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a revista do engenheiro civil techne téchne 125 agosto 2007 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 125 ano 15 agosto de 2007 R$ 23,00 Especial concreto Auto-adensável Aparente Rolado Reação álcali-agregado Deformação lenta Arnold Van Acker ISSN 0104-1053 9 770104 105000 00125 Galeria Leme (SP) Concreto: estado-da-arte ENTREVISTA ARNOLD VAN ACKER Edifícios altos pré-moldados ARTIGO Fluência do concreto Auto-adensável Compactado com rolo Aparente Reforço estrutural capa tech 125a.qxd 3/8/2007 17:02 Page 1
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Jul 01, 2015

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‘a revista do engenheiro civil

techne

téchne125 agosto 2007

www.revistatechne.com.br

IPTapoio

Edição 125 ano 15 agosto de 2007 R$ 23,00

■Especial concreto ■

Auto-adensável ■Aparente ■

Rolado ■Reação álcali-agregado ■

Deform

ação lenta ■Arnold Van Acker

ISSN

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Galeria Leme(SP)

Concreto: estado-da-arte

ENTREVISTAARNOLD VAN ACKER

Edifícios altos pré-moldadosARTIGO

Fluência do concreto

� Auto-adensável� Compactado com rolo

� Aparente� Reforço estrutural

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2 TÉCHNE 125 | AGOSTO DE 2007

É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver

SUMÁRIO

SEÇÕESEditorial 4Web 8Área Construída 10Índices 14IPT Responde 16Carreira 18Melhores Práticas 20P&T 64Obra Aberta 70Agenda 72

CapaLayout: Lucia LopesFoto: Marcelo Scandaroli

ENTREVISTATorres pré-moldadasEspecialista belga Arnold Van Acker fala

sobre a construção de edifícios altoscom pré-fabricados

30 TÉCNICA E AMBIENTESustentável desde o canteiroUnidade bancária tem projeto

diferenciado desde o planejamento docanteiro até os sistemas agregados

36

24

CONCRETO APARENTEAcabamento finalComo produzir e aplicar concreto para

uso sem revestimento

32 CONCRETO ROLADO

Mistura quase secaPavimentos, usinas e barragens

ganham rapidez com método de concretagem quase a seco

40 ÁLCALI-AGREGADOReação perigosaBritas e areia podem reagir com

alguns cimentos e provocarpatologias no concreto

46 CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL

Mistura plásticaPropriedades ajudam execução

de estruturas com altas taxas de aço e que necessitam de acabamento final

52 DEFORMAÇÃO LENTAVariável concretaComo considerar a fluência do concreto

e evitar deformações exageradasnas estruturas

58 ARTIGOConsiderações sobre fluência

de concretosSelmo Chapira Kuperman explica esse

fenômeno e como domá-lo

76 COMO CONSTRUIRReforço de estruturas de concreto

com fibras de carbonoVeja passo a passo como calcular

e executar reforços com manta

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VEJA EM AU

EDITORIAL

4 TÉCHNE 125 | AGOSTO DE 2007

Há um traço comum entre os vários episódios dramáticos que

têm ocupado espaço na mídia nos últimos meses.Acidentes,

tragédias e outras ocorrências de causas díspares têm evidenciado

a falta de valorização da Engenharia pela sociedade brasileira.

Parece haver em nossas obras, órgãos públicos, agências

reguladoras, concessionárias e até nas empresas privadas, uma

prevalência de aspectos econômicos e políticos (muitas vezes

partidários) em detrimento dos parâmetros técnicos. O fenômeno

começa desde a seleção e escolha dos profissionais: controllers,

assessores especiais e até lobistas costumam ser mais valorizados do

que técnicos capacitados e experimentados em projetos e execução.

Manifestar-se contra tal realidade tornou-se, inclusive, sinônimo

de ingenuidade ou idealismo infantil. Não devemos, entretanto,

apenas lamentar o afastamento de nossos melhores técnicos do

poder de decisão. Nossos profissionais precisam defender, à luz dos

recentes fatos, o retorno de nossa Engenharia ao centro das questões

nacionais. Sem o tecnicismo desprovido de bom senso que prefere

ignorar a política. Mas com uma balança equilibrada, sobre a qual

os parâmetros técnicos sejam vistos com o respeito que merecem

em qualquer país civilizado do mundo. O Brasil precisa saber se a

pista do aeroporto está em condições de operação; se as contenções

do emboque de um túnel são seguras; se as curvas de uma nova

rodovia foram bem projetadas. E é assim que a História nos coloca

o desafio do crescimento e da necessidade premente de infra-

estrutura. Em nome do País, engenheiros, arquitetos e demais

profissionais da construção civil devem se colocar à disposição para

que as obras das quais necessitamos sejam projetadas e executadas

com qualidade, segurança e dentro da ética. O momento requer

uma verdadeira convocação. Que os bons profissionais saibam

atendê-la com determinação e coragem.

Pela volta da Engenharia à vida nacional

� Condomínio Iracema� Ponte em Rio das Ostras� Planetário do Ibirapuera� Siegbert Zanettini

� Qualificação de mão-de-obra� Terceirização� Treinamento� Empresas na Bovespa� Segurança no trabalho

VEJA EM CONSTRUÇÃOMERCADO

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6 TÉCHNE 125 | AGOSTO DE 2007

Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)

DDiirreettoorr GGeerraall

Ademir Pautasso Nunes

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo

Eric Cozza [email protected]

EEddiittoorr:: Paulo Kiss [email protected]:: Gustavo Mendes RReeppóórrtteerr:: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial)

RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Maurício Luiz Aires;

Renato Billa (trainee) IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto PPrroodduuttoorraa eeddiittoorriiaall:: Juliana Costa FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli

CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.

Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano, Günter Leitner,José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam), José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi,

Osmar Mammini, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Conceição F. Hachich

EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Regiane Grigoli Pessarello PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Sidnei Falopa e Ariell Alves Santos

EEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Erica Costa Pereira e Ana Carolina FerreiraÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Andréia Cristina da Silva Barros CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Cristina Martins de Carvalho

SSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio PiniPPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Carlos F. de Oliveira, Adriano Andrade e Jane Elias

EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: Alexandre Ambros, Eduardo Yamashita,Bárbara Salomoni Monteiro, Ricardo Coelho e Rúbia Guerra

MMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Vitor Rodrigues VVEENNDDAASS:: José Carlos Perez RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini

AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval BezerraCCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini SSIISSTTEEMMAASS:: José Pires Alvim Neto e Pedro Paulo Machado

MMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza

EENNDDEERREEÇÇOO EE TTEELLEEFFOONNEESS

Rua Anhaia, 964 – CEP 01130-900 – São Paulo-SP – Brasil

PPIINNII Publicidade, Engenharia, Administração e Redação – fone: (11) 2173-2300

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RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2247-0407/9656-8856 BBrraassíílliiaa (61) 3447-4400

RReepprreesseennttaanntteess ddee LLiivvrrooss ee AAssssiinnaattuurraass::

AAllaaggooaass (82) 3338-2290 AAmmaazzoonnaass (92) 3646-3113 BBaahhiiaa (71) 3341-2610 CCeeaarráá (85) 3478-1611

EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528

MMaattoo GGrroossssoo ddoo SSuull (67) 9951-5246 PPaarráá (91) 3246-5522 PPaarraaííbbaa (83) 3223-1105

PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2265-7899 RRiioo GGrraannddee ddoo NNoorrttee (84) 3613-1222

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ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares)Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares)

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam,necessariamente, as opiniões da revista.

VVeennddaass ddee aassssiinnaattuurraass,, mmaannuuaaiiss ttééccnniiccooss,, TTCCPPOO ee aatteennddiimmeennttoo aaoo aassssiinnaanntteeSegunda a sexta das 9h às 18h

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fone (11) 2173-2373

e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

RReepprriinnttss eeddiittoorriiaaiiss

Para solicitar reimpressões de reportagens

ou artigos publicados:

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PINIrevistasRReeddaaççããoofone (11) 2173-2303fax (11) 2173-2327e-mail: ccoonnssttrruuccaaoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINImanuais técnicosfone (11) 2173-2328e-mail: mmaannuuaaiiss@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

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VVeennddaassfone (11) 2173-2424 (Grande São Paulo)0800-707-6055 (demais localidades)e-mail: vveennddaass@@ppiinniiwweebb..ccoomm

PINIserviços de engenhariafone (11) 2173-2369

e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PROIBIDA A REPRODUÇÃO E A TRANSCRIÇÃO PARCIAL OU TOTAL TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

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8 TÉCHNE 125 | AGOSTO DE 2007

Fórum TéchneO recebimento de comissão para aespecificação de materiais (reservatécnica) é um procedimento correto?Entendo que a especificação de qualquermaterial deve ter como finalidade amelhor solução para o projeto do cliente(qualidade, durabilidade, preço eadequação às características do local). Se o especificador recebe "comissão",coloca em dúvida o próprio projeto e osmateriais especificados, pois, para auferirmaior lucro, poderá optar pelos produtosmais caros e/ou até dispensáveis.Maria Alice Rodrigues Pereira

24/07/2007 15:40

Não existe "o melhor" produto/serviço,mas sim o de melhor desempenho paracada necessidade. O conhecimento deveser o norte de quem especifica, e não ocanto de sereia do ganho aparentementefácil da comissão. Quem quiser se exporexigindo ou aceitando comissão, que ofaça, assuma a responsabilidade, mastenha o zelo de guardar a reserva técnicapara eventuais necessidades de bancar os reparos materiais que venham a surgir.Já o reparo moral ...Eduardo Muzzolon

27/07/2007 11:43

Os softwares de cálculo banalizaramos projetos de estruturas eprejudicaram profissionaisexperientes?Não. Os softwares são apenas umaferramenta que na mão dos grandesprofissionais propiciam a elaboração degrandes projetos. Mas a criatividade e aexperiência continuam sendo qualidadesbásicas que devem ter os bonsprofissionais da área, às quais softwarenenhum consegue substituir.Cesar Eduardo Dantas

19/06/2007 14:21

Nos extras da reportagem "Reação perigosa", o engenheiro civil Ercio Thomaz,pesquisador do Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente Construído doInstituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo), responde a dezperguntas freqüentes sobre reação álcali-agregado (RAA).

Reação álcali-agregado

Confira mais fotos das principais soluçõessustentáveis da agência do Banco Real naGranja Viana, região Metropolitana de SãoPaulo. A agência, apresentada na seçãoTécnica e Ambiente, recebeu certificadoLeed (Leadership in Energy andEnvironmental Design) de empreendimentosustentável, o primeiro concedido pelaentidade na América do Sul.

Agência sustentável

Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdospublicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

www.revistatechne.com.br

Aprenda sobre as peculiaridades doCCR (Concreto Compactado com Rolo)executado de acordo com o método chinês rampado. A técnica proporciona,basicamente, uma movimentação otimizadadas fôrmas e a eliminação da argamassa deligação entre as subcamadas de concreto.Material disponível como conteúdo extra dareportagem "Mistura quase seca", sobre CCR.

Método chinês

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ÁREA CONSTRUÍDA

Construção quer acabar com balancim catracaOs empresários do setor da construçãocivil querem acabar, em cinco anos,com a utilização de andaimes suspen-sos tipo catraca. A informação partiudo diretor do setor de Relações Capi-

tal-Trabalho do SindusCon-SP (Sindi-cato da Indústria da Construção Civildo Estado de São Paulo), Haruo Ishi-kawa, durante um seminário sobre se-gurança em manutenção de fachadas

na sede da entidade. Segundo Ishika-wa, a eliminação desse tipo de balan-cim visa preservar os trabalhadores dointenso esforço ergonômico necessá-rio para deslocar o equipamento.

Passarela metálica estaiada é entregueEm julho foi entregue a passarela es-taiada que atravessa a avenida CidadeJardim, próxima à ponte de mesmonome, na cidade de São Paulo. Aobra, batizada Miguel Reale, atende-rá cerca de cinco mil usuários da es-tação de trem anexa à obra. A passa-rela é equipada com itens de acessibi-lidade – como corrimão de duas altu- M

ilton

Mic

hida

ras, piso tátil e elevador – e sua estru-tura é suportada por 21 hastes metá-licas. A mais longa mede 53,5 m e amenor, 23,2 m. O aço da estrutura dapassarela é do tipo Corten, materialresistente à ação das intempéries. Aaltura da passarela é de 6,10 m, queatende à necessidade de passagem decaminhões altos.

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Pavimento de concreto em CuritibaA avenida Santa Bernadethe, trecho de 6km que liga o centro de Curitiba à rodo-via BR-476,é mais uma via da capital pa-ranaense que recebe pavimentação emconcreto. Para a obra, a Prefeitura con-tou com a consultoria e o apoio técnicoda ABCP (Associação Brasileira de Ci-mento Portland), incluindo a elabora-ção do projeto, o treinamento de execu-ção para os técnicos e mestres-de-obras e

o acompanhamento de todo o processode execução da construção da via.A obracontemplou ainda a utilização de pisointertravado em todos os cruzamentos etravessias e concreto compactado comrolo na sub-base do pavimento.A aveni-da teve uma área total pavimentada de43.195 m², que consumiu 9.476 m³ deconcreto,além dos 4.980 m³ de concretocompactado com rolo. D

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O Construtech 2007 – Fórum PINIde Tecnologias & Negócios da Cons-trução trará no dia 24 de outubro,em São Paulo, um ciclo de palestrassobre cases de projetos estruturais di-ferenciados. Foram selecionadasobras como a "Ponte do Gênesis II"(Téchne 113), o "Hospital Materni-dade São Luiz Anália Franco", a "Se-gunda Ponte sobre o rio Orinocco",

Soluções estruturaisem foco

na Venezuela, e o "Centro de Con-venções do World Trade Center".Profissionais reconhecidos e premia-

dos como o engenheiro Roberto deOliveira Alves (Téchne 94), da Fi-gueiredo Ferraz, Flávio CorreiaD'Alambert, Virgílio Augusto Ramose Marcelo Waimberg fazem parte dotime de palestrantes. O evento serárealizado no Centro de ConvençõesFrei Caneca, na região central da capi-tal paulista. Para mais informações einscrições, acessar www.piniweb.com/ConstruTech/, enviar um e-mail [email protected] ou ligar para(11) 2173-2396.

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Á R E A C O N S T R U Í D A

Altura de construções em torno de parques é limitada em SPO Conpresp (Conselho Municipaldo Patrimônio Histórico de SãoPaulo) aprovou novas regras para asconstruções no entorno dos Parquesda Aclimação e da Independência, na

Seminário discute integração de projetosto um mesmo projeto. Nessa etapada obra, o recurso, já disponível emprogramas comercializados nomercado, tende a reduzir a ocorrên-cia de interferências entre projetosde naturezas diferentes – como deestruturas e instalações hidráulicaou elétrica. Em estágio avançado dedesenvolvimento estão as pesquisaspara integrar a etapa de projetos eorçamento, controle de consumode materiais e outras atividades ca-racterísticas do canteiro de obras.Entretanto, como ainda não se tratade uma tecnologia tão difundidaentre os membros da indústria da

A integração digital entre as diver-sas etapas do processo produtivo daindústria da construção foi o temacentral do Seminário Internacionalde Tecnologia de Informação e Co-municação na Construção Civil.Considerado uma tendência irre-versível na indústria da construção,o conceito de modelagem de infor-mação na construção (BIM, na siglaem inglês) promete a realização deprojetos de forma colaborativaentre os diversos profissionais en-volvidos no processo de produçãode um edifício. Dessa forma, todosos especialistas moldam em conjun-

zona Sul da capital. De acordo com asregulamentações, as construções lo-calizadas nas ruas imediatamentecontíguas a essas áreas verdes nãopoderão ter mais do que 10 m de al-

tura. Nos quarteirões mais afastados,as construções poderão ter até 25 mde altura. O topo das antenas instala-das na região também não poderá ul-trapassar os limites estabelecidos.

construção, o principal desafioapontado pelos participantes deveser a superação da resistência a mu-danças e o treinamento dos enge-nheiros. O seminário, que teve aparticipação de pesquisadores eprofissionais sul-americanos e eu-ropeus, ocorreu durante o 3o En-contro de Tecnologia de Informa-ção e Comunicação na ConstruçãoCivil, realizado em Porto Alegre emjulho. O evento foi organizado peloNorie (Núcleo Orientado para aInovação da Edificação) da UFRGS(Universidade Federal do RioGrande do Sul).

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Índices de qualidade para habitação popularUma equipe da UFRGS (UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul) vai de-senvolver um sistema de indicadoresde qualidade para a habitação de inte-resse social. A idéia é propor metodo-

Metrô paulistano tem nova estaçãotindo a economia de energia. O úl-timo nível de piso antes das plata-formas é um mezanino de distri-buição em estrutura metálica comlaje em steel deck. A estrutura estásustentada por 44 tirantes no túneldo corpo da estação. De acordocom o Metrô, esse tipo de estrutu-ra será utilizado na maioria das es-tações da Linha 4 – Amarela. Umapintura especial protege a laje daação do fogo por até 90 minutos: atinta utilizada é intumescente e,sob a ação do fogo, transforma-seem uma densa espuma que prote-ge a estrutura. Ci

ete

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A estação Alto do Ipiranga, locali-zada na linha verde do Metrô dacapital, foi inaugurada no final domês de junho. Com um fluxo decerca de 40 mil entradas por dia,possui dois acessos que permitemchegar ao corpo da estação e às pla-taformas de embarque, que ficam a25 m abaixo do nível da rua. A esta-ção conta com dois elevadores es-peciais, sete escadas fixas e dez ro-lantes – cinco para subida e cincopara descida. Essas escadas rolan-tes são "inteligentes" e funcionamcom velocidade reduzida quandonão há usuários sobre elas, permi-

logias para avaliação do processo deexecução de obras, da satisfação deusuários e gestão da operação e ma-nutenção do produto final. A equipede pesquisadores testará as metodolo-

gias em obras do Rio Grande do Sul.Apesquisa contará com o apoio finan-ceiro da Finep (Financiadora de Estu-dos e Projetos) e do Programa de Tec-nologia de Habitação (Habitare).

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ÍNDICESCustos deEdificaçõesem São PauloPreços de construção sobem em julho,mas alta acumulada é inferior à variaçãodo IGP-M

O Índice PINI de Custos de Edifica-ções encerrou o mês registrando

alta de 0,15%, percentual inferior àinflação, que segundo o IGP-M (Índi-ce Geral de Preços de Mercado) foi de0,28%. Nos últimos 12 meses, a altado IPCE já chega a 3,31%, porém a va-riação também é inferior à do IGP-M,que no mesmo período soma 4%.

Dos reajustes ocorridos, o da calhidratada foi um dos mais significati-vos, chegando a 3,78%. Em junho osaco da cal hidratada custava R$ 5,09e este mês pulou para R$ 5,29.

Em julho não ocorreram deflaçõessignificativas que contribuíssem paraa queda do índice e apenas o preço dofio isolado com PVC permaneceu emqueda pelo segundo mês consecutivodevido à instabilidade no preço docobre. Em junho o rolo de 100 m dofio isolado custava R$ 94,49, caindoem seguida para R$ 89,55, o equiva-lente a 5,23%.

Insumos como a areia lavada, abarra de aço CA-50 3/8" e o cimentoPortland CP II apresentaram discretavariação de preço, enquanto a pedrabritada e a tinta látex PVA mantiver-am-se com preços estáveis.

SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:[email protected]. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com

IPCEIPCEIPCE mão-de-obra

materiaisglobal

Índice PINI de Custos de Edificações (SP)Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior

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3

45

Jul/06 Set Nov Jan Mar Mai Jul/07

TÉCHNE 125 | AGOSTO DE 2007

Data-base: mar/86 dez/92 = 100Mês e Ano IPCE – São Paulo

gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraaJJuull//0066 111100..441111,,0033 5533..222200,,2277 5577..119900,,7766ago 110.432,28 53.241,52 57.190,76set 110.443,36 53.252,61 57.190,76out 110.677,85 53.487,10 57.190,76nov 110.937,11 53.746,35 57.190,76dez 111.010,59 53.819,83 57.190,76jan 110.759,12 53.568,36 57.190,76fev 110.716,18 53.525,42 57.190,76mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13JJuull//0077 111144..006655,,5533 5533..554477,,8833 6600..551177,,7711Variações % referente ao último mêsmês 0,15 -0,23 0,48acumulado no ano 2,75 -0,51 5,82acumulado em 12 meses 3,31 0,62 5,82Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir dasvariações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado porpesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência.Fonte: PINI

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Envie sua pergunta para a Téchne.Utilize o cartão-resposta encartado na revista.

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IPT RESPONDE

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Ensaio de arrancamento

menos quatro valores forem iguais ousuperiores aos indicados na tabela 2".Existem diversos fornecedores de equi-pamentos para execução dos testes deaderência, sendo recomendável buscaem catálogos especializados ou mesmovia internet. Alguns deles: Dinateste;Consulcret; Panambra; Solotest.Cristina Kanaciro

IPT – Cetac (Centro de Tecnologia do

Ambiente Construído)

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O que é e como é feito o teste dearrancamento de revestimentosargamassados para fachadas? Existemtabelas de avaliação com resistênciasadmissíveis? Quais equipamentos sãoutilizados nesse teste? Reges F. M. da Cunha

Blumenau (SC)

O Teste de Arrancamento é um ensaiorealizado segundo o método prescritona norma NBR 13528:1995 – Revesti-mentos de paredes e tetos de argamassasinorgânicas – Determinação da resistên-cia de aderência à tração – Método deensaio. A avaliação da aderência é feitasegundo a NBR 13749:1996 – Revesti-mentos de paredes e tetos de argamassasinorgânicas – Especificação, que diz:

"5.7 Aderência O revestimento de argamassa deveapresentar aderência com a base eentre suas camadas constituintes, ava-liada conforme 5.7.1 e 5.7.2.5.7.1 Avaliar a aderência dos revesti-mentos acabados por ensaios de per-cussão, realizados através de impactosleves, não contundentes, com martelode madeira ou outro instrumento rijo.A avaliação deve ser feita em cerca de 1m², sendo a cada 50 m² para tetos e acada 100 m² para paredes. Os revesti-mentos que apresentarem som cavonesta inspeção, por amostragem,devem ser integralmente percutidospara se estimar a área total com falhade aderência, a ser reparada.

5.7.2 Sempre que a fiscalização julgarnecessário, devem ser realizados ou so-licitados a laboratório especializado aexecução de pelo menos seis ensaios deresistência de aderência à tração, con-forme NBR 13528, em pontos escolhi-dos aleatoriamente, a cada 100 m² oumenos de área suspeita. O revestimen-to desta área deve ser aceito se de cadagrupo de seis ensaios realizados (comidade igual ou superior a 28 dias) pelo

Tabela 2 – LIMITES DE RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO (RA) PARA EMBOÇOE CAMADA ÚNICA Local Acabamento Ra Parede Interna Pintura ou base para reboco ≥ 0,20

Cerâmica ou laminado ≥ 0,30 Externa Pintura ou base para reboco ≥ 0,30

Cerâmica ≥ 0,30 Teto ≥ 0,20 (Unidades em megapascal)

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CARREIRA

Quando partiu para a graduação,em 1963, não havia para Selmo

Kuperman muitas opções além dosprincipais cursos das áreas de Exatas,Humanas e Biológicas. Direito não es-tava em seus planos; Medicina, talvezestivesse, mas a longa extensão docurso não atraía o vestibulando.Como pretendia trabalhar na indús-tria automobilística, carro-chefe dapolítica desenvolvimentista de Jusceli-no Kubitschek, Selmo partiu para aEngenharia Mecânica da FEI (Facul-dade de Engenharia Industrial), quecursou durante um ano.

Não se adaptou ao curso, prestounovo vestibular e entrou na Escola Poli-técnica da USP (Universidade de SãoPaulo). Durante o ciclo básico do pri-meiro ano, assistiu a algumas aulas emMecânica, Minas e Civil, e finalmenteescolheu a última. "Talvez eu tenha idopara a Engenharia Civil porque tinha omelhor time de futebol da faculdade",brinca."A engenharia civil não estava nosangue. Na verdade, aconteceu poracaso." Durante o curso, estagiou emuma construtora e no escritório de cál-culo estrutural de Julio Kassoy e MárioFranco. Concluiu a graduação e foi parao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológi-cas do Estado de São Paulo), trabalharcomo pesquisador na área de tecnologiade concreto e materiais de construção.

No início da década de 1970 veio o"Milagre Econômico" e o período deinvestimentos em infra-estrutura. Ademanda por engenheiros civis cres-ceu e a Themag,que prestava consulto-

Selmo KupermanEngenheiro especializou-se em tecnologia do concreto e trabalhouna construção das principais hidrelétricas do País

PERFIL

Nome: Selmo Chapira KupermanIdade: 61 anosGraduação: Engenharia Civil, em 1969, pela Escola Politécnica da Universidade de São PauloPós-graduações: especialização em Materiais de Construção peloLaboratório Nacional de EngenhariaCivil de Portugal; em Materiais paraConstrução Civil na Taylor WoodrowResearch Laboratories da Grã-Bretanha; em Concrete Constructionna Universidade da California –Berkeley (EUA); mestrado e doutoradoem Engenharia Civil pela EscolaPolitécnica da USPEmpresas em que trabalhou: IPT,Themag Engenharia, USP e DesekCargos exercidos: membro decomitês técnicos da ABNT, do AmericanConcrete Institute e da AmericanSociety for Testing and Materials,presidente do Ibracon e professorconvidado da USP

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ria em obras de barragens, anunciouuma vaga - que ficou com Selmo - parapesquisa de tecnologia de concreto embarragens. Foi o momento de partici-par de obras de porte, entre elas IlhaSolteira e Jupiá.

Prestes a concluir o mestrado, em1973, o engenheiro quis estudar forado País. Quando sua empresa lhe ga-rantiu que não perderia seu posto, soli-citou bolsa de estudos em Portugal ena Inglaterra.Quase ao mesmo tempo,teve seu pedido atendido pela Funda-ção Calouste Gulbenkian portuguesa epelo CBI (Confederação das Indús-trias Britânicas, em inglês). Para nãoperder as duas oportunidades, pediu oadiamento da bolsa inglesa e partiupara Portugal, onde ficou por um anopesquisando concretos expansivos noLNEC (Laboratório Nacional de Enge-nharia Civil). E jogando futebol. Nosdois semestres, foi bicampeão do cam-peonato do LNEC com o time de bra-sileiros de que fazia parte.

Encerrada a temporada em Portu-gal, Selmo partiu para a Inglaterra,onde estagiou por mais um ano no la-boratório de pesquisas da empreiteiraTaylor Woodrow.Participou do projetode construção de um reator de plutô-nio de uma usina nuclear, cujo concre-to exigia altíssima condutividade tér-mica. "Trabalhávamos para conseguiro recorde mundial de condutividade, econseguimos", explica. O concretofinal, além de água, aditivos superplas-tificantes e cimento Portland, tinha açocomo agregado graúdo e hematita

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Obras marcantes das quaisparticipou: Usinas Hidrelétricas de Ilha Solteira, Itaipu, Tucuruí,Lajeado, Peixe Angical e Porto Primavera

Obra mais significativa daengenharia brasileira: Usinashidrelétricas de Itaipu, pela dimensãoe pela preocupação com a logísticaque exigiu, e de Tucuruí, peladimensão e pelo desafio de setrabalhar na região Amazônica

Realização profissional: ver que trabalhos que desenvolveu ao longo da carreira foram úteis para outros engenheiros

Mestres: os engenheiros Roy Carlson,José Carlos Gam, Mikos Polivka, Eladio Petrucci e Milton Vargas

Porque escolheu ser engenheiro:quando prestou vestibular, nãoqueria ser médico ou advogado, as outras opções de carreira maisatraentes na época

Melhor instituição de ensinode engenharia: Escola

Dez questões para Selmo Chapira KupermanPolitécnica da Universidadede São Paulo

Conselho ao jovem profissional:estudar sempre, procurar coisasnovas, não esmorecer e estarsempre a par do que já foi feito no passado

Principais avançostecnológicos recentes: concretocompactado com rolo, os avançosnos aditivos para concreto, oadvento de softwares que tornampossíveis cálculos que eramimpossíveis de serem realizados no passado

Indicação de livro: Concreto –Ensino, Pesquisa e Realização,organizado por Geraldo C. Isaia e editado pelo Ibracon em 2005

Um mal da engenharia:a engenharia não faz mal, algumas pessoas fazem mal àengenharia. A formação dosengenheiros preza a busca porimediatismo e a solução dosproblemas sem diagnosticá-los da forma correta

lia ajudar a desenvolver um Programade Controle de Operação de Manu-tenção de Barragens com a Eletronor-te. Lá, também elaborou um dos pou-cos memoriais de construção de bar-ragens do País, com informações deta-lhadas da fase de projeto da hidrelétri-ca de Tucuruí às informações técnicasde operação. Tudo reunido em setevolumes, hoje encontrados em poucasbibliotecas. Selmo lamenta que traba-lhos como esse não sejam práticacomum em obras desse tipo. "Docu-mentos como esse são fundamentaispara os engenheiros saberem comoforam executados projetos dessa mag-nitude", explica. Na época da publica-ção, a Eletronorte distribuiu exempla-res entre quase todas as bibliotecas deengenharia civil do País, mas hoje aobra é pouco conhecida. "Nas poucasbibliotecas que têm esses exemplares,poucos lêem o material, que é riquíssi-mo. Assim, não há uma transferênciaefetiva de conhecimento de uma gera-ção para outra."

Um ano após a conclusão do dou-torado, foi convidado para dar aulasem tempo integral na USP, onde haviase formado. Selmo recusou o convite,mas fez um acordo com a Politécnicapara dar aulas como professor convi-dado na pós-graduação, tudo sem cus-tos para a Universidade. "Achei queseria uma retribuição à Escola onde euestudei de graça, onde eu tive bonsprofessores, bons laboratórios", conta.O curso é dado até hoje.

Em 2006, também se desligou daempresa em que trabalhou durante 36anos para dedicar-se apenas à Desek.Essa consultoria, Selmo montou em2002, quando ainda trabalhava naThemag. Mais uma vez, entrou emacordo com a empresa – manteria osdois empregos, desde que não concor-ressem pelos mesmos projetos.

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como agregado miúdo. "Foi necessárioestudar muito concreto pesado e radia-ção." Voltou ao Brasil em 1978, con-cluiu seu mestrado e foi chamado paratrabalhar nos projetos das barragens deItaipu, Porto Primavera e Tucuruí.

Ciclo parecido ele enfrentou du-rante seu doutorado. Depois que com-pletou os créditos necessários, recebeuem 1981 convite de Roy Carlson – pro-fessor americano que prestou consul-

toria durante a construção da barra-gem de Ilha Solteira – para estudar naUniversidade da Califórnia, em Berke-ley. O então doutorando não hesitouem partir para a instituição que haviadesenvolvido os primeiros concretosexpansivos. Visitou ali a primeira bar-ragem construída com concreto com-pactado com rolo. Voltou ao Brasil econcluiu o doutorado em 1983.

Na década de 1980, foi para Brasí-

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MELHORES PRÁTICAS

ContrapisoEmbora simples e usual, execução do contrapiso demanda atençãotanto a detalhes como aos tempos de execução

Com a superfície limpa e livre dotrânsito de pessoas, a base deve serlavada com água em abundância. No dia seguinte, retirado o excesso de água, a camada de aderência écriada polvilhando-se cimento compeneira numa quantidade de 0,5 kg/m2

e espalhando com vassoura até obteruma fina película. Uma vez que a natade cimento não pode endurecer, oprocedimento deve ser realizado em etapas e imediatamente antes do lançamento da argamassa.

Preparo da base

TaliscasLimpos e umedecidos, os pontos ao longodo perímetro que receberão as taliscasdevem ser polvilhados com cimento paraformar uma nata que garanta a aderênciada argamassa de assentamento, que deve

Resíduos, restos de argamassa e outrosmateriais devem ser retirados, assimcomo devem ser removidos óleos,graxas, colas, tintas ou produtosquímicos eventualmente presentes nasuperfície da base. Resíduos aderidospodem ser removidos com uso de picão,vanga ou ponteira e marreta. Pó epartículas soltas são eliminados comvassoura dura, tipo piaçaba.

Camada deaderência

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ter composição, dosagem e umidadeidênticas à do contrapiso. Executando essa etapa previamente ao contrapiso, é possível treinar as equipes e controlar os níveis das taliscas.

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Colaboração: engenheira Mércia Bottura de Barros, professora doutora da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,engenheiros José Tadeu Capelossi, Elayne Rodrigues de Matos, Oswaldo Nannini e Alexandre Britez, da Cyrela Brazil Realty

AcabamentosuperficialO acabamento mais comum é odesempenado, realizado após osarrafeamento com régua metálica e obtido com desempenadeira demadeira, passada em movimentoscirculares. Elimina pequenasirregularidades e é indicado para quandoo revestimento é fixado com dispositivosou argamassa colante. Nos casos emque a fixação é com adesivo à base deresina, o mais adequado é o acabamentoalisado, obtido com desempenadeira de aço ou colher de pedreiro.

Construção das mestras

Aplicação daargamassaSe o contrapiso tiver até 30 mm deespessura, a argamassa pode serespalhada, com enxada, de uma só vez.Caso contrário, em duas ou mais camadas.De qualquer maneira, é importantecompactar cada camada de argamassacom soquete, eliminando vazios e, assim,proporcionando maior resistência docontrapiso aos esforços mecânicos.

Auxiliares ao nivelamento, as mestrasdevem ser executadas imediatamenteantes da execução do contrapiso. Para tanto, ao concluir a camada deaderência, espalha-se argamassaentre as taliscas. Com auxílio de um

soquete, compactar energicamenteo material contra a base até atingir o nível estabelecido, o que ocorre ao cortar os excessos com auxílio de uma régua de alumínio apoiadasobre as taliscas.

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ENTREVISTA

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ARNOLD VAN ACKER

Mestre em Engenharia Civil pelaUniversidade de Ghent, na Bélgica,Van Acker trabalhou por 45 anos naindústria de pré-moldados deconcreto, em pesquisa edesenvolvimento de produtos eestruturas; participou também decomitês de padronização técnicaeuropeus. Aposentou-se em 2001,mas ainda participa de atividades dosetor na Febe (Federação Belga deConcreto Pré-moldado) e na FIB(Federação Internacional doConcreto). Foi condecorado pela FIP(Federação Internacional daProtensão, na tradução livre) por suacontribuição ao desenvolvimento doconcreto protendido e pré-moldado.Foi premiado pela FederaçãoInternacional do ConcretoProtendido, pelo Comitê Europeu de Padronização e outras entidadesbelgas e internacionais.

Há ainda um certo receio de se utili-zar elementos pré-fabricados em

construções altas e esbeltas, como edifí-cios comerciais ou residenciais.Não semrazão,uma vez que não faltam dificulda-des técnicas para garantir a estabilidadeestrutural de todo o conjunto,principal-mente à ação de forças horizontais,como as do vento.Mas a tendência podeestar mudando: Arnold Van Acker,membro da FIB (Federação Internacio-nal do Concreto), tem acompanhado aexplosão do uso da pré-fabricação nospaíses europeus, sobretudo em seu país,a Bélgica, e na Holanda. Em Rotterdam,recentemente foi erguido um edifício de142 m de altura e 42 andares,37 deles empré-moldados. A concepção estruturalmais comum desse tipo de construçãocompreende uma espécie de "espinhadorsal", moldada in loco, cercada pelos

elementos pré-moldados do restante daestrutura. Esse núcleo monolítico é umdos principais responsáveis pela garan-tia da estabilidade horizontal da torre.Outros aspectos, entretanto, norteiamos projetos que empregam esse sistemaconstrutivo. De acordo com o enge-nheiro belga, após os ataques terroris-tas de 11 de setembro, desenvolveram-se os estudos sobre colapso progressi-vo em estruturas pré-moldadas. Umasérie de dispositivos deve ser previstaem projeto para permitir que, casoqualquer elemento seja retirado da es-trutura, ela seja capaz de redistribuiras cargas sem colocar em risco osusuários. Foi convidado pela ABCIC(Associação Brasileira da ConstruçãoIndustrializada de Concreto) parapalestra na feira Concrete Show (SãoPaulo, 15 a 17 de agosto).

Torres pré-moldadasNos últimos anos, o desenvolvimento dos pré-fabricados de concretopossibilitou sua utilização mais intensiva em estruturas de edifícios altos

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Como tem evoluído o uso de pré-moldados de concreto emedifícios altos?Nos últimos cinco anos, na Bélgica ena Holanda, houve uma verdadeiraexplosão de construções de edifíciospré-moldados, que chegam hoje a al-turas de mais de 142 m. Até os anos1990, o concreto pré-moldado nãoera muito usado nesse segmento demercado, mas recentes avanços na in-dústria de pré-moldados mudarammuito esse quadro.

Quais as vantagens da utilizaçãodesse sistema construtivo?Com o uso de elementos protendidosem vigas e lajes, podem-se obter vãosmaiores e construções mais esbeltas.Emconstruções industriais e comerciais, osvãos da cobertura podem chegar a 40 m.Em garagens, o pré-moldado possibilitaque os usuários coloquem mais carrosno mesmo espaço, em função não ape-nas dos maiores vãos, mas também dasmenores seções dos pilares. Em prédiosde escritórios, a tendência é a de cons-truir espaços amplos e abertos, com osambientes separados por divisórias.

Isso tem impacto sobre o valor dos edifícios?Atualmente é muito comum edifíciosde escritórios de médio porte teremvãos de até 16 m entre fachadas e lajes deapenas 400 mm de espessura, sem colu-nas internas. O conceito se encaixa per-feitamente nas atuais demandas domercado por flexibilidade e adaptabili-dade, mesmo depois de um longo pe-ríodo de uso. A maior adaptabilidadeimplica aumento da vida útil do edifícioe, dessa maneira, o edifício mantém seuvalor comercial por um período maior.

Que avanços proporcionaram oaumento do uso de pré-fabricadosem edifícios altos?

Por exemplo, os concretos com resis-tências acima de 100 MPa, que já sãobem conhecidos pela indústria depré-fabricados.A maioria das fábricaseuropéias os utiliza diariamente. Omaior benefício para grandes estrutu-ras diz respeito à melhoria da eficiên-cia estrutural, implicando a produçãode peças mais esbeltas e a maior oti-mização do uso de materiais. Outracaracterística positiva é a maior resis-tência contra o frio e contra a ação deagentes químicos. As maiores vanta-gens são obtidas em componentesverticais, especialmente em pilares.

E como a indústria recebeu oconcreto auto-adensável?Esse tipo de concreto é uma soluçãonova e bastante promissora para apré-fabricação. Ele dispensa a vibra-ção e, dessa forma, apresenta diversasvantagens, como a facilidade debombeamento, a redução de porosi-dade superficial, concretagem maisrápida das peças e com menor nível

de ruído e maior facilidade de con-cretagem de elementos densamentearmados ou com reentrâncias com-plicadas. A aplicação do concretoauto-adensável na indústria de pré-fabricados está crescendo com rapi-dez e espera-se que, dentro de algunsanos, uma considerável parte da pro-dução empregue essa tecnologia.

Em que tipos de edifícios os pré-fabricados têm sido mais empregados?Na Bélgica, principalmente em pré-dios de escritórios de até 37 anda-res. Geralmente, eles têm um núcleomoldado in loco, com fôrmas tre-pantes, para se conseguir maioreconomia na construção. Ele é cer-cado por uma estrutura toda empré-moldados, compreendendo pi-lares, vigas e lajes protendidas. Poresse núcleo passam todas as instala-ções do prédio, e a área útil dos es-critórios localiza-se na parte pré-moldada do edifício. Na Holanda, aestrutura pré-moldada mais alta éum prédio de apartamentos de 142m de altura com fechamento estru-turado. Os cinco primeiros andaressão moldados in loco, e os outros 37pavimentos feitos com pré-molda-dos. O projeto foi executado no anopassado na cidade de Rotterdam.

Qual o limite de altura para essetipo de estrutura?O limite depende de vários fatores,como a área das lajes, a seção dos pi-lares, o tipo de fachada, a capacida-de de carga das gruas, entre outros.Pessoalmente, eu creio que, com assoluções atuais, o limite gire emtorno de 50 pavimentos.

Quais os principais desafiosenfrentados pelos projetistas de edifícios pré-moldados?

“A aplicação do concreto auto-adensável na indústria de pré-fabricados está crescendo com rapidez eespera-se que,dentro de algunsanos, umaconsiderável parte daprodução empregueessa tecnologia”

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E N T R E V I S T A

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Quando um esqueleto pré-molda-do é usado em combinação comuma estrutura central moldada inloco, as dificuldades de projeto nãosão muito diferentes do que as tra-dicionais estruturas moldadas inloco. No caso de uma estruturacompletamente pré-moldada, in-clusive com paredes pré-fabricadas,uma das preocupações deve ser ve-rificar a deformação da estruturasob a ação extrema de ventos. En-tretanto, programas de computadormodernos permitem elaborar pro-jetos bem detalhados.

Como garantir a estabilidadeestrutural desses edifícios?Nas estruturas mistas, a estabilidadeestrutural dos edifícios é garantidapelo núcleo central moldado in loco.Um aspecto fundamental a ser con-siderado em projetos estruturaiscom pré-fabricados é o de garantir aestabilidade com a combinação dossistemas adequados: núcleo molda-do in loco, paredes-diafragma rígi-das, contraventamentos, lajes e co-berturas diafragma. Esforços resul-tantes da ação do vento, entre ou-tros, são normalmente transmitidosaos elementos de estabilização pelaslajes e coberturas diafragma.

Qual o papel desses elementosdiafragma?Sua função principal é transferir essesesforços horizontais, atuantes em di-versos pontos da estrutura, para oscomponentes de estabilização verticala que estão ligados. Lajes e coberturaspré-moldadas são projetadas parafuncionar como grandes vigas hori-zontais. O núcleo, as paredes-dia-fragma e os demais componentes deestabilização agem como apoios paraessa espécie de viga, absorvendo osesforços laterais.

A queda dos edifícios do WorldTrade Center impactaram aindústria de pré-fabricados?Depois da queda catastrófica dastorres gêmeas em Nova York, as se-guradoras pediram que os fabri-cantes de pré-moldados tomassem

as medidas necessárias para evitaro colapso progressivo após danospontuais na estrutura, em funçãodo mau uso ou de atos terroristasno edifício. Uma estrutura é nor-malmente projetada para suportaros carregamentos de uso normaldo edifício, mas possivelmente elanão vai ruir catastroficamente nocaso de mau uso ou acidentes mo-derados. Não se pode exigir queuma estrutura resista a carrega-mentos excessivos ou forças origi-nadas de causas extremas, mas osdanos não devem ser despropor-cionais à causa original. Para tanto,o projeto deve considerar, porexemplo, que, se um elemento crí-tico é retirado da estrutura devidoa um carregamento anormal, elaseja capaz de redistribuir os esfor-ços para os demais elementos es-truturais não danificados.

Que pontos devem ser observadospara evitar o colapso progressivodas estruturas?As ligações e as armaduras de amar-ração devem ser projetadas para re-sistirem a esses esforços. A amarra-ção horizontal das vigas deve garan-tir a sustentação, em balanço, da es-trutura circundante e, dessa forma,precisa estar firmemente conectada.A suspensão da estrutura acima daregião danificada é assegurada pormeio da instalação de tirantes verti-cais em todas as colunas e paredes,do térreo à cobertura. Além disso, asvigas devem apresentar resistência,deformabilidade e ancoragem sufi-cientes para suportar a área danifica-da acima delas. É necessário, ainda,prevenir o desabamento dos pavi-

mentos afetados sobre os inferiores –o colapso progressivo geralmenteocorre pelo efeito cumulativo daqueda dos escombros dos pavimen-tos mais altos sobre os mais baixos. Oatirantamento longitudinal ancoran-do os painéis das lajes à estrutura deapoio deve desempenhar essa função.

O que a indústria de pré-fabricadospode fazer para se tornarambientalmente sustentável?Atualmente a maior parte das ativi-dades da construção civil aindaimpõe ao ambiente um pesado ônusem termos de consumo de energia,uso de recursos naturais, poluição,ruídos e geração de resíduos. Nocontexto da construção sustentável,a indústria de pré-moldados na Eu-ropa vem dando exemplo: reduziu oconsumo de materiais em 45%, ouso de energia em 30% e a geraçãode resíduos em 40%. Muitas fábricasestão reciclando todo o concreto –fresco e endurecido – perdido du-rante a produção, e, no futuro, as fá-bricas de pré-moldados trabalharãocomo um sistema de produção fe-chado, no qual todo o resíduo gera-do será processado e reutilizado.

E na obra, o que é possível fazer?No passado, e ainda hoje, as constru-ções eram concebidas para um tipo dedestinação claro e definido, sem muitapreocupação com futuras restaura-ções ou mudanças de utilização. En-tretanto, ao longo do tempo essasconstruções não atenderão às novasexigências dos usuários: a única solu-ção que lhes restará será sua completareadaptação ou a demolição de toda aestrutura. Ambas as soluções sãocaras, despendem tempo e não sãoamigáveis ao meio ambiente. No futu-ro, isso se tornará mais difícil em fun-ção das cada vez mais severas regula-mentações sobre geração de ruídos,resíduos, restrições de tráfego e outrasinconveniências.

Como mudar essa prática?A solução para o problema reside jána etapa de concepção do edifício. Oprojeto básico deve facilitar remode-

“Pessoalmente,eu creio que, com as soluções atuais,o limite [de altura]gire em torno de 50 pavimentos”

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lagens e redestinações posteriores,sem a demolição da estrutura. Esseprojeto deve distinguir claramente aparte estrutural do edifício de seuacabamento. A parte estrutural com-preende todas as funções principaisdo edifício, como a estrutura subme-tida a cargas, os corredores princi-pais, as principais tubulações. O aca-bamento compreende as divisórias,equipamentos técnicos, elementosde fachada não-estruturais etc.

Em termos de qualidade, quais osganhos obtidos com as estruturaspré-moldadas comparadas àsestruturas metálicas?Em comparação com as estruturasmetálicas, as estruturas em concretopré-moldado têm algumas vantagens.Entre elas, a resistência de duas horasao fogo sem qualquer outra proteçãocomplementar, menor deformaçãodas lajes protendidas em comparaçãocom o steel deck e melhor isolamentoacústico. Em Bruxelas, na construção

de duas torres gêmeas – originalmen-te concebidas em estrutura metálica esteel deck –, a aplicação dos pré-moldados resultou não apenas emuma economia de 7% no custo daobra, mas também em uma execuçãona metade do tempo previsto.

Como é possível reduzir os custosde construção com pré-fabricados?Todo sistema construtivo tem suascaracterísticas que – as de algunsmais, as de outros, menos – influen-ciam o custo global da obra. A pré-fabricação é freqüentemente consi-derada por projetistas inexperientescomo uma variante da moldagem inloco. Nessa abordagem, a pré-fabri-cação é tomada como um tipo deconstrução em que as partes separa-das da estrutura são moldadas emfábricas especializadas e, posterior-mente, montadas no canteiro de ma-neira tal que o conceito inicial de es-truturas moldadas in loco é nova-mente obtido. Esse ponto de vista éfalso e conduz a uma pré-fabricaçãomenos racional e mais cara.

E para diminuir os custos de produção das peças, na etapa industrial?Com a mudança do local de traba-lho dos canteiros para as fábricas

“Não se pode exigirque uma estruturaresista acarregamentosexcessivos ou forçasoriginadas decausas extremas,mas os danos nãodevem serdesproporcionais àcausa original”

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E N T R E V I S T A

permanentes, será possível indus-trializar o negócio da construçãocivil. Produção industrial significaprocessos de fabricação racionais eeficientes, trabalhadores mais qua-lificados, repetitividade das ações,controle da qualidade etc. A compe-tição e as demandas do mercadoestão forçando a indústria a conti-nuamente se empenhar pela melho-ra da eficiência e das condições detrabalho, por meio do desenvolvi-mento e inovação de produtos, sis-temas e processos.

O que a indústria tem feito paragarantir a resistência ao fogo dospré-moldados?A resistência ao fogo de elementos eestruturas pré-moldadas já foi bas-tante questionada por projetistasem função da falta de monolitismo eda percepção de que os elementosprotendidos apresentariam piorcomportamento sob o fogo. Paraconseguir a certificação necessária

de resistência ao fogo para seus pro-dutos, a indústria de pré-fabricadosfoi forçada a realizar pesquisas e nu-merosos testes nos vários tipos deprodutos. Entre eles, ensaios devigas, pilares, paredes e lajes em for-nos; testes em edifícios industriaisinteiros; ensaios e análises teóricasde cisalhamento de lajes alveolaresprotendidas.

Quais foram os resultados?Quando se toma o comportamentoreal da estrutura como um todo sob aação do fogo, chegou-se à conclusãode que as estruturas pré-moldadasfreqüentemente apresentam melhorresistência a deformações resultantesde expansão térmica do que as simila-res monolíticas. Isso ocorre, entre ou-tros, em função do conceito específi-co de estabilidade das estruturas pré-moldadas, com suas ligações articula-das entre vigas e pilares. Hoje é usualque as estruturas pré-moldadas deconcreto armadas e protendidas atin-jam níveis de resistência ao fogo de 60a 120 minutos. Para construções in-dustriais, todos os componentes es-truturais pré-moldados cumprem asexigências mínimas de resistência de60 minutos. Para outros tipos deobras, resistências de 90 a 120 minu-tos são facilmente obtidas aumen-tando o cobrimento do concretosobre a armadura.

Renato Faria

“No futuro, asfábricas de pré-moldados trabalharãocomo um sistema deprodução fechado,no qual todo o resíduo gerado será processado e reutilizado”

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TÉCNICA E AMBIENTE

Aagência do Banco Real na GranjaViana,região metropolitana de São

Paulo,foi idealizada para ser um produ-to essencialmente sustentável. Decidiu-se, então, contratar uma empresa quedesenvolvesse um plano específico desustentabilidade, atrelado ao projetoconvencional do empreendimento.

A diretora da Sustentax, Paola Pe-terle Figueiredo, manteve-se à frente doprojeto. Para imprimir credibilidade aotrabalho, atendeu-se a uma cartilha in-ternacional de requisitos chamada Leed(Leadership in Energy and Environ-mental Design),confeccionada pela en-tidade americana USGBC (United Sta-tes Green Building Council).

A cartilha possui seis categorias aserem seguidas pelo empreendimen-to: sustentabilidade do espaço, racio-nalização do uso da água, eficiênciaenergética, sustentabilidade dos mate-riais, qualidade ambiental interna einovação. Mesmo a etapa de constru-ção do prédio precisou se adequar aalguns desses itens. A separação e ar-mazenagem de componentes reciclá-veis, cumpridas na rotina da agênciadepois de pronta, tiveram início aindadurante as obras, executadas pelospróprios operários.

"Essa é a parte mais difícil do pro-jeto: mudar a consciência de toda aequipe de obra, estimular que traba-lhem sob regras com as quais nãoestão acostumados", aponta Paola. Areciclagem chegou a 77% do lixo e doentulho produzidos no canteiro.

A mudança de postura dos profis-sionais esteve presente ainda no cum-primento de um Plano de Controle de

Sustentável desde o canteiroProjeto de agência bancária é baseado em soluções para minimizarimpactos no meio ambiente. Nem rotina de obra escapa às medidas

Sedimentação e Erosão. "É um pré-requisito da Leed, e determina que aconstrutora instale um lavatório nasaída dos caminhões, coloque lonasnas caçambas, para não sujar de terraas ruas próximas, entre outras exigên-cias", explica a diretora da Sustentax.

Ela complementa que também opessoal do departamento de comprasda construtora sofreu alteração decostumes,com demandas especiais doempreendimento: 59% dos materiaisutilizados na obra vieram de um raiode menos de 800 km, 17% do total sãode rápida renovação na natureza, etodos possuem baixo índice de COVs(compostos orgânicos voláteis).

CertificaçãoO atendimento dos seis critérios

estabelecidos pelo USGBC possibili-

tou à agência do Banco Real obter ocertificado Leed de empreendimen-to sustentável – primeiro concedidopela entidade na América do Sul.

Entre as dezenas de medidas im-plantadas no edifício, Paola Figuei-

FICHA TÉCNICA

Agência do Banco Real naGranja VianaLocalização: Rodovia RaposoTavares, 700, km 23,3, Cotia (SP)Construtora:TriemePavimentos: 2, mais subsoloInício das obras: junho de 2006 Término: fevereiro de 2007Área construída: 1.233,46 m²Área do terreno: 902,9 m²

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redo destaca como mais relevantesaquelas com foco na eficiência ener-gética. "Esse é o item que, segundo asnormas da certificadora, traduz oconceito de sustentabilidade", afir-ma a diretora da Sustentax.

O projeto concentrado no melhoraproveitamento e na redução daenergia do prédio lançou mão de re-cursos conhecidos, como sensores depresença, além de módulos fotovol-taicos para obtenção de energia solar.

Esse processo alternativo de gera-ção ficou encarregado pelo abasteci-mento do setor em que se localizamos caixas eletrônicos. Para operaçãosegura dos equipamentos, todos osfuncionários da agência receberamtreinamento de acordo com manuaiscorrespondentes, que também trans-mitiram conhecimentos de manu-tenção dos sistemas.

Outra maneira de se buscar efi-ciência energética fundamentou-seno projeto de arquitetura. Foramusadas tintas de cores claras, aliadasa áreas e telhados verdes, em pontosconcentrados de calor no edifício. Oresultado foi uma diminuição de84% de aquecimento nessas áreas, oque contribuiu com a mitigação degastos com ar-condicionado.

Outro dado: 78% dos ambientesinternos da agência têm acesso a ilumi-nação natural, fato que naturalmenteamenizou custos com equipamentospara geração artificial de energia. Numbalanço geral, estima-se que a eficiên-cia energética tenha sido 15% superiorà de um projeto convencional.

Racionalização de águaUma segunda categoria citada por

Paola Figueiredo como importanteno projeto da agência bancária foi ouso racional da água. A Sustentax cal-cula que 85% do consumo de águapotável tenha sido reduzido em fun-

ção das diferentes soluções adotadasno prédio.

Para se conseguir tal índice de eco-nomia, não houve segredo. Regulado-res de vazão nas torneiras,bacias sanitá-rias com duplo fluxo (3 l e 6 l) e capta-ção da água de chuva para uso em irri-gação e descargas. Todos eles recursosde fácil acesso no mercado.

A consolidação do rótulo de pri-meiro empreendimento sustentávelda América do Sul passou ainda pela

Conheça alguns sistemas sustentáveis do empreendimento.

Soluções combinadas

Sistema de captação e reúso de águaspluviais e de tratamento e reúso de esgoto

Filtros de carvão de bambu ativado, do sistema de tratamento de esgoto

Placas de captação solar do sistemafotovoltaico

Uso de entulho da própria obra comoenchimento de piso

criação de uma central de tratamen-to no subsolo do edifício. Tanto o es-goto, a água de infiltração e a água dechuva são submetidos a essa central,que combina filtros de carvão debambu e filtros biológicos. "Quandonão pode mais ser usada ou se o siste-ma de armazenamento está cheio,essa água é direcionada à rede públi-ca, porém tratada", assinala a direto-ra da Sustentax.

Thiago Oliveira

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CONCRETO ROLADO

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Atécnica não é nova – e tampouco,sofisticada. Foi baseado na simpli-

cidade que, no início dos anos 70, oprofessor Jerome Raphael, da Universi-dade da Califórnia,em Berkeley,conce-beu uma metodologia construtiva paraexecução de barragens, pensando ini-cialmente no emprego de solo-cimen-to. O CCR (Concreto Compactadocom Rolo) se desenvolveu a partir des-sas misturas iniciais de agregados, ci-mento, areia e pouca água.

Um concreto, em suma, mas comaspecto muito mais seco que o con-vencional e transportado e aplicadode forma semelhante a um enroca-mento ou uma obra de terra. Comconsistência suficiente para ser trans-portado em caminhões basculantes

Mistura quase secaÚtil na construção de barragens, concreto compactado com rolo ganhaespaço como pavimento, na construção de estradas

ou esteiras, tem propriedades elásti-cas, mecânicas e térmicas semelhantesàs do concreto convencional, apenascom pouca água.

Também atinge índices de resis-tência equivalentes aos concretos co-muns com a mesma dosagem de ci-mento. "A resistência de 30 MPa é fácilde conseguir desde que os materiais ea dosagem sejam adequados", atestaSelmo Chapira Kuperman, consultorda Desek. Ele conta, ainda, que há ex-periências estrangeiras de pavimenta-ção que comprovam a viabilidade deobter CCR de até 70 MPa. "Basta me-lhorar a dosagem para alcançar a re-sistência desejada."

Embora o aspecto do CCR sejabastante diferente, o desempenho e

o comportamento são semelhantesaos do concreto convencional. Paraevitar qualquer dúvida nesse senti-do, o engenheiro e consultor Fran-cisco Rodrigues Andriolo faz ques-tão de afirmar, por mais óbvio quepossa parecer, que "o CCR é um con-creto, cujo ponto fraco é o desconhe-cimento". Kuperman salienta que oque muda em relação ao convencio-nal é a metodologia de compactação."O resto é igual", simplifica.

Conforme conta, devido à simpli-cidade, havia desconfiança acerca datecnologia quando do surgimento.Ainda assim, o Brasil foi um dos paísesque mais estudou a técnica, a ponto deser o segundo país com maior númerode barragens em CCR no mundo (vejaquadro). Para ele, o grande estímulo àtécnica foi a construção da barragemda Derivação do rio Jordão, no Para-ná, pela Copel (Companhia de Ener-gia Elétrica do Paraná). "A alternativamostrou-se vantajosa por permitir re-dução de custos, prazos e de contin-gente de mão-de-obra", lembra.

O CCR mostra-se vantajoso quan-do há necessidade de usar grandes vo-lumes de concreto e onde não há gran-des exigências de resistência à tração eà flexão, já que, geralmente, não é ar-mado ou protendido. "Embora sejapossível em alguns casos,não se usa ar-madura para não perder a facilidade deaplicação", comenta Andriolo.

Assim sendo, resistente à compres-são, é ideal para construção de barra-gens – situação que consagrou a tecno-logia –, estacionamentos em geral, in-

Eficiente e bastante viável para obras de grande porte, o CCR não tem limitação dealtura, existindo barragens com até 200 m executadas a partir dessa técnica, e contacom propriedades mecânicas semelhantes às do concreto convencional

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No Brasil, as barragens têm se be-neficiado dos "inúmeros estudos fei-tos em universidades em parceria comempresas", conta Kuperman.

Preparo e execuçãoO CCR é bastante adequado para

obras de grande volume por apresen-tar, além de facilidade operacional,custos competitivos. "É menor porqueconsideramos não só o custo dos ma-teriais, mas também do transporte eda aplicação", explica Andriolo. Sendoassim, é necessário potencializar asvantagens que propõe. E isso depende,em grande monta, dos custos envolvi-dos na produção do concreto em si.

Por isso é imprescindível, ao de-terminar o traço e mesmo o tipo dabarragem, conhecer o local e os mate-riais disponíveis na região, além deconsiderar prazos executivos. A solu-

RankingPaíses com mais barragens construídascom CCR1o China: 59 (19%)2o Brasil: 54 (17%)3o Japão: 42 (13%)4o Estados Unidos: 37 (12%)5o Espanha: 22 (7%)Esses cinco países mantêm cerca de 70%das barragens em concreto compactadocom rolo do mundo. Estima-se que existamcerca de 320 barragens desse tipo.

Fonte: Francisco Rodrigues Andriolo

Com procedimentos bastante repetitivos e totalmente baseados no uso deequipamentos de grande porte, tem na alta velocidade de execução uma dasmaiores vantagens em relação aos métodos tradicionais

Para garantir que sejam baixos os custos de produção do concreto, é recomendável adequar o traço às características dos materiaisexistentes na região

Sujeitas a pressões hidrostáticas lateraismais acentuadas, as fôrmas devem serreforçadas. Com altura de 2 m, em geral,são movimentadas após a conclusão deseis camadas de 0,30 m

clusive para equipamentos pesados,rodovias de acesso a áreas industriais,estações de pesagem em rodovias, por-tos, acostamentos, rodovias para velo-cidades até 60 km/h, pátios de aero-portos, ruas urbanas, base de rodovias,dentre outras aplicações. "Por apresen-tar pouca fluidez, só pode ser aplicadopara executar elementos de grandes di-mensões", resume Andriolo.

Não há limite de altura para bar-ragens, mas a média brasileira é de 60m a 70 m de altura, com a mais altachegando aos 95 m. "No exterior hábarragens com mais de 200 m", ilus-tra Andriolo. Apesar de ser larga-mente difundido o uso do CCRcomo base de estradas, as de alta ve-locidade ainda não podem se benefi-ciar das características do CCR en-quanto revestimento. "O uso comocapa rodante é prejudicado devido aproblemas de textura e uniformida-de, que podem trazer desconfortoem velocidades superiores a 80km/h", explica Kuperman.

Para tanto, algumas são as solu-ções possíveis, que estão sendo desen-volvidas principalmente no exterior.Dentre elas, a melhora nas dosagens,ouso de pequena camada de concretoconvencional para revestimento, a so-fisticação no uso de equipamentos depavimentação e, até mesmo, o lixa-mento superficial. Essa última possi-bilidade é menos estudada por serpouco econômica.

ção técnica, incluindo a dosagemadotada, deve-se adaptar aos mate-riais existentes na região e consideraro transporte. Também por isso nãohá um traço básico para o concretorolado, outro nome pelo qual é co-nhecido o CCR.

Apesar de ser possível utilizar qual-quer cimento para compor o traço, opozolânico é o mais indicado por gerarmenos calor e viabilizar uma das gran-des vantagens do CCR – a rapidez deexecução. Seja no cimento ou emforma de adição, a pozolana é necessá-ria para evitar reações álcali-agregadosprejudiciais ao concreto (veja matériatambém nesta edição), além de melho-rar características mecânicas.

De acordo com Selmo Kuperman,a melhora na granulometria dos agre-gados se deve à tendência em aumen-tar a quantidade de agregados miúdos

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C O N C R E T O R O L A D O

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e de agregado pulverizado. "A maioriados projetos atuais exige uma porcen-tagem de finos até maior do que opermitido em norma para concretoconvencional", conta. Isso, comple-menta, melhora a qualidade do con-creto porque otimiza a compactação,aumenta a impermeabilidade e me-lhora as características mecânicas,como a resistência. São observadas,ainda, melhoras nos equipamentos,

com um uso mais amplo de esteiras, ena qualidade dos materiais em si.

No entanto, os procedimentos bá-sicos se mantêm. Uma betoneira des-peja o concreto no sistema de trans-porte – caminhões basculantes ou cor-reias transportadoras – que o leva até olocal da aplicação; tratores com lâmi-nas frontais espalham a mistura e roloscompressores a compactam. Estesdevem ter pelo menos 10 t e só devemvibrar após a primeira passagem.

Em geral, cada camada tem 0,33 mantes da compactação e passa a ter 0,30m após a passagem dos rolos. Caso aexecução da camada seguinte extrapoleo tempo previsto em projeto, uma ca-mada de argamassa, com desde 0,5 cmaté 1 cm, é aplicada para selar e colar ascamadas de concreto. "Não existindo, adepender do tipo de CCR, a ligaçãoentre as camadas ficaria prejudicada e

CCR pobre: com baixo teor de materialcimentício, menor que 100 kg/m3, é razoavelmente permeável e poucohomogêneo ao longo da espessura dacamada, podendo apresentar caminhospreferenciais de percolaçãoRCD: desenvolvido no Japão, o métodoutiliza concreto mais argamassado e úmido a fim de assemelhar-se aomaterial convencionalCCR com alto teor de pasta: usa maismaterial cimentício, com teores

superiores a 150 kg/m3, visando àpermeabilidade semelhante à do concreto convencionalConcreto com teor médio deargamassa: com teor cimentício entre100 kg/m3 e 149 kg/m3, alia economia à homogeneidadeConcreto com alto teor de finos(ATF): desenvolvido no Brasil, procuradriblar a limitação de disponibilidade de cinza volante ou outros tipos de pozolanas

2 m

CCR - Método tradicional6 Subcamadas com h = 0,33 m

SubstratoCamada de CCRArgamassa de ligação

Misturas

Fonte: Caracterização de concreto compactado com rolo em laboratório. Vladmir A.Paulon, Denise Dalmolin, José Marques Filho e Walter Pacelli de Andrade.

poderia haver passagem de água", ex-plica Kuperman. Essa argamassa deveser aplicada no máximo uma horaantes da nova camada ser lançada.

Juntas de dilatação verticais exis-tem para que a estrutura seja divididaem blocos e, assim, seja evitado – ouminimizado – o aparecimento de fis-suras de origem térmica na direçãomontante-jusante. "Podem haver jun-tas de construção verticais, realizadasna direção perpendicular ao fluxo deágua, para dividir a execução devido àlogística", comenta Kuperman.

Já as juntas de construção hori-zontais, inevitáveis em barragens porconstituírem um ponto fraco quanto àpassagem de água, devem ser tratadascom tecnologia adequada e que possi-bilite a ligação perfeita entre as cama-das. No caso de pavimentos, as juntasdevem obedecer às recomendaçõespreconizadas pelas normas pertinen-tes ao uso de concreto convencional.

A cura, que inicia cerca de cincohoras após a compactação, exige osmesmos cuidados que o concreto con-vencional. Mesmo porque, explica An-driolo, "as tecnologias desenvolvidasno Brasil permitem utilizar uma dosa-gem de cimento bastante baixa", redu-zindo a incidência de patologias decor-rentes de problemas durante a cura.

Como características executivas oCCR apresenta o intenso uso de equi-pamentos para espalhamento e com-pactação do concreto, diminuindo aquantidade de mão-de-obra mobiliza-da e resultando num processo indus-trial repetitivo e, portanto, eficiente.Mesmo em relação às fôrmas não hádiferenças significativas no que tangeao concreto convencional, devendoapenas suportar as pressões hidrostáti-cas laterais, mais acentuadas.

Bruno Loturco

Após o lançamento da mistura no campode trabalho, tratores a espalhamuniformemente, seguidos pelos roloscompressores de pelo menos 10 t, quenão devem vibrar na primeira passagem

Feita a compactação, as juntas sãocortadas de acordo com o determinadopelas normas que regem o uso do concretoconvencional. Têm a função de evitar afissuração e, assim, impedir infiltrações

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LEIA MAIS

The use of roller compactedconcrete. Francisco Rodrigues Andriolo.Editora Oficina de Textos, 554 págs.Compra pelo site www.piniweb.com,pelo fone 4001-6400 (regiõesmetropolitanas) ou 0800-5966400(demais regiões)

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CONCRETO APARENTE

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Foi no fim do século XVIII que amistura cimento,areia,agregados e

água tornou-se um dos materiais maisadotados na construção civil. Com aevolução dos estilos de arquitetura e asupressão dos excessos, sua trabalhabi-lidade e aparência neutra possibilita-ram a arquitetos modernos e contem-porâneos explorar a forma e a volume-tria dos edifícios, sem a necessidade douso de acabamentos ou revestimentos.

No Brasil, não faltam exemplosmarcantes, como as obras idealizadas

Acabamento finalEngenheiros e arquitetos elogiam a versatilidade e resistência do concretoaparente, destacando obras que se tornaram ícones. É preciso, porém,protegê-lo de intempéries e agentes agressivos, para garantir durabilidade

por Oscar Niemeyer e as de Ruy Ohta-ke, que tiram bastante proveito da be-leza plástica do concreto. Em SãoPaulo, encontram-se edifícios emble-máticos como o da IBM, o TribunalRegional do Trabalho de São Paulo(acima), a sede dos Correios, a Fiesp(Federação das Indústrias do Estadode São Paulo), o Masp (Museu de Artede São Paulo) e o Hotel Unique, queutiliza três cores de concreto aparente.No Rio de Janeiro, duas novas obras sedestacam: o Estádio João Havelange,

construído em pré-moldados de con-creto, e a Cidade da Música. Em fasede finalização, a Fundação Iberê Ca-margo, em Porto Alegre, diferencia-sepor usar o concreto aparente branco.

O concreto aparente caracteriza-sepor deixar à vista sua coloração e tex-tura naturais. A superfície pode serprotegida por uma película, desde queseja transparente e incolor. "Tal e qualo concreto revestido, o material deveresistir a agentes agressivos, que levamà corrosão das armaduras e compro-

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metem a estrutura", destaca CláudioOliveira, gerente do Projeto Indústriada ABCP (Associação Brasileira de Ci-mento Portland).

"Não há limites técnicos para usodo concreto aparente", diz o engenhei-ro civil Thomas Garcia Carmona, di-retor da Abece (Associação Brasileirade Engenharia e Consultoria Estrutu-ral) e da Exata Engenharia e AssessoriaSS. Plasticidade, resistência e durabili-dade fazem o material altamente con-veniente na versão aparente. "No en-tanto, quando em contato direto comagentes agressivos, não se recomendaessa alternativa", alerta o arquiteto Ri-cardo Alencar, consultor de concreto emembro do Comitê Técnico Pré-Moldados do Ibracon (Instituto Brasi-leiro do Concreto).

"Trabalhabilidade, coesão, baixíssi-ma exsudação, baixa carbonatação ealta resistência são as principais carac-terísticas que o concreto aparente deveapresentar", resume o engenheiro civilPaulo Roberto do Lago Helene, profes-sor titular do departamento de enge-nharia de construção civil da Escola Po-litécnica da USP e presidente do Ibra-con. O concreto deve ter baixa porosi-dade, baixo índice de fissuração, alémde coloração e textura compatíveis coma aparência que se deseja. Para resultarna estética intencionada pelo projetode arquitetura,Ricardo Alencar ressaltaque "o material deve possuir um nívelsuperior de acabamento superficial eser isento de imperfeições".

Durabilidade e resistênciaA vida útil de uma estrutura de

concreto, seja aparente ou não, é de-terminada pela qualidade dos mate-riais utilizados na composição e pelaRegra dos 4 C. Ou seja, pela composi-ção do traço do concreto – principal-mente em função da relação água/ci-mento –, pela compactação ou aden-

samento do concreto, pela cura e pelocobrimento da armadura (distânciaentre a armadura e a superfície), com-patível com as condições de exposição.

"Infelizmente, por enquanto, nãohá na Norma Brasileira qualquer espe-cificação de durabilidade de projeto.Em princípio, subentende-se que 50anos é o mínimo razoável", destacaPaulo Helene.No Brasil, encontram-seedifícios bastante antigos de concretoaparente e que, com gastos normais demanutenção, têm durabilidade muitosuperior a 50 anos.

Na falta de ensaios comprobató-rios de desempenho da durabilidadeda estrutura frente ao tipo e nível deagressividade previsto em projeto, aNBR 6118 estabelece para cada classede agressividade prevista (fraca,média,forte e muito forte) valores mínimosde relação água/cimento, resistência àcompressão e cobrimento nominal.

Também por questões de durabi-lidade, em ambientes rurais comagressividade fraca, deve-se usar con-cretos de resistências superiores a 20MPa. No caso de um edifício em orlamarítima com agressividade forte,aconselha-se o concreto com resistên-cia mínima de 30 MPa.

"Com o desenvolvimento de aditi-vos plastificantes de alta eficiência, já épossível produzir concretos com resis-tências acima de 100 MPa, como osutilizados em alguns pilares do edifícioe-Tower em São Paulo", exemplifica ogerente da ABCP, Cláudio Oliveira.

O mix certoA mistura utilizada no concreto

aparente deve ter baixíssima relaçãoágua/cimento, algumas adições espe-ciais e aditivos que lhe confira as ca-racterísticas desejadas e assegure pro-teção à superfície que ficará exposta àsintempéries e agentes agressivos.

"Qualquer tipo de cimento Por-tland pode ser adotado no concretoaparente", afirma Oliveira. Mas, paracada situação,o presidente do Ibraconrecomenda um tipo diferente. Os ci-mentos com adições tipo CP III e CPIV garantem resistência à lixiviação eaumentam a impermeabilidade domaterial. Os pozolânicos tipo CP IVminimizam o risco de reações álcali-agregado. Os do tipo CP I e CP V semadições reduzem a profundidade decarbonatação. Já os cimentos comadições tipo CP III e CP IV com adi-ção extra de sílica ativa e cinza decasca de arroz diminuem a penetra-ção de cloretos.

A escolha do cimento tambémpode levar em conta fatores estéticos,pois normalmente está associada à corda matéria-prima. No concreto apa-rente com pigmentos – que devem serde base inorgânica –, o cimento Por-tland branco estrutural é o mais indi-cado para a obtenção de cores maisclaras. Para produzir pré-fabricados,no entanto, o fator preponderante é otempo de desenforma.Por isso,para seconseguir um saque mais rápido, re-comenda-se o uso do CP V (ARI), que

Museu da Fundação Iberê Camargo,projeto do arquiteto portuguêsÁlvaro Siza para a cidade de PortoAlegre. Obra de concreto aparentecom cimento branco

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proporciona alta resistência inicial emtempo curto. "Porém, quando o con-creto está exposto a águas residuais in-dustriais, esgoto ou solos contamina-dos (sulfatados) a opção é o ARI-RS."

Adições e aditivosAs adições minerais (metacaulim,

nome comercial de silícia ativa, sílicaativa, fíler calcário etc.) são recomen-dadas por possibilitarem o refinamen-to dos poros, tornando a microestru-tura do concreto mais compacta e au-mentando a sua durabilidade.

O aditivo inibidor químico de açãomista,que pode ser tanto incorporado àmassa do concreto quanto aplicado di-retamente sobre a superfície do concre-to endurecido,evita as reações anódicase catódicas de corrosão das armaduras.

Aditivos plastificantes, polifun-cionais, super ou hiperplastificantessão recomendáveis para tornar o con-creto mais fluido e facilitar o adensa-mento em peças esbeltas e/ou comalta taxa de armadura.

Dependendo das características daobra e dos elementos a serem concreta-dos, aditivos aceleradores ou controla-dores de hidratação podem ser necessá-rios para tornar o material mais traba-lhável. Nessa situação, o concreto deveser dosado com um nível apropriado deargamassa e agregado graúdo com di-mensão máxima, adequando-se aos es-paçamentos entre as amaduras.

Películas de proteçãoVernizes e hidrofugantes, ambos

possuem suas vantagens e desvanta-gens para garantir a proteção superfi-cial do concreto aparente. A escolhacorreta depende do tipo de aplicação.Os vernizes formam filme contínuo esão mais eficientes na proteção deagentes agressivos. Já os hidrofugantessão capazes de penetrar alguns milíme-tros nos poros do concreto, impedindoa penetração de água e de substânciasagressivas nela dissolvidas. Em relaçãoao verniz,o hidrofugante permite a cir-culação de vapor d'água e com issoreduz a formação de bolhas e bolor.Vernizes foscos, apesar de serem maiscaros, têm a vantagem sobre os bri-lhantes,pois não alteram o aspecto ori-

ginal do concreto e não evidenciam asimperfeições do material bruto.

Cuidados na execuçãoA execução de estruturas de concre-

to aparente requer os mesmos cuidadosque as estruturas revestidas. Ou seja,montagem de fôrmas, preparação daarmadura,ajuste da fôrma,aplicação dedesmoldante, lançamento do concreto,adensamento, cura e desenforma.

O sucesso ou não da execução de-pende de alguns cuidados, começandopelo projeto. "Tanto o arquitetônicocomo o estrutural deve considerar ascondições de exposição", enfatiza Car-mona.Detalhes de projeto que modifi-cam o fluxo da água de chuva – comochapins nos topos de platibandas e pa-redes,pingadeiras nos beirais etc.– evi-tam acumulação de água sobre a su-perfície do concreto.

O uso do mesmo tipo de cimento,que garante a homogeneidade da cor,aaplicação uniforme de desmoldante,os cuidados com o lançamento e aden-samento do concreto, para evitar fa-lhas de concretagens, e o cumprimen-to do tempo de cura vão definir a qua-lidade final da obra. O estudo de dosa-gem – talvez o mais importante – asse-gura um concreto com consistênciaadequada,capaz de preencher todos osespaços das fôrmas e armaduras e im-pedir a ocorrência de segregações e

macroporosidades. Atualmente, oconcreto auto-adensável ganha espa-ço, por atender todos esses requisitos,com vantagem de dispensar o uso devibrador e incrementar a qualidade doproduto acabado.

A utilização de películas de prote-ção ou, dependendo do ambiente, deinibidores de corrosão e retração, in-corporados na massa de concretofresco, proporcionam maior durabili-dade ao concreto.

"A qualidade das fôrmas é funda-mental, pois tudo fica registrado noconcreto", justifica Alencar. Por isso,antes do lançamento devem ser confe-ridas dimensões, nivelamento eprumo, em conformidade com as tole-râncias. As superfícies internas devemestar limpas e ser suficientemente es-tanques e seladas, evitando fuga de ar-gamassa pelas juntas. A utilização cor-reta das armaduras e a rigidez das fôr-mas proporcionam o cobrimento mí-nimo da estrutura exposta.

Quando utilizadas fôrmas de ma-deira, são indicados os desmoldantesà base de água. Alencar recomendaque sejam saturadas com água, paraminimizar a desidratação do concre-to. Já nas metálicas devem ser aplica-dos produtos à base de óleo vegetal,que preservam a superfície.

Na etapa da cura, convém prote-ger as estruturas da incidência direta

Aditivos plastificantes, além da funçãode aumentar a trabalhabilidade doconcreto, em obras com altas taxas de armadura ou muito esbeltas,contribuem também para melhorar o acabamento final da estrutura Ca

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do sol e de correntes de vento. "A eva-poração da água pode provocar fissu-ras na superfície do concreto", alertao arquiteto Ricardo Alencar, que re-comenda o uso de agentes de curanessa etapa.

Sempre que necessário, deve-serealizar reparo na estrutura que apre-sente problemas de fissuras, bolhas oubicheiras,que possam causar prejuízosestéticos ao concreto aparente. A estu-cagem é necessária para preencher ospequenos defeitos de execução e o cal-deamento é aplicado na superfície doconcreto para conferir maior homoge-neidade às superfícies acabadas.

Particularmente, na produção deelementos pré-fabricados, onde quasetodas as peças são empregadas apa-rentes, em geral os moldes são metáli-cos, pois proporcionam melhor aca-bamento. De acordo com Alencar,quando empregadas fôrmas de cha-pas de madeira, é comum revestir asuperfície com material plastificado,para atender aos requisitos de quali-dade superficial.

Riscos e soluçõesOs principais mecanismos de de-

terioração que podem atuar em obrasde concreto aparente são corrosão dearmaduras, acúmulo de fuligem, pro-liferação de fungos e lixiviação super-ficial. A solução para a maioria dosproblemas está na "alteração das pro-priedades superficiais do concreto",ensina Alencar. Reduzir a relaçãoágua/cimento, incorporar adiçõesminerais e utilizar película de prote-ção e impermeabilização das superfí-cies modificam a absorção de água,capilaridade, porosidade e rugosida-de do material, minimizando o surgi-mento de manchas e reduzindo a ma-nutenção corretiva.

Para evitar a corrosão de armadu-ras, deve-se conferir os cobrimentosmínimos com medidas preventivas econtrole da qualidade adequado. Naocorrência de fissuras na superfíciedo concreto, seja por retração ou poroutros esforços, indica-se a estuca-gem (argamassa) que tampa os va-zios, obstruindo a entrada dos agen-tes agressivos. Em fissuras ou trincas

mais profundas, deve-se injetar mate-rial de baixa viscosidade, geralmenteresina epóxi, como medida para re-duzir o risco de corrosão.

O possível contato do concretocom ácidos pode desintegrar a pastade cimento e expor o agregado.Como efeito secundário, a alcalinida-de é reduzida, eliminando a passivi-dade das armaduras, que ficam sujei-tas a fenômenos corrosivos.

Manutenção"O concreto bem projetado não

necessita de nenhum tipo de manu-tenção", garante o gerente da ABCP.Como em qualquer obra existente, noentanto, é altamente recomendável

um programa de inspeções periódi-cas, além de limpeza adequada e rea-plicação de eventuais sistemas de pro-teção superficial existentes.

No caso de intervenção e reparosem estruturas com problema de corro-são, deve-se evitar alterações estéticasno resultado final", aconselha Alencar.Na maioria dos reparos, pode ser maisviável o emprego de microconcretos eargamassas industrializadas, adequa-damente formuladas para cada tipo depatologia em questão.

O consultor recomenda o uso deargamassas poliméricas, que são tixo-trópicas, para superfícies verticais,quando a área a ser reconstituída érasa e envolve apenas a armadura.Quando se exige uma profundidademaior da área a ser reparada, de difícilacesso ou densamente armada, é in-dicado o graute com característicasautonivelantes. Os produtos são en-contrados no mercado na própria cordo concreto.

Silvana Rosso

Obras como a do Estádio JoãoHavelange, no Rio de Janeiro, eestações de metrô de São Paulo,construídas com pré-moldados,exigem emprego de fôrmas comsuperfícies perfeitas, como chapasplastificadas ou fôrmas metálicas

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ÁLCALI-AGREGADO

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Em julho de 2005,nove meses após osurpreendente colapso do edifício

Areia Branca ocorrido em outubro de2004 na praia de Piedade,região metro-politana do Recife, a comissão designa-da pelo Crea-PE (Conselho Regional deEngenharia, Arquitetura e Agronomiade Pernambuco) para elucidar o aci-dente constatou indícios de reação ál-cali-agregado (RAA) na edificação.

Longe de ser a causa principal daqueda – causada por falhas durante aconcretagem que propiciaram a dete-rioração progressiva das armaduras –,a presença de RAA no Areia Brancacausou histeria na sociedade civil e emvários setores ligados à construção,culminando em uma onda de inspe-ções sistemáticas nas fundações dosedifícios da região.

Até então associados a obras debarragens e pontes, os diagnósticos deRAA no Recife (leia boxe) vêm se tor-nando parâmetros para a investigaçãoe solução do problema em edificaçõescomerciais e residenciais Brasil afora."Caso não tivesse ocorrido o desaba-mento do Areia Branca, provavelmen-te o problema ainda estivesse oculto",afirma Tibério Wanderley Correia deOliveira Andrade, mestre em Cons-trução Civil pela USP e professor doDepartamento de Engenharia Civil daUniversidade Federal de Pernambuco.

Fenômeno mal-interpretado eainda pouco estudado pelo meio téc-nico, a RAA consiste, basicamente,numa reação química lenta na qual al-guns constituintes do agregado, empresença de água, reagem com hidró-

Reação perigosaAinda pouco estudada pelo meio técnico, reação álcali-agregado em estruturasé de recuperação cara e complexa

xidos alcalinos, provenientes dos ci-mentos ou de outras fontes, formandoum gel expansivo.

De acordo com especialistas con-sultados, casos de colapso repentinoda estrutura em decorrência da RAAsão extremamente raros. Selmo Cha-pira Kuperman, diretor da Desek e es-tudioso da reação há mais de 30 anos,afirma que, em geral, a reação álcali-agregado costuma se processar aolongo da vida da obra, até que algumdos reagentes seja consumido ou quea umidade relativa no interior do con-creto seja substancialmente reduzida,havendo inúmeros casos em que areação continua por pelo menos 60anos, tempo suficiente para identifi-cação e adoção de medidas corretivas.

ConseqüênciasA existência de uma quantidade

mínima de álcalis, do cimento ou deoutras fontes, existência de um agre-gado reativo e a presença da água sãoas condições fundamentais para de-sencadear a reação. "Vale lembrar quesem um mínimo de 80% de umidaderelativa não há reação expansiva signi-ficativa", explica Kuperman.

O principal sintoma da existênciade RAA em peças de concreto armadoé a fissuração. Entretanto, cabe ressal-tar que a ocorrência de fissuras tam-bém pode estar associada a diversasoutras causas como retração por seca-gem ou por origem térmica, ataque desulfatos e carregamento (relacionadoao dimensionamento das peças).

A RAA consiste numa reação química lenta entre constituintes do agregado ehidróxidos alcalinos, na presença de água. Na foto, topo de pilar de vertedouro debarragem afetado por RAA

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Sem o histórico do concreto e seminformações sobre o projeto estrutural,torna-se ainda mais difícil avaliar qual acontribuição da RAA no aparecimentodas fissuras das peças. Além do ensaiopetrográfico, o diagnóstico preciso doproblema exige a avaliação da tipologiado quadro fissuratório, muito influen-ciado pelo estado de tensão da peça epela densidade e distribuição das arma-duras. "Deve-se, entretanto, tomar cui-dado na interpretação dessas informa-ções", insiste Andrade.

As principais conseqüências daRAA sobre as propriedades do concre-to são as perdas de certas característi-cas mecânicas. No caso de expansãolivre, a reação pode acarretar reduçãode 40% a 60% na resistência à com-pressão, redução de 60% a 80% na re-sistência à tração e iguais índices de re-dução no módulo de elasticidade.

A grande maioria dos trabalhos in-ternacionais conclui, no entanto, queexiste um comportamento bastantediferenciado do concreto sem restriçãoà expansão (isto é, livre para expandir)se comparado ao concreto sob efeitode restrição pelo estado de compressãoe pela existência das armaduras.

"O efeito de restrição nos dácerta segurança para afirmar que aspeças de concreto armado afetadaspela reação conservam a sua capaci-dade resistente, mesmo em um esta-

�Análise petrográfica: ASTM C-295 e NBR 7389�Método químico: ASTM C-289 e NBR 9774�Método da barras de argamassa:ASTM C-277 e NBR-9773�Método acelerado das barras de

Principais métodos de detecção de RAAargamassa: ASTM C-1260, com limites deexpansão estabelecidos para as idades de16 e 28 dias�Método das barras de concreto: ASTM1293 e CSA A23.2, com limites deexpansão de prismas de concreto para aidade de um ano

Fonte: Comitê de Especialistas do Ibracon para Reações Expansivas em Estruturas deConcreto/2o semestre de 2005

quartzo microcristalino acriptocristalino e minerais expansivosdo grupo dos filossilicatos. � Reação Álcali-Carbonato (RAC):é a mais rara de todas e acontecequando certos calcários dolomíticossão usados como agregado emconcreto e são atacados pelos álcalisdo cimento, originando uma reaçãodenominada desdolomitização. Trata-se de uma reação bem complexa,cujas conseqüências são bem maisgraves, mas ainda existem váriasdivergências sobre o provávelmecanismo da reação.

A reação álcali-agregado tem sidocomumente divida em três tipos: ReaçãoÁlcali-Sílica (RAS), Reação Álcali-Silicato(RASS) e Reação Álcali-Carbonato (RAC).Em todos os casos, a conseqüênciaprincipal é a expansão continuada doconcreto ao longo de 60 anos e suaconseqüente fissuração.� Reação Álcali-Sílica (RAS): é aprincipal e mais recorrente no Brasil eacontece quando os vários tipos de sílicareativa presentes nos agregados reagemcom os íons hidroxilia existentes nosporos do concreto. A sílica reage com osálcalis sódio e potássio formando um gel

Classificaçãosílico-alcalino, altamente instável, quecomeça a absorver água e a se expandir,ocupando um volume maior que osmateriais que originaram a reação.� Reação Álcali-Silicato (RASS):é o tipo de RAA mais encontrado embarragens construídas no Brasil e emblocos de fundação na região doGrande Recife. Consiste na reaçãoentre álcalis disponíveis e alguns tiposde silicatos eventualmente presentesem certas rochas sedimentares, rochasmetamórficas e ígneas. É uma reaçãoque está basicamente relacionada àpresença de quartzo tensionado,

Fonte: Comitê de Especialistas do Ibracon para Reações Expansivas em Estruturas de Concreto/2o semestre de 2005

Casos de colapso na estrutura por RAA são raros, mas a reação possibilita umaperigosa entrada para outras formas de deterioração da estrutura

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do superficial de intensa fissura-ção", explica Andrade.

Diagnóstico e recuperaçãoEntretanto, cabe salientar que em

edificações onde há fissuração inten-sa, é altamente recomendável que oscondôminos procedam à imediata in-tervenção de reforço e proteção. So-bretudo porque as fissuras represen-tam uma porta de entrada para atua-ção de outros mecanismos de deterio-ração do concreto e da armadura.

Agentes corrosivos – como o clo-reto, por exemplo – podem ingressarpelas rachaduras, comprometendo a

Dentro dos esforços para diagnóstico esolução da RAA, o CB-18 da ABNT, pormeio da Comissão de Estudos deRequisitos e Métodos de Ensaios deAgregados, está elaborando o "Guia paraavaliação da reatividade potencial emedidas preventivas para uso deagregados em concreto", cuja conclusãodeve acontecer ainda em 2007.Segundo especialistas, a norma pretendeser um referencial especializadocontendo o resumo dos conceitosatualizados sobre a avaliação da reaçãoálcali-agregado e terá grande impacto nosegmento da construção civil.

Norma deve entrar em vigor ainda em 2007"Será uma forma do fenômeno sertratado preventivamente, evitando,desse modo, prejuízos técnicos eeconômicos à construção civil", explicao professor Dr. Claudio Sbrighi Neto,coordenador da Comissão de Estudosde Agregados do CB-18 da ABNT. Contextualizado a partir da experiêncianacional e dos textos normativos daComunidade Européia, Estados Unidose Canadá, o texto-base incluiráparâmetros inovadores como aclassificação de riscos, os conceitospetrográficos específicos entre outras orientações.

armadura e causando, conseqüente-mente, a quebra do concreto. "O fissu-ramento do concreto também exporáa armadura, facilitando a sua corro-são", completa Eduardo Quitete, geó-logo pesquisador do Centro de Tecno-logia de Obras de Infra-estrutura doIPT (Instituto de Pesquisas Tecnológi-cas do Estado de São Paulo).

A recuperação de estruturas com-prometidas pela RAA é cara, comple-xa e exige estudos detalhados de cadacaso. Uma vez instalado o processoreativo, é possível minimizar as ex-pansões futuras com encapsulamentoou outras formas de impermeabiliza-

ção. Para recuperar a estrutura afeta-da, o primeiro passo é a injeção de re-sina epóxica ou microcimento.

De acordo com Sérgio Osório deCerqueira, professor da UFRPE (Uni-versidade Federal Rural de Pernambu-co),projetista e diretor técnico da Enge-data Engenharia Estrutural, os serviçosde recuperação, em geral, são caros poisenvolvem procedimentos específicoscomo injeção, protensão e encamisa-mento, além de materiais dispendiosos.

Osório, que também é delegadoregional da Abece em Recife, lembraque até pouco tempo atrás acreditava-se que o uso de cimentos com teor deálcalis até 0,6% não acarretaria ne-nhum risco de reação. "Atualmente,sabe-se que, mesmo com teores me-nores, o risco está presente desde queos agregados sejam potencialmentereativos", completa.

A adoção de agregados não reati-vos tem sido considerada a maneiramais eficiente de evitar a ocorrência dareação. Se por questões econômicasisso não for possível, uma boa alterna-tiva é lançar mão de materiais que per-mitam a neutralização da reatividadecomo o cimento Portland pozolânico(com quantidade de pozolana quecomprovadamente neutralize a rea-ção) ou cimento Portland de alto-forno (com quantidades de escóriassuficientes para neutralizar a reação).

Quadro fissuratório em bloco de fundação de edifício de 23 pavimentos: recuperaçãode estruturas comprometidas por RAA é cara e complexa

Detalhe de reação álcali-agregado: aseta indica a borda de reaçãocircundando o agregado graúdo

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negativo", ou seja, induzir à falsa con-clusão de que o agregado não é reativo.

O consultor aponta o método dosprismas de concreto como um dosmais eficientes para a detecção de rea-tividade do agregado. Porém, umadesvantagem é o tempo de conclusãodos testes, que pode levar um ano. Natentativa de solucionar o problema,alguns laboratórios vêm estudando aadoção de um método acelerado deprisma de concreto cujos resultadosseriam concluídos em três meses.

Outros esforços estão sendo realiza-dos no sentido de promover métodosmais seguros e rápidos para o diagnósti-co da reatividade. Uma parceria entrelaboratórios canadenses, americanos,australianos e europeus e os laborató-rios nacionais de Furnas (GO), daABCP (Associação Brasileira de Ci-mento Portland),da escola Politécnica eda Cesp (Companhia Energética do Es-tado de São Paulo) – Ilha Solteira parti-cipam,desde março de 2006,de estudosem âmbito internacional cujos resulta-dos visam diminuir o tempo de conclu-são das análises dos testes realizados.

Gisele C. Cichinelli

fundações dos edifícios", lembra Andrade. Segundo Francisco Bacelar, diretor de ciência e tecnologia do Sinduscon-PE e diretor da divisão imobiliária do GrupoJCPM, após a queda do Areia Branca, a primeira preocupação da entidade foipromover um debate técnico com osespecialistas, construtores, calculistas,universidades e fornecedores de materiais.Na tentativa de combater o problema, o Sinduscon-PE elaborou uma cartilhaintitulada "Reação álcali-agregado ediagnóstico do potencial de reatividade dos agregados e do potencial de inibiçãode RAA com uso de cimentos e adiçõesminerais disponíveis na regiãometropolitana do Recife", documento quecontém recomendações para prevenção da RAA em futuras obras. Além dessainiciativa, estão sendo promovidas diversaspalestras e cursos cujo objetivo principal é promover a conscientização do meiotécnico para a existência do problema.

Desde a queda do Areia Branca, ensaiosespecíficos já confirmaram 15 casos deedificações diagnosticadas com a RAA naregião metropolitana do Recife. Outros 25casos, ainda não submetidos a ensaios,mostram quadros fissuratórios deintensidade variada em blocos e sapatas quetambém podem estar associados a RAA. A existência do que os especialistasdenominam como "tríplice aliança" – o uso de agregado reativo no concreto, a presença de álcalis no cimento e aexistência de umidade no solo, bastanteintensa em Recife – são os fatores quepossibilitaram o desencadeamento dareação de forma intensa nessa cidade.Entretanto, como alerta Andrade,"provavelmente nas cidades brasileiras onde os fatores essenciais para odesenvolvimento da RAA estejampresentes, o mesmo problema pode estar acontecendo sem, contudo, seremsubmetidos a investigações".

RAA no RecifeAlém das inspeções em elementos de fundação dos edifícios na regiãometropolitana do Recife, o Sinduscon-PE,com apoio do Sebrae-PE (ServiçoBrasileiro de Apoio às Micro e PequenasEmpresas de Pernambuco), sob acoordenação da Universidade Federal de Pernambuco, realizou um estudo paraidentificar o potencial de reatividade dos principais agregados da região. Alémdessa identificação, foram pesquisados oscimentos e adições minerais disponíveisna região capazes de mitigar a reação dosagregados mais reativos. Os ensaios, realizados em Furnas,identificaram algumas jazidas deagregados potencialmente reativas. Oscasos mais graves, sob o ponto de vista de fissuração, coincidiram com as jazidasque apresentaram os maiores níveis dereatividade. "Essa correlação reforçou o diagnóstico da influência da RAA nosquadros fissuratórios encontrados nas

Segundo documento do Comitê deEspecialistas do Ibracon para ReaçõesExpansivas em Estruturas de Concreto,outra possibilidade é a adição de sílicaativa, metacaulim, cinza volante, cinzade casca de arroz ou material polozâni-co ao concreto,na central ou na própriaobra, em teores compatíveis e previa-mente estudados. "A adoção de com-postos de lítio no concreto é uma outraopção,porém deve ser muito bem estu-dada", lembra Kuperman.

DiagnósticoEmbora haja vários métodos para

identificar a presença da reação álcali-agregado no concreto, os esforçospara a recuperação ou reforço de es-truturas problemáticas são tão custo-sos e difíceis que a prevenção acabasendo o melhor remédio para evitar asua manifestação.

Entre os métodos para a detecçãoprévia da reatividade de agregadosfrente aos hidróxidos de sódio ou po-tássio presentes na pasta de cimentohidratada estão: a análise petrográfica,o método químico, o método acelera-do de barras de argamassa (AMBT),

métodos de prismas de concreto(CPT) e o método acelerado de pris-mas de concreto (ACPT).

De acordo com Kuperman, ne-nhum desses métodos é totalmente se-guro. "Alguns são mais precisos paradeterminado tipo de agregado e nãopara outro, por exemplo", enfatiza.Tanto o método químico (NBR 9774)quanto o de barras de argamassa(NBR 9773) não são consideradoscomo totalmente confiáveis poispodem induzir a conclusões de "falso-

A análise petrográfica é um dosprincipais métodos para detecção da reatividade entre agregados ehidróxidos de sódio ou potássio

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CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL

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Também chamado autocompactá-vel, o concreto auto-adensável é,

sobretudo, um material fluido – em-bora sua definição extrapole tal carac-terística, como veremos. Por ser umconcreto de alto desempenho, tem acapacidade de se moldar às fôrmasvalendo-se apenas do peso próprio, daação da gravidade, dispensando com-pactação ou vibração externas.

Ou seja, é capaz de preencher es-paços e envolver barras de aço e ou-tros obstáculos mantendo uma ho-

Mistura plásticaInovador por eliminar etapas e alterar rotina de canteiro, tecnologia doconcreto auto-adensável ainda é prejudicada pelo desconhecimento acercade suas propriedades

mogeneidade adequada, conformeexplica o engenheiro Bernardo Tuti-kian, doutorando do Norie (NúcleoOrientado para a Inovação da Edifica-ção), da Universidade Federal do RioGrande do Sul.

Embora geralmente seja autoni-velante, esse não é um requisito paraque um concreto seja consideradoauto-adensável. Mais, "as característi-cas do concreto fresco é que diferen-ciam o CAA do concreto convencio-nal", salienta o professor Wellington

Repette, do ECV-UFSC (Departa-mento de Engenharia Civil da Uni-versidade Federal de Santa Catarina).O material também deve apresentartrês propriedades básicas: coesão su-ficiente para escoar intacto e preen-cher espaços, habilidade de passarpor restrições e capacidade de resistirà segregação. Estas, conforme explica,dependem tanto da fluidez quanto daestabilidade da mistura.

O CAA é obtido a partir dos mes-mos materiais utilizados para a pro-dução do concreto convencional – ci-mento, agregados graúdo e miúdo,material fino coesivo e água, porémcom maior adição de finos, de aditi-vos superplastificantes e, eventual-mente, moderadores de viscosidade.Embora, conforme lembra Repette,exista uma ampla discussão acadêmi-ca em torno das metodologias paraobtenção do traço. Tutikian recomen-da a adoção de "algum método de do-sagem", referindo-se aos inúmerosdesenvolvidos pelos pesquisadoresbrasileiros (veja quadro).

Traço refinadoRepette reforça a importância do

refinamento do traço, baseado em mé-todos de dosagem adequados.Segundoafirma,mesmo que o CAA seja aprova-do pelos ensaios realizados em cantei-ro, "o uso sem critério de aditivos, finosou cimento pode trazer problemas fu-turos de desempenho", alerta.

Como se vê, comparativamenteaos concretos convencionais, o CAA

O espalhamento entre 600 mm e 700 mm, obtido em ensaio específico, é idealpara evitar que o concreto se mova demais a partir do ponto de lançamento,permitindo preencher primeiro vigas e depois a laje em si

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demanda ainda mais atenção quan-do da definição do traço, uma vezque é imprescindível obter fluidez,evitar qualquer segregação e adequarcustos. "É possível fazer CAA apenascom cimento, mas se tornaria muitocaro", ilustra Repette referindo-se ànecessidade dos finos, que pode serpó-de-brita, resíduo da britagem derocha e da lavagem de areia artificial.A recomendação do professor daUFSC é que o ajuste do traço sejafeito em laboratório a partir da pasta,seguido da adequação da argamassae, por fim, do concreto.

Todos esses procedimentos visamà obtenção de um concreto fluidocuja homogeneidade – especialmen-te após a aplicação – depende, princi-palmente, da viscosidade plástica eda tensão de escoamento. Ambas sãodeterminadas pela dosagem da mis-tura, pelo tipo e teor do aditivo su-perplastificante, pelo teor de finos epela distribuição granulométrica dosmateriais. Há necessidade de que aviscosidade seja moderada e a tensãode escoamento, baixa. Repette lem-bra que o que dá fluidez à mistura é oteor de água e/ou de aditivo super-plastificante. Este geralmente à base

Cimento� São preferíveis os cimentos maisfinos e com teores mais baixos deálcalis e de C

3A. No entanto, a

princípio, qualquer tipo de cimentoempregado na produção do concretoconvencional pode ser utilizado paraobtenção do CAA.

Adições� Filler calcário: embora o de naturezacalcítica seja o mais indicado, não é ummaterial verdadeiramente inerte,principalmente se em contato com C

3A,

além de aumentar a velocidade dehidratação do cimento. Deve ter finuraigual ou menor que a do cimento.� Cinza volante: com forma esférica,diminui o atrito interno entre agregadose cimento, reduzindo o consumo desuperplastificante por aumentar a fluideze a viscosidade. Deve ter finura entre 500 m2/kg e 600 m2/kg.� Sílica ativa: comum para obtenção deelevada resistência à compressão,promove aumento da resistência àsegregação quando representa entre 2% e 5% da massa de cimento. Nessescasos também aumenta a demanda poraditivo superplastificante e a tensão de escoamento.

� Fração fina dos agregadosindustrializados: o tipo de rocha e aforma de britagem e classificaçãoinfluenciam as características próprias ea adequação do CAA.

Aditivos� Superplastificantes: reduzem em pelomenos 20% o consumo de água. Mesmoos de base policarboxilato, maisindicados, provocam perdas de fluidezexigindo compatibilização com os fiosda mistura.� Promotores de viscosidade:normalmente à base depolissacarídeos, melhoram aresistência à segregação. Sãodispensáveis quando os teores de finossão adequados. Aumentam a retraçãoquando em doses elevadas.

Agregados�Miúdo: os mesmos do concretoconvencional, o ideal é querepresentem entre 40% e 50% daargamassa do CAA.�Graúdo: também semelhantes ao doconcreto convencional, são preferíveisos de forma regular. O de 10 mm é omais difundido por resultar numacomposição mais econômica.

Materiais para obtenção do CAA

Fonte: Concreto de Última Geração: Presente e Futuro, Capítulo 49, Vol. 2, pp.1509-1550, W. L.Repette. In: Concreto: Ensino, Pesquisa e Realizações, Editor: Geraldo C.Isaia, Ibracon, 2005.

dade plástica. Como é pouco disponí-vel em campo, as propriedades domaterial no estado fresco são avalia-das por três outros testes: caixa "L",funil "V" e ensaio de espalhamento.Enquanto o espalhamento se relacio-na mais diretamente com a tensão deescoamento, o funil traz mais infor-mações pertinentes à viscosidade. Já acaixa "L" verifica a fluidez, a capacida-

de sais de ácido policarboxílico, ousimplesmente policarboxilatos. "É osupra-sumo da indústria, mas exis-tem experimentos com aditivos maisbaratos que mostram resultados fa-voráveis", pondera.

O equipamento ideal para avaliara qualidade do CAA no estado fresco éo reômetro, que permite a obtençãoda tensão de escoamento e da viscosi-

Por ser fluido, o concreto auto-adensável não é recomendado parapreenchimento de escadas ou lajes comdesníveis. Nesses casos, é possívelconstruir um dique de argamassa paraevitar nivelamento

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de de ocupar espaços e passar por res-trições e o grau de nivelamento, sendoquase um ensaio de desempenho. "Éimportante fazer os três para ter umavisão do material como um todo",afirma Repette.

Também é essencial verificar asegregação do material, que, quan-do exagerada, pode ser vista no es-

Se corretamente especificado, projetado eaplicado, o concreto auto-adensável podepropiciar uma série de ganhos diretos eobjetivos, tanto na qualidade final daestrutura quanto no orçamento da obra.Além desses, listados abaixo, há apossibilidade de ganhos indiretos,relativos a incrementos na qualidade,ausência de patologias futuras ediminuição de riscos e desgaste detrabalhadores e equipamentos.Dentre os benefícios que tornam o CAAum material vantajoso, segundo oengenheiro Bernardo Tutikian, destacam-seas possibilidades de:

�Acelerar a construção� Reduzir a mão-de-obra no canteiro�Melhorar o acabamento final da superfície�Aumentar a durabilidade por ser maisfácil de adensar� Permitir grande liberdade de formas edimensões� Permitir concretagens em peças deseções reduzidas� Eliminar o barulho de vibração�Tornar o local de trabalho mais seguroem função da diminuição do número detrabalhadores� Reduzir o custo final do concreto e/ouda estrutura

Segundo o engenheiro WellingtonRepette, o CAA permite a redução decustos devido aos seguintes motivos:� Dispensa o emprego de vibradores,com economia na aquisição, manutençãoe operação desses equipamentos� Permite maior reutilização das fôrmasem função da inexistência da operação deadensamento e pela maior facilidade delançamento do concreto� Eliminam-se ou minoram-se os custosde correção de falhas de concretagem

(como ninhos e acúmulo de bolhas nasuperfície)� Estima-se ocorrer um menor custo paraas operações de desenforma, uma vez queo concreto adere menos devido ao não-adensamento� Possibilidade de redução das seções depeças densamente armadas, uma vez quepreenche espaços com mais facilidade� Possibilidade de haver maiores turnosde concretagem, principalmente quandohá restrições quanto à poluição sonora

Custos

Fonte: Prof. Dr. Wellington Repette. UFSC.

Vantagens diretas

Fonte: Bernardo Tutikian (2004).

palhamento. Por ser difícil de perce-ber no momento do recebimento ouda aplicação, é mais seguro evitá-larealizando uma adequação préviaem laboratório. Dessa forma im-pede-se a exsudação da mistura e,conseqüentemente, a perda de resis-tência na superfície superior e atémesmo a exposição das armaduras.

Até mesmo o comportamento doelemento a ser moldado, ao longoda espessura, é influenciado pela se-gregação ou não do concreto. "Casohaja exsudação, pode haver dificul-dades no lançamento, pois tambémafeta a capacidade do CAA se moveradequadamente, e a heterogeneida-de das propriedades mecânicas", re-sume Repette.

Dentre os motivos para a exsuda-ção, conta Tutikian, estão a falta deajuste do traço e o excesso de aditivosuperplastificante, com possibilidadede manifestações patológicas. O CAAé um material que exige dosagem cri-teriosa e focada na estabilidade damistura, que é o ponto mais suscetívela problemas no momento da aplica-ção. "É um concreto fluido, mas essanão pode ser sua única característica",conclui Repette.

Aplicação simplificadaDesenvolvido no Japão no final

da década de 80, o CAA visava à eli-minação da etapa de adensamentoem concretagens, pois havia dificul-dade em encontrar mão-de-obraqualificada para executar essa etapa,o que desencadeava problemas como acabamento final. Atualmente,com a onda da racionalização damão-de-obra – no Brasil mais devi-do às dificuldades em encontrarqualificação do que visando à redu-ção de custos – o CAA pode encon-trar espaço para crescer. Claro quedesde que os problemas iniciais en-frentados, comuns a qualquer tecno-logia, não distorçam as característi-cas e destruam o potencial que o ma-terial tem. "É um material promis-sor, mas pode ser prejudicado porproblemas iniciais de dosagem", la-menta Repette.

Aumenta a rapidez da obra poreliminar a etapa de vibração, even-tuais retrabalhos decorrentes dopreenchimento de vazios na super-fície causados por incorporação dear ou falhas de concretagem e porreduzir significativamente as etapasde nivelamento e acabamento. Porisso, e também por contar com ade-quado controle tecnológico, a in-

ENSAIOS E REQUISITOS PARA O CAAMétodos de ensaio Valores limitesEspalhamento Entre 600 e 800 mmFunil "V" Entre 5 e 10 segundosCaixa "L" H2/H1 entre 0,8 e 1,0Segregação avaliada no ensaio de espalhamento AusenteFonte: Concreto auto-adensável – Conceitos e características, Prof. Dr. WellingtonRepette, UFSC.

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Tão versátil quanto o concretoconvencional, pode ser aplicado in loco,em pré-fabricados, ser dosado em canteiroou centrais e ser transportado porcaminhões betoneira. Pode ser bombeado,lançado por meio de gruas ou espalhado.Por ser fluido, tende a se nivelar. Portanto,não é indicado para locais com desníveis,como sacadas e escadas, ou mesmo lajescom contraflecha elevada. Para degraus edesníveis em lajes é possível lançar mãode diques, barreiras de argamassaexecutadas antes da concretagem.A seguir, locais passíveis do uso doconcreto auto-adensável:� Obras convencionais onde sejanecessária maior velocidade

� Lajes de pequena espessura ou lajesnervuradas� Fundações em hélice contínua� Paredes, vigas e colunas� Parede-diafragma� Estações de tratamento de água eesgoto� Reservatórios de águas e piscinas� Pisos, contrapisos, muros, painéis� Obras com acabamento em concretoaparente� Locais de difícil acesso� Peças pequenas, com muitos detalhesou formato não convencional em que sejadifícil utilizar vibradores� Elementos com grande concentraçãode ferragens

Aplicações

Fonte: Utilização de concreto auto-adensável em estruturas de edifícios com custosinferiores ao concreto convencional. 12o Concurso Falcão Bauer. Câmara Brasileira daIndústria da Construção Civil.

dústria de pré-fabricados tende a sera primeira interessada por esse con-creto. Além disso, o tempo entreprodução e aplicação é menor nes-ses casos, o que tende a minimizarcustos. Esse dado é importante, con-forme Repette, porque a manuten-ção das características desse concre-to é mais difícil de obter. "Pode serCAA na concreteira, mas perde ca-racterísticas até o momento da apli-cação", explica.

Em relação às construtoras, Ber-nardo Tutikian salienta que elas preci-sam estar atentas e atualizadas "com astendências positivas que visam a me-lhorar o processo produtivo racionali-zado, ambiente, custos e segurança". Aafirmação remete também à influên-cia do uso do CAA sobre deformações,módulos de elasticidade, rapidez eexecução, tempo de escoramento, as-pectos ambientais, dentre outras.

Os pesquisadores concordamque a tecnologia proporciona umamaior racionalização da obra quecertamente pode desencadear ou-tros benefícios à cadeia da constru-ção. "Com divulgação e conheci-mento, o CAA virá a fazer parte darealidade do setor", aposta Tutikian."O custo, em princípio mais elevadopara a produção do material, podeser compensado pela redução degastos com sua aplicação e com amanutenção das estruturas", afirmaRepette na Ação no 6 da Comunida-de da Construção: Implementaçãodo concreto auto-adensável na exe-cução de estrutura de concreto ar-mado. Nesse experimento, apenasdois operários trabalharam na con-cretagem de um pavimento com

mais de 500 m2, com aproximada-mente 60 m3 de concreto.

Os construtores, no entanto,ainda não conseguem observar as re-duções de custos indiretas que o ma-terial propõe. Para o diretor técnicoda Hochtief do Brasil, o engenheiroAlexandre Safar de Oliveira, o queimpede a ampla disseminação doCAA entre as construtoras é "o custo,cerca de 8% a 10% maior". Alémdisso, por ser um material novo, le-vanta preocupações dentre os cons-trutores, que se mostram cientes dademanda acentuada por rigorosocontrole da qualidade.

Assim, ainda consideram oCAA apenas para casos específicos e

não para concretagens em geral,como esperam os entusiastas datecnologia. "São adequados parapeças densamente armadas, estru-turas elaboradas, com alto relevo,fachadas em concreto aparente epainéis arquitetônicos", conta Oli-veira. Um uso mais amplo depende,para Tutikian, de divulgação. "Faltaconhecimento de construtores,projetistas, concreteiras e profissio-nais responsáveis pela dosagem edefinição do tipo de concreto paracada aplicação", lamenta.

Bruno Loturco

Os ensaios do funil "V" e da caixa "L" dão indícios relativos à viscosidade plástica e à tensão de escoamento. O ensaio de espalhamentomostra a capacidade do concreto de se mover, além de dar indícios referentes à segregação

Fotos publicadas inicialmente no RelatórioComunidade da Construção Florianópolis. Ação 6 –Concreto auto-adensável

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DEFORMAÇÃO LENTA

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Diversos pesquisadores têm-se em-penhado em conhecer as proprie-

dades do concreto, dentre elas a fluên-cia. Trata-se de uma propriedadecomum a diversos materiais. O fenô-meno caracteriza-se pelo aumentogradual da deformação do materialquando sujeito a uma tensão constanteao longo do tempo.No caso do concre-to, pode-se concluir que, exatamentepor aliviar as concentrações de tensões,a fluência possibilita que o concretoseja utilizado como material estrutu-ral. "Essa propriedade é extremamenteimportante e benéfica, sob esse pontode vista", explica a engenheira Inês Ba-taggin, superintendente da ABNT (As-sociação Brasileira de Normas Técni-cas) e pesquisadora da ABCP (Associa-ção Brasileira de Cimento Portland).

Variável concretaA fluência, fenômeno próprio do material, pode ser minimizada com projeto e execução adequados

Como o próprio nome sugere, adeformação lenta do concreto ocorreao longo de muitos anos. Estudos rea-lizados pelo ACI (American ConcreteInstitute) demonstram que as defor-mações em corpos-de-prova de con-creto são verificadas mesmo após 30anos. Esses registros sugerem a ten-dência assintótica a um valor cons-tante de deformação, se não houvermodificações no carregamento aolongo do tempo. "No entanto, como oincremento de deformação apósalgum tempo passa a ser muito pe-queno, esse conhecimento serve ape-nas a pesquisas acadêmicas", conclui.

Algumas das causas básicas do fe-nômeno já foram determinadas, masainda há muitos pontos de relação aserem mensurados. De acordo com

Inês, a perda da água intracristalina,sob pressão constante, parece ser umadas relações de grande importânciana determinação do grau de fluênciano concreto, o que pode sugerir queelevadas relações água/cimento sejamindesejáveis no que se refere ao con-trole do fenômeno. Assim como afluência é sensivelmente influenciadapela disponibilidade de água do com-posto, diversas outras propriedadescomo módulo de elasticidade e resis-tência à compressão também geramvariações nas deformações. A fluênciaé diretamente proporcional à relaçãoágua/cimento e inversamente propor-cional aos valores de módulo de elas-ticidade e resistência à compressão. Éimportante que o concreto continue aapresentar ganhos de resistência apósa aplicação de carga na estrutura, jáque o peso próprio constitui um pri-meiro carregamento. Sabe-se aindaque a fluência diminui com o aumen-to das dimensões do elemento estru-tural, portanto estruturas mais esbel-tas requerem mais atenção.

É importante ressaltar que a varia-ção volumétrica resultante da reaçãoexotérmica de hidratação do cimentonão interfere na fluência. É um fenô-meno de comportamento não-lineardo concreto quando submetido a umatensão que ultrapassa a fase elástica.Quando a retirada da carga atuante dálugar à volta de uma parte da defor-mação, o material está na fase elástica,enquanto que a parte correspondenteà deformação além do limite elástico éirreversível. Do ponto de vista desse

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Justamente por aliviar concentrações de tensões, o concreto tem ótimaspropriedades estruturais, mas as deformações devem ser previstas a longo prazo

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comportamento, o concreto é um ma-terial visco-elástico que tem sua defor-mação diferida ao longo do tempo.

Além de decisões de projeto, nahora de executar a estrutura é indis-pensável considerar a maturidade doconcreto no momento de aplicaçãodas cargas e a magnitude desses carre-gamentos. Segundo experimentos, afluência dos concretos carregados abaixas idades é maior do que a verifi-cada em concretos carregados a idadesmaiores. "Esse comportamento é de-vido ao maior grau de hidratação dosconcretos com maior idade, que apre-sentam estrutura interna mais com-pacta e menos água disponível", expli-ca Inês. "Cerca de uma quarta parte dafluência ocorre nas duas primeiras se-manas de carregamento", conclui.

De acordo com o engenheiro JoséZamarion,do Ibracon (Instituto Brasi-leiro do Concreto), a idade fictícia doconcreto no instante de aplicação dacarga, tempo zero e no instante consi-derado (tempo t), leva em conta o his-tórico de desenvolvimento da resistên-cia do concreto. Zamarion ressalta queas condições para estimativa (cálculo)do coeficiente de fluência pressupõemuma tensão de 0,4 x tensão de rupturapor ocasião do carregamento e são vá-lidas após a idade de três dias.

Controle de projetoNo Brasil, a NBR 6118 estabelece

como deve ser realizado o projeto deestruturas de concreto. A versão publi-cada em 2003 prevê as análises global elocalizada das deformações, de manei-ra que a estrutura seja verificada comoum todo e em partes, e estabelece limi-tes de deformabilidade. A considera-ção da fluência no cálculo estrutural éobrigatória por essa norma e pode serobtida por uma análise simplificada oucomplexa. A norma técnica nacionalcorrelaciona o valor da fluência doconcreto aos valores de módulo deelasticidade, dimensões do elementoestrutural, umidade e outros, em fun-ção do conhecimento já adquirido naspesquisas realizadas. Apesar do conhe-cimento de importantes variáveis quedeterminam o fenômeno, a fluênciaainda é uma propriedade difícil de ser

medida empiricamente. A norma bra-sileira de ensaios, a NBR 8224, deter-mina modelos de ensaios de longa du-ração,cerca de 400 dias,mas poucos la-boratórios dispõem do equipamentonecessário à sua execução. O tempo deduração do ensaio e seu alto custo tor-nam restritivo seu uso corrente, sendopouco solicitado pelo meio técnico. "Anão ser no caso da construção de bar-ragens,onde essa propriedade é funda-mental para o sucesso do empreendi-mento", explica Inês Battagin. No Bra-sil, assim como em grande parte dospaíses, a fluência ainda é determinadapor estimativas teóricas a partir dedados mais facilmente obtidos. "Nãoapenas a previsão da fluência, masmuitas outras especificações e premis-sas exigidas em norma devem ser ex-plicitadas nos documentos que acom-panham o projeto estrutural", conclui.

Para Zamarion, a deformabilida-de da estrutura pode ser controladacom o uso de concretos com resistên-cia e módulo de elasticidade corretos,e o seu lançamento pode ser realizadocom a escolha adequada dos elemen-tos enrijecedores. Para se obter umamaior trabalhabilidade do concreto,ou maiores valores de abatimento

(slump),podem ser utilizados aditivosplastificantes ou superplastificantesna mistura, no lugar do aumento darelação água/cimento. Esse é o proce-dimento usual para se obter concretosde elevada resistência à compressão ede fácil aplicação em estruturas comalta densidade de armadura (espaçosreduzidos), pois um aumento na rela-ção água/cimento fatalmente provocauma expressiva queda na resistência.Os concretos atuais com abatimentosentre 16 e 20 cm, conseguidos comuso de superfluidificantes, e os cha-mados auto-adensáveis, com aditivosquímicos, conferem resistência maisalta e módulo de elasticidade adequa-do, desde que o agregado graúdoapresente modo de elasticidade com-patível. "Esses concretos devem apre-sentar boa coesão em estado plástico edispensam o adensamento, além desuperarem os concretos convencio-nais do ponto de vista da fluência", ex-plica. Já concretos mais argamassa-dos, como é o caso do bombeável, ten-dem a apresentar menores valores demódulo de elasticidade do que osconvencionais, e conseqüentementemaiores valores de fluência. Esse tipode concreto, indicado para aplicação

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O edifício Mandarim, em São Paulo, foi uma das primeiras estruturas monitoradasnas primeiras idades de carregamento

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em locais de difícil acesso, deve serutilizado com o conhecimento préviode suas características físicas, obtidaspor ensaio e consideradas em projeto.

De acordo com o engenheiro Fran-cisco Graziano, do escritório de en-genharia Pasqua e Graziano, a inde-terminação real da fluência, tambémcondicionada a fatores de origemclimática como umidade do ar etemperatura ambiente, requer dis-positivos estruturais de compensa-ção. Nos casos em que o conheci-mento da deformação de uma viga éindispensável para garantir seu bomdesempenho em serviço, como emvigas fletidas de grandes vãos, e exis-tem dúvidas sobre a variabilidade dagrandeza referente ao deslocamento,lança-se mão de alterações do siste-ma estrutural por meio do uso desistemas protendidos. "A protensão

forma uma contracurvatura mecâ-nica que pode neutralizar o efeitodeletério da fluência", explica.

Graziano também alerta parauma confusão comum entre enge-nheiros: considerar como fluência adeformabilidade de uma peça resul-tante de um estado de fissuração."Esse fenômeno pode ser responsávelpela amplificação de até duas vezes nadeslocabilidade da peça, resultandoem deslocamentos extremamente ines-perados", explica. Isso se deve ao fatode a fissuração reduzir de forma dra-

mática a rigidez da seção transversalda peça à quase metade da grandezaapresentada antes da ocorrência. Afissuração depende da qualidade doconcreto utilizado, da quantidade dearmadura da peça, da grandeza dascargas aplicadas, das condições decura, da desenforma e reescoramento.

Controle da execuçãoTodos os especialistas concordam

que para minimizar os efeitos dafluência as soluções construtivasdevem contemplar o comportamentosistêmico do edifício, de maneira aprever o bom funcionamento conjun-to dos componentes. "As mudançasnos sistemas executivos levaram aoaparecimento de problemas na inter-

FLUÊNCIA DE CONCRETOS PRODUZIDOS COM GRANITO COMO AGREGADO GRAÚDO E CIMENTOS COM ADIÇÃO. RELAÇÕES ÁGUA/CIMENTO VARIÁVEIS

Idade Fluência básicaCarre- específica (10-6/MPa)(1) 1/E F(k)

Origem dos Pasta Consumo (kg/m3) Dmáx gamento (dias após o carregamento) (10-6/ (10-6/agregados a/c (%) Adição Cimento Total (mm) (dias) 5 10 30 100 300 400 MPa) MPa)DDoossaaggeemm 22993366

Serra 0,66 22,97 39 (POZ) 235 274 19 2 35 46 66 89 110 116 127,21 19,35

Mesa 5 33 44 63 85 106 111 67,68 18,49DDoossaaggeemm 44669977

Serra 0,52 26,41 28 (SA) 315 343 19 1 193 258 370 497 616 646 199,20 107,88

Mesa 3 38 51 74 99 123 129 93,20 21,49

7 21 28 40 53 66 69 86,73 11,52

28 14 18 26 35 44 46 56,18 7,66DDoossaaggeemm 44773311

Serra 0,57 28,23 28 (SA) 320 348 19 1 31 42 60 80 100 105 133,16 17,46

Mesa 3 24 33 47 63 78 82 80,71 13,64

7 18 25 35 48 59 62 66,18 10,31

28 13 18 25 34 42 45 55,28 7,43

Obs.: (1) fluência básica específica = fluência básica/carga aplicada.

Nesses ensaios à fluência básica está adicionada a deformação autógena (ensaios realizados no Laboratório de Furnas)

Parcela permanente imediata = 40%Parcela permanente após seis meses = 40%Parcela variável = 20%

1,40

0,20(seção)

0,50

0,10

4 tf/m

10 m 10 m-3,3 -3,3

A

-2,2 -2,2B

-3,1 -3,1

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ABC

NBR 6118/2003 com fluência 1NBR 6118/2003 com fluência 2CEB 90 com fluência 1CEB 90 com fluência 2

Flechas difer dasi

D

-2,0 -2,0D

Fluência 1 = majoração diretanas flechas imediatasFluência 2 = correção no diagramatensão-deformação do concreto

-1,2 -1,2A

-1,7 -1,7B

-1,5 -1,5C

ABC

Análise linearNão-linear – NBR 6118/2003Não-linear – CEB 90

Flechas imediatas

POZ = material pozolânico SA = sílica ativa

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face estrutura-vedações e na deforma-ção das estruturas, com deslocamen-tos além do esperado", explica Zama-rion. Sistemas com comportamentosimilar são especialmente indicadospara uso conjunto, como revestimen-tos de argamassa em alvenaria de blo-cos de concreto, onde se verifica nãoapenas a aderência física do revesti-mento (ranhuras e reentrânciaspreenchidas), mas também a aderên-cia química por similaridade do mate-rial.Além disso, as vedações devem sercapazes de absorver as deformações daestrutura sem gerar tensões internas.

Com relação à estrutura,o cuidadocom o concreto nas primeiras idades édeterminante para sua vida útil. A ma-nutenção da relação tensão-resistênciadentro de limites aceitáveis exige esco-ramento adequado e a não-colocaçãode materiais de construção sobre a es-trutura recém-concretada, ou seja, oadiamento do início de execução dasvedações.Em todos os casos, recomen-da-se um plano de escoramento ondese considere, para cada etapa, o binô-mio "resistência à compressão-módu-lo de elasticidade" como base para adefinição das escoras que devem per-manecer em sua posição original atéque possam ser removidas, sem prejuí-zo para o elemento estrutural e para oconcreto. "Nesse sentido, encontra-seem desenvolvimento um projeto denorma que trata especificamente defôrmas e escoramentos para estruturasde concreto, visando estabelecer commaior propriedade as exigências a res-peito do tema", explica Inês.

De acordo com a pesquisadora, osprincipais fatores que elevam as de-formações por fluência no momentoda execução estão relacionados aoprocesso de secagem do elemento es-trutural, por falta de cura ou cura in-suficiente. A cura, especialmente nasprimeiras idades, propicia aumentosda resistência e do módulo de elasti-cidade do concreto. No entanto, con-tra isso pode pesar o aumento datemperatura, acentua a secagem, e aelevada relação tensão-resistência noinstante de aplicação da carga, queacima de 0,4 produz microfissuras noconcreto que aumentam significati-

vamente a fluência. Apesar de nor-malizado há mais de duas décadas, oensaio de módulo de elasticidade erapouco utilizado. Com a revisão daNBR 8522, em 2003, o ensaio ficoumais fácil e confiável (menor variabi-lidade de resultados), sendo aconse-lhável sua determinação antes do iní-cio da obra, para os materiais que se

pretende utilizar, de maneira a asse-gurar os valores adotados em projeto."O acompanhamento desse parâme-tro no decorrer da obra é necessárioapenas se houver troca de materiais,especialmente do agregado graúdo,ou expressiva modificação no traçodo concreto", conclui.

Simone Sayegh

O escoramento e o reescoramentoresidual são etapas decisivas para ocontrole das deformações, até que oconcreto atinja as resistências desejadase flexões admissíveis

Com mais lajes executadas emintervalos curtos e o fato de asestruturas serem mais delgadasprovocaram há alguns anos patologiasem uma série de obras

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Com as medições efetuadas, os projetistas do edifício Mandarim puderam determinaro melhor momento para execução das alvenarias internas sem o risco de ocorrênciade patologias devidas a deformações

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Envie artigo para: [email protected] texto não deve ultrapassar o limitede 15 mil caracteres (com espaço).Fotos devem ser encaminhadasseparadamente em JPG.ARTIGO

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Oobjetivo deste artigo é, por umarevisão da bibliografia, indicar os

principais fatores que afetam a fluên-cia do concreto e apontar medidaspráticas no sentido de reduzir as de-formações em estruturas de edifícios.

O advento de novas técnicas decálculo, a introdução de uma série demodificações na produção das edifica-ções de concreto, a ênfase crescente naredução dos prazos construtivos e ouso já consagrado de diversos tipos decimentos e aditivos nos concretos pro-duzidos atualmente, se comparadosaos de 40 anos atrás, têm provocadoenorme impacto nas técnicas da cons-trução civil. Os resultados têm refleti-do economias geradas muitas vezespor estruturas mais esbeltas e prazosconstrutivos menores.

Os carregamentos atuantes empeças de concreto armado durante aconstrução, devido aos avanços dosprocessos construtivos, podem chegara ser tão significativos quanto as cargasde serviço.É sabido que as deformaçõessofridas pelas edificações dependem deuma série de fatores, entre os quais estáa fluência que, por sua vez, dependemuito da retração por secagem e queexercem marcante influência no com-portamento estrutural a longo prazo.

Desde 1905, quando o fenômenoda fluência do concreto foi referidopela primeira vez numa publicação,milhares de pesquisas e ensaios têmsido realizados sobre o tema estandoos trabalhos à disposição do meio téc-nico mundial. Centenas de estudiososdebruçaram-se sobre os assuntos

Considerações sobrefluência de concretos

"fluência", "deformação estrutural","retração" e os resultados traduziram-se em equações, ábacos, fórmulas, etc.que têm sido utilizados nos diversoscritérios de cálculo, normas, procedi-mentos de cálculo e construção de di-versos países, incluindo o Brasil.

Conceituação da fluênciaUm material apresenta fluência

se, sob tensão constante, sua deforma-ção aumenta no tempo, como indica-do esquematicamente na figura 1.

Inicialmente, há uma relação pro-porcional entre tensão e deformação e,adicionalmente, há uma deformaçãocuja presença e magnitude são influen-ciadas pelo tempo durante o qual a ten-são aplicada atua. A relação tensão-de-formação é uma função do tempo.

A aplicação de uma tensão constan-te em uma peça de concreto sob condi-ções de umidade relativa de 100% leva aum aumento da deformação ao longodo tempo, chamada fluência básica.Considera-se que na fluência básica jáestá embutida a deformação autógenasofrida pelo concreto.A fluência adicio-nal que ocorre quando a peça sob cargatambém está submetida a secagem échamada fluência por secagem.

A fluência total é a soma das fluên-cias básica e por secagem. O termo"fluência específica" é aqui definidocomo a deformação de fluência porunidade de tensão aplicada e "coefi-ciente de fluência" é definido como arelação entre a deformação por fluên-cia e a deformação elástica.

Após um ano sob carga mantida adeformação do concreto, devido àfluência, pode atingir até três vezes ovalor da deformação observada noinstante de aplicação da carga.

L'Hermite esquematizou de ma-neira simples, conforme apresentadona figura 2, a fluência. Mostrou, tam-bém, que a fluência é significativa atéos seis anos de idade e que continuapelo menos até os 20 anos.

O concreto é um material de es-trutura extremamente complexa, he-terogênea e que varia com o tempo.Conforme as inúmeras pesquisas efe-tuadas a porosidade do material e aágua nele presente são decisivas namagnitude da fluência do concreto.

Inúmeras teorias têm sido propos-tas ao longo dos anos tentando expli-car o mecanismo da fluência do con-

Selmo Chapira KupermanDesek/PCC-Epusp

[email protected]

Fluênciapor secagem

Fluência básica

Def

orm

ação

Retração

Deformaçãoelástica nominal

Tempoto

Figura 1 – Deformação de concretosubmetido a carregamento constante esecagem (cf. Neville, 1997)

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creto, mas nenhuma é capaz de levarem conta todos os fatores envolvidos eobservados. A perda da água adsorvidaou intracristalina, sob pressão constan-te, parece ser a causa mais importante.

Tanto a retração por secagemquanto a fluência do concreto apresen-tam um certo grau de reversibilidade,conforme mostrado na figura 3.

Efeito dos principais fatoresIdade de carregamento

A fluência dos concretos carrega-dos a baixas idades é maior nas pri-meiras semanas de carregamento secomparada com concretos carregadosa idades maiores. Esse comportamen-to é devido ao maior grau de hidrata-

exemplo, quando ocorre uma reduçãosensível dos valores de fluência, varian-do numa faixa de 25% a 80%. Compro-vou-se que a partir dos 28 dias de idadede carregamento os valores de fluêncianão são significativamente alteradosquando comparados aos concretos car-regados aos 90,180 ou 365 dias de idade.

Relação tensão-resistênciaPara misturas iguais de concreto e

mesmo tipo de agregado, a fluência éproporcional à tensão aplicada e inver-samente proporcional à resistência doconcreto na época da aplicação da carga.

Com base em inúmeros resultadosexperimentais, há evidência substancialde existir uma relação linear entre afluência e a relação tensão aplicada-re-sistência até um valor de 0,40, excetopara concretos carregados com poucaidade: um a três dias. O que ainda nãoestá bem definido é o limite superiordessa relação. Com respeito a esse limi-te,é relevante notar que,a partir de rela-ções tensão-resistência entre 0,40 e 0,60,ocorre intensa microfissuração internano concreto e o comportamento na

Figura 2 – Esquema de fluência (cf. L'Hermite – tradução de L. A. Falcão Bauer)

Figura 3 – Curva típica da fluência deconcreto carregado até 40% da carga deruptura e posteriormente descarregado(cf. Scandiuzzi e Andriolo, 1986)

ção dos concretos mais velhos, queapresentam estrutura interna maiscompacta e menos água disponível.

Em geral, após aproximadamenteum mês sob carregamento, a deforma-ção do concreto torna-se independen-te da idade de carregamento. Para car-regamento em épocas superiores a 28dias, a influência da idade é muito pe-quena, como mostra a figura 4, paraconcretos carregados com a mesma re-lação tensão-resistência, a cada idade.

Análise sucinta de uma série de va-lores de resultados de ensaios realizadospelo Laboratório de Furnas mostrouuma pronunciada importância da mu-dança da idade de carregamento dosdois ou três dias para os 28 dias, por

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fluência altera-se significativamente,conforme pode ser visto na figura 5.

Geometria da peçaDevido à resistência ao transporte

da água do interior do concreto para aatmosfera, a taxa de perda de água écontrolada pelo comprimento do cami-nho percorrido pela água seja durante aretração por secagem e/ou a fluência.Para umidade relativa constante, tantoo tamanho quanto a forma de peça deconcreto determinam a magnitude daretração por secagem e da fluência.

Efeito do tempo Foi constatado que para uma larga

faixa de dosagens de concreto, tiposde agregado e condições ambientais ede carregamento, cerca de 20% a 25%da retração por secagem e da fluênciatotal aos 20 anos acontecem em duassemanas, 50% a 60% em três meses e75% a 80% em um ano.

Efeito da umidadePara concretos em ambientes com

umidade relativa de 50% a fluênciapode ser de duas a três vezes maior doque para concretos a 100% de umida-de relativa, conforme pode ser obser-vado na figura 6.

Ensaios efetuados nos laborató-rios da Itaipu mostraram aumento de2,5 vezes no coeficiente de fluência decorpos-de-prova submetidos a ensaiona câmara com 50% de umidade rela-tiva, em relação aos estocados em salaclimatizada e protegidos contra aperda de umidade.

Efeito do cimentoA fonte principal de deformações

relacionadas à umidade no concreto éa pasta endurecida de cimento. Aspropriedades do cimento que mere-cem maior destaque por, teoricamen-te, afetarem com mais intensidade afluência são a finura, a resistência àcompressão e a composição química.Entretanto, não se conseguiu estabe-lecer uma correlação entre fluência ecomposição química do cimento.

Quanto maior for a relação água/ci-mento maior será a fluência, comomostrado na figura 7.

Influência dos agregadosOs agregados exercem uma in-

fluência profunda e importante naspropriedades do concreto endurecido.As características de deformabilidadedo concreto são afetadas em virtudede uma combinação de efeitos relacio-nados à quantidade de água requerida,à resistência, módulo de elasticidade evolume dos agregados e à interaçãopasta-agregado. A granulometria, di-mensão máxima, forma e textura doagregado também são fatores que in-fluenciam a retração por secagem e afluência. Há um consenso, entretanto,que o módulo de elasticidade do agre-gado é o fator mais importante.

Para a mesma resistência à com-pressão, concretos com maior teor deagregados apresentam menor deforma-ção ao longo do tempo. Para uma dadadosagem,constatam-se valores crescen-tes de fluência e retração para concretoscontendo agregados com módulos deelasticidade decrescentes,sendo o calcá-rio a única exceção. A importância domódulo do agregado no controle dasdeformações do concreto é confirmadapor estudos que mostram que tanto aretração por secagem quanto a fluênciado concreto aumentam 2,5 vezes quan-do um agregado com alto módulo deelasticidade é substituído por um agre-gado com baixo módulo de elasticida-de.A figura 8 ilustra o fato.

Apenas o conhecimento do tipo deagregado utilizado pode não ser sufi-ciente para que se saiba seu efeito nafluência, como pode ser visto na figura9, relativa a concretos produzidos comagregados da África do Sul. O coefi-ciente de fluência de concretos simila-res produzidos com o mesmo tipo deagregado, quartzito, por exemplo,pode apresentar variações de 50%.

Efeito dos aditivosO efeito dos aditivos químicos é

controverso, havendo resultados deensaios mostrando que a fluênciapode ser menor, igual ou maior que ados respectivos concretos de referên-cia.De maneira geral há escassez de in-formações sobre o efeito dos diversostipos de aditivos, principalmente osmais modernos, pois os dados dispo-

Figura 4 – Influência da idade decarregamento na fluência, para concretocom relação água/cimento de 0,52 (cf.Kalintzis e Kuperman, 2005)

Figura 5 – Proporcionalidade entrefluência e a relação tensão aplicada-resistência do concreto (Gvozdev, cf.Coutinho, 1974)

10987654321Fl

uênc

ia e

m u

nida

des

arbi

trár

ias

Tensão aplicada(fração da tensão de ruptura)

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Tempo de carga87 dias20 dias10 dias5 dias

16

8

Fluê

ncia

(10

)-4

Tempo sob carga

10 28 90 1 2 5

Umidade relativa50%70%100%

10 2030

Dias Anos

Figura 6 – Efeito da umidade relativa nafluência de concretos (cf. Neville,1997)

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Da mesma forma, as equações uti-lizadas para caracterizar a fluência nãosão perfeitas e é sabido que embutemerros.As tabelas 1 e 2 apresentam umacomparação entre três métodos deprevisão, indicando os coeficientes devariação de erros na determinação dafluência básica e por secagem.

A tabela 2 indica, também, os coe-ficientes de variação de erros, dafluência básica de três formulaçõesimportantes, ao se comparar os resul-tados obtidos por diversos pesquisa-dores, com os calculados.

Conclui-se que para obras que de-mandem um conhecimento preciso dafluência há absoluta necessidade darealização de ensaios, segundo as me-lhores técnicas disponíveis,nos concre-tos que efetivamente serão utilizados.

níveis representam uma enorme gamade diferentes ensaios, realizados sobdiferentes condições, não permitindouma generalização.

Efeito das adiçõesOs dados existentes sobre o efeito

das adições tais como sílica ativa, escó-rias de alto-forno e materiais pozolâni-cos na fluência de concretos são con-traditórios, havendo resultados de en-saios mostrando que a fluência podeser menor, igual ou maior que a dosrespectivos concretos de referência.

Na maioria das investigaçõessobre o efeito de materiais adicio-nados ao concreto, a fluência équantificada em valores relativos,isto é, a deformação do concretocontendo a adição como uma por-centagem da deformação do con-creto sem a mesma. Essa aborda-gem deixa margens a dúvidas, poisos dois concretos, em outros aspec-tos, têm diferentes propriedades.

Previsão da fluênciaA compreensão da fluência é im-

portante para que sejam consideradose avaliados seus efeitos sobre as estru-turas. Contudo, os problemas enfren-tados para consideração da fluêncianão são fáceis, devido ao fato de o con-creto ser um material visco-elásticoque se altera com o tempo e, também,devido à necessidade de se considerarseus efeitos sobre a interação concreto-aço (concreto armado ou protendido).

Houve progressos nos estudoscom observações de estruturas e des-crições empíricas do comportamentoobservado, nos estudos dos compo-nentes do cimento e do concreto e naformulação de hipóteses. Contudo,ainda não há nenhuma formulaçãoteórica completa capaz de descrever,com perfeição, a fluência.

As discussões a respeito das me-lhores equações práticas que repre-sentem a fluência iniciaram-se hámuito tempo e estão longe de termi-nar. Periodicamente, surgem novastentativas de obtenção de uma equa-ção que mais se aproxime da realida-de. Uma dessas tentativas, apresenta-da na figura 10, compara valores me-

didos e os calculados pelo CEB, peloACI 209 e a própria proposição dospesquisadores. É notável a grande dis-persão de valores, principalmentepara os concretos que apresentammaiores valores de fluência.

Milhares de medições de valores defluência foram realizadas, tanto em la-boratórios como no campo, ao longode dezenas de anos.Esses valores deramorigem às diversas hipóteses sobre o fe-nômeno bem como às equações empí-ricas que tentam traduzir o comporta-mento de um concreto quando sujeitoa carregamentos constantes. Muitasdessas medições não seguiram as práti-cas atualmente adotadas, e muitas nor-malizadas, de modo que a comparaçãoentre valores obtidos em países diferen-tes pode carecer de significado.

15

10

5Fluê

ncia

(10

)-4

Tempo sob carga

10 28 90 1 2 5 10 2030

Dias Anos

SandstoneBasaltGravel

GraniteQuartzLimestone

TilliteSiltstoneDolomiteGran./Fels.Doler./Andes

QuartzitesGreywacke

Aggregate typeGran. (J)

)Doler. (Ng)

(O)Gran. (Ro)Gran. (Rh)

Greywacke (P)Quartzites (B)Quartzites (S)

Doler. (NC)Quartzites (F)

Fels. (M)Fels. (Z)

(UR)Siltstone (LB)Quartzites (C)

Quartzites (Ve)Andes. (E)

Dolomite (S

Dolomite

Tillite

Doler. (LB)Quartzites (D)

Quartzites (MB)Andes (V)

Quartzites (VI)

0 0,4 0,8 1,2 1,6Relative creep coefficient

Figura 7 – Influência da relaçãoágua/cimento na fluência de concretos(cf. Hummell)

Figura 8 – Efeito da mineralogia doagregado na fluência do concreto (cf.Davis)

Figura 9 – Coeficiente de fluência paraconcretos elaborados com diversos tiposde agregados (cf. Alexander, 1996)

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Para a maioria das estruturas civisconvencionais tais ensaios não têm sidonecessários, até agora, podendo sersubstituídos pelas equações correntes.

Redução da fluênciaConsiderações gerais

De maneira geral, os principais fa-tores que causam ou afetam as defor-mações por fluência do concretoestão relacionados a seguir. A reduçãodo efeito da fluência, principalmentedo ponto de vista dos materiais, passapelo controle desses fatores:� A fluência ocorre na pasta de ci-mento e está relacionada com os mo-vimentos internos da água adsorvidaou intracristalina� A fluência é um fenômeno elásticocom retardamento, cuja recuperaçãototal é impedida pela hidratação pro-gressiva do cimento� O processo de secagem tem efeitodireto sobre a fluência�A fluência cresce com o aumento datemperatura�A fluência diminui com o aumentodas dimensões da peça� Em média, 25% da fluência totalocorre após duas semanas, 55% apóstrês meses e 75% após um ano, ten-dendo a um limite após um tempo in-finito de carregamento� A fluência é inversamente propor-cional à resistência do concreto noinstante de aplicação da carga�A relação tensão-resistência no ins-tante de aplicação da carga é um dosfatores fundamentais na magnitudeda fluência. Em geral, quando a rela-ção tensão-resistência atinge valoracima de 0,4 surgem microfissuras noconcreto que aumentam significati-vamente a fluência�A variação da resistência do concre-to durante o tempo de atuação dacarga é importante e a fluência serátanto menor quanto maior for o au-mento relativo de resistência depoisda aplicação da carga� Mantidas as demais características,o aumento do teor de agregado reduza fluência do concreto.Agregados commaior módulo de elasticidade tendema reduzir a fluência do concreto� Não há um consenso sobre os efei-

tos, gerais, dos aditivos e das adições,sobre a fluência

Não há razão para se supor que osconcretos atuais apresentem maiorfluência do que os concretos de déca-das atrás. Não há, também, evidênciade que os cimentos de hoje impli-quem maior fluência dos concretoscom eles produzidos, em relação aoscimentos de décadas passadas.

Entretanto, é necessário apontarpara o fato de que muitas vezes as cargasconstrutivas atuantes nas estruturas deconcreto podem ser superiores às de ser-viço. Tais cargas, agindo em concretosjovens podem causar maiores deforma-ções e, embora tais carregamentos pos-sam perdurar apenas por curto interva-lo de tempo, podem causar efeitos ad-versos nas deformações, devido ao fatoda fluência não ser totalmente reversível.

Aspectos práticos para redução da fluênciaA redução do fenômeno da fluên-

cia em estruturas, principalmente nasde concreto armado de edificaçõespassa por três aspectos gerais: projeto,materiais e técnicas construtivas. A se-guir são relacionados alguns dos pon-tos mais importantes no que se refereaos materiais e às técnicas construtivas.

MateriaisA utilização de materiais e dosa-

gens que reduzam a retração por seca-gem e aumentem a resistência e o mó-dulo de elasticidade do concreto leva-rá a uma diminuição da fluência.

Os materiais que têm um pronun-ciado efeito nessas propriedades são osagregados, os cimentos, as adições (sí-

lica ativa, escória de alto-forno, mate-rial carbonático, etc.) e os aditivos.Tanto podem proporcionar dosagensque diminuam a fluência ou vice-versa, dependendo das característicasimpostas ao produto final, mas, prin-cipalmente, pela sua maior ou menorcapacidade de aumentar a quantidadede água no concreto.

Se, por exemplo, o fator água/ci-mento for reduzido de 0,70 para0,50, a fluência pode sofrer reduçãode até 45%, mantidas constantes asdemais variáveis.

Técnicas construtivas�Cura: a cura do concreto bem comoa manutenção de um ambiente localcom elevada umidade traz como be-nefícios um maior ganho de resistên-cia do concreto, principalmente nasprimeiras idades, maior módulo deelasticidade às primeiras idades, umaredução da retração por secagem e re-dução da fluência. Ensaios de labora-tório mostraram que, se a umidaderelativa média do ambiente onde seencontra a estrutura passar, porexemplo, de 50% para 70% durante28 dias, a fluência do concreto podesofrer uma redução de até 30%.�Carregamento: talvez o aspecto maisimportante ao se tratar da fluência deestruturas de concreto armado diz res-peito às tensões aplicadas e,conseqüen-temente, das relações tensão-resistên-cia. Considera-se que para valoresdessa relação inferiores a 0,40, a redu-ção da fluência é aproximadamente li-near. Ou seja, se a relação tensão-re-sistência for reduzida de 0,40 (valor ha-bitual de ensaio) para 0,20, a reduçãoda fluência pode ser também de cercade 50%,mantidas constantes as demaisvariáveis. Por outro lado, para valoresda relação tensão-resistência acima de0,40, a fluência aumenta exponencial-mente com a mesma. Assim, se a rela-ção tensão-resistência passar de 0,40para 0,60, a fluência pode dobrar devalor. Para manter essa relação dentrode limites aceitáveis deve-se controlaras operações de escoramento e reesco-ramento e adiar ao máximo possível osprimeiros carregamentos a serem su-portados pelo concreto.

Figura 10 – Comparação dedeformações de fluência, medidas ecalculadas (cf. Gardner e Zhao, 1993)

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pelo mercado da construção de edifica-ções. Tais ensaios devem restringir-se,num primeiro momento, apenas à ca-racterização da fluência do materialconcreto, obedecendo aos métodos deensaio internacionalmente reconheci-dos como adequados.Poucos laborató-rios brasileiros têm equipamento paraesse tipo de ensaio, que requer o isola-mento de fatores externos que pode-riam comprometer os resultados delongo prazo, tais como umidade relati-va, temperatura, manutenção da carga,etc.No entanto,tais laboratórios teriamcondições de executá-los dentro de pa-drões de reconhecida competência.b) Instrumentação de edificações: al-gumas estruturas de edificações a

InvestigaçõesA necessidade de pesquisas sobre o

assunto, no Brasil, fica clara a partir daconsideração de que os concretosatualmente utilizados diferem muitodos que já foram objeto de ensaios nopassado, mesmo recente. Além disso,as condições brasileiras são totalmen-te diferentes que as existentes nos lo-cais onde a maior parte das pesquisasse concentrou: Estados Unidos, Euro-pa, Austrália e Japão.

Dois tipos de investigação são ne-cessários:a) Ensaios laboratoriais: devem ser rea-lizados ensaios de determinação dafluência, de vários tipos de concretosmais representativos, dos utilizados

serem construídas deveriam ser dota-das de instrumentação embutida,paramedição de deformações de peças es-pecialmente selecionadas, tais comopilares. Tal instrumentação, de usocorrente em obras de barragens deconcreto, no Brasil, e de barragens,pontes, edifícios, em outros países, po-deria ser constituída por sensores ro-bustos, tais como os embutidos emobras barrageiras, com previsão dedurabilidade de cerca de 20 anos.A ca-blagem seria ligada em terminais ins-talados em algum ponto da obra e asleituras seriam efetuadas sem interfe-rir nas atividades normais da edifica-ção e sem causar transtornos aos con-dôminos.A instalação dos instrumen-tos dar-se-ia apenas em locais em queo tipo de concreto seria ensaiado àfluência e onde os cálculos permitis-sem uma previsão razoável das ten-sões e deformações lá atuantes.

O autor agradece a colaboraçãodos engenheiros Marcelo CardosoGontijo e Luiz Prado Vieira Junior narevisão da literatura.

LEIA MAIS

Fabrico e propriedades do betão.A. de Souza Coutinho, 1974.Creep of plain and structuralconcrete.A. Neville, 1986.Fluência e retração por secagemdo concreto de elevadodesempenho. C. A. Kalintzis, S. C.Kuperman. Revista Concreto 38,Ibracon, mar/abr/mai 2005.Aggregates and the deformationproperties of concrete. M.Alexander. Materials Jornal, ACI, 1996.Creep and shrinkage revisited. N.J. Gardner, J. W. Zhao. MaterialsJournal, ACI, 1993.Prediction of concrete creep andshrinkage: past, present andfuture. Nuclear Engineering andDesign no 203. Z. Bazant, 2000.Concreto e seus materiais. L.Scandiuzzi, F. R. Andriolo. EditoraPINI,1986.Ao pé do muro. R. L'Hermite.Tradução e adaptação por L. A. F. Bauer.

Tabela 1 – COEFICIENTES DE VARIAÇÃO DE ERROS (EXPRESSOS COMOPORCENTAGEM) DE MODELOS DE PREVISÃO DA FLUÊNCIA POR SECAGEM Dados de Ensaios BAZANT ACI CEBHansen e Mattock 5.8 32.1 11.9Keeton 31.4 46.3 37.9Troxell et al. 5.9 33.0 7.9L'Hermite et al. 14.0 55.8 25.5Rostasy et al. 6.5 20.9 14.8York et al. 5.8 42.1 45.1McDonald 10.9 40.4 38.9Hummel 15.3 46.2 24.6L'Hermite e Mamillan 20.6 62.5 15.2Mossinssian e Gamble 11.3 71.7 30.8Maity e Meyers 62.8 45.9 83.7Russel e Burg 10.7 41.2 19.1v (todos) 23.1 46.8 35.5

Tabela 2 - COEFICIENTES DE VARIAÇÃO DE ERROS (EXPRESSOS COMOPORCENTAGEM) DE MODELOS DE PREVISÃO DA FLUÊNCIA BÁSICADados de Ensaios BAZANT ACI CEBKeeton 19.0 37.5 42.8Kommendant et al. 15.3 31.8 8.1L'Hermite et al. 49.4 133.4 66.2Rostasy et al. 15.2 47.6 5.0Troxell et al. 4.6 13.9 6.2York et al. 5.6 37.7 12.8McDonald 6.9 48.4 22.2Maity and Meyers 33.8 30.0 15.7Mossinossian and Gamble 18.6 51.5 47.3Hansen and Harboe et al. 14.1 51.2 31.1Browne et al. 44.7 47.3 53.3Hansen and Harboe et al. 22.7 107.8 43.1Brooks and Wainwright 12.6 14.9 15.4Pirtz 12.5 58.2 32.5Hansen and Harboe et al. 33.3 70.2 56.9Russel and Burg 15.7 19.3 31.5Hanson J. A. 14.1 63.3 12.1v (todos) 23.6 58.1 35.0

Fonte: Bazant e Baweja

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CHUVEIRO A GÁSOs chuveiros a gás MuitsumaruM-4 têm potência nominal de5,3 kWh (Gás Natural) ou 5,8kWh (GLP). Segundo ofabricante, a instalação ésimples, bastando conectar oaquecedor à conexão dochuveiro e levar a tubulação degás até o local.Mitsumaru(11) 2296-3688www.mitsumaru.com.br

GRADE TUBULARA grade tubular Universal éfabricada em alumínio e é idealpara a orla marítima. Segundo ofabricante, o produto resiste aqualquer condição climática: sol,chuva e maresia. Disponível emalumínio anodizado ou compintura eletrostática.Universal(11) 2497-3050

INSTALAÇÕES COMPLEMENTARES E EXTERIORES

MOLAA Dorma apresenta ao mercadobrasileiro a mola de piso BTSFlex. O produto vaicomplementar a linha de molasde piso, liderada hoje pela BTS75V/R. A nova mola é maiscompacta e de custo menor emrelação à BTS 75V/R, tem 40mm de altura e suporta peso deaté 100 kg.Dorma(11) 4689-9200www.dorma.com.br

INSTALAÇÕESHIDRÁULICAS

INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS

TORNEIRA DE BÓIAA torneira de bóia Aquamaster,da Esteves, permite maior vazãode água por minuto,proporcionando, segundo ofabricante, um enchimento dacaixa d'água cinco vezes maisrápido do que as torneirascomuns. O produto temgarantia permanente.Esteves(11) 6521-0006www.esteves.com.br

DUCHAA Ducha SS Corona temresistência climatizada,característica que lhe garantemaior durabilidade; corpo emtermoplástico isolante térmicoe elétrico. É encontrado na corbranca, em 127 V (5.400 W depotência) e 220 V (4.400 W e5.200 W).Corona0800-112949www.corona.com.br

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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JANELAS, PORTAS E VIDROS

VIDROS ANTICHAMASOs vidros SGG Pyroswiss e SGGContraflam, da Saint-GobainGlass, são importados eapresentam característicasantichamas. Encontrados emmodelos monolíticos(Pyroswiss) ou multilaminados(Contraflam), que resistem de30 a 120 minutos ao fogo.Saint Gobain(11) 2246-7600www.saint-gobain-vidros.com.br

SPRINKLER A Fire Brasil produz tubos econexões para sistemas desprinklers em áreas de riscoleve. Segundo a fabricante, aspeças podem atingir uma vidaútil de mais de 50 anos e sãoideais para aplicações emretrofits.(11) 4208-6580www.firebrasil.com.br

INSTALAÇÕESHIDRÁULICAS

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MÁQUINAS,EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

LOCAÇÃOA Formeq Rental coloca àdisposição do mercado daconstrução civil uma amplavariedade de maquinários, comovibradores de imersão,betoneiras, guinchos,rompedores e motobombas,entre outros. Possui uma equipede engenheiros, técnicos emecânicos treinados ecapacitados a oferecer suporteaos produtos fornecidos eassistência técnica permanentenas obras.Formeq(11) 3742-8444www.formeq.com.br

VEDAÇÕES, PAREDES E DIVISÓRIAS

PERFIS PARA DRYWALL A Jorsil produz perfis para gessoacartonado em aço galvanizado e protegido com tratamento dezincagem. A empresa ofereceperfis em medidas especiais, que acompanham o pé-direito da obra, gerando desperdíciomínimo.Jorsil(11) [email protected]

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OBRA ABERTA

Linguagem do laudopericial *José Fiker216 páginasLivraria e Editora Universitáriade DireitoVendas pelo portalwww.piniweb.com.brTécnicas de Comunicação ePersuasão, subtítulo do livro,visam a criar instrumentospara melhor utilizar aferramenta textual quando da produção de laudos epareceres didáticos. Isso semdeixar de lado os requisitostécnicos essenciais. Visto que trata de metodologia e estruturação, é válido para qualquer ramo doconhecimento. Traz recursospara que o perito, quando da elaboração de laudos,enriqueça a argumentação e torne o texto o mais claropossível e menos sujeito aerros de interpretação porparte do juiz. Visa a preenchera lacuna existente naformação em engenharia,carente em redação.

Livros

4 edifícios, 5 locais deimplantação, 20 soluçõesde fundações *Manoel Henrique CamposBotelho e Luis FernandoMeirelles Carvalho156 páginasEditora Edgard BlücherVendas pelo portalwww.piniweb.comComo ponto de partida parauma discussão didática, essapublicação tem quatroedificações diferentes: umacasa térrea isolada, umsobrado geminado, um prédiode apartamentos e um galpãoindustrial com vento. Os locaisde implantação – cinco paracada um – são diversos paraesmiuçar o mundo daengenharia de fundações paramaior parte das estruturasbrasileiras, as pequenas emédias. As metodologias defundação adotadas tambémforam as mais comuns:fundação direta por sapatascorridas ou isoladas, brocasou estacas "Strauss", estacaspré-moldadas de concreto etubulões a céu aberto. Obraque parte de casos práticospara embasar conceitos eauxiliar na definição e escolhapor soluções adequadas.

Imóveis urbanos –avaliação de aluguéis *Mônica D'Amato e NelsonRoberto Pereira Alonso312 páginasLivraria e Editora Universitáriade DireitoVendas pelo portalwww.piniweb.com.brContemplando até mesmo os pontos de encontro do tema-título com o Direito e a Administração, a obra é rica em experiências reaisherdadas da vivência dosautores e respectivos mestres.Profissionais interessados emampliar a visão acerca dasatividades exercidas no contextomercadológico imobiliário, semperder o foco específico daatuação, compõem o público-alvo do livro. Na primeira parteapresenta conceitos gerais,normas e procedimentos.A segunda traz critérios deavaliação de imóveis urbanos; a terceira e última, avaliação de aluguéis em diversasmodalidades. Os casos reais sãoapresentados ao final de cadaum dos oito capítulos comoforma de consolidar osconceitos apresentados eamenizar a leitura, trazendo ouniverso prático para a teoria.

Instalações hidráulicas e oprojeto de arquitetura *Roberto de Carvalho Júnior226 páginasEditora Edgard BlücherVendas pelo portalwww.piniweb.comOs recorrentes problemas deinterface e compatibilizaçãoentre projetos arquitetônicos,estruturais e hidráulicoslevaram o engenheiro eprofessor da disciplina deinstalações prediais, Robertode Carvalho Júnior, adesenvolver essa publicação.Assim, tem o objetivo deapresentar ao arquiteto –formado ou em formação –uma visão conceitual, porémdidática, prática e simplificadados vários subsistemas dasinstalações hidráulicasprediais. Fica clara, portanto, a importância de integrar aparte hidráulica com asdemais instalaçõescomponentes de um edifício.Pretende preencher a lacunabibliográfica existente noprocesso de aprendizadoacadêmico referente àsinstalações prediais.

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O Guia Weber 2007186 páginasWeber Quartzolitwww.weberquartzolit.com.brTradicional publicação daconstrução civil, o Guia Weberé editado anualmente desde o ano 2000, acumulandocerca de 14 milhões deunidades distribuídas. Para aedição atual foram impressos1,5 milhão de exemplares. Hádois anos existe também umaversão digital, em CD, comcerca de 200 mil cópiasdisponibilizadas em revendasa pedreiros, aplicadores,especificadores e oconsumidor final. Nas páginasdo Guia são encontradasdiversas soluções para fasesda construção que envolvam a utilização de produtoscomercializados pela WeberQuartzolit. Traz também fichas técnicas, tabelas de consumo e cartela de cores dos produtos, além de dicionário técnico e informações sobreferramentas e instruções de segurança.

A escola brasileira doconcreto armadoAugusto Carlos deVasconcelos, Renato CarrieriJunior e Lamberto Scipioni208 páginasEditora Axis Mundiwww.axismundieditora.com.brUma amostra do que há debelo e histórico em termos dearquitetura e uso do concretoarmado no Brasil, o livroapresenta na primeira parteum histórico das estruturasdesenvolvidas pelahumanidade ao longo dotempo até chegar ao concreto.Em seguida, um cardápio deobras, organizadas de acordocom a tipologia. Sendo assim,há capítulos repletos deedifícios públicos e outroscom residências, por exemplo.Inclui também capítulosdedicados a pontes e aequipamentos urbanos. Todasas obras são acompanhadasde um breve resumo e deplantas, além de belas fotosque traduzem a importânciado material para as formas.

URBANMAPUrban Systems Brasilwww.urbansystems.com.brFone: (11) 5181-4696A empresa de estudos epesquisas de mercado UrbanSystems acaba de lançar umanova ferramenta deapresentação de mapasdigitais interativos viainternet, o UrbanMap. Comfoco na contextualização dedados, mapas e imagens dascidades, a companhia integrainformações de todos osmunicípios brasileiros compesquisa de mercado egeoprocessamento paraproduzir o que denominam"análise da lógica urbana". O objetivo é oferecer leiturasde mercado e das demandasexistentes no contexto daevolução econômica dascidades. O UrbanMap pode seracessado remotamente pelosclientes, via login e senha, a partir do site da Urban Systems.

AECwebFone: (11) 3879-7777www.e-construmarket.com.br/aecO AECweb é o portal do E-Construmarket voltado paraarquitetura, engenharia econstrução. Reúne umacomunidade segmentada, composta por empresas queutilizam as ferramentas do novo portal, fornecedores eprofissionais que, cadastrados,acessam o portal em busca denegócios, colaboração einformações técnicas e comerciais para projetos e obras. Além dos serviços jáanteriormente oferecidos pelo site, incorpora canais de busca de fornecedores e envio decotações, canais técnicos, fóruns, canais voltados àcomunidade e à carreira. A iniciativa não conta com a participação da PINI, com a qual o E-construmarket manteve recentemente umaassociação comercial.

Web

* Vendas PINIFone: 4001-6400 (regiões metropolitanas)ou 0800-5966400 (demais regiões)

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Seminários econferências30 e 31/8/2007X Simpósio de Sistemas Prediais:Desenvolvimento e InovaçãoSão Carlos (SP) Será realizado na UFSCar (UniversidadeFederal de São Carlos) e volta-se ao estudoe pesquisa dos diversos sistemas quecompõem o item "serviços" das edificações.Fone: (16) 3351-8262 R.: 212E-mail: [email protected]/sispred10

3 a 5/10/200779o Encontro Nacional da Indústriada ConstruçãoBrasília O 79o Encontro Nacional da Indústria daConstrução (Enic), promovido pela CBIC(Câmara Brasileira da Indústria daConstrução), reunirá profissionais dosetor para discutir diversos temas.Fone: (61) 3327-1013www.cbic.org.br

12 a 14/10/2007II Congresso Brasileiro de Pontes eEstruturasRio de JaneiroPromovido pela ABPE (AssociaçãoBrasileira de Pontes e Estruturas), divulgatrabalhos recentes e relevantes. Aberto aengenheiros, projetistas, arquitetos,pesquisadores e professores.Fone: (21) 2232-8334www.abpe.org.br

2 a 4/10/2007Cobtech – II Feira Nacional deCobertura de EdificaçõesSão PauloDesenhada para ser um ponto deencontro do setor de coberturas eimportante ferramenta de promoçãocomercial segmentada para fomentar ocrescimento e a profissionalização do

setor. Direcionada a revendedores,empresários, fabricantes e construtores.Fone: (11) 5585-4355www.cipanet.com.br

24 a 26/10/0710o Congresso Internacional de TintasSão PauloO Congresso, realizado pela Abrafati(Associação Brasileira dos Fabricantes deTintas), ocorre paralelamente à 10a

Exposição Internacional para Fornecedorespara Tintas. Serão cerca de 60 palestras eprofissionais apresentando seus trabalhos.Fone: (11) 3812-1985 E-mail: [email protected] www.abrafati.com.br

25 a 26/10/07VII Seminário da Lares – Real Estate São Paulo A Lares (Sociedade Latino-Americana deEstudos Imobiliários) promoverá seminárioenvolvendo temas de interesse em RealEstate como: investimentos internacionais,projeções e análises dos mercados,planejamento de produtos, habitação epolítica urbana. O evento possui apoio doNúcleo de Real Estate da Escola Politécnicada Universidade de São Paulo e da Abecip(Associação Brasileira das Entidades deCrédito Imobiliário e Poupança).Fone: (11) 3091-5420www.lares.org.br

8 e 9/11/2007Fire Design of Concrete Structures –from materials modelling tostructural performanceCoimbra (Portugal)A Universidade de Coimbra realizaráworkshop com renomados especialistaspara partilhar idéias e conhecimentos docomportamento de estruturas e doconcreto expostos ao fogo.Fone: 351 239797245E-mail: [email protected]

Feiras e exposições28 a 30/8/2007Termotech 2007São PauloOs visitantes conhecerão os equipamentos,produtos e serviços do segmento com arealização da Joterm – Jornada deAtualização em Tecnologias Térmicas.Fone: (11) 3868-1818E-mail: [email protected]/

1o a 5/9/07 49o Congresso Brasileiro do ConcretoBento Gonçalves (RS)O Congresso terá palestras técnico-científicas, painéis de temas, conferênciassobre os recentes avanços tecnológicosnas áreas de pesquisa de materiais e deestruturas, cursos, feira de produtos eserviços para a construção, palestras. Fone: (11) 3735-0202E-mail: [email protected]

25 a 29/9/2007InterconJoinville (SC)Reúne fabricantes, distribuidores,revendedores, construtores,engenheiros, arquitetos e entidades detodo o Brasil e do exterior, promovendo adivulgação e, sobretudo, a realização denegócios. A Intercon terá sua áreaampliada e deverá contar com aparticipação de mais de 200 expositores,superando o número de 30 mil visitantesregistrados no evento anterior.Fone: (11) 3451-3000E-mail: [email protected]

27 a 30/9/072o Salão Imobiliário São PauloSão PauloO evento pretende mostrar as novidadesdo mercado imobiliário brasileiro, assimcomo identificar as novas oportunidades

AGENDA

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de investimentos em toda América Latina.O evento é apoiado pelo Secovi-SP. Fone: (11) 5502-7272 E-mail: [email protected] www.sisp.com.br

17 a 21/10/2007Constrói Angola 2007Luanda (Angola)A quinta edição da Feira Internacional deMateriais de Construção e Obras Públicasde Angola reunirá fabricantes,importadores, distribuidores demáquinas, equipamentos e materiais paraa indústria da Construção Civil,Telecomunicações, Tecnologias deInformação, Proteção e Segurança.Fone: 244 222 39-3369E-mail: [email protected]/

25 a 28/10/2007Construsul Acabamento e IluminaçãoPorto AlegreA feira, um dos maiores encontros denegócios da região Sul, reunirá indústrias deacabamento, revestimento e iluminação. Fone: (51) 3347-8787www.feiraconstrusul.com.br

5 a 10/11/2007Batimat 2007ParisAs demonstrações dessa edição irãoabordar os grandes temas específicos paraesse setor: domínio da energia, segurança,acessibilidade e conforto. Direcionadaa construtores e fabricantes deequipamentos e materiais. Deve recebercerca de 400 mil visitantes de 141 países e reunir 2.800 expositores de 45 países.Fone: (11) 3168-1868E-mail: [email protected]

Cursos e treinamentos15/8 a 22/9/20072o Ciclo de Palestras sobreEstruturas TensionadasMaceió, Aracaju, Palmas e BrasíliaA segunda parte do ciclo de palestrasacontece em diversas datas, com apoiodo IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil)dos Estados agendados, e serãoministradas pela engenheira Rita de

Cássia Antunes Bose. A novidade para osinscritos no ciclo é o I Prêmio ValmexStructure Mehler Texnologies GmbH,que pretende reconhecer o melhor autorde projeto de arquitetura têxtil parauma obra não-executada. O julgamentoserá realizado na Alemanha, em 2008. Fone: (11) 4153-5853Email:[email protected]

29/8 a 1o/9/2007A industrialização da construção e apré-fabricação em concretoSão PauloO curso oferecerá informações eelementos técnicos a respeito daIndustrialização da Construção e buscaráuma inter-relação entre as necessidades

globais de modernização do setor e onível atual de desenvolvimento dossistemas pré-fabricados em concreto.Fone: (11) 2626-0101E-mail: [email protected] www.aeacursos.com.br

27/9, 25/10 e 29/11Treinamento Teórico e Prático:Tecnologias de ImpermeabilizaçãoTamboré (SP)Oferecido gratuitamente pela Lwart ProasfarQuímica, empresa especializada emimpermeabilizantes, trata de patologias,produtos e suas diversas aplicações,discutindo temas relevantes, dentre eles,projetos e comparativo de custos, o códigocivil e sanitário e casos de obras.Fone: 0800-7274343E-mail: [email protected]

FÓRUM PINI DE TECNOLOGIAS & NEGÓCIOS DA CONSTRUÇÃOTrês dias de palestras técnicas com foco nas soluções práticas deplanejamento, projeto, execução egerenciamento de obras eempreendimentos no Brasil e noExterior. Construtores, incorporadores,projetistas e especialistas vãoapresentar cases de sucesso comdiferentes abordagens: gestão decustos, sustentabilidade, arrojoestrutural, questões socioambientais,sistemas construtivos, legislação etc.Confira programação completa.

23/10/2007EMPREENDIMENTOS RESIDENCIAIS,COMERCIAIS E INSTITUCIONAIS�“Museu Iberê Camargo”, Porto AlegreEng. Jose Luiz Canal, da Camargo Corrêa� "Edifício Residencial Mandarim", São Paulo – Eng. Antonio Carlos Zorzi,diretor de Engenharia da Cyrela Brazil Realty� "Ventura Corporate Towers", Rio deJaneiro – Eng. Luiz Henrique Ceotto,diretor técnico da Tishman Speyer�“Condomínio Residencial Palm Hill”,São Paulo – Eng. Francisco de Vasconcellos Neto, diretor da DP Engenharia

24/10/2007SOLUÇÕES ESTRUTURAIS� "Ponte do Gênesis II", Santana doParnaíba-SP – Eng. Marcelo Waimberg, daEGT Engenharia�“Segunda Ponte sobre o rio Orinocco”,Puerto Ordaz, Venezuela – Eng. Roberto deOliveira Alves, da Figueiredo Ferraz� "Hospital Maternidade São Luiz AnáliaFranco", São Paulo – Eng. Virgilio AugustoRamos, da Cia de Engenharia Civil�“Centro de Convenções WTC”, São Paulo– Eng. Flávio Correia D’Alambert – AlphaEngenharia de Estruturas

25/10/2007OBRAS DE INFRA-ESTRUTURA� "Complexo Viário Real Parque – Pontesobre o Rio Pinheiros", São Paulo – Eng.Fernando Rebouças Stucchi� "Eixo Multimodal Amazonas Norte(IIRSA Norte)", no Peru – Eng. EleubertoAntonio Martorelli, da Odebrecht�“Trecho Sul do Rodoanel Mario Covas”,na Região Metropolitana de São Paulo –Eng. Paulo Vieira de Souza, diretor deEngenharia do Dersa

Informações e inscriçõesFone: (11) 2173-2395E-mail: [email protected]/construtech

Construtech – 23 a 25/10/07

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A G E N D A

31/8 e 1o/9/2007A concepção estrutural na arquiteturaem concreto armado BrasíliaCom metodologia baseada em aulaexpositiva com visualização docomportamento estrutural pelo ensaio demodelos, o palestrante Prof. Dr. Yopanan C.P. Rebello, engenheiro civil e doutor pelaFAU-USP (Faculdade de Arquitetura eUrbanismo da Universidade de São Paulo),pretende desenvolver junto aosparticipantes um entendimento sobre ocomportamento da estrutura pordeformações apresentadas pelos modelosquando carregados.Fone: (11) 3816-0441E-mail: [email protected]

24 a 28/9/2007Resistência à Corrosão – Teoria ePráticaRio de JaneiroCom abordagem teórica-prática, o curso

apresenta discussões sobre diversos temas,como a importância econômica e aspectosambientais da corrosão das estruturas ecoberturas metálicas, o mecanismoeletroquímico da corrosão, as formas decorrosão e como fazer a proteção – aço inox e aço carbono. Fone: (21) 3325-9942E-mail: [email protected]

Concursos17/10/2007V Prêmio Talento Engenharia EstruturalSão PauloA premiação, que destaca profissionais de engenharia de estruturas quedesenvolveram projetos diferenciados e de qualidade, traz uma inovação nestaquinta edição: uma categoria para obrasde pequeno porte e estruturas especiais.Promovida pela Abece (AssociaçãoBrasileira de Engenharia e ConsultoriaEstrutural) e pelo Grupo Gerdau, a

comissão julgadora da premiação serácomposta pelas duas instituições e porum representante da Editora PINI.Fone: 3097-8591www.abece.com.brwww.gerdau.com.br

Outubro/2007Prêmio MasterInstalSão PauloCom o objetivo de destacar cases desucesso, reúne as diversas empresas eprofissionais do setor de instalações, oprêmio tem a proposta de ampliar assoluções e experiências de destaque dosetor. Realizada pela Abrinstal (AssociaçãoBrasileira pela Conformidade e Eficiênciadas Instalações), a premiação é destinadaàs empresas construtoras, incorporadoras,instaladoras, concessionárias, fabricantes e fornecedores de materiais eequipamentos para instalações. Fone: (11) 3865-0944E-mail: [email protected]

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COMO CONSTRUIR

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Estruturas de concreto armado fre-qüentemente necessitam ser re-

forçadas. A maioria das vezes a neces-sidade de reforço é decorrente de ví-cios construtivos em alguma ou emvárias fases da execução.

Outras vezes a necessidade de re-forço é conseqüência da alteração dadestinação da estrutura ou da necessi-dade de adequação a novas condiçõesde carregamento.

Os reforços aderidos externamen-te aos elementos estruturais represen-tam uma alternativa moderna e degrande eficiência, com utilização cadavez mais difundida pelas grandes van-tagens que oferecem.

Destacam-se nessa categoria dereforços os sistemas compostos es-truturados com plásticos, particu-larmente aqueles que utilizam as fi-bras de carbono como componenteresistente. Esses sistemas são coladosnas faces dos elementos estruturaiscom resinas especialmente desenvol-vidas que permitem a transferênciados esforços da massa de concretopara o sistema composto, mobi-lizando-se as tensões tangenciais de-senvolvidas quando da atuação dosesforços solicitantes.

O sistema composto foi introduzi-do no Brasil em 1998 com o reforçopioneiro do Viaduto de Santa Teresa,em Belo Horizonte (foto 1), ao qualsucederam-se aplicações diversas.

Reforço de estruturasde concreto com fibrasde carbono

Materiais do sistema Os sistemas compostos com fi-

bras de carbono são constituídos pordois materiais principais: a fibra decarbono, elemento resistente do siste-ma, e a resina saturante, que confor-ma a matriz epoxídica do sistema. Arepresentação esquemática do siste-ma com fibras de carbono e a sua am-pliação em microscópio eletrônicosão mostradas na foto 2.

Os plásticos utilizados nos siste-mas compostos caracterizam-se por

terem o gráfico (tensão x deforma-ção) linear até à ruptura, característi-ca dos materiais frágeis, como mostraa figura 1.

Todos os sistemas de fibras de car-bono têm os seus materiais constituin-tes desenvolvidos após exaustivos tes-tes materiais e estruturais, incluindo aítodas as resinas, tais como os impri-madores primários, os regularizadoresde superfície, os saturantes, os adesi-vos, os revestimentos protetores e as fi-bras que os estruturam.

Ari de Paula Machadodiretor da Paula Machado Engenhariae Projetos, de Belo Horizonte.Consultor Técnico para o Brasil eAmérica Latina do Sistema MBrace®da Basf – The Chemical [email protected]

Foto 1 –Viaduto de Santa Teresa, Belo Horizonte

Foto 2 – Sistema com fibras de carbono

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Os imprimadores primários sãoutilizados com o objetivo de penetrarno substrato de concreto para permi-tir, com o seu adesivo específico, aconstrução de uma ponte de aderên-cia para a resina de saturação ou ou-tros adesivos a serem aplicados poste-riormente.

O imprimador utilizado pode serum composto epóxi-poliamina cura-da, bi-componente de baixa viscosi-dade e com 100% de sólidos, com asseguintes características:� resistência à tração: 13,0 a 15,8 MPa� alongamento máximo à tração: 10a 30%� módulo tangencial: 689,0 a 826,8MPa

Os regularizadores de superfíciesão utilizados para o preenchimentode vazios ou correção de imperfeiçõessuperficiais objetivando uma superfí-cie lisa e desempenada sobre a qual osistema será colado. O regularizadorde superfície do sistema é denomina-do pasta, adesivo bi-componente com100% de sólidos e consistência firme,com as seguintes características:� resistência à tração: 23,0 MPa� alongamento máximo de tração:1,6%�módulo de tração: 262,0 MPa

As resinas de saturação são utili-zadas para a impregnação das fibrasque constituem o elemento estrutu-ral dos compostos, fixando-as nolocal e garantindo um meio efetivopara a transferência das tensões decisalhamento entre as mesmas. A re-sina influi muito pouco para a resis-tência final do sistema, mas exercerelevante função para a absorção dosesforços de flexão e cisalhamento. Osistema utilizado nas obras descritascontém resina epoxídica de baixaviscosidade, bi-componente, com100% de sólidos, com as seguintescaracterísticas técnicas:� resistência à tração por flexão:43,0 MPa� resistência direta à tração: 78,0 MPa� resistência à compressão: 88,0 MPa

As fibras de carbono resultam dotratamento térmico (carbonização)de fibras precursoras orgânicas, taiscomo o poliacrilonitril (PAN) ou com

base no alcatrão derivado do petróleoou do carvão (PITCH), em um am-biente inerte. Nesse processo térmicoas fibras resultantes apresentam osátomos de carbono perfeitamente ali-nhados ao longo da fibra precursora,característica que confere extraordi-nária resistência mecânica ao produtofinal. Quanto maior a temperaturamaior será o módulo de elasticidadedo material resultante, que variadesde 100 a 300 GPa para as fibras decarbono até 650 GPa para as fibras degrafite. Quanto maior o módulo deelasticidade, maior é o custo do mate-rial. O produto de maior módulo deelasticidade (grafite) é cerca de 15 a 20vezes mais caro do que a fibra de car-bono com o módulo de elasticidadesituado no extremo inferior da faixa.Os sistemas compostos que utilizamas fibras de carbono como elementosresistentes apresentam as seguintescaracterísticas básicas:� extraordinária resistência mecânica�elevada resistência a ataques quími-cos diversos� não são afetados pela corrosão porse tratar de um produto inerte� extraordinária rigidez� estabilidade térmica e reológica� bom comportamento à fadiga e àatuação de cargas cíclicas

O peso específico das fibras decarbono varia de 1,6 a 1,9 g/cm3. Ob-serva-se que o material tem um pesoespecífico cerca de cinco vezes menordo que o do aço estrutural, da ordemde 7,85 g/cm3. Suas principais caracte-rísticas são:

FIBRAS DE CARBONO CF- 160Módulo de elasticidade 228.000 MPaDeformação específica de ruptura 1,7% (0,017)Resistência última de tração 3.790 MPaEspessura da lâmina por camada 0,330 mm

Processo construtivo dos sistemascompostos

Para a instalação dos sistemas comfibras de carbono é utilizada a se-qüência de procedimentos:

Recuperação do substrato de concretoPara que seja garantida a instala-

ção do sistema é fundamental que osubstrato ao qual ele será aderido es-teja íntegro e são, ou seja, que dispo-nha de suficiente resistência mecâni-ca para que sejam procedidas astransferências de esforços que acon-tecem na interface entre o concreto eo sistema composto.

Torna-se necessária a recupera-ção e a passivação das barras de açoafetadas pelo processo corrosivo e aremoção e posterior recuperação dassuperfícies de concreto degradadaspela manifestação.

Todas as trincas existentes na es-trutura a ser reforçada deverão ser re-cuperadas.Além delas, as fissuras comaberturas maiores que 0,25 mm tam-bém deverão ser tratadas. Podem serutilizados para essas recuperações osprocedimentos convencionais de in-jeção de epóxi sob pressão. Esses pro-cedimentos são mostrados na foto 3.

Graf

ite Carb

ono

Aram

ida

Vidro

Poliéster

Aço

4000

3500

3000

2500

2000

1500

1000

500

0

Deformação específica (x10 )

Tens

ão (M

Pa)

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Aço CA-50A

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Figura 1 – Diagrama (tensão x deformação) dos plásticos

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As aplicações para os reforços deflexão e de cisalhamento exigem queseja estabelecido um sistema de cola-gem bastante eficiente para uma ade-quada transferência de esforços entreos meios aderidos, caracterizando acondição crítica de colagem. O confi-namento de colunas, por sua vez, exigemais uma condição de contato eficien-te entre o concreto e o sistema com-posto, caracterizando a condição decontato íntimo.

No caso da colagem crítica, a su-perfície do concreto sofre as seguin-tes preparações:� utilização de abrasivos ou jatos de

areia ou limalhas metálicas para alimpeza da superfície onde deveráser aderido o sistema. Essa limpezadeve contemplar a remoção de poei-ra, pó, substâncias oleosas e graxas,partículas sólidas não totalmenteaderidas, recobrimentos diversoscomo pinturas, argamassas etc. Tam-bém deverão ficar totalmente expos-tos quaisquer nichos ou imperfei-ções superficiais significativos� no caso de o reforço exigir o reco-brimento de mais de uma superfícielateral da peça, ocorrerá a necessidadede arredondamento das quinas envol-vidas nessa aplicação, visando comisso evitar concentração de tensões nafibra de carbono e eliminar eventuais"vazios" entre o concreto e o sistemapor deficiência na colagem. Os proce-dimentos são mostrados na figura 2

No caso de contato crítico, nasaplicações que envolvam o confina-mento das peças de concreto arma-do, a preparação das superfícies deveser fundamentalmente direcionadano sentido de que seja estabelecidoum contato íntimo contínuo entre assuperfícies envolvidas. Essas superfí-cies não podem apresentar concavi-dades ou convexidades que impe-çam o carregamento correto do sis-tema. Irregularidades superficiaisexpressivas devem ser corrigidaspreenchendo-se as concavidades(caso de nichos) com material de re-paração compatível com as caracte-rísticas mecânicas do concreto exis-tente ou pela sua remoção (caso dasjuntas de fôrmas).

Uma vez concluída a recuperaçãodo substrato de concreto inicia-se aaplicação do sistema, obedecendo-seas etapas:

Aplicação do imprimador e doregularizador de superfícies

Os imprimadores primários têmcomo objetivo penetrar nos poros doconcreto, colmatando-os para que,juntamente com a película aderida àsuperfície do concreto, seja estabeleci-da uma ponte de aderência eficiente,sobre a qual será instalado o sistema.

As massas regularizadoras de su-perfície são utilizadas para a calafeta-

As fissuras com aberturas meno-res que 0,25 mm, expostas ao meioambiente, podem exigir injeção de re-sinas ou seladores para prevenir futu-ra corrosão da armadura da peça.

Preparação da superfície A preparação das superfícies de

concreto onde será aplicado o sistemaserá determinada em função das duashipóteses possíveis de funcionamentoestrutural:� predominância da condição críticade colagem� predominância da condição críticade contato íntimo

Foto 3 – Passivação de armaduras e injeção de fissuras com epóxicos

raio = 1 cm

Figura 2 – Preparação da superfície e arredondamento dos cantos vivos (quinas)

Foto 4 – Regularização das superfícies e imprimação

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ção e regularização das superfícies deconcreto onde serão aplicados os sis-temas, garantindo o estabelecimentode uma superfície desempenada con-tínua. Quanto maior a irregularidadesuperficial maior será o consumodesse material. Essas operações sãomostradas na foto 4.

Corte e imprimação das fibras de carbonoAs lâminas de fibra de carbono

serão cortadas em bancadas espe-cialmente montadas para isso. Sãoutilizadas régua metálica, tesoura deaço (para o corte transversal) e facade corte ou estilete (para o cortelongitudinal).

Existem duas maneiras distintaspara a imprimação das fibras:� saturação via úmida – nessa alter-nativa a lâmina de fibra de carbono ésaturada em bancada própria, sendodepois transportada para a sua aplica-ção na peça a ser reforçada� saturação via seca – nessa alternati-va a saturação é feita diretamentesobre o concreto da peça a ser reforça-da para em seguida ser colada a lâmi-na de fibra de carbono

A foto 5 mostra o corte da fibra ea saturação via úmida, opção maisutilizada por facilitar o manuseio e otransporte da fibra até o local de suaaplicação.

Uma recomendação fundamentalé que se deve utilizar estritamente aquantidade de resina necessária à im-pregnação ou à colagem, para que nãoocorram alterações sensíveis nas ca-racterísticas do composto. Um exces-so de resina acarreta uma menor re-sistência final.

Aplicação da lâmina de fibra de carbono esegunda camada de saturação

A colocação da lâmina de fibrade carbono, independentemente dotipo de imprimação utilizada, deveser imediata, uma vez que o tempode aplicação da resina saturante(pot-life) é muito curto, no máximo25 a 30 minutos. Dentro desse inter-valo de tempo é possível fazer ajustesde alinhamento e prumo das lâmi-nas de fibra de carbono para o seuposicionamento.

Terminado o posicionamento dalâmina de fibra de carbono é feita a se-gunda saturação por sobre a lâminainstalada, para garantir que a fibra decarbono esteja totalmente imersa (en-capsulada). Normalmente, espera-secerca de 30 minutos para a segundaoperação de saturação (foto 6).

Estruturalmente, está encerrada aaplicação do sistema.

Como podem ser necessárias vá-rias camadas de lâminas de fibra decarbono para o reforço da peça, essasoperações são repetidas sucessiva-mente para cada camada adicional.Cada lâmina exige duas imprimações

independentes, não podendo a últimacamada de imprimação da lâmina an-terior ser utilizada para a colocação dapróxima lâmina.

Aplicação de camada protetora ou estéticaTerminada a aplicação do sistema,

este pode ser recoberto por camadaprotetora ou estética (Top Coat), ma-terial disponibilizado em diversas co-res e texturas. Se necessário atender ascondições específicas de agressões físi-cas, mecânicas e ambientais, o revesti-mento pode ser projetado especial-mente para cada caso, conforme mos-trado na foto 7.

Foto 5 – Corte e primeira imprimação da fibra

Foto 6 – Aplicação da fibra e segunda camada de saturação

Foto 7 – Aplicação da camada de proteção e/ou estética (Top Coat)

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Case de aplicação do sistemaApresenta-se de maneira resu-

mida o reforço do Edifício do AnexoIII da Secretaria da Fazenda do Esta-do de Minas Gerais. O objetivo daaplicação foi reforçar as estruturasde concreto armado da edificaçãopara que fossem corrigidas as defi-ciências originais de projeto e per-mitir o aumento da carga acidentalde 150 kgf/m2 para 300 kgf/m2. Foramutilizados 710 m2 de membrana paraos 13 pavimentos do bloco principaldo edifício.

Na seqüência fotográfica (foto 8)são mostradas, da esquerda para adireita e de cima para baixo, as diver-sas etapas construtivas necessárias:reforço da armadura superior dasvigas para permitir o seu macaquea-mento; macaqueamento das vigas;corte e saturação das fibras; impri-mação das vigas; aplicação da fibrade carbono; segunda etapa de satu-ração; reforço ao corte, etapas infe-rior e superior conjugadas.

Esse projeto mereceu do ICRI(International Concrete Repair Ins-titute) o prêmio de Excelência emReforço, em sua reunião de 2003,realizada em Tampa, Flórida, Esta-dos Unidos.

A foto 9 mostra o edifício antesdo reforço (esquerda) e após o refor-ço (direita).

Foto 8 – Reforço do Edifício Anexo III em Belo Horizonte

Foto 9 – Edifício Anexo III, antes e após o reforço

LEIA MAIS

Para mais informações sobre osistema MBrace, principalmenteos critérios de dimensionamentodos reforços, indica-se aseguinte bibliografia: Reforço de Estruturas deConcreto Armado com Fibrasde Carbono.Ari de PaulaMachado, Editora PINI, 2002.Fibras de Carbono – ManualPrático deDimensionamento.Ari de Paula Machado – Edição da BASF – The Chemical Company, 2006.

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