SOBREPESO E OBESIDADE EM ADOLESCENTES: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Autora: Edilene Ebiner Eckert 1 Orientador: Professor Dr. Carlos Alexandre Molena Fernandes.2
Resumo
Este artigo é resultado da implementação do projeto “Sobrepeso e obesidade em adolescentes: uma proposta de educação nutricional nas aulas de educação física”. Princípios gerais de vida saudável, se incentivados desde a infância, previne doenças causadas pelo sedentarismo e má alimentação, e ainda pode sensibilizar crianças e adolescentes sobre as causas da obesidade. Nesse contexto, o objetivo principal deste estudo foi sensibilizar alunos do 8º ano do Colégio Estadual Enira Moraes Ribeiro – EFM – Paranavaí, sobre a importância da alimentação adequada associada à prática regular de atividade física na prevenção e controle da obesidade. Para tanto, recorreu-se a uma literatura produzida nesta área, numa abordagem crítica, na perspectiva de apresentar aos alunos como a mudança de alimentação, a adoção da pratica regular da atividade física podem levá-los a uma vida adulta mais saudável. O desenvolvimento das atividades ocorreu em seis encontros semanais, no período da tarde, onde no primeiro momento aplicou-se um questionário baseado em escala de atitudes para coletar dados sobre o estilo de vida dos alunos em relação à alimentação e atividade física. O segundo momento, por meio do índice de massa corporal (IMC) foi verificado o estado nutricional a fim de diagnosticar sobrepeso e a obesidade. Por fim foi discutido sobre os principais aspectos associados ao desenvolvimento da obesidade, benefícios da atividade física e alimentação saudável relacionados à prevenção e controle da obesidade. Todas as ações foram desenvolvidas com a intenção de contribuir para uma formação consciente do adolescente por toda vida e não somente enquanto aluno, tendo em vista que a escola é o local onde se transforma e se orienta através do conhecimento, provocando mudanças de atitudes, hábitos e comportamentos. Dos resultados positivos vale destacar a diminuição peso de nove alunos que apresentavam sobrepeso e obesidade e o aumento de peso em duas alunas com IMC abaixo do normal. Desta forma sugere-se que os professores não só de educação física, mas também de todas as áreas, realizem projetos abordando temas de promoção a saúde no contexto escolar.
Palavras-chave: Educação nutricional; Atividade física; Sobrepeso/Obesidade, Adolescentes.
1 Professora de educação física, da rede estadual de educação, graduada pela Universidade
Estadual de Londrina. 2 Professor Adjunto Universidade Estadual do Paraná/campus Paranavaí (FAFIPA)
1 INTRODUÇÃO
Há muitos questionamentos referentes ao papel da educação física escolar
na sociedade, qual seu objeto de estudo e sua utilidade. Durante muitos anos criou-
se a imagem de que o professor desta disciplina deveria simplesmente estimular o
desenvolvimento da aptidão física e ensinar fundamentos técnico-táticos dos
esportes.
No entanto, são inúmeros os temas contemporâneos que podem ser
abordados na disciplina de Educação Física, como por exemplo, a promoção da
saúde no contexto escolar, com destaque para obesidade, doença esta que na
adolescência vem apresentando aumento exponencial na sua prevalência nas
últimas décadas.
Princípios gerais de vida saudável, se incentivados desde a infância, previne
doenças causadas pelo sedentarismo e má alimentação, e ainda pode sensibilizar
crianças e adolescentes sobre as causas da obesidade. As pesquisas alertam sobre
a importância de estimular hábitos alimentares saudáveis na adolescência, tendo em
vista as necessidades nutricionais nesta fase de desenvolvimento do ser humano
(VILARTA, 2008).
De acordo com Vialich (2009) a adolescência é um período crítico para as
intervenções preventivas particularmente para despertar a consciência, o
conhecimento e as habilidades no sentido das escolhas alimentares, práticas físicas
e esportivas.
A obesidade é causada por um desperdício energético centre as calorias
ingeridas e as que são gastas por um indivíduo. Atualmente tem sido amplamente
aceito que o sedentarismo é um dos principais fatores de risco para doenças
crônicas e um dos responsáveis pela obesidade (RODRIGUES, 1998)
Adolescentes obesos fazem parte dos grupos de riscos com maiores
probabilidades de virem a sofre na adolescência ou na fase adulta de distúrbios
como hipertensão, diabetes, doenças respiratórias, depressão e problemas
ortopédicos (WHO, 2005 apud XAVIER et al., 2005).
Segundo Jacoby (2004) o aumento da obesidade na adolescência tem
provocado doenças que antes eram consideradas apenas de adultos, como:
doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e hipertensão.
Em muitos países a obesidade infantil está aumentando consideravelmente,
especialmente nos economicamente mais desenvolvidos. Nos países em
desenvolvimento, apesar de menor incidência, a obesidade infantil também está
crescendo (LOBESTEIN, BAUER, UAUY, 2004).
A estimativa da International Obesity Task Force (IOTF) é de que existam no
mundo pelo menos 155 milhões de crianças em idade escolar, com sobrepeso ou
obesas (IOTF, 2005 apud SILVA, 2005).
No Brasil, de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-
2009, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o
brasileiro fica mais gordo a cada ano que passa e esse aumento gradativo de peso é
verificado em todas as faixas etárias, independente de sexo, região e renda. A
mesma pesquisa mostrou que o índice de crianças de 5 a 9 anos com excesso de
peso é de 33,5%, entre os meninos com sobrepeso, quase metade sofre de
obesidade e entre as meninas, um terço é obeso. Já o sobrepeso é comum à
metade da população com 20 anos ou mais.
Nesse contexto, a escola deve ser entendida como espaço ideal para o
desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e habilidades. Quanto mais cedo se
iniciar a Educação Nutricional, maior será a probabilidade de se influir
favoravelmente na formação de hábitos desejáveis, já que é na escola que se
ensina, transforma e orienta pessoas em várias etapas. Portanto, os professores
precisam criar condições e ações educativas que despertem o interesse dos alunos
sobre conhecimentos relacionados à qualidade de vida. É no espaço escolar que o
adolescente pode compreender a relação que existe entre dietas saudáveis,
movimento do corpo, saúde e qualidade de vida.
Desta forma o objetivo deste estudo foi sensibilizar alunos do 8º ano do
Colégio Estadual Enira Moraes Ribeiro – EFM – Paranavaí, sobre a importância da
alimentação adequada associada à prática regular de atividade física na prevenção
e controle da obesidade.
2 ALGUNS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Estudos realizados por endocrinologistas revelam que saciar o filho de comida
tem efeitos dramáticos que são acentuados com o sedentarismo e maus hábitos
alimentares. Pois as crianças ficam muito tempo em frente à televisão ou do
computador, comendo em demasia produtos industrializados, provocando resultados
como: quilos a mais, autoestima em queda, distúrbios emocionais devido ao
isolamento, baixo rendimento escolar conforme declara (HALPERN, 2002 apud
ABESO, 2003).
A obesidade em si não significa obrigatoriamente que a pessoa coma muito,
significa também que ela gasta pouca caloria, citando Francischi (2002). Os métodos
mais precisos para medir a gordura corporal são sofisticados, caros e pouco viáveis.
No entanto métodos mais práticos e acessíveis têm sido propostos, dentre estes, a
antropometria nutricional, que avalia as relações das medidas corporais, com
utilização de equipamentos de baixo custo e de fácil manuseio.
O índice de massa corporal (IMC), traduzido pelo peso em kg dividido pela
estatura em metro elevado ao quadrado, tem sido muito utilizado para diagnóstico da
obesidade/sobrepeso em adolescentes, pois, é fácil de ser obtido e tem referências
para comparações (MANIDI, 2001).
Um dos motivos para que o peso seja negligenciado na adolescência é a falsa
crença de que o crescimento pode ser um aliado, mas, algumas vezes, apesar de
estar crescendo pode haver excessivo ganho de peso devido a pouca atividade
física, citação de VIUNISKI (1999).
Detectado o problema, deve ser recomendado o tratamento completo que
inclui dieta alimentar, atividades físicas e eventual tratamento de problemas
emocionais.
2.1 Conceituando obesidade e sobrepeso
O termo obesidade é utilizado quando a pessoa apresenta excesso de tecido
gorduroso em relação ao normal. A obesidade é uma enfermidade crônica,
caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura que prejudica a saúde (CUPPARI,
2002).
Fisberg (2006) ampliou esse conceito ao relatar que a obesidade é o excesso
de peso corpóreo devido ao acúmulo de tecido adiposo em determinada região ou
em todo o corpo, causado por doenças genéticas, endócrino-metabólicas ou por
alterações nutricionais.
Já sobrepeso é definido como o peso corporal que excede o peso normal ou
padrão de uma determinada pessoa, baseando-se na sua altura e constituição física
(WIMORE e COSTILL, 2001).
Os padrões de sobrepeso começaram a ser estabelecidos em 1959 com a
proposição de tabelas de peso e estatura, que ainda hoje são amplamente
utilizadas. Esse conceito foi idealizado pelo astrônomo Belga Lambert Adolphe
Quetelet (1796-1874), no século XIX, media a obesidade ao dividir o peso da pessoa
em quilogramas, pelo quadrado de sua altura em polegadas, com a finalidade de
estudar a proporcionalidade entre os indivíduos. Através deste método, permitiu-se
conhecer as diferenças corporais segundo a raça humana, a idade e o gênero
(TRINDADE, 2006).
Guedes e Guedes (1998) ressaltam a importância de diferenciar sobrepeso
de obesidade: a obesidade é a quantidade de gordura corporal que ultrapassa os
níveis desejados; sobrepeso é o peso total corporal que ultrapassam certos limites.
A obesidade tem se caracterizado como a disfunção orgânica que mais
apresenta aumento em seus números, não apenas em países industrializados, mas
particularmente nos países em desenvolvimento. Evidências mostram que a adoção
de vida inadequada vem favorecendo este tipo de acontecimento, sobretudo no que
se refere ao sedentarismo e aos hábitos alimentares (GUEDES e GUEDES, 1998).
Tirapegui (2000) afirma que a obesidade é um estado de super nutrição,
onde “se a ingestão inadequada se estender por longo prazo haverá alterações nos
estoques corpóreos de energia e, conseqüentemente, no peso e composição
corporal”.
Escrivão e Lopes (1995) afirmam que é fundamental controlar a obesidade
desde a infância, principalmente as crianças que mostram predisposição para o
distúrbio, a fim de tomar medidas efetivas para o controle de risco, impedindo que o
prognóstico seja desfavorável, em longo prazo.
Tendo em vista que a obesidade é considerada como um dos principais
problemas de saúde pública em países desenvolvidos, pois tem aumentado de
forma significante, geralmente em coexistência com a desnutrição (TADDEI, 2000).
Por fim, percebe-se que a obesidade é uma situação que envolve diversos
fatores e inúmeras doenças, e os princípios gerais de vida saudável, na qual se
incluem dieta balanceada, atividade física e o lazer devem ser incentivados já na
infância, evitando assim crianças e adolescentes acima do peso considerado normal.
2.2 Consequências da obesidade
Não é somente a estética que fica comprometida quando crianças e
adolescentes estão com excesso de peso. O mal pode acarretar doenças
associadas a adultos, como problemas cardiovasculares, hipertensão, diabetes e
colesterol alto (VIUNISKI, 1999).
A gordura corporal em excesso pode acarretar em prejuízos para a saúde do
indivíduo como: dificuldades respiratórias, problemas dermatológicos e distúrbios no
aparelho locomotor, além de favorecer o surgimento de enfermidades
potencialmente letais como doenças cardiovasculares, dislipidemia e certos tipos de
câncer (PINHEIRO e COL, 2004).
Ramos (1999) associou à obesidade as seguintes patologias físicas:
Hipertensão: estudos citados por Pollock (1986) demonstram que 2.5
kg de gordura em excesso já são perigosos para indivíduos mais
suscetíveis ao aumento de pressão arterial.
Diabetes: à medida que a pessoa vai engordando, ocorre uma queda
no número de receptores celulares de insulina. E a célula adiposa
também é consumidora de insulina, diminuindo assim a quantidade de
insulina disponível.
Aterosclerose: ocorre devido à formação de aterona (placas de
gordura), que, por sua vez, agem como uma “barreira”, acarretando o
entupimento da artéria.
Distúrbios psicológicos: a baixa autoestima observada frequentemente
em pessoas obesas é desencadeada por suas dimensões corporais
serem avaliadas como padrão. Surge então uma relação causa-efeito
entre gordura e incapacidade.
Complicações articulares: o excesso de peso aumenta a sobrecarga
em várias articulações, sendo as mais afetadas, articulações que
sustentam grande parte do peso corporal (ex: joelhos e tornozelos). O
estresse excessivo, nas articulações, pode levar a doenças
degenerativas, tal como a Osteoartrite (artrose).
Viuniski (1999) alega que, crianças com excesso de peso corporal costumam
apresentar alterações nas curvaturas dos joelhos, pernas e tornozelos, pés planos e
desvios de coluna (escoliose, lordose e cifose). Se estes problemas não forem
tratados adequadamente, irão acompanhar a pessoa por toda a vida.
2.3 Fatores responsáveis pela obesidade
Vários fatores devem ser considerados quando se fala em obesidade, como
os genéticos, os fisiológicos e os metabólicos, no entanto, de acordo com Oliveira et
al (2003) o crescente aumento do número de indivíduos obesos parecem estar mais
relacionados às mudanças no estilo de vida e aos hábitos alimentares.
O aumento no consumo de alimentos ricos em açúcares simples e gordura,
com alta densidade energética, e a diminuição da prática de exercícios físicos, são
os principais fatores relacionados ao meio ambiente.
No entanto Ziochevsky (1996) alega que os fatores responsáveis podem ser:
endócrino, dietético, psicológico, cultural e sócio-econômico. E para Viuniski (2000)
os fatores mais evidentes, podem ser classificados como: fatores endógenos
(causas endocrinológicas, metabólicas ou genéticas) ou exógenos (fatores externos:
hábitos alimentares, costumes, fatores psicológicos, condição socioeconômica).
Para buscar uma solução para o problema da obesidade, principalmente em
adolescentes é necessária uma abordagem interdisciplinar, aonde diversos
profissionais atuam em conjunto para auxiliar o indivíduo obeso.
2.4 Prevenção da obesidade
A prevenção da obesidade deveria estar entre as maiores prioridades de
saúde pública em todos os grupos etários, e certamente deveria incluir o estímulo a
modos de vida mais saudáveis principalmente a crianças e adolescentes. Neste
sentido a atividade física apresenta-se como um componente fundamental, mas,
infelizmente seus níveis de prática têm sofrido reduções (SEIDELL, 2002).
Como prevenção cita-se três elementos básicos: Atividade Física, Hábitos
Alimentares e Estilo de vida.Níveis insuficientes de atividade física na adolescência
têm sido frequentemente associados ao acúmulo excessivo de gordura corporal e
maior probabilidade de inatividade na vida adulta (FARIAS JUNIOR, 2008).
O sedentarismo, portanto, é atualmente um dos grandes problemas da
modernidade e também atinge diretamente o adolescente. Diante desta
problemática, vale ressaltar a importância das atividades físicas estruturadas para o
desenvolvimento da criança e do adolescente. O exercício físico aliado a uma
alimentação saudável tem sido indicado como um mecanismo para a redução da
gordura corporal e do sobrepeso (FERNANDEZ et al., 2004).
A recomendação da Organização Mundial de Saúde para a prática saudável
de atividade física é que adultos e crianças acumulem 30 minutos diários de
atividade contínua ou acumulada, de intensidade leve a moderada, gerando um
déficit de 500 a 1000 Kcal diários chegando à perda de 1 kg de gordura por semana
(OMS, 2003).
A atividade física melhora no metabolismo de glicose, a redução da gordura
corporal e a diminuição da pressão sanguínea. A atividade física pode reduzir o risco
de câncer de cólon através da redução de tempo de trânsito intestinal, e de níveis
mais altos de antioxidante (WHO, 2002).
Quanto aos hábitos alimentares Wilmore e Costill (2001) afirmam que quando
inadequados são, em geral, parcialmente responsáveis pela maioria dos problemas
de peso e, por isso, a dieta não deve ser vista como uma solução rápida. As pessoas
devem aprender a manter permanentemente as alterações dos hábitos alimentares,
especialmente a redução da ingestão da gordura e açucares simples.
Salay (2005) e Liberal (2003) completam apontando que o hábito alimentar
tem sido relacionado à obesidade não somente quanto ao volume da ingestão
alimentar, como também à composição e qualidade da dieta. A educação para uma
vida saudável baseada em hábitos alimentares adequados e em prática de
atividades físicas requer uma atenção especial pelos profissionais que trabalham
com estes adolescentes.
Desta forma, orientar os adolescentes sobre hábitos alimentares saudáveis e
educação nutricional é fundamental, pois é neste período da vida que adquirem a
maior parte dos hábitos que carregam em sua vida adulta, segundo Vitalle (2003)
que afirma que a adolescência “é um período em que o indivíduo ganha 25% da
altura e 50% do peso final”.
Galante (2005) afirma que uma alimentação para ser saudável deve conter
todos os nutrientes necessários para manutenção de um bom estado nutricional. E
Sturmer (2004) completa dizendo que os ingredientes dessa alimentação devem ser
naturais e de preferência sem aditivos químicos.
Para Salgado (2004) a educação nutricional deveria ser iniciada desde o
ensino fundamental, para que bons hábitos alimentares pudessem ser formados e
sustentados por toda a vida. Segundo a autora, se a escola continuar fechando os
olhos para essa questão, as classes serão divididas entre alunos subnutridos e
alunos obesos. Mesmo tendo acesso ao mesmo tipo de alimentação, nenhum dos
dois grupos estará gozando de boa saúde; um, por deficiência do que comer; o
outro, por excesso e escolha inadequada de alimentos.
Como nenhum alimento isoladamente contém todos os nutrientes, a melhor
maneira de assegurar uma dieta saudável é incluir uma ampla variedade de
alimentos nas refeições diárias e evitar sal em excesso e alimentos ricos em gordura
saturada e colesterol, consumir doces com moderação e incluir mais cereais
integrais, frutas e verduras na dieta (ricos em fibras, vitaminas e minerais).
A pirâmide alimentar adotada pelo Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos (USDA) em 1992 (TABAI, 2006) e adaptada por diversos países, como o
Brasil, é utilizada para servir como guia para o consumo de uma dieta mais
saudável, ou seja, para que os indivíduos possam fazer escolhas alimentares que
ofereçam maiores benefícios ao seu organismo.
A base da pirâmide apresenta alimentos do grupo dos carboidratos, sendo
que logo acima temos o grupo dos minerais, vitaminas e fibras, representadas pelas
frutas, verduras e legumes; seguidos, no terceiro nível, pelo grupo das proteínas e
sais minerais, ao qual pertence o leite e seus derivados, as carnes e os feijões; e no
topo da pirâmide temos o grupo dos lipídios, cujo consumo deve ser moderado e
requer uma atenção especial, por fornecer grande quantidade de gorduras e poucos
nutrientes (HOMECAREPLUS, 2007). Diante do exposto, percebe-se a importância
da implementação de medidas educacionais no combate e prevenção a obesidade
em indivíduos mais jovens.
3 Materiais e Métodos
A Unidade Didática, modalidade pedagógica escolhida para a intervenção,
foi estruturada em seis encontros semanais, onde a amostra foi constituída por 25
alunos do 8º ano, matriculados no Colégio estadual Enira Moraes Ribeiro, município
de Paranavaí. Importante ressaltar que a intervenção ocorreu no período contra-
turno.
A primeira ação foi apresentar o projeto à direção e a equipe pedagógica
afim de que tomassem ciência do método a ser desenvolvido, respaldando-os. Na
sequência se deu início ao trabalho com a população alvo através da distribuição de
uma agenda a ser utilizada como diário pessoal, nela foram anotados as atividades e
os resultados individuais de cada participante. Na sequência foi aplicado um
inquérito (questionário semi-estruturado) sobre a prática de atividades físicas e
hábitos alimentares.
Para a avaliação quanto ao excesso de peso, foram utilizados os seguintes
indicadores antropométricos: Índice de Massa Corporal (IMC) onde o peso em
quilogramas (Kg) foi dividido pelo quadrado da altura, medida em metros (Kg/m2). A
classificação dos adolescentes em relação aos valores de IMC realizou-se por meio
da curva de distribuição, segundo percentis, (IMC< P5) desnutrição, (IMC P5 - P15)
risco para desnutrição, (IMC P15 – P85) eutrofia, (IMC > P85) sobrepeso e (IMC >
P95) obesidade, para cada sexo e idade, conforme recomendação da Organização
Mundial da Saúde- OMS (WHO, 1995). Em adolescentes é utilizado o IMC por idade
como o melhor indicador do estado nutricional, pois foi validado como um índice que
reflete o conteúdo da gordura corporal total.
Quanto à educação nutricional, debateram-se sobre os principais aspectos
associados ao desenvolvimento da obesidade, benefícios da atividade física
relacionados à prevenção e controle da obesidade. Para tanto, utilizou-se os
conceitos da “Pirâmide alimentar” e “Pirâmide das atividades físicas”, além de filmes
e textos, buscando oferecer aos participantes, subsídios e conhecimentos
específicos quanto aos assuntos supracitados, estimulando-os a desenvolver uma
consciência crítica que fomentasse mudanças de hábitos.
AÇÕES DESENVOLVIDAS JUNTO AOS ALUNOS NA INTERVENÇÃO
1- Distribuição a cada participante de uma agenda, e algumas figuras para
personalizarem a capa de acordo com a forma que eles se veem;
2- Preenchimento com os dados pessoais na agenda e definição de metas
quantos a alimentação e as atividades físicas;
3- Colar uma foto atual na agenda, marcando o peso e o IMC;
4- Pesquisas no laboratório de Informática, sobre a diferença entre obesidade e sobrepeso.
5- Preenchimento dos questionários sobre a prática de atividades físicas e dos
hábitos alimentares;
6- Trabalhar com os alunos os componentes de uma dieta alimentar adequada e
equilibrada baseada nos componentes da Pirâmide Alimentar a fim de que
identifiquem se há necessidade de mudanças em seus hábitos alimentares.
7- Monitorando a semana, anotando na agenda todos os alimentos que
consumiram no período de uma semana;
8- Montar o próprio cardápio, baseado no conceito de alimentação saudável,
com orientações das nutricionistas do curso Técnico em Alimentos, do próprio
Colégio;
9- Apresentação dos filmes: Benefícios de cada alimento e Como ter uma dieta
saudável no Brasil. Atividade é informativa, para que se tenha conhecimento
que nenhum alimento isoladamente contém todos os nutrientes, a melhor
maneira de assegurar uma dieta saudável é incluir uma ampla variedade de
alimentos nas refeições diárias.
10- Exibição de um vídeo sobre o funcionamento pirâmide de atividades físicas e
a elaboração da própria pirâmide;
11- Para concluir refazer as medidas de peso e o IMC. Comparando com a
primeira atividade e relato de como se sentem ao concluir a implementação. E
ainda a exposição do material produzido no pátio do estabelecimento.
RESULTADOS e DISCUSSÃO
1 – Capa da Agenda
Para essa atividade distribuiu-se uma agenda, e algumas figuras para os
participantes personalizarem a capa de acordo com a forma que eles se veem.
Explicou-se que a agenda seria utilizada como um diário pessoal, onde cada um
registraria seus avanços e recuos diante da proposta da intervenção. Os resultados
foram agendas com características individuais, onde alguns participantes fizeram
uma colagem de suas próprias fotos. Outros escolheram figuras mostrando artistas
com corpos bem definidos e ainda atletas praticando atividades físicas.
Vale ressaltar que as imagens deveriam fazer referência ao tema do projeto,
no entanto nenhum participante utilizou as imagens de pessoas sobrepeso ou
obesa. A beleza para eles está extremamente relacionada àquela apregoada pela
mídia. Muitos adolescentes demonstraram certa insatisfação com seu corpo e
expressaram desejo de se moldar aos padrões de beleza estabelecidos pela
sociedade, inclusive demonstrando frustração ante a impossibilidade de fazê-lo.
2 – Dados Pessoais
Além das informações pessoais que consta na primeira página de uma
agenda, foi solicitado aos alunos que anotassem como é sua alimentação atual, se
praticam atividade física regularmente, com qual frequência e ainda o que gostaria
de mudar em sua vida a respeito do tema em debate.
Nesta atividade constatou-se que a maioria dos alunos tem uma visão
bastante realista do que é uma pessoa saudável, atrelam a saúde a uma
alimentação equilibrada e a prática de atividade física. Apesar disto observa-se que
este conhecimento nem sempre se revela nos seus hábitos diários e na forma como
se alimentam, pois uma boa parte deles se deixa seduzir pelos apelos de uma
alimentação desequilibrada e por atividades sedentárias.
3 – Medidas
Seguindo as estratégias das ações propostas procedeu-se às medidas
antropométricas: circunferência da cintura, do quadril, coxa e busto. Para estas
medidas foi utilizada uma fita métrica comum e os resultados foram anotados em
uma foto pessoal que cada um havia colado na agenda.
Depois foram mensurados o peso e a estatura, utilizando uma balança
mecânica devidamente calibrada. Neste momento foi explicado aos alunos que um
dos métodos antropométricos muito empregados na identificação da obesidade em
populações jovens atualmente é o Índice de Massa Corporal (IMC) (PINTO et al.,
2007; QUADROS et al., 2008). Esse método tem recebido boa aceitação por parte
de estudiosos da área, pelo baixo custo da aplicação e por ser viável para grandes
populações (CONDE e MONTEIRO, 2006), como é o caso da população escolar. Os
resultados apresentam-se no gráfico 1.
Gráfico 1- Resultado do IMC de todos os participantes da implementação.
Em análise verifica-se a elevada prevalência de sobrepeso (20%) e
obesidade (28%). Se considerarmos a idade dos alunos, os resultados se tornam
ainda mais alarmantes, pois a tendência é que o adolescente obeso se torne um
adulto obeso com complicações crônicas associadas como diabetes e hipertensão.
Segundo Manidi (2001), uma pessoa é considerada obesa quando o
sobrepeso é igual ou superior a 20% do peso ideal. Esses 20% de excesso
escolhidos para a definição correspondem a um aumento significativo dos riscos
vitais em longo prazo.
Viuniski (1999) complementa afirmando que, crianças com excesso de peso
corporal costumam apresentar alterações nas curvaturas dos joelhos, pernas e
tornozelos, pés planos e desvios de coluna (escoliose, lordose e cifose). Se estes
problemas não forem tratados adequadamente, irão acompanhar a pessoa por toda
a vida.
Para levantamento de dados sobre as atividades físicas desenvolvidas pelos
alunos, pediu-se que anotassem na agenda, as atividades físicas realizadas
semanalmente, exceto as aulas de educação física. Dos 25 entrevistados, observou-
se que onze não praticam nenhum tipo de atividade física e quatorze, praticam,
sendo que destes quatorzes, dez fazem caminhadas, uma treina voleibol, duas
fazem natação, e uma frequenta academia de musculação.
Para Caspersen, Powell e Christenson (1985) atividade física é qualquer
movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto
energético maior do que os níveis de repouso. A atividade física ajuda a controlar o
peso por utilizar as calorias ingeridas durante a alimentação.
Questionou-se ainda o que gostariam de mudar quanto ao tema em debate,
sendo que oito alunas gostariam de definir melhor o corpo, queimando gorduras
acumuladas, doze alunos gostariam de emagrecer e cinco alunas gostariam de
mudar a alimentação, das duas alunas que se consideram muito magra, percebeu-
se ao analisar o IMC estão abaixo do índice considerado normal.
Os hábitos alimentares também foram alvos de pesquisa sendo que dos
vinte e cinco entrevistados, nenhum faz as seis refeições aconselháveis pelos
nutricioniostas, sendo que pulam o lanche da manhã, o da tarde e a ceia no final da
noite. Quanto ao café da manhã, almoço e jantar a maioria dos alunos realizam
(gráfico 2).
Gráfico 2. Resultado sobre hábitos alimentares
Gráfico 3. Resultado sobre hábitos alimentares na escola
O gráfico 3 apresenta os hábitos alimentares dos alunos enquanto estão no
colégio. O resultado nos mostra que 44 % dos alunos comem a merenda feita pela
escola, está segue um cardápio balanceado, e preparado por nutricionistas, pórém,
todos os alimentos contém conservantes. Na cantina, vende-se docees e balas, no
entanto os salgados são assados e os sucos naturais.
Para esclarecer melhor a questão anterior, questionou-se sobre o consumo de
balas, chicletes, balas, chocolates, pirulitos e chips, onde 72% dos alunos
responderam que sim, conforme gráfico (Gráfico 4).
Gráfico 4. Resultado sobre hábitos de comerem guloseimas
O organismo humano necessita receber através da alimentação 40 a 45
elementos indispensáveis para seu bom desenvolvimento. No adolescente, o déficit
de um ou mais nutriente causa prejuízo a algumas funções orgânicas, levando ao
aparecimento de doenças, e tendo como consequência um indivíduo menos
produtivo e incapacitado para determinadas atividades. Diante desta afirmação
fizemos um levantamento de quais alimentos compõe o cardápio atual destes
alunos. Para tanto, elaboramos uma lista com alimentos variados que deveriam estar
presentes na alimentação do adolescente, como alimentos ricos em proteína e
carboidratos, e ainda aqueles não fazem falta na dieta alimentar e, no entanto estão
frequentes na mesa do brasileiro. O aluno deveria destacar os alimentos presentes
na lista dos quais fazem parte do dia a dia em suas casas (Gráfico 5).
Gráfico 5. Frequência alimentar
A partir dos resultados do gráfico 5 pode se verificado que os alunos não
valorizam aos nutrientes presentes nos alimentos ingeridos. Eles comem para não
terem fome. Não costumam variar o cardápio.
Nenhum alimento isoladamente contém todos os nutrientes, a melhor maneira
se assegurar uma dieta saudável é incluir uma ampla variedade de alimentos nas
refeições diárias e evitar sal em excesso e alimentos ricos em gordura saturada e
colesterol. Consumir doces com moderação e incluir cereais, frutas e verduras na
dieta (ricos em fibras, vitaminas e minerais).
5 Monitorando a semana
Para inserir a questão das calorias, pediu-se que anotassem
criteriosamente, todos os alimentos ingeridos no período de sete dias, iniciando na
segunda feira. Passando este prazo, houve a verificação do consumo alimentar
semanal destes alunos, onde observou-se que não há regras para a alimentação
dos mesmos. Comem o que gostam sem pensar em nutrição ou calorias.
Para Salgado (2004) a educação nutricional deveria ser iniciada desde o
ensino fundamental, para que bons hábitos alimentares pudessem ser formados e
sustentados por toda a vida. Segundo a autora, se a escola continuar fechando os
olhos para essa questão, as classes serão divididas entre alunos subnutridos e
alunos obesos. Mesmo tendo acesso ao mesmo tipo de alimentação, nenhum dos
dois grupos estará gozando de boa saúde; um, por deficiência do que comer; o
outro, por excesso e escolha inadequada de alimentos.
Nesse contexto encaminharam-se os alunos para o laboratório de
informática para pesquisarem sobre o tema Calorias e Valores Nutricionais, e ainda
pesquisarem o valor calórico do consumo alimentar do cardápio semanal que
trouxeram de casa, com o objetivo de saber quantas calorias diárias estão ingerindo.
Foi interessante observar que as duas alunas que apresentaram IMC abaixo
do normal, apresentaram o consumo diário de 1050 a 1150 calorias. Sendo que
deveriam estar segundo a nutricionista do colégio entre 1500 a 1600 calorias diárias.
Já as alunas com obesidade trouxeram um cardápio rico em carboidratos e frituras,
além da ingestão de doces e alimentos industrializados. A média diária de calorias
variou entre 2100 a 3000 calorias. Quanto às alunas com sobrepeso verificou-se que
não se alimentam exageradamente, porém não há equilíbrio entre as quantidades e
os tipos de alimentos, ficando entre 1800 a 2100 calorias diárias.
Vale ressaltar, que foi a primeira experiência que fizeram em anotar os
alimentos dia a dia, podendo haver uma margem de erro na forma que anotaram.
Partindo então para a próxima ação que é a educação nutricional, a partir da
pirâmide alimentar.
6 Pirâmide Alimentar
Trabalhar os componentes de uma dieta alimentar adequada e equilibrada
baseada nos componentes da Pirâmide Alimentar a fim de que identifiquem se há
necessidade de mudanças em seus hábitos alimentares, foi o objetivo desta ação.
Primeiro distribuiu-se uma pirâmide em branco para que os alunos
preenchessem de acordo com o conhecimento que tinham sobre o assunto, só
explicando que na base da pirâmide devem ser colocados os alimentos que se
consome em maior quantidade e ir afinando, para os alimentos que ingere pouco.
Na sequência no laboratório de informática pesquisou-se sobre a pirâmide
alimentar para verificar as lacunas na pirâmide que haviam construído
anteriormente. Assistiu-se ao vídeo “Como a funciona a pirâmide”, onde foi
apresentada uma explicação, mostrando que a base da pirâmide apresenta
alimentos do grupo dos carboidratos, sendo que logo acima temos o grupo dos
minerais, vitaminas e fibras, representadas pelas frutas, verduras e legumes;
seguidos, no terceiro nível, pelo grupo das proteínas e sais minerais, ao qual
pertence o leite e seus derivados, as carnes e os feijões; e no topo da pirâmide
temos o grupo dos lipídios, cujo consumo deve ser moderado e requer uma atenção
especial, por fornecer grande quantidade de gorduras e poucos nutrientes.
E de acordo com estas novas informações refizeram a pirâmide anterior,
seguindo agora os conceitos de uma alimentação saudável. A ação seguinte foi
montar um cardápio com a ajuda das nutricionistas do curso Técnico em alimentos
do colégio.
Pois, antes de qualquer tipo de dieta e medicamento é fundamental entender
os hábitos sócio-culturais desse paciente e partir daí se faz importante um
planejamento capaz de reorganizar as práticas de saúde, alimentação, hábitos e
estilos de vida saudável. Uma alimentação equilibrada, prática de atividade física e
uma boa saúde mental são peças essenciais para estar de bem o corpo e com o
peso saudável (PINHEIRO, 2004).
7 Montando um cardápio
Com o conhecimento de como deve ser montado um cardápio saudável,
baseado na pirâmide alimentar, sugeriu-se que montassem o próprio cardápio
semanal, seguindo a orientação das nutricionistas e tendo em vista o cálculo do IMC
e as metas que querem alcançar. Essa atividade foi praticamente individual, onde as
nutricionistas atenderam cada caso para montar um cardápio, fácil de ser seguido,
dentro das condições de cada família e ainda atendendo as necessidades individuais
do indivíduo. Já que o grupo de alunos é composto de obesos, normais, sobrepeso e
abaixo do peso. Os participantes foram orientados a seguirem a dieta por duas
semanas.
8 Sessão cinema
Ainda pensando em uma educação nutricional, exibiram-se na TV multimídia
os filmes “Benefícios de cada alimento” e “Como ter uma dieta saudável no Brasil”.
Atividade foi meramente informativa e de lazer, para que soubesse que nenhum
alimento isoladamente contém todos os nutrientes, a melhor maneira de assegurar
uma dieta saudável é incluir uma ampla variedade de alimentos nas refeições
diárias.
9 Pirâmide de Atividades Físicas
Para abordar a mudança de hábitos alimentares com as atividades físicas,
para uma vida mais saudável, apresentou-se o funcionamento da pirâmide de
atividades físicas, uma ferramenta baseada nos Guias de Atividades Física,
desenvolvidos pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças e pelo Colégio
Americano de Medicina Esportiva (E.U.A). Ela pode auxiliar o indivíduo a se tornar
mais ativo.
Para facilitar elaborou-se uma relação das atividades condizentes com a
realidade dos participantes e pediu-se que escolhessem cinco atividades, uma de
cada grupo, e assim iniciaram-se juntos a dieta e as atividades físicas.
Entre as atividades que eles deveriam fazer todos os dias estavam: carregar
mantimentos, passear com o cachorro, caminhar até a escola, subir escadas, utilizar
rotas mais longas para voltar da escola para casa, entre outras.
As atividades que deveriam ser realizadas de três a cinco vezes na semana
sugeriu-se a caminhada, a natação, andar de bicicleta, jogar vôlei, basquete ou
futebol, dependendo da preferência de cada um.
Duas a três vezes na semana, eles deveriam se alongar e fazer exercícios
de musculação, como a maioria não tem acesso a academia, essas atividades foram
desenvolvidas durante as aulas de educação física do colégio.
Para concluir orientou-se que reduzissem o tempo em frente à televisão e ao
computador, e assim tornarem mais ativos e prontos para uma vida bem mais
saudável.
Nesse ponto deu-se um prazo de duas semanas para conclusão e
implementação das novas medidas dos participantes. Mesmo sabendo que em um
período tão curto é difícil uma mudança significativa.
10 Refazendo as medidas
Passadas as duas semanas e para concluir, novamente colou-se uma foto
na agenda e partimos para as medidas e pesagem dos alunos, o cálculo do IMC,
não deu para ser considerado tendo em vista o curto prazo de execução do projeto,
não modificou o índice anterior. Quanto ao peso valer a pena destacar as mudanças,
conforme o quadro 1.
Alunos Antes Depois
A1 40,2 42
A2 40,6 41,9
A3 50 51
A4 55 54
A5 56,9 55,3
A6 57,4 56
A7 62 59,1
A8 63,1 61
A9 68 66,2
A10 68,5 67
A11 79,1 77,3
Quadro 1. Alunos que apresentaram resultado positivo
As alterações observadas que em relação ao peso corporal foram discretas,
porém consideráveis, tendo em vista que as participantes nunca haviam passado por
um programa de educação nutricional aliado a atividades físicas, e ainda o curto
tempo dos objetivos propostos. Cabe esclarecer que os demais alunos não foram
referenciados, por não terem apresentado resultados mensuráveis.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE possibilita aos
professores da rede pública estadual de educação do Estado do Paraná, subsídios
teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais que resultem
em revisão da própria prática pedagógica e, consequentemente mudanças
qualitativas no cotidiano da escola pública paranaense.
O projeto de intervenção é resultado destes estudos e permitiu perceber que
os adolescentes têm conhecimento de que suas práticas alimentares nem sempre
são saudáveis, mas não têm a compreensão do que vem a ser uma alimentação
balanceada e nutritiva não relacionando conhecimentos adquiridos nutrientes com
uma prática alimentar saudável.
A turma escolhida para a intervenção, o 8º ano, foi uma boa escolha, pois,
nesta idade o aluno já tem maturidade para realizar as pesquisas sugeridas e pode
ser influenciado pelo conhecimento quando este se apresenta significativo.
As atividades propostas possibilitou aos alunos a percepção da importância
de um alimento nutritivo para o crescimento, desenvolvimento e desempenho
presente e futuro. Oportunizou ainda o conhecimento das consequências do
excesso ou da carência de alguns nutrientes. Além de mostrar que os princípios
gerais de vida saudável, se incentivados desde a infância, previne doenças
causadas pelo sedentarismo e má alimentação, e ainda pode sensibilizar
adolescentes sobre as causas da obesidade.
Fazer uma reflexão sobre os textos e contextos apresentados, no que se
refere à obesidade e a educação nutricional, aliados a prática desportiva foi o
método utilizado para alcançar o objetivo proposto que foi sensibilizar os alunos do
Colégio Estadual Enira Moraes Ribeiro – EFM sobre a importância da alimentação
adequada e da prática regular de atividade física na prevenção e controle da
obesidade.
Considerou-se de suma importância para o projeto a participação das
nutricionistas do curso Técnico em Alimentos, do próprio Colégio, que ajudaram os
alunos a montarem um cardápio de acordo com o perfil individual. Com a orientação
das nutricionistas foi possível identificar hábitos inadequados de alimentação e
substituí-los por novos que os conduzissem a uma melhor qualidade de vida.
Ao utilizarmos os conceitos de dieta alimentar equilibrada, presente na
“Pirâmide alimentar”, aliadas à orientação das nutricionistas possibilitou que os
participantes aprimorassem seu conhecimento a respeito do assunto e reavaliassem
sua dieta pessoal, percebendo a necessidade de uma alimentação balanceada para
a promoção de saúde.
Na finalização da intervenção na escola, fizemos uma exposição de todo
material produzido em painéis distribuídos no pátio do colégio, socializando desta
forma, o conhecimento adquirido com os demais alunos do estabelecimento, que
não tiveram a oportunidade de participar do projeto.
Os resultados deste estudo reforçam a necessidade de implementação de
programas de divulgação e estudo da pirâmide alimentar, de uma educação
nutricional, do incentivo a prática de atividade física relacionada à promoção da
saúde no ensino fundamental. Observou-se a prevalência de sobrepeso em meninas
e uma preocupação com em atingirem um corpo bem definido dentro das medidas
consideradas ideais pelo IMC.
Novos estudos são importantes para avaliar com mais profundidade os
hábitos alimentares dos adolescentes, bem como a ocorrência de obesidade em
adolescentes que ficam muito tempo no computador ou assistindo televisão. No
entanto, os dados gerados por este estudo já são suficientes para alertar pais,
educadores e profissionais de saúde sobre o comportamento alimentar e o perigo
das dietas de restrição alimentar que muitos adolescentes se submetem, por não
terem hábitos alimentares adequados.
Por fim, ressalta-se a necessidade de novos estudos com tempo de duração
maior para que resultados mais consistentes possam ser observados. Como
sugestão, destacamos que nas aulas de educação física os professores devem
estimular os alunos a terem atitudes positivas em relação à qualidade de vida e
orientá-los quanto à prática de atividades físicas e bons hábitos alimentares.
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