
derson Jos Holdizs (https://www.facebook.com/nectar.nativo?fref=ts).........................48
Figura 8. Ala de caixa macia com 7,5 cm de espessura. Fonte: Pedro Faria
Gonalves..........................................................................................................................51
Figura 9. Ala de caixa trmica com 7,5 cm de espessura preenchida com serragem.
Fonte: Pedro Faria Gonalves...........................................................................................51
Figura 10. Transferncia gradual. Fonte: derson Jos Holdizs
(https://www.facebook.com/nectar.nativo?fref=ts).............................................................54
Figura 11. Transferncia integral. Fonte:
http://meliponariodosertao.blogspot.com.br/2009/06/como-transferir-as-abelhas-do-pau-
para.html............................................................................................................................54
Figura 12. Diviso de ala. Fonte: derson Jos Holdizs
(https://www.facebook.com/nectar.nativo?fref=ts).............................................................56
Figura 13. Diviso na melgueira. Fonte: Pedro Faria Gonalves......................................56
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ASF: Abelhas Sem Ferro
m: metro
cm: centmetro
g: gramas
kg: quilo gramas
L: largura
C: comprimento
H: altura
DAP: Dimetro a Altura do Peito
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SUMRIO
1. INTRODUO............................................................................................................ 9
1.1.
Apresentao........................................................................................................ 91.2. As Abelhas Indgenas Sem Ferro................................................................. 10
2. DESCRIO DA EMPRESA/INSTITUIO........................................................ 113. OBJETIVOS ............................................................................................................... 12
3.1. Objetivos Gerais ................................................................................................. 123.2. Objetivos Especficos........................................................................................ 12
4. REVISO BIBLIOGRFICA.................................................................................... 134.1. As Abelhas Sem Ferro.................................................................................... 134.2. Biologia das Abelhas sem Ferro.................................................................... 144.3. Exigncias Nutricionais das Abelhas.............................................................. 154.4. Nidificao das Abelhas Sem Ferro.............................................................. 18
4.5.
As Castas dos Meliponneos............................................................................ 20
4.6. Obteno de Colnias ....................................................................................... 234.7. A Confeco de Caixas Racionais.................................................................. 244.8. A Transferncia de Colnias............................................................................ 264.9. A Diviso de Colnias....................................................................................... 284.10. Alimentao Artificial...................................................................................... 314.11. Inimigos Naturais ............................................................................................ 364.12. Pilhagem Entre Abelhas da Mesma Espcie............................................. 394.13. Colheita, Pasteurizao e Embalagem do Mel.......................................... 39
5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.......................................................................... 435.1. Alimentao Artificial......................................................................................... 435.2.
Reforo de Cera................................................................................................. 45
5.3. Retirada do Excesso de Geoprpolis............................................................. 455.4. Falta ou Excesso de Espao Interno.............................................................. 465.5. Combate aos Inimigos Naturais....................................................................... 47
5.5.1. Os Fordeos................................................................................................. 475.5.2. As abelhas Iratim (Lestrimelittalimao).................................................... 485.5.3. Os cupins..................................................................................................... 49
5.6. Pilhagem Entre Abelhas da Mesma Espcie................................................ 495.7. O Deslocamento de Colnias.......................................................................... 505.8. A Confeco de Caixas Racionais.................................................................. 51
5.9.
Obteno de Colnias....................................................................................... 52
5.10. A Transferncia de Colnias........................................................................ 525.11. A Diviso de Colnias.................................................................................... 545.12. Colheita, Pasteurizao e Embalagem do Mel.......................................... 575.13. Fabricao de Extrato de Prpolis............................................................... 575.14. Venda do Mel e da Prpolis.......................................................................... 57
6. CONSIDERAES FINAIS.................................................................................... 587. REFERNCIAS......................................................................................................... 60
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1. INTRODUO
1.1. Apresentao
O presente trabalho de concluso de curso foi elaborado em formato de
relatrio de estgio. Este foi escrito baseado nas vivncias presenciadas ao longo
do perodo de estgio curricular obrigatrio, que teve incio no dia 25/03/13 e
trmino no dia 14/06/13. O estgio foi realizado no municpio de Florianpolis,
capital do estado de Santa Catarina, no bairro de Ratones, situado no norte da
ilha de Florianpolis. A instituio onde foi realizado o estgio chama-se Sitio Flor
de Ouro e tem o seu foco principal na criao de abelhas indgenas sem ferro.Realiza tambm trabalhos voltados a agroecologia, sendo, inclusive, local de
visitao da disciplina de Agroecologia do curso de Agronomia e de turmas do
mestrado de Agroecossistemas, ambos da Universidade Federal de Santa
Catarina. A instituio ainda trabalha com produo orgnica de hortalias e de
frutas e com a educao ambiental infantil, por meio de visitas de escolas de
Florianpolis ao sitio. O Engenheiro Agrnomo Pedro Faria Gonalves o
responsvel pela instituio e supervisionou o referido estgio. O Stio Flor de
Ouro conta com o auxilio de dois colaboradores, um desenvolve atividades de
manuteno do sitio e outro auxilia na fabricao de caixas racionais de abelhas
sem ferro.
O estgio curricular obrigatrio tem significativa importncia na formao
acadmica, especialmente por oferecer a possibilidade de se abordar temas no
trabalhados no curso de Agronomia da UFSC, como o da criao de abelhas
indgenas sem ferro. O livre arbtrio na escolha da rea em que se desejaestagiar extremamente importante, para um bom desenvolvimento do estgio e
para que haja um interesse real nesta busca de conhecimento.
A criao de abelhas sem ferro foi rea escolhida para estgio, por ser
promissora, estar em franco crescimento, e pelo fato de seus produtos terem alto
valor agregado e, atravs disso, permitirem um bom retorno financeiro ao
meliponicultor. Outro ponto importante a ser ressaltado o de se manejar abelhas
nativas do Brasil, valorizando assim os recursos genticos de nossas regies.
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As atividades prticas realizadas estimulam o graduando a confrontar
informaes encontradas em livros e artigos cientficos com a realidade do dia-a-
dia e a buscar solues para as situaes-problema conforme estas surgem. Esta
vivencia , sem dvida, enriquecedora para a formao profissional.
As vantagens do estgio no so revertidas somente para o acadmico,
mas tambm para a instituio e a Universidade. A instituio, sem dvida,
beneficiada com o estgio, pois o graduando-estagirio j praticamente um
Engenheiro Agrnomo e pode contribuir para a otimizao do processo de
produo da instituio. Alm disso, h a possibilidade de contratao de uma
mo-de-obra especializada e que possui interesse na rea. A Universidade, porsua vez possui interesse em que a formao dos profissionais seja em parte
realizada com uma vivncia prtica no mercado de trabalho, e que estes
enriqueam o seu conhecimento no estgio e valorizem a relao da
Universidade com a sociedade.
1.2. As Abelhas Indgenas Sem Ferro
As florestas tropicais, como a Mata Atlntica, so ambientes de grande
diversidade gentica e nestes esto presentes milhares de insetos polinizadores
como as abelhas sem ferro ou abelhas indgenas, conhecidas academicamente
como meliponneos (NOGUEIRA NETO, 1997). A denominao de abelha sem
ferro bastante utilizada, pois estas abelhas possuem ferro atrofiado (WITTER,
2008) no sendo assim to nocivas ao homem. As melponas so responsveis
por cerca de 30% a 80% das polinizaes de plantas, conforme a floresta (KERR
et al. 2001), ou seja, esse percentual nos d uma dimenso do prejuzo ambientalque a falta destes polinizadores pode causar. Os desmatamentos, as queimadas
e a ao predatria do homem diminuram acentuadamente o nmero de colnias
de abelhas nativas nas matas brasileiras, levando a uma enorme presso de
seleo, perda de material gentico e at extino de algumas espcies (AIDAR
& CAMPOS, 1998). A agricultura intensiva, o emprego de agrotxicos exagerado
e descontrolado, o reflorestamento baseados em monocultura, so fatores que
contribuem para a extino destas abelhas (BRUENING, 2001). SegundoCamargo (1970) o nicho ecolgico das abelhas, no que diz respeito
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alimentao, tem enormes possibilidades, sendo o principal fator limitante para a
manuteno de uma espcie no seu ambiente natural, o local de nidificao. H
espcies, como a Melipona bicolor schencki, que possuem preferncia de nidificar
em rvores que so raramente encontradas em nossas florestas, como a canela
vermelha (Ocotea pulchella), estas apresentam condio para nidificao quando
atingem uma DAP de aproximadamente 140 cm (FREITAS et al. 2013). A canela
vermelha (Ocotea pulchella) leva em torno de 65 anos para atingir 30 cm de DAP
(SPATHELF et al. 2000). Isto da uma noo de como importante manuteno
das florestas para a sobrevivncia dos meliponneos.
A criao destas abelhas conhecida como meliponicultura (NOGUEIRANETO, 1970; VENTURIERI, 2008) e foi praticada inicialmente pelos ndios, sendo
atualmente realizada basicamente por agricultores familiares (DRUMOND, 2013).
A meliponicultura uma atividade que pode ser integrada vegetao natural, a
plantios florestais, de fruteiras e de culturas de ciclo curto e, em muitos casos,
pode contribuir para aumentar a produo agrcola, originando frutos maiores,
bem formados e em maior quantidade, por meio de servios de polinizao
prestados pelas abelhas (VENTURIERI, 2004). Ainda segundo Venturieri (2008) ameliponicultura praticada com conhecimento e utilizao das espcies corretas
evita a perda de colnias, a depredao de ninhos naturais, gera renda de forma
sustentvel e contribui para a manuteno da diversidade biolgica.
Como as abelhas so polinizadoras de plantas, cultivadas ou no,
importante que se atente para o fato de que mais importante que o mel produzido
por elas o servio ambiental prestado, ou seja, a polinizao que promovem e
que permite a produo de sementes por diversas plantas, muitas das quais
extremamente teis para o homem. Sem esse auxlio, muitas espcies de plantas
deixam de produzir frutos e sementes, podendo inclusive ser extintas (CAMPOS,
2003)
2. DESCRIO DA EMPRESA/INSTITUIO
O estgio foi realizado no Stio Flor de Ouro sobre superviso do
meliponicultor, agricultor e Engenheiro Agrnomo Pedro Faria Gonalves, que
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trabalha h 10 anos na rea oferecendo cursos, prestando consultoria,
comercializando mel, prpolis, plen e colnias. A instituio tambm trabalha em
outras reas como: agroecologia, produo de hortalias e frutas orgnicas
(pequena escala) e educao ambiental. A propriedade est localizada no bairro
Ratones no municpio de Florianpolis e conta com mais de 250 colnias de
abelhas sem ferro, totalizando 15 espcies diferentes. O foco do proprietrio faz-
se sobre seis espcies: Melipona quadrifasciata quadrifasciata Lepeletier 1836,
Melipona mondury Smith 1863, Melipona bicolor schencki Gribodo, 1893,
Melipona marginata obscurior Moure, 1971, Tetragonisca angustula angustula
Latreille 1811 e Scaptotrigona bipunctata Lepeletier, 1836 utilizando-as para a
produo de mel e prpolis. O restante das espcies mais utilizado para
pesquisa e polinizao.
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivos Gerais
Estudar a criao de abelhas sem ferro a partir de espcies nativas da
fauna Brasileira, procurando promover a valorizao de abelhas de ocorrncia
natural e ajudar na conservao destas espcies em seu habitat natural. A
extrao de colnias de seu habitat provoca um desequilbrio no meio e contribui
para a extino destas. Por isso objetiva-se com esse estudo aperfeioar as
tcnicas de manejo para a obteno de um processo de multiplicao e criao
de colnias mais eficiente, e para reduzir o tempo de retorno financeiro atravs da
comercializao dos produtos provenientes destas colnias. O aperfeioamento
de tcnicas de manejo de colnias visa diminuir as perdas, aumentar aprodutividade destas e consequentemente promover um incremento na
quantidade destes insetos polinizadores na natureza.
3.2. Objetivos Especficos
Desenvolvimento de caixas racionais
Obteno de colnias
Transferncia de colnias
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Divises de colnias
Alimentao artificial
Controle de inimigos naturais.
4. REVISO BIBLIOGRFICA
4.1. As Abelhas Sem Ferro
As abelhas sem ferro (ASF) ou abelhas indgenas como so conhecidas,
pertencem famlia Apidae e subfamlia Meliponinae e divide-se em duas tribos:
a Meliponini e a Trigonini (NOGUEIRA-NETO, 1997; CAMPOS & PERUQUETTI,
1999; KERR et al. 2001; XIMENES, 2011), mas h divergncias quanto
classificao, pois Villas-Bas (2012) apresenta outra classificao colocando as
ASF na famlia Apidae, subfamlia Apinae e na tribo Meliponini, sendo esta
classificao, proposta por Michener (2000), usada atualmente. Neste trabalho
ser utilizada a primeira classificao apresentada. A quantidade de espcies de
ASF ainda no bem clara, pois h divergncia entre alguns autores. Segundo
Witter & Blochtein (2009) existem por volta de 400 espcies, para Ximenes (2011)
so aproximadamente 380, e para Carvalho et al (2005), Gonzaga (2004), Kerr et
al (2001) e Nogueira-Neto (1997) so cerca de 300. O certo que com a evoluo
dos estudos sobre os meliponneos cada vez mais descobrem-se novas espcies
ou ocorre a reclassificao de subespcies em espcies distintas.
A distribuio geogrfica dos Meliponneos se d em grande parte nas
regies de clima tropical do planeta, mas tambm so encontradas em clima
temperado subtropical, h uma grande observao destas no territrio latinoamericano (NOGUEIRA NETO, 1997). No Brasil onde ocorre a maior
diversidade de meliponneos do planeta, e na Amaznia que essa diversidade
alcana a sua plenitude (VENTURIERI, 2008). Todas as espcies de Meliponinae
so eussociais, isto , vivem em colnias constitudas por muitas operrias
(algumas centenas, ou milhares, conforme a espcie), que realizam as tarefas de
construo e manuteno da estrutura fsica da colnia, de coleta e
processamento do alimento, e uma rainha (em algumas poucas espcies so
encontradas at cinco), que responsvel pela postura de ovos, os quais do
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origem s fmeas (rainhas e operrias) e a, pelo menos, parte dos machos (em
diversas espcies, parte dos machos filho das operrias) (CAMPOS &
PERUQUETTI, 1999).
4.2. Biologia das Abelhas sem Ferro
O conhecimento das estruturas externas encontradas no corpo das abelhas
importante para que o criador entenda como as abelhas desempenham, com
tanta eficincia, a coleta dos recursos necessrios sua sobrevivncia
(VENTURIERI, 2008). O corpo das abelhas segmentado e divide-se em trs
principais partes: cabea, trax e abdmen (COSTA & OLIVEIRA, 2005). Aestrutura que d sustentao ao corpo das abelhas denominada exoesqueleto,
englobando a cabea, o trax e o abdmen. Alm da sustentao, essa estrutura
tem como funes a proteo contra predadores, perda de gua, e, por meio de
um complexo sistema de integrao com msculos e membranas finas, possibilita
a movimentao das abelhas (KALVELAGE et al. 2005).
Na cabea localizam-se os olhos, os pelos sensoriais, as antenas e o
aparelho bucal. Estas estruturas so responsveis pela percepo do meio
ambiente e tambm pela manipulao e ingesto do nctar e plen e pela
digesto parcial do alimento, por meio do aparelho bucal e das glndulas
associadas (KALVELAGE et al. 2005). No trax, encaixam-se os apndices
locomotores: dois pares de asas e trs pares de pernas. Internamente, o trax
constitudo, na maior parte, por poderosos msculos responsveis pela
movimentao das asas e das pernas. Esses msculos tambm podem auxiliar
na comunicao, promovendo vibraes para a indicao da distncia da fonte derecursos e na coleta de plen de flores com anteras poricidas que necessitam de
abelhas que vibram para a coleta de seu plen. Outra estrutura muito importante
no transporte de slidos e substncias pastosas para o ninho a corbcula,
constituda por uma modificao na tbia e no basitarso, a qual apresenta uma
forma achatada. Estas estruturas encontram-se no terceiro par de pernas das
operrias dos meliponneos. Nessa estrutura, podem ser transportados plen,
barro, resina, fibras e sementes. No abdmen esto alojados o intestino, as
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glndulas secretoras de cera, os rgos reprodutores e o papo, este ltimo
responsvel pelo transporte do nctar que a abelha coleta (VENTURIERI, 2008).
As populaes de colnias de meliponneos podem variar muito, mas via
de regra ficam abaixo das populaes de Apis mellifera que tem em torno de
60.000 a 80.000 abelhas (MUXFELDT, 1987). As populaes das colnias de
meliponneos apresentam uma grande variao de indivduos, como a colnia de
Melipona quadrifasciataque apresenta em torno de 300 a 700 indivduos (AIDAR,
1996). J as colnias de Tetragonisca angustulaapresentam em torno de 2.000 a
5.000 indivduos (NOGUEIRA-NETO, 1970). Uma das colnias mais populosas de
meliponneos Lestrimelitta limaoque podem chegar a uma populao de 150 milindivduos (GONZAGA, 2004). As variaes da quantidade de indivduos
presentes numa colnia de abelhas esto estreitamente ligadas com a
capacidade de postura da rainha com a rea livre para a postura e com a
disponibilidade de alimento para um bom desenvolvimento da colnia (COSTA &
OLIVEIRA, 2005).
4.3. Exigncias Nutricionais das Abelhas
A sobrevivncia e o crescimento da colnia dependem da quantidade e da
qualidade dos recursos alimentares. No entanto, muitos fatores ambientais podem
afetar o valor nutritivo dos recursos alimentares e a disponibilidade destes
recursos dentro da colmeia (VOLLET-NETO et al. 2010).
A apicultura e a meliponicultura por depender exclusivamente dos recursos
naturais, pode sofrer declnio de produo no perodo de entre safra, ou seja, com
reduo da florada. As modificaes na natureza diminuem e acabam destruindodeterminadas plantas utilizadas pelas abelhas, com isso as colnias tem sua
produo diminuda ou at mesmo cessada pela falta de alimento. Diante dessa
situao o apicultor e o meliponicultor necessitam de uma alimentao
complementar. Ao ofertar uma alimentao artificial mantem, dessa forma, a
colnia e evita a queda da produo na safra seguinte (COELHO et al. 2008).
A imensa maioria das abelhas se alimenta de produtos obtidos das flores,
ou seja, nctar e plen. Os meliponneos coletam nctar das flores e pordesidratao e ao enzimtica o transformam em mel, que armazenado na
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colmeia e ser utilizado como fonte de carboidrato (CAMPOS & PERUQUETTI,
1999). O plen coletado das flores ser processado e utilizado como fonte de
protena, lipdios vitaminas e sais minerais (COSTA & OLIVEIRA, 2005).
Os carboidratos so importantes no fornecimento de energia, que ser
utilizada na sntese de matria orgnica, contrao muscular, conduo de
impulsos nervosos, produo de aminocidos, produo de cera, entre outros. As
abelhas adultas conseguem utilizar glicose, frutose, sacarose, maltose, trealose e
melezitose, sendo os quatro primeiros aproveitados com maior eficincia. No so
utilizados pelas abelhas galactose, manose, lactose, rufinose, dextrina, inulina,
ramanose, xilose e arabinose, sendo manose considerada txica (STANDIFER et
al. 1977 apud XIMENES, 2011).
A alimentao artificial energtica uma importante fonte de energia para a
realizao de vrios processos de manuteno da temperatura da colnia e para
o desenvolvimento das crias em pocas de escassez de alimento natural (AIDAR,
1996).
A adio de cido ctrico na composio do xarope (acar e gua), em
meio quente transforma a sacarose em glicose e frutose, que a mesma reao
que as abelhas fazem com a saliva (enzima invertase). Esta reao torna o
alimento artificial mais digervel, no prejudicando as glndulas hipofaringeanas
das abelhas nutrizes, produtoras da geleia real (KALVELAGE et al. 2005). Costa
(2008), testando alternativas de alimentao energtica para Melipona
flavolineata, verificou maior desenvolvimento das glndulas hipofaringeanas e
ovrios quando as operrias receberam xarope com 60% de acar invertido
enriquecido com sais minerais.
Para um desenvolvimento adequado a Apis mellifera necessita de umadieta contendo entre 20 e 25% de protena bruta (SOMERVILLE, 2005 apud
COSTA, 2008). Portanto para a elaborao de uma suplementao proteica para
as abelhas aconselhvel que se tenham valores prximos de 20% de protena
bruta no alimento artificial fornecido.
O plen, que a fonte proteica das abelhas, pode variar o seu contedo
proteico de 10 a 45% dependendo da espcie vegetal onde foi coletado (WIESE,
2000). Segundo Jean-Prost (1981) o plen nada mais do que o gametamasculino das plantas com flores e este formado por gros microscpicos
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contidos nas anteras dos estames. Segundo este mesmo autor o plen contem
matrias nitrogenadas, substncias graxas, vitaminas e material mineral e a
quantidade destes nutrientes varia conforme sua origem.
Segundo Camargo (1972), atravs da digesto os alimentos sofrem a
hidrlise biolgica a fim de ficarem reduzidos a molculas menores, solveis em
gua e assim podem ser absorvidas e utilizadas pelas clulas. Desta forma,
carboidratos, como a sacarose, precisam ser quebrados em seus constituintes:
glicose e frutose. O mesmo acontece com cidos graxos e glicerol, resultantes da
transformao das gorduras, e os amino-cidos, resultantes da quebra das
protenas. Quando de sua utilizao pelas clulas, estes produtos recebem a
ao das enzimas e podero contribuir fornecendo substncias para os processos
de sntese e diviso celular. Outras substncias so tambm essenciais ao
organismo, por exemplo, algumas vitaminas que, como coenzimas, intervem nas
reaes celulares. Tambm os minerais e gua so essenciais, porm, estes so
absorvidos diretamente, isto , sem sofrerem digesto.
Com respeito aos conhecimentos da funo e metabolismo dos
aminocidos emApis mellifera, Ximenes (2011) citando diversos autores explana
sobre este tema. Sabe-se que a lisina e a arginina so requeridas para o
completo desenvolvimento larval. Embora a cistina possa ser metabolizada a
partir da cistena, a reao inversa no ocorre. A prolina, a isoleucina e a
fenilanina so incorporadas principalmente no abdmen dos zanges. Apenas
pequenas quantidades desses aminocidos so incorporadas cabea. A prolina
utilizadacomo substrato energtico nos msculos do voo e na retina. A tirosina
precursora do hormnio neurotransmissor octopamina, um tipo de adrenalina. O
triptofano importante na sntese da vitamina niacina. Apesar de a histidina serum neurotransmissor das clulas fotorreceptoras de insetos e artrpodes, ela
distribuda em pequenas quantidades nos neurnios cerebrais. O glutamato um
neurotransmissor muscular. A glicina potencializa o consumo do alimento,
entretanto esta resposta afetada pelo estado metablico, fisiolgico e nutricional
das abelhas. A alanina usada como fonte energtica nos fotorreceptores, e o
glutamato transportado para os neurnios da retina.
A alimentao proteica est intimamente relacionada com os processosvitais das clulas e consequentemente, do organismo. Com exceo de alguns
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aminocidos mais simples, o organismo no pode sintetizar a maioria deles com
rapidez e eficincia para atendimento das necessidades orgnicas sendo,
portanto, necessria a sua presena na dieta. Aps a digesto das protenas, os
aminocidos so absorvidos e utilizados pelo organismo para a sntese de suas
prprias protenas que se encontram em grande nmero e especificidade de
forma (AIDAR, 1996). A dieta proteica ainda est relacionada com o
desenvolvimento das glndulas hipofaringeanas e dos ovcitos (PIRES et al.
2009).
Todo ser vivo necessita de fontes alimentares para sua existncia, caso
no haja uma correta nutrio nas colnias de meliponneos possvel notar
alguns sinais, como: baixa populao; presena reduzida de potes de mel e plen
com muitos potes vazios; discos de cria de menor dimetro e menor quantidade;
rainha com fraca capacidade de postura; grande possibilidade de invaso de
predadores e fordeos; crias com a mesma capacidade de desenvolvimento,
porm alimentadas com alimento larval pobre; abelhas menores e fracas,
apresentando menor capacidade de carga e voo pela pouca proviso proteica
alimentar; crias eclodidas apresentam tamanho diminuto (raquitismo) com
nenhuma capacidade alar, no conseguem se movimentar direito nem voar e
ficam no fundo da colnia como que desmaiadas causando a impresso de
endogamia (GONZAGA, 2004).
4.4. Nidificao das Abelhas Sem Ferro
A nidificao dos meliponneos pode ocorrer nos mais variados lugares,
sendo observados ninhos areos, em ocos de rvores, em ninhos de aves,
subterrneos e mesmo dentro de ninhos de outros insetos sociais, tais como
cupins e formigas (CAMARGO, 1970). Os meliponneos constroem seus ninhos
com os mais diversos materiais que encontram na natureza, e tambm com outro
material secretado pelas glndulas cergenas, ou seja, produzido por essas
abelhas: a cera. Os outros materiais coletados so: resina, barro, excrementos
dos vertebrados (algumas espcies), pedaos de paus, sementes e fibras
vegetais, este ltimo mais comum nos ninhos de Irapu (Trigona spinipes). Dentro
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da colmeia elaboram o cerume (cera + prpolis), a prpolis e o geoprpolis
(prpolis + barro) (NOGUEIRA-NETO, 1997).
Os ninhos dos meliponneos apresentam arquitetura complexa e, embora
tenham algumas estruturas comuns s diversas espcies, existem diferenas
marcantes entre os gneros (CAMPOS & PERUQUETTI, 1999). A figura 1 a
seguir mostra um exemplo de ninho de meliponneos que possui estrutura similar
ao ninho da espcie Melipona quadrifasciata.
Figura 1. Esquema de um ninho de meliponneo, de uma espcie que faz favos de cria
compactos e horizontais. Fonte: Nogueira-Neto, 1997.
O batume ou geoprpolis tem funo interna de calefao de frestas e
forramento das partes internas do ninho, j a prpolis pode atuar desta mesmaforma e tambm como instrumento de defesa (GONZAGA, 2004). Os favos de
cria geralmente encontram-se envoltos por uma fina membrana de cerume, o
invlucro, que ajuda no controle da temperatura e umidade interna das crias. Os
favos de cria podem estar arranjados em camadas horizontais sobrepostos, ou
em forma de espirais ou, ainda, em cachos. As clulas de cria ficam na posio
vertical, tendo a abertura voltada para a parte superior (XIMENES, 2011). A cor e
o aspecto dos favos de cria variam de acordo com a idade dos indivduosimaturos. Os favos mais claros e com paredes de cerume fino (s vezes
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translcido) so de cria nascente. Em contrapartida, os favos mais escuros so de
cria mais nova (BLOCHTEIN et al. 2008). O mel e plen so armazenados em
potes de cerume de formato arredondado ou oval, que se interligam parede a
parede e geralmente ficam ao redor dos favos de cria para ajudar a manter a
temperatura e facilitar o acesso ao alimento para as abelhas (XIMENES, 2011).
As entradas dos ninhos so espcie-especficas, ou seja, caractersticas para
cada espcie e so muito diversificadas em termos de forma (simples orifcios,
com ornamentaes) e material utilizado (cera, cerume, resina e barro) (RIBEIRO,
2013). A entrada do ninho est relacionada com o sistema de defesa e de
comunicao das espcies (CAMARGO, 1970). Esse mesmo autor sugeriu que
no gnero Melipona, para aumentar a eficincia da comunicao entre as
abelhas, a entrada da colmeia raiada e pode ser de dois tipos : a) entrada
utilizvel por uma s abelha de cada vez, que julga ser do tipo mais primitivo; b)
entrada para muitas abelhas. Este ltimo tipo de estrutura permite que seis a dez
abelhas, geralmente a postadas, possam seguir a abelha informadora, com
preciso, num s momento.
Figura 2 - 3. Entradas de ninhos de Meliponini e Trigonini. Fonte: Pedro Faria Gonalves
(https://www.facebook.com/sitio.flordeouro?fref=ts);
http://acriapa2007.wordpress.com/category/abelhas-nativas/
4.5. As Castas dos Meliponneos
Os meliponneos assim como os insetos sociais (formigas, cupins, vespas),
possuem suas famlias divididas em castas (VENTURIERI, 2008). As castas
https://www.facebook.com/sitio.flordeouro?fref=tshttp://acriapa2007.wordpress.com/category/abelhas-nativas/http://acriapa2007.wordpress.com/category/abelhas-nativas/http://acriapa2007.wordpress.com/category/abelhas-nativas/https://www.facebook.com/sitio.flordeouro?fref=ts7/26/2019 Hassein Mesquita Barros
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podem ser divididas em trs tipos bsicos: as operrias, as rainhas e os machos
ou zanges (VILLAS-BAS, 2012). Geneticamente, as principais castas (rainhas
e operrias) so diploides, havendo participao cromossmica, portanto, do pai e
da me. Os machos so haploides, ou seja, originam-se de um vulo no
fecundado, tendo, somente, metade dos cromossomos, os quais so herdados da
me e, na sua maioria, so originrios da rainha, muito embora, algumas
operrias realizem postura de onde nascero machos (XIMENES, 2011).
O mecanismo de formao das rainhas a principal diferena entre os
Meliponini e os Trigonini (VILLAS-BAS, 2012). Em Trigonini as rainhas so
normalmente produzidas em clulas especiais, mais volumosas, muitas vezeslocalizadas na periferia do favo de cria, denominadas realeiras ou clulas reais.
Nessas clulas, a quantidade de alimento colocada bem maior que aquela posta
nas clulas das quais emergem operrias e machos. Nesta tribo, qualquer larva
fmea, se alimentada em quantidade adequada, ir se transformar em rainha. Em
Meliponini no existem realeiras. As operrias, os machos e as rainhas emergem
de clulas semelhantes. Nesta tribo h evidncias de que existem fatores
genticos envolvidos no processo de determinao das castas. Tanto na triboTrigonini quanto na Meliponini no existe evidncia de diferena qualitativa entre
o alimento alocado para as operrias, para os machos, ou para as rainhas.
(CAMPOS & PERUQUETTI, 1999).
Na tribo Meliponini, em circunstncias timas, cerca de 25% dos indivduos
diploides que nascem numa colnia so rainhas virgens, e os outros 75% so
operrias. Estes nmeros podem variar dependendo da situao fisiolgica-
ambiental da colnia, inclusive no que se refere presena ou ausncia de
estresse continuado. A porcentagem do nascimento de machos haploides numa
colnia bem desuniforme e pode variar com a regio, com a poca do ano e
ainda com outras variveis (NOGUEIRA-NETO, 1997).
Tanto em Trigonini como em Meliponini, algumas das rainhas virgens
podem substituir a rainha da colmeia em caso de morte desta, ou enxamear junto
com parte das operrias para fundar novo ninho, as demais so mortas ouexpulsas da colmeia pelas operrias (CAMPOS & PERUQUETTI, 1999).
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Aps a rainha virgem realizar o seu nico voo nupcial e ser fecundada por
apenas um zango, esta ir desenvolver cerca de quatro a seis vezes mais o seu
abdmen e no conseguir mais voar. Este fenmeno recebe o nome de
fisogastria (GONZAGA, 2004). Alm da postura dos ovos as rainhas so tambm
responsveis pela organizao da colnia, comandada por um complexo sistema
de comunicao baseado no uso de feromnios (VILLAS-BAS, 2012).
As operrias constituem a casta que realiza a quase totalidade dos
trabalhos que devem ser feitos. As abelhas recm-emergidas das clulas de cria,
primeiro cuidam da cria e das atividades relacionadas direta ou indiretamente com
a mesma, como a produo de cera e sua manipulao. A seguir exercemtambm outras atividades no interior do ninho, como a limpeza e a manipulao
de alimentos. Passam pela fase de sentinela ou guarda e finalmente se tornam
campeiras, ou seja, trabalham no mundo exterior. Essas atividades so at certo
ponto reversveis, se isso for necessrio sobrevivncia da colnia (NOGUEIRA-
NETO, 1997).
Os machos so indivduos reprodutores e vivem basicamente para
acasalar com rainhas virgens. Entretanto, diferentemente das abelhas Apis
mellifera, podem realizar alguns pequenos trabalhos, como a desidratao de
nctar e a manipulao de cera (VILLAS-BAS, 2012).
O tempo de desenvolvimento de uma abelha da fase de ovo at o
momento de ecloso de sua clula varia muito de acordo com a espcie e o tipo
de casta. O tempo de desenvolvimento de uma operria do gnero Melipona varia
de 39 a 45 dias; o de uma rainha, de 36 a 39 dias, e de um macho, de 39 a 46dias. J o tempo de vida de um indivduo adulto de meliponneos pode variar de
acordo com o clima e o tipo de atividades que ele mais desenvolveu durante a
sua vida. Uma operria do gnero Melipona vive em torno de 40 a 52 dias. J
uma rainha fisogstrica pode viver de 1 a 2 anos (VENTURIERI, 2008). A
maturidade sexual das rainhas de Melipona ocorre em torno do 9 ao 12 dias de
vida, quando esta realiza o voo nupcial; aps a fecundao passando 3 a 6 dias
esta j comea a realizar a postura. J a maturidade dos machos em torno do
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10 dia e a partir do21 dia j comea a decair a sua capacidade de fertilizao
das rainhas virgens e por volta do 25 dia ele morre (AIDAR, 1996).
4.6. Obteno de Colnias
Colnias de abelhas indgenas podem ser obtidas pela atrao de
enxames, pela diviso de colnias j estabelecidas e pela captura de colnias
existentes na natureza (CAMPOS, 2003). Segundo Nogueira-Neto (1997) de
suma importncia sempre formar meliponrios com espcies nativas da regio,
para isso se deve analisar as espcies de abelhas que visitam as plantas
melferas da regio, buscar informaes com meliponicultores experientes epesquisar trabalhos relacionados.
A retirada de colnias do seu meio natural visando formao de
meliponrios deve ser evitada ao mximo, pois constitui dois crimes: a derrubada
ilegal de uma rvore, eliminando dessa forma, a fonte de alimento e de nidificao
de vrias espcies animais e a remoo de animais da fauna silvestre do seu
habitat natural (COLETTO-SILVA, 2005). A captura de colnias na natureza deve
ser realizada somente em ltimo caso e deve se retirar apenas os ninhos que
encontram-se em galhos laterais sem causar danos graves para a rvore ou se
este estiver em uma rvore morta (TEIXEIRA et al. 2013). Coletto-Silva (2005)
desenvolveu um processo de extrao dos enxames de abelhas sem a derrubada
das rvores e o denominou de Mtodo CESDA (Captura de Enxames Sem
Derrubada da rvore). Este utiliza uma resina vegetal, conhecida na regio
amaznica como breu. O mtodo consiste na abertura de uma janela em forma
de losango no tronco da rvore com auxilio de uma moto-serra. Com a janela jremovida, procede-se transferncia dos favos de cria para uma caixa racional. E
finaliza-se com a devoluo da janela do oco da rvore sua posio inicial e
fechamento das frestas existentes com o breu derretido.
A obteno de colnias por meio de caixas iscas uma estratgia de
aquisio de colnias que se aproveita do processo natural de enxameagem das
abelhas e pode ser facilmente empregada por qualquer meliponicultor (VILLAS-
BAS, 2012). No interior das caixas iscas coloca-se um pouco de cerume e
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resina, retirados de colnias dessas abelhas. Pode-se, tambm, utilizar caixasnas
quais estiveram instaladas colnias dessas abelhas, que foram transferidas e que
ainda contm restos da colnia original. Essas caixas devem estar bem fechadas
e possuir uma abertura para as abelhas entrarem. Devem ser colocadas em
locais protegidos, onde existam colnias naturais que possam enxamear, e serem
periodicamente inspecionadas, retirando-se colnias de formigas e/ou outros
animais que possam nelas haver se instalado (CAMPOS & PERUQUETTI, 1999).
As caixas iscas utilizando-se garrafas pet tambm so frequentemente utilizadas.
Estas so preparadas enrolando-se as garrafas pet com jornal e posteriormente
com um plstico. Amarram-se os dois lados com arame fino. Internamente, depois
de lavada e seca, coloca-se areia grossa e balana-se para escarificar a
superfcie interior da garrafa. Em seguida banha-se internamente a garrafa com
uma soluo de prpolis que mantm o odor caracterstico e atrai as abelhas.
Usa-se uma quantidade de cerume para tampar a garrafa. Finalmente as iscas
so colocadas em local protegido, inclinando-se a boca da garrafa para baixo
(BLOCHTEIN et al. 2008).
A obteno de colnias por meio de divises de enxames um mtodoracional e frequentemente utilizado pelos meliponicultores e ser discutida no
tpico diviso de colnias.
4.7. A Confeco de Caixas Racionais
Na apicultura comercial existe o padro Langstroth de colmeia difundido
pelo mundo todo e que proporciona melhores resultados para as abelhas do
gneroApis em clima tropical. Na meliponicultura isto no ocorre. Muitos modelosde colmeias j foram idealizados e alguns apresentam timos resultados, mas
no h uma padronizao pelo meliponicultor a nvel comercial (AIDAR, 1996).
Considerando a grande diversidade de espcies de abelhas sem ferro, a escolha
de um modelo nico para criar todos os tipos invivel, sendo necessrio para
cada espcie ajustes na forma e/ou dimenses das caixas, o que depende
diretamente da biologia de cada tipo de abelha (VILLAS-BAS, 2012). Segundo
Ximenes (2011) uma colmeia para ser considerada racional dever apresentarbasicamente, duas qualidades: 1) atender, da melhor maneira possvel, as
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exigncias da colnia, no que se refere sua acomodao em espao adequado
e sua prosperidade ao longo do tempo; 2) atender satisfatoriamente s
necessidades do meliponicultor, de modo que este possa utilizar adequadamente
as tcnicas de manejo e obter os resultados de produo esperados.
A caixa o mais importante item do criador, ela deve ser de madeira que
no empene, j bem seca, resistente a cupins e se possvel, no muito pesada.
recomendvel que a caixa seja pintada, de preferncia com tinta acrlica, que
solvel em gua e bastante resistente, esta prtica ir aumentar o tempo de vida
da caixa. Para criadores interessados na produo de mel orgnico, a pintura da
caixa no permitida, neste caso o cuidado com a umidade e cupins deve serredobrado (VENTURIERI, 2004).
Entre os modelos de caixas utilizados para a meliponicultura possvel
separar dois grupos principais, o das caixas horizontais e o das caixas verticais.
As caixas horizontais so as mais tradicionais no Brasil, especialmente nas
regies norte e nordeste. Algumas so bem bsicas, totalmente ocas, sem
nenhum tipo de diviso interna. Outras so mais elaboradas, com divises
internas para a separao da rea do ninho do espao reservado para
armazenamento do mel. O modelo base de caixa vertical segue o padro natural
dos favos de cria nos troncos de rvore e foi proposto pelo professor angolano
Virglio Portugal Arajo, em 1955. Esse modelo constitudo por dois mdulos
principais: o inferior, destinado para abrigar o ninho, e o superior, destinado para
o armazenamento de alimento geralmente chamado de melgueira (VILLAS-
BAS, 2012).
Segundo Nogueira-Neto (1970) existem inmeros modelos de colmeias e
entre eles destacam: colmeia de um corpo s, antiga colmeia baiana, colmeia de
uma s gaveta, colmeia de observao, colmeia vertical Fortes de Pinho,
colmeias de alas empilhadas, antiga colmeia Maia, colmeia Mariano Filho,
colmeia rstica de duas alas, colmeia von Zuben, colmeia Portugal Arajo,
colmeia Gorenz e colmeia Paulo Nogueira Neto (PNN-1970). Atualmente
podemos destacar modelos mais usuais como: colmeia Kerr-1995 (AIDAR, 1996),colmeia PNN-1997 (NOGUEIRA-NETO, 1997), colmeia Sandwich ou Sommer
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(GONZAGA, 2004), colmeia Embrapa Amaznia Oriental (VENTURIERI, 2008) e
colmeia Fernando Oliveira/INPA (VILLAS-BAS, 2012). Uma premissa para a
escolha do modelo de colmeia que ela seja compatvel com o clima de cada
regio, com as espcies de abelhas disponveis e com o objetivo de sua criao
(VILLAS-BAS, 2012). Segundo Gonzaga (2004) no Sul do Brasil se faz
necessrio o uso de paredes mais espessas nas caixas, para que se tenha um
maior conforto trmico no ninho, tambm podem-se utilizar caixas com paredes
triplas sendo uma de madeira, uma de isopor e uma de eucatex. Estas medidas
so feitas par se tentar imitar a temperatura do ninho no seu hbitat natural.
Em caixas com dimenses exageradas, alm de demandar um maiortempo para ser completamente ocupada pela colnia (observando-se logicamente
os limites biolgicos da espcie), h tambm um maior consumo de alimento
pelas abelhas para obteno de energia necessria para o desenvolvimento das
atividades internas da colnia e tambm estimulam as abelhas a produzirem
batume delimitador de espao em excesso para uma melhor regulao da
temperatura e do espao na colnia (SOUZA et al. 2009).
4.8. A Transferncia de Colnias
A transferncia de colnias de caixas rsticas para colmeias racionais um
processo semelhante multiplicao. Deve-se transferir o ninho integralmente
para a nova colmeia evitando-se apenas potes rompidos de mel ou plen que
podem atrair inimigos naturais (BLOCHTEIN et al. 2008). recomendado que a
coleta do ninho de oco de rvore ou de caixa rstica seja feita durante o dia, para
que as abelhas que estiverem voando retornem para a nova caixa ao anoitecer(VENTURIERI, 2008). Segundo Nogueira-Neto (1997) as transferncias de
colnias devem ser feitas prioritariamente em dias quentes, com temperaturas
acima de 20C e pelo menos 3 horas antes do pr do sol, de preferncia de
manh.
Caso o ninho a ser transferido esteja dentro de galho ou tronco de rvore,
este deve ser aberto com auxlio de machado, cunha e marreta ou motosserra,
tomando-se cuidado para no atingi-lo. No caso de ele haver sido submetido a
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golpes fortes, como acontece normalmente com os alojados em troncos ou galhos
de rvores, s os favos que contenham larvas, que j ingeriram a maior parte do
alimento, e favos mais velhos, reconhecidos por sua cor mais clara e por serem
mais resistentes, devem ser aproveitados. Os novos que contm ovos e larvas
muito novas devem ser descartados, assim como todos os danificados ou
amassados (CAMPOS & PERUQUETTI, 1999). Segundo Venturieri (2008) a
causa da morte dos ovos e das larvas novas, em processos de transferncias, o
afogamento no prprio alimento larval, isto ocorre devido s fortes pancadas
ocorridas no processo de extrao de ninho em troncos de rvores.
Antes da transferncia do ninho para a caixa racional importante colocar3 ou 4 bolinhas de cera ou geoprpolis diretamente na rea central onde vai ser
posto o conjunto de favos de cria. Essas bolinhas devem ser de um tamanho tal
que permita s abelhas circularem debaixo do favo de cria inferior. sempre
necessrio que as operrias possam circular livremente em cima, em baixo e
entre os favos de cria, para assim fazer as manutenes necessrias. Ao abrir a
colmeia velha ou tronco oco procure separar das paredes da colmeia ou do tronco
oco, o conjunto dos favos compactos de cria. Com todo cuidado, transfira-os logo(NOGUEIRA-NETO, 1997). Os favos de cria devem ser colocados na caixa
racional na mesma posio em que se encontravam na colnia natural (CAMPOS
& PERUQUETTI, 1999).
A rainha, se encontrada, dever ser capturada e transferida para a caixa
racional. Os tombos e batidas durante a abertura do cortio normalmente fazem
com que a rainha se esconda nos potes de mel ou de plen. O meliponicultor
dever ter o mximo de ateno durante o procedimento de retirada desses potes
de forma a evitar mutilar ou mesmo esmagar a rainha (SOUZA et al. 2009). As
abelhas jovens devem ser coletadas no cho e dentro do cortio, pois estas ainda
no voam e permanecem em grande quantidade nesses locais por ocasio da
transferncia (XIMENES, 2011). O reconhecimento das abelhas jovens fcil,
pois estas so mais claras e lentas do que as adultas (CARVALHO-ZILSE et al.
2005).
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O cerume deve ser retirado da colnia antiga e colocado na nova,
tomando-se o cuidado para no se amassar muito as lamelas. Estas devem ser
postas em torno da cria para proteg-la (CAMPOS & PERUQUETTI, 1999). Os
potes de mel e plen somente devem ser transferidos se estiverem lacrados e
limpos. Os potes de mel e plen danificados devem ser retirados do cortio e
acondicionados em vasilhames limpos para posterior retorno nova colmeia
(XIMENES, 2011).
Para que as abelhas localizem mais facilmente a entrada da nova caixa,
recomenda-se colocar um anel feito com cerume da prpria colnia no orifcio de
entrada. Alm disso, a caixa dever ser colocada no mesmo local e posio emque se encontrava a colnia quando alojada no cortio. Aps um dia da operao
recomendado realizar uma reviso para a limpeza do lixo depositado,
observao da presena de inimigos e colocao de alimentao artificial. Uma
nova reviso feita a cada dois dias at o estabelecimento do enxame. Nesse
perodo, fornecida alimentao suplementar a cada cinco dias, aumentando as
chances de estabelecimento da colnia na nova caixa (SOUZA et al. 2009).
4.9. A Diviso de Colnias
Entende-se por diviso de colnias o trabalho de induzir sua multiplicao.
De maneira geral, o processo de diviso consiste em dividir os elementos de uma
colnia forte - as abelhas, os favos de cria e o alimento - entre duas caixas, sendo
uma delas a colnia-me, que permite o povoamento de uma caixa vazia,
formando a colnia-filha. Opcionalmente, utiliza-se uma terceira colnia como
doadora de campeiras, favos, alimento ou rainha (VILLAS-BAS, 2012). A divisode colnias constitui, hoje, para o meliponicultor, a forma mais conveniente de
ampliar o nmero de colnias do meliponrio (XIMENES, 2011).
Os perodos mais propcios para as divises de colnias so a primavera e
o incio de vero, poca de grandes floradas e, portando, com farto pasto apcola
que promove o crescimento das colnias divididas (BLOCHTEIN et al. 2008). As
divises devem ser feitas em dias quentes e de sol, de preferncia no perodo da
manh. Assim, as abelhas trabalham rapidamente na formao da nova colmeia
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(CARVALHO-ZILSE et al. 2005). Antes de se iniciar um processo de diviso
importante verificar a presena de machos na regio para o acasalamento da
rainha virgem (PEREIRA et al. 2010). Os machos so reconhecidos pela ausncia
de corbculas no ltimo par de pernas, e geralmente ficam pousados em
pequenos nmeros nas paredes externas de colnias de suas respectivas
espcies, ou formam agregados, encontrados na vizinhana de colnias, podendo
estar pousados ou esvoaando (NOGUEIRA-NETO, 1997).
Diferentes mtodos podem ser empregados para a formao artificial de
novas colnias de meliponneos, cada um especfico para a pesquisa e/ou manejo
adotado nos trabalhos de meliponicultura (AIDAR, 1996). Para a diviso de umacolmeia de meliponneos, deve-se proceder diferentemente para cada grupo de
espcies, seja ele do grupo das trigonas ou das melponas (VENTURIERI, 2008).
Se a colnia for de uma Melipona (mandaaia, manduri, uruu, jandara,
tujuba, tiba, etc), no h necessidade de se preocupar com clula real, pois
estas abelhas no as constroem, estando a cria, que dar origem s rainhas,
distribuda pelo favo, em clulas iguais quelas de onde nascem as operrias e
machos. Se a colnia for de uma espcie da tribo Trigonini (Jata, ira,
mandaguari, tubiba, timirim, mirim, mirim preguia, moa-branca, etc),
necessrio que, nos favos, exista uma ou mais clulas reais, de preferncia
prestes a emergir. Esta clula real facilmente reconhecida por ser maior que as
clulas das quais emergiro operrias e machos (CAMPOS, 2003).
O mtodo de diviso de colnias mais comum a diviso meio a meio.
Atravs desse mtodo, retira-se da colnia-me parte dos favos de criasnascentes (favos claros) e, caso a colnia seja do grupo das trigonas, escolhem-
se pelo menos, dois favos que possuam realeiras. Esses favos so, ento,
colocados na nova colmeia na posio em que estavam na colnia-me.
Passamos, tambm, para a nova colmeia potes de alimentos que estejam bem
lacrados, pores de cera limpa e seca, bem como, de prpolis fresca. A seguir
fechamos ambas as colmeias vedando suas frestas com barro ou fita adesiva.
Finalmente, colocamos a colnia-filha no lugar da colnia-me e afastamos estapara outro local (XIMENES, 2011). Segundo Gonzaga (2004) importante que
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antes de se colocar os discos na colmeia-filha se faa 3 a 4 bolinhas de cerume e
coloque-as no fundo da colmeia-filha para que assim os discos no fiquem
apoiados no fundo da caixa e as abelhas possam circular entre eles. Outro ponto
importante destacado por Carvalho-Zilse et al (2005) observar onde se encontra
a rainha. Ela deve ficar onde acontece a postura, ou seja, na parte em que esto
os favos de disco mais novos (cor mais escura). Se for possvel tambm deve-se
transferir a entrada da colnia-me para facilitar o reconhecimento do ninho pelas
abelhas que retornarem do voo (VENTURIERI, 2008). Na formao de uma nova
colnia podem ser utilizados elementos de mais de uma colnia da mesma
espcie, tomando-se o cuidado para no misturar abelhas adultas de mais de
uma colmeia, pois isto acarretaria luta e, consequentemente, a morte de muitas
delas (CAMPOS, 2003).
Quando as colnias esto instaladas em caixas racionais, a diviso feita
atravs da separao do sobreninho e ninho, e colocao de novos mdulos
vazios sobre estes (SOUZA et al. 2009). Caso a caixa me possuir duas
melgueiras cheias de alimento, uma dever ser colocada sobre a caixa filha
(XIMENES, 2011). No caso da diviso de espcies da tribo Trigonini o ninho ou osobreninho deve conter favos maduros e com realeira e a outra parte deve conter
favos imaturos e ser acompanhado da rainha (VILLAS-BAS, 2012). A colnia-
filha dever permanecer no local da colnia-me, recebendo parte das campeiras
que estavam forrageando durante o processo de multiplicao. A colnia-me,
que geralmente fica com a rainha, dever ser fechada. Aps, deve ser
transportada para um local distante da colnia-filha (BLOCHTEIN et al. 2008). O
uso de caixas racionais facilita as divises, pois assim no se tm agresses sestruturas internas do ninho e consequentemente diminui o impacto causado por
esse processo (XIMENES, 2011).
Gonzaga (2004) recomenda, alm do uso de 50% do cerume da caixa-
me, o uso de cera deApis mellifera para cobrir os discos e para que as abelhas
possam ter espao reduzido, que facilita o aquecimento e a defesa. A cera posta
ser totalmente assimilada pelas abelhas, no decorrer do tempo.
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Aps o processo de diviso aconselhvel que se faam revises para se
certificar que no h ataque de inimigos naturais e nem falta de alimento
(NOGUEIRA-NETO,1997).
4.10. Alimentao Artificial
Assim como em outros ramos da produo animal, a alimentao constitui
um dos principais pilares da atividade apcola. At pouco tempo, esse tema no
tinha tanta relevncia, devido, provavelmente, s floraes abundantes que
cobriam as necessidades nutritivas das abelhas nas diferentes pocas do ano.
Nos ltimos anos, principalmente pelos avanos na agricultura, se produziu umasrie de modificaes na flora apcola de muitas regies (PINHEIRO et al. 2009).
A alimentao artificial indicada para pocas de escassez de nctar e
plen, perodos longos de chuvas, ou quando da diviso de enxames. A
alimentao artificial contribui muito para o fortalecimento da famlia e deve ser
utilizada antes da florada para proporcionar maior produo de mel (COSTA &
OLIVEIRA, 2005).
A alimentao artificial utilizada para diversos fins, entre eles destacam-
se: no inverno para manter as colnias sempre fortes; no outono para amenizar
as j clebres mortandades desta poca; na primavera para estimular o
desenvolvimento das crias e preparao das grandes colheitas. Naturalmente,
tudo depende de certas condies climticas, fluxo de flores, quantidades de
colmeias na mesma zona, etc. (MUXFELDT, 1987).
O principal perodo da alimentao suplementar, no Sul do Brasil, comea
em abril e vai at agosto, coincidindo com o inverno. Em algumas regies onde
ocorre safra de outono, com floradas que iniciam em meados de fevereiro, pode-
se oferecer alimentao suplementar durante os meses de janeiro e fevereiro
(KALVELAGE et al. 2005).
Mesmo havendo a disponibilidade de flores com nctar e plen, as colnias
fracas ou recm-divididas no apresentam nmero de campeiras suficiente para aexecuo de um forrageamento inicial eficiente, necessitando de alimento extra
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at que se desenvolva e sejam capazes de obter seu prprio alimento no campo
(AIDAR, 1996).
Segundo Kalvelage et al (2005) a alimentao artificial para abelhas pode
ser dividida em dois grupos: o alimento de subsistncia ou manuteno e o
alimento estimulante. A alimentao de subsistncia rica em carboidratos e
constituda basicamente de acar e/ou mel. Por ser energtico muito
importante no inverno, pois fonte de calorias e ajuda as abelhas a manter a
temperatura da colmeia. Quando falta alimento energtico, natural ou artificial,
comum ocorrer a morte da colmeia por frio e fome. O alimento estimulante um
composto de substncias proteicas e energticas, com o objetivo de desencadearo crescimento da colmeia. Normalmente utiliza-se o alimento de subsistncia
(energtico) complementado com o componente proteico, que pode ser na forma
de rao seca, rao em pasta ou protena adicionada ao xarope. J segundo
Oliveira & Aidar (2013) os alimentos podem ser caracterizados como alimento
proteico (plen) e alimento energtico (mel), de acordo com as suas propriedades
qumicas e nutricionais para o organismo.
O alimento energtico ou xarope feito basicamente adicionando-se duas
partes de acar para uma de gua, leva-se ao fogo at ferver por dois minutos, a
fim de dissolver e esterilizar o acar (VENTURIERI, 2008). Aps pronto, o
xarope deve ser guardado em geladeira ( 8C), e antes de ser oferecido s
abelhas deve ser aquecido (28 - 30C) (CAMPOS & PERUQUETTI, 1999). As
concentraes do xarope podem variar de acordo com diferentes autores, por
exemplo, Aidar (1996) e Campos (2003) recomendam uma concentrao de 50%
de acar, enquanto Nogueira-Neto (1997) recomenda concentrao de 60% de
acar.
Assim como na apicultura, muitos meliponicultores tem utilizado xarope de
acar invertido (sacarose transformada em glicose e frutose). A inverso do
acar realizada atravs da energia trmica (aquecimento) e acidificao, pela
adio de cido ctrico ou tartrico. A principal vantagem que este processo
ajuda a conservar o xarope (retardando a fermentao) (COSTA, 2008).
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Os tipos de acar mais apropriados para o preparo do xarope so o cristal
ou o demerara. O acar refinado possui muitos produtos qumicos e deve ser
evitado. O acar mascavo difcil de ser dissolvido e geralmente possui algumas
partculas insolveis que no so aproveitadas pelas abelhas. No caso de
meliponicultura orgnica estes ingredientes devem ser certificados. (VILLAS-
BAS, 2012).
A quantidade de xarope fornecida depende do grau de desenvolvimento da
colnia alimentada. Colnias muito populosas podem receber mais alimento,
enquanto colnias fracas devem receber menos. O ideal que cada caixa receba
uma quantidade de alimento que as abelhas sejam capazes de consumir em nomximo um dia. Isso evita que o xarope fermente dentro da colnia (VILLAS-
BAS, 2012). Ao oferecer o alimento comum as operrias consumirem todo o
volume do alimentador no primeiro dia, o que leva ao criador a encher novamente
o alimentador antes de cinco dias. Esse fato deve ser evitado, porque o objetivo
da alimentao artificial a manuteno ou utilizao do alimento para consumo
prprio das abelhas e no como material a ser estocado (SOUZA et al. 2009).
Pode-se oferecer o xarope em pequenos recipientes no interior das
colmeias com alguns gravetos dentro para evitar que as abelhas se afoguem no
lquido (BLOCHTEIN et al. 2008). O alimentador individual deve ser abastecido,
no final da tarde, o que evita a pilhagem (ALVES et al. 2005).
importante destacar que o meliponicultor focado na produo de mel no
deve alimentar suas colnias na poca da florada, pois o xarope armazenado
altera as caractersticas naturais do mel que vai ser colhido. Recomenda-se queum ms antes do incio da florada a alimentao seja suspendida (VILLAS-BAS,
2012).
Os meliponicultores utilizam solues de acares para suprir as
necessidades energticas das colnias, o que tem gerado bons resultados.
Porm, a substituio do plen por outro componente proteico tem sido bem mais
complicada. O crescimento das colnias ainda depende da disponibilidade de
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plen no ambiente, uma vez que esse o principal constituinte proteico para a
alimentao das abelhas adultas e das larvas. (VOLLET-NETO et al. 2010).
Segundo Nogueira-Neto (1997) a falta temporria de plen no to
importante para a vida das abelhas quanto a ausncia do mel. Este autor
constatou este fato prendendo uma colnia da espcie Mirim-Preguia (Friesella
schrottky), verificando que estas podem viver cerca de dois meses sem plen.
Nunca, porm, suportariam a falta de reservas de mel na colmeia alm de um ou
no mximo dois dias. Contudo isso no quer dizer que o plen seja dispensvel,
pois para quase todas as abelhas a fonte de protena. Estas so constitudas
por aminocidos, essenciais a todos os seres vivos.
Os meliponneos no ingerem o plen in natura, estes transformam em
uma massa chamada samora ou sabur, que eventualmente umedecido com
nctar. A samora/sabur (plen) manipulada pelos meliponneos com as suas
mandbulas. Durante esse processo ela recebe secrees das abelhas,
provenientes, ao que parece das glndulas mandibulares e das glndulas
hipofaringeanas. Alm disso, as bactrias do gnero Bacillus e provavelmente
outros microorganismos, tem um papel muito grande na produo de enzimas
extracelulares. Estas comandam, como agentes catalizadores, uma srie de
reaes bioqumicas que podem converter os alimentos das abelhas em produtos
mais digerveis e estveis, para serem guardados e usados (NOGUEIRA-NETO,
1997).
Diversas so as alternativas testadas para a substituio do plen, entre
elas temos: suplemento para Apis conhecido no mercado pelo nome de Beemix(DIAS et al. 2010); extrato de soja (PIRES et al. 2009); plen apcola, extrato de
soja, levedo de cerveja (COSTA, 2008); pasta de folha de mandioca e farelo de
babau + xarope, pasta de folha de mandioca e fub de milho + xarope, pasta de
folha de leucena e fub de milho + xarope (XIMENES, 2011); clara de ovo +
acar (RAYMENT, 1936 apud NOGUEIRA-NETO, 1997); leite em p
(KALVELAGE et al. 2005).
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Segundo Taber (1996 apud XIMENES, 2011), farinha de soja e leite em p
no devem ser fornecidos s abelhas por serem txicos. O autor recomenda
ainda que as abelhas sejam suplementadas com uma mistura de plen, acar
granulado, levedo de cerveja e gua. Segundo Barker (1977 apud XIMENES,
2011) 40% dos acares contidos na soja so txicos para as abelhas. Sylvester
(1979 apud XIMENES, 2011) verificou que a adio de 10% de lactose ou
galactose aumentou a mortalidade e reduziu a aceitabilidade do xarope de acar
fornecido s abelhas.
Segundo Pires (2009) a no induo da fermentao de alimentos
proteicos alternativos, com sabur, dificulta a digesto destes pelas abelhas eaumenta a chance de rejeio do alimento.
Ainda no existem estudos cientficos que comprovem o valor nutricional
de muitas dietas alternativas para o plen, inclusive algumas delas podem at
mesmo ser prejudicial. O aprimoramento das tcnicas de nutrio artificial
fundamental para o desenvolvimento da meliponicultura, alm disso,
fundamental conhecer a composio qumica dos alimentos antes de fornec-los
s abelhas, pois s assim uma dieta pode ser realmente eficiente e capaz de
suprir suas necessidades nutricionais (VOLLET-NETO et al. 2010).
Zucoloto (1977 apud NOGUEIRA-NETO, 1997) comparou vrios possveis
substitutos do plen. O melhor produto testado foi uma simples mistura de 18%
de levedo de cerveja e 82% de sacarose (presumivelmente acar comum). A
abelha usada nos testes foi a Mandaguari (Scaptotrigona postica).
Apesar do plen de Apis mellifera ser um alimento altamente nutritivo e,
talvez, o mais adequado nutricionalmente para a alimentao das colnias de
abelhas sem ferro, esse produto comercializado a preos muito altos para os
meliponicultores, tornando-se praticamente invivel, alm da possibilidade de
veiculao de esporos de doenas. (VOLLET-NETO et al. 2010).
Segundo Alves et al. (2005) a alimentao estimulante deve ser elaborada
utilizando o plen da prpria espcie, obtido nos potes de alimento nas pocas da
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safra de plen. O alimento formado a partir da mistura acar + gua, acrescida
de uma colher de plen por litro.
A maioria dos estudos relacionados com a influncia de suplementos
proteicos no desenvolvimento larval de abelhas foi feita em Apis mellifera. Com
isso criou-se uma padronizao nos parmetros escolhidos para a avaliao de
dietas artificiais com base em Apis, que passaram a ser utilizados tambm nas
abelhas sem ferro. Isto pode ser um problema, j que existem muitas diferenas
entre a biologia dos dois grupos, e at mesmo entre as espcies de meliponneos.
Portanto, necessrio que, junto com o desenvolvimento das pesquisas bsicas
da nutrio de abelhas sem ferro, as metodologias e parmetros de avaliao dedietas tambm sejam revistos, permitindo a obteno de uma dieta com
resultados satisfatrios para as diferentes espcies de acordo com suas
demandas nutricionais (VOLLET-NETO et al. 2010).
4.11. Inimigos Naturais
Como todo animal, os meliponneos possuem inimigos naturais. Nos locais
de ocorrncia das abelhas sem ferro o equilbrio ecolgico encarrega-se de
assegurar a sua convivncia com seus inimigos. No entanto, no meliponrio, h
grande concentrao de abelhas, o que no ocorre naturalmente na natureza.
Essa circunstncia atrai vrios inimigos naturais induzidos pela farta oferta de
alimentos. muito importante conhecer certas particularidades destes animais
para enfrent-los em favor do bom desenvolvimento das colnias (XIMENES,
2011).
Como todos sabem, os seres humanos so os piores inimigos dos
meliponneos. Devastam as florestas e destroem frequentemente os seus ninhos.
Felizmente, so poucos os animais que podem ameaar de modo srio as
abelhas indgenas, ou que tem um papel de importncia na destruio dos ninhos
desses insetos (NOGUEIRA-NETO, 1997).
Sem dvida alguma, os parasitas mais perigosos para as abelhas sem
ferro so os fordeos, pequenas moscas do gnero Pseudohypocera, as quais
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so as responsveis pelas maiores perdas de colnias de um meliponicultor
(VILLAS-BAS, 2012). Os fordeos so pequenas moscas que se movimentam
muito rapidamente, dando pequenas paradas rpidas. Esto sempre rondando a
entrada do ninho, frestas e orifcios de ventilao. So pretas ou marrons
(VENTURIERI, 2008).
Os fordeos entram nos ninhos atrados, principalmente, pelo odor do plen
fermentado e fazem postura nos potes de plen, favos de cria e lixeira (PEREIRA
et al. 2010). Os fordeos na fase de vida adulta, pouco ou nenhum estrago
causam. As larvas, porm, constituem um perigo para os meliponneos. Elas so
pequenas e vorazes. Assemelham-se a vermes brancos. So capazes de
exterminar uma colnia de meliponneos, quando esto presentes em grande
nmero. mais comum ver essas larvas dentro dos potes de plen, mas tambm
podem liquidar os favos de cria. Se existe na colmeia mel extravasado, potes de
plen rompidos e favos de cria amassados, partidos ou melados, em poucos dias
as larvas de Pseudohypocera conseguem exterminar uma colnia. preciso,
pois, tomar um cuidado todo especial, por ocasio da captura dos ninhos de
meliponneos, transferncia para os caixotes provisrios ou para as novascolmeias e divises (NOGUEIRA-NETO, 1997).
Os fordeos atacam preferencialmente colnias fracas e com excesso de
espao, pois essas caractersticas exigem maior gasto de energia das operrias
para a manuteno da temperatura adequada ao desenvolvimento da cria e o
fortalecimento da colnia (SOUZA et al. 2009). Para prevenir o ataque dessa
praga, o produtor deve manter as colnias fortes; durante o manejo, precisa tomar
cuidado para no machucar potes de plen e clulas de cria e no manejar
excessivamente colnias fracas. Em caso de ataque, necessrio realizar uma
limpeza, removendo e queimando todo pote de plen e disco de cria infestado
(PEREIRA et al. 2010).
Armadilhas para captura de fordeos devem ser colocadas dentro das
colmeias. As armadilhas so feitas com pequenos potes de plstico contendo
vinagre. A tampa dos potes deve ser furada, o tamanho do furo deve permitir apassagem dos fordeos, mas no a das abelhas. O fordeos ser atrado pelo odor
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do vinagre, que semelhante ao do plen, e entrar no pote para fazer postura,
morrendo afogado. A armadilha tambm pode ser usada fora da colnia, mas h
o risco de atrair o predador para o meliponrio (PEREIRA et al. 2010).
As formigas so atradas para a colnia pelo cheiro de alimento. Para
prevenirmos destas, devemos manusear as caixas de forma cuidadosa e evitar a
exposio dos potes de plen e mel. Estas so as melhores formas de evitar os
ataques (VILLAS-BAS, 2012). Esses insetos so problemticos, especialmente
para ninhos recm-divididos, fracos e com alimento exposto (VENTURIERI,
2008). Segundo Ximenes (2011) comum as formigas invadirem as colnias
fracas, saquearem todo o alimento e, muitas vezes, se instalam na colmeia. Emgeral os meliponneos se defendem das formigas satisfatoriamente, quando as
suas colnias esto em estado normal (NOGUEIRA-NETO, 1997).
Para proteo necessrio manter as colmeias bem vedadas e instaladas
em cavaletes que tenham protetor. O uso de leo queimado no protetor eficiente
e evita, tambm, o ataque de cupins na madeira da colmeia (PEREIRA et al.
2010). Manter as caixas no mnimo a 50 cm do solo tambm uma medida
eficiente (ALVES, 2005). recomendvel remover possveis ramos da vegetao
que estejam em contato com as colmeias, pois as formigas podem utiliz-los
como pontes de acesso (BLOCHTEIN et al. 2008).
importante destacar que o produtor focado na produo de mel orgnico
no pode utilizar leo queimado uma vez que essa alternativa no permitida
pelos rgos de certificao (VILLAS-BAS, 2012).
Segundo Nogueira-Neto, os principais prejuzos causados por cupins so a
destruio das madeiras das caixas e dos palanques dos meliponneos.
As abelhas saqueadoras destacam-se, quase sempre, pelo comportamento
oportunista de atacarem geralmente colnias fracas. A espcie de maior destaque
a Limo ou Iratim, Lestrimelitta limao (SMITH, 1863) (XIMENES, 2011). As
abelhas Limo, como so conhecidas, tem este nome pelo cheiro forte de limo
que possuem. Essas abelhas ladras, que no tem capacidade de coletar o
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alimento, tanto o nctar como o plen, no possuem corbcula e transportam o
mel e o plen roubado no papo. Estas chegam colmeia a ser pilhada e se
instalam dentro do ninho, roubando as reservas alimentares da caixa invadida.
Retiram o cerume de dentro da colmeia e ampliam a entrada natural do ninho da
caixa predada, fazendo a entrada larga. As Lestrimelitta spp. Possuem ninhos
populosos com cerca de 150 mil abelhas. O ninho desta abelha possui vrias
entradas, porm s uma verdadeira, servindo para despistar os inimigos.
(GONZAGA, 2004). Segundo Nogueira-Neto (1997) muito difcil criar
meliponneos em lugares onde essas ladras esto presentes e ativas. Segundo
este mesmo autor o principal fator de conquista, nas suas pilhagens, no o seu
forte odor de limo, mas sim a fora das suas mandbulas. Estas so capazes de
matar facilmente as abelhas das colnias saqueadas. O odor tambm um fator
de conquista, mas associado ao poder das mandbulas secundrio em relao a
este.
4.12. Pilhagem Entre Abelhas da Mesma Espcie
Roubos e furtos, causados por outras abelhas, ocorrem com certa
frequncia na vida das colnias de abelhas indgenas. um assunto de grande
interesse para a meliponicultura, pois muitas vezes constitui um entrave srio
mesma, principalmente tendo em vista os prejuzos causados. A pilhagem entre
colnias de espcies de meliponneos muitas vezes pode assumir formas
discretas, sem violncia. Trata-se de furtos. Outras vezes a pilhagem pode
assumir formas violentas e altamente destrutivas, para a conquista de ninhos
alheios ou simplesmente para pilhar em larga escala. Trata-se ento de roubos. A
alimentao artificial que dada s colnias fracas, fator de fortalecimento das
mesmas, um meio de equiparar as colnias e evitar a pilhagem. Contudo, ao
alimentar colnias, verifique depois se elas foram pilhadas (NOGUEIRA-NETO,
1997).
4.13. Colheita, Pasteurizao e Embalagem do Mel.
Uma importante ressalva que deve ser feita antes de tratarmos das
tcnicas de coleta e beneficiamento do mel de abelhas sem ferro de que no
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Brasil no existe legislao especfica que regulamente a cadeia produtiva dos
produtos originados pela meliponicultura. No que se refere aos produtos das
abelhas, o Brasil dispe apenas de legislao que ampara a apicultura, ou seja, a
atividade produtiva associada criao das abelhas exticas Apis mellifera. Mas
h diversas tcnicas as quais tm permitido produzir mel de qualidade, consumido
e/ou comercializado de maneira informal em diferentes regies (VILLAS-BAS,
2012).
No existe definio de uma poca certa para a realizao da colheita, pois
essa atividade regida pelas condies climticas locais e desenvolvimento das
colnias (SOUZA et al. 2009). Segundo Gonzaga (2004) normalmente a coleta domel feita no ms de dezembro. A colheita do mel pode ser parcial (duas ou trs
vezes ao longo do perodo de maior oferta) ou somente no final da florao
(XIMENES, 2011).
O mel deve ser coletado das colnias quando estas estiverem populosas, o
que ocorre durante e logo aps as floradas. Caso todo o mel da colnia seja
coletado ao final da florao, o meliponicultor deve ficar atento para a
necessidade de ministrar alimentao artificial s suas colnias mantendo-as
populosas durante o perodo de entressafra. Durante a coleta do mel todo o
cuidado possvel com a higiene deve ser tomado, uma vez que o mel dos
meliponneos possui um alto teor de umidade o que propicia a ocorrncia de
processos fermentativos desencadeados por microrganismos que possam vir a
contaminar este produto. Para reduzir estes riscos, o meliponicultor somente deve
coletar o mel dos potes fechados, que considerado como mel maduro,
evitando a coleta nos potes abertos, que normalmente apresentam maior teor de
gua (CARVALHO et al. 2005). No auge da safra de nctar o mel ainda pode
estar imaturo. Assim, quando for possvel, conveniente esperar por volta de
duas semanas aps a safra para realizar a colheita. importante notar que s
vezes as pocas de maior colheita de nctar, no mesmo meliponrio, no
coincidem entre uma espcie e outra de abelhas (NOGUEIRA-NETO, 1997).
Segundo Venturieri (2008) o sistema de criao em caixas racionais, almde facilitar bastante a colheita do mel, a torna muito mais higinica. Deve ser
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realizado sempre que a melgueira estiver quase ou completamente cheia. Retira-
se a melgueira e cortam-se os potes de mel com uma faca; vira-se a melgueira de
cabea para baixo, em cima de uma peneira quadrada, um pouco maior que a
melgueira; deixe-se escorrer por alguns minutos, at terminar de pingar. Deve-se
proteger tudo das formigas e outras abelhas que sero atradas pelo cheiro do
mel e da cera. Para algumas espcies essa operao facilitada quando
realizada durante a noite, perodo em que as abelhas no voam e esto mais
calmas. Mas segundo Alves et al. (2006) no recomendado o processo de
retirada da melgueira e derramar o mel sobre uma peneira, pois pode favorecer a
contaminao do mel por microorganismos indesejveis.
Segundo Gonzaga (2004) o uso de seringa um mtodo bem apropriado
para pequenos produtores. Recomenda-se a utilizao de seringas de 100 ml
com uma pequena mangueira acoplada no lugar da agulha. O procedimento
simples, bastando furar levemente os potes com um uma faca pontiaguda, sem
destrui-los, e ento sugar o mel. Coloca-se este mel num frasco bem limpo,
preferencialmente esterilizado.
O procedimento mais recomendado para coleta do mel, principalmente
para grandes criadores, atravs do uso de uma bomba de suco porttil. Desta
forma o mel succionado do interior dos potes e armazenado diretamente em um
recipiente previamente limpo, com o mnimo de contato com o operador
(CARVALHO et al. 2005)
A principal vantagem da suco permitir que o mel seja retirado
diretamente de dentro dos potes, diminuindo o contato com o ambiente externo ea possibilidade de contaminao (VILLAS-BAS, 2012).
A pasteurizao um procedimento empregado em alimentos para destruir
microrganismos patognicos ali existentes. O processo consiste basicamente no
aquecimento do alimento a determinada temperatura, por determinado tempo, de
forma a eliminar os microrganismos. No caso do mel, essa temperatura no deve
exceder 65C, condio em que alguns acares nele presentes comeam a
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queimar modificando seu sabor, e protenas e vitaminas so alteradas,
comprometendo suas caractersticas naturais (VILLAS-BAS, 2012).
A pasteurizao pode se dar por dois mtodos geralmente utilizados. A
pasteurizao mais rpida realizada aquecendo-se o lquido a 72C durante 15
segundos. A pasteurizao mais lenta consiste em aquecer o lquido a 63C
durante 30 minutos (NOGUEIRA-NETO, 1997).
O processo de pasteurizao pode ser feita da seguinte forma: depois que
o mel embalado em potes, estes so hermeticamente fechados e imersos em
uma panela com gua e uma grade metlica colocada no fundo (isso evita oexcesso de aquecimento nos potes mais prximos da fonte de calor). A mesma
levada ao fogo at atingir 75C, mantendo-se essa temperatura por mais dez
minutos. A medio da temperatura poder ser realizada com um termmetro
utilizado para a fabricao de queijos, facilmente encontrados em lojas de
produtos agrcolas e veterinrios. Outro mtodo, tambm muito fcil de fazer em
casa, o banho-maria. Nesse caso, o mel aquecido at atingir 65C e, em
seguida, ainda quente, deve ser armazenado em potes esterilizados.
recomendado que o pote seja posto de cabea para baixo, para que a tampa
tambm seja esterilizada (VENTURIERI, 2008).
Dependendo da espcie de abelha e do teor de umidade do mel in natura,
a pasteurizao tem proporcionado um tempo de validade que varia entre seis
meses e um ano (VILLAS-BAS, 2012).
Embora produzam mel em menor quantidade, os meliponneos soimportantes por fornecer um produto que se diferencia do mel de Apis mellifera,
principalmente na doura inigualvel, sabor diferenciado, seguramente mais
aromtico e que possui consumidor-alvo distinto, com o diferencial de alcanar
altos preos no mercado (CARVALHO et al. 2005).
O preo diferenciado do mel de abelha sem ferro compensa a menor
produtividade. Enquanto o mel de Apis mellifera atinge um preo ao produtor por
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volta de R$ 7,00 por quilo, o mel de meliponneos tem seu valor variando entre
R$25,00 e R$ 100,00 por quilo (Alves et al. 2005).
5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
5.1. Alimentao Artificial
A alimentao artificial foi o principal objeto de estudo no perodo de
estgio. Para se avaliar o efeito desta, foi desenvolvido um experimento com o
intuito de se mensurar o efeito da alimentao artificial proteica em colnias
recm-formadas de abelhas mandaaia (Melipona quadrifasciata). O experimento
foi conduzido com 12 colnias recm-formadas. Estas foram divididas em trs
tratamentos, sendo cada tratamento composto por quatro repeties. Os
tratamentos foram: T1 testemunha, recebeu apenas alimentao energtica
(75% de acar cristal e 25% de gua); T2 - recebeu alimentao energtica com
a adio de 8% de levedo de cerveja, o que representa 3,1% de protena bruta,
pois o levedo utilizado apresentava 38,9 % de protena bruta, segundo o
fabricante; T3 - recebeu alimentao energtica com a adio de 8% de plen
comercial deApis, sendo a concentrao de protena bruta neste tratamento no
mensurada, pois no se tinha a concentrao de protena bruta do plen utilizado.
As anlises foram realizadas semanalmente, sendo os parmetros analisados os
seguintes: dimetro mdio dos discos de cria; rea total dos discos de cria;
quantidade total de disco de cria e quantidade de potes de mel e plen. O
experimento foi implantado no dia 08/04/2013 e a ltima avaliao foi realizada no
dia 13/05/2013. Os resultados obtidos com o experimento no foram satisfatrios,
pois no decorrer do perodo foram verificados alguns problemas que nopossibilitaram um bom desenvolvimento das colnias. O problema mais grave
observado no experimento foi o ataque massivo de fordeos nas colnias recm-
divididas. Estes se aproveitaram da pouca coeso e organizao nas colnias,
aps a sua diviso. A tcnica de diviso utilizada para obter as colmeias do
experimento associada concentrao das 12 colnias recm-divididas num
mesmo lugar tambm favoreceu o aparecimento massivo de fordeos e o
consequente ataque a estas. Aps uma semana decorrida da implantao doexperimento foram perdidas 3 divises e na terceira semana j se contava apenas
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com 7 caixas remanescentes, que perduraram at o final do experimento. A
principal hiptese levantada para os problema