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Oriente Médio, Mundo Árabe e Mundo Muçulmano Panorama geopolítico (Quadros sinópticos, esquemas-resumo, Infográficos e Mapas Mentais) Módulo I Contextos e conceitos Parte 3 – Fundamentalismo (s) Parte 3 – Fundamentalismo (s) Wanderley Cavalcante - Junho/2009
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Oriente Médio, Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

Jan 08, 2016

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Oriente Médio, Mundo Árabe e Mundo Muçulmano. Panorama geopolítico (Quadros sinópticos, esquemas-resumo, Infográficos e Mapas Mentais) Módulo I Contextos e conceitos Parte 3 – Fundamentalismo (s). Wanderley Cavalcante - Junho/2009. Parte 1 - Oriente Médio Contexto geográfico - PowerPoint PPT Presentation
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Page 1: Oriente Médio,  Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

Oriente Médio, Mundo Árabe e

Mundo Muçulmano

Panorama geopolítico(Quadros sinópticos, esquemas-resumo, Infográficos e Mapas Mentais)

Módulo IContextos e conceitos

Parte 3 – Fundamentalismo (s)Parte 3 – Fundamentalismo (s)Wanderley Cavalcante - Junho/2009

Page 2: Oriente Médio,  Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

Panorama geopolítico

Parte 2 - Mundo MuçulmanoParte 2 - Mundo Muçulmanoe Mundo Árabee Mundo Árabe

• Islã: − Nascimento e expansão− Sunismo e Xiísmo− Mundos Árabe e Muçulmano (distinções)

• Mundo Árabe− Conceitos− O Pan-arabismo (emergência e crise) − A Liga Árabe

Parte 3 - Fundamentalismo (s)Parte 3 - Fundamentalismo (s)

• Conceitos• O fundamentalismo islâmico• “Como enfrentar os fundamentalistas?” (por

Leonardo Boff)• “O Fator Deus” (por José Saramago)

Oriente Médio

Oriente Médio, Mundo Árabe e

Mundo Muçulmano

Mundo Árabe

Mundo Muçulmano

Wanderley Cavalcante - junho/2009

Parte 1 - Oriente MédioParte 1 - Oriente Médio

Contexto geográfico• Localização no Mundo• Ásia em Regiões e localização na Ásia• Países e pontos estratégicos

“Um mar de interesses, num mar de petróleo”• Traços marcantes• Panorama de temas centrais no séc. XX

Módulo IMódulo I

Contextos e conceitosContextos e conceitos

Page 3: Oriente Médio,  Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

Panorama geopolítico

Parte 2 - Mundo MuçulmanoParte 2 - Mundo Muçulmanoe Mundo Árabee Mundo Árabe

• Islã: − Nascimento e expansão− Sunismo e Xiísmo− Mundos Árabe e Muçulmano (distinções)

• Mundo Árabe− Conceitos− O Pan-arabismo (emergência e crise) − A Liga Árabe

Oriente Médio

Oriente Médio, Mundo Árabe e

Mundo Muçulmano

Mundo Árabe

Mundo Muçulmano

Wanderley Cavalcante - junho/2009

Parte 1 - Oriente Médio:Parte 1 - Oriente Médio:

Contexto geográfico• Localização no Mundo• Ásia em Regiões e localização na Ásia• Países e pontos estratégicos

“Um mar de interesses, num mar de petróleo”• Traços marcantes• Panorama de temas centrais no séc. XX

Parte 3 - Fundamentalismo (s)Parte 3 - Fundamentalismo (s)

• Conceitos• O fundamentalismo islâmico• “Como enfrentar os fundamentalistas?” (por

Leonardo Boff)• “O Fator Deus” (por José Saramago)

Módulo IMódulo I

Contextos e conceitosContextos e conceitos

Page 4: Oriente Médio,  Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

FUNDAMENTALISMO (s)

Risco para a pacífica convivência humana e para o

futuro da humanidade.

FUNDAMENTALISMO

O fundamentalismo não é uma doutrina. Mas uma forma de

interpretar e viver a doutrina.

É a atitude daquele que se sente portador de uma verdade absoluta, indiscutível,

não pode tolerar outra verdade , é fechado à premissa do diálogo religioso

INTOLERÂNCIA

AGRESSIVIDADE

DESPREZO PELO OUTRO

O outro é analisado sob a ótica de ameaça, símbolo do mal, que pode fragilizar as "muralhas de

verdade" construídas pelo fundamentalista em seu

discurso.

GUERRA

(“contra o erro a ser combatido e exterminado”). Guerras

religiosas, violentíssimas, com incontáveis vítimas

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FUNDAMENTALISMO (s)

O fundamentalismo não possui apenas um rosto religioso. Todos os sistemas sejam culturais, científicos, políticos, econômicos e artísticos que se apresentam como portadores exclusivos de verdade e de solução única para os problemas devem ser considerados fundamentalistas.

O início do fundamentalismo se encontra no protestantismo americano, surgido nos meados do século XIX e formalizado, posteriormente, numa pequena coleção de livros que vinha sob o título Fundamentals: a testimony of the Truth (1909-1915). Trata-se de uma tendência de fiéis, pregadores e teólogos que tomavam as palavras da Bíblia ao pé da letra (Se Deus consignou sua revelação no Livro

Sagrado, então tudo, cada palavra e cada sentença devem ser verdadeiras e imutáveis, sem interpretações para

resgatar-lhes os sentidos originais, o que seria ofensivo a Deus). Por razões semelhantes, eles se opõem aos

conhecimentos contemporâneos da história, das ciências, da geografia e especialmente da biologia que possam

questionar a verdade bíblica.

O islã, como o cristianismo, é uma fé expansionista e monopolista da verdade.

Page 6: Oriente Médio,  Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

Não há nenhuma religião mais guerreira que a tradição dos filhos de Abraão: judeus, cristãos e muçulmanos.

Cada qual vive da convicção tribalista de ser povo escolhido e portador exclusivo da

revelação do Deus único e verdadeiro. Essa fé é difundida em todo o mundo, em geral

numa articulação com o poder colonialista e imperial, como historicamente ocorreu na

América Latina, África e Ásia.

Exemplos de intolerância ou de práticas terroristas nascidas do

fundamentalismo

As cruzadas cristãs

Campanhas militares que tiveram lugar entre os séculos XI e XIII contra os muçulmanos para a reconquista da Terra Santa

Para investigar e punir crimes contra a fé católica, a Igreja perseguiu, torturou e matou, sem direito de defesa, dissidentes religiosos, judeus, prostitutas e homossexuais, ou simplesmente acusados de heresia, naquele que foi o maior dos desvios do espírito cristão.

A Santa Inquisição

Cristãos

Ataques do Estado de Israel pela construção do país segundo o tamanho que lhe

atribui à Bíblia hebraicaAtentado terrorista

de março/2004

JudeusMuçulmanos

Sérgio Von Helde, então bispo da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), deu repetidos golpes com os pés em uma imagem que representava Nossa Senhora, comprada por ele, enquanto afirmava que a imagem era apenas uma simples estátua de barro.

Protestantes

Page 7: Oriente Médio,  Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

O fundamentalismo no Islã

• O Califa, líder da comunidade islâmica, é um O Califa, líder da comunidade islâmica, é um chefe religioso e político, submetido chefe religioso e político, submetido inteiramente ao Corão.inteiramente ao Corão.

No Ocidente, com o ILUMINISMO, estabeleceu-se a SEPARAÇÃO ENTRE POLÍTICA e RELIGIÃO, como um dos fundamentos do Estado contemporâneo.

Império Otomano:Séc. XI ao início

do século XX

No império turco-otomano, que dominou grande parte do mundo muçulmano, já não existia uma unidade absoluta entre as duas

esferas do poder: o SULTÃO exercia a liderança política; o CALIFA funcionava como líder

religioso.

FUNDAMENTOS DO CORÃO: FUNDAMENTOS DO CORÃO: • Não há separação entre religião e políticaNão há separação entre religião e política

Na charge é retratado um erro grosseiro e comum da nossa sociedade, resultado da desinformação: a associação feita ao terrorismo com a civilização árabe e com o islamismo em geral,Existem extremistas em todas as religiões e a maioria de árabes ou muçulmanos NÃO é, evidentemente, terrorista.

• UMMAUMMA: uma só nação - a comunidade dos : uma só nação - a comunidade dos fiéisfiéis

• No plano jurídico, o corpo de leis da No plano jurídico, o corpo de leis da sociedade muçulmana se assenta na sociedade muçulmana se assenta na SHARIASHARIA, que condensa os princípios do , que condensa os princípios do Corão e da Suna sob a forma de legislação Corão e da Suna sob a forma de legislação civilcivil

• Com a derrocada final do império Turco-Com a derrocada final do império Turco-Otomano e a proclamação da REPÚBLICAOtomano e a proclamação da REPÚBLICA (sob (sob Mustafá Kemal Atartuk)Mustafá Kemal Atartuk), em 1923, a , em 1923, a TurquiaTurquia transformou-se num Estado laico. O cargo de transformou-se num Estado laico. O cargo de califa ficou vago e, para todos os efeitos, a califa ficou vago e, para todos os efeitos, a umma desagregou-seumma desagregou-se

Page 8: Oriente Médio,  Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

Causas do renascimento fundamentalista islâmico:

• O vácuo criado pelo fracasso do pan-arabismo como resposta às investidas ocidentais

• Derrotas militares, socioeconômicas e culturais, no mundo árabe, dos regimes e projetos associados à tentativa de modernização ocidental

• Economias controladas por pequenas elites e regimes políticos não-representativos e autoritários

• Pobreza econômica / altas taxas de crescimento populacional / Desigualdade social / expectativas da população frustradas

• Ressentimentos criados pela política mundial de Washington

• Conflito nacional entre Israel e os palestinos

Page 9: Oriente Médio,  Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

Causas do renascimento fundamentalista islâmico:

Rejeição do modelo ocidental, Rejeição do modelo ocidental, alimentando, através de uma alimentando, através de uma leitura específica das fontes leitura específica das fontes religiosas, a impossibilidade religiosas, a impossibilidade teológica de equiparação ao teológica de equiparação ao

Ocidente.Ocidente.

“A grande maioria dos muçulmanos vive no terceiro mundo. Em outras palavras, é pobre.

Num passado glorioso, as sociedades muçulmanas foram ricas e poderosas...sua decadência a um estado de impotência e exploração constitui parte integrante da história da colonização: é a

contrapartida da emergência do Ocidente.”Peter Demant

Hostilidade ao Ocidente, Hostilidade ao Ocidente, identificado como culpado identificado como culpado

pelo fracasso e como inimigo pelo fracasso e como inimigo a ser combatido, a ser combatido,

representado pelos Estados representado pelos Estados Unidos e, regionalmente por Unidos e, regionalmente por

IsraelIsrael

Page 10: Oriente Médio,  Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

O fundamentalismo no Islã

“Os Estados Unidos são o grande Satã.” (Aiatolá Khomeini)

Essas idéias repercutiram em todo o mundo muçulmano e serviram como programa para novas correntes políticas que:

• Contestam a subserviência dos governos ao Ocidente• Rejeitam a modernidade

• Exigem a subordinação da política à religião• Buscam a restauração da Umma

“A liderança do homem ocidental no mundo humano está chegando ao fim, não porque a civilização ocidental esteja em bancarrota material ou tenha perdido sua força econômica ou militar, mas porque a ordem ocidental já cumpriu sua parte e

não mais possui aquele acervo de “valores” que lhe deu predominância [...]. A revolução científica concluiu seu papel,

como concluíram o “nacionalismo” e as comunidades territorialmente limitadas que surgiram em sua época [...].

Chegou a vez do Islã.”

A obra “Sinalizações na estrada” de Sayyid Qutb (1964), formulou as bases do fundamentalismo contemporâneo (espécie de “manifesto”)

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Arábia Saudita: A casa de Saud

A insurgência na Arábia Saudita é um conflito armado na Arábia Saudita entre combatentes islâmicos radicais, supostamente asociadas com a rede terrorista al-Qaeda, contra a Casa de Saud, que controla o país. Seus objetivos incluem atacar civis estrangeiros - principalmente ocidentais de países aliados do regime saudita e - assim como os civis e forças de segurança sauditas. A insurgência atual começou em 2000 e se intensificou em 2003, relembrando ataques ocorridos no país desde 1995.

CASA DE SAUDclã governante

Seita WAHABITA :Fanáticos defensores de um Islã puritano e

inflexível

PACTO histórico que alicerçou o poder da dinastia SAUD.

• lastreado nos casamentos entre clérigos wahabitas e membros da numerosa família real

Décadas de 1970 e 1980: Manobras da dinastia saudita no sentido de colocar-se como alternativa ao pan-arabismo (dando guarida a militantes da Irmandade Muçulmana perseguidos no Egito)

resultou na politização do wahabismo e na emergência de uma oposição fundamentalista à aliança entre a Casa de Saud e os Estados Unidos.

Primeira etapa: a politização do wahabismo serve à monarquia saudita e a Washington• Recrutamento e armamento dos “Guerreiros da

Fé”Financiamento:

• Mulçumanos bósnios contra os sérvios• Guerrilheiros da Chechênia contra a Rússia

• Separatistas albaneses de Kosovo• Osama Bin Laden (com apoio da CIA), nos tempos da

guerrilha anti-soviética

Primeira etapa: a politização do wahabismo serve à monarquia saudita e a Washington• Recrutamento e armamento dos “Guerreiros da

Fé”Financiamento:

• Mulçumanos bósnios contra os sérvios• Guerrilheiros da Chechênia contra a Rússia

• Separatistas albaneses de Kosovo• Osama Bin Laden (com apoio da CIA), nos tempos da

guerrilha anti-soviética

Segunda etapa: os “guerreiros da fé” voltam-se contra a monarquia saudita

• Apoio da Arábia Saudita aos EUA na Guerra do Golfo

• Instalação de bases americanas permanentes em território saudita

Príncipe Nayef, irmão do rei Fahd: “Desde a Guerra do Golfo de 1991, somos vistos no mundo árabe como um peão dos Estados Unidos”

Segunda etapa: os “guerreiros da fé” voltam-se contra a monarquia saudita

• Apoio da Arábia Saudita aos EUA na Guerra do Golfo

• Instalação de bases americanas permanentes em território saudita

Príncipe Nayef, irmão do rei Fahd: “Desde a Guerra do Golfo de 1991, somos vistos no mundo árabe como um peão dos Estados Unidos”

Page 12: Oriente Médio,  Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

Talebans ignoram apelos internacionais e destroem monumentos históricos

Em março de 2001 o taliban ordenou a destruição de duas gigantescas estátuas de Buda em Bamiyan, uma de 38 metros de altura e 1800 anos de idade, e outra com 52

metros de altura e 1500 anos de idade. O ato foi condenado pela UNESCO e por vários outros países do mundo,

incluindo o Irã.

Talebans ignoram apelos internacionais e destroem monumentos históricos

Em março de 2001 o taliban ordenou a destruição de duas gigantescas estátuas de Buda em Bamiyan, uma de 38 metros de altura e 1800 anos de idade, e outra com 52

metros de altura e 1500 anos de idade. O ato foi condenado pela UNESCO e por vários outros países do mundo,

incluindo o Irã.

Japão e Suíça, entre outros países, ofereceram suporte para a restauração das imagens. A reconstrução já foi iniciada

Implosão

Afeganistão: as milícias Taleban

O talibã (também transliterado talebã, taliban ou taleban) é um movimento extremista nacionalista da etnia afegane pashtu que efetivamente governou o país entre 1996 e 2001, apesar de seu governo ter tido o reconhecimento de apenas três países: Emirados Árabes Unidos, Árabia Saudita e Paquistão. Seus membros mais influentes, incluindo seu líder Mohammed Omar, eram simples-mente ulema (isto é, alunos e universitarios) em suas vilas natais.

O mais irônico desta situação é estes guerrilheiros, conhecidos como mujahidin, terem sido incentivados, treinados e equipados pelos Estados Unidos, Paquistão, Arábia Saudita e China na guerra contra os soviéticos. Logo depois os norte-americanos se voltam contra seus antigos aliados.

No dia 07 de outubro de 2001, tropas norte-americanas, apoiadas pela Aliança do Norte, revoltosos afegãos que apoiaram os EUA contra os terroristas da Al Qaeda e os Taliban, invadiram este país, aliadas também a forças internacionais do Reino Unido, do Canadá e da Austrália. A investida contra o governo foi vitoriosa, pois lograram expulsar os Taliban do poder.

Segundo o porta-voz do exercito dos EUA no Afeganistão, o assassinato de nove crianças (há quem lhe chame danos colaterais) deve-se à guerra não ser uma arte exata

Page 13: Oriente Médio,  Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

Al-Qaeda

Outros exemplos de grupos pretendem geralmente a introdução da sharia em vários países, e a destruição daqueles vistos por esses grupos como "inimigos do Islão", como por exemplo os Sionistas e os Secularistas:Egito: Irmandade Muçulmana / Gammaat-i-Islâmia / Jihad IslâmicaIrã: revolução iraniana de 1979, dirigida pelo aiatolá Khomeini, gerou um Estado islâmico controlado pelo alto clero xiita:• Enxergou-se como pólo irradiador do despertar do Islã• Na guerra contra o Iraque levantou a maioria xiita iraquiana• Financiamento do Hezbollah (“partido de Deus”), que combateu no Líbano a ocupação israelenseArgélia: FIS - Frente Islâmica de Salvação / GIA – Grupo Armado IslâmicoPalestina: Hamas, desafiou a autoridade de Yasser ArafatLíbano: Hezbollah, Fatah al Islam

A Al-Qaeda teve seu embrião na Maktab al-Khadamat (MAK), uma organização formada por Mujahidin que lutavam para instalar um estado islâmico durante a Guerra Soviética do Afeganistão nos anos 1980. A organização foi inicialmente financiada pela CIA. Osama Bin Laden foi um dos fundadores da MAK, juntamente com o militante palestino Abdullah Yusuf Azzam. O papel da MAK era angariar fundos de tantas fontes quanto possível (incluindo doações de todo o Oriente Médio), para treinar pessoas de todo o mundo para a guerra de guerrilha e para transportar os combatentes para o Afeganistão. A MAK foi custeada em sua maioria com doações de milionários islâmicos, mas também foi abertamente auxiliada pelos governos do Paquistão e Arábia Saudita, e indiretamente pelos Estados Unidos, que direcionou grande parte de seu apoio através do serviço de inteligência paquistanês ISI (sigla para Inter-Services Intelligence).

Seguindo a retirada soviética do Afeganistão, Osama Bin Laden retorna para a Arábia Saudita. A invasão iraquiana no Kuwait em 1990 pôs em risco o comando da Casa de Saud pelos sauditas, tanto por dissidentes internos quanto pela iminente possibilidade de um futuro expansionismo iraquiano. Face à massiva presença militar iraquiana, os sauditas eram melhor armados, porém defasados em número. Bin Laden ofereceu os serviços de seus mujahidin ao Rei Fahd para proteger a Arábia Saudita do exército iraquiano. Mas do ponto de vista estratégico, fossem os iraquianos expulsos do Kuwait, a Arábia Saudita seria a única ligação terrestre possível para forças internacionais inibirem uma invasão iraquiana.Depois de muita deliberação, o rei saudita recusou a oferta de Bin Laden e optou por deixar os Estados Unidos e as tropas aliadas montarem acampamento em seu país. Bin Laden considerou a decisão um ultraje. Ele acreditava que a presença de estrangeiros na terra das duas mesquitas (Meca e Medina) profanaria solo sagrado. Depois de criticar publicamente o governo saudita por acolher o exército estadunidense, Bin Laden foi exilado e teve sua cidadania saudita revogada. Logo depois, o movimento que viria a ser conhecido como Al-Qaeda foi formado.

Page 14: Oriente Médio,  Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

Como enfrentar os fundamentalistas?“Sobre crenças e intolerância”  (Jornal do Brasil de 20.10.2001) LEONARDO BOFF

Ou criar-se-ão relações multipolares de poder, eqüitativas e inclusivas com pesados investimentos na qualidade total da vida para que todos possam comer, morar com mínima dignidade e apropriar-

se de cultura com a qual se possam comunicar com seus semelhantes, preservando a integridade e beleza da natureza ou iremos ao encontro do pior, quem sabe, ao mesmo destino dos

dinossauros. Armas para isso existem e sobra demência.

Trazer o fundamentalista à realidade concreta, cheia de contradições, claro-escuros e nuances pode introduzir nele a

dúvida e a insegurança. Estas possuem uma função terapêutica. Podem abrir uma brecha para a luz no muro das convicções

cerradas e excludentes. Dialogar até a exaustão, negociar até o imite intransponível da razoabilidade, pode levar o

fundamentalista a reconhecer o outro, seu direito de existir e a contribuição que poderá dar para uma convergência mínima na

diversidade.

Faz-se urgente mais sabedoria que poder e mais espiritualidade que acúmulo de bens

matérias. Então os povos poderão se abraçar como irmãos na mesma Casa Comum, a Terra,

e irradiaremos como filhos da alegria e não como condenados ao vale de lágrimas.

Estes são praticamente inacessíveis à argumentação racional. Nem por isso deve-se renunciar ao diálogo, à tolerância e o uso da

razão para mostrar as contradições internas, subjacentes ao discurso e à prática fundamentalista.

Page 15: Oriente Médio,  Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

... por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o pior, principalmente o mais horrendo e cruel.

Durante séculos a Inquisição foi, ela também, como hoje os talibãns, uma organização terrorista que se dedicou a interpretar perversamente textos sagrados que deveriam merecer o respeito de quem neles dizia crer, um

monstruoso pacto entre a religião e o Estado contra a liberdade de consciência e contra o mais humano dos direitos: o direito a dizer não, o direito à heresia, o direito a escolher outra coisa, que isso só a palavra

heresia significa.

“O FATOR DEUS” (José Saramago)

Ao leitor crente (de qualquer crença...) que tenha conseguido suportar a repugnância que estas palavras provavelmente lhe inspiraram, não peço que se

passe ao ateísmo de quem as escreveu. Simplesmente lhe rogo que compreenda, pelo sentimento de não poder ser pela razão, que, se há Deus, há só um Deus, e

que, na sua relação com ele, o que menos importa é o nome que lhe ensinaram a dar. E que desconfie do "fator Deus". Não faltam ao espírito humano

inimigos, mas esse é um dos mais pertinazes e corrosivos. Como ficou demonstrado e desgraçadamente continuará a demonstrar-se.

Não é um deus...foi o "fator Deus", esse que é terrivelmente igual em todos os seres humanos onde quer que estejam e seja qual for a religião que professem, esse que tem intoxicado o pensamento e aberto as portas às intolerâncias mais sórdidas, esse que não respeita senão aquilo em que manda crer, esse que depois de presumir ter feito da besta um homem acabou por fazer do homem uma besta .

De algo sempre haveremos de morrer, mas já se perdeu a conta aos seres humanos mortos das piores maneiras que seres humanos foram capazes de inventar. Uma delas, a mais criminosa, a mais absurda, a que mais ofende a simples razão, é aquela que, desde o

princípio dos tempos e das civilizações, tem mandado matar em nome de Deus.

Page 16: Oriente Médio,  Mundo Árabe e Mundo Muçulmano

PRINCIPAIS FONTES:• Relações Internacionais: Teoria e História – Demétrio

Magnoli (Saraiva, 2004)• Oriente Médio: uma região de conflitos – Nelson Bacic

Olic (Moderna – Coleção Polêmica)• Revista História Viva• O Mundo Muçulmano (Peter Demant)• Geografia – Lúcia Marina e Tércio Rigolin (Ática, 2002)• “O fator Deus” - José Saramago • “Sobre crenças e intolerância”  (Jornal do Brasil,

20.10.2001), Leonardo Boff.• www.humornanet.com

Wanderley Cavalcante - Junho/2009(85) 88225575

A seguir

Módulo II

Conflitos