3 PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO Introdução Relembrando... As sequências didáticas são um conjunto de atividades ligadas entre si, planejadas para ensinar um conteúdo, etapa por etapa. Organizadas de acordo com os objetivos que o professor quer alcançar para a aprendizagem de seus alunos, elas envolvem atividades de aprendizagem e de avaliação. Utilizamos as sequências didáticas em Língua Portuguesa para ensinar os alunos a dominar um gênero textual de forma gradual, passo a passo. Ao organizar uma sequência didática, o professor pode planejar etapas do trabalho com os alunos, de modo a explorar diversos exemplares desse gênero, estudar as suas características próprias e praticar aspectos de sua escrita antes de propor uma produção escrita final. Outra vantagem desse tipo de trabalho é que leitura, escrita, oralidade e aspectos gramaticais são trabalhados em conjunto, o que faz mais sentido para quem aprende. Para realizar as sequências didáticas é preciso ter alguns conhecimentos sobre o gênero que se quer ensinar e conhecer bem o grau de aprendizagem que os alunos já têm desse gênero. Isso é necessário para que seja organizada de tal maneira que não fique nem muito fácil, o que desestimulará os alunos porque não encontrarão desafios, nem muito difícil, o que poderá desestimulá-los a iniciar o trabalho e envolver-se com as atividades. Outra necessidade desse tipo de trabalho é a realização de atividades em duplas e grupos, para que os alunos possam trocar conhecimentos e auxiliar uns aos outros. Devido ao sucesso da primeira apostila de Sequências Didáticas, elaborada em Julho de 2012, nos propomos a dar continuidade ao trabalho, utilizando aqui, novos gêneros textuais. Nossa intenção é dar suporte aos professores de Língua Portuguesa e a apostila é apenas uma sugestão. Cada professor pode e deve acrescentar, retirar, modificar as atividades para adequá-las a sua turma e sua realidade. Para organizar o trabalho com um gênero textual em sala de aula, sugerimos a seguinte sequência didática: 1. Apresentação do gênero. 2. Partir do conhecimento prévio dos alunos. 3. Contato inicial com o gênero textual em estudo. 4. Produção do texto inicial. 5. Ampliação do repertório sobre o gênero em estudo, por meio de leituras e análise de textos do gênero. 6. Produção do texto final.
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Transcript
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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO
Introdução
Relembrando...
As sequências didáticas são um conjunto de atividades ligadas entre si, planejadas para ensinar um
conteúdo, etapa por etapa. Organizadas de acordo com os objetivos que o professor quer alcançar para a
aprendizagem de seus alunos, elas envolvem atividades de aprendizagem e de avaliação.
Utilizamos as sequências didáticas em Língua Portuguesa para ensinar os alunos a dominar um
gênero textual de forma gradual, passo a passo. Ao organizar uma sequência didática, o professor pode
planejar etapas do trabalho com os alunos, de modo a explorar diversos exemplares desse gênero, estudar as
suas características próprias e praticar aspectos de sua escrita antes de propor uma produção escrita final.
Outra vantagem desse tipo de trabalho é que leitura, escrita, oralidade e aspectos gramaticais são trabalhados
em conjunto, o que faz mais sentido para quem aprende.
Para realizar as sequências didáticas é preciso ter alguns conhecimentos sobre o gênero que se quer
ensinar e conhecer bem o grau de aprendizagem que os alunos já têm desse gênero. Isso é necessário para
que seja organizada de tal maneira que não fique nem muito fácil, o que desestimulará os alunos porque não
encontrarão desafios, nem muito difícil, o que poderá desestimulá-los a iniciar o trabalho e envolver-se com
as atividades. Outra necessidade desse tipo de trabalho é a realização de atividades em duplas e grupos, para
que os alunos possam trocar conhecimentos e auxiliar uns aos outros.
Devido ao sucesso da primeira apostila de Sequências Didáticas, elaborada em Julho de 2012, nos
propomos a dar continuidade ao trabalho, utilizando aqui, novos gêneros textuais. Nossa intenção é dar
suporte aos professores de Língua Portuguesa e a apostila é apenas uma sugestão. Cada professor pode e
deve acrescentar, retirar, modificar as atividades para adequá-las a sua turma e sua realidade.
Para organizar o trabalho com um gênero textual em sala de aula, sugerimos a seguinte sequência
didática:
1. Apresentação do gênero.
2. Partir do conhecimento prévio dos alunos.
3. Contato inicial com o gênero textual em estudo.
4. Produção do texto inicial.
5. Ampliação do repertório sobre o gênero em estudo, por meio de leituras e análise de textos do
gênero.
6. Produção do texto final.
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Conto Maravilhoso
O conto tem origem antiga. Liga-se ao desejo de contar e ouvir histórias inerente à natureza humana
e manifesta-se precocemente na História. Vem das narrativas orais dos antigos povos nas noites de luar,
passa pelas narrativas dos bardos gregos e romanos, pelas lendas orientais, pelas parábolas bíblicas, pelas
novelas medievais italianas, pelas fábulas francesas e chega até nós, em livros, como hoje o conhecemos.
Em sua trajetória, o conto vestiu-se de inúmeras roupagens, resultando numa riqueza de tipos de
difícil classificação. É comum encontrarmos antologias que reúnem contos por nacionalidade: o conto
brasileiro, o conto russo, o conto francês, etc.; ou por regiões: o conto brasileiro do Norte, do Sul, etc.; ou
por subgêneros: contos maravilhosos, fantásticos, de terror, de mistério, policiais, de amor, de ficção
científica, ou por outras classificações: o conto tradicional, o conto moderno, o conto contemporâneo, etc.
Os contos de fadas clássicos – ―Cinderela‖, ―Branca de Neve‖, ―Chapeuzinho Vermelho‖ – estão
entre as primeiras histórias que conhecemos na infância. Com sua magia e seus prodígios, lançaram sobre
nós um encantamento inesquecível, capaz de durar a vida inteira. Todos terminam com a frase ―e viveram
felizes para sempre‖ – na qual acreditamos piamente. Seu otimismo, a constante vitória dos bons sobre os
maus, o triunfo dos humildes sobre os orgulhosos nos infundem esperança. No entanto, os contos de fadas
são muito mais que as simples realização de nossas fantasias. Seus heróis e heroínas conquistam a felicidade
só depois de superar muitos obstáculos e enfrentar duras tribulações.
Ao cruzar a fronteira do ―Era um vez...‖, entramos num mundo em que como nos sonhos, a realidade
se transforma. De repente os animais falam, e como o Gato de Botas, ainda são muito mais espertos que os
seres humanos.
Paralelamente a esse mundo em que tudo parece estar de pernas para o ar, os contos de fadas reúnem
elementos vitais, eternos, mágicos, que tem o dom de transformar uma abóbora em carruagem ou de fazer
uma princesa dormir durante cem anos. No plano da imaginação basta pensar em algo para concretizá-lo.
O conto maravilhoso ou de fadas, caracteriza-se por iniciar-se pela expressão Era uma vez... e por
apresentar inicialmente uma falta ou algum malfeito praticado por alguém; quase sempre termina bem; pode
ou não ter interferência de seres encantados (fadas, bruxas, duendes); apresenta quase sempre algumas
situações típicas, como o herói ou a heroína distanciar-se do lar, adentrar uma floresta ou bosque, cair numa
armadilha, lutar contra um vilão, vencê-lo, etc.
Características:
Fatos que acontecem no passado.
Tempo impreciso.
Narrador observador.
Ações conforme as características que as personagens representam. (herói – bom / vilão –
mau)
Contém um ensinamento.
Organização do Texto (ver apostila de Sequências Didáticas I – pág.3)
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Pequetito
Era uma vez um casal que só depois de muito esperar e pedir aos deuses conseguiu ter um filho. O
menino nasceu com saúde e era bem bonito, mas nunca cresceu, e por isso recebeu o nome de Pequetito.
Quando chegou a hora de mandá-lo conhecer o mundo, seus pais lhe deram uma agulha para lhe
servir de espada, uma cuia de comer arroz para ser seu barco e um par de palitos para fazer as vezes de
remos.
Assim equipado, Pequetito partiu, navegando até a capital, Quioto, onde foi ter ao casarão de uma
família que se encantou com ele e o convidou para morar ali.
Um dia Pequetito viajou com a filha de seus anfitriões, uma linda jovem que gostava muito dele. No
caminho um ogro os atacou, dizendo que queria raptar a moça. ―Primeiro vai ter que lutar comigo!‖, o
corajoso rapaz exclamou, brandindo a agulha.
O ogro riu, agarrou-o e sem perda de tempo o engoliu.
Lá no estômago do ogro, Pequetito o espetou tanto com sua agulha que o malvado papão o cuspiu
fora. Assim que se viu livre, o moço lhe furou os olhos com a agulha. O ogro gritou de dor e correu,
deixando cair um pequeno objeto de metal. ―É um martelo mágico que realiza desejos‖, a jovem explicou.
―Então me dê uma martelada, para ver se me faz crescer‖, o rapaz falou. A filha de seus anfitriões lhe
martelou a cabeça com toda a força... e Pequetito se transformou num samurai alto e garboso, com quem ela
logo se casou. Livro: Volta ao mundo em 52 histórias. Narração de Neil Philip. Ilustração de Nilesh Mistry. 2ª edição. 2010
Atividades
1. Com relação ao gênero e a sua estruturação, responda:
a) Qual é o gênero textual?
b) Qual é o tipo discursivo?
c) Qual é o domínio discursivo desse gênero?
d) Qual é a sua finalidade/função sócio-comunicativa/para que serve/objetivo?
e) Quais são as principais características?
f) Qual é o público-alvo desse texto?
2. Qual é o tema e o assunto do texto?
3. O que Pequetito recebeu antes de viajar pelo mundo?
4. Por que motivo ele recebeu esses objetos?
5. Em que país e época se passa a história?
6. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque:
a) ―Um dia Pequetito viajou com a filha de seus anfitriões...‖ (l. 8) _________________________
b) ―... o corajoso rapaz exclamou, brandindo a agulha.‖ (l. 9,10) _________________________
c) ―...se transformou num samurai alto e garboso...‖ (l. 16) _________________________
7. Nos trechos abaixo coloque O para opinião e F para fato:
a) ( ) ―O menino nasceu com saúde...‖ (l.2)
b) ( ) ―...e era bem bonito‖ (l.2)
c) ( ) ―... um ogro os atacou...‖ (l.9)
d) ( ) ―... o moço lhe furou os olhos com a agulha.‖ (l.13)
e) ( ) ―... uma linda jovem que gostava...‖ (l.8)
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8. Que ideia expressam as palavras destacadas nas frases abaixo:
a) ―... depois de muito esperar e pedir aos deuses conseguiu ter um filho.‖ (l.1) __________ / __________
b) ―... nasceu com saúde e era bem bonito...‖ (l.2) _____________
c) ―... mas nunca cresceu, e por isso recebeu o nome de Pequetito.‖ (l.2) _____________ / _____________
d) ―Quando chegou a hora de mandá-lo conhecer o mundo...‖ (l.3) _____________
e) ―... um par de palitos para fazer as vezes de remos.‖ (l.4) _____________
f) ―...onde foi ter ao casarão...‖ (l.6) _____________
g) ―... o convidou para morar ali.‖ (l.7) _____________
h) ―Pequetito o espetou tanto com sua agulha...‖ (l.12) _____________
i) ―Então me dê uma martelada...‖ (l.15) _____________
j) ―... com quem ela logo se casou.‖ (l.16,17) _____________
9. Qual a consequência para Pequetito ao derrotar o ogro?
10. As palavras destacadas nas frases abaixo se referem a que/quem:
a) ―Quando chegou a hora de mandá-lo conhecer o mundo...‖ (l.3) _____________
b) ―... seus pais lhe deram uma agulha...‖ (l.3) _____________
c) ―... uma cuia de comer arroz para ser seu barco...‖ (l.4) _____________
d) ―... uma família que se encantou com ele...‖ (l.7) _____________ / _____________
e) ―... uma linda jovem que gostava muito dele.‖ (l.8) _____________ / _____________
f) ―No caminho um ogro os atacou...‖ (l.8,9) _____________
g) ―... dizendo que queria raptar a moça.‖ (l.9) _____________
h) ―... o corajoso rapaz exclamou...‖ (l.10) _____________
i) ―... Pequetito o espetou tanto com sua agulha que o malvado papão o cuspiu...‖ (l.12) _____________ /
____________ / ____________
11. Analise as situações abaixo:
a) Se a personagem da história fosse do gênero feminino, como ficaria esta frase: ―O menino nasceu com
saúde e era bem bonito...‖ por quê?
b) ―No caminho um ogro os atacou, dizendo que queria raptar a moça.‖ Essa frase apresenta ações narradas
no passado, como ficaria se fosse narrada no presente do indicativo?
12. Qual é o conflito gerador do enredo?
13. Das informações abaixo, relativas ao texto, qual é a principal?
a) ―O menino nasceu com saúde e era bem bonito...‖ (l.10)
b) ―No caminho um ogro os atacou...‖ (l.8,9)
c) ―Pequetito se transformou num samurai alto e garboso...‖ (l.16)
d) ―O ogro gritou de dor e correu...‖ (l.13)
14. Nas frases abaixo, explique o sentido da pontuação usada pelo autor:
a) ―Primeiro vai ter que lutar comigo!‖ – Aspas:__________________ Exclamação: _________________
b) ―A filha de seus anfitriões lhe martelou a cabeça com toda a força...‖ Reticências: __________________
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Produção Inicial
O conto que você acabou de estudar se parece com algum outro que você já tenha lido ou que alguém
já tenha contado a história para você?
Bom, agora é sua vez de usar a criatividade! Escolha um Conto Maravilhoso que você conheça bem a
história e faça como o autor. Reconte, de acordo com sua realidade, mas prevalecendo a essência e as
características do conto escolhido. Não se esqueça do título!
Ouvi primeiro o ruído de cascos pisando a grama, mas continuei deitado de bruços na esteira que havia estendido ao lado da barraca. Senti nitidamente o cheiro acre, muito próximo. Virei-me devagar, abri os olhos. O cavalo erguia-se
interminável à minha frente. Em cima dele havia uma espingarda apontada para mim e atrás da espingarda um velhinho de
chapéu de palha, que disse logo o seguinte: [...]
(Wander Pirolli. ―Crítica da razão pura‖. In: Ítalo Moriconi, org. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.)
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O coração delator
É verdade! Nervoso, muito, muito nervoso mesmo eu estive e estou; mas por que você vai dizer que
estou louco? A doença exacerbou meus sentidos, não os destruiu, não os embotou. Mais que os outros estava
aguçado o sentido da audição. Ouvi todas as coisas no céu e na terra. Ouvi muitas coisas no inferno. Como
então posso estar louco? Preste atenção! E observe com que sanidade, com que calma, posso lhe contar toda
a história.
É impossível saber como a ideia penetrou pela primeira vez no meu cérebro, mas, uma vez
concebida, ela me atormentou dia e noite. Objetivo não havia. Paixão não havia. Eu gostava do velho. Ele
nunca me fez mal. Ele nunca me insultou. Seu ouro eu não desejava. Acho que era seu olho! É, era isso! Um
de seus olhos parecia o de um abutre - um olho azul claro coberto por um véu. Sempre que caía sobre mim o
meu sangue gelava, e então pouco a pouco, bem devagar, tomei a decisão de tirar a vida do velho, e com
isso me livrar do olho, para sempre.
Agora esse é o ponto. O senhor acha que sou louco. Homens loucos de nada sabem. Mas deveria ter-
me visto. Deveria ter visto com que sensatez eu agi — com que precaução —, com que prudência, com que
dissimulação, pus mãos à obra! Nunca fui tão gentil com o velho como durante toda a semana antes de matá-
lo. E todas as noites, por volta de meia-noite, eu girava o trinco da sua porta e a abria, ah, com tanta
delicadeza! E então, quando tinha conseguido uma abertura suficiente para minha cabeça, punha lá dentro
uma lanterna furta-fogo bem fechada, fechada para que nenhuma luz brilhasse, e então eu passava a cabeça.
Ah! O senhor teria rido se visse com que habilidade eu a passava. Eu a movia devagar, muito, muito
devagar, para não perturbar o sono do velho. Levava uma hora para passar a cabeça toda pela abertura, o
mais à frente possível, para que pudesse vê-lo deitado em sua cama. Aha! Teria um louco sido assim tão
esperto? E então, quando minha cabeça estava bem dentro do quarto, eu abria a lanterna com cuidado —
ah!, com tanto cuidado! —, com cuidado (porque a dobradiça rangia), eu a abria só o suficiente para que um
raiozinho fino de luz caísse sobre o olho do abutre. E fiz isso por sete longas noites, todas as noites à meia-
noite em ponto, mas eu sempre encontrava o olho fechado, e então era impossível fazer o trabalho, porque
não era o velho que me exasperava, e sim seu Olho Maligno. E todas as manhãs, quando o dia raiava, eu
entrava corajosamente no quarto e falava Com ele cheio de coragem, chamando-o pelo nome em tom cordial
e perguntando como tinha passado a noite. Então, o senhor vê que ele teria que ter sido, na verdade, um
velho muito astuto, para suspeitar que todas as noites, à meia-noite em ponto, eu o observava enquanto
dormia.
Na oitava noite, eu tomei um cuidado ainda maior ao abrir a porta. O ponteiro de minutos de um
relógio se move mais depressa do que então a minha mão. Nunca antes daquela noite eu sentira a extensão
de meus próprios poderes, de minha sagacidade. Eu mal conseguia conter meu sentimento de triunfo. Pensar
que lá estava eu, abrindo pouco a pouco a porta, e ele sequer suspeitava de meus atos ou pensamentos
secretos. Cheguei a rir com essa ideia, e ele talvez tenha ouvido, porque de repente se mexeu na cama como
num sobressalto. Agora o senhor pode pensar que eu recuei — mas não. Seu quarto estava preto como breu
com aquela escuridão espessa (porque as venezianas estavam bem fechadas, de medo de ladrões) e então eu
soube que ele não poderia ver a porta sendo aberta e continuei a empurrá-la mais, e mais.
Minha cabeça estava dentro e eu quase abrindo a lanterna quando meu polegar deslizou sobre a lingueta de
metal e o velho deu um pulo na cama, gritando:
— Quem está aí?
Fiquei imóvel e em silêncio. Por uma hora inteira não movi um músculo, e durante esse tempo não o
ouvi se deitar. Ele continuava sentado na cama, ouvindo bem como eu havia feito noite após noite prestando
atenção aos relógios fúnebres na parede.
Nesse instante, ouvi um leve gemido, e eu soube que era o gemido do terror mortal. Não era um
gemido de dor ou de tristeza — ah, não! era o som fraco e abafado que sobe do fundo da alma quando
sobrecarregada de terror. Eu conhecia bem aquele som. Muitas noites, à meia-noite em ponto, ele brotara de
meu próprio peito, aprofundando, com seu eco pavoroso, os terrores que me perturbavam. Digo que os
conhecia bem. Eu sabia o que sentia o velho e me apiedava dele embora risse por dentro. Eu sabia que ele
estivera desperto, desde o primeiro barulhinho, quando se virara na cama. Seus medos foram desde então
crescendo dentro dele. Ele estivera tentando fazer de conta que eram infundados, mas não conseguira.
Dissera consigo mesmo: "Isto não passa do vento na chaminé; é apenas um camundongo andando pelo
chão", ou "É só um grilo cricrilando um pouco". É, ele estivera tentando confortar-se com tais suposições;
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mas descobrira ser tudo em vão. Tudo em vão, porque a Morte ao se aproximar o atacara de frente com sua
sombra negra e com ela envolvera a vítima. E a fúnebre influência da despercebida sombra fizera com que
sentisse, ainda que não visse ou ouvisse, sentisse a presença da minha cabeça dentro do quarto.
Quando já havia esperado por muito tempo e com muita paciência sem ouvi-lo se deitar, decidi abrir
uma fenda — uma fenda muito, muito pequena na lanterna. Então eu a abri — o senhor não pode imaginar
com que gestos furtivos, tão furtivos — até que afinal um único raio pálido como o fio da aranha brotou da
fenda e caiu sobre o olho do abutre.
Ele estava aberto, muito, muito aberto, e fui ficando furioso enquanto o fitava. Eu o vi com perfeita
clareza - todo de um azul fosco e coberto por um véu medonho que enregelou até a medula dos meus ossos,
mas era tudo o que eu podia ver do rosto ou do corpo do velho, pois dirigira o raio, como por instinto,
exatamente para o ponto maldito.
E agora, eu não lhe disse que aquilo que o senhor tomou por loucura não passava de hiperagudeza
dos sentidos? Agora, repito, chegou a meus ouvidos um ruído baixo, surdo e rápido, algo como faz um
relógio quando envolto em algodão. Eu também conhecia bem aquele som. Eram as batidas do coração do
velho. Aquilo aumentou a minha fúria, como o bater do tambor instiga a coragem do soldado.
Mas mesmo então eu me contive e continuei imóvel. Quase não respirava. Segurava imóvel a
lanterna. Tentei ao máximo possível manter o raio sobre o olho. Enquanto isso, aumentava o diabólico
tamborilar do coração. Ficava a cada instante mais e mais rápido, mais e mais alto. O terror do velho deve
ter sido extremo. Ficava mais alto, estou dizendo, mais alto a cada instante! — está me entendendo? Eu lhe
disse que estou nervoso: estou mesmo. E agora, altas horas da noite, em meio ao silêncio pavoroso dessa
casa velha, um ruído tão estranho quanto esse me levou ao terror incontrolável. Ainda assim por mais alguns
minutos me contive e continuei imóvel. Mas as batidas ficaram mais altas, mais altas! Achei que o coração
iria explodir. E agora uma nova ansiedade tomava conta de mim — o som seria ouvido por um vizinho!
Chegara a hora do velho! Com um berro, abri por completo a lanterna e saltei para dentro do quarto. Ele deu
um grito agudo — um só. Num instante, arrastei-o para o chão e derrubei sobre ele a cama pesada. Então
sorri contente, ao ver meu ato tão adiantado. Mas por muitos minutos o coração bateu com um som
amortecido. Aquilo, entretanto, não me exasperou; não seria ouvido através da parede. Por fim, cessou. O
velho estava morto. Afastei a cama e examinei o cadáver. É, estava morto, bem morto. Pus a mão sobre seu
coração e a mantive ali por muitos minutos. Não havia pulsação. Ele estava bem morto. Seu olho não me
perturbaria mais.
Se ainda me acha louco, não mais pensará assim quando eu descrever as sensatas precauções que
tomei para ocultar o corpo. A noite avançava, e trabalhei depressa, mas em silêncio. Antes de tudo
desmembrei o cadáver. Separei a cabeça, os braços e as pernas.
Arranquei três tábuas do assoalho do quarto e depositei tudo entre as vigas. Recoloquei então as
pranchas com tanta habilidade e astúcia que nenhum olho humano — nem mesmo o dele — poderia detectar
algo de errado. Nada havia a ser lavado — nenhuma mancha de qualquer tipo — nenhuma marca de sangue.
Eu fora muito cauteloso. Uma tina absorvera tudo - ha! ha!
Quando terminei todo aquele trabalho, eram quatro horas — ainda tão escuro quanto à meia-noite.
Quando o sino deu as horas, houve uma batida à porta da rua. Desci para abrir com o coração leve — pois o
que tinha agora a temer? Entraram três homens, que se apresentaram, com perfeita suavidade, como oficiais
de polícia. Um grito fora ouvido por um vizinho durante a noite; suspeitas de traição haviam sido
levantadas; uma queixa fora apresentada à delegacia e eles (os policiais) haviam sido encarregados de
examinar o local.
Sorri — pois o que tinha a temer? Dei as boas-vindas aos senhores. O grito, disse, fora meu, num
sonho. O velho, mencionei, estava fora, no campo. Acompanhei minhas visitas por toda a casa. Incentivei-os
a procurar — procurar bem. Levei-os, por fim, ao quarto dele. Mostrei-lhes seus tesouros, seguro,
imperturbável. No entusiasmo de minha confiança, levei cadeiras para o quarto e convidei-os para ali
descansarem de seus afazeres, enquanto eu mesmo, na louca audácia de um triunfo perfeito, instalei minha
própria cadeira exatamente no ponto sob o qual repousava o cadáver da vítima.
Os oficiais estavam satisfeitos. Meus modos os haviam convencido. Eu estava bastante à vontade.
Sentaram-se e, enquanto eu respondia animado, falaram de coisas familiares. Mas, pouco depois, senti que
empalidecia e desejei que se fossem. Minha cabeça doía e me parecia sentir um zumbido nos ouvidos; mas
eles continuavam sentados e continuavam a falar. O zumbido ficou mais claro — continuava e ficava mais
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claro: falei com mais vivacidade para me livrar da sensação: mas ela continuou e se instalou — até que,
afinal, descobri que o barulho não estava dentro de meus ouvidos.
Sem dúvida agora fiquei muito pálido; mas falei com mais fluência, e em voz mais alta. Mas o som
crescia - e o que eu podia fazer? Era um som baixo, surdo, rápido — muito parecido com o som que faz um
relógio quando envolto em algodão. Arfei em busca de ar, e os policiais ainda não o ouviam. Falei mais
depressa, com mais intensidade, mas o barulho continuava a crescer. Levantei-me e discuti sobre ninharias,
num tom alto e gesticulando com ênfase; mas o barulho continuava a crescer. Por que eles não podiam ir
embora? Andei de um lado para outro a passos largos e pesados, como se me enfurecessem as observações
dos homens, mas o barulho continuava a crescer. Ai meu Deus! O que eu poderia fazer? Espumei —
vociferei — xinguei! Sacudi a cadeira na qual estivera sentado e arrastei-a pelas tábuas, mas o barulho
abafava tudo e continuava a crescer. Ficou mais alto — mais alto — mais alto! E os homens ainda
conversavam animadamente, e sorriam. Seria possível que não ouvissem? Deus Todo-Poderoso! — não,
não? Eles ouviam! — eles suspeitavam! — eles sabiam! - Eles estavam zombando do meu horror! — Assim
pensei e assim penso. Mas qualquer coisa seria melhor do que essa agonia! Qualquer coisa seria mais
tolerável do que esse escárnio. Eu não poderia suportar por mais tempo aqueles sorrisos hipócritas! Senti
que precisava gritar ou morrer! — e agora — de novo — ouça! mais alto! mais alto! mais alto! mais alto!
— Miseráveis! — berrei — Não disfarcem mais! Admito o que fiz! Levantem as pranchas! — aqui,
aqui! — são as batidas do horrendo coração!
Edgar Allan Poe
Atividades
1. Qual é o tema e o assunto do texto?
2. Onde e quando acontece o crime?
3. No princípio, como autor se sente e descreve seus atos?
4. Quais argumentos o autor utiliza para provar a sua sanidade mental?
5. Há pertinência entre o título e as ações ocorridas na história? Justifique.
6. Com base na frase ―... a doença exacerbou meus sentidos...‖ (l. 2) e na temática do conto narrado,
qual doença possivelmente o autor se refere?
7. Qual a consequência para o homem do crime que ele cometeu?
8. Quem são as personagens? Cite uma característica que você atribuiria a cada uma delas.
9. Qual o conflito gerador da história?
10. Por que o homem demorou sete dias para finalmente matar o velho?
11. O que motivou o homem a cometer o crime?
12. O narrador acredita ter cometido um crime ―perfeito‖ e nos chama a atenção para os detalhes de
forma a nos induzir a acreditar nos fatos narrados. Você concorda com o pensamento do autor a
respeito do crime? Justifique.
13. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque: (H. 4.1)
a) ―...não os destruiu, não os embotou‖. (l. 2) ___________________.
b) ―...extensão de meus próprios poderes, de minha sagacidade‖. (l. 31,32) _________________.
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c) ―...deslizou sobre a lingueta de metal...‖ (l. 38,39) _________________.
d) ―...Ele estivera tentando fazer de conta que eram infundados...‖ (l. 50) ___________________.
e) ―...o senhor não pode imaginar com que gestos furtivos...‖ (l. 57,58) _________________.
f) ―...um véu medonho que enregelou até a medula...‖ (l. 61) ___________________.
g) ―...como faz um relógio quando envolto em algodão...‖ (l. 65,66) ___________________.
h) ―...uma tina absorvera tudo...‖ (l. 89) ___________________.
i) ―...arfei em busca de ar...‖ (l. 110) ___________________.
j) ―...levantei-me e discuti sobre ninharias...‖ (l. 111) ___________________.
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Lenda
Narrativa ou crendice acerca de seres maravilhosos e encantatórios, de origem humana ou não,
existentes no imaginário popular. Trata-se de história, cheia de mistério e fantasia, de origem no conto
popular, que nasceu com o objetivo de explicar acontecimentos que teriam causas desconhecidas. Na busca
do maravilhoso, o ser humano sempre procurou dar sentido à movimentação dos astros, à migração de
animais, aos fenômenos naturais, etc. Essa narrativa de caráter maravilhoso pode também se referir a um
fato histórico que, centralizado em torno de algum herói popular (revolucionário, santo, guerreiro), se
amplifica e se transforma sob o efeito da evocação poética ou da imaginação popular.
Características
Desse modo, como o conto popular oral, apresenta algumas características básicas:
Rica em ações e situações antigas;
Permanência no tempo;
De autoria anônima ou desconhecida;
Transmissão e divulgação de geração em geração entre pessoas e comunidades;
Convergência das ações para o tema ou foco da lenda, como a busca, por exemplo, de um mundo
feliz, de paz, de justiça, etc;
Sequência lógica no tempo e no espaço narrativos;
Destaque de algum personagem por seus poderes sobrenaturais ou atos de heroísmo;
Relação direta da história com o momento histórico da região e da comunidade que a cria;
Final emblemático, com desenlace maravilhoso ou extraordinário.
As lendas atribuem grande valor à natureza, pois ela é fonte de vida para os povos primitivos. A ela
são atribuídos poderes e a ela se deve dedicar respeito e obediência.
São narradas em terceira pessoa para representar a voz de toda a comunidade, daqueles que herdaram
as tradições de seus antepassados.
São contadas pela tradição oral através dos tempos para transmitir algum ensinamento ou explicar
algum fato histórico ou natural. Como elas revelam muito sobre os povos que as criaram, é importante
valorizar o seu registro escrito, como uma estratégia de resgate e de transmissão para gerações futuras.
Curiosidade
As lendas indígenas são divertidas e temperadas de muita imaginação – índios que falam com
animais, estrelas que caem na Terra, guerreiros que vão para o céu. Numa delas a Lua e o Sol, que eram
irmãos, se apaixonaram e, como castigo, nunca mais puderam se encontrar. Por isso, até hoje quando a Lua
sai o Sol se esconde. Se você reparar, nessa lenda há mais do que uma simples explicação para o dia e para a
noite. Ela ensina aos pequenos índios como devem se comportar na tribo, em outras palavras, ensina que é
errado o namoro entre irmãos.
Maria Ganem. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br>.
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O Negrinho do Pastoreio
Na época da escravidão, vivia no Sul do Brasil
um meigo menino negro. Seus pais tinham sido
vendidos para uma fazenda e ele para outra, portanto
ele cresceu sozinho, trabalhando nos pastos do patrão.
Ninguém sabia o nome que os pais haviam lhe dado e,
como ele cuidava muito bem dos animais do pasto,
todos o chamavam de Negrinho do Pastoreio.
Negrinho montava com tanta habilidade que
alguns diziam que na verdade ele era filho de um saci.
Mas o menino não gostava disso. Ele era muito amigo
do padre da fazenda e acreditava piamente na bondade
de Nossa Senhora, que considerava sua protetora.
Certa noite, um garanhão que estava sob os
cuidados dele desapareceu pelos pastos. Temendo ser
castigado pelo dono da fazenda, Negrinho saiu na
escuridão levando apenas uma vela e rezando para que
Nossa Senhora o ajudasse. Suas súplicas foram
atendidas. Quando já não aguentava mais andar, o
menino viu pingos que caíram de sua vela se
transformar numa linda fogueira e iluminar todo o campo. Ele sorriu, maravilhado. Assobiou chamando o
animal, e o cavalo se aproximou lentamente, permitindo que Negrinho lhe pusesse as rédeas.
Acontece que, no dia seguinte, o cavalo escapuliu mais uma vez. O dono das terras, impiedoso,
simplesmente decretou a morte de Negrinho, como se fazia com os escravos que falhavam ao cumprimento
de suas obrigações. Ordenou ao capataz que o levasse a um imenso formigueiro e lá o abandonasse, todo
amarrado para que não pudesse fugir. Depois de ter obedecido à ordem do patrão, o capataz chorava de tanta
tristeza, pois não conseguia se conformar em ter aplicado um castigo horrível daqueles no menino.
Na manhã seguinte, decidiu que salvaria o menino mesmo que tivesse que morrer junto com ele.
Correu até o local onde o havia deixado, certo de iria encontrá-lo bastante ferido. Mas qual não foi sua
surpresa ao chegar: Negrinho estava de pé ao lado do cavalo, cercado por uma belíssima luz dourada e sem
uma picada sequer. Olhou bem no fundo dos olhos do capataz e disse:
- Agora vou partir. Obrigado por sua generosidade. Sei que seu coração é bom. E, sempre que você
perder alguma coisa, chame por mim e, em companhia de Nossa Senhora, minha mãe querida, eu o ajudarei
a encontrá-la. Diga isso a todas as crianças. Principalmente às que são distraídas. Eu serei o seu eterno
protetor.
Nesse instante, um bando de passarinhos o rodearam e o levaram para longe. E até hoje, naquela
região, as pessoas que perderam objetos acendem velas para que o Negrinho as ajude a recuperá-los,
dizendo:
- Negrinho do Pastoreio, leve esta luz a Nossa Senhora, encontre para mim tudo o que já perdi.
(História do folclore brasileiro)
PRIETO, H. Lá vem História: Contos do Folclore Mundial. São Paulo, Cia das Letrinhas, 1997.
Atividades
1. Com relação ao gênero e a sua estruturação, responda:
a) Qual é o gênero textual?
b) Qual é o tipo discursivo?
c) Qual é o domínio discursivo desse gênero?
d) Qual é a sua finalidade/função sócio-comunicativa/para que serve/objetivo?
e) Quais são as principais características?
f) Qual é o público-alvo desse texto?
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2. Qual é o tema e o assunto do texto?
3. Por que o meigo menino negro cresceu sozinho?
4. O nome da personagem central da história é desconhecido, mas ele recebeu um apelido. Qual foi e
por quê?
5. Algumas pessoas diziam que o Negrinho do Pastoreio era filho de saci, por causa da sua habilidade
na montaria. Porém, o menino não gostava que falasse assim, por quê?
6. Por que o Negrinho do Pastoreio se tornou o protetor das coisas perdidas?
7. Identifique no texto os seguintes características:
a) Personagens (protagonistas/antagonistas/secundários ou coadjuvantes):
b) Tempo (cronológico ou psicológico):
c) Espaço (físico ou social):
d) Clímax:
e) Desfecho:
8. Quando o capataz chegou para resgatar o Negrinho do Pastoreio, ele teve uma surpresa. O que
podemos inferir da situação que ele encontrou?
9. A expressão ou invocação ―Nossa Senhora‖ encontrada no texto, é uma marca religiosa específica de
qual crença e a quem ela se refere?
10. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque:
a) ―... e acreditava piamente na bondade...‖ (l. 11) __________________________.
b) ―Certa noite, um garanhão que estava sob os cuidados dele...‖ (l. 13,14) ______________________.
c) ―Suas súplicas foram atendidas.‖ (l. 11) __________________________.
11. As palavras destacadas nas frases abaixo se referem a que/quem:
a) ―... tinham sido vendidos para uma fazenda e ele para outra...‖ (l. 2, 3) __________________________.
b) ―Mas o menino não gostava disso.‖ (l. 10) __________________________.
c) ―Ele era muito amigo do padre da fazenda...‖ (l. 10,11) __________________________.
d) ―Sei que seu coração é bom.‖ (l. 31) __________________________.
e) ―... sempre que você perder alguma coisa, chame por mim...‖ (l. 31,32) _____________ /____________.
f) ―... eu o ajudarei a encontrá-la.‖ (l. 32) __________________________.
g) ―... para que o Negrinho as ajude a recuperá-los.‖ (l. 36) _____________ /____________.
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12. Leia o poema abaixo.
A abolição dos escravos no Brasil
Os escravos no Brasil
Eram muito maltratados
Enriqueciam os patrões
E viviam acorrentados.
Trabalhavam até doentes
Sem direito a reclamar
Se cometesse alguma falta
Ia ‗pro‘ tronco apanhar.
Muitas pessoas lutaram
Pra acabar com o sofrimento
Dessas pessoas humildes
Pois ouviam seus lamentos.
Veio a Lei do Ventre Livre
Já foi meio caminho andado
Pois aí os que nasciam
Não mais eram escravizados.
A Lei dos Sexagenários
Libertava os de sessenta
Pois quando o homem está velho
Trabalhar já não aguenta.
Foi a Princesa Isabel
Que com um gesto muito bravo
No dia 13 de maio
Deu liberdade aos escravos.
Com este gesto heroico
De princesa lutadora
Ficou sendo conhecida
Isabel ―A Redentora‖.
Assim acabou-se a vergonha
Página feia de nossa história
Infelizmente este fato
Ficou em nossa memória.
No dia 13 de maio
Foi também denunciado
O racismo no Brasil
Foi um fato consumado.
Negros, índios, brancos e pardos
Temos direitos iguais
E discriminar é crime
Vai parar nos tribunais.
Elizângela Tavares da Cruz (Manacapuru - AM - por correio eletrônico)
Fonte: http://www.pucrs.br/mj/poema-negro-71.php
a) Qual semelhança podemos encontrar entre a lenda e o poema acima?
b) E qual a diferença entre eles?
13. Leia a reportagem abaixo.
Estrangeiros resgatados de escravidão no Brasil são 'ponta de iceberg'
Fernanda Nidecker. Da BBC Brasil em Londres Atualizado em 13 de maio 2013
No dia em que o Brasil comemora 125 anos da abolição da escravatura, especialistas ouvidos pela BBC Brasil
afirmam que no cenário atual do combate ao trabalho escravo no país, a situação que desponta como a mais
preocupante é a dos estrangeiros que chegam ao Brasil em busca de um eldorado de oportunidades.
A crescente demanda por mão de obra no país, resultante da expansão econômica na última década, tem
exposto imigrantes de várias nacionalidades a condições de trabalho análogas às da escravidão - servidão por dívida,
jornadas exaustivas, trabalho forçado e condições de trabalho degradantes.
Segundo Renato Bignami, coordenador do programa de Erradicação do Trabalho Escravo da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em São Paulo, o número de
estrangeiros resgatados no Estado vem aumentando.
Ele afirma que, desde 2010, quando começaram as operações de combate ao trabalho escravo voltadas exclusivamente para estrangeiros, 128 bolivianos e um peruano foram resgatados no Estado de São Paulo, que
concentra o maior contingente de trabalhadores estrangeiros do país.
Todos eles foram encontrados em oficinas de costura ilegais, terceirizadas por confecções contratadas por
marcas conhecidas, como Zara, Cori, Emme e Luigi Bertolli. [...]
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a) Qual ideia presente no poema é contradita nesta reportagem?
b) Qual é a sua opinião a respeito do tema abordado nos três textos (escravidão); contra ou a favor?
c) Você conhece alguém que realiza ou já realizou algum tipo de trabalho escravo diferente do que foi
citado na reportagem?
Produção Inicial Você percebeu que o autor da lenda anterior é alguém que apenas narra, mas não participa da
história. Já que a história é tão legal e retrata a história do nosso país, que tal fazermos parte dessa aventura
também? Reescreva a história, fazendo as adaptações necessárias, mas sem se esquecer de que o narrador será uma voz coletiva – os negrinhos do pastoreio – e que deverá usar bastante o pronome nós.