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ORL pediátrica

Jul 06, 2015

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Sociedade Brasileira de Pediatria

Antimicrobianos na Prtica Clnica PeditricaGuia Prtico para Manejo no Ambulatrio, na Emergncia e na EnfermariaOs fascculos j editados do curso ANTIMICROBIANOS NA PRTICA CLNICA PEDITRICA - GUIA PRTICO PARA MANEJO NO AMBULATRIO, NA EMERGNCIA E NA ENFERMARIA, podem ser consultados e impressos pelo site www.sbp.com.br (Educao Mdica Continuada - Cursos de Atualizao).ANTIBITICOS EM OTORRINOLARINGOLOGIA PEDITRICA1

Coordenao Geral do Projeto: Lincoln Marcelo S. Freire (Presidente - SBP) Coordenao Tcnica: Mrio Santoro Jr. Coordenao Cientfica: Departamento de Infectologia Dra. Regina Clia de Menezes Succi (Presidente)ANTIBITICOS EM OTORRINOLARINGOLOGIA PEDITRICA

Organizao: PRONAP Programa Nacional de Educao Continuada em Pediatria: Joo Coriolano R. Barros (Coordenador)

Coordenao Executiva: Valdenise Martins Laurindo Tuma Calil

Secretria Executiva: Fabricia Gil Cardoso

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PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAO CONTINUADA EM PEDIATRIA - PRONAP

Conselho Editorial Claudio Leone (SP) Conceio Aparecida de Mattos Segre (SP) Lcia Ferro Bricks (SP) Mrio Santoro Jnior (SP) Marta Miranda Leal (SP) Francisco Roque Carrazza (SP) (in memorian) Eduardo da Silva Carvalho (SP) (in memorian) Jos Dirceu Ribeiro (SP) Regina Clia de Menezes Succi (SP) Conselho Consultivo Luiz Afonso Henriques Mariz (RJ) Antnio da Silva Macedo (PI) Luiza Helena Falleiros R. Carvalho (SP) Fbio Ancona Lopes (SP) Jos Silvrio Santos Diniz (MG) Nelson de Carvalho Assis Barros (BA) Themis Reverbel da Silveira (RS)

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Conselho Cientfico Departamento de Infectologia Ncleo Gerencial (Gesto 2001-2003): Dra. Regina Clia de Menezes Succi

Membros: Carmen Lcia Oliveira Silva (BA) Cristina Maria Costa Nascimento de Carvalho (BA) Edward Tonelli (MG) Eitan Naaman Berezin (SP) Helena Keico Sato (SP) Heloisa Helena de Sousa Marques (SP) Lus Carlos Rey (CE) Maria ngela Wanderley Rocha (PE) Mariza Martins Aurlio (GO) Myrtes Amorelli Gonzaga (RJ) Reinaldo de Menezes Martins (RJ)

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Autores deste Fascculo

ANTIBITICOS EM OTORRINOLARINGOLOGIA PEDITRICA

Mdulo B Fascculo XIV Dr. Luc Louis Maurice Weckx Dra. Eulalia Sakano

ANTIMICROBIANOS NA PRTICA CLNICA PEDITRICA GUIA PRTICO PARA MANEJO NO AMBULATRIO, NA EMERGNCIA E NA ENFERMARIA um curso completo sobre antimicrobianos que visa a atualizar e reciclar os pediatras neste tema de uso to freqente no seu cotidiano. bvio que, alm dos pediatras, outros especialistas podero encontrar neste curso os mesmos benefcios. O curso foi planejado e organizado para ser desenvolvido em dois mdulos: mdulo A, com doze fascculos, e mdulo B, com seis fascculos, em um total de dezoito fascculos. O curso prev onze fascculos de anlise individual dos antimicrobianos. Seis fascculos sero destinados ao uso de antimicrobianos em cada uma das especialidades peditricas, e um fascculo ser reservado incluso de artigos importantes referentes ao que h de mais relevante na atualizao do tema, tanto na literatura nacional quanto na internacional. A seguir, voc estar recebendo instrues para um bom aproveitamento deste curso.

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Esclarecimentos Necessrios

Instrues para o Melhor AproveitamentoEste um fascculo de auto-instruo, abordando temas vinculados aos antimicrobianos na prtica peditrica do dia-a-dia. Cada tema apresentado da seguinte forma: G uma parte inicial, com testes e perguntas sobre o tema, para que voc realize um prteste de seus conhecimentos; G um texto sobre o tema, cujos pontos mais importantes esto destacados de modo a chamar a sua ateno para eles; G uma parte final, com testes e perguntas de contedo correspondente ao inicial, para que voc faa nova auto-avaliao. Para que o rendimento de seu estudo seja o melhor possvel (afinal, voc est investindo seu precioso tempo nele), siga rigorosamente estas recomendaes: 1. Responda o pr-teste antes de estudar o tema, pois assim voc perceber melhor seus pontos fracos sobre ele. Assinale a resposta no prprio pr-teste de maneira bem legvel (ao terminar o estudo do tema, voc dever voltar e rever o pr-teste). 2. Terminado o pr-teste, leia atentamente o texto-base duas vezes: a primeira, de maneira corrida, sem interrupes, e a segunda, detendo-se com mais ateno nas partes grifadas e/ou que lhe parecem ser correspondentes ao que foi perguntado no prteste. Ateno, no volte a folhear o pr-teste antes de ter completado as duas leituras do texto. 3. Responda ao ps-teste. melhor que voc responda logo aps terminar a leitura; seu aprendizado ter maior rendimento do que se voc deixar para respond-lo em uma ocasio posterior. 4. A seguir, veja as respostas dos dois testes (pr e ps), buscando, se necessrio, a resposta certa no texto. Procure com calma, ela estar sempre presente no texto. 5. Completado o tema, deixe passar alguns dias e volte a retom-lo, relendo-o de maneira completa, pr e ps-teste inclusive, de forma a sedimentar seus conhecimentos e rever seus erros e acertos. 6. No nmero seguinte, voc receber as respostas corretas para os testes dos temas do nmero anterior. Compare-as com as suas, do pr e ps-teste; uma forma de reestudar o assunto e realizar a reviso de seus conhecimentos. 7. Caso, aps esta correo final, persistir alguma dvida; resposta dbia ou, na sua opinio, incorreta; ou se voc achar partes do texto confusas etc., escreva-nos, explicitando de maneira completa e detalhada qual a sua dvida, fazendo com que possamos tentar esclarec-la. Nosso endereo voc j tem.

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Observaes importantes1. O material preparado para ser estudado individualmente. RECOMENDAMOS que no o utilize de modo coletivo antes de voc completar o estudo de cada fascculo. Se quiser us-lo de modo coletivo, faa cpias e, depois de seu estudo individual, repita-o com outros colegas. 2. Concentrando-se e seguindo atentamente essas instrues, temos certeza de que voc ter um bom aproveitamento. 3. ATENO! Ao trmino de cada srie, voc receber uma prova nos mesmos moldes do pr e ps-teste que voc j respondeu no decorrer do curso, com consulta livre. Os que enviarem as respostas, tiverem uma margem de acerto de 90% das questes e forem scios quites da SBP faro jus a um Certificado de Parede emitido pela nossa Entidade. Bom estudo!

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Pr-TesteAssinale, a seguir, se as afirmativas so verdadeiras (V) ou falsas (F): 1. O antibitico de primeira escolha na otite mdia aguda (OMA) a amoxilicina. ( )V ( )F

2. Na otite mdia aguda, em caso de falha teraputica aps 72 horas de antibioticoterapia, pensando-se em pneumococo resistente, est indicado o uso de amoxicilina + cido clavulnico ou de cefalosporina de segunda gerao. ( )V ( )F

3. Criana com OMA e vmitos, ceftriaxona IM por trs a cinco dias uma opo. ( )V ( )F

4. Membrana timpnica opaca no stimo dia de amoxicilina para tratar uma OMA, com a criana afebril e sem otalgia, sugere a necessidade de mudana de antibitico. ( )V ( )F

5. A otite mdia secretora residual ps OMA pode levar at dois a trs meses para regredir espontaneamente. ( )V ( )F

6. A maioria das amigdalites agudas viral. ( )V ( )F

7. Amigdalite aguda com febre alta, incio sbito, linfadenite cervical dolorosa e petquias no palato sugerem etiologia viral. ( )V ( )F

8. Aproximadamente trinta por cento das amigdalites agudas bacterianas so causadas por Streptococcus beta-hemoltico do grupo A. ( )V ( )F

9. Em casos de alergia penicilina, est indicado o uso do sulfametoxazol-trimetoprima no tratamento da amigdalite aguda purulenta. ( )V ( )F

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10. A amoxicilina durante dez dias na amigdalite aguda bacteriana tem a mesma eficcia clnica e erradicao bacteriana do que a axetil-cefuroxima durante cinco dias. ( )V ( )F

11. Somente 0,5% a 2% dos resfriados e gripes complicam-se com uma rinossinusite aguda bacteriana. ( )V ( )F

12. Crianas com rinorria, obstruo nasal e tosse h trs dias de durao sugerem o diagnstico de sinusite aguda bacteriana. ( )V ( )F

13. Radiografia simples de seio da face com comprometimento sinusal, na vigncia de um resfriado, comprova a instalao de uma sinusite aguda bacteriana. ( )V ( )F

14. Na sinusite aguda purulenta, as bactrias mais freqentemente responsveis so Streptococcus pneumoniae e Haemophylus influenzae. ( )V ( )F

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15. A amoxicilina 40 a 50 mg/kg/dia o antibitico de primeira escolha para tratar sinusite aguda bacteriana leve ou moderada. ( )V ( )F

Antibiticos em Otorrinolaringologia Peditrica

I. Introduo 1. Otite Mdia Aguda (OMA) Embora a otite mdia aguda seja a infeco mais freqente, depois do resfriado, no consultrio do pediatra, nem sempre fcil concluir por este diagnstico, principalmente quando o conduto auditivo estreito, com excesso de cerumen, com o choro ocasionando hiperemia por trs da membrana timpnica ou, ainda, com ms condies de exame (pilha fraca ou lmpada velha do otoscpio) e uma me pouco colaboradora na conteno do pequeno paciente. Para complicar um pouco mais, a criana com OMA pode no apresentar febre nos primeiros dias, nem otalgia. O aspecto da membrana timpnica sugestivo de OMA a colorao opaca (branca ou amarelada), com ou sem hiperemia (freqentemente so vasos sangneos radiados) e com abaulamento. Em certa porcentagem dos casos, ocorre a perfurao aguda da membrana timpnica (s vezes, inicia-se assim), com sada de secreo purulenta; em geral, a perfurao pequena, de difcil visualizao, suficiente apenas para a sada do exsudato. 2. Microbiologia da Otite Mdia Aguda As bactrias mais freqentemente associadas OMA so: Streptococcus pneumoniae, Haemophylus influenzae e Moraxella catarrhalis; a maioria dos estudos microbiolgicos brasileiros em OMA mostra uma porcentagem importante tambm de Staphylococcus aureus. No Brasil, em relao resistncia bacteriana, os pneumococos em infeces sistmicas invasivas apresentam ndice ao redor de 20% de resistncia penicilina, sendo 2% com alto nvel de resistncia. A resistncia de H. influenzae est relacionada produo de betalactamase, o que ocorre com aproximadamente 10% de H. influenzae isolado a partir de doenas invasivas em nosso meio. necessrio ressaltar que a OMA pode ainda ser causada por vrus, entre eles o vrus sincicial respiratrio, adenovrus, influenza A ou B; a OMA viral deve sempre ser lembrada, pois nem sempre possvel diferenci-la de um quadro bacteriano. Portanto, nem sempre uma demora na resposta teraputica corresponder a uma falha do antibitico, pois em vrios casos poder tratar-se de uma OMA de etiologia viral. 3. Antibioticoterapia Conquanto alguns pases no adotem de rotina o antibitico na OMA, baseados num critrio de cura espontnea de at 80% num perodo de 7 a 14 dias, a indicao da antibioticoterapia visa, entre outros, preveno de complicaes, como a mastoidite aguda. No h critrios que definam qual paciente dever ou no tomar antibitico; por exemplo, as OMAs causadas por pneumococos curam em menor nmero sem o uso de antibitico. A amoxicilina continua sendo a droga de primeira escolha para o tratamento da OMA, devendo ser utilizada por um perodo de dez dias, com reavaliao entre o stimo e o dcimo dia de tratamento. Nas crianas alrgicas penicilina, os macroldeos ou a sulfametoprima so uma boa opo. Nos pacientes com falha teraputica (ou seja, com persistncia dos sintomas aps 48 a 72 horas de tratamento com antibitico de primeira escolha) ou com OMA mais severa e ameaando complicaes, ou com antecedentes de otite mdia recorrente ou com uso recente de antibitico nos ltimos 30 dias, parte-se para os antibiticos de segunda escolha na OMA: amoxicilina em dose maior com 80 a 90 mg/kg/dia (pensando-se em pneumococos resistentes) ou antibiticos de maior espectro (pensandose em bactrias produtoras de betalactamase), como a amoxicilina associada ao cido clavulnico e as

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cefalosporinas de segunda e terceira geraes, por via oral, como cefaclor, cefprozil, cefuroxima ou cefpodoxima. Em situaes especiais, como falha teraputica com antibiticos de segunda escolha ou criana com vmitos, pode-se recorrer a cefalosporinas de terceira gerao intramusculares (ceftriaxona), durante trs a cinco dias. importante ressaltar que a membrana timpnica na reavaliao do dcimo dia pode ainda estar opaca, porm a criana est bem, sem sintomas clnicos; isto traduz uma otite mdia secretora residual (que pode levar at dois a trs meses para resolver totalmente) e no uma falha teraputica, no se justificando, portanto, uma troca de antibitico.

Antibioticoterapia na Otite Mdia Aguda

PRIMEIRA ESCOLHAOMA NO COMPLICADA E SEM USO RECORRENTE DE ATB amoxicilina 40 a 50 mg/kg/dia duas ou trs vezes por dia nos alrgicos penicilina: macroldeos (crianas > 6 meses) ou sulfametoprima

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SEGUNDA ESCOLHAOMA GRAVE OU RECORRENTE OU FALHA TERAPUTICA APS 72 HORAS OU USO DE ATB NOS LTIMOS TRINTA DIAS amoxicilina 80 a 90 mg/kg/dia ou amoxicilina + cido clavulnico ou cefalosporina de segunda ou terceira gerao VO - axetil-cefuroxima - cefaclor - cefprozil - cefpodoxima

TERCEIRA ESCOLHA FALHA TERAPUTICAEncaminhamento ao otorrinolaringologista miringotomia com cultura de secreo ceftriaxona IM cinco dias clindamicina VO dez dias vancomicina IM

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II. Faringotonsilites Agudas As faringotonsilites ou faringoamigdalites agudas so definidas como qualquer processo inflamatrio e/ou infeccioso agudo da mucosa farngea. Quando afetam as tonsilas palatinas so denominadas amigdalites, quando afetam a faringe, de faringites, e, acometendo ambas, so as faringoamigdalites ou faringotonsilites, tambm denominadas anginas. As amigdalites agudas se manifestam tipicamente por dor de garganta, odinafagia, febre, otalgia reflexa, astenia, dores musculares, cefalias, artralgia e aumento de linfonodos cervicais. Conforme a apresentao clnica, podem ser classificadas em eritematosas, eritematopultceas, pseudomembranosas e ulcerosas (superficiais e profundas). 1. Microbiologia As amigdalites agudas podem ser de etiologia viral (40% a 50%), bacteriana (20% a 40%) ou desconhecida (10% a 30%). Nas amigdalites agudas virais, os principais agentes causadores so os vrus influenzae A e B, parainfluenzae 1, 2 e 3, ecovrus, rinovrus e adenovrus; nas formas especficas, destacam-se o Coxsakie vrus (herpangina), o Paramixovrus (sarampo), o Herpes vrus hominis (angina herptica) e o vrus Epstein Barr (mononucleose). As amigdalites agudas bacterianas tm como principal agente Streptococcus pyogenes ou Streptococcus beta-hemoltico do grupo A, responsvel pelas complicaes das tonsilites (febre reumtica, glomerulonefrite difusa aguda), sendo isolado em nosso meio em aproximadamente 30% das amigdalites agudas purulentas. Outras bactrias patgenas tambm referidas e muitas vezes encontradas como germes da flora normal so: Haemophilus influenzae, Staphylococcus aureus e Moraxella catarrhalis. Existem hoje no mercado vrios testes para deteco rpida de Streptococcus pyogenes; a maioria deles baseia-se na deteco do antgeno bacteriano atravs de reao com anticorpo e verificao de aglutinao (teste positivo); a leitura se faz em cinco a dez minutos, porm estes testes no so capazes de detectar pequenas quantidades de Streptococcus e a sua relao custo-benefcio ainda alta para serem utilizados rotineiramente em nosso meio. A cultura e antibiograma de orofaringe esto reservados para casos de pacientes imunodeprimidos, nas amigdalites agudas ulceronecrticas, nas crises agudas de amigdalites de repetio, nas complicaes como abcesso periamigdaliano, nas tonsilites crnicas, na suspeita de difteria ou para pesquisa de portador assintomtico. 2. Antibioticoterapia O uso de antibitico em crianas com tonsilite aguda deve ser reservado aos casos em que a infeco bacteriana, em especial nos causados por Streptococcus do grupo A. Febre maior que 38oC e de incio sbito, presena de exsudato purulento (puntiforme ou em placas), linfadenite cervical anterior dolorosa, ausncia de tosse, petquias no palato e odinofagia so sugestivos de etiologia bacteriana. Enquanto a presena de coriza, obstruo nasal, espirros, rouquido, aftas e sintomas gastrintestinais so citados como preditivos de etiologia viral. O antibitico de primeira escolha na faringotonsilite aguda ainda a penicilina: Penicilina benzatina: apresenta baixo custo e dose nica, porm somente podendo ser administrada em ambiente hospitalar ou posto de sade. Penicilina por via oral: o fato de ter que ser administrada de seis em seis horas por dez dias dificulta a adeso ao tratamento, alm do que selecionaria germes saprfitas produtores de betalactamase, passando a ser mais uma alternativa do que uma primeira escolha.

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Amoxicilina: pode ser administrada duas ou trs vezes por dia, mas tem que ser por dez dias para garantir a erradicao bacteriana. Como alternativas no tratamento da faringotonsilite aguda, podem tambm ser utilizados os macroldeos (azitromicina e claritromicina) e as cefalosporinas de primeira gerao (cefalexina). Est tambm demonstrado que cefalosporinas de segunda gerao (cefaclor, axetil-cefuroxima, cefprozil) em esquema de curta durao (cinco dias de tratamento) tm a mesma eficcia clnica e microbiolgica que dez dias de amoxicilina ou uma dose de penicilina-benzatina. Nos casos de falha teraputica com antibiticos de primeira escolha ou em casos de amigdalites agudas recorrentes, pode-se prescrever o uso de amoxicilina associada ao cido clavulnico por dez dias ou de cefalosporinas de segunda gerao. importante ressaltar que a associao sulfametoxazol-trimetoprima, s vezes nico medicamento disponvel em postos de sade, deve ser evitada em virtude dos ndices de resistncia doStreptococcus beta-hemoltico a esta droga.

Antibioticoterapia na Faringoamigdalite Aguda

PRIMEIRA OPONAS AMIGDALITES PURULENTAS NO COMPLICADAS penicilina benzatina IM em dose nica amoxilina VO duas ou trs vezes por dia durante dez dias alternativas macroldeos cinco dias - azitromicina - claritromicina - roxitromicina penicilina VO dez dias cefalosporinas primeira gerao dez dias cefalosporinas segunda gerao cinco dias

ANTIBITICOS EM OTORRINOLARINGOLOGIA PEDITRICA

SEGUNDA OPONAS FALHAS TERAPUTICAS OU NAS AMIGDALITES AGUDAS RECORRENTES

amoxicilina + cido clavulnico dez dias cefalosporina segunda gerao cinco a dez dias

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III. Sinusite Aguda A sinusite ou rinossinusite aguda a resposta inflamatria da mucosa que reveste a cavidade nasal e os seios paranasais, com sintomas clnicos com at quatro semanas de durao. Dentre os sintomas mais freqentes nas crianas, destacam-se rinorria purulenta, obstruo nasal, tosse e, nos maiores, dor facial, cefalia e halitose. Deve-se suspeitar de sinusite aguda bacteriana quando os sintomas de infeco das vias areas superiores (resfriado, gripe) pioram aps o quinto dia ou persistem por mais de dez dias. As radiografias simples tm limitaes como mtodo diagnstico auxiliar na criana, porque os R-X simples podem acusar comprometimento sinusal tambm no resfriado (rinossinusite aguda viral) e na rinite alrgica, sem que isto signifique infeco bacteriana purulenta. Dentre os sinais radiolgicos sugestivos, mas no confirmatrios de infeco sinusal, destacam-se opacidade total do seio, espessamento maior que 4 mm da mucosa do seio maxilar e nvel hidroareo. Da que a indicao maior dos RX simples na sinusite quando se duvida do diagnstico de sinusite aguda, para mostrar que no h sinusite. Deve-se evitar solicitar radiografia de controle. Nos casos em que se suspeita de complicaes por infeco sinusal, isto , quando a infeco ultrapassa os limites anatmicos dos seios paranasais (orbitrias e intracranianas), deve-se recorrer tomografia computadorizada, e no aos RX simples; dentre os sinais de alarme: cefalia intensa, alteraes de viso, edema palpebral, sinais gerais de toxemia. 1. Microbiologia da sinusite aguda As rinossinusites agudas podem ser virais ou bacterianas. As sinusites bacterianas representam somente de 0,5% a 2% das rinossinusites agudas e geralmente se seguem a episdios de etiologia viral. Os principais agentes etiolgicos virais so o rinovrus, o vrus influenza, o parainfluenza e o adenovrus. Os agentes bacterianos causadores de rinossinusites so Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae no-capsulado e, em menor nmero, Streptococcus beta-hemoltico, Moraxella catarrhalis, Staphylococcus aureus e bactrias anaerbicas (Peptoestreptococcus e Fusobacterium). Em relao resistncia bacteriana, estudos realizados no Brasil apontam uma resistncia intermediria penicilina de aproximadamente 20% das cepas pneumoccicas e de 1% de cepas altamente resistentes. Cerca de 10% das cepas de H.influenzae isoladas e mais de 90% das de M.catarrhalis foram produtoras de betalactamase. 2. Antibioticoterapia na Sinusite Aguda A sinusite aguda, na grande maioria dos casos, responde ao tratamento clnico adequado; difcil definir se uma sinusite aguda bacteriana ou viral, j que a antibioticoterapia indicada apenas para a sinusite bacteriana. O tratamento antimicrobiano da sinusite aguda deve ser sempre eficaz contra S.pneumoniae e H.influenzae; como antibitico de primeira escolha, para tratar infeces leves ou moderadas, a amoxicilina pode ser administrada por sete a dez dias. Nesses casos, poderia utilizar-se tambm a combinao trimetoprimasulfametoxazol, tendo em vista seu baixo custo e fcil administrao, embora a escolha do antibitico na sinusite aguda deva sempre levar em conta a resistncia bacteriana regional. Nos casos de falha teraputica com antibitico de primeira escolha ou quando de infeces sinusais mais graves ou recorrentes, com uso recente de antibitico, as opes passam a ser amoxicilina em altas doses (80 a 90 mg/kg/dia), amoxicilina-clavulanato, cefalosporinas de segunda e terceira gerao por via oral (axetil-cefuroxima, cefaclor, cefprozil, cefuroxima, cefpodoxima), por 10 a 14 dias de administrao. Tambm como alternativas podem-se prescrever os macroldeos (azitromicina e claritromicina) e, em situaes especiais, o cloranfenicol.

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Talvez mais importante para a humanidade e o ecossistema no seja tratar adequadamente a rinossinusite aguda bacteriana, mas, sim, no tratar com antibitico a sinusite aguda viral.

Antibioticoterapia na Sinusite Aguda Infantil

PRIMEIRA OPOINFECES LEVES OU MODERADAS E SEM USO RECENTE DE ATB amoxicilina 40 a 50 mg/kg/dia dividida em duas ou trs doses sulfametoprima sete a dez dias

SEGUNDA OPOINFECES GRAVES OU RECORRENTES E/OU COM USO RECENTE DE ATB

amoxicilina 80 a 90 mg/kg/dia

ANTIBITICOS EM OTORRINOLARINGOLOGIA PEDITRICA

amoxicilina + cido clavulnico cefalosporina de segunda ou terceira gerao VO - axetil-cefuroxima - cefaclor - cefprozil - cefpodoxima alternativas: - azitromicina - claritromicina - cloranfenicol

10 a 14 dias

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REFERNCIASArajo, E; Sakano, E; Weckx, LLM - I Consenso Brasileiro sobre rinossinusite - Rev. Bras. ORL; 1999, 65(supl. 3):6-30. Brandileone, MCC; Di Fbio, JL; Vieira, VSD et al - Geografic distribution of penicilin resistance of Streptococcus pneumoniae in Brazil: genetic relatedness - Microbial Drug Resistance, 1998, 4:209217. Bricks, LF; Sih, T - Medicamentos controversos em otorrinolaringologia - J. Pediatria; 1999, 75(1): 11-22. Gwaltney, JM - Acute community - acquired sinusitis - Clin Infect Dis; 1996, 23:1209-25. Pichichero, ME; Cohen, R - Shortened course of antibiotic therapy for acute otites media, sinusitis and tonsillopharyngites - Pediatr Infec. Dis; 1997, 16:680-95. Rosenfeld, RM; Vertrees, JE; Carr, J - Clinical efficacy of antimicrobial drugs for acute otitis media: meta-analysis of 5400 children from thirty three randomized trials - J. Pediatr; 1994, 124: 355-367. Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia - Consenso sobre otites mdias - Rev. Bras. ORL; 1999, 65(supl. 8): 5-13. Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia - I Frum sobre faringoamigdalite - Rev. Bras. ORL; 2000 (no prelo). Sociedades Latino Americanas de Otorrinolaringologia - Primero Consenso Latino Americano sobre sinusitis - Infect Dis in Clin Pract; 2001 (suppl. 1): 20-12. Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia - Reviso do Consenso sobre otites mdias - Rev. Bras. ORL; 2001 (no prelo). Teixeira, MS; Weckx, LLM - Faringo-amigdalites - Rev. Bras. Med; 1999, 56:342-6.

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Ps-TesteAssinale, a seguir, se as afirmativas so verdadeiras (V) ou falsas (F): 1. O antibitico de primeira escolha na otite mdia aguda (OMA) a amoxilicina. ( )V ( )F

2. Na otite mdia aguda, em caso de falha teraputica aps 72 horas de antibioticoterapia, pensando-se em pneumococo resistente, est indicado o uso de amoxicilina + cido clavulnico ou de cefalosporina de segunda gerao. ( )V ( )F

3. Criana com OMA e vmitos, ceftriaxona IM por trs a cinco dias uma opo. ( )V ( )F

4. Membrana timpnica opaca no stimo dia de amoxicilina para tratar uma OMA, com a criana afebril e sem otalgia, sugere a necessidade de mudana de antibitico. ( )V ( )F

5. A otite mdia secretora residual ps OMA pode levar at dois a trs meses para regredir espontaneamente. ( )V ( )F

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6. A maioria das amigdalites agudas viral. ( )V ( )F

7. Amigdalite aguda com febre alta, incio sbito, linfadenite cervical dolorosa e petquias no palato sugerem etiologia viral. ( )V ( )F

8. Aproximadamente trinta por cento das amigdalites agudas bacterianas so causadas por Streptococcus beta-hemoltico do grupo A. ( )V ( )F

9. Em casos de alergia penicilina, est indicado o uso do sulfametoxazol-trimetoprima no tratamento da amigdalite aguda purulenta. ( )V ( )F

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10. A amoxicilina durante dez dias na amigdalite aguda bacteriana tem a mesma eficcia clnica e erradicao bacteriana do que a axetil-cefuroxima durante cinco dias. ( )V ( )F

11. Somente 0,5% a 2% dos resfriados e gripes complicam-se com uma rinossinusite aguda bacteriana. ( )V ( )F

12. Crianas com rinorria, obstruo nasal e tosse h trs dias de durao sugerem o diagnstico de sinusite aguda bacteriana. ( )V ( )F

13. Radiografia simples de seio da face com comprometimento sinusal, na vigncia de um resfriado, comprova a instalao de uma sinusite aguda bacteriana. ( )V ( )F

14. Na sinusite aguda purulenta, as bactrias mais freqentemente responsveis so Streptococcus pneumoniae e Haemophylus influenzae. ( )V ( )F

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15. A amoxicilina 40 a 50 mg/kg/dia o antibitico de primeira escolha para tratar sinusite aguda bacteriana leve ou moderada. ( )V ( )F

GABARITO DO FASCCULO 13 (Antibiticos em Dermatologia)

1) Verdadeiro. 2) Falso. 3) Verdadeiro. 4) Falso. 5) Verdadeiro. 6) Falso. 7) Verdadeiro. 8) Verdadeiro. 9) Falso. 10) Verdadeiro. 11) Falso.

12) D. 13) B. 14) A. 15) E.

ANTIBITICOS EM OTORRINOLARINGOLOGIA PEDITRICA18

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIADiretoria (Trinio 2001/2003)Presidente: Lincoln Marcelo Silveira Freire 1 Vice-Presidente: Dioclcio Campos Jnior 2 Vice-Presidente: Joo Cndido de Souza Borges Secretrio Geral: Eduardo da Silva Vaz 1 Secretrio: Vera Lcia Queiroz Bomfim Pereira 2 Secretrio: Marisa Bicalho P. Rodrigues 3 Secretrio: Fernando Filizzola de Mattos Diretoria de Planejamento Geral: Diretora de Planejamento Administrao e Finanas: Maria Tereza Fonseca da Costa 1Diretor Financeiro: Carlindo de Souza Machado e Silva Filho 2 Diretor Financeiro: Ana Maria Seguro Meyge Diretoria de Patrimnio: Mrio Jos Ventura Marques Coordenador do Selo de Certificao de Produtos: Claudio Leone Coordenador de Informtica: Eduardo Carlos Tavares Conselho Acadmico: Presidente: Nelson de Carvalho Assis Barros Secretrio: Reinaldo Menezes Martins Conselho Fiscal Raimunda Nazar Monteiro Lustosa Sara Lopes Valentim Nilzete Liberato Bresolin Assessorias da Presidncia: Pedro Celiny Ramos Garcia Fernando Antnio Santos Werneck Claudio Leone Luciana Rodrigues Silva Nelson de Carvalho Assis Barros Reinaldo Menezes Martins Diretor de Departamentos Cientficos: Nelson Augusto Rosrio Filho Diretoria de Cursos e Eventos: Dirceu Sol Coordenadores: Reanimao Neonatal: Jos Orleans da Costa Reanimao Peditrica: Paulo Roberto Antonacci Carvalho Seres: Edmar de Azambuja Salles Treinamento em Servios: Mrio Ccero Falco Congressos e Eventos: lvaro Machado Neto CIRAPs: Maria Odete Esteves Hilrio Diretoria de Ensino e Pesquisa: Lcia Maria Oliveira Moreira Coordenadores: Graduao: Dalva Coutinho Sayeg Residncia e Estgio Credenciamento Cleide Enoir Petean Trindade Diretoria de Ensino e Pesquisa: Residncia e Estgio Programas: Joaquim Antnio Csar Mota Ps-Graduao: Francisco Jos Penna Diretoria de Qualificao e Certificao Profissional: Clvis Francisco Constantino CEXTEP: Coordenador: Hlcio Villaa Simes rea de Atuao: Coordenador:Jos Hugo Lins Pessoa Recertificao: Coordenador: Jos Martins Filho Diretoria de Relaes Internacionais: Fernando Jos de Nbrega Coordenadores: Mercosul: Remaclo Fischer Jnior AAP: Conceio Aparecida de M. Segre IPA: Srgio Augusto Cabral Pesquisa: Marco Antnio Barbieri Diretoria de Publicaes: Renato Soibelmann Procianoy Coordenadores: Jornal de Pediatria: Jefferson Pedro Piva PRONAP: Joo Coriolano Rgo Barros PRONAP/Correios da SBP: Antonio Carlos Pastorino Documentos Cientficos: Paulo de Jesus Hartmann Nader Centro de Informaes Cientficas: rcio Amaro de Oliveira Filho Diretoria de Benefcios e Previdncia: Guilherme Mariz Maia Diretor Adjunto: Mrio Lavorato da Rocha Diretoria de Defesa Profissional: Eliane de Souza Diretoria de Promoo Social da Criana e do Adolescente: Joo de Melo Rgis Filho Coordenadores: Promoo de Campanhas: Rachel Niskier Sanchez Defesa da Criana e do Adolescente: Clia Maria Stolze Silvany Comisso de Sindicncia Euze Mrcio Souza Carvalho Jos Gonalves Sobrinho Rossiclei de Souza Pinheiro Antnio Rubens Alvarenga Maringela de Medeiros Barbosa

RIO DE JANEIRO Sede Rua Santa Clara, 292 - Copacabana - Rio de Janeiro/RJ Cep: 22041-010 Tel: (0xx21)2548-1999 Fax: (0xx21) 2547-3567 e-mail:[email protected] SO PAULO Rua Augusta, 1939 5 andar sl.53 So Paulo/SP Cep:01413-000 Tel/fax: (0xx11)3068-8595 e-mail:[email protected]

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