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A construção do social Área de Integração Professora: Sandra Martins Aluno: Kevin Cardoso/2ºCISP Viana do Castelo, 14 de Fevereiro de 2013
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Trabalho a.i 2013

Jul 25, 2015

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Kevin Cardoso
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Page 1: Trabalho a.i 2013

 

 

A construção do social

Área de Integração  

Professora:  Sandra  Martins    

Aluno:  Kevin  Cardoso/2ºCISP    

 

Viana  do  Castelo,  14  de  Fevereiro  de  2013  

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Índice

 Introdução  ...............................................................................................................................  3  

1.  Sociologia  e  História  e  a  construção  do  social  .........................................................  4  

1.1.  Indivíduo  como  sujeito  histórico  .......................................................................................  4  1.2.  Comunidade,  sociedade  e  cultura  .....................................................................................  5  

2.  Modelos  de  estratificação  social  ao  longo  da  história  ..........................................  7  

2.1.  A  escravatura  -­‐  o  «lugar  natural»  de  Aristóteles  ..........................................................  7  2.2.  As  castas  –  estratificação  em  sociedades  fechadas  ......................................................  8  3.  As  ordens  ou  estados  –  estratificação  nas  sociedades  do  ocidente  pré-­‐moderno  8  3.1.  As  classes  sociais  –  estratificação  nas  sociedades  modernas  ..................................  9  

4.  A  modernidade  e  a  abertura  à  permeabilidade  social  ......................................  10  4.1.  O  “ideário”  da  Revolução  Francesa  ................................................................................  10  4.2.  Doutrinas  utopistas  e  socialistas  dos  séculos  XIX  e  XX  ...........................................  11  4.3.  Revoluções  sociais  do  século  XX  .....................................................................................  12  

5.  Mudança  social  –  marcos  históricos  significativos  .............................................  13  

5.1.  A  construção  dos  nacionalismos  .....................................................................................  14  5.2.  As  colonizações  e  a  construção  dos  impérios  coloniais  ..........................................  14  5.3.  O  desenvolvimento  científico  e  tecnológico  dos  séc.  XIX  e  XX  ..............................  15  5.4.  As  duas  guerras  mundiais  do  século  XX  .......................................................................  15  5.5.  A  construção  da  democracia  ............................................................................................  16  5.6.  As  descolonizações  ...............................................................................................................  16  

6.  A  relatividade  dos  valores  –  tolerância  e  intolerância  ......................................  17  

7.  Organizações  internacionais  de  defesa  dos  direitos  humanos  ......................  19  

7.1.  Organização  das  Nações  Unidas  ......................................................................................  19  7.2.  Amnistia  Internacional  ......................................................................................................  19  7.3.  Médicos  sem  fronteiras  ......................................................................................................  19  7.4.  AMI  ............................................................................................................................................  20  7.5.  Oikos  –  Cooperção  e  Desenvolvimento  .........................................................................  20  

Conclusão  ...............................................................................................................................  21  

 

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Introdução  

Com  este  trabalho  pretendo  esclarecer  todos  os  conceitos  relacionados  com  o  tema  em  estudo,  que  tem  como  nome  “A  construção  social”.      

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1. Sociologia e História e a construção do social    

  A   sociologia   surge   da   sociedade   moderna   no   século   XIX   associada   às   várias  

transformações  da  sociedade  ocidental,   e  à   crença  que  os  homens  são  responsáveis  pela  

condução  da  sua  própria  vida  social.      

  A   sociologia   constituiu-­‐se   como   o   “conhecimento   da   contemporaneidade   social”  

mas,  sendo  ao  mesmo  tempo  a  expressão  privilegiada  dessa  modernidade,  o   trabalho  da  

sociologia   foi,   orientado   historicamente,   pois   as   obras   dos   seus   fundadores   –   Marx,  

Durkheim   e   Weber   –,   tentam   encontrar   explicações   para   analisar   historicamente   as  

estruturas  e  as  mudanças  sociais.    

• Deste  modo,  a  análise  da  sociedade  e  mudança  social  implica  reflectir  sobre:  

A  multiplicidade  de  abordagens  que  foram  produzidas;  

• O   inter-­‐relacionamento   entre   sociologia   e   história,   pois   esta   última   é  

construída  pelos  próprios  indivíduos,  não  existindo  um  destino  socialmente  

histórico  exterior  à  ação  humana.      

 

1.1. Indivíduo como suje ito histór ico    

  O  termo  indivíduo  remete  para  o  indivisível,  para  uma  pessoa  que  é  uma  unidade  em  

si  mesmo  e  que  se  define  pela  presença  da  consciência  –  conhecimento  de  algo.  

  Por  sua  vez,  o  termo  sujeito  caracteriza-­‐se  como  aquele  que  está  exposto  a  qualquer  

coisa,   como   por   exemplo,   uma   criança   ser   obrigada   a   aprender   as   regras   sociais.   Desta  

forma,  o  sujeito  está  sempre  associado  a  um  indivíduo.    

  Desde  o  Renascimento,  no  séc.  XV,  em  especial  com  o  advento  da  sociedade  moderna  

e   a   desintegração   das   conceções   religiosas,   defendem-­‐se   novos   elementos   como   a  

subjetividade,   o   individualismo   e   a   racionalidade.   Tais   princípios   padronizam  uma  nova  

conduta   para   o   indivíduo   em   defesa   da   liberdade,   capacitando-­‐o   na   afirmação   da   sua  

subjectividade,  quer  na  sociedade  quer  na  vida  pública.  Contudo,  não  sendo  esta  uma  visão  

consensual,  gera-­‐se  um  debate  que  passa  pela  sociologia,  a  história,  a  filosofia,  etc.,  à  volta  

de  duas  posições  extremas:  

• Teorias  da  acção:  para  alguns,  a  realidade  social  é  uma  construção  a  partir  da  ação  

dos  indivíduos).    

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• Estruturalismo:   para  outros,   a   evolução  da   sociedade   é   independente  da   vontade  

dos  indivíduos).        

  Por   exemplo,   para   Marx,   os   homens   fazem   a   sua   história,   mas   não   a   fazem  

livremente,   sendo  um  produto   da   ação   dos   indivíduos,   e   simultaneamente   condicionada  

pela  estrutura  social.  Ou  seja,  para  Marx,  o  estruturalismo  sobrepõe-­‐se  à  teoria  da  acção,  

em   que   os   homens   são   sujeitos   históricos,   mas   a   sua   ação   principalmente   coletiva   e  

condicionada  pela  estrutura  social.    

  Para  Durkheim,  o  sujeito  é  um  produto  da  sociedade,  sendo  o  individuo  isolado  uma  

pura   abstração.   A   sociedade   é   regida   por   leis   de   reprodução   e   transformação,   dado  

considerar   que   as  mudanças   têm   uma   lógica   própria,   independentemente   das   vontades  

individuais   e   do   seu   uso.   Durkheim   tem   assim,   uma   visão   histórica   independente   da  

vontade  dos  indivíduos.    

  Em   contraposição,   outros   autores   partem   do   lugar   do   sujeito   e   da   subjetividade,  

para   analisar   as   estruturas   sociais,   considerando   a   realidade   como   uma   construção   a  

partir  da  ação  social  dos  indivíduos,  que  possui  significado  e  intencionalidade  –  teorias  da  

ação.  Um  desses  autores  é  Weber,  que  reforça  a  importância  do  ator  social.  Segundo  ele,  é  

necessário   compreender  o   significado  da  acção  para  entender  os  processos   sociais,  quer  

de  reprodução,  quer  de  mudança.  Porém,  defende  que  a  compreensão  da  sociedade  e  dos  

processos  sociais  requer  sempre  uma  análise  multidimensional.    

     

1.2. Comunidade, soc iedade e cultura    

  Uma   comunidade  é  um  conjunto  de   indivíduos   com  objetivos   e   interesses   comuns  

que  vivem  no  mesmo  local,  organizando-­‐se  (por  exemplo,  os  habitantes  que  vivem  numa  

aldeia,  podem  formar  uma  comunidade).  Assim,  a  comunidade  caracteriza-­‐se  por  relações  

internas   fortes,   uma   grande   coesão   e   espírito   de   solidariedade   entre   os   seus  membros,  

face  ao  exterior.  As  comunidades  ao  estarem  organizadas  têm  regras  e  procedimentos,  aos  

quais  os  seus  membros  devem  obedecer,  pois  poderão  ser  expulsos.  Desta  forma,  quando  

os   indivíduos   estão   integrados   numa   comunidade,   deixam   de   lado   os   seus   interesses  

individuais,   passando   a   defender   os   objetivos   comuns,   participando,   de   forma   direta   e  

indireta,  nos  assuntos.    

  Assim,   uma   sociedade   é   um   sistema   de   inter-­‐ligações,   onde   os   indivíduos   se  

envolvem   coletivamente.   Deste  modo,   ao   existir   interação   recíproca   entre   os   indivíduos  

existe  sociedade.  

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Contudo,   a   forma   como   são   estabelecidas   as   interacções   ou   como   são   criadas   as   suas  

instituições  é  determinada  pela  cultura  comum  que  partilham.  Neste  sentido,  a  cultura  e  a  

sociedade  são  conceitos,  interdependentes  –  nenhuma  cultura  pode  existir  sem  sociedade,  

como  também  nenhuma  sociedade  pode  existir  sem  cultura.      

  O  conceito  de  cultura  define  -­‐  se  como  um  conjunto  de  elementos  que  caracterizam  

uma   determinada   sociedade,   ou   seja,   abrange   todos   os   tipos   de   atividade   humana.   Tais  

elementos,   que   se   articulam   e   se   influenciam   mutuamente,   podem   ser   espirituais,  

incluindo  as  crenças,  os  valores  as  normas  e  os  costumes;  ou  materiais,  isto  é,  os  estilos  de  

vida,  tais  como  a  alimentação,  o  vestuário,  habitação,  entre  outros.    

  Assim,   a   cultura   é   tudo   aquilo   que   é   socialmente   aprendido   e   partilhado   pelos  

membros  de  uma  sociedade,  sendo  que  a  análise  dos  traços  culturais  permitam  avaliar  o  

tipo  de  organização  de  uma  dada  sociedade  bem  como  o  seu  padrão  de  desenvolvimento.  

Por  exemplo,   a  existência  de  desigualdades  sociais  é  um   traço  cultural   comum  a   todas  a  

sociedades  ate  aos  dias  de  hoje.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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2. Modelos de estratificação social ao longo da história    

  As   desigualdades   sociais   são   um   fenómeno   presente   em   todas   as   sociedades,  

apresentando  divisões  com  base  no  género,   idade,  riqueza  material  ou  poder.  O  conceito  

de   estratificação   social   é   utilizado   pelos   sociólogos   para   descrever   as   desigualdades  

sociais,  que  significa  a  divisão  da  sociedade  em  camadas.  Assim,  a  estratificação  refere-­‐se  a  

uma   hierarquização   humana,   em   que   os   indivíduos   têm   um   acesso   diferente   às  

recompensas,  de  acordo  com  a  sua  posição  no  sistema.  Por  exemplo,  os  mais  favorecidos  

encontram-­‐se  no  topo,  ao  passo  que  os  menos  privilegiados  em  baixo.  Desta   forma,  cada  

camada   é   ocupada   por   indivíduos   que   possuem   a   mesma   posição   social,   isto   é,   cujo  

estatuto   social   é   comparável.  Ao   longo  da  história,  podem   identificar-­‐se  quatro   sistemas  

básicos  de  estratificação:    

• Escravatura;    

• Castas;  

• Ordens  ou  estados;    

• Classes.    

 

2.1. A escravatura - o « lugar natural» de Aristóte les    

  A  escravatura  consiste  numa  forma  de  desigualdade  extrema,  em  que  um  indivíduo  

assume  direitos  de  propriedade  sobre  outro,  designado  assim  por  escravo.    

Um  dos  primeiros  filósofos  a  abordar  a  problemática  da  legitimidade  da  escravidão  

foi  Aristóteles,   na  medida   em  que   considerava   todos  os  homens   livres  por  natureza,   em  

oposição  à  escravatura  instituída  em  virtude  da  lei  do  mais  forte.  Assim,  Aristóteles  propôs  

uma  distinção  entre  escravo  por  lei  ou  natureza,  pois  só  demonstrando  a  naturalidade  da  

escravidão,   é   que   a  mesma   pode   ser   justificada.   Desta   forma,   a   escravidão   legal   apenas  

será  justa  no  caso  em  que  escravos  por  lei  e  por  natureza  coincidam.  

Aristóteles  define  o  conceito  de  escravo  como  objeto  de  propriedade  do  senhor  e  

instrumento  de  produção,  ou  seja,  um  escravo  é  aquele  que  “pertence  por  natureza  não  a  

si   mesmo,   mas   a   outra   pessoa”.   Segundo   ele,   desde   o   nascimento,   que   alguns   estariam  

destinados  ao  domínio,  e  outros  à  submissão.  Porém,  dado  não  existir  nenhuma  “marca”  

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exterior  capaz  de  distinguir  o  escravo  natural  dos  outros  homens,  as  próprias  vicissitudes  

da  vida  seriam  responsáveis  pela  selecção  do  homem  livre  para  o  estado  de  escravidão.  

O   filósofo   comparava  a   aquisição  dos   escravos  aos   animais,   no   sentido  em  que  o  

escravo  pertence  a  outro,  no  entanto  de  uma  forma  diferente  dos  animais,  na  medida  em  

que  estes  últimos  não  tinham  a  capacidade  de  perceber  a  razão  e  o  comando.  Apesar  das  

várias   tentativas   de   Aristóteles,   ainda   não   se   encontra   uma   definição   propriamente  

satisfatória  para  definir  o  conceito  de  “escravo  por  natureza”.  

2 .2 . As castas – estrat if icação em sociedades fechadas

  As   castas   são   grupos   sociais   organizados   na   hierarquia   social   por   grau   de   pureza  

religiosa,  ou  seja,  a  estrutura  e  a  hierarquia  social  justificam-­‐se  pelo  sistema  religioso.  

  O   sistema   de   castas  mais   conhecido   é   o   da   Índia,   em   que   o   estatuto   do   indivíduo  

passa   de   pai   para   filho,   ou   seja,   é   um   agrupamento   social   hereditário.   Desta   forma,   as  

castas  caracterizam-­‐se  pela  endogamia,  em  que  as  pessoas  só  podem  casar  com  pessoas  da  

mesma  casta.  As  castas   indianas  estão  relacionadas  com  o  hinduísmo:  acredita-­‐se  que  os  

indivíduos   que   não   vivam   de   acordo   com   os   deveres   e   rituais   da   sua   casta   renascerão  

numa  posição  inferior  na  próxima  encarnação.  

  Desta   forma,   ao   código   completo  de   relações   sociais,   bem  como   todo  um  modo  de  

vida   é   definido   pela   pertença   a   uma   casta.   Pode   ainda   afirmar-­‐se,   que   as   castas  

representam  uma  sociedade  onde  os  papéis  e  funções  são  atribuídos  a  cada  um,  para  toda  

a  sua  vida,  sendo  transmitida  de  geração  em  geração.  Tal  significa  que  os  membros  de  cada  

casta   não   podem  descer   ou   subir   na   hierarquia   social,   ou   seja,   as   castas   são   sociedades  

fechadas.  

 

3 . As ordens ou estados – estrat if icação nas sociedades do

ocidente pré-moderno

  Entre  o  século  XIV  e  XVIII,  a  hierarquia  baseava-­‐se  nos  princípios  da  superioridade  

do  serviço  a  Deus  e  do  serviço  de  armas.  Desta  forma,  existem  três  ordens  hierarquizadas,  

divididas   em   subordens   igualmente   hierarquizadas:   o   clero,   a   nobreza   e   o   3º   Estado  

(povo).  

  Cada   uma   das   ordens   diferenciava-­‐se   das   outras   por   possuir   um   código   de   leis  

próprias,  que  lhes  concediam  privilégios  (no  caso  do  clero  e  da  nobreza)  e  ainda,  deveres  e  

direitos  para  o  povo  (servos  mercadores  e  artesãos).  

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  Estas   ordens   assemelham-­‐se   muito   às   castas,   no   entanto   são   mais   abertas,   na  

medida  em  que  a  mobilidade  social  ascendente  é  difícil,  porém  não  impossível.  

Por   sua   vez,   as   ordens   privilegiadas   caracterizam-­‐se   por   grupos   fechados,   nos   quais,  

excecionalmente,  se  deixa  entrar  alguém  (por  exemplo,  quando  a  filha  de  um  rico  casava  

com   um   nobre,   tornava-­‐se   assim  membro   da   nobreza).   Assim,   as   desigualdades   sociais  

eram  resultado  da  aceitação  dos  direitos  e  deveres  hereditários,  mantidos  pelas  ordens  e  

pelo   Estado.   Porém,   esta   estrutura   social   tinha   um   fundamento   jurídico   baseado   em  

documentos,   para   além   de   assentar   nesse   conjunto   de   costumes.   Desta   forma,   até   ao  

século   XVIII,   a   nobreza,   o   alto   clero   e   a   Coroa   repartem   o   poder   numa   estrutura   social  

estável  graças  a  uma  série  de  vínculos:  

-­‐  Tradicionais  (aceitação  dos  costumes);  

-­‐  Jurídicos  ou  legais  (direitos  senhoriais);  

-­‐  Político-­‐sociais  (monopólio  de  altos  cargos);  

-­‐  Económicos  (vinculação  das  propriedades  rurais).  

 

3 .1 . As c lasses sociais – estrat if icação nas sociedades

modernas

  A  partir  do  século  XVIII,  a  Revolução  Industrial  e  o  desenvolvimento  do  capitalismo  

provocam  transformações  significativas  na  estruturação  e  organização  das  sociedades.  A  

industrialização,  associada  ao  aparecimento  da  produção  mecanizada  baseada  no  uso  de  

recursos  energéticos   inanimados,   tais   como  o  vapor  e  a  electricidade,  produziu  efeitos  a  

vários  níveis:  

→ A  maioria  da  população  ativa  passou  a  trabalhar  em  fábricas;  

→ A  população  concentrou-­‐se  nas  cidades,  levando  ao  seu  desenvolvimento;  

→ As   organizações   em   grande   escala,   como   o   Estado,   passaram   a   influenciar   mais  

directamente  a  vida  populacional.  

  Deste  modo,  o  poder  económico  passa  a  estar  na  posse  de  um  novo  grupo  social,  a  

burguesia,   que   diz   respeito   a   indivíduos   ligados   ao   comércio,   à   indústria   ou   à   finança.  

Assim,  o   sistema  de  estratificação   transforma-­‐se,  dado  que  a  determinação   social  de  um  

indivíduo   passa   a   ser   determinada   pela   posse   ou   propriedade   de   recursos   económicos,  

designando-­‐se   agora   os   novos   estratos   sociais   por   classes   sociais.   As   classes   sociais  

servem  para  designar  grupos  de  indivíduos  que  partilham  recursos  semelhantes,  podendo  

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ser  económicos,  culturais,  sociais  e/ou  simbólicos.  A  distinção  entre  as  classes  sociais  e  as  

formas  anteriores  de  estratificação  é  visível  nos  seguintes  níveis:  

→ As   classes   não   são   estabelecidas   por   disposições   legais   ou   religiosas,   ou   seja,   os  

seus  membros  não  herdam  uma  posição  de  classe,  nem  ascendem  pelo  costume  ou  

pela  lei;  

→ A   mobilidade   social   é   maior,   uma   vez   que   o   estatuto   do   indivíduo   pode   ser  

alcançado,   não   existindo   restrições   legais   aos   casamentos   entre   indivíduos   de  

classes  diferentes;  

→ Os   factores   de   ordem   económica   passam   a   determinar   a   pertença   a   uma   classe  

social,  ao  invés  dos  religiosos,  legais  e  tradicionais;  

→ A  pertença  a  uma  classe  não  impõe  um  sistema  de  relações  pessoais  de  dever  ou  de  

obrigação.  

4. A modernidade e a abertura à permeabilidade social

4.1. O “ ideár io” da Revolução Francesa

  Apesar  da  consolidação  do  capitalismo  e  do  poder  económico  detido  pela  burguesia,  

a  nobreza  continuava  a  ter  prestígio  social  e  a  possuir  o  poder  político,  ou  seja,  o  regime  

político  era  absoluto  e  monárquico.  

  Segundo  o   filósofo   inglês  Lock,  que  criticava  o  absolutismo,  a  propriedade  privada  

era  um  direito  natural  dos  homens,  concedido  por  Deus,  como  fruto  do  seu  trabalho.  Por  

sua  vez,  o  Estado  deveria  garantir  esse  direito.  

  Esta  teoria  legitimava  assim:  

→ A  existência  das  desigualdades  com  base  na  propriedade  dos  recursos  económicos;  

→ O   sangue   e   a   hereditariedade   da   nobreza   deixavam   de   ser   as   únicas   fontes   de  

legitimação  do  poder,  sendo  a  burguesia  detentora  desses  recursos.  

  Desta   forma,  a  propriedade  concebida  como  um  direito  natural,   livre  de  quaisquer  

encargos,  foi  um  dos  pilares  da  Revolução  Francesa,  juntamente  com  a  defesa  da  liberdade  

e  da  igualdade.  Assim,  o  Artigo  17º  da  Declaração  dos  Direitos  do  Homem  e  do  Cidadão  de  

1789  consagrou  a  propriedade  como  um  direito  inerente  à  natureza  humana.  

 

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4.2. Doutr inas utopistas e soc ial istas dos séculos XIX e XX

  Entre  os  séculos  XVIII  e  XIX,  as  mudanças  económicas  e  sociais  são  muito  grandes:  

→ Agrupam-­‐se   os   donos   das   indústrias,   passando   a   constituir   a   elite   que   também  

domina  a  política;  

→ Cada   vez   em  maior   número,   os   trabalhadores   das   fábricas   constituem  uma  nova  

classe,  o  proletariado  operário.  

  No   início  da   industrialização   foram  cometidas  muitas   injustiças  e  violados  os  mais  

elementares   direitos   humanos,   sendo   que   a   constatação   dessas   desigualdades   sociais  

levou   ao   aparecimento   de   concepções   sociais   e   políticas   que   o   criticavam   enquanto  

sistema   produtor   de   perigosas   desigualdades   sociais   e   defendiam   uma   repartição   mais  

equilibrada   da   riqueza.   Por   oposição   à   situação   de   desigualdade,   estas   concepções  

defendiam  que  a  evolução  humana  deveria  caminhar  no  sentido  de  uma  maior  igualdade  

entre  cidadãos  e  solidariedade  cívica.  

  Estas   primeiras   correntes   surgem   como  um   impulso   ético   de   combater   a   injustiça  

social,   conhecidas   como   as   doutrina   do   Socialismo   Utópico.   Os   primeiros   projetos  

programáticos  foram  iniciativas  voluntárias,  destacando-­‐se  as  seguintes:  

→ Robert  Owen  (1771-­‐1858),  um  industrial  defensor  das  ideias  de  emancipação  dos  

operários  e  de  cooperação,  defendia  a  garantia  da  “harmonia  entre  a  sociedade  e  a  

natureza”.   Owen   defendia,   que   o   Estado   devia   intervir   no   processo   de   produção  

através   de   legislação   adequada,   e   responsabilizar   os   patrões   em   remediar   a  

situação  de  miséria  dos  trabalhadores.  Defendia  ainda,  a  abolição  da  propriedade  

privada  e  a  constituição  de  cooperativas  operárias.  

→ Saint-­‐Simon  (1760-­‐1825)  defendia  que  o  Estado  deveria  ser  dirigido  por  uma  elite  

esclarecida   de   sábios,   engenheiros   e   industriais,   bem   como   a   reorganização   da  

economia,  a  fim  de  garantir  uma  maior  justiça  social.  

→ Proudhon  (1809-­‐1865)  denuncia  os  malefícios  da  propriedade  privada,  apesar  de  

aceitar   as   pequenas   propriedades   individuais.   O   seu   pensamento   libertário  

defendia   a   organização   voluntária   e  mutualista   dos   oprimidos  para   lutarem  pela  

igualdade  e  contra  as  raízes  da  injustiça,  como  a  propriedade.  

  Assim,   começa   a   desenvolver-­‐se   a   organização   “científica   ”   do   movimento   –   o  

Socialismo  Científico  –  que  corresponde  à  tentativa  de  compreender  os  fenómenos  sociais,  

numa  perspectiva  evolutiva,  e  necessária,  no  sentido  da  justiça  social.  

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  K.  Marx  (1818-­‐1883)  e  F.  Engels  (1820-­‐1895)  consideram  impossível  colocar  essas  

doutrinas   em  prática.  Ambos   redigem  o   “Manifesto  do  Partido  Comunista”   (1848),   onde  

defendem   que   os   progressos   técnicos   levam   a   uma   incompatibilidade   entre   o  

desenvolvimento  das   forças  produtivas   e   a   forma   capitalista  da   sua  utilização.  Assim,   as  

contradições   sociais   e   a   luta   de   classes   determinariam   o   fim   do   modo   de   produção  

capitalista,  cabendo  ao  proletariado  a  função  decisiva  nessa  transformação.  

  Desta   forma,   os   antagonismos   que   defendiam   as   sociedades   industriais   seriam  

utilizados   para   que   as   transformações   se   tornassem   inevitáveis,   atribuindo  

progressivamente   às   classes   oprimidas,   a   consciência   do   seu   papel   histórico.   Assim,   o  

capitalismo   daria   origem   ao   socialismo,   o   que   corresponderia   a   uma   perpétua  

transformação  das  sociedades  humanas  –  visão  determinista  da  história.  

  K.   Marx   e   F.   Engels   defendiam   que   todos   os   trabalhadores   se   deveriam   unir,  

revoltando-­‐se   e   impondo   uma   ditadura   do   proletariado.   A   exploração   capitalista  

terminaria   com   a   expropriação   dos   proprietários,   construindo-­‐se   uma   sociedade   sem  

classes  e  sem  Estado  –  a  sociedade  comunista.  

4.3. Revoluções sociais do século XX

  A  primeira  experiência  histórica  de  um  regime  socialista  correspondeu  à  Revolução  

Russa   de   1917,   sendo   que   os   bolcheviques   chegaram   ao   poder,   liderados   por   Lenine  

(1870-­‐1924).  O  modelo  soviético  conjeturava  uma  economia  de  direção  central,  baseada  

na   existência   de   uma   autoridade   que   decidia   sobre   a   distribuição   de   recursos,   a   fim   de  

satisfazer  as  necessidades  colectivas.  Deste  modo,  o  Estado  dirigia  a  economia  através  de  

um  Plano,  onde  eram  definidos  os  objectivos  de  produção  e  de  consumo.  

  O  regime  soviético  tentou  alargar  a  sua  influência  política  à  Europa,  sendo  que  após  

a   2ª   Guerra   Mundial   (1945),   com   a   partilha   da   Europa   em   duas   zonas   geográficas   –  

Estados   Unidos   e   União   Soviética   –   passou   a   influenciar   os   países   da   Europa   Central   e  

Leste.  Porém,  também  fora  da  Europa  foram  realizadas  Revoluções  comunistas  nacionais:  

• A  revolução  socialista  chinesa  em  1949,  sob  a  direcção  de  Mao  Zedong  (1893-­‐1976),  

onde   o   modelo   com   um   forte   sentido   pragmático   sobreviveu   à   morte   do   seu  

fundador  e  à  queda  do  regime  soviético.  

• A   revolução   cubana,   lançada   por   Fidel   de   Castro   (1927)   e   Ernesto   Che   Guevara  

(1928-­‐1967),   onde   ainda   hoje   procura   manter   fidelidade   aos   princípios   do  

socialismo  e  colectivismo.  

  Porém,   como   poderia   haver   um   único   país   a   seguir   um   sistema   diferente?   Como  

poderia  a  Rússia  ser  a  ilustração  do  determinismo  histórico,  dado  o  seu  regime  capitalista  

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encontrar-­‐se   num   grau   de   desenvolvimento  menos   avançado   do   que   o   de   outros   países  

ocidentais?  

  Deste  modo,   no   inicio   dos   anos   20   do   século   passado,   esta   experiência   teve   como  

consequência  cisões  no  seio  dos  partidos  da  Associação  Internacional  dos  Trabalhadores:    

→ Os  Partidos  Comunistas,  na  experiência  soviética;    

→ E  por  outro   lado  os  Partidos  Socialistas   e   Social-­‐Democratas,   que   se  mantiveram  

fiéis   à   lógica   liberal   e   ao   parlamentarismo   no   funcionamento   das   instituições  

politicas.    

  Este  socialismo  reformista  marcou-­‐se  pelo  modelo  soviético,  defendendo  assim  que  

o  voto  democrático  e  livre  e  a  expressão  dos  movimentos  da  sociedade  permitiriam  obter  

reformas  que,  anteriormente,  teriam  exigido  insurreições  sangrentas.  O  sufrágio  universal  

ajudaria,  assim,  a  reforma  gradual  do  capitalismo  e  a  sua  superação.      

  De   ponto   de   vista   liberal   e   democrático   foi   adoptado   na   Europa   pelo   movimento  

trabalhista  Britânico  e  pelos  partidos  sociais  democratas,  este  ponto  de  vista  adaptou-­‐se  

às  mudanças  sociais  ocorridas  durante  século  XX.    

  A  decomposição  do  regime  Soviético  e  a  desintegração  do  seu  bloco  de  influência  foi  

iniciado   em   1989   com   a   queda   do   Muro   de   Berlim,   o   que   levou   à   independência   dos  

estados   pertencentes   à   URSS,   à   autonomização   dos   países   das   sua   esfera   da   influência  

(Checoslováquia,  Polónia,  etc)  e  à  reunificação  da  Alemanha.    

  Daqui   em  diante,   estes  países  aproximaram-­‐se  do  modelo  ocidental  democrático  e  

capitalista,  afastando-­‐se  assim  do  socialismo.    

 

5. Mudança social – marcos históricos significativos  

  Hoje   em   dia   é   possível   olhar   para   o   passado   e   questionar   as   razões   que   terão  

levado  às  constantes  mudanças  que  aconteceram  e  que  continuam  a  alterar  a  sociedade.  A  

resposta  a  esta  questão  reside  no  processo  de  industrialização.  É  possível  notar  a  grande  

diferença   entre   as   sociedades   industrializadas     e   as   sociedades   anteriores,   visto   que,   as  

primeiras   concentram  a  maior  parte  da  população  nas   cidades   trabalhando  em   fábricas,  

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bancos,   escritórios,   etc,   e   que   a   evolução   dos   transportes   aproximou   as   populações   e  

integrou  os  espaços.    

  Outro  aspecto  onde  existiram  grandes  alterações  foi  no  sistema  político,  visto  que,  

se  passou  de  uma  monarquia  absoluta  para  um  estado  democrático.    

  O   acontecimento   mais   marcante   para   a   evolução   da   sociedade   moderna   foi   a  

Revolução  Industrial,  à  qual  estão  associados  outros  acontecimentos  como:    

ü A  construção  dos  nacionalismos;    

ü As  colonizações  e  a  construção  dos  impérios  coloniais;  

ü O  desenvolvimento  científico  e  tecnológico  dos  séculos  XIX  e  XX;    

ü As  duas  grandes  guerras  mundiais  do  séculos  XX;    

ü A  construção  da  democracia;    

ü As  descolonizações.    

 

5.1. A construção dos nacional ismos    

  O  nacionalismo,   teoria   política   que   surge   no   século   XIX,   defende   que   cada   nação  

deve   dispor   do   seu   próprio     Estado,   quer   isto   dizer   que   os   indivíduos   que   integrem   a  

mesma  cultura,  e  que  reconheçam,  deverão  integrar  o  mesmo  Estado,  pois  a  sua  tradição  

cultural   é   tão   valiosa   que   é   necessário   defende-­‐la   através   da   criação   e   ampliação   do  

próprio  Estado.    

  A   definição   das   fronteiras   permitiu   que   o   Estado   passasse   a   deter   um   poder   e  

soberania  exclusivos   sobre  determinado   territórios  determinada  população,  ou   seja,  que  

passasse  e  constituir  um  Estado-­‐Nação.    

  Os   estados-­‐Nação   surgem  com  as   sociedades   industriais,   pois   só  nelas   é  possível  

constituir  comunidades  nacionais  mais  próximas.    

5.2. As colonizações e a construção dos impérios coloniais  

  A  partir  do  século  XVII,  os  países  europeus  começaram  a  estabelecer  colónias  em  áreas  de  todo  o  mundo,  algumas  delas  até  aí  ocupadas  por  sociedades  tradicionais.    

  A   colonização   foi   fundamental   para   o   desenvolvimento   das   potências   europeias,   em  especial  a  Inglaterra,  pois  permitiu-­‐lhe  a  acumulação  da  capital  necessária  para  a  continuação  

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do  seu  desenvolvimento  industrial.  Isto  porque  as  colónias  têm  uma  dupla  função:  fornecerem    matérias  primas  para  a  industria  e  funcionavam  como  mercado  para  os  produtos  industriais.    

  A  colonização  contribuiu  também  para  a  divulgação  dos  modos  de  vida  ocidentais  

a  todo  o  mundo.      

Na  definição    do  mapa  social  do  globo,  o  colonialismo  foi  fundamental  para  dividir  as  

várias  regiões:    

• Zonas   industrializadas   –   regiões   habitadas   por   pequenas   comunidades   (Estados  

Unidos,  Nova  Zelândia  e  Austrália),  onde  a  população  europeia  constituía  a  maior  

parte  da  população  e  depois  foi  alcançada  a  independência.    

• Países   em   desenvolvimento   –   regiões   nas   quais   a   população   europeia   era   uma  

minoria  e  onde  o  desenvolvimento  industrial  foi  reduzido.    

5.3. O desenvolvimento c ientíf ico e tecnológico dos séc . XIX e XX  

  O  crescente  desenvolvimento  da  ciência  promove  a  constante  inovação  dos  meios  

tecnológicos  de  produção,  característicos  da  industria  moderna.    

  Nos  séculos  XIX  e  XX  o  desenvolvimento  científico  e  desenvolvimento  tecnológico  

atingiram  níveis  sem  precedentes  tendo  desta  forma  um  grande  impacto  na  economia,  na  

política   e  na   cultura,   visto  que,   o   desenvolvimento   científico   e   tecnológico  deu  origem  a  

novas   formas   de   comunicação,   como   por   exemplo   a   rádio,   a   televisão,   internet   e   os  

telemóveis,  que  vieram  alterar  a  esfera  cultural.    

5.4. As duas guerras mundiais do século XX  

  Além   da   sua   utilização   no   processo   de   expansão,   o   poder   militar   dos   países  

ocidentais   foram   também   aplicados   nas   duas   grandes   guerras   mundiais   do   século   XX.  

Estes   funestos   acontecimentos   tiveram   consequências   devastadoras,   visto   que,   por  

exemplo  na  2º  Guerra  Mundial  foram  mortos  pelo  regime  nazi  de  Hitler.  Além  disso,  a  2º  

Guerra  Mundial  deu  origem  a  alterações  a  nível  nacional  e  internacional:  

⇒ A   nível   nacional   –   reconstrução   económica   e   política   dos   países   derrotados  

(Alemanha  e  Japão),  nos  quis  são  implementados  regimes  democráticos;    

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⇒ A  nível  internacional  –  criação  da  ONU,  cujo  o  objectivo  é  manter  a  paz  em  todo  o  

mundo   e   assegurar   o   equilíbrio   entre   os   povos   tentando   por   fim   a   hegemonia  

mundial  da  Europa.    

 

5.5. A construção da democracia  A  democracia  surgiu  ligada  à  Revolução  Francesa  e  ao  progresso  do  capitalismo.  

Na  democracia,   o  povo  é  quem  governa,   quer  diretamente   –  democracia  direta   –  

quer   transversalmente   à   eleição   de   representantes,   aos   quais   é   incumbido   o   poder   e  

autoridade  –  democracia  representativa.    

Atualmente,  quase  todos  os  países  são  democracias  liberais.  A  sua  expansão  deve-­‐

se  ao  facto  dos  outros  regimes  políticos  terem  falhado,  sendo,  até  ao  momento,  a  melhor  

forma   de   organização   política.   Por   outro   lado,   o   progresso   dos   meios   de   comunicação  

social,  especialmente  a  televisão  e  a  internet,  permite  que  maior  parte  da  população  tenha  

rápido   acesso   à   informação,   o   que   dificulta   o   controlo   por   parte   do   Estado,  

impossibilitando-­‐lhe  o  recurso  a  formas  de  poder  mais  autoritário.    

Não   obstante,   apesar   da   expansão   dos   regimes   democráticos   é   cada   vez   mais  

comum   as   pessoas   demonstrarem-­‐se   desiludidas   com   as   instituições   democráticas,  

expressando  essa  desilusão  através  da  abstenção  aos  atos  eleitorais.  

   

5.6.  As descolonizações  Os   países   europeus   colonizaram   diversas   partes   do   mundo.   Algumas   colónias  

tornaram-­‐se  independentes  durante  o  século  XIX.  

Contudo,  apenas  posteriormente  à  2ª  Guerra  Mundial  maior  parte  dessas  colónias  se  

tronou  independente,  nomeadamente  na  Ásia  e  em  África,  maioritariamente,  na  sequência  de  

luas  anticolonialistas  sangrentas.  

Grande   parte   desses   países,   especialmente   os   africanos,   compõem   atualmente   as  

sociedades  em  desenvolvimento  e  englobam  os  países  mais  pobres  do  mundo.  As  condições  

de   vida   das   suas   populações   têm-­‐se   corrompido,   o   que   faz   com  que   um  grande   número   de  

pessoas   vivam  em  situação  de  extrema  pobreza.  A   agricultura   continua  a  principal   atividade  

económica,  todavia,  as  cidades  desenvolveram-­‐se  rápida  e  desordenadamente.    

A   situação   destes   países   não   pode   ser   explicada   afirmando   apenas   que   eles   se  

deixaram  atrasar  em  relação  às  regiões  mais  desenvolvidas  e  industrializadas.  Com  efeito,  uma  

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possível   causa   deste   atraso   será   o   facto   de   a   colonização   europeia   ter   minado   os   sistemas  

económicos  tradicionais  sem  ter  implementado  um  modelo  económico  alternativo.  

6.  A relatividade dos valores – tolerância e intolerância

Do   latim,   tolerância   significa   «ato   de   tolerar,   ou   seja   de   suportar».   Esta   palavra  

possui   diversos   significados,   nomeadamente   quando   aplicável   pela  medicina,   tem   como  

significado   a   capacidade   de   o   organismo   resistir   a   determinados  medicamentos.   Noutra  

perspetiva,   neste   caso,   social   e   humana,   esta   palavra   significa   a   tendência   para   permitir  

formas  de  pensar,  sentir  e  de  agir  diferentes  das  nossas,  o  que  significa  que  uma  atitude  

tolerante   será   aquela   que   declara   que   todos   têm   direito   a   ter   e   de   manifestar   as   suas  

opiniões,  mesmo  quando  estas  são  divergentes  às  nossas.  

Evidentemente,   existem   limites   à   tolerância,   quando   esta,   por   exemplo   não   se  

aplica   ao   conhecimento   científico,   pois   não   se   pode   ser   tolerante   com   erros   científicos,  

uma  vez  que  a  ciência  só  progride  corrigindo  os  seus  erros;  por  outro   lado,  não  se  pode  

assumir  um  caráter  universal  e  absoluto  como  por  exemplo  em  relação  ao  regime  de  Hitler  

na  Alemanha  nazi,  não  faria  sentido  ser-­‐se  tolerante.  

Por   outro   lado,   a   intolerância   corresponde   a   atitudes   que   não   respeitam   as  

diferenças  dos  outros,  ou  seja,  as  suas  perspetivas  e  opiniões,  as  suas  caraterísticas  físicas  

e/ou   culturais,   etc.   Por   vezes,   a   intolerância   é   baseada   em   preconceitos   que   se   fazem  

notar,  regra  geral,  sob  forma  de  discriminação.  

A  intolerância  religiosa  resulta  da  não  aceitação  de  crenças  e  de  práticas  religiosas  

dos  outros.  

Na  Antiguidade,  os  primeiros  cristãos  foram  perseguidos  por  judeus  e  pagãos.  Na  

Idade  Média  foram  os  judeus  e  todos  aqueles  que  praticavam  outras  religiões  e  até  mesmo  

mulheres  consideradas  feiticeiras  foram  alvo  de  perseguições  levadas  a  cabo  pelo  tribunal  

da  Inquisição  

No  século  XVI,  a  separação  da  igreja  católica  conduziu  ao  aparecimento  das  igrejas  

protestantes   (luteranos,   anglicanos,   calvinistas,   etc.)   –  Reforma.   Posteriormente,   a   igreja  

católica  reagiu  à  separação,  reorganizou-­‐se  e  reafirmou  as  suas  diferenças  relativamente  

aos  protestantes  –  Contra-­‐Reforma.    

As   preocupações   com   a   tolerância   religiosa   foram   expressas   por   pensadores   e  

filósofos   que   insistiram   para   que   católicos   e   protestantes   começassem   a   praticar   a  

tolerância,   em  vez  de   se  envolverem  em  conflitos   contra  quem  consideravam  cismáticos  

ou  hereges.  

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 A   divulgação   dessas   doutrinas   iniciou   o   caminho   para   que   no   século   seguinte   a  

implantação  do  Estado  secular  ganhasse  força.  

Desta  forma,  a  Revolução  Francesa  (1789),  sagrou  a  separação  do  Estado  da  Igreja,  

ou   seja,   proclamou   o   Estado   secular,   o   que   consentiria   a   existência   e   convivência,  

subordinada  ao  mesmo  governo.  

Porém,  as  perseguições  religiosas  não  cessaram,  tendo  atingido  níveis  nunca  antes  

vistos   na   História,   durante   o   século   XX,   quando   os   nazis   desenvolveram   sistemas  

industriais   de   extermínio   em   massa,   expelindo   milhões   de   judeus   e   outras   etnias  

indesejadas  pelo  regime  do  Holocausto  nazi.  

Nos  dias  de  hoje,  os  tumultos  religiosos  perduram,  tendo  a  Organização  das  Nações  

Unidas   (ONU)  validado,   a  25  de  Novembro  de  1981,   a  Declaração   sobre  a  eliminação  de  

todas  as  formas  de  intolerância  e  discriminação  fundadas  na  religião  ou  nas  convicções.  

Esta  declaração  fundamenta-­‐se  pelo  facto  do  desprezo  e  da  violação  dos  direitos  e  

das   liberdades   fundamentais,   particularmente,   o   direito   a   liberdade   de   pensamento,   de  

consciência,   de   religião   ou   de   qualquer   convicção,   terem   causado   guerras   e   grandes  

sofrimentos   à   Humanidade,   principalmente   nos   casos   em   que   sirvam   de   meio   de  

intromissão   estrangeira   nos   assuntos   internos   de   outros   Estados   e   serem  o  mesmo  que  

aliciar  o  ódio  entre  os  povos  e  as  nações.  Neste  sentido,  são,  uma  vez  mais,  reiterados  os  

princípios   de   não   discriminação   e   de   igualdade   perante   a   lei   e   o   direito   à   liberdade   de  

pensamento,  de  consciência,  de  religião  ou  de  convicção.  

Atualmente,   para   além   dos   desacatos   religiosos,   têm   eclodido   outros   focos   de  

intolerância:  

• O   colonialismo,   e   mais   recentemente,   as   migrações   internacionais   tem  

conduzido  a  situações  de  intolerância  como  a  xenofobia  e  o  racismo;  

• Conflitos   político-­‐religiosos   conduzidos   ao   limite,   como   é   exemplo   o   do  

terrorismo.  

 

A  legislação  dos  Estados  nacionais  culmina  a  aplicação  de  leis  contra  quem  pratica  

atos   violentos   de   intolerância.   Porém,   coloca-­‐se   a   questão   de   saber   qual   o   grau   de  

intolerância  que  um  governo  deve  aceitar  uma  manifestação  de  intolerância.    

 

 

 

 

 

 

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7. Organizações internacionais de defesa dos direitos humanos

 

De   entre   as   organizações   internacionais   que   fomentam   a   defesa   dos   direitos  

humanos  evidencio  as  seguintes:  

• Organização  da  Nações  Unidas;  

• Amnistia  Internacional;  

• Médicos  sem  fronteiras;  

• AMI  (Assistência  Médica  Internacional);  

• Oikos.  

 

7.1. Organização das Nações Unidas  É  uma  instituição  internacional,  fundada  após  a  2ªGuerra  Mundial,  com  o  intuito  de  

manter  a  paz  e  a  segurança  no  mundo,  fomentar  relações  cordiais  entre  as  nações,  suscitar  

o  avanço  social,  melhorar  os  padrões  de  vida  e  defender  os  direitos  humanos.  

 

7.2. Amnist ia Internacional  Nasceu   em  Maio   de   1961,   defende   uma   visão   de  mundo   em   que   cada   indivíduo  

disfruta  de   todos  os  Direitos  Humanos   consagrados  na  Declaração  Universal  do  Direitos  

Humanos  e  noutros  padrões  internacionais  de  Direitos  Humanos.    

 

7.3. Médicos sem fronteiras  Organização   internacional  não  governamental,   sem  fins   lucrativos,  que   tem  como  

finalidade   proporcionar   assistência   médica   de   urgência   em   ocasiões   como   conflitos  

armados,  catástrofes  naturais,  epidemias  e  fome.  

   

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7 .4 . AMI  Foi   criada   com   os   mesmos   objetivos   que   os   Médicos   sem   fronteiras.   É   uma  

organização  não  governamental  portuguesa  que  aglomera  médicos,  profissionais  de  saúde  

e  outros  voluntários  que  aceitem  o  princípio  de  socorrer   todas  as  vítimas  de  catástrofes  

naturais,   acidentes   coletivos   e   situações   de   guerra,   sem   discriminação   de   raça,   política,  

religião,  filosofia  ou  posição  social.  

 

7.5. Oikos – Cooperção e Desenvolvimento  ONG   portuguesa   fundada   a   23   de   fevereiro   de   1988,   sendo   reconhecida  

internacionalmente  como  uma  organização  não  governamental  para  o  desenvolvimento.  

A  sua  missão  baseia-­‐se  em  motivar  a  cooperação  e  solidariedade  para  o  desenvolvimento  

humano  e  sustentável  das  regiões  e  países  mais  desfavor        

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Conclusão  

  Com  este  trabalho  concluo  que  consegui  atingir  objectivo  descrito  na  introdução,  e  aprender  mais  sobre  a  construção  social.