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3 PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO Introdução Relembrando... As sequências didáticas são um conjunto de atividades ligadas entre si, planejadas para ensinar um conteúdo, etapa por etapa. Organizadas de acordo com os objetivos que o professor quer alcançar para a aprendizagem de seus alunos, elas envolvem atividades de aprendizagem e de avaliação. Utilizamos as sequências didáticas em Língua Portuguesa para ensinar os alunos a dominar um gênero textual de forma gradual, passo a passo. Ao organizar uma sequência didática, o professor pode planejar etapas do trabalho com os alunos, de modo a explorar diversos exemplares desse gênero, estudar as suas características próprias e praticar aspectos de sua escrita antes de propor uma produção escrita final. Outra vantagem desse tipo de trabalho é que leitura, escrita, oralidade e aspectos gramaticais são trabalhados em conjunto, o que faz mais sentido para quem aprende. Para realizar as sequências didáticas é preciso ter alguns conhecimentos sobre o gênero que se quer ensinar e conhecer bem o grau de aprendizagem que os alunos já têm desse gênero. Isso é necessário para que seja organizada de tal maneira que não fique nem muito fácil, o que desestimulará os alunos porque não encontrarão desafios, nem muito difícil, o que poderá desestimulá-los a iniciar o trabalho e envolver-se com as atividades. Outra necessidade desse tipo de trabalho é a realização de atividades em duplas e grupos, para que os alunos possam trocar conhecimentos e auxiliar uns aos outros. Devido ao sucesso da primeira apostila de Sequências Didáticas, elaborada em Julho de 2012, nos propomos a dar continuidade ao trabalho, utilizando aqui, novos gêneros textuais. Nossa intenção é dar suporte aos professores de Língua Portuguesa e a apostila é apenas uma sugestão. Cada professor pode e deve acrescentar, retirar, modificar as atividades para adequá-las a sua turma e sua realidade. Para organizar o trabalho com um gênero textual em sala de aula, sugerimos a seguinte sequência didática: 1. Apresentação do gênero. 2. Partir do conhecimento prévio dos alunos. 3. Contato inicial com o gênero textual em estudo. 4. Produção do texto inicial. 5. Ampliação do repertório sobre o gênero em estudo, por meio de leituras e análise de textos do gênero. 6. Produção do texto final.
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Sequência Didática II

Oct 23, 2015

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Page 1: Sequência Didática II

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

Introdução

Relembrando...

As sequências didáticas são um conjunto de atividades ligadas entre si, planejadas para ensinar um

conteúdo, etapa por etapa. Organizadas de acordo com os objetivos que o professor quer alcançar para a

aprendizagem de seus alunos, elas envolvem atividades de aprendizagem e de avaliação.

Utilizamos as sequências didáticas em Língua Portuguesa para ensinar os alunos a dominar um

gênero textual de forma gradual, passo a passo. Ao organizar uma sequência didática, o professor pode

planejar etapas do trabalho com os alunos, de modo a explorar diversos exemplares desse gênero, estudar as

suas características próprias e praticar aspectos de sua escrita antes de propor uma produção escrita final.

Outra vantagem desse tipo de trabalho é que leitura, escrita, oralidade e aspectos gramaticais são trabalhados

em conjunto, o que faz mais sentido para quem aprende.

Para realizar as sequências didáticas é preciso ter alguns conhecimentos sobre o gênero que se quer

ensinar e conhecer bem o grau de aprendizagem que os alunos já têm desse gênero. Isso é necessário para

que seja organizada de tal maneira que não fique nem muito fácil, o que desestimulará os alunos porque não

encontrarão desafios, nem muito difícil, o que poderá desestimulá-los a iniciar o trabalho e envolver-se com

as atividades. Outra necessidade desse tipo de trabalho é a realização de atividades em duplas e grupos, para

que os alunos possam trocar conhecimentos e auxiliar uns aos outros.

Devido ao sucesso da primeira apostila de Sequências Didáticas, elaborada em Julho de 2012, nos

propomos a dar continuidade ao trabalho, utilizando aqui, novos gêneros textuais. Nossa intenção é dar

suporte aos professores de Língua Portuguesa e a apostila é apenas uma sugestão. Cada professor pode e

deve acrescentar, retirar, modificar as atividades para adequá-las a sua turma e sua realidade.

Para organizar o trabalho com um gênero textual em sala de aula, sugerimos a seguinte sequência

didática:

1. Apresentação do gênero.

2. Partir do conhecimento prévio dos alunos.

3. Contato inicial com o gênero textual em estudo.

4. Produção do texto inicial.

5. Ampliação do repertório sobre o gênero em estudo, por meio de leituras e análise de textos do

gênero.

6. Produção do texto final.

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

Conto Maravilhoso

O conto tem origem antiga. Liga-se ao desejo de contar e ouvir histórias inerente à natureza humana

e manifesta-se precocemente na História. Vem das narrativas orais dos antigos povos nas noites de luar,

passa pelas narrativas dos bardos gregos e romanos, pelas lendas orientais, pelas parábolas bíblicas, pelas

novelas medievais italianas, pelas fábulas francesas e chega até nós, em livros, como hoje o conhecemos.

Em sua trajetória, o conto vestiu-se de inúmeras roupagens, resultando numa riqueza de tipos de

difícil classificação. É comum encontrarmos antologias que reúnem contos por nacionalidade: o conto

brasileiro, o conto russo, o conto francês, etc.; ou por regiões: o conto brasileiro do Norte, do Sul, etc.; ou

por subgêneros: contos maravilhosos, fantásticos, de terror, de mistério, policiais, de amor, de ficção

científica, ou por outras classificações: o conto tradicional, o conto moderno, o conto contemporâneo, etc.

Os contos de fadas clássicos – ―Cinderela‖, ―Branca de Neve‖, ―Chapeuzinho Vermelho‖ – estão

entre as primeiras histórias que conhecemos na infância. Com sua magia e seus prodígios, lançaram sobre

nós um encantamento inesquecível, capaz de durar a vida inteira. Todos terminam com a frase ―e viveram

felizes para sempre‖ – na qual acreditamos piamente. Seu otimismo, a constante vitória dos bons sobre os

maus, o triunfo dos humildes sobre os orgulhosos nos infundem esperança. No entanto, os contos de fadas

são muito mais que as simples realização de nossas fantasias. Seus heróis e heroínas conquistam a felicidade

só depois de superar muitos obstáculos e enfrentar duras tribulações.

Ao cruzar a fronteira do ―Era um vez...‖, entramos num mundo em que como nos sonhos, a realidade

se transforma. De repente os animais falam, e como o Gato de Botas, ainda são muito mais espertos que os

seres humanos.

Paralelamente a esse mundo em que tudo parece estar de pernas para o ar, os contos de fadas reúnem

elementos vitais, eternos, mágicos, que tem o dom de transformar uma abóbora em carruagem ou de fazer

uma princesa dormir durante cem anos. No plano da imaginação basta pensar em algo para concretizá-lo.

O conto maravilhoso ou de fadas, caracteriza-se por iniciar-se pela expressão Era uma vez... e por

apresentar inicialmente uma falta ou algum malfeito praticado por alguém; quase sempre termina bem; pode

ou não ter interferência de seres encantados (fadas, bruxas, duendes); apresenta quase sempre algumas

situações típicas, como o herói ou a heroína distanciar-se do lar, adentrar uma floresta ou bosque, cair numa

armadilha, lutar contra um vilão, vencê-lo, etc.

Características:

Fatos que acontecem no passado.

Tempo impreciso.

Narrador observador.

Ações conforme as características que as personagens representam. (herói – bom / vilão –

mau)

Contém um ensinamento.

Organização do Texto (ver apostila de Sequências Didáticas I – pág.3)

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Pequetito

Era uma vez um casal que só depois de muito esperar e pedir aos deuses conseguiu ter um filho. O

menino nasceu com saúde e era bem bonito, mas nunca cresceu, e por isso recebeu o nome de Pequetito.

Quando chegou a hora de mandá-lo conhecer o mundo, seus pais lhe deram uma agulha para lhe

servir de espada, uma cuia de comer arroz para ser seu barco e um par de palitos para fazer as vezes de

remos.

Assim equipado, Pequetito partiu, navegando até a capital, Quioto, onde foi ter ao casarão de uma

família que se encantou com ele e o convidou para morar ali.

Um dia Pequetito viajou com a filha de seus anfitriões, uma linda jovem que gostava muito dele. No

caminho um ogro os atacou, dizendo que queria raptar a moça. ―Primeiro vai ter que lutar comigo!‖, o

corajoso rapaz exclamou, brandindo a agulha.

O ogro riu, agarrou-o e sem perda de tempo o engoliu.

Lá no estômago do ogro, Pequetito o espetou tanto com sua agulha que o malvado papão o cuspiu

fora. Assim que se viu livre, o moço lhe furou os olhos com a agulha. O ogro gritou de dor e correu,

deixando cair um pequeno objeto de metal. ―É um martelo mágico que realiza desejos‖, a jovem explicou.

―Então me dê uma martelada, para ver se me faz crescer‖, o rapaz falou. A filha de seus anfitriões lhe

martelou a cabeça com toda a força... e Pequetito se transformou num samurai alto e garboso, com quem ela

logo se casou. Livro: Volta ao mundo em 52 histórias. Narração de Neil Philip. Ilustração de Nilesh Mistry. 2ª edição. 2010

Atividades

1. Com relação ao gênero e a sua estruturação, responda:

a) Qual é o gênero textual?

b) Qual é o tipo discursivo?

c) Qual é o domínio discursivo desse gênero?

d) Qual é a sua finalidade/função sócio-comunicativa/para que serve/objetivo?

e) Quais são as principais características?

f) Qual é o público-alvo desse texto?

2. Qual é o tema e o assunto do texto?

3. O que Pequetito recebeu antes de viajar pelo mundo?

4. Por que motivo ele recebeu esses objetos?

5. Em que país e época se passa a história?

6. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque:

a) ―Um dia Pequetito viajou com a filha de seus anfitriões...‖ (l. 8) _________________________

b) ―... o corajoso rapaz exclamou, brandindo a agulha.‖ (l. 9,10) _________________________

c) ―...se transformou num samurai alto e garboso...‖ (l. 16) _________________________

7. Nos trechos abaixo coloque O para opinião e F para fato:

a) ( ) ―O menino nasceu com saúde...‖ (l.2)

b) ( ) ―...e era bem bonito‖ (l.2)

c) ( ) ―... um ogro os atacou...‖ (l.9)

d) ( ) ―... o moço lhe furou os olhos com a agulha.‖ (l.13)

e) ( ) ―... uma linda jovem que gostava...‖ (l.8)

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8. Que ideia expressam as palavras destacadas nas frases abaixo:

a) ―... depois de muito esperar e pedir aos deuses conseguiu ter um filho.‖ (l.1) __________ / __________

b) ―... nasceu com saúde e era bem bonito...‖ (l.2) _____________

c) ―... mas nunca cresceu, e por isso recebeu o nome de Pequetito.‖ (l.2) _____________ / _____________

d) ―Quando chegou a hora de mandá-lo conhecer o mundo...‖ (l.3) _____________

e) ―... um par de palitos para fazer as vezes de remos.‖ (l.4) _____________

f) ―...onde foi ter ao casarão...‖ (l.6) _____________

g) ―... o convidou para morar ali.‖ (l.7) _____________

h) ―Pequetito o espetou tanto com sua agulha...‖ (l.12) _____________

i) ―Então me dê uma martelada...‖ (l.15) _____________

j) ―... com quem ela logo se casou.‖ (l.16,17) _____________

9. Qual a consequência para Pequetito ao derrotar o ogro?

10. As palavras destacadas nas frases abaixo se referem a que/quem:

a) ―Quando chegou a hora de mandá-lo conhecer o mundo...‖ (l.3) _____________

b) ―... seus pais lhe deram uma agulha...‖ (l.3) _____________

c) ―... uma cuia de comer arroz para ser seu barco...‖ (l.4) _____________

d) ―... uma família que se encantou com ele...‖ (l.7) _____________ / _____________

e) ―... uma linda jovem que gostava muito dele.‖ (l.8) _____________ / _____________

f) ―No caminho um ogro os atacou...‖ (l.8,9) _____________

g) ―... dizendo que queria raptar a moça.‖ (l.9) _____________

h) ―... o corajoso rapaz exclamou...‖ (l.10) _____________

i) ―... Pequetito o espetou tanto com sua agulha que o malvado papão o cuspiu...‖ (l.12) _____________ /

____________ / ____________

11. Analise as situações abaixo:

a) Se a personagem da história fosse do gênero feminino, como ficaria esta frase: ―O menino nasceu com

saúde e era bem bonito...‖ por quê?

b) ―No caminho um ogro os atacou, dizendo que queria raptar a moça.‖ Essa frase apresenta ações narradas

no passado, como ficaria se fosse narrada no presente do indicativo?

12. Qual é o conflito gerador do enredo?

13. Das informações abaixo, relativas ao texto, qual é a principal?

a) ―O menino nasceu com saúde e era bem bonito...‖ (l.10)

b) ―No caminho um ogro os atacou...‖ (l.8,9)

c) ―Pequetito se transformou num samurai alto e garboso...‖ (l.16)

d) ―O ogro gritou de dor e correu...‖ (l.13)

14. Nas frases abaixo, explique o sentido da pontuação usada pelo autor:

a) ―Primeiro vai ter que lutar comigo!‖ – Aspas:__________________ Exclamação: _________________

b) ―A filha de seus anfitriões lhe martelou a cabeça com toda a força...‖ Reticências: __________________

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Produção Inicial

O conto que você acabou de estudar se parece com algum outro que você já tenha lido ou que alguém

já tenha contado a história para você?

Bom, agora é sua vez de usar a criatividade! Escolha um Conto Maravilhoso que você conheça bem a

história e faça como o autor. Reconte, de acordo com sua realidade, mas prevalecendo a essência e as

características do conto escolhido. Não se esqueça do título!

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

O príncipe adormecido

Era uma vez um rei que tinha uma filha que era toda a sua alegria e, quando precisou partir para a

guerra, ficou muito preocupado com a princesa. Percebendo sua aflição, ela lhe disse: ―Vá em paz, meu pai,

e volte em paz. Estarei aqui, esperando por você‖.

Depois que o rei partiu, a princesa passava os dias junto à janela, bordando um lenço para ele. Uma

tarde uma águia dourada se aproximou da janela e falou: ―Borde, Alteza! Há de se casar com um morto‖.

―O que quer dizer com isso?‖, ela perguntou, espantada.

―Monte em meu dorso e saberá‖, a águia respondeu, carregando-a para um lugar muito distante, onde

a deixou perto de um poço.

A princesa desceu no poço e lá no fundo encontrou um príncipe que jazia na cama, tendo a seu lado

uma placa: ―Se tiver piedade de mim, vele-me por três meses, três semanas e três dias. Quando eu espirrar,

diga: ―Deus o abençoe e lhe dê longa vida!‖. Então acordarei e me casarei com você‖.

A princesa sentou à cabeceira do jovem e velou-o por três meses e três semanas. Todos os dias, ao

despertar, encontrava uma bandeja de comida e água, mas nunca via ninguém.

Certa manhã escutou uma moça perguntando: ―Quem precisa de empregada?‖.

Mais que depressa, chamou-a: ―Ei, olhe para baixo!‖. Como a jovem parecia bondosa, contratou seus

serviços e lhe contou tudo sobre o príncipe adormecido.

As duas passaram o dia conversando, e à noite a moça falou: ―Agora vá dormir. Ficarei velando e, se

ele espirrar, eu a acordarei‖.

Assim que a princesa adormeceu, o rapaz espirrou, e a criada pronunciou as palavras decisivas:

―Deus o abençoe e lhe dê longa vida!‖.

O jovem acordou e abraçou, não cabendo em si de felicidade.

―Você me libertou de um encantamento e será minha esposa.‖ Pouco depois viu a princesa dormindo

no chão e perguntou: ―Quem é?‖.

―É minha empregada‖, a moça explicou.

―Deixe a coitadinha dormir em paz e, de manhã, mande-a cuidar dos gansos.‖

Quando a princesa despertou, a criada lhe disse: ―O príncipe acordou e falou que quer se casar

comigo e que de hoje em diante você tem que cuidar dos gansos‖.

Naquela tarde o rapaz reuniu as duas e perguntou a cada uma delas que presente gostaria de ganhar.

―Uma coroa de diamantes‖, a empregada declarou. ―A pedra do moinho da paciência, a corda do carrasco e

o facão do açougueiro‖, respondeu a princesa.

O príncipe lhes deu o que queriam e logo mais, à noite, passou perto do quarto da guardadora de

gansos e ouviu a pobrezinha contando seus infortúnios aos objetos que ganhara.

―O que devo fazer?‖, ela perguntou a cada um, no fim do relato.

―Tenha paciência‖, a pedra do moinho respondeu.

―Corte a garganta‖, o facão sugeriu.

―Enforque-se!‖, aconselhou a corda.

Nesse momento o príncipe entrou correndo no quarto. ―Não faça nada disso!‖, gritou. ―Você é minha

verdadeira noiva, e a outra moça não passa de uma mentirosa. É ela que deve morrer na forca!‖

―Não‖, a princesa falou. ―Ela quis me prejudicar, mas deixe-a ir embora. Apenas me leve para a casa

de meu pai e se case comigo‖.

Livro: Volta ao mundo em 52 histórias. Narração de Neil Philip. Ilustração de Nilesh Mistry. 2ª edição. 2010

Atividades

1. Qual é o tema e o assunto do texto?

2. Por que a princesa saiu da casa de seu pai?

3. O que a princesa fazia para passar os seus dias?

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4. A princesa cumpriu a promessa que fez ao seu pai quando ele foi para a guerra? Justifique.

5. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque:

a) ―Monte em meu dorso e saberá...‖ (l. 7) _________________________

b) ―... encontrou um príncipe que jazia na cama...‖ (l. 9) _________________________

c) ―... ouviu a pobrezinha contando seus infortúnios...‖ (l. 32) _________________________

6. Nos trechos abaixo coloque O para opinião e F para fato:

a) ( ) ―... a princesa passava os dias junto à janela...‖ (l.4)

b) ( ) ―... ficou muito preocupado com a princesa.‖ (l.2)

c) ( ) ―... velou-o por três meses e três semanas.‖ (l.12)

d) ( ) ―Como a jovem parecia bondosa...‖ (l.15)

e) ( ) ―Deixe a coitadinha dormir em paz...‖ (l.25)

7. Que ideia expressam as palavras destacadas nas frases abaixo:

a) ―... quando precisou partir para a guerra...‖ (l.1) __________

b) ―... uma águia dourada se aproximou da janela e falou:‖ (l.5) _____________

c) ―... onde a deixou perto de um poço.‖ (l.7,8) _____________

d) ―... lá no fundo encontrou um príncipe...‖ (l.9) _____________

e) ―... se tiver piedade de mim...‖ (l.10) _____________

f) ―... então acordarei e me casarei com você.‖ (l.11) _____________/ ______________

g) ―... mas nunca via ninguém.‖ (l.13) _____________

h) ―... como a jovem parecia bondosa...‖ (l.15) _____________

i) ―... pouco depois viu a princesa...‖ (l.22) _____________

j) ―... ficou muito preocupado com a princesa.‖ (l.2) _____________

k) ―Apenas me leve para casa...‖ (l.39) _____________

8. Qual foi a consequência para princesa por ter saído de perto do príncipe e dormido?

9. As palavras destacadas nas frases abaixo se referem a que/quem:

a) ―Estarei aqui esperando por você...‖ (l.3) _____________

b) ―... ela perguntou, espantada.‖ (l.6) _____________

c) ―... tendo a seu lado uma placa:‖ (l.9,10) _____________

d) ―Deus o abençoe e lhe dê longa vida!‖ (l.11) _____________

e) ―... mande-a cuidar dos gansos.‖ (l.25) _____________

f) ―O príncipe acordou e falou que quer se casar comigo...‖ (l.26,27) _____________

g) ―O príncipe lhes deu o que queriam...‖ (l.31) _____________

h) ―É ela que deve morrer na forca.‖ (l.38) _____________

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10. Analise as situações abaixo:

a) Se a personagem da história fosse do gênero masculino, como ficaria esta frase: ―A princesa desceu à

cabeceira do jovem e velou-o por três meses...‖ por quê?

b) Neste trecho a seguir, ―A princesa desceu no poço e lá no fundo encontrou um príncipe que jazia na

cama, tendo a seu lado uma placa:‖ (l.9,10), encontram-se ações ocorridas no passado, se mudássemos

para o presente do indicativo, sofreria alteração? Como ficaria a frase? Justifique.

11. Qual é o conflito gerador do enredo?

12. Das informações abaixo, relativas ao texto, qual é a principal?

a) ―... a princesa passava os dias junto à janela, bordando um lenço para ele‖. (l. 4)

b) ―... a princesa desceu no poço e lá no fundo encontrou um príncipe que jazia na cama...‖ (l. 9)

c) ―... o jovem acordou e abraçou, não cabendo em si de felicidade.‖ (l. 21)

d) ―... o príncipe lhes deu o que queriam...‖ (l. 31)

13. Nas frases abaixo, explique o sentido da pontuação usada pelo autor:

a) ―Agora vá dormir. Ficarei velando e, se ele espirrar, eu a acordarei‖ (l. 17, 18) Aspas _____________.

b) ―Não faça nada disso! (l. 37) Exclamação ________________.

c) ―O que devo fazer?‖ (l. 33) Interrogação _________________.

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A alma e o coração da baleia Era uma vez um corvo muito bobo e convencido que voou para bem longe e foi parar no mar.

Exausto de tanto bater as asas, procurou um lugar para descansar, mas não avistou nenhum pedaço de terra

no meio de toda aquela água. ―Vou morrer afogado‖, suspirou, já sem forças para continuar voando.

Nesse exato momento uma enorme baleia subiu à tona, e o corvo, sem pensar duas vezes, mergulhou

naquela bocarra aberta.

Foi parar na barriga da baleia, onde, para seu espanto, deparou-se com uma casa muito limpa e

confortável, bem iluminada e quentinha.

Uma jovem estava sentada na cama, segurando uma lanterna. ―Fique à vontade‖, disse ela

amavelmente. ―Mas, por favor, nunca toque em minha lanterna.‖ O corvo, feliz da vida, prometeu que

jamais faria tal coisa.

A moça parecia inquieta. A todo instante se levantava, ia até a porta e voltava a sentar na cama.

―Algum problema?‖, o corvo perguntou. ―Não...‖, ela respondeu. ―É só a vida... A vida e o ar que se

respira.‖

O corvo estava morrendo de curiosidade. Assim, quando a jovem foi até a porta, resolveu tocar na

lanterna para ver o que acontecia. E aconteceu que a moça caiu estatelada na sua frente e a luz se apagou.

O mal estava feito. A casa ficou fria e escura, o cheiro de gordura e sangue deixou o corvo enjoado.

Inutilmente ele procurou a porta para sair dali e, cada vez mais nervoso, começou a se coçar de tal modo que

arrancou todas as penas. ―Agora é que vou morrer congelado‖, choramingou, tremendo até os ossos.

A moça era a alma da baleia, que a impelia para a porta toda vez que enchia os pulmões de ar. Seu

coração era a lanterna acesa.

Quando o corvo a tocou, a chama se extinguiu. Agora a baleia estava morta e guardava em seu

interior o pássaro intrometido.

Depois de muito chorar e pensar, o corvo finalmente conseguiu sair das escuras entranhas e sentou

no dorso daquele imenso defunto.

Ensebado, sujo, depenado, era uma tristíssima figura.

A baleia morta ficou flutuando no mar até que desabou uma tempestade e as ondas a empurraram

para a praia. Quando a chuva parou, alguns pescadores saíram para trabalhar e viram a baleia. O corvo

também os viu e se transformou num homenzinho feio e estropiado.

Então, em vez de confessar que se intrometera onde não fora chamado e destruíra algo de belo que

não conseguira compreender, pôs-se a gritar: ―Eu matei a baleia! Matei a baleia!‖. E assim se tornou um

grande homem entre seus pares.

Livro: Volta ao mundo em 52 histórias. Narração de Neil Philip. Ilustração de Nilesh Mistry. 2ª edição. 2010

Atividades

1. Qual é o tema e o assunto do texto?

2. Por que o corvo estava exausto?

3. Onde e como o corvo encontrou abrigo?

4. O corvo cumpriu a promessa que fez à moça de jamais tocar em sua lanterna? Justifique.

5. O que aconteceu com o corvo depois que ele tocou na lanterna?

6. Qual a relação que existe entre a moça e a baleia?

7. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque:

a) ―... mergulhou naquela bocarra aberta.‖ (l.5) ______________.

Page 10: Sequência Didática II

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b) ―... caiu estatelada na sua frente...‖ (l.15) ______________.

c) ―... ensebado, sujo, depenado...‖ (l.25) ______________.

d) ―... transformou num homenzinho feio e estropiado.‖ (l.28) ______________.

8. Nos trechos abaixo coloque O para opinião e F para fato:

a) ( ) ―...um corvo muito bobo e convencido que voou para bem longe...‖ (l.1)

b) ( ) ―foi parar na barriga da baleia...‖ (l.6)

c) ( ) ―uma jovem estava sentada na cama...‖ (l.8)

d) ( ) ―...transformou num homenzinho feio...‖ (l.28)

e) ( ) ―...sentou no dorso daquele imenso defunto...‖ (l.23,24)

f) ( ) ―...alguns pescadores saíram para trabalhar...‖ (l.27)

g) ( ) ―... uma casa muito limpa e confortável...‖ (l.6,7)

9. Que ideia expressam as palavras destacadas nas frases abaixo:

a) ―... mas não avistou nenhum pedaço de terra...‖ (l.2) __________.

b) ―foi parar na barriga da baleia, onde, para seu espanto, deparou-se...‖ (l.6) __________.

c) ―...bem iluminada e quentinha...‖ (l.7) __________ / _____________.

d) ―...disse a ela amavelmente...‖ (l.8,9) __________.

e) ―...quando a jovem foi até a porta...‖ (l.14) __________.

f) ―...ele procurou a porta para sair dali e, cada vez mais nervoso...‖ (l.17) __________ / ___________.

g) ―...então, em vez de confessar que se intrometera...‖ (l.29) __________.

10. Qual foi a consequência para o corvo depois de ter tocado na lanterna?

11. As palavras destacadas nas frases abaixo se referem a que/quem:

a) ―... deparou-se com uma casa...‖ (l.6) ___________.

b) ―... disse ela amavelmente...‖ (l.8,9) ___________.

c) ―... prometeu que jamais faria tal coisa...‖ (l.9,10) ___________.

d) ―a todo instante se levantava...‖ (l.11) ___________.

e) ―... ele procurou a porta para sair...‖ (l.17) ___________.

f) ―quando o corvo a tocou...‖ (l.21) ___________.

g) ―... as ondas a empurraram para a praia.‖ (l.26,27) ___________.

h) ―o corvo também os viu e se transformou...‖ (l.27,28) ___________.

12. Analise a frase abaixo:

a) Se a personagem da história fosse do gênero feminino, como ficaria esta frase: ―Ensebado, sujo,

depenado, era uma tristíssima figura...‖ (l.25) por quê?

13. Qual é o conflito gerador do enredo?

Page 11: Sequência Didática II

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

14. Das informações abaixo, relativas ao texto, qual é a principal?

a) ―... um corvo muito bobo e convencido que voou para bem longe‖. (l.1)

b) ―... uma enorme baleia que subiu à tona...‖ (l. 4)

c) ―...uma jovem sentada na cama, segurando uma lanterna...‖ (l. 8)

d) ―...a casa ficou fria e escura...‖ (l. 16)

15. Nas frases abaixo, explique o sentido da pontuação usada pelo autor:

a) ―Vou morrer afogado.‖ (l.3) ____________.

b) ―Não...‖ (l.12) ____________.

c) ―É só a vida...‖ (l.12) ____________.

d) ―Eu matei a baleia! (l.30) ____________.

16. No trecho ―... seu coração era a lanterna‖. (l.19,20) encontra-se:

a) Uma personificação

b) Uma metáfora

c) Uma ironia

d) A suavização de uma idéia

17. Que sentido o autor quis ressaltar com o uso do diminutivo na frase ―...bem iluminada e quentinha‖

(l. 7) e na frase ―...se transformou em um homenzinho feio...‖ (l. 28).

Page 12: Sequência Didática II

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Produção Final

No último conto, A alma e o coração da baleia, o autor utiliza a metáfora para ligar partes da baleia a

objetos inanimados. O uso dessa figura da linguagem dá ao texto muita expressividade e beleza.

Elabore um conto onde um animal, assim como no texto anterior, também possua características ligadas

às partes do seu corpo e a objetos inanimados. Utilize toda a sua criatividade! Você é capaz.

Não se esqueça do título!

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Conto de Terror

O conto de terror é um subgênero e caracteriza-se por apresentar uma ação que se desenvolve em

lugares distantes, o que confere à narrativa um ―tom estrangeiro‖; os ambientes retratados são sombrios,

noturnos, macabros, mórbidos, povoados por indivíduos melancólicos, pessimistas, sem perspectivas,

decadentes. As personagens entregam-se a todo tipo de vícios e apresentam, geralmente, narrador-

protagonista.

A narrativa se estrutura de forma a criar expectativa e suspense; os temas abordados são fantásticos,

privilegiando os satânicos: violência, assassinatos, incestos, vinganças, doenças, necrofilia.

O terror, por sua vez, traz o sentimento muito intenso de medo, em que o indivíduo já não consegue

pensar de forma racional.

Um conto de terror é uma narrativa ficcional que visa provocar sentimentos aterrorizantes no leitor.

Geralmente está vinculado às temáticas, como morte, espíritos malignos e bestas sobrenaturais.Pode ter um

fim moralizante, isto é, assustar o leitor para que este evite adotar certas condutas ou determinado atos.

Os contos de terror a seguir são do autor Edgar Allan Poe, escritor, poeta, editor e crítico literário.

Conhecido por suas histórias que envolvem o mistério e o macabro, Poe foi um dos primeiros escritores

americanos de contos e é considerado o inventor do gênero ficção policial, também recebendo crédito por

contribuição ao emergente gênero de ficção científica. Ele foi o primeiro escritor americano conhecido a

tentar ganhar a vida através da escrita por si só, resultando em uma vida e carreira financeiramente difícil.

Ele nasceu em Boston, Massachusetts.

Organização do Texto (ver apostila de Sequências Didáticas I – pág.3)

Que tal fazermos

uma pesquisa para

conhecermos

melhor esse autor?

Page 14: Sequência Didática II

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Silêncio

Escuta – disse o demônio, pousando a mão sobre a minha cabeça. – O país de que te falo é um país

lúgubre, na Líbia, às margens do rio Zaire. E ali não há repouso nem silêncio. As águas do rio, amarelas e

insalubres, não correm para o mar, mas palpitam sempre sob o olhar ardente do Sol, com um movimento

convulsivo. De cada lado do rio, sobre as margens lodosas, estende-se ao longe um deserto sombrio de

gigantescos nenúfares, que suspiram na solidão, erguendo para o céu os longos pescoços espectrais e

meneando tristemente as cabeças sempiternas. E do meio deles sai um sussurro confuso, semelhante ao

murmúrio de uma torrente subterrânea. E os nenúfares, voltados uns para os outros, suspiram na solidão. [...]

Era noite e a chuva caía enquanto caía, era água, mas quando chegava ao chão era sangue! E eu

estava na planície lodosa, por entre os nenúfares, vendo a chuva que caía sobre mim. E os nenúfares

voltados uns para os outros suspiram na solenidade da sua desolação.

De repente apareceu a lua através do nevoeiro fúnebre vinha toda carmesim! E o meu olhar caiu

sobre um rochedo enorme, sombrio, que se erguia a borda do Zaire, refletindo a claridade da lua; era um

rochedo sombrio sinistro de uma altura descomunal!

Sobre o seu cume estavam gravadas algumas letras. Caminhei através dos pântanos de nenúfares, até

a margem para ler as letras gravadas na pedra; mas não pude decifrá-las. Ia voltar quando a lua brilhou mais

viva e mais vermelha; olhando outra vez para o rochedo distingui só caracteres. E esses caracteres diziam:

desolação.

Levantei os olhos; na crista do rochedo estava um homem de figura majestosa. Pendia-lhe dos

ombros a antiga toga romana, cobrindo-se até aos pés. Os contornos da sua pessoa não se distinguiam, mas

as feições eram as da divindade porque brilhavam através da escuridão da noite a do nevoeiro. Tinha a fronte

alta e pensativa, os olhos profundos e melancólicos. Nas rugas do semblante, liam-se as legendas da

desgraça e da fadiga o aborrecimento da humanidade e o amor da solidão. Escondi-me no meio dos

nenúfares para ver o que aquele homem fazia ali.

E o homem assentou-se no rochedo, deixou pender a cabeça sobre a mão e espraiou a vista pela

soledade, contemplou os arbustos buliçosos e as grandes árvores primitivas; depois, ergueu os olhos para o

céu e para a lua carmesim. Eu observava as ações do homem escondido no meio dos nenúfares e o homem

tremia na solidão. Todavia a noite avançava e ele continuava assentado sobre o rochedo. [...]

Então invoquei os elementos e uma tempestade horrorosa sobreveio. E o céu tornou-se lívido pela

violência da tempestade e a chuva caía em torrente sobre a cabeça do homem e as ondas do rio

transbordavam e o rio espumava enfurecido e os nenúfares suspiravam com mais força, e a floresta debatia-

se com o vento, e o trovão ribombava e os raios flamejavam, e o rochedo estremecia.

Irritei-me e amaldiçoei a tempestade, o rio e os nenúfares, o vento e a floresta, o céu e o trovão. E na

minha maldição os elementos emudeceram e a lua parou na sua carreira, e o trovão expirou e o raio deixou

de faiscar, e as nuvens ficaram imóveis e as águas tornaram a repousar no seu imenso leito, e as árvores

cessaram de se agitar, e os nenúfares não suspiraram mais e na floresta não se tornou a ouvir o mínimo

murmúrio, nem a sombra de um som no vasto deserto sem limites. Olhei para os caracteres escritos no

rochedo e os caracteres diziam agora: Silêncio.

Volvi outra vez os olhos para o homem, e o seu rosto estava pálido de terror. De repente, levantou a

cabeça, ergueu-se sobre o rochedo e pôs o ouvido à escuta. Mas não se ouviu nem uma voz no deserto

ilimitado. E os caracteres gravados no rochedo diziam sempre: Silêncio. E o homem estremeceu e fugiu e

para tão longe fugiu que jamais o tornei a ver. [...]

Mas jamais se ouviu uma história tão espantosa como esta! Foi o demônio que me contou, assentado

ao um lado, na solidão do túmulo. Quando acabou de falar, desatou a rir e como não pudesse rir com ele,

amaldiçoou-me. Então o lince, que vive eternamente no túmulo, saiu do seu esconderijo e veio deitar-se aos

pés do demônio, olhando-o fixamente nas pupilas.

Edgar Allan Poe

Page 15: Sequência Didática II

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Atividades

1. Com relação ao gênero e a sua estruturação, responda:

a) Qual é o gênero textual?

b) Qual é o tipo discursivo?

c) Qual é o domínio discursivo desse gênero?

d) Qual é a sua finalidade/função sócio-comunicativa/para que serve/objetivo?

e) Quais são as principais características?

f) Qual é o público-alvo desse texto?

2. Qual é o tema e o assunto do texto?

3. Onde e quando acontece a história e como o autor descreve o cenário?

4. A que ou quem se pode atribuir a imagem ou figura representada pelo personagem do homem?

5. O que provavelmente levou o demônio a se enfurecer?

6. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque:

a) ―...deserto sombrio de gigantescos nenúfares...‖ (l. 4,5) ______________.

b) ―...erguendo para o céu os longos pescoços espectrais...‖ (l. 5) ______________.

c) ―...meneando tristemente as cabeças sempiternas.‖ (l. 6) ______________ / _____________.

d) ―...vinha toda carmesim...‖ (l. 11) ______________.

e) ―...a antiga toga romana, cobrindo-se até aos pés...‖ (l. 19) ______________.

f) ―...espraiou a vista pela soledade...‖ (l. 24,25) ______________ / _____________.

g) ―...E o céu tornou-se lívido...‖ (l. 28) ______________.

h) ―...deixou pender a cabeça sobre a mão...‖ (l. 24) ______________.

7. Nos trechos abaixo coloque O para opinião e F para fato:

a) ( ) ―...ali não há repouso nem silêncio.‖ (l. 2)

b) ( ) ―Sobre o seu cume estavam gravadas algumas letras...‖ (l. 14)

c) ( ) ―Caminhei através dos pântanos de nenúfares...‖ (l. 14)

d) ( ) ―Tinha a fronte alta e pensativa, os olhos profundos...‖ (l. 20)

e) ( ) ―Escondi-me no meio dos nenúfares...‖ (l. 21,22)

f) ( ) ―...contemplou os arbustos buliçosos e as grandes árvores...‖ (l. 25)

g) ( ) ―...invoquei os elementos e uma tempestade...‖ (l. 28)

h) ( ) ―...ele continuava assentado sobre o rochedo...‖ (l. 27)

8. Que ideia expressam as palavras destacadas nas frases abaixo:

a) ―...ali não há repouso nem silêncio.‖ (l. 2) _______________.

b) ―...mas palpitavam sempre...‖ (l. 3) _______________.

c) ―...e chuva caía enquanto caía...‖ (l. 8) _______________ / _______________.

d) ―...para ler as letras gravadas na pedra...‖ (l. 15) _______________.

Page 16: Sequência Didática II

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e) ―...a lua brilhou mais viva e mais vermelha...‖ (l. 15,16) _______________.

f) ―...porque brilhavam através da escuridão da noite...‖ (l. 20) _______________.

g) ―Todavia a noite avançava...‖ (l. 27) _______________.

h) ―Então invoquei os elementos...‖ (l. 28) _______________.

i) ―...nem a sombra de um som no vasto deserto sem limites.‖ (l. 36) _______________.

j) ―Quando acabou de falar, desatou a rir...‖ (l. 43) _______________.

9. Qual a consequência da invocação dos elementos feita pelo demônio?

10. As palavras destacadas nas frases abaixo se referem a que/quem:

a) ―E do meio deles sai um sussurro confuso...‖ (l. 6) _______________.

b) ―...que se erguia a borda do Zaire...‖ (l. 12) _______________.

c) ―Sobre o seu cume estavam gravadas...‖ (l. 14) _______________.

d) ―...mas não pude decifrá-las.‖ (l. 14) _______________.

e) ―Pendia-lhe dos ombros...‖ (l. 18,19) _______________.

f) ―...eram as da divindade...‖ (l. 20) _______________.

g) ―...espantosa como esta...‖ (l. 42) _______________.

h) ―...como não pudesse rir com ele...‖ (l. 43) _______________.

i) ―...saiu de seu esconderijo...‖ (l. 44) _______________.

j) ―...olhando-o fixamente...‖ (l. 45) _______________.

k) ―...ele continuava assentado sobre o rochedo...‖ (l. 27) _____________.

11. Qual é o conflito gerador do enredo?

12. Das informações abaixo, relativas ao texto, qual é a principal?

a) ―As águas do rio... palpitam sempre sob o olhar ardente do Sol...‖ (l. 2,3)

b) ―Era noite e a chuva caía...‖ (l. 8)

c) ―E o homem assentou-se no rochedo...‖ (l. 24)

d) ―Então invoquei os elementos e uma tempestade horrorosa sobreveio...‖ (l. 28)

13. Nas frases abaixo, explique o sentido da pontuação usada pelo autor:

a) ―... – disse o demônio, pousando a mão sobre a minha cabeça. –...‖ Travessão: ______________.

b) ―... mas quando chegava ao chão era sangue!‖ Exclamação: ______________.

c) ―... suspiram na solidão. [...]‖ Colchetes com reticências: ______________.

d) ―E esses caracteres diziam:‖ Dois pontos: ______________.

14. Explique o uso da letra maiúscula da palavra em destaque, ―a borda do Zaire...‖:

Page 17: Sequência Didática II

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Produção Inicial

Apresentamos a seguir o início de dois contos de escritores brasileiros. Leia-os e escolha um deles para

dar continuidade à narrativa. Não se esqueça de que se trata de um Conto de Terror, sendo assim, é preciso

despertar sentimentos aterrorizantes no leitor. Mãos a obra! Os fragmentos não contém título, use sua

criatividade para escrever um título bem original!

1.

2.

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Eles estão do lado de fora, sabem que estou aqui, já verifiquei todas as entradas dúzias de vezes, eles não podem

entrar com as barreiras que eu coloquei, os observo pela janela sem que eles percebam, um deles percebe meu vulto pela

janela, mas não demonstra nenhuma reação, eles sabem que não tem para onde eu ir, sabem que estou preso na minha

própria armadilha, é uma questão de tempo para eles vencerem e tempo é o que eles mais têm.

Corro pela casa, deve haver alguma saída! Nos filmes sempre há um saída...

http://mscontos.blogspot.com.br/2010/10/casa-amarela.html

Ouvi primeiro o ruído de cascos pisando a grama, mas continuei deitado de bruços na esteira que havia estendido ao lado da barraca. Senti nitidamente o cheiro acre, muito próximo. Virei-me devagar, abri os olhos. O cavalo erguia-se

interminável à minha frente. Em cima dele havia uma espingarda apontada para mim e atrás da espingarda um velhinho de

chapéu de palha, que disse logo o seguinte: [...]

(Wander Pirolli. ―Crítica da razão pura‖. In: Ítalo Moriconi, org. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.)

Page 18: Sequência Didática II

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O coração delator

É verdade! Nervoso, muito, muito nervoso mesmo eu estive e estou; mas por que você vai dizer que

estou louco? A doença exacerbou meus sentidos, não os destruiu, não os embotou. Mais que os outros estava

aguçado o sentido da audição. Ouvi todas as coisas no céu e na terra. Ouvi muitas coisas no inferno. Como

então posso estar louco? Preste atenção! E observe com que sanidade, com que calma, posso lhe contar toda

a história.

É impossível saber como a ideia penetrou pela primeira vez no meu cérebro, mas, uma vez

concebida, ela me atormentou dia e noite. Objetivo não havia. Paixão não havia. Eu gostava do velho. Ele

nunca me fez mal. Ele nunca me insultou. Seu ouro eu não desejava. Acho que era seu olho! É, era isso! Um

de seus olhos parecia o de um abutre - um olho azul claro coberto por um véu. Sempre que caía sobre mim o

meu sangue gelava, e então pouco a pouco, bem devagar, tomei a decisão de tirar a vida do velho, e com

isso me livrar do olho, para sempre.

Agora esse é o ponto. O senhor acha que sou louco. Homens loucos de nada sabem. Mas deveria ter-

me visto. Deveria ter visto com que sensatez eu agi — com que precaução —, com que prudência, com que

dissimulação, pus mãos à obra! Nunca fui tão gentil com o velho como durante toda a semana antes de matá-

lo. E todas as noites, por volta de meia-noite, eu girava o trinco da sua porta e a abria, ah, com tanta

delicadeza! E então, quando tinha conseguido uma abertura suficiente para minha cabeça, punha lá dentro

uma lanterna furta-fogo bem fechada, fechada para que nenhuma luz brilhasse, e então eu passava a cabeça.

Ah! O senhor teria rido se visse com que habilidade eu a passava. Eu a movia devagar, muito, muito

devagar, para não perturbar o sono do velho. Levava uma hora para passar a cabeça toda pela abertura, o

mais à frente possível, para que pudesse vê-lo deitado em sua cama. Aha! Teria um louco sido assim tão

esperto? E então, quando minha cabeça estava bem dentro do quarto, eu abria a lanterna com cuidado —

ah!, com tanto cuidado! —, com cuidado (porque a dobradiça rangia), eu a abria só o suficiente para que um

raiozinho fino de luz caísse sobre o olho do abutre. E fiz isso por sete longas noites, todas as noites à meia-

noite em ponto, mas eu sempre encontrava o olho fechado, e então era impossível fazer o trabalho, porque

não era o velho que me exasperava, e sim seu Olho Maligno. E todas as manhãs, quando o dia raiava, eu

entrava corajosamente no quarto e falava Com ele cheio de coragem, chamando-o pelo nome em tom cordial

e perguntando como tinha passado a noite. Então, o senhor vê que ele teria que ter sido, na verdade, um

velho muito astuto, para suspeitar que todas as noites, à meia-noite em ponto, eu o observava enquanto

dormia.

Na oitava noite, eu tomei um cuidado ainda maior ao abrir a porta. O ponteiro de minutos de um

relógio se move mais depressa do que então a minha mão. Nunca antes daquela noite eu sentira a extensão

de meus próprios poderes, de minha sagacidade. Eu mal conseguia conter meu sentimento de triunfo. Pensar

que lá estava eu, abrindo pouco a pouco a porta, e ele sequer suspeitava de meus atos ou pensamentos

secretos. Cheguei a rir com essa ideia, e ele talvez tenha ouvido, porque de repente se mexeu na cama como

num sobressalto. Agora o senhor pode pensar que eu recuei — mas não. Seu quarto estava preto como breu

com aquela escuridão espessa (porque as venezianas estavam bem fechadas, de medo de ladrões) e então eu

soube que ele não poderia ver a porta sendo aberta e continuei a empurrá-la mais, e mais.

Minha cabeça estava dentro e eu quase abrindo a lanterna quando meu polegar deslizou sobre a lingueta de

metal e o velho deu um pulo na cama, gritando:

— Quem está aí?

Fiquei imóvel e em silêncio. Por uma hora inteira não movi um músculo, e durante esse tempo não o

ouvi se deitar. Ele continuava sentado na cama, ouvindo bem como eu havia feito noite após noite prestando

atenção aos relógios fúnebres na parede.

Nesse instante, ouvi um leve gemido, e eu soube que era o gemido do terror mortal. Não era um

gemido de dor ou de tristeza — ah, não! era o som fraco e abafado que sobe do fundo da alma quando

sobrecarregada de terror. Eu conhecia bem aquele som. Muitas noites, à meia-noite em ponto, ele brotara de

meu próprio peito, aprofundando, com seu eco pavoroso, os terrores que me perturbavam. Digo que os

conhecia bem. Eu sabia o que sentia o velho e me apiedava dele embora risse por dentro. Eu sabia que ele

estivera desperto, desde o primeiro barulhinho, quando se virara na cama. Seus medos foram desde então

crescendo dentro dele. Ele estivera tentando fazer de conta que eram infundados, mas não conseguira.

Dissera consigo mesmo: "Isto não passa do vento na chaminé; é apenas um camundongo andando pelo

chão", ou "É só um grilo cricrilando um pouco". É, ele estivera tentando confortar-se com tais suposições;

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mas descobrira ser tudo em vão. Tudo em vão, porque a Morte ao se aproximar o atacara de frente com sua

sombra negra e com ela envolvera a vítima. E a fúnebre influência da despercebida sombra fizera com que

sentisse, ainda que não visse ou ouvisse, sentisse a presença da minha cabeça dentro do quarto.

Quando já havia esperado por muito tempo e com muita paciência sem ouvi-lo se deitar, decidi abrir

uma fenda — uma fenda muito, muito pequena na lanterna. Então eu a abri — o senhor não pode imaginar

com que gestos furtivos, tão furtivos — até que afinal um único raio pálido como o fio da aranha brotou da

fenda e caiu sobre o olho do abutre.

Ele estava aberto, muito, muito aberto, e fui ficando furioso enquanto o fitava. Eu o vi com perfeita

clareza - todo de um azul fosco e coberto por um véu medonho que enregelou até a medula dos meus ossos,

mas era tudo o que eu podia ver do rosto ou do corpo do velho, pois dirigira o raio, como por instinto,

exatamente para o ponto maldito.

E agora, eu não lhe disse que aquilo que o senhor tomou por loucura não passava de hiperagudeza

dos sentidos? Agora, repito, chegou a meus ouvidos um ruído baixo, surdo e rápido, algo como faz um

relógio quando envolto em algodão. Eu também conhecia bem aquele som. Eram as batidas do coração do

velho. Aquilo aumentou a minha fúria, como o bater do tambor instiga a coragem do soldado.

Mas mesmo então eu me contive e continuei imóvel. Quase não respirava. Segurava imóvel a

lanterna. Tentei ao máximo possível manter o raio sobre o olho. Enquanto isso, aumentava o diabólico

tamborilar do coração. Ficava a cada instante mais e mais rápido, mais e mais alto. O terror do velho deve

ter sido extremo. Ficava mais alto, estou dizendo, mais alto a cada instante! — está me entendendo? Eu lhe

disse que estou nervoso: estou mesmo. E agora, altas horas da noite, em meio ao silêncio pavoroso dessa

casa velha, um ruído tão estranho quanto esse me levou ao terror incontrolável. Ainda assim por mais alguns

minutos me contive e continuei imóvel. Mas as batidas ficaram mais altas, mais altas! Achei que o coração

iria explodir. E agora uma nova ansiedade tomava conta de mim — o som seria ouvido por um vizinho!

Chegara a hora do velho! Com um berro, abri por completo a lanterna e saltei para dentro do quarto. Ele deu

um grito agudo — um só. Num instante, arrastei-o para o chão e derrubei sobre ele a cama pesada. Então

sorri contente, ao ver meu ato tão adiantado. Mas por muitos minutos o coração bateu com um som

amortecido. Aquilo, entretanto, não me exasperou; não seria ouvido através da parede. Por fim, cessou. O

velho estava morto. Afastei a cama e examinei o cadáver. É, estava morto, bem morto. Pus a mão sobre seu

coração e a mantive ali por muitos minutos. Não havia pulsação. Ele estava bem morto. Seu olho não me

perturbaria mais.

Se ainda me acha louco, não mais pensará assim quando eu descrever as sensatas precauções que

tomei para ocultar o corpo. A noite avançava, e trabalhei depressa, mas em silêncio. Antes de tudo

desmembrei o cadáver. Separei a cabeça, os braços e as pernas.

Arranquei três tábuas do assoalho do quarto e depositei tudo entre as vigas. Recoloquei então as

pranchas com tanta habilidade e astúcia que nenhum olho humano — nem mesmo o dele — poderia detectar

algo de errado. Nada havia a ser lavado — nenhuma mancha de qualquer tipo — nenhuma marca de sangue.

Eu fora muito cauteloso. Uma tina absorvera tudo - ha! ha!

Quando terminei todo aquele trabalho, eram quatro horas — ainda tão escuro quanto à meia-noite.

Quando o sino deu as horas, houve uma batida à porta da rua. Desci para abrir com o coração leve — pois o

que tinha agora a temer? Entraram três homens, que se apresentaram, com perfeita suavidade, como oficiais

de polícia. Um grito fora ouvido por um vizinho durante a noite; suspeitas de traição haviam sido

levantadas; uma queixa fora apresentada à delegacia e eles (os policiais) haviam sido encarregados de

examinar o local.

Sorri — pois o que tinha a temer? Dei as boas-vindas aos senhores. O grito, disse, fora meu, num

sonho. O velho, mencionei, estava fora, no campo. Acompanhei minhas visitas por toda a casa. Incentivei-os

a procurar — procurar bem. Levei-os, por fim, ao quarto dele. Mostrei-lhes seus tesouros, seguro,

imperturbável. No entusiasmo de minha confiança, levei cadeiras para o quarto e convidei-os para ali

descansarem de seus afazeres, enquanto eu mesmo, na louca audácia de um triunfo perfeito, instalei minha

própria cadeira exatamente no ponto sob o qual repousava o cadáver da vítima.

Os oficiais estavam satisfeitos. Meus modos os haviam convencido. Eu estava bastante à vontade.

Sentaram-se e, enquanto eu respondia animado, falaram de coisas familiares. Mas, pouco depois, senti que

empalidecia e desejei que se fossem. Minha cabeça doía e me parecia sentir um zumbido nos ouvidos; mas

eles continuavam sentados e continuavam a falar. O zumbido ficou mais claro — continuava e ficava mais

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claro: falei com mais vivacidade para me livrar da sensação: mas ela continuou e se instalou — até que,

afinal, descobri que o barulho não estava dentro de meus ouvidos.

Sem dúvida agora fiquei muito pálido; mas falei com mais fluência, e em voz mais alta. Mas o som

crescia - e o que eu podia fazer? Era um som baixo, surdo, rápido — muito parecido com o som que faz um

relógio quando envolto em algodão. Arfei em busca de ar, e os policiais ainda não o ouviam. Falei mais

depressa, com mais intensidade, mas o barulho continuava a crescer. Levantei-me e discuti sobre ninharias,

num tom alto e gesticulando com ênfase; mas o barulho continuava a crescer. Por que eles não podiam ir

embora? Andei de um lado para outro a passos largos e pesados, como se me enfurecessem as observações

dos homens, mas o barulho continuava a crescer. Ai meu Deus! O que eu poderia fazer? Espumei —

vociferei — xinguei! Sacudi a cadeira na qual estivera sentado e arrastei-a pelas tábuas, mas o barulho

abafava tudo e continuava a crescer. Ficou mais alto — mais alto — mais alto! E os homens ainda

conversavam animadamente, e sorriam. Seria possível que não ouvissem? Deus Todo-Poderoso! — não,

não? Eles ouviam! — eles suspeitavam! — eles sabiam! - Eles estavam zombando do meu horror! — Assim

pensei e assim penso. Mas qualquer coisa seria melhor do que essa agonia! Qualquer coisa seria mais

tolerável do que esse escárnio. Eu não poderia suportar por mais tempo aqueles sorrisos hipócritas! Senti

que precisava gritar ou morrer! — e agora — de novo — ouça! mais alto! mais alto! mais alto! mais alto!

— Miseráveis! — berrei — Não disfarcem mais! Admito o que fiz! Levantem as pranchas! — aqui,

aqui! — são as batidas do horrendo coração!

Edgar Allan Poe

Atividades

1. Qual é o tema e o assunto do texto?

2. Onde e quando acontece o crime?

3. No princípio, como autor se sente e descreve seus atos?

4. Quais argumentos o autor utiliza para provar a sua sanidade mental?

5. Há pertinência entre o título e as ações ocorridas na história? Justifique.

6. Com base na frase ―... a doença exacerbou meus sentidos...‖ (l. 2) e na temática do conto narrado,

qual doença possivelmente o autor se refere?

7. Qual a consequência para o homem do crime que ele cometeu?

8. Quem são as personagens? Cite uma característica que você atribuiria a cada uma delas.

9. Qual o conflito gerador da história?

10. Por que o homem demorou sete dias para finalmente matar o velho?

11. O que motivou o homem a cometer o crime?

12. O narrador acredita ter cometido um crime ―perfeito‖ e nos chama a atenção para os detalhes de

forma a nos induzir a acreditar nos fatos narrados. Você concorda com o pensamento do autor a

respeito do crime? Justifique.

13. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque: (H. 4.1)

a) ―...não os destruiu, não os embotou‖. (l. 2) ___________________.

b) ―...extensão de meus próprios poderes, de minha sagacidade‖. (l. 31,32) _________________.

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c) ―...deslizou sobre a lingueta de metal...‖ (l. 38,39) _________________.

d) ―...Ele estivera tentando fazer de conta que eram infundados...‖ (l. 50) ___________________.

e) ―...o senhor não pode imaginar com que gestos furtivos...‖ (l. 57,58) _________________.

f) ―...um véu medonho que enregelou até a medula...‖ (l. 61) ___________________.

g) ―...como faz um relógio quando envolto em algodão...‖ (l. 65,66) ___________________.

h) ―...uma tina absorvera tudo...‖ (l. 89) ___________________.

i) ―...arfei em busca de ar...‖ (l. 110) ___________________.

j) ―...levantei-me e discuti sobre ninharias...‖ (l. 111) ___________________.

k) ―...espumei – vociferei – xinguei...‖ (l. 114,115) ___________________.

l) ―...seria mais tolerável do que esse escárnio...‖ (l. 119,120) ___________________.

14. Nos trechos abaixo coloque O para opinião e F para fato: (H. 9.2)

a) ( ) ―...ouvi todas as coisas no céu e na terra.‖ (l. 3)

b) ( ) ―...levava uma hora para passar a cabeça toda pela abertura.‖ (l. 19)

c) ( ) ―...seus olhos parecia o de um abutre - um olho azul claro.‖ (l. 9)

d) ( ) ―...eu soube que era o gemido do terror mortal. Não era um gemido de dor ou de tristeza.‖ (l. 44,45)

e) ( ) ―...um ruído tão estranho quanto esse me levou ao terror incontrolável.‖ (l. 73)

f) ( ) ―...afastei a cama e examinei o cadáver.‖ (l. 80)

15. Que ideia expressam as palavras destacadas nas frases abaixo: (H. 8.4)

a) ―...nervoso, muito, muito nervoso mesmo...‖ (l. 1) _____________.

b) ―...e com isso me livrar do olho...‖ (l. 10,11) _____________.

c) ―...mas deveria ter-me visto...‖ (l. 12,13) _____________.

d) ―...quando tinha conseguido uma abertura suficiente para minha cabeça...‖ (l. 16) _____________.

e) ―...punha lá dentro uma lanterna...‖ (l. 16,17) _____________.

f) ―...então sorri contente, ao ver meu ato tão adiantado...‖ (l. 77,78) _____________.

g) ―...eu entrava corajosamente no quarto...‖ (l. 25,26) _____________.

h) ―...seu quarto estava preto como breu...‖ (l. 35) _____________.

i) ―...o mais à frente possível, para que pudesse vê-lo deitado em sua cama...‖ (l. 19,20) _____________.

j) ―...e ele talvez tenha ouvido, porque de repente se mexeu na cama...‖ (l. 34) _____________.

16. As palavras destacadas nas frases abaixo se referem a que/quem: (H. 24.4)

a) ―...não os destruiu, não os embotou‖. (l. 2) _____________.

b) ―...ela me atormentou dia e noite...‖ (l. 7) _____________.

c) ―...ele nunca me insultou...‖ (l. 8) _____________.

Page 22: Sequência Didática II

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d) ―...antes de matá-lo...‖ (l. 14,15) _____________.

e) ―...e a abria, ah, com tanta delicadeza...‖ (l. 15,16) _____________.

f) ―...eu a movia devagar...‖ (l. 18) _____________.

g) ―...eu a abria só o suficiente para que...‖ (l. 22) _____________.

h) ―...então o senhor vê que ele teria que ter sido...‖ (l. 27) _____________.

i) ―...chamando-o pelo nome em tom cordial...‖ (l. 26) _____________.

j) ―...ele brotara do meu próprio peito...‖ (l. 46,47) _____________.

k) ―...seus medos foram desde então crescendo dentro dele...‖ (l. 49,50) _____________.

l) ―...e com ela envolvera a vítima...‖ (l. 54) _____________.

m) ―...então eu a abri...‖ (l. 57) _____________.

n) ―...e a mantive ali por muitos minutos...‖ (l. 81) _____________.

o) ―...levei-os , por fim, ao quarto dele...‖ (l. 98) _____________.

p) ―...mas ela continuou e se instalou...‖ (l. 106) _____________.

q) ―...e arrastei-a pelas tábuas...‖ (l. 115) _____________.

17. Das informações abaixo, relativas ao texto, qual é a principal? (H. 3.1)

a) ―...Eu gostava do velho. Ele nunca me fez mal...‖ (l. 7,8)

b) ―...tomei a decisão de tirar a vida do velho, e com isso me livrar do olho...‖ (l. 10,11)

c) ―...homens loucos de nada sabem...‖ (l. 12)

d) ―...eu sabia o que sentia o velho e me apiedava dele...‖ (l. 48)

18. Nas frases abaixo, explique o sentido da pontuação usada pelo autor: (H 24.4)

a) ―...com que sensatez eu agi — com que precaução —...‖ (l. 13) Travessão: _____________.

b) ―...com cuidado (porque a dobradiça rangia)...‖ (l. 22) Parênteses: _____________.

c) ―... – Quem está aí?...‖ (l. 40) Travessão: _____________.

d) ―...é verdade! (l. 1) Exclamação: _____________.

e) ―... ai meu Deus! (l. 114) Exclamação: _____________.

f) ―... eles sabiam! (l. 118) Exclamação: _____________.

g) ―...miseráveis! (l. 122) Exclamação: _____________.

h) ―...O que eu poderia fazer? (l. 114) Interrogação: _____________.

19. Analise a situação abaixo:

a) Se a personagem da história fosse do gênero feminino, como ficaria esta frase: ―... nunca fui tão gentil

com o velho como durante toda a semana antes de matá-lo...‖. Por que houve alteração?

20. Nas frases ―Preste atenção!‖ e ―... o senhor pode até pensar que eu recuei, mas não...‖, o que

podemos interpretar a partir dessas expressões?

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Sombra

Vós que me ledes por certo estais ainda entre os vivos; mas eu que escrevo terei partido há muito

para a região das sombras. Por que de fato estranhas coisas acontecerão, e coisas secretas serão conhecidas,

e muitos séculos passarão antes que estas memórias caiam sob vistas humanas. E, ao serem lidas, alguém

haverá que nelas não acredite, alguém que delas duvide e, contudo, uns poucos encontrarão muito motivo de

reflexão nos caracteres aqui gravados com estiletes de ferro. O ano tinha sido um ano de terror e de

sentimentos mais intensos que o terror, para os quais não existe nome na Terra. Pois muitos prodígios e

sinais haviam se produzido, e por toda a parte, sobre a terra e sobre o mar, as negras asas da Peste se

estendiam. Para aqueles, todavia, conhecedores dos astros, não era desconhecido que os céus apresentavam

um aspecto de desgraça, e para mim, o grego Oinos, entre outros, era evidente que então sobreviera a

alteração daquele ano 794, [...]. O espírito característico do firmamento, se muito não me engano,

manifestava-se não somente no orbe físico da Terra, mas nas almas, imaginações e meditações da

Humanidade. Éramos sete, certa noite, em torno de algumas garrafas de rubro vinho de Quios, entre as

paredes do nobre salão, na sombria cidade de Ptolemais. Para a sala em que nos achávamos a única entrada

que havia era uma alta porta de feitio raro e trabalhada pelo artista Corinos, aferrolhada por dentro. Negras

cortinas, adequadas ao sombrio aposento, privavam-nos da visão da lua, das lúgubres estrelas e das ruas

despovoadas; mas o ressentimento e a lembrança do flagelo não podiam ser assim excluídos.

Havia em torno de nós e dentro de nós coisas das quais não me é possível dar conta, coisas materiais

e espirituais: atmosfera pesada, sensação de sufocamento, ansiedade; e, sobretudo, aquele terrível estado de

existência que as pessoas nervosas experimentam quando os sentidos estão vivos e despertos, e as

faculdades do pensamento jazem adormecidas. Um peso mortal nos acabrunhava. Oprimia nossos ombros,

os móveis da sala, os copos em que bebíamos. E todas se sentiam opressas e prostradas, todas as coisas

exceto as chamas das sete lâmpadas de ferro que iluminavam nossa orgia. Elevando-se em filetes finos de

luz, assim que permaneciam, ardendo, pálidas e imotas. E no espelho que seu fulgor formava sobre a

redonda mesa de ébano a que estávamos sentados, cada um de nós, ali reunidos, contemplava o palor de seu

próprio rosto e o brilho inquieto nos olhos abatidos de seus companheiros. Não obstante, ríamos e estávamos

alegres, a nosso modo [...], e bebíamos intensamente, embora o vinho purpurino nos lembrasse a cor do

sangue. Pois ali havia ainda outra pessoa em nossa sala, o jovem Zoilo. Morto, estendido a fio comprido,

amortalhado, era como o gênio e o demônio da cena. Mas ah! Não tomava ele parte em nossa alegria! Seu

rosto, convulsionado pela doença, e seus olhos, em que a Morte havia apenas extinguido metade do fogo da

peste, pareciam interessar-se pela nossa alegria, na medida em que, talvez, possam os mortos interessar-se

pela alegria dos que têm de morrer. Mas embora eu, Oinos, sentisse os olhos do morto cravados sobre mim,

ainda assim obrigava-me a não perceber a amargura de sua expressão. [...]. Mas, pouco a pouco, minhas

canções cessaram e seus ecos, ressoando ao longe, entre os reposteiros negros do aposento, tornavam-se

fracos e indistintos, esvanecendo-se. E eis que dentre aqueles negros reposteiros, onde ia morrer o rumor das

canções, se destacou uma sombra negra e imprecisa, uma sombra tal como a da lua quando baixa no céu, e

se assemelha ao vulto dum homem: mas não era a sombra de um homem, nem a de um deus, nem a de

qualquer outro ente conhecido. E, tremendo um instante entre os reposteiros do aposento, mostrou-se afinal

plenamente sobre a superfície da porta de ébano. Mas a sombra era vaga, informe, imprecisa, e não era

sombra nem de homem, nem de deus, [...]. E a sombra permanecia sobre a porta de bronze, por baixo da

cornija arqueada, e não se movia, nem dizia palavra alguma, mas ali ficava parada e imutável. Os pés do

jovem Zoilo, amortalhado, encontravam-se, se bem me lembro, na porta sobre a qual a sombra repousava.

Nós, porém, os sete ali reunidos, tendo avistado a sombra no momento em que se destacava dentre os

reposteiros, não ousávamos olhá-la fixamente, mas baixávamos os olhos e fixávamos sem desvio as

profundezas do espelho de ébano. E afinal, eu, Oinos, pronunciando algumas palavras em voz baixa,

indaguei da sombra seu nome e lugar de nascimento. E a sombra respondeu: ―Eu sou a SOMBRA e minha

morada está perto das catacumbas de Ptolemais, junto daquelas sombrias planícies infernais que orlam o

sujo canal de Caronte‖. E então, todos sete, erguemo-nos, cheios de horror, de nossos assentos, trêmulos,

enregelados, espavoridos, porque o tom da voz da sombra não era de um só ser, mas de uma multidão de

seres e, variando suas inflexões, de sílaba para sílaba, vibrava aos nossos ouvidos confusamente, como se

fossem as entonações familiares e bem relembradas dos muitos milhares de amigos que a morte ceifara.

Edgar Allan Poe

Page 24: Sequência Didática II

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Atividades

1. Qual é o tema e o assunto do texto?

2. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque:

a) ―... era evidente que então sobreviera a alteração daquele ano...‖. (l. 9, 10) ______________________.

b) ―O espírito característico do firmamento‖. (l. 10) ______________________.

c) ―... manifestava-se não somente no orbe físico da Terra...‖. (l. 11) ______________________.

d) ―... em torno de algumas garrafas de rubro vinho de Quios...‖. (l. 12) ______________________.

e) ―... e trabalhada pelo artista Corinos, aferrolhada por dentro‖. (l. 14) ______________________.

f) ―... privavam-nos da visão da lua, das lúgubres estrelas...‖. (l. 15) ______________________.

g) ―... e a lembrança do flagelo não podiam ser assim excluídos‖. (l. 16) ______________________.

h) ―Um peso mortal nos acabrunhava. Oprimia nossos ombros...‖. (l. 20) ____________ /____________.

i) ―Elevando-se em filetes finos de luz...‖. (l. 22, 23) ______________________.

j) ―... assim que permaneciam, ardendo, pálidas e imotas‖. (l. 23) ______________________.

k) ―E no espelho que seu fulgor formava...‖. (l. 23) ______________________.

l) ―... contemplava o palor de seu próprio rosto...‖. (l. 23, 24) ______________________.

m) ―... embora o vinho purpurino nos lembrasse a cor do sangue‖. (l. 26, 27) ______________________.

n) ―Morto, estendido a fio comprido, amortalhado‖. (l. 27, 28) ______________________.

o) ―... tornavam-se fracos e indistintos, esvanecendo-se‖. (l. 34) ______________________.

p) ―E eis que dentre aqueles negros reposteiros...‖. (l. 34) ______________________.

q) ―... por baixo da cornija arqueada e não se movia‖. (l. 39,40) ______________________.

r) ―... minha morada está perto das catacumbas de Ptolemais...‖. (l. 46) ______________________.

s) ―... erguemo-nos, [...], trêmulos, enregelados, espavoridos...‖. (l. 47, 48) ____________ /___________.

t) ―... variando suas inflexões, de sílaba para sílaba...‖. (l. 49) ______________________.

u) ―... muitos milhares de amigos que a morte ceifara‖. (l. 50) ______________________.

3. O texto nos dá algumas pistas para que possamos nos situar em um momento histórico específico

narrado pelo autor. Qual seriam essas pistas e esse momento?

Page 25: Sequência Didática II

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

4. As informações da questão anterior nos auxiliam a compreender melhor o texto? Justifique.

5. Sintetize o texto com suas palavras, da maneira como você o compreendeu.

6. O que deu origem a toda perturbação narrada no texto?

7. Qual o significado podemos atribuir às palavras gregas Oinos e Zoilo? Qual relação elas têm com o

conto?

8. O que a personagem Sombra foi fazer no salão? Podemos fazer analogia a algum outro personagem?

9. Na frase ―... terei partido há muito para a região das sombras.‖, que sentido o autor atribui a

expressão em destaque?

10. Que ideia expressam as palavras destacadas nas frases abaixo:

a) ―Por que de fato estranhas coisas acontecerão, e coisas secretas serão conhecidas‖. (l. 2) ____________.

b) ―... e muitos séculos passarão antes que estas memórias caiam sob vistas humanas‖. (l. 3) ___________.

c) ―Para aqueles, todavia, conhecedores dos astros...‖. (l. 8) _____________________.

d) ―... quando os sentidos estão vivos e despertos...‖. (l. 19) _____________________.

e) ―... na medida em que, talvez, possam os mortos interessar-se‖. (l. 30) _____________________.

f) ―... onde ia morrer o rumor das canções...‖ (l. 34, 35) _____________________.

g) ―... mostrou-se afinal plenamente sobre a superfície da porta...‖ (l. 37, 38) _____________________.

11. Porque os seguintes substantivos comuns foram grafadas com a primeira letra maiúscula: Peste (l. 7),

Humanidade (l. 12), Terra (l. 11) e Morte (l. 29)?

12. Nas frases abaixo, explique o sentido da pontuação usada pelo autor: (H. 24.4)

a) ―...obrigava-me a não perceber a amargura de sua expressão [...]‖ (l. 32) Colchetes e três pontos:

____________________________________________________________________________.

b) ―Eu sou a SOMBRA e minha morada está perto das catacumbas de Ptolemais, junto daquelas sombrias

planícies infernais que orlam o sujo canal de Caronte‖. (l. 46, 47) Aspas:

____________________________________________________________________________.

13. O conto que você acabou de estudar começa de maneira diferente. Você considera comum os textos

começarem com o narrador já morto? Há algum texto que você conheça que comece assim?

14. Você acredita que o protagonista Oinos e os outros seis personagens estão vivos ou mortos no

momento do ―velório‖? Cite pistas textuais que comprovem a sua opinião.

15. No segundo parágrafo o autor inicia uma descrição, nela apenas as chamas das sete lâmpadas não se

enquadram no aspecto sombrio, fúnebre e escuro do ambiente. O que a luz das lâmpadas e o número

sete representam no contexto?

Page 26: Sequência Didática II

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Produção Final

Escreva um conto que subverta a estrutura convencional do gênero (assim como o anterior) ou que se

aproprie da estrutura de outro gênero textual. Você pode, por exemplo, iniciar o seu conto pelo clímax ou

pelo desfecho ou empregar a estrutura do e-mail, da carta pessoal, da página do diário, etc. Tenho certeza de

que seu conto vai ficar um horror (no bom sentido, claro!). Mãos a obra! E não se esqueça do título.

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

Mito

Mitos são narrativas utilizadas pelos povos antigos (como os gregos e romanos) para explicar fatos

da realidade e fenômenos da natureza, as origens do mundo e do homem, que não eram compreendidos por

eles. Os mitos se utilizam de muita simbologia, personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Todos estes

componentes são mistura dos fatos reais, características humanas e pessoas que realmente existiram.

Um dos objetivos do mito é transmitir conhecimento e explicar fatos que a ciência ainda não havia

explicado. A maneira de colocar em ação o mito é através dos ritos, em cerimônias, danças, sacrifícios e

orações.

Eles ensinam que os deus foram criados pelo Céu e pela Terra para comandar o Universo e todos os

seres que nele habitavam. De início, o Universo era o Caos, que a ação divina transformou num sistema

organizado. Através dos mitos, gregos e romanos encontravam respostas para suas inquietações. O conjunto

dessas histórias recebeu o nome de mitologia.

Espaço e Tempo:

Em geral, o espaço mítico é um lugar sagrado, que se caracteriza por se opor ao habitado pelos seres

humanos. O espaço sagrado do Olimpo é uma referência constante nos mitos gregos. O tempo mítico está

relacionado ao tempo das origens. Expressa o passado distante e narra fatos separados por um intervalo de

tempo muito grande.

Características:

Os gregos acreditavam que para assuntos sérios e personagens sublimes (deuses, heróis, nobres)

deveriam usar uma linguagem elevada, ou seja, culta. A linguagem informal era própria da comédia, que,

em geral, se ocupava de assuntos banais e tinha como personagens representantes do povo.

De acordo com a mitologia grega, os deuses governavam o universo de sua morada construída no

Olimpo, onde Zeus, o deus dos deuses, era o soberano. Zeus armado com seus raios, comandava o mundo e

os homens e era respeitado por todos. Dois deuses importantes eram seus irmãos: Poseidon, o deus do mar,

que carregava seu tridente para bater nas águas, convulsionando as ondas, e Hades, senhor da morte que

reinava num mundo subterrâneo.

Nos episódios mitológicos há sempre a presença de um deus, ainda que ele possa não ser a

personagem principal. Conheça alguns deuses da mitologia grega e os elementos a que estão associados.

Afrodite: ao amor e à beleza.

Apolo: à beleza, à poesia, à música.

Ares: à guerra.

Artemis: à caça.

Atena: à sabedoria e à serenidade.

Cronos: ao tempo.

Dioniso: à cultura da uva, ao vinho e ao teatro.

Eros: ao amor e à paixão.

Hefestos: ao fogo e ao trabalho.

Hera: ao casamento.

Hermes: ao comércio e às comunicações.

Os principais seres mitológicos da Grécia Antiga eram:

- Heróis: seres mortais, filhos de deuses com seres humanos. Exemplos: Hércules e Aquiles.

- Ninfas: seres femininos que habitavam os campos e bosques, levando alegria e felicidade.

- Sátiros: figura com corpo de homem, chifres e patas de bode.

- Centauros: corpo formado por uma metade de homem e outra de cavalo.

- Sereias: mulheres com metade do corpo de peixe, atraíam os marinheiros com seus cantos atraentes.

- Górgonas: mulheres, espécies de monstros, com cabelos de serpentes. Exemplo: Medusa

- Quimera: mistura de leão e cabra que soltava fogo pelas ventas.

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A árvore de cabeça para baixo

(Uma história da Costa do Marfim)

Nos primórdios da vida, o Criador fez surgir tudo

no mundo. Ele criou primeiro o baobá, e só depois

continuou a fazer tudo existir.

Mas ao lado do baobá havia um charco. O Criador

havia plantado o primogênito bem perto de uma região

alagadiça. Sem vento, a superfície daquelas águas ficava

lisa como um espelho. O baobá se olhava, então, naquele

espelho d'água. Ele se olhava, se olhava e dizia

insatisfeito:

-Por que não sou como aquela árvore?

Ora achava que poderia ter os cabelos mais

floridos, as folhas, talvez, um pouco maiores.

O baobá resolveu, então, se queixar ao Criador, que

escutou por uma, duas horas as suas reclamações. Entre

uma queixa e outra, o Criador comentava:

-Você é uma árvore bonita. Eu gosto muito de você. Me deixe ir, pois preciso continuar meu trabalho.

Mas o baobá mostrava outra planta e perguntava: Por que suas flores não eram assim tão cheirosas? E

sua casca? Parecia mais a pele enrugada de uma tartaruga. E o Criador insistia:

-Me deixe ir, você pra mim é perfeito. Foi o primeiro a ser criado e, por isso, tem o que há de melhor

em toda criação.

Mas o baobá implorava:

-Me melhore aqui, e um pouco mais ali...

O Criador, que precisava fazer os homens e outros seres da África, saía andando. E o baobá o seguia

onde quer que ele fosse. Andava pra lá e pra cá. (E é por isso que essa árvore existe por toda África.)

O baobá não deixava o Criador dormir. Continuava e continuava, e continuava sempre a implorar

melhorias.

Justo a árvore que o Criador achava maravilhosa, pois não era parecida com nenhuma outra, nunca

ficava satisfeita! Até que, um dia, o Criador foi ficando irritado, irritado, mas muito irritado, pois não tinha

mais tempo pra nada. Ficou irado mesmo. E aí então se virou para o baobá e disse:

-Não me amole mais! Não encha mais a minha paciência. Pare de dizer que na sua vida falta isso ou

aquilo. E cale-se agora.

Foi então que o Criador agarrou o baobá, arrancou-o do chão e o plantou novamente. Só que... dessa

vez, foi de ponta-cabeça, para que ele ficasse de boca calada.

Isso explica a sua aparência estranha; é como se as raízes ficassem em cima, na copa. Parece uma

árvore virada de ponta-cabeça!

Até hoje dizem que os galhos do baobá, voltados para o alto, parecem braços que continuam a se

queixar e a implorar melhorias para o Criador. E o Criador, ao olhar para o baobá, enxerga a África.

(http://alunalarissa.blogspot.com.br/2012/04/arvore-de-cabeca-para-baixo.html)

Atividades

1. Com relação ao gênero e a sua estruturação, responda:

a) Qual é o gênero textual?

b) Qual é o tipo discursivo?

c) Qual é o domínio discursivo desse gênero?

d) Qual é a sua finalidade/função sócio-comunicativa/para que serve/objetivo?

e) Quais são as principais características?

f) Qual é o público-alvo desse texto?

Page 29: Sequência Didática II

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2. Qual é o tema e o assunto do texto?

3. De que forma a personagem baobá sentia-se e por quê?

4. De acordo com o mito, o Baobá é uma árvore predominante em qual região?

5. Após ler atentamente esta história, que lição é possível retirar?

6. Por que o Criador chamava o baobá de primogênito?

7. Quais as justificativas o Criador apresentava para que o baobá gostasse de sua aparência?

8. Qual a consequência para o baobá por sua insistência?

9. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque:

a) ―... Mas ao lado do baobá havia um charco...‖ (l. 4) ______________________.

b) ―... Nos primórdios da vida...‖ (l. 1) ______________________.

c) ―... O baobá não deixava o Criador dormir...‖ (l. 25) ________________________.

10. Que ideia expressam as palavras destacadas nas frases abaixo:

a) ―Me deixe ir, pois preciso continuar meu trabalho.‖ (l. 16) ______________________.

b) ―Por que suas flores não eram assim tão cheirosas?‖ (l. 17) _______________ / ___________________.

c) ―Entre uma queixa e outra...‖ (l. 14,15) ______________________.

d) ―... por isso, tem o que há de melhor em toda criação.‖ (l. 19,20) ______________________.

e) ―Mas o baobá implorava...‖ (l. 21) ______________________.

f) ―... e um pouco mais ali...‖ (l. 22) _______________ / ___________________.

g) ―... na sua vida falta isso ou aquilo...‖ (l. 30, 31) ______________________.

h) ―... para que ele ficasse de boca calada...‖ (l. 33) ______________________.

11. As palavras destacadas nas frases abaixo se referem a que/quem:

a) ―Ele criou primeiro o baobá...‖ (l. 2) ______________________.

b) ―Ele se olhava...‖ (l. 8) ______________________.

c) ―E o baobá o seguia...‖ (l. 23) ______________________.

d) ―... arrancou-o do chão...‖ (l. 32) ______________________.

e) ―... para que ele ficasse de boca calada...‖ (l. 33) ______________________.

Page 30: Sequência Didática II

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

12. Nas frases abaixo, explique o sentido da pontuação usada pelo autor:

a) ―... e dizia insatisfeito:‖ (l. 8, 9) Dois pontos: _____________________________________.

b) ―- Por que não sou como aquela árvore?‖ (l. 10) Ponto de interrogação: _________________________.

c) ―- Você é uma árvore bonita.‖ (l. 16) Travessão: _____________________________________.

d) ―- Não me amole mais!‖ (l. 30) Exclamação: _____________________________________.

e) ―Só que... dessa vez...‖ (l. 32) Reticências: _____________________________________.

f) ―Isso explica a sua aparência estranha;‖ (l. 34) _____________________________________.

13. Nos trechos abaixo coloque O para opinião e F para fato:

a) ( ) ―Mas ao lado do baobá havia um charco.‖ (l. 4)

b) ( ) ―Eu gosto muito de você.‖ (l. 16)

c) ( ) ―O baobá não deixava o criador dormir.‖ (l. 25)

d) ( ) ―...você pra mim é perfeito.‖ (l. 19)

e) ( ) ―... arrancou-o do chão e o plantou novamente.‖ (l. 32)

f) ( ) ―... a superfície daquelas águas ficava lisa como um espelho.‖ (l. 6, 7)

g) ( ) ―Isso explica sua aparência estranha...‖ (l. )

14. Das informações abaixo, relativas ao texto, qual é a principal?

a) ―- Você é uma árvore bonita.‖ (l. 16)

b) ―- Por que não sou como aquela árvore?‖ (l. 10)

c) ―... pois não era parecida com nenhuma outra, nunca ficava satisfeita!‖ (l. 27, 28)

d) ―Não encha mais a minha paciência.‖ (l. 30)

Page 31: Sequência Didática II

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

Produção Inicial

Você já ouviu falar de Orfeu? Na mitologia grega, Orfeu era um poeta que encantava a todos com a

música que extraía da lira, um instrumento de cordas muito usado na Antiguidade. Conheça, por meio do

resumo que segue, uma parte da trágica história de Orfeu.

O mito de Orfeu

Orfeu nasceu nas vizinhanças do Olimpo, frequentado pelas

musas. Ele era excelente poeta, cantor e músico, sendo considerado o

inventor da cítara. Passava o dia cantando ao som de sua lira, a qual

aumentou de sete para nove cordas.

Seu canto era tão melodioso que, ao ouvi-lo, os homem mais

brutais ficavam sensibilizados, as feras mais ferozes vinham repousar

a seus pés mansamente, os pássaros pousavam nas árvores, os rios

suspendiam seu curso e as árvores formavam coros de dança.

Devido a sua fraqueza física, Orfeu participou da expedição dos

Argonautas apenas marcando a cadência dos remadores. Durante as

tormentas ele abrandava as vagas e tranquilizava a tripulação com seu

canto. E, quando as sereias começavam a cantar, Orfeu entoava cantos

mais agradáveis que o delas, livrando os remadores do fascínio.

Orfeu era apaixonado por Eurídice, filha de Apolo. No dia de

seu casamento, Eurídice, sua noiva, caminhava pelas margens do rio,

quando apareceu Aristeu, que tentou violentá-la. No desespero de se livrar do atacante, ela pisou numa

serpente escondida na vegetação e morreu depois de ser picada.

Orfeu julgou que devia procurá-la mesmo entre os mortos. Tomou sua lira e desceu ao inferno.

(Irene Machado. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994, p. 142-3.

Resumo da autora a partir do Dicionário de mitologia grega e romana, de Mário da Gama Kury.)

Prepare-se para dar continuidade ao mito de Orfeu. Organize os fatos de modo coerente e para

enriquecer a narrativa, descreva o inferno e as personagens que habitam esse mundo. Inclua diálogos para

tornar o texto mais dinâmico. Para ligar os fatos, empregue elementos de coesão como em seguida, por

isso, então, mas, entretanto e outros que forem necessários.

Não se esqueça de observar se o

seu texto transmite algum ensinamento

ou uma lição de sabedoria, se as ações

do herói se destacam e se os fatos

narrados aconteceram no passado, se o

narrador é observador e se a linguagem

está de acordo com a variedade padrão

e com o perfil dos leitores.

Page 32: Sequência Didática II

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

Orfeu julgou que devia procurá-la mesmo entre os mortos. Tomou sua lira e desceu ao inferno...

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

O mito de narciso

Narciso, um jovem de extrema beleza, era filho do

deus-rio Cephisus e da ninfa Liriopoe. No entanto, apesar

de atrair e despertar cobiça nas ninfas e donzelas, Narciso

preferia viver só, pois não havia encontrado ninguém que

julgasse merecer seu amor. E foi o seu desprezo pelos

outros que o derrotou.

Quando Narciso nasceu, sua mãe consultou o

adivinho Tirésias que lhe predisse que Narciso viveria

muitos anos desde que nunca conhecesse a si mesmo.

Narciso cresceu tornando-se cada vez mais belo e

todas as moças e ninfas queriam seu amor, mas ele

desprezava a todas. Certo dia, enquanto Narciso descansava

sob as sombras do bosque, a ninfa Eco se apaixonou por ele.

Porém tendo-a rejeitado, as ninfas jogaram-lhe uma

maldição: - Que Narciso ame com a mesma intensidade,

sem poder possuir a pessoa amada. Nêmesis, a divindade punidora, escutou e atendeu ao pedido.

Naquela região havia uma fonte límpida de águas cristalinas da qual ninguém havia se aproximado.

Ao se inclinar para beber água da fonte, Narciso viu sua própria imagem refletida e encantou-se com sua

visão. Fascinado, Narciso ficou a contemplar o lindo rosto, com aqueles belos olhos e a beleza dos lábios,

apaixonou-se pela imagem sem saber que era a sua própria imagem refletida no espelho das águas.

Por várias vezes Narciso tentou alcançar aquela imagem dentro da água, mas inutilmente; não

conseguia reter com um abraço aquele ser encantador.

Esgotado, Narciso deitou na relva e aos poucos seu corpo foi desaparecendo. No seu lugar, surgiu

uma flor amarela com pétalas brancas no centro que passou a se chamar, Narciso.

(http://jaueras.blogspot.com.br/2009/o-mito-de-narciso.html)

Atividades

1. Qual é o tema e o assunto do texto?

2. De acordo com o mito, a ninfa Eco se apaixonou por Narciso devido à sua beleza, mas ele a rejeitou.

O que se pode inferir sobre a atitude dele?

3. Qual é a maldição que Narciso recebe e por quê?

4. Onde Narciso costumava descansar? (H. 3.4)

5. As palavras destacadas nas frases abaixo se referem a que/quem:

a) ―... seu desprezo pelos outros que o derrotou.‖ (l. 5,6) __________________ /__________________.

b) ―... consultou o adivinho Tirésias que lhe predisse...‖ (l. 7,8) ________________ /_______________.

c) ―... mas ele desprezava a todas. (l. 11,12) ___________________ /__________________.

d) ―Porém tendo-a rejeitado, as ninfas jogaram-lhe uma maldição.‖ (l. 14,15) ______________________.

Page 34: Sequência Didática II

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6. Leia o texto abaixo:

Eu, Etiqueta (Carlos Drumonnd de Andrade)

Em minha calça está grudada um nome

Que não é meu de batismo ou de cartório,

Um nome... estranho.

Meu blusão traz lembrete de bebida Que jamais pus na boca nessa vida.

Em minha camiseta, a marca do cigarro

Que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produto

Que nunca experimentei

Mas são comunicados a meus pés Meu tênis é proclama colorido

De alguma coisa não provada

Pro esse provador de longa idade.

Meu lenço, meu relógio, céu chaveiro, Minha gravata e cinto e escova e pente,

Meu copo, minha xícara

Minha toalha de banho e sabonete, Meu isso, meu aquilo,

Desde a cabeça ao bico dos sapatos,

São mensagens,

Letras falantes, Gritos visuais,

Ordens de uso, abuso, reincidência, costume, hábito, premência, indispensabilidade

E fazem de mim homem-anúncio itinerante Escravo da matéria anunciada

Estou, estou na moda.

É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar a minha identidade, Trocá-la por mil, açambarcando

Todas as marcas registradas, todos os logotipos do mercado.

Com que inocência demito-me de ser

Eu que antes era e me sabia Tão diverso dos outros, tão mim - mesmo.

Após analisar o poema de Carlos Drumonnd de Andrade e o mito de Narciso percebe-se que este é um

emblema dos valores e atitudes disseminados pela sociedade. Com base nisso e na análise do poema ―Eu,

Etiqueta‖, quais características do narcisismo podemos relacionar à sociedade contemporânea?

7. Leia atentamente o trecho do poema de Ferreira Gullar. Nele o autor reatualiza o mito em alguns dos

seus aspectos fundamentais.

―Narciso e Narciso‖

―Se Narciso se encontra com Narciso

E um deles finge

Que ao outro admira

(para sentir se admirado)

O outro

Pela mesma razão finge também

E ambos acreditam na mentira.‖

As proposições abaixo retomam o mito exceto:

a) A necessidade de ser admirado para existir.

b) A imagem do encontro dos dois Narcisos

recria a contemplação do reflexo nas águas

claras da fonte.

c) A capacidade de amar outra pessoa como se

amasse a si próprio.

d) A crença na mentira (a imagem falsa que um

transmitiu ao outro).

Page 35: Sequência Didática II

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8. Nos trechos abaixo coloque O para opinião e F para fato:

a) ( ) ―Narciso, um jovem de extrema beleza...‖ (l. 1)

b) ( ) ―... Narciso ficou a contemplar o lindo rosto...‖ (l. 19)

c) ( ) ―... Narciso viu sua própria imagem refletida...‖ (l. 18)

d) ( ) ―...apaixonou-se pela imagem...‖ (l. 20)

e) ( ) ―... Narciso tentou alcançar aquela imagem dentro da água...‖ (l. 21)

f) ( ) ―...não conseguia reter com um abraço aquele ser encantador.‖ (l. 21,22)

g) ( ) ―...Narciso deitou na relva e aos poucos seu corpo foi desaparecendo.‖ (l. 23)

9. Que ideia expressam as palavras destacadas nas frases abaixo:

a) ―Quando Narciso nasceu, sua mãe consultou o adivinho...‖ (l. 7,8) _________________________.

b) ―... Narciso viveria muitos anos desde que nunca conhecesse a si mesmo.‖ (l. 8,9) _________________.

c) ―... todas as moças e ninfas queriam seu amor...‖ (l. 11) _________________________.

d) ―... mas ele desprezava a todas.‖ (l. 11,12) _________________________.

e) ―Certo dia, enquanto Narciso descansava...‖ (l. 12) _________________________.

f) ―Naquela região havia uma fonte límpida...‖ (l. 17) _________________________.

g) ―Fascinado, Narciso ficou a contemplar o lindo rosto...‖ (l. 19) _________________________.

h) ―Por várias vezes Narciso tentou alcançar aquela imagem...‖ (l. 21) _________________________.

10. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque:

a) ―... apesar de atrair e despertar cobiça nas ninfas e donzelas...‖ (l. 3,4) _________________________.

b) ―... sua mãe consultou o adivinho Tirésias que lhe predisse...‖ (l. 7,8) _________________________.

c) ―...todas as moças e ninfas queriam o seu amor...‖ (l. 11) _________________________.

d) ―... havia uma fonte límpida de águas cristalinas..‖ (l. 17) _________________________.

e) ―... Narciso deitou na relva e aos poucos seu corpo...‖ (l. 23) _________________________.

11. Abaixo temos dois fragmentos de poemas, o primeiro de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando

Pessoa, o segundo de Carlos Drumonnd de Andrade. Após ler atentamente, responda:

a) Qual dos dois fragmentos faz alusão ao narcisismo? Justifique sua resposta apontando ao menos um

traço de narcisismo presente no fragmento.

Page 36: Sequência Didática II

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

b) Em qual dos fragmentos o amor é retratado como solidário? Comprove.

Ninguém a outro ama

― Ninguém a outro ama, senão que ama

O que de si há nele, ou é suposto.‖

Ricardo Reis

As Sem Razões Do Amor

―Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça

E com amor não se paga.

Amor é dado de graça

É semeado no vento,

Na cachoeira, no eclipse.‖

Carlos Drumonnd de Andrade

12. Sabemos que na sociedade de hoje é presença marcante a celebração da aparência física, o culto da

imagem definindo padrões de beleza, as refinadas e superficiais relações afetivas, psicopatologias, a

utilização da publicidade e outros. Com base nisso, faça uma pesquisa com os temas bulimia,

anorexia e toxicomanias diversas, correlacionando as principais características do narcisismo com as

psicopatologias citadas acima. (H. 29.6)

Page 37: Sequência Didática II

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

Mito de Pandora

Prometeu, deus cujo nome em grego

significa ―aquele que vê o futuro‖, doou aos

homens o fogo e as técnicas para acendê-lo e

mantê-lo. Zeus, o soberano dos deuses, se

enfureceu com esse ato, porque o segredo do

fogo deveria ser mantido entre os deuses. Por

isso, ordenou a Hefesto (deus do fogo e das

habilidades técnicas), que criasse uma mulher

que fosse perfeita, e que a apresentasse à

assembleia dos deuses. Atena, a deusa da

sabedoria e da guerra, vestiu essa mulher com

uma roupa branquíssima e adornou-lhe a cabeça

com uma guirlanda de flores, montada sobre uma

coroa de ouro. Hefesto a conduziu pessoalmente

aos deuses, e todos ficaram admirados; cada um

lhe deu um dom particular:

Atena lhe ensinou as artes que convêm ao seu sexo, como a arte de tecer;

Afrodite lhe deu o encanto, que despertaria o desejo dos homens;

As Cárites, deusas da beleza e da persuasão ornaram seu pescoço com colares de ouro;

Hermes, o mensageiro dos deuses, lhe concedeu a capacidade de falar, juntamente com a arte de

seduzir os corações por meio de discursos insinuantes.

Depois que todos os deuses lhe deram seus presentes, ela recebeu o nome de Pandora, que em grego

quer dizer ―todos os dons‖.

Finalmente, Zeus lhe entregou uma caixa bem fechada, e ordenou que ela a levasse como presente a

Prometeu. Entretanto, ele não quis receber nem Pandora, nem a caixa, e recomendou a seu irmão, Epimeteu,

que também não aceitasse nada vindo de Zeus. Epimeteu, cujo nome significa ―aquele que reflete tarde

demais‖, ficou encantado com a beleza de Pandora e a tomou como esposa.

A caixa de Pandora foi então aberta e de lá escaparam a Sensibilidade, a Insanidade, a Doença, a

Inveja, a Paixão, o Vício, a Praga, a Fome e todos os outros males, que se espalharam pelo mundo e

tornaram miserável a existência dos homens a partir de então. Epimeteu tentou fechá-la, mas só restou

dentro a Esperança, uma criatura alada que estava preste a voar, mas que ficou aprisionada na caixa [...] e é

graças a ela que os homens conseguem enfrentar todos os males e não desistem de viver.

(http://jaueras.blogspot.com.br/2009/o-mito-de-pandora.html)

Atividades

1. Qual é o tema e o assunto do texto?

2. Quem criou Pandora?

3. Por que todos ficaram admirados com Pandora?

4. Por que Zeus se enfureceu com Prometeu?

5. Em sua opinião, o que representa a Caixa de Pandora?

6. De acordo com o mito, quais os dons que Pandora recebeu e de quem?

7. No mito, o nome Epimeteu significa ―aquele que reflete tarde demais‖, você acha pertinente o

significado atribuído ao personagem analisando o final da história?

Page 38: Sequência Didática II

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

8. Quais os males saíram da caixa de Pandora?

9. De acordo com o mito, restou somente a Esperança dentro da caixa. Qual a razão de ter ficado

somente este dom?

10. Que fato gerou a maldição para a humanidade?

11. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque:

a) ―... o soberano dos deuses, se enfureceu...‖ (l. 4) ________________________.

b) ―... adornou-lhe a cabeça com uma guirlanda...‖ (l. 12, 13) ________________________.

c) ―... lhe ensinou as artes que convém ao seu sexo...‖ (l. 17) ________________________.

d) ―... as deusas da beleza e da persuasão, ornaram seu pescoço...‖ (l. 19) ___________ /____________.

e) ―... a tomou como esposa.‖ (l. 27) ________________________.

f) ―... tornaram miserável a existência dos homens...‖ (l. 30) ________________________.

g) ―... a Esperança, uma criatura alada...‖ (l. 31) ________________________.

12. Que ideia expressam as palavras destacadas nas frases abaixo:

a) ―... e que a apresentasse à assembleia dos deuses.‖ (l. 9,1 0) ________________________.

b) ―Por isso, ordenou a Hefesto...‖ (l. 6, 7) ________________________.

c) ―... a conduziu pessoalmente aos deuses...‖ (l. 14, 15) ________________________.

d) ―Depois que todos os deuses lhe deram seus presentes...‖ (l. 22) ________________________.

e) ―Finalmente, Zeus lhe entregou uma caixa bem fechada...‖ (l. 24) ________________________.

f) ―Entretanto, ele não quis receber...‖ (l. 25) ________________________.

13. Nas frases abaixo, explique o sentido da pontuação usada pelo autor e a que se referem essas

características:

a) ... cujo nome em grego significa ―aquele que vê o futuro‖... (l. 1, 2) ________________________.

b) ... (deus do fogo e das habilidades técnicas)... (l. 7, 8) ________________________.

c) Atena, deusa da sabedoria e da guerra, vestiu... (l. 10, 11) ________________________.

d) ... que em grego quer dizer ―todos os dons‖ (l. 22, 23) ________________________.

e) ... cujo nome significa ―aquele que reflete tarde demais‖ (l. 9,1 0) ________________________.

14. As palavras destacadas nas frases abaixo se referem a que/quem:

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

a) ―... e as técnicas para acendê-lo e mantê-lo.‖ (l. 3, 4) ________________________.

b) ―... e que a apresentasse à assembleia dos deuses.‖ (l. 9, 10) ________________________.

c) ―... e todos ficaram admirados, cada um lhe deu um dom particular:‖ (l. 15, 16) __________________.

d) ―... que ela a levasse como presente a Prometeu.‖ (l. 24, 25) ________________________.

e) ―... ele não quis receber nem Pandora...‖ (l. 25) ________________________.

f) ―Epimeteu tentou fechá-la...‖ (l. 30) ________________________.

g) ―... e é graças a ela que os homem conseguem...‖ (l. 3, 4) ________________________.

15. Na primeira frase do texto: Prometeu, deus cujo nome em grego significa “aquele que vê o futuro”...

16. Após ler atentamente esta história, que lição é possível retirar?

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Produção Final

O mito de Pandora explica a origem de todos os males. Produza uma narrativa que tenha

características dos mitos e apresente uma versão para a origem de um dos elementos representados nas

imagens a seguir. Lembre-se de dar um título à narrativa.

Chuva Neblina Raios

Planeje seu texto refletindo sobre os tópicos abaixo.

a) Quais são as características do elemento da natureza cuja origem você vai explicar (chuva, neblina,

raios)? Trata-se de uma manifestação da natureza benéfica para o ser humano? Quais são os

benefícios? A relação entre esse elemento e a humanidade é pacífica ou envolve perigos? Quais?

b) Na sua versão para a origem desse elemento da natureza, por que ele foi criado? Para premiar os

seres humanos ou uma pessoa em especial? Para castigá-los? Foi criado por um deus? Ou o

surgimento desse elemento da natureza foi casual, mera consequência de algum ato dos deuses?

c) A que sentimentos ou comportamentos humanos esse elemento da natureza poderia ser associado:

persistência, instabilidade, raiva, ódio, tristeza?

d) Que deuses você criará? Haverá apenas deuses ou também seres humanos?

e) Que conflito eles viverão?

f) Em que espaço e tempo acontecerão os fatos narrados?

Seu mito deve ter estas partes.

Situação inicial, em que se apresentam as personagens, o tempo, o espaço.

Desenvolvimento, em que uma complicação surge, se desenrola, chega ao auge e, por fim, se

resolve, bem ou mal.

Situação final.

Feita a primeira versão do texto, reúna-se com outros dois colegas. Cada um vai avaliar o texto dos demais

com o auxílio da tabela abaixo, assinalando, no caderno, ―sim‖ ou ―não‖ para cada um dos tópicos

propostos.

O texto lido apresenta Sim Não

A narrativa conta uma versão baseada na imaginação da origem de um dos

elementos da natureza mostrados nas imagens?

As ações ocorrem em um espaço caracterizado como um lugar sagrado?

O tempo é remoto, relacionado às origens da Terra ou da humanidade?

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

Lenda

Narrativa ou crendice acerca de seres maravilhosos e encantatórios, de origem humana ou não,

existentes no imaginário popular. Trata-se de história, cheia de mistério e fantasia, de origem no conto

popular, que nasceu com o objetivo de explicar acontecimentos que teriam causas desconhecidas. Na busca

do maravilhoso, o ser humano sempre procurou dar sentido à movimentação dos astros, à migração de

animais, aos fenômenos naturais, etc. Essa narrativa de caráter maravilhoso pode também se referir a um

fato histórico que, centralizado em torno de algum herói popular (revolucionário, santo, guerreiro), se

amplifica e se transforma sob o efeito da evocação poética ou da imaginação popular.

Características

Desse modo, como o conto popular oral, apresenta algumas características básicas:

Rica em ações e situações antigas;

Permanência no tempo;

De autoria anônima ou desconhecida;

Transmissão e divulgação de geração em geração entre pessoas e comunidades;

Convergência das ações para o tema ou foco da lenda, como a busca, por exemplo, de um mundo

feliz, de paz, de justiça, etc;

Sequência lógica no tempo e no espaço narrativos;

Destaque de algum personagem por seus poderes sobrenaturais ou atos de heroísmo;

Relação direta da história com o momento histórico da região e da comunidade que a cria;

Final emblemático, com desenlace maravilhoso ou extraordinário.

As lendas atribuem grande valor à natureza, pois ela é fonte de vida para os povos primitivos. A ela

são atribuídos poderes e a ela se deve dedicar respeito e obediência.

São narradas em terceira pessoa para representar a voz de toda a comunidade, daqueles que herdaram

as tradições de seus antepassados.

São contadas pela tradição oral através dos tempos para transmitir algum ensinamento ou explicar

algum fato histórico ou natural. Como elas revelam muito sobre os povos que as criaram, é importante

valorizar o seu registro escrito, como uma estratégia de resgate e de transmissão para gerações futuras.

Curiosidade

As lendas indígenas são divertidas e temperadas de muita imaginação – índios que falam com

animais, estrelas que caem na Terra, guerreiros que vão para o céu. Numa delas a Lua e o Sol, que eram

irmãos, se apaixonaram e, como castigo, nunca mais puderam se encontrar. Por isso, até hoje quando a Lua

sai o Sol se esconde. Se você reparar, nessa lenda há mais do que uma simples explicação para o dia e para a

noite. Ela ensina aos pequenos índios como devem se comportar na tribo, em outras palavras, ensina que é

errado o namoro entre irmãos.

Maria Ganem. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br>.

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

O Negrinho do Pastoreio

Na época da escravidão, vivia no Sul do Brasil

um meigo menino negro. Seus pais tinham sido

vendidos para uma fazenda e ele para outra, portanto

ele cresceu sozinho, trabalhando nos pastos do patrão.

Ninguém sabia o nome que os pais haviam lhe dado e,

como ele cuidava muito bem dos animais do pasto,

todos o chamavam de Negrinho do Pastoreio.

Negrinho montava com tanta habilidade que

alguns diziam que na verdade ele era filho de um saci.

Mas o menino não gostava disso. Ele era muito amigo

do padre da fazenda e acreditava piamente na bondade

de Nossa Senhora, que considerava sua protetora.

Certa noite, um garanhão que estava sob os

cuidados dele desapareceu pelos pastos. Temendo ser

castigado pelo dono da fazenda, Negrinho saiu na

escuridão levando apenas uma vela e rezando para que

Nossa Senhora o ajudasse. Suas súplicas foram

atendidas. Quando já não aguentava mais andar, o

menino viu pingos que caíram de sua vela se

transformar numa linda fogueira e iluminar todo o campo. Ele sorriu, maravilhado. Assobiou chamando o

animal, e o cavalo se aproximou lentamente, permitindo que Negrinho lhe pusesse as rédeas.

Acontece que, no dia seguinte, o cavalo escapuliu mais uma vez. O dono das terras, impiedoso,

simplesmente decretou a morte de Negrinho, como se fazia com os escravos que falhavam ao cumprimento

de suas obrigações. Ordenou ao capataz que o levasse a um imenso formigueiro e lá o abandonasse, todo

amarrado para que não pudesse fugir. Depois de ter obedecido à ordem do patrão, o capataz chorava de tanta

tristeza, pois não conseguia se conformar em ter aplicado um castigo horrível daqueles no menino.

Na manhã seguinte, decidiu que salvaria o menino mesmo que tivesse que morrer junto com ele.

Correu até o local onde o havia deixado, certo de iria encontrá-lo bastante ferido. Mas qual não foi sua

surpresa ao chegar: Negrinho estava de pé ao lado do cavalo, cercado por uma belíssima luz dourada e sem

uma picada sequer. Olhou bem no fundo dos olhos do capataz e disse:

- Agora vou partir. Obrigado por sua generosidade. Sei que seu coração é bom. E, sempre que você

perder alguma coisa, chame por mim e, em companhia de Nossa Senhora, minha mãe querida, eu o ajudarei

a encontrá-la. Diga isso a todas as crianças. Principalmente às que são distraídas. Eu serei o seu eterno

protetor.

Nesse instante, um bando de passarinhos o rodearam e o levaram para longe. E até hoje, naquela

região, as pessoas que perderam objetos acendem velas para que o Negrinho as ajude a recuperá-los,

dizendo:

- Negrinho do Pastoreio, leve esta luz a Nossa Senhora, encontre para mim tudo o que já perdi.

(História do folclore brasileiro)

PRIETO, H. Lá vem História: Contos do Folclore Mundial. São Paulo, Cia das Letrinhas, 1997.

Atividades

1. Com relação ao gênero e a sua estruturação, responda:

a) Qual é o gênero textual?

b) Qual é o tipo discursivo?

c) Qual é o domínio discursivo desse gênero?

d) Qual é a sua finalidade/função sócio-comunicativa/para que serve/objetivo?

e) Quais são as principais características?

f) Qual é o público-alvo desse texto?

Page 44: Sequência Didática II

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

2. Qual é o tema e o assunto do texto?

3. Por que o meigo menino negro cresceu sozinho?

4. O nome da personagem central da história é desconhecido, mas ele recebeu um apelido. Qual foi e

por quê?

5. Algumas pessoas diziam que o Negrinho do Pastoreio era filho de saci, por causa da sua habilidade

na montaria. Porém, o menino não gostava que falasse assim, por quê?

6. Por que o Negrinho do Pastoreio se tornou o protetor das coisas perdidas?

7. Identifique no texto os seguintes características:

a) Personagens (protagonistas/antagonistas/secundários ou coadjuvantes):

b) Tempo (cronológico ou psicológico):

c) Espaço (físico ou social):

d) Clímax:

e) Desfecho:

8. Quando o capataz chegou para resgatar o Negrinho do Pastoreio, ele teve uma surpresa. O que

podemos inferir da situação que ele encontrou?

9. A expressão ou invocação ―Nossa Senhora‖ encontrada no texto, é uma marca religiosa específica de

qual crença e a quem ela se refere?

10. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque:

a) ―... e acreditava piamente na bondade...‖ (l. 11) __________________________.

b) ―Certa noite, um garanhão que estava sob os cuidados dele...‖ (l. 13,14) ______________________.

c) ―Suas súplicas foram atendidas.‖ (l. 11) __________________________.

11. As palavras destacadas nas frases abaixo se referem a que/quem:

a) ―... tinham sido vendidos para uma fazenda e ele para outra...‖ (l. 2, 3) __________________________.

b) ―Mas o menino não gostava disso.‖ (l. 10) __________________________.

c) ―Ele era muito amigo do padre da fazenda...‖ (l. 10,11) __________________________.

d) ―Sei que seu coração é bom.‖ (l. 31) __________________________.

e) ―... sempre que você perder alguma coisa, chame por mim...‖ (l. 31,32) _____________ /____________.

f) ―... eu o ajudarei a encontrá-la.‖ (l. 32) __________________________.

g) ―... para que o Negrinho as ajude a recuperá-los.‖ (l. 36) _____________ /____________.

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

12. Leia o poema abaixo.

A abolição dos escravos no Brasil

Os escravos no Brasil

Eram muito maltratados

Enriqueciam os patrões

E viviam acorrentados.

Trabalhavam até doentes

Sem direito a reclamar

Se cometesse alguma falta

Ia ‗pro‘ tronco apanhar.

Muitas pessoas lutaram

Pra acabar com o sofrimento

Dessas pessoas humildes

Pois ouviam seus lamentos.

Veio a Lei do Ventre Livre

Já foi meio caminho andado

Pois aí os que nasciam

Não mais eram escravizados.

A Lei dos Sexagenários

Libertava os de sessenta

Pois quando o homem está velho

Trabalhar já não aguenta.

Foi a Princesa Isabel

Que com um gesto muito bravo

No dia 13 de maio

Deu liberdade aos escravos.

Com este gesto heroico

De princesa lutadora

Ficou sendo conhecida

Isabel ―A Redentora‖.

Assim acabou-se a vergonha

Página feia de nossa história

Infelizmente este fato

Ficou em nossa memória.

No dia 13 de maio

Foi também denunciado

O racismo no Brasil

Foi um fato consumado.

Negros, índios, brancos e pardos

Temos direitos iguais

E discriminar é crime

Vai parar nos tribunais.

Elizângela Tavares da Cruz (Manacapuru - AM - por correio eletrônico)

Fonte: http://www.pucrs.br/mj/poema-negro-71.php

a) Qual semelhança podemos encontrar entre a lenda e o poema acima?

b) E qual a diferença entre eles?

13. Leia a reportagem abaixo.

Estrangeiros resgatados de escravidão no Brasil são 'ponta de iceberg'

Fernanda Nidecker. Da BBC Brasil em Londres Atualizado em 13 de maio 2013

No dia em que o Brasil comemora 125 anos da abolição da escravatura, especialistas ouvidos pela BBC Brasil

afirmam que no cenário atual do combate ao trabalho escravo no país, a situação que desponta como a mais

preocupante é a dos estrangeiros que chegam ao Brasil em busca de um eldorado de oportunidades.

A crescente demanda por mão de obra no país, resultante da expansão econômica na última década, tem

exposto imigrantes de várias nacionalidades a condições de trabalho análogas às da escravidão - servidão por dívida,

jornadas exaustivas, trabalho forçado e condições de trabalho degradantes.

Segundo Renato Bignami, coordenador do programa de Erradicação do Trabalho Escravo da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em São Paulo, o número de

estrangeiros resgatados no Estado vem aumentando.

Ele afirma que, desde 2010, quando começaram as operações de combate ao trabalho escravo voltadas exclusivamente para estrangeiros, 128 bolivianos e um peruano foram resgatados no Estado de São Paulo, que

concentra o maior contingente de trabalhadores estrangeiros do país.

Todos eles foram encontrados em oficinas de costura ilegais, terceirizadas por confecções contratadas por

marcas conhecidas, como Zara, Cori, Emme e Luigi Bertolli. [...]

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/05/130508_trabescravo_estrangeiros_fl.shtml

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a) Qual ideia presente no poema é contradita nesta reportagem?

b) Qual é a sua opinião a respeito do tema abordado nos três textos (escravidão); contra ou a favor?

c) Você conhece alguém que realiza ou já realizou algum tipo de trabalho escravo diferente do que foi

citado na reportagem?

Produção Inicial Você percebeu que o autor da lenda anterior é alguém que apenas narra, mas não participa da

história. Já que a história é tão legal e retrata a história do nosso país, que tal fazermos parte dessa aventura

também? Reescreva a história, fazendo as adaptações necessárias, mas sem se esquecer de que o narrador será uma voz coletiva – os negrinhos do pastoreio – e que deverá usar bastante o pronome nós.

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João-de-barro

Segundo a lenda, há muito tempo, numa tribo do sul do

Brasil, um jovem se apaixonou por uma moça de grande beleza.

Jaebé, o moço, foi pedi-la em casamento.

O pai dela então perguntou:

— Que provas podes dar de sua força para pretender a mão

da moça mais formosa da tribo?

— As provas do meu amor! – respondeu o jovem Jaebé.

O velho gostou da resposta, mas achou o jovem atrevido,

então disse:

— O último pretendente de minha filha falou que ficaria

cinco dias em jejum e morreu no quarto dia.

— Pois eu digo que ficarei nove dias em jejum e não

morrerei.

Toda a tribo se admirou com a coragem do jovem

apaixonado. O velho ordenou que se desse início à prova. Então, enrolaram o rapaz num pesado couro de

anta e ficaram dia e noite vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado. A jovem apaixonada

chorava e implorava à deusa Lua que o mantivesse vivo. O tempo foi passando e certa manhã, a filha pediu

ao pai:

— Já se passaram cinco dias. Não o deixe morrer.

E o velho respondeu:

— Ele é arrogante, falou nas forças do amor. Vamos ver o que acontece.

Esperou então até a última hora do novo dia, então ordenou:

— Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé.

Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro. Seus olhos brilharam, seu sorriso tinha uma luz

mágica. Sua pele estava limpa e tinha cheiro de perfume de amêndoas. Todos se admiraram e ficaram mais

admirados ainda quando o jovem, ao ver sua amada, se pôs a cantar como um pássaro enquanto seu corpo,

aos poucos, se transformava num corpo de pássaro!

E foi naquele exato momento que os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu

transformada em um pássaro. E, então, ela saiu voando atrás de Jaebé, que a chamava para a floresta onde

desapareceram para sempre.

Podemos constatar a prova do grande amor que uniu esses dois jovens no cuidado com o que o João-

de-barro constrói sua casa e protege os filhotes. Os homens admiram o pássaro João-de-barro porque se

lembram da força do Jaebé, uma força que nasceu do amor e foi maior que a morte.

Atividades

1. Qual é o tema e o assunto do texto?

2. Qual era a intenção do velho índio quando conta sobre o último pretendente da filha?

3. Sabe-se que a lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos,

podendo combinar fatos reais com irreais. Comprove por meio do texto, um trecho que possa ser

produto da imaginação, ou seja, irreal.

4. Segundo a lenda, onde a narrativa se passa?

5. Depois de ler o texto, o que podemos inferir sobre a atitude do jovem Jaebé?

6. O autor associa o amor dos dois jovens à lenda do pássaro João de barro. Justifique.

Page 48: Sequência Didática II

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7. Por que o jovem Jaebé se propôs à prova dita pelo velho índio?

8. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque:

a) ―... a mão da moça mais formosa da tribo?‖ (l. 5,6) __________________________.

b) ― O último pretendente da minha filha...‖ (l. 10) __________________________.

c) ―... ficarei nove dias em jejum...‖ (l. 12) __________________________.

d) ―Ele é arrogante...‖ (l. 21) __________________________.

e) ―... Jaebé saltou ligeiro.‖ (l. 24) __________________________.

9. Que ideia expressam as palavras destacadas nas frases abaixo:

a) ―Segundo a lenda, há muito tempo, numa tribo do sul do Brasil...‖ (l. 1) _____________________.

b) ―O tempo foi passando e certa manhã, a filha pediu ao pai:‖ (l. 17) __________________________.

c) ―... para a floresta onde desapareceram para sempre.‖ (l. 29,30) __________________________.

10. As palavras destacadas nas frases abaixo se referem a que/quem:

a) ―Jaebé, o moço, foi pedi-la em casamento.‖ (l. 2,3) __________________________.

b) ―O pai dela então perguntou:‖ (l. 4) __________________________.

c) ―...ficaram dia e noite vigiando para que ele não saísse...‖ (l. 16) __________________________.

d) ―Não o deixe morrer.‖ (l. 19) __________________________.

e) ―E o velho respondeu:‖ (l. 29) __________________________.

11. Nos trechos abaixo coloque O para opinião e F para fato: (H. 9.2)

a) ( ) ―... morreu no quarto dia.‖ (l. 11)

b) ( ) ―...certa manhã, a filha pediu ao pai:‖ (l. 17,18)

c) ( ) ―... seu sorriso tinha uma luz mágica.‖ (l. 24,25)

d) ( ) ―Sua pele estava limpa.‖ (l. 25)

e) ( ) ―...ela saiu voando atrás de Jaebé.‖ (l. 29)

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12. Nas frases abaixo, explique o sentido da pontuação usada pelo autor:

a) ―Jaebé, o moço, foi pedi-la em casamento.‖ (l. 2,3) Vírgulas: __________________________.

b) ―— As provas do meu amor!‖ (l. 7) Exclamação: __________________________.

c) ―— Já se passaram cinco dias.‖ (l. 19) Travessão: __________________________.

d) ―E o velho respondeu:‖ (l. 20) Dois pontos: __________________________.

13. Qual a consequência do ato de coragem do jovem Jaebé?

14. Sabendo que o adjetivo atribui uma qualidade, característica ou estado, identifique a frase onde se

encontra um termo que indique qualidade.

a) ―... a coragem do jovem apaixonado.‖ (l. 14,15)

b) ―... a mão da moça mais formosa...‖ (l. 5,6)

c) ―A jovem apaixonada chorava...‖ (l. 16,17)

d) ―... Jaebé saltou ligeiro.‖ (l. 24)

15. Leia os textos abaixo.

Na letra da música, a cantora faz um pedido ao João de Barro: “Por favor me ensine como guardar

meu amor”. Se tivermos como base o texto I, podemos entender o porquê desse pedido?

Texto II

João de Barro

Maria Gadú

O meu desafio é andar sozinho

Esperar no tempo os nossos destinos

Não olhar pra trás, esperar a paz

O que me traz

A ausência do seu olhar

Traz nas asas um novo dia

Me ensina a caminhar

Mesmo eu sendo menino aprendi

Oh meu Deus me traz de volta essa menina

Porque tudo que eu tenho é o seu amor

João de Barro eu te entendo agora

Por favor me ensine como guardar meu amor

Texto I

Verdade ou mito?

João-de-barro prende a parceira se descobre traição

por Fábio Paschoal em 6 de julho de 2012

O que você faria se descobrisse uma traição? O joão-de-

barro fecharia a parceira dentro do ninho, aprisionando-a ali para

sempre. Essa história, que ouvi durante uma roda de tereré no

Pantanal, me deixou intrigado e resolvi investigar a origem da crença.

O joão-de-barro constrói seu ninho junto com a fêmea. Eles são

excelentes arquitetos e utilizam lama para fazer uma estrutura complexa, semelhante a um forno de pizza. Para entrar na casa é

preciso passar por um corredor em forma de ―L‖, que leva a uma

câmara onde a fêmea irá colocar seus ovos. Lá eles estarão protegidos do bico do tucano, que não consegue fazer a curva.

[...]

http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/curiosidade-animal/verdade-ou-mito-joao-de-barro-prende-a-parceira-se-descobre-que-

foi-traido/

Page 50: Sequência Didática II

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

16. Analise a seguinte propaganda.

a) O que a propaganda acima está divulgando?

b) Tendo como referência o texto I da questão anterior, justifique uso da imagem do João de Barro na

propaganda do Banco Bradesco.

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

A gralha azul

Há muito tempo atrás, a gralha azul era apenas

uma gralha parda, semelhante às outras de sua espécie.

Mas um dia a gralha azul resolveu pedir para Deus lhe dar

uma missão que lhe faria muito útil e importante. Deus lhe

deu um pinhão, que a gralha pegou com seu bico com toda

força e cuidado.

Abriu o fruto e comeu a parte mais fina. A outra

parte mais gordinha resolveu guardar para depois,

enterrando-a no solo. Porém, alguns dias depois ela havia

esquecido o local onde havia enterrado o restante do

pinhão.

A gralha procurou muito, mas não encontrou

aquela outra parte do fruto. Porém, ela percebeu que havia nascido na área onde havia enterrado uma

pequena araucária. Então, toda feliz, a gralha azul cuidou daquela árvore com todo amor e carinho. Quando

o pinheiro cresceu e começou a dar frutos, ela começou a comer uma parte dos pinhões e enterrar a parte

mais gordinha (semente), dando origem a novas araucárias. Em pouco tempo, conseguiu cobrir grande parte

do Estado do Paraná com milhares de pinheiros, dando origem à floresta de Araucária.

Quando Deus viu o trabalho da gralha azul, resolveu dar um prêmio a ela: pintou suas penas da cor

do céu, para que as pessoas pudessem reconhecer aquele pássaro, seu esforço e dedicação. Assim, a gralha

que era parda, tornou-se azul.

www.suapesquisa.com/folclorebrasileiro/lenda_gralha_azul.htm

Atividades

1. Qual é o tema e o assunto do texto?

2. Como é chamada a árvore que dá o pinhão?

3. O que a gralha queria com Deus? E qual foi a atitude dele?

4. O que a gralha fez assim que recebeu o ―presente‖?

5. O que gerou o nascimento do primeiro pinheiro?

6. De acordo com a lenda, como se deu o surgimento da floresta Araucária?

7. Como você avalia a atitude da gralha?

8. Qual a consequência para a gralha de seu ato?

9. Nas frases abaixo encontre o significado das palavras em destaque:

a) ―... era apenas uma gralha parda. (l. 1,2) __________________________.

b) ―... Deus lhe deu um pinhão...‖ (l. 4,5) __________________________.

c) ―... havia enterrado uma pequena araucária.‖ (l. 13,14) __________________________.

d) ―... a gralha que era parda, tornou-se azul.‖ (l. 19,20) __________________________.

Page 52: Sequência Didática II

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

12. Que ideia expressam as palavras destacadas nas frases abaixo:

a) ―Há muito tempo atrás, a gralha azul era apenas...‖ (l. 1) __________________________.

b) ―...o local onde havia enterrado o restante do pinhão.‖ (l. 9,10) __________________________.

c) ―Assim, a gralha que era parda, tornou-se azul.‖ (l. 19, 20) __________________________.

13. As palavras destacadas nas frases abaixo se referem a que/quem:

a) ―Deus lhe deu um pinhão...‖ (l. 4,5) __________________________.

b) ―...enterrando-a no solo.‖ (l. 9) __________________________.

c) ―...alguns dias depois ela havia esquecido o local...‖ (l. 9,10) __________________________.

14. Nos trechos abaixo coloque O para opinião e F para fato:

a) ( ) ―Há muito tempo atrás, a gralha azul era apenas uma gralha parda.‖ (l. 1,2)

b) ( ) ―Deus lhe deu um pinhão...‖ (l. 4,5)

c) ( ) ―... a gralha pegou com seu bico com toda força e cuidado.‖ (l. 5,6)

d) ( ) ―Quando o pinheiro cresceu começou a dar frutos...‖ (l. 14,15)

e) ( ) ―...uma missão que lhe faria muito útil e importante.‖ (l. 4)

f) ( ) ―...cuidou daquela árvore com todo amor e carinho. (l. 14)

15. O que essa lenda que você acabou de ler e a anterior, João-de-barro, têm em comum?

16. Sabendo que as lendas foram ensinamentos transmitidos oralmente, por gerações antigas, imagine

qual seria a importância delas naqueles tempos?

17. E hoje em dia, qual a importância que a palavra tem? É possível confiar apenas nela?

Page 53: Sequência Didática II

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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – ANOS FINAIS / SRE - CURVELO

Produção Final

Há duas espécies de plantas conhecidas como árvore-da-felicidade. Uma chamada ―fêmea‖,

apresenta folhas delgadas, bem recortadas e de coloração clara. Outra, chamada ―macho‖, possui folhas mais

robustas e de um verde intenso. É costume plantá-las lado a lado, para que as folhagens e mesmo os troncos

se entrelacem à medida que crescem. Ao final da tarde, elas exalam um aroma característico.

Produza agora uma lenda que explique a origem da árvore-da-felicidade. Não se esqueça de dar um

título bem criativo!

Planeje seu texto refletindo sobre os tópicos abaixo.

a) Em que lugar a ação se desenvolverá? Se o espaço for uma aldeia indígena, você poderá fazer uma

pesquisa em livros ou na internet para conhecer o lugar onde vivem esses índios e ter outras

informações significativas.

Veja o nome de alguns grupos indígenas que podem ser pesquisados: Tikuna, Yanomami, Pankaruru,

Kayapó, Guarani, Xavante, Xerente, Nambikwara, Monduruku.

b) Além da explicação para o surgimento da árvore da felicidade, sua narrativa deve trazer um

ensinamento. O que ela irá ensinar?

c) Quais serão os protagonistas da sua história? Considere que, para contar a origem da árvore-da-

felicidade, caracterizada por possuir macho e fêmea, provavelmente você precisará de um homem e

uma mulher (um casal de namorados, mãe e filho, pai e filha, etc.)

d) Qual é a aventura que essas personagens vão viver e o que justificará a metamorfose?

e) Forças sobrenaturais terão um papel decisivo sobre o desfecho da narrativa? Como você pretende

caracterizá-las?

Observe essas orientações ao produzir sua lenda:

Em seu texto devem aparecer a apresentação da situação inicial vivida pelas personagens, uma

complicação que levará as personagens a viver alguma aventura, culminando na metamorfose, e

a situação final das personagens.

O foco narrativo deve ser em terceira pessoa.

Utilize a tabela abaixo para fazer uma autoavaliação da sua narrativa.

O texto lido apresenta Sim Não

Sua narrativa dá uma explicação imaginária para o surgimento da árvore

da felicidade?

A narrativa enfoca algum poder sobrenatural?

Pelo menos uma das personagens sofre metamorfose?

Ela contém um ensinamento? Qual?

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