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Portugaliae Acta Biol. 22: 189-209 Lisboa, 2007
NOTULAE BRYOFLORAE LUSITANICAE X Autoribus
Cecília Sérgio
Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural,
Jardim Botânico / Centro de Ecologia e Biologia Ambiental. Rua da
Escola Politécnica, 58, 1250-102, Lisboa,
Portugal. csergio@fc.ul.pt
A presente série de notas corresponde a alguns resultados que
tiveram origem no estudo de material de briófitos herborizado nos
últimos anos pelos diferentes autores e arquivado, na sua grande
parte, nas colecções de criptogamia do herbário LISU e PO. A
proveniência de grande número destes espécimes está relacionada com
os levantamentos desenvolvidos no âmbito de diversos projectos,
financiados por diferentes instituições, sendo algumas de Espanha.
Entre os projectos são de referir os ligados à monitorização da
qualidade ecológica de sistemas fluviais em Portugal Continental
para implementação da Directiva Quadro da Água, desenvolvido pelo
Instituto Superior de Agronomia (ISA), à deposição de metais
pesados no ambiente terrestre, com estudos de caracterização da
biodiversidade (Cryptomodel) ou no desenvolvimento do trabalho de
campo para teses de doutoramento como a de C. GARCIA (2006),
dissertações de mestrado ou estágios de licenciatura.
É de referir ainda que algumas novidades foram o resultado de
revisões taxonómicas necessárias para a preparação dos diferentes
fascículos da Flora Briofítica Ibérica (SEB) e para a preparação do
recente volume do publicado pelo Institut d'Estudis Catalans (CASAS
et al., 2006).
Os resultados apresentados, incluindo os dados corológicos de
espécies aparentemente vulgares ou com uma ampla distribuição em
Portugal, irão revestir de grande actualidade para a actualização
da nova Lista Vermelha dos Briófitos de Portugal. Como irá ser
referido para as diversas espécies, as referências eram muitas
vezes antigas e sua actualização foram fundamentais para se aplicar
os novos critérios de ameaça da IUCN (SÉRGIO et al., 2006).
Para facilidade, cada espécime irá incluir para além da
localidade, UTM (10x10 km ou 1x1 km), os colectores, datas e
referência do herbário onde está incluído. É ainda actualizada a
sua distribuição em Portugal, citando em alguns casos as
províncias, a sua corologia na Península Ibérica, completando com
comentários de tipo ecológico ou taxonómico. Quando se trata de
novas províncias indica-se com um asterisco (*) e no caso de
estarmos perante um novo taxon para Portugal, será citado com dois
asteriscos (**). Na sua maioria os dados relativos à corologia
relativa a Portugal tiveram como base o trabalho de SÉRGIO &
CARVALHO (2003).
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C. SÉRGIO
190
A nomenclatura seguida foi basicamente de HILL et al. (2006)
para os musgos e, para as hepáticas e anthocerotas, a de GROLLE
& LONG (2000).
A todos os colaboradores e colectores não integrados como
autores agradecemos o apoio nomeadamente à Profª Maria Teresa
Ferreira e Doutora Francisca Aguiar do Instituto Superior de
Agronomia, Departamento de Engenharia Florestal, como coordenadoras
do projecto da implementação da Directiva Quadro da Água.
REFERÊNCIAS CASAS C., BRUGUÉS M., CROS R. M. & SÉRGIO C.
(2006). Handbook Mossflora of
the Iberian Peninsula and Balearic Islands. Institut d'Estudis
Catalans. 1-349. GARCIA, C. (2006). Briófitos epífitos de
ecossistemas florestais em Portugal.
Biodiversidade e conservação. Tese de Doutoramento. Faculdade de
Ciências da Universidade de Lisboa. 415 pp.
GROLLE, R. & LONG, D.G. (2000). An annotated check-list of
the Hepaticae and Anthocerotae of Europe and Macaronesia. J. Bryol.
22: 103-140.
HILL, M.O., BELL, N., BRUGGEMAN-NANNENGA, M.A., BRUGUÉS, M.,
CANO, M.J., ENROTH, J., FLATBERG, K.I., FRAHM, J.-P., GALLEGO,
M.T., GARILLETI, R., GUERRA, J., HEDENÄS, L., HOLYOAK, D.T.,
HYVÖNEN, J., IGNATOV, M.S., LARA, F., MAZIMPAKA, V., MUÑOZ, J.
& SÖDERSTRÖM, L. (2006). An annotated checklist of the mosses
of Europe and Macaronesia. J. Bryol. 28 (3): 198-267.
SÉRGIO, C., BRUGUÉS, M., CROS, R.M., CASAS, C. & GARCIA C.
(2006). The 2006 Red List and an updated Check List of Bryophytes
of the Iberian Peninsula (Portugal, Spain and Andorra). Lindbergia
31, 3: 109-125.
SÉRGIO, C. & CARVALHO, S. (2003). Annotated Catalogue of
Portuguese Bryophytes. Portugaliae Acta Biol. 21: 5-227.
1. NOVOS DADOS SOBRE ALGUMAS AMBLYSTEGIACEAE EM PORTUGAL
C. Sérgio1, C. Vieira2 , A. Albuquerque3, P. Rodríguez-González3
& I. Silva4 1 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de
História Natural, Jardim Botânico / Centro
de Ecologia e Biologia Ambiental. Rua da Escola Politécnica, 58,
1250-102, Lisboa, Portugal.. csergio@fc.ul.pt, 2 CIBIO/Departamento
de Botânica, FCUP, Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre,
1191, 4150-181, Porto, 3 Instituto Superior de Agronomia,
Departamento de Engenharia Florestal, Tapada da Ajuda. 1349-017
Lisboa. 4 Instituto de Botânico. Universidade de Coimbra. 3000-393
Coimbra.
Embora as espécies aqui tratadas, todas pertencentes à família
das
Amblystegiaceae (Broth.) Fleisch. tenham sido referidas para
Portugal, para a maioria as citações são antigas ou são muito
poucos os locais para onde existem indicações depois de 1970
(SÉRGIO & CARVALHO, 2003).
-
NOTULAE BRYOFLORAE LUSITANICAE X
191
É o caso de Drepanocladus aduncus (Hedw.) Warnst. cuja presença
só está certificada para a Beira Litoral, no Rio Nabão. Por outro
lado alguns dos espécimes correspondem à var. kneiffii (Schimp.)
Mönk. taxa ainda não referido para Portugal.
Drepanocladus polygamus (Schimp.) Hedenäs, as únicas referências
recentes correspondem à Serra da Estrela, tendo as restantes
localidades, sido reportadas antes de 1970.
Hygrohypnum ochraceum (Turner ex Wilson) Loeske, excluindo as
novas localidades (GARCIA et al., 2007) todas as restantes
referências correspondem a colheitas anteriores a 1950. Estes dados
certificam que esta espécie ainda tem grande ocorrência nos
ambientes fluviais nacionais. De acordo com OLIVÁN et al., (2007),
é a espécie de Hygrohypnum com maior distribuição na Península
Ibérica, no entanto a área referida por estes autores, corresponde
unicamente ao Minho e Beira Alta.
Quanto a Warnstorfia exannulata (Schimp.) Loeske, embora se
trata de um musgo vulgar na Serra da Estrela (GARCIA et al., 2007),
as poucas citações existentes para o Minho referem-se a colheitas
unicamente efectuadas por A. Machado antes de 1930. Drepanocladus
aduncus (Hedw.) Warnst. var. aduncus *Baixo Alentejo, Grândola,
Ribeira de Grândola, 29TNC3823, 30/04/2005, S. Mendes, J.
Abreu (LISU 210213). Beira Baixa, Fundão, Salgueiro, Ribeira da
Meimoa, 29TPE4454, 11/06/2004, A.
Albuquerque & P. Rodríguez-González (LISU 207096); Malpica
do Tejo, Ribeira da Farropinha, 29TPD3199, 12/05/2004, A.
Albuquerque & P. Rodríguez-González (LISU 207097); Sertã, Chão
Forca, Ribeira da Sertã, 29SNE7606, 08/06/2005, A. Albuquerque
(LISU 210214); Mação, Penhascoso, Ribeira da Carregueira,
29SND8478, 26/05/2004, F. Aguiar, L. Lopes (LISU 207098).
Beira Litoral, Redinha, Olhos de Água, nascentes do rio Anços,
29TNE3625, 29.05.2005, C. Vieira (PO 9380-CIBIO); Vila Nova de
Ourém, Seiça, Ribeira de Seiça, 29SND4091, 27/05/2004, F. Aguiar,
L. Lopes (LISU 207099).
*Douro Litoral, Foz do Douro, 29TNF2755, I. Newton, (LISU
55005); Santo Tirso, Lamelas, Rio Leça, 29TNF4469, 14/07/2004, A.
Albuquerque & P. Rodríguez-González, (LISU 207100).
Estremadura, Granja do Marquês, 29SMD7098, E. Mendes (LISU
158314); Mafra, Remonta, 29SMD7230, E. Mendes (LISU 158310).
*Trás-os-Montes e Alto Douro, Bragança, 29TQG3086, 12/06/1954,
A. Teles (LISU 187120); Bragança. Miranda do Douro, Silva, Ribeira
de São Pedro, 29TQG1100, 29/07/2004, A. Albuquerque & P.
Rodríguez-González (LISU 207101).
** var. kneiffii (Schimp.) Mönk. Alto Alentejo, Évora, Viana do
Alentejo, Alcáçovas, Galo, 29TNC7455, 22/05/2005, S.
Mendes, J. Abreu (LISU 210215); Portalegre, Arronches,
Mosteiros, 29SPD4739, 21/05/2005S, S. Mendes, J. Abreu (LISU
210216).
Drepanocladus polygamus (Schimp.) Hedenäs, Trás-os-Montes e Alto
Douro, Vimioso, 29T QG0506, 14/06/1954, A. Teles, (LISU
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C. SÉRGIO
192
187119); Bragança, Espinhosela, Rio Baceiro, 29TPG7840, blocos
margem, 29/07/2004, A. Albuquerque & P. Rodríguez-González
(LISU 207102).
Hygrohypnum ochraceum (Turner ex Wilson) Loeske Beira Alta,
Cinfães, Nespereira, Rio Ardena, 29TNF7038, 25/08/2004, C. Vieira
(PO
7413-CIBIO); Viseu, Castro Daire, Ribeira de Ermida, 29TNF8730,
04/08/2004, A. Albuquerque & P. Rodríguez-González (LISU
207829).
Beira Baixa, Figueiró dos Vinhos, Bouçã, Rio Zêzere, 29SNE6612,
17/06/2005, A. Albuquerque (LISU 210374).
*Beira Litoral, Águeda, Castanheira do Vouga, Rio Águeda,
29TNE5692, 11/08/2004, A. Albuquerque (LISU 207830); Vale de
Cambra, São Pedro de Castelões, 29TNF5020, 28/07/2005, A.
Albuquerque (LISU 210375).
*Douro Litoral, Resende, Gralheira, afluente do Ribeiro da
Gralheira, 29TNF8640, 24/08/2004, C. Vieira (PO 7277-CIBIO);
Resende, Ovadas, Rio Cabrum, 29TNF8544, 24/08/2004, C. Vieira (PO
7303, 7321-CIBIO); Serra de Montemuro, aldeia da Gralheira,
29TNF8640, 16/11/2002, C. Vieira (PO 3707-CIBIO).
Minho, Arcos de Valdevez, Eiras, Ribeira do Padroso, 29TNG4343,
20/08/2004, , C. Vieira (PO 7608,7609-CIBIO); Outeiro, Paçô, Rio
Vez, 29TNG4831, 22/06/05, C. Vieira (PO 9781-CIBIO); Arcos de
Valdevez, Rio Frio, Ponte do Fulão, 29TNG4234, 20/08/2004, C.
Vieira (PO 7560-CIBIO); Vilela, Ribeira de Frades, 29TNG4641,
27/10/2004, C. Vieira (PO 6728-CIBIO); Póvoa do Lanhoso, Moure,
Ribeira de Águas Santas, 29TNG5506, 20/07/2004, A. Albuquerque
& P. Rodríguez-González (LISU 207831); Póvoa do Lanhoso,
Sobradelo da Goma, Brunhais, 29TNG6903, 30/08/2005, C. Vieira (PO
10267,10268-CIBIO); Vieira do Minho, Parada do Bouro, Rio Cávado,
29TNG6211, 22/07/2004, A. Albuquerque & P. Rodríguez-González
(LISU 207833); Melgaço, Vila, Carvalhiças, Ribeiro do Porto,
29TNG6063, 24/06/2005, C. Vieira (PO 9846-CIBIO); Paredes de Coura,
Padornelo, Cristelo, Rio Coura, 29TNG3840, 30.08.2004, C. Vieira
(PO 7650-CIBIO); Terras de Bouro, Moimenta, Rio Homem, 29TNG5718,
22/07/2004, A. Albuquerque & P. Rodríguez-González (LISU
207832); A jusante da barragem de Salamonde, 29TNG6519, 03/04/2003,
C. Vieira (PO 4269-CIBIO); Terras de Bouro, PNPG, Ribeiro de
Freitas, 29TNG6519, 22/08/2002, C. Vieira (PO 2580-CIBIO); Terras
de Bouro, PNPG, Touro, 29TNG6617, 06/10/2002, C. Vieira (PO
3650-CIBIO); Terras de Bouro, Rio Caldo, Ponte da Seara, 20TNG6616,
08/6/2003, C. Vieira (PO 4830-CIBIO); Terras de Bouro, Vilar da
Veiga, Ponte dos Saltos, 29TNG6917, 11/09/2003, C. Vieira (PO 5217,
5219-CIBIO); Paredes de Coura, Rubiães, Rio Coura,
29TNG3038,14/07/2004, A. Albuquerque & P. Rodríguez-González
(LISU 207834); Tregosa, Ponte do Vale, Rio Neiva, 29TNG2510,
07/07/2005, C. Vieira (PO 10021, 10030-CIBIO); Vieira do Minho,
Ponte da Mizarela, Rio Rabagão, 29TNG8116, 2004, C. Vieira (PO
6778-CIBIO); Vila Nova de Cerveira, Covas, Rio Coura, 29TNG2536,
17/06/2005, C. Vieira (PO 9669-CIBIO); Monção, Pias, Ribeira da
Gadanha, 29TNG4153, 24/06/05, C. Vieira (PO 9863-CIBIO); Bico, Rio
dos Cavaleiros, 29TNG3837, 04/9/2003, C. Vieira (PO
5202-CIBIO);
*Trás-os-Montes e Alto Douro, Montalegre, Pitões das Júnias,
Ribeira do Beredo, 29TNG8631, 05/08/2004, C. Vieira (PO
6867-CIBIO); Ansiães, Ribeiro da Póvoa, 29TNF8966, 21/07/2004, C.
Vieira (PO 6675-CIBIO); Bragança, Rabal, Rio Sabor, 29TPG8839,
08/07/2005, A. Albuquerque (LISU 210376); Lamego, Lazarim, Rio das
Poldras, 29TNF9641, 23/08/2004, C. Vieira (PO 7236-CIBIO);
Montalegre, Outeiro, Rio Cávado, 29TNG8826, 09/06/2004, C. Vieira
(PO 6527-CIBIO); Sezelhe, Cambeses
-
NOTULAE BRYOFLORAE LUSITANICAE X
193
do Rio, 29TNG9429, 01/07/2005, C. Vieira (PO 9955-CIBIO);
Montalegre, Tourém, Ribeira da Ponte Pequena, 29TNG9139,
06/08/2004, C. Vieira (PO 6873, 6878-CIBIO); Montalegre, Outeiro,
Rio Cávado, 29TNG8330, 21/07/2004, A. Albuquerque & P.
Rodríguez-González, (LISU 207835); Montalegre, Vila da Ponte, Rio
Rabagão, 29T NG9320, 21/07/2004, A. Albuquerque & P.
Rodríguez-González (LISU 207836); Vila Real, Ribeira da Pena, Rio
Poio, 29TNF9193, 25/07/2004, A. Albuquerque & P.
Rodríguez-González (LISU 207837).
Warnstorfia exannulata (Schimp.) Loeske Minho, Viana do Castelo,
Montaria, Ribeiro da Fonte da Cruz, 29TNG2427, 23/02/2005,
C. Vieira (PO 7938-CIBIO). *Trás-os-Montes e Alto Douro,
Montalegre, entre Covelães e Tourém, 29TNG8330, A.
Teles & B. Rainha, 13/06/1959 (LISU 187122); Bragança,
Mogadouro, Azinhoso, 29TPF9186, 08/07/2005, A. Albuquerque (LISU
210507).
REFERÊNCIAS GARCIA, C., SÉRGIO, C. & JANSEN, J. (2007). The
Bryophyte Flora of Natural Park
of Serra da Estrela (Portugal). Conservation and Biogeographical
approaches. Cryptogamie Bryol. (in press).
OLIVÁN, G., FUERTES, E. & ACÓN, M. (2007). Hygrohypnum
(Amblystegiaceae, Bryopsida) in the Iberian Peninsula. Cryptogamie
Bryol. 28(2): 109-143.
SÉRGIO, C. & CARVALHO, S. (2003). Annotated Catalogue of
Portuguese Bryophytes –Portugaliae Acta Biol. 21: 5-227.
2. ACERCA DA DISTRIBUIÇÃO DE DUAS ESPÉCIES DE BRYUM
HEDW. (BRYACEAE) EM PORTUGAL
C. Sérgio1, I. Silva2 & A. Albuquerque3, P.
Rodríguez-González3 1 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de
História Natural, Jardim Botânico / Centro
de Ecologia e Biologia Ambiental. Rua da Escola Politécnica, 58,
1250-102 Lisboa, Portugal. csergio@fc.ul.pt, 2Instituto de
Botânico. Universidade de Coimbra. 3000-393
Coimbra, 3Instituto Superior de Agronomia, Departamento de
Engenharia Florestal, Tapada da Ajuda. 1349-017 Lisboa,
Portugal.
O género Bryum integra, na flora Portuguesa, cerca 27 espécies,
estando
relativamente mal conhecida a corologia da maioria das espécies.
Na verdade, é um género que apresenta bastantes problemas
taxonómicos e a delimitação específica nem sempre é unânime entre
investigadores. Por outro lado, algumas espécies têm sido
sinonimizadas recentemente, quer nas diferentes floras, quer na
lista europeia (HILL et al., 2006).
As espécies apresentadas seguidamente correspondem, na sua
grande parte, aos dados obtidos para o estudo de comunidades de
macrófitos, desenvolvido para bioindicação da qualidade ecológica
de sistemas fluviais.
-
C. SÉRGIO
194
Nas espécies indicadas, para Bryum donianum Grev. a maioria das
referências são anteriores a 1970 e, para Bryum muehlenbeckii Bruch
& Schimp., estão unicamente indicadas duas colheitas efectuadas
depois de 1970 (SÉRGIO & CARVALHO, 2003).
Bryum muehlenbeckii Bruch & Schimp. *Baixo Alentejo,
Barrancos, Mina de Aparis, na margem e na água, 29SPC6821,
12/02/2004, C. Sérgio, M. Brugués & R. Cros (LISU 212376).
*Beira Baixa, Castelo Branco, Fundão, Janeiro de Cima, Rio Zêzere,
leito de rocha,
9TPE0134, 07/06/2004, A. Albuquerque & P. Rodríguez-González
(LISU 207048); Monforte da Beira, Ribeira do Campo, leito de rocha,
29SPD5096, 11/05/2004, A. Albuquerque & P. Rodríguez-González
(LISU 207049).
*Beira Litoral, Arganil, Côja, margens do Alva, talude com
escorrência sombrio, 29TNE8557, 1984, C. Santos-Silva (LISU
155701).
Bryum donianum Grev. Alto Alentejo, Évora, Arraiolos, Vimieiro,
Ribeira de Tera, talude, 29SPC1296,
08/06/2004, A. Albuquerque & P. Rodríguez-González (LISU
207033); Évora, Mora, Pavia, Ribeira do Freixo, talude margem,
29SND8604, 19/05/2004, A. Albuquerque & P. Rodríguez-González
(LISU 207034).
Baixo Alentejo, Beja, Mértola, São Pedro de Solis, Rio Vascão,
talude, 29SPB0245, 02/06/2004, A. Albuquerque & P.
Rodríguez-González (LISU 207032; Barrancos, Fonte da Pipa, Ribeira
da Murtega, solo húmido, 29SPC7624, 12/02/2004, C. Sérgio, M.
Brugués & R. Cros (LISU 212367); Ourique, Santana da Serra, Rio
Torto, talude, 29SNB5646, 26/05/2004, A. Albuquerque & P.
Rodríguez-González (LISU 207036); Serpa, Vila Verde de Ficalho, Rio
Vidigão, talude silicioso, 29SPB4995, 04/06/2004, A. Albuquerque
& P. Rodríguez-González (LISU 207037); Vila Nova de Milfontes,
Almograve, arribas de xisto, 29SNB1565, 07/2004, C. Silva Neto
(LISU 208100).
*Beira Baixa, Idanha-a-Nova, Rosmaninhal, Ribeira da Urtiga,
talude terroso da margem, 29SPE6705, 10/05/2004, A. Albuquerque
& P. Rodríguez-González (LISU 207038); Idanha-a-Nova,
Rosmaninhal, Ribeira do Freixo, talude silicioso, 29SPD5599,
11/05/2004, A. Albuquerque & P. Rodríguez-González (LISU
207039).
Beira Litoral, Arganil, Côja, margens do Alva, talude sombrio
com escorrência, 29TNE8557, 1984, C. Santos-Silva (LISU 201052);
Aveiro, próximo de Espiunca, estrada de Serabigões, talude próximo
do rio Paiva, 29TNF6538, 22/01/2003, C. Sérgio & C. Garcia
(LISU 204324); Penacova, São Pedro de Alva, Rio Alva, talude,
29TNE6660, 01/08/2004, A. Albuquerque (LISU 207040).
Estremadura, Lisboa, Arruda dos Vinhos, Cardosas, Ribeira de
Cardosinhas, talude calcário, 29SMD9714, 28/05/2004, F. Aguiar
& L. Lopes (LISU 207041).
*Ribatejo, Santarém, Abitureiras, Ribeira de Vidigão, talude e
troncos, 29SND1949, 27/05/2004, F. Aguiar & L. Lopes (LISU
207042); Sardoal, Santiago de Montealegre, Ribeira de Codes, talude
silicioso, 29SND7286, 26/05/2004, F. Aguiar & L. Lopes (LISU
207043).
*Trás-os-Montes e Alto Douro, Serra do Alvão, Ribeira de Sião,
rochas verticais húmidas, 29TNF9476, 22/04/1998, C. Sérgio et al.
(LISU 213548); Serra do Alvão, Pardelhas, no fundo do vale junto à
Ribeira da Ribeira, fendas das rochas da levada, 29TNF9276,
06/05/2004, C. Sérgio et al. (LISU 212107).
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NOTULAE BRYOFLORAE LUSITANICAE X
195
REFERÊNCIAS HILL, M.O., BELL, N., BRUGGEMAN-NANNENGA, M.A.,
BRUGUÉS, M., CANO,
M.J., ENROTH, J., FLATBERG, K.I., FRAHM, J.-P., GALLEGO, M.T.,
GARILLETI, R., GUERRA, J., HEDENÄS, L., HOLYOAK, D.T., HYVÖNEN, J.,
IGNATOV, M.S., LARA, F., MAZIMPAKA, V., MUÑOZ, J. & SÖDERSTRÖM,
L. (2006). An annotated checklist of the mosses of Europe and
Macaronesia. J. Bryol. 28 (3): 198-267.
SÉRGIO, C. & CARVALHO, S. (2003). Annotated Catalogue of
Portuguese Bryophytes. Portugaliae Acta Biol. 21: 5-227.
3. NOTAS SOBRE NOVAS OCURRÊNCIAS DE DUAS ESPÉCIES DE POHLIA
(BRYACEAE) EM PORTUGAL: POHLIA
MELANODON (BRID.) A. J. SHAW E POHLIA WAHLENBERGII (F. WEBER
& D. MOHR) A. L. ANDREWS
C. Sérgio1, A. Albuquerque2 & I. Silva3
1 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural,
Jardim Botânico / Centro de Ecologia e Biologia Ambiental. Rua da
Escola Politécnica, 58, 1250-102 Lisboa,
Portugal. csergio@fc.ul.pt; 2 Instituto Superior de Agronomia,
Departamento de Engenharia Florestal, Tapada da Ajuda. 1349-017
Lisboa, Portugal, 3 Instituto de
Botânico. Universidade de Coimbra. 3000-393 Coimbra. Estas duas
espécies de Pohlia apresentam uma ecologia análoga,
encontrando-
se associadas a comunidades riparias, onde são relativamente
abundantes na zona de interface com a água mas, sempre em
substratos terrosos. São considerados como musgos higrófilos
relativamente pouco sensíveis à eutrofização, ligados a substratos
básicos ou neutros, muitas vezes humanizados, como diques, cascatas
e caminhos junto a ribeiras. As referências para Portugal são
escassas e, excluindo alguns locais do Algarve e a Serra da
Arrábida, não há menções recentes, tanto para Pohlia melanodon
(Brid.) A.J.Shaw como para Pohlia wahlenbergii (F.Weber &
D.Mohr) A.L.Andrews. Esta última espécie está indicada também para
Trás-os-Montes e Alto Douro por ALLORGE (1931). As novas
localidades aqui referidas são assim importantes para o
conhecimento da distribuição destas espécies em Portugal. Pohlia
melanodon (Brid.) A. J. Shaw *Beira Alta, Viseu, Nelas, Senhorim,
Rio Mondego, talude silicioso, 29TPE0385,
01/08/2004, A. Albuquerque (LISU 207959). Estremadura, Alenquer,
Triana, Ribeira de Alenquer, talude rochoso, 29SMD9723,
06/05/2005, A. Albuquerque (LISU 210433); Arruda dos Vinhos,
Cardosas, Ribeira das Cardosinhas, talude calcário, 29SMD9714,
28/05/2004, F. Aguiar & L. Lopes (LISU 207960); Arruda dos
Vinhos, Ribeira Grande da Pipa, solo calcário e troncos, 29SMD9715,
28/05/2004, F. Aguiar & L. Lopes (LISU 207961); Mafra, Ribeira
de
-
C. SÉRGIO
196
Nossa Senhora do Arquitecto, talude calcário, 29SMD6808,
28/05/2004, F. Aguiar, L. Lopes (LISU 207962).
*Ribatejo, Rio Maior, Arrouquelas, Ribeira das Lebres, talude
calcário, 29SND0944, 27/05/2004, F. Aguiar & L. Lopes (LISU
207963); Ribeira de Rio Maior, talude da margem, calcário,
29SND0255, 20/05/2004, A. Albuquerque (LISU 207964).
*Trás-os-Montes e Alto Douro, Bragança, Macedo de Cavaleiros,
Lagoa, talude rochoso, 29TPF8289, 08/07/2005, A. Albuquerque (LISU
210434).
Pohlia wahlenbergii (F. Weber & D. Mohr) A.L. Andrews *Beira
Litoral, Aveiro, cidade, taludes argilosos e depósitos de caulino,
com Adianthum
sp., 29TNE2998, 08/12/2004, C. Sérgio (LISU 204402).
*Estremadura, Sintra, Agualva - Cacém, Ribeira de Jarda, talude de
solo, 29TMC7392,
27/04/2005, A. Albuquerque (LISU 210435); Sintra, Belas, Serra
Silveira, Ribeira de Carenque, talude, 29TMC7892, 29/04/2005, A.
Albuquerque (LISU 210436).
REFERÊNCIAS ALLORGE, P. (1931). Notes sur la flore bryologique
de la Péninsule Ibérique. VIII.
Additions a la flore portugaise. Rev. Bryol., n.s. 4: 32-36.
4. ALGUNS MUSGOS INTERESSANTES ENCONTRADOS RECENTEMENTE NA
CIDADE DE LISBOA
C. Sérgio1 & C. Garcia1
1 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural,
Jardim Botânico / Centro de Ecologia e Biologia Ambiental. Rua da
Escola Politécnica, 58, 1250-102 Lisboa,
Portugal. csergio@fc.ul.pt
Durante algumas herborizações no Jardim Botânico de Lisboa,
desenvolvidas nas acções da Ciência Viva, foram encontradas
espécies ainda não refeidas para a a cidade, que consideramos com
interesse referir.
Petalophyllum ralfsii (Wilson) Nees & Gottsche
Nesta nota referimos a presença de. Petalophyllum ralfsii
(Wilson) Nees & Gottsche espécie dada como vulnerável a nível
Europeu (European Red Data Book ECCB, 1995) e uma das nove espécies
de briófitos ibéricos integradas na Directiva dos Habitats (92/43).
Admite-se que esta hepática possa ter sido introduzida
acidentalmente a partir de esporos vindos da Arrábida ou do
Algarve, onde a espécie existe com alguma representação (SÉRGIO,
2002).
Estremadura, Lisboa, Jardim Botânico, próximo do Observatório,
solo do caminho. 29SMC8785, 10/09/2004, C. Garcia & C. Sérgio
(LISU 212322).
Leptophascum leptophyllum (Müll. Hal.) J.Guerra & M.J.
Cano
Com o aparecimento de Leptophascum leptophyllum (Müll. Hal.)
J.Guerra & M.J. Cano pela primeira vez em Portugal (GARCIA
& SÉRGIO, 2001) e,
-
NOTULAE BRYOFLORAE LUSITANICAE X
197
conhecendo um pouco melhor a sua ecologia, temos encontrado este
musgo com bastante frequência em inúmeras localidades, geralmente
em zonas humanizadas e quase sempre nas calçadas de algumas
cidades. Neste momento, referimos unicamente os locais de Lisboa
onde a espécie parece ser extremamente vulgar, sobretudo bem
desenvolvida durante o Inverno, apresentando sempre gemas
rizoidais.
*Estremadura: Lisboa, Alcântara, próximo das Docas, solo do
caminho e fendas da calçada, associado a Riccia lamellosa e
Sphaerocarpos sp., 29SMC8284, 02/01/2005, 13426 C. Sérgio (LISU
214205.); Lisboa, Jardim da Gulbenkian, solo do caminho, 29SMC6587,
31/01/2004, 13303 C. Sérgio (LISU 214210); Lisboa, Rua da Escola
Politécnica, solo das fendas das pedras do passeio, com Riccia sp.,
29SMC8785, 30/01/2004, 13302 C. Sérgio (LISU 214209).
Tortula israelis Bizot & F.Bilewsky
Tortula israelis Bizot & F.Bilewsky parece tratar-se de uma
espécie que foi introduzida em Lisboa pelo menos desde o século
XXIX. Foi primeiramente colhida por Mandon, possivelmente na
passagem para a Ilha da Madeira em 1869. O material foi
recentemente identificado tendo como suporte um espécime do
herbário de Londres (BM), segundo CANO (2004). Neste momento no
Jardim Botânico de Lisboa T. israelis encontra-se formando colónias
bastante extensas e bem instaladas no cimento das colunas e
galerias exteriores da estufa.
Estremadura, Lisboa, Jardim Botânico, no cimento das colunas e
parte superior da entrada da estufa, 29SMC8785, 10/09/2006, C.
Garcia (LISU 214200).
REFERÊNCIAS
CANO, M. J. (2004). Pottiaceae: Hennediella, Tortula. Flora
Briofítica Ibérica. Sociedad Española de Briología: Murcia, Spain.
Pp. 5-32.
ECCB (eds.) (1995). Red Data Book of European bryophytes
European Committee for Conservation of Bryophytes. European
Committee Conservation of Bryophytes. Trondheim.
GARCIA, C. & SÉRGIO, C. (2001). Uma nova espécie para a
brioflora Portuguesa Phascum leptophylum C. Müll. In Sérgio, C.
Notulae Bryoflorae Lusitanicae VII.12. Anuário Soc. Brot. 65:
115-116.
SÉRGIO, C. 2002. Nova localidade para Portugal de Petalophyllum
ralfsii (Wils.) Nees & Gottsche. In SÉRGIO, C., Notulae
Bryoflorae Lusitanicae VIII.9. Portugaliae Acta Biol. 20:
112-113.
-
C. SÉRGIO
198
5. NOVAS LOCALIDADES PARA ESPÉCIES DADAS COMO AMEAÇADAS EM
PORTUGAL
C. Sérgio1, C. Vieira2 , C. Garcia1 & I. Silva3
1 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural,
Jardim Botânico / Centro de Ecologia e Biologia Ambiental. Rua da
Escola Politécnica, 58, 1250-102 Lisboa,
Portugal. csergio@fc.ul.pt, 2 CIBIO/Departamento de Botânica,
FCUP, Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre, 1191, 4150-181,
Porto, 3Instituto de Botânico. Universidade
de Coimbra. 3000-393 Coimbra. Rhynchostegiella teneriffae
(Mont.) Dirkse & Bouman
(Rhynchostegiella teesdalei (Schimp.) Limpr.) Conhecida numa
única localidade em Portugal, onde tinha sido referida por
DIXON, em 1912 no Algarve, estando considerada até ao momento
como extinta.
*Estremadura, Arruda dos Vinhos, Cardosas, Ribeira de
Cardosinhas, numa linha de água, 29SMD9714, 28/05/2004, F. Aguiar
& L. Lopes (LISU 208003).
Pellia endiviifolia (Dicks.) Dumort.
Foi considerada uma espécie vulnerável em Portugal até 1994
(SÉRGIO et al.) dado que, a quase totalidade das colheitas, são
anteriores a 1950. Identificamos esta espécie em material colhido
recentemente, quer em áreas de colheitas antigas, assim como
noutras regiões onde a espécie não estava referida. *Baixo
Alentejo, Beja, Odemira, São Salvador, Ribeira da Capelinha,
29SNB3667,
26/05/2004, A. Albuquerque & P. Rodríguez-González (LISU
207296). Beira Litoral, Aveiro, cidade, taludes argilosos e
depósitos de caulino, 29TNE2998,
08/12/2004, C. Sérgio (LISU 204403); Coimbra, Botão, talude
calcário, 29TNE5162, 01/08/2004, A. Albuquerque (LISU 207297); Vila
Nova de Ourém, Seiça, Ribeira de Seiça, talude calcário, 29SND4091,
27/05/2004, F. Aguiar & L. Lopes (LISU 207298).
*Douro Litoral, Resende, Paus, Ribeira de Fazamões, 29TNF9641,
23/08/2004, C. Vieira (PO 7218-CIBIO).
*Estremadura, Caldas da Rainha, Salir de Matos, Rio Tornada,
29SMD9261, 21/06/2005, A. Albuquerque (LISU 210114); Alenquer,
Triana, Ribeira de Alenquer, talude rochoso, 29SMD9723, 06/05/2005,
Albuquerque (LISU 210113); Mafra, Ribeira de Nossa Senhora do
Arquitecto Arquite, taludes e rocha calcárias, 29SMD6808,
28/05/2004, F. Aguiar & L. Lopes (LISU 207299); São Pedro de
Muel, talude junto ao rio, 29SME9950, 1980, I. Melo (LISU 147971);
Sintra, Monserrate, talude sombrio e húmido, 29SMC6493, 1973, C.
Sérgio (LISU 160396).
Ribatejo, Arneiro das Milhariças, Uivados, entrada de uma mina,
29SND2560, 22/01/2000, C. Garcia & N. Carvalho (LISU
214201).
REFERÊNCIAS DIXON, A. (1912). Results of a bryological visit to
Portugal. Rev. Bryol. Lichénol. 39:
33-50. SÉRGIO, C., CASAS, C. BRUGUÉS, M. & CROS, R. M.
(1994). Lista
Vermelha dos Briófitos da Península Ibérica/Red List of
Bryophytes of the Iberian Peninsula. Pp. 1-50. Lisboa.
-
NOTULAE BRYOFLORAE LUSITANICAE X
199
6. POHLIA FILUM (SCHIMP.) MARTENSSON (BRYACEAE) NOVA ESPÉCIE
PARA A BRIOFLORA PORTUGUESA.
C. Sérgio1 & C. Casas 2
1 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural,
Jardim Botânico / Centro de Ecologia e Biologia Ambiental. Rua da
Escola Politécnica, 58, 1250-102 Lisboa, Portugal.
csergio@fc.ul.pt, 2 Departamento de Botánica Universidad Autónoma
de
Barcelona, 08193 Bellaterra, España.
Durante a revisão de alguns espécimens de Pohlia Hedw.
(Bryaceae) depositadas no herbário LISU, para a preparação do novo
livro (CASAS et al., 2006) foi identificado uma espécie do grupo
das Pohlia bulbíferas (section Cacodon Lindb. ex Broth.), Pohlia
filum (Schimp.) Martensson, não indicada ainda para a flora de
Portugal.
O material estava identificado inicialmente como P. bulbifera
(Warnst.) Warnst. e tinha sido colhido na região do Parque Natural
da Peneda-Gerês, numa plataforma granítica com alguma altitude,
junto à nascente do Rio Vez.
Pohlia filum é um musgo da região holoárctica considerado
subárctico-subalpino (DÜLL, 1985), muito pouco frequente na
Península Ibérica onde foi unicamente referido nos Pirenéus como P.
ludwigii. Está indicado para distintas localidades do Pirenéu
aragonés (ZETTERSTEDT, 1865) tendo sido reencontrado na mesma zona
por R.M. Cros en 1978 (BCB 54188). WIGGINTON (in HILL et al., 1994)
indica que a Península Ibérica corresponde ao limite sul da área de
ocupação desta espécie.
É um taxon fundamentalmente terrícola que se desenvolve em solos
arenosos ácidos pobres em matéria orgânica. Foi encontrado numa
comunidade pioneira, no solo húmido, descoberto, junto a uma linha
de água a cerca de 1200 m de altitude, associado a: Calypogeia
fissa (L.) Raddi, Jungermannia gracillima Sm., Ditrichum
heteromallum (Hedw.) Britton, Polytrichum commune Hedw.,
Pseudotaxiphyllum elegans (Brid.) Z. Iwats.
** Minho, Serra da Penêda-Gerês, Arcos de Valdevez, Lamas do
Vez, solo junto à linha de água, 1200m, 29TNG5944, 20/06/1984, C.
Sérgio & R. Schumacker 5160 (LISU 154400).
REFERÊNCIAS CASAS, C., BRUGUÉS, M., CROS, R. M. & SÉRGIO, C.
(2006). Handbook Mossflora
of the Iberian Peninsula and Balearic Islands. Institut
d'Estudis Catalans. 1-349. DÜLL, R. (1985). Distribution of the
European and Macaronesian Mosses (Bryophytina),
Part. II. Bryologische Beiträge 5: 110-232. HILL, M. O.,
PRESTON, C. D. & SMITH, A. J. E. (1994). Atlas of the
Bryophytes of
Britain and Ireland 3. Mosses (Diplolepideae). Colchester. 419
pp. ZETTERSTEDT, J. E. (1865). Pyreneernas Mossvegetation. Kongl.
Svenska Vetenskaps-
Akademiens Handlingar 5:1-51.
-
C. SÉRGIO
200
7. NOVAS ÁREAS PARA PORTUGAL DE SACCOGYNA VITICULOSA (L.)
DUMORT.
C. Sérgio1 & C. Garcia1
1 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural,
Jardim Botânico / Centro de Ecologia e Biologia Ambiental. Rua da
Escola Politécnica, 58, 1250-102 Lisboa,
Portugal.csergio@fc.ul.pt
Consideramos de particular importância focar algumas espécies
recentemente descobertas em áreas Atlânticas dado que se encontram,
na sua maioria, ligadas a hábitats bastante sensíveis e em que a
sua presença, dá-nos a indicação que estamos perante ambientes
bastante preservados de grande diversidade. Uma dessas espécies
corresponde a Saccogyna viticulosa (L.) Dumort. É uma hepática
relativamente rara na Península Ibérica que ocupa áreas costeiras
da Cantábria, Portugal até às Ilhas Atlânticas, existindo também na
região de Cadiz em enclaves com vegetação Macaronésica (CASAS et
al., 1985).
S. viticulosa foi recentemente reencontrada no Minho e
Trás-os-Montes e Alto Douro. Na Beira Litoral algumas das
localidades coincidem com as citações antigas, tendo sido
reencontrada em alguns desses locais.
Beira Litoral, Coimbra, Vale de Canas, talude sombrio,
29TNE5350, 11/05/2000, C. Sérgio & C. Garcia (LISU 180143).
Minho, Viana do Castelo, Arcos de Valdevez, Rio Vez., talude
rochoso, 29TNG454, 16/07/2004, A. Albuquerque & P.
Rodríguez-González (LISU 207340).
Trás-os-Montes e Alto Douro, Serra do Alvão, Pardelhas, vale
junto à Ribeira da Ribeira, rochas e margens da ribeira, 29TNF9276,
06/05/2004, C. Sérgio et al. (LISU 212062).
REFERÊNCIAS CASAS, C., BRUGUÉS, M. & CROS, R. M. &
SÉRGIO, C. (1985). Cartografia de
Briófitos. Península Ibérica i les Illes Baleares, Canarias,
Açores i Madeira. Institut d'Estudis Catalans 1: 1-50.
8. DIDYMODON AUSTRALASIAE (HOOK. & GREV.) R. H. ZANDER
(POTTIACEAE), UMA NOVA ESPÉCIE PARA
PORTUGAL
C. Sérgio1 & S. J. Pistoor 2 1 Universidade de Lisboa, Museu
Nacional de História Natural, Jardim Botânico / Centro
de Ecologia e Biologia Ambiental. Rua da Escola Politécnica, 58,
1250-102 Lisboa, Portugal. csergio@fc.ul.pt, 2 Casa Quintão, Apt.
285, 8365 Armação de Pêra, Portugal.
Durante saídas de campo realizadas nas zonas costeiras do
Barrocal Algarvio pelo segundo autor, foi encontrado pela primeira
vez Didymodon australasiae (Hook. & Grev.) R.H. Zander em
Portugal.
-
NOTULAE BRYOFLORAE LUSITANICAE X
201
O ambiente onde foi encontrada esta espécie corresponde a um
mato alto com Juniperus phoenicia, Pistacea lentiscus, Smilax
aspera e diversas espécies de Cistus. O substrato são sedimentos
argilo-arenosos formados por erosão das rochas do barrocal, típico
de solos escléticos calcários, onde se instala uma vegetação pobre
e rasteira com Sedum sp. e Asteriscus sp. As colónias de briófitos
formam às vezes grandes massas e instalam-se em pequenos
micro-habitas mais sombrios e onde permanece durante algum tempo a
humidade do substrato. O local de colheita encontrava-se numa
plataforma a cerca de 25 m acima do nível do mar e a 40 m da
ravina.
Na Península Ibérica D. australasiae encontra-se distribuído no
Sul de Espanha, desde Sevilha, Cidade Real a Alicante, em áreas com
vegetação tipicamente xerofítica em lugares um pouco nitrificados e
secos durante grande parte do ano (JIMÉNEZ, 2004). Em Portugal, o
local no Algarve tem ecologicamente bastante analogia aos descritos
para esta espécie em Espanha.
**Algarve, Lagoa, Praia do Barraquinho, from footpah on limeston
cliffo, among Bryum, 25 m, 19/02/2007, S. Pistoor, 29SNB5205 (LISU
214142). Rev. J. A Jiménez.
REFERÊNCIAS JIMÉNEZ, J. A. (2004). Pottiaceae: Didymodon. Flora
Briofítica Ibérica. Sociedad
Española de Briología: Murcia, 35 pp.
9. ÁCERCA DA PRESENÇA DE TORTULA GUEPINII (BRUCH & SCHIMP.)
BROTH. (POTTIACEAE) EM PORTUGAL
C. Sérgio1, M. Brugués2& R. Cros2
1 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural,
Jardim Botânico / Centro de Ecologia e Biologia Ambiental. Rua da
Escola Politécnica, 58, 1250-102 Lisboa, Portugal.
csergio@fc.ul.pt, 2 Departamento de Botánica Universidad Autónoma
de
Barcelona, 08193 Bellaterra, España.
Numa das primeiras notas sobre a brioflora da Portuguesa
(SÉRGIO, 1978) foi indicada pela primeira vez a presença de Tortula
guepinii (Bruch & Schimp.) Broth. em Portugal.
Nessa época foi tido como suporte para a sua identificação a
características indicadas por CORTÉS LATORRE (1955) e ainda a
observação do material europeu de herbário depositado na colecção
de Coimbra (COI) estudado por Schimper.
No entanto, esta espécie de Tortula foi considerada como não
presente em Portugal (CANO, 2004) dado que o material observado por
M. Jesus Cano do herbário de Coimbra (COI) corresponder a um
espécime misto e composto na sua grande parte por T. cuneifolia e
T. canescens, pasando desapercebida as poucas plantas T. guepinii.
O espécime duplicado existente em LISU, referente a
-
C. SÉRGIO
202
esta mesma colheita corresponde a um tufo mais puro, foi
novamente estudado e, na realidade, corresponde a T. guepinii. Esta
espécie foi também recentemente referida para a região de Barrancos
(SÉRGIO et al., 2006) e ainda numa localidade do Alto Alentejo
(GUERRA et al., 2006).
Podemos assim confirmar a presença em Portugal e indicar todas
as localidades onde, até ao momento, a espécie foi encontrada.
Alto Alentejo, Esperança, estrada para a fronteira, base de
Olea, 29SPD5738, 400-450 m, 1991, C. C. Sérgio, M. Brugués & R.
Cros (LISU 165135) sub. Pottia lanceolata rev. R. Ros;
Montemôr-o-Novo, Alcáçovas, próximo da Ribeira de Alcáçovas, solo
sombreado, 29SNC7555, 05/02/1997, C. Sérgio, M. Brugués & R.
Cros (LISU 214150).
Baixo Alentejo, Barrancos, Mina de Aparis, clareiras do prado,
29SPC6821, 12/02/2004, C. Sérgio, M. Brugués & R. Cros (LISU
213460).
Beira Baixa, Castelo Branco, Fonte Santa, 29SPC6821, 30/12/1969,
C. Alves (COI, LISU 148321).
REFERÊNCIAS CANO, M. J. (2004). Pottiaceae: Hennediella,
Tortula. Flora Briofítica Ibérica. Sociedad
Española de Briología: Murcia, Spain. Pp. 5-32. CANO, M. J.
(2006). Tortula. In: GUERRA, J., M. J. CANO & R. M. ROS (eds.)
Flora
Briofítica Ibérica. Pottiales: Pottiaceae. Encalyptales:
Encalyptaceae. Vol III. Murcia, Universidad de Murcia, Sociedad
Española de Briología: pp 146-176.
CORTÉS LATORRE, C. (1955). Aportaciones a la Briología española.
La Tortula Guepini (Br. eur.) Limpr., musgo nuevo para la flora
española. Anales del Instituto Botánico Antonio José Cavanilles de
Madrid 14:171-178.
SÉRGIO, C. (1978). Tortula guepinii (B.S.G.) Limpr. dans la
flore portugaise et son intérêt phytogéographique. Bol. Soc. Brot.
52: 249-255.
SÉRGIO, C., BRUGUÉS, M., CROS, R. M., GARCIA, C. & LOURO, T.
(2006). A new important Mediterranean area for bryophytes in
Portugal: Barrancos (Baixo Alentejo) Boletín de la Sociedad
Española de Briología 29: 25-33.
10. BRACHYTHECIASTRUM OLYMPICUM (JUR.) VANDERP. ET AL.
(BRACHYTHECIACEAE) NOVO MUSGO PARA A FLORA
BRIOLÓGICA PORTUGUESA
C. Sérgio1 & I. Silva4 1 Universidade de Lisboa, Museu
Nacional de História Natural, Jardim Botânico / Centro
de Ecologia e Biologia Ambiental. Rua da Escola Politécnica, 58,
1250-102 Lisboa, Portugal. csergio@fc.ul.pt, 4 Instituto de
Botânico. Universidade de Coimbra. 3000-393
Coimbra.
HENRIQUES (1889) refere para a Serra da Estrela um musgo colhido
por Levier em 1878 que denominou como B. venustum De Not.
Posteriormente MACHADO (1933) considera também esta planta
integrada em B. venustum
-
NOTULAE BRYOFLORAE LUSITANICAE X
203
mas, admite que B. olympicum Jur. seja um sinónimo desta última
espécie. SÉRGIO & JANSEN (2000), referindo algumas
características diagnosticantes, e revendo o material da Serra da
Estrela colhido por Levier, consideraram que as plantas da Serra da
Estrela correspondem, a Brachytheciastrum dieckii Roell. Na
realidade, esta última espécie corresponde a um musgo bastante
vulgar na Serra da Estrela e, actualmente, considerado uma espécie
distinta de B. olympicum.
Em Espanha as primeiras referências e anotações sobre algumas
particularidades e complexidades deste grupo taxonómico foram
publicadas por CORTÉS LATORRE (1948-1949), permanecendo no entanto
B. olympicum a ser considerado para a “Comunidad de Madrid” (LARA
et al., 2005), assim como para diversas localidades das áreas
mediterrâneas da Península Ibérica. No entanto, o conhecimento
quanto a distribuição Ibérica necessita de ser promovido.
É um musgo, considerado de tendência submediterrânica existindo
na África do Norte e Ásia Ocidental, da Turquia ao Afaganistão
(FREY & KÜRSCHNER, 1991).
Recentemente em estudos moleculares efectuados para reorganizar
taxonomicamente este complexo entre as Brachytheciaceae
(VANDER-POORTEN et al., 2005), concluiu-se que existe um suporte
robusto para serem individualizadas diferentes espécies num grupo
monifilético (género Brachy-theciastrum), onde foram circunscritos
diferentes taxa como: B. collinum, B. olympicum, B. velutinum e B.
dieckii. Por outro lado, na recente lista dos musgos Europeus (HILL
et al., 2006) estas espécies estão consideradas como
independentes.
Com o estudo de algum material recentemente encontrado em áreas
e com ecologia bastante diferente das onde ocorre Brachythecium
dieckii e, tendo como base estes novos critérios taxonómicos,
podemos concluir que tanto B. olympicum como B. dieckii existem na
flora de Portugal.
B. olympicum foi encontrado durante um estudo de monitorização
da qualidade da água em Portugal Continental para a implementação
da Directiva Quadro. Com a informação de campo e dados ecológicos,
podemos referir que este musgo, se desenvolve em substratos neutros
na base de árvores ou raízes, formando colónias quase puras, num
local bastante sombrio e com alguma humidade, embora pareça
suportar alguns períodos de secura. Encontra-se fértil e apresenta
as sedas lisas e as células basilares das folhas nitidamente
porosas.
Entre as espécies acompanhantes podemos indicar: Lunularia
cruciata (L.) Lindb., Bryum capillare Hedw., Bryum pseudotriquetrum
(Hedw.) P. Gaertn., B. Mey. & Scherb., Eurhynchium praelongum
(Hedw.) Schimp., Fissidens taxifolius Hedw., Pottia truncata
(Hedw.) Bruch & Schimp. e Rhynchostegiella tenella (Dicks.)
Limpr.
**Baixo Alentejo, Odemira, São Teotónio, Ribeira de Seixe,
raízes e madeira em decomposição, 29SNB2339, 30/04/2005, S. Mendes,
J. Abreu (LISU 206761).
-
C. SÉRGIO
204
REFERÊNCIAS CORTÉS LATORRE, C. 1948-1949 (1950). Aportaciones a
la Briología española.
Anales del Jardín Botánico de Madrid 9:259-333. LARA, F.,
ALBERTOS, B., GARILLETI, R. & MAZIMPAKA, V. (2005). Relación
de
táxones potencialmente amenazados en la Comunidad de Madrid.
Bol. Soc. Esp. Briol. 26-27: 33-45
FREY, W. & KÜRSCHNER, H. (1991). Conspectus Bryophytorum
Orientalum et Arabicorum. An annotated catalogue of the bryophytes
of Southwest Asia. Bryophytorum Bibliotheca. 39: 1-181.
HENRIQUES, J. (1889). Musgos. Catálogo dos Musgos encontrados em
Portugal. Bryinae anomalae. Boletim da Sociedade Broteriana 7:
181-223.
MACHADO, A. (1930). Sinopse das Briófitas de Portugal. 2ª parte
– Musgos. (continuação). Coimbra.
SÉRGIO, C. & JANSEN, J. (2000). On the presence of
Brachythecium dieckii in Portugal and Marocco. J. Bryol. 22:
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VANDERPOORTEN, A., IGNATOV, M. S., HUTTUNEN, S. & GOFFINET,
B. (2005). A molecular and morphological recircumscription of
Brachytheciastrum (Brachytheciaceae, Bryopsida). Taxon. 54:
369-376.
11. RECONHECIMENTO DA PRESENÇA DE FISSIDENS ADIANTOIDES HEDW.
(FISSIDENTACEAE) EM PORTUGAL
C. Sérgio1 & I. Silva2
1 Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural,
Jardim Botânico / Centro de Ecologia e Biologia Ambiental. Rua da
Escola Politécnica, 58, 1250-102 Lisboa,
Portugal. csergio@fc.ul.pt, 2 Instituto de Botânico.
Universidade de Coimbra. 3000-393 Coimbra.
Fissidens adiantoides Hedw. foi pela primeira vez referido para
a Portugal por
P. ALLORGE (1931) correspondendo a uma colheita efectuada por
este autor na Cruz Alta, na Serra do Buçaco, no centro de Portugal.
Este musgo foi posteriormente referido por POTIER DE LA VARDE
(1945) que estudou este material e confirma a presença desta
espécie. ALLORGE (1974) refere posteriormente para novas
localidades nesta mesma serra.
Em 1969, F. adiantoides, foi referido para uma localidade
(SÉRGIO, 1969), não muito distante da primeira mas junto à costa,
na região da Figueira da Foz.
SÉRGIO & CARVALHO (2003), considera que este material
necessita de ser revisto. Tivemos a possibilidade de localizar o
material no herbário de Coimbra (COI) e, após a sua observação, foi
confirmado que, sem qualquer dúvida, se tratava de plantas de F.
adiantoides.
Trata-se de um espécime formando um tufo grande com plantas
bastante bem diferenciadas mas, sem esporófitos.As plantas
apresentam caracteristicas típicas
-
NOTULAE BRYOFLORAE LUSITANICAE X
205
para esta espécie, de tecido foliar de células grandes, de 8 a
16 �m de largura, a secção das folhas nunca apresenta as células em
dois estratos, sendo unistratosas em todas as lâminas. Esta
característica serve para as distinguir com F. dubius, espécie com
que pode ser confundida.
Recentemente ao estudar algum material colhido na reguião da
Figueira da Foz, na primavera do corrente ano, foram identificados
mais exemplares F. adiantoides. Verificamos ainda que um exemplar
proveniente da região do Rio Vouga, colhido em 1994, pertence a
este mesmo taxon. Assim, certificamos a presença desta espécie de
Fissidens em Portugal e admitimos que com novos estudos este musgo
deve ser seguramente reencontrado, em regiões ecocologicamente
comparáveis.
Fissidens adiantoides é uma espécie circumboreal com uma
distribuição que vai do Árctico a África e Norte América, e com
áreas de ocorrência no Sul da América, Tasmânia e Nova Zelândia. Em
Espanha está bastante distribuída nas montanhas do Norte mas,
existindo também na Serra Nevada.
Sob o ponto de vista de conservação não foi considerada como
ameaçada a nível Ibérico (SÉRGIO et al., 2006).
Beira Litoral, Figueira da Foz, Quiaios, Lagoa das Braças, no
solo húmido numa vala, 29TNE1645, 04/05/1967, C. Sérgio & J.
Ormonde 248 (COI, LISU 206760); Figueira da Foz, Montemor-o-Velho,
Mata da Foja, no solo de pinhal húmido, 29TNE2550, 30/04/2007, I.
Silva, M. Cristina & C. Machado (COI, LISU 215270); Vale de
Cambra, Castelões, na margem da linha de água, 29TNF5020,
26/03/1994, C. Sérgio 9053 (LISU 193180); Cedrim do Vouga, talude
com escorrência, 29TNF5607, 25/05/1996, C. Sérgio 10380 (LISU
193182). REFERÊNCIAS ALLORGE, P. (1931). Notes sur la flore
bryologique de la Péninsule Ibérique. VIII.
Additions a la flore portugaise. Rev. Bryol., 4: 32-36. ALLORGE,
V. (1974). La Bryoflore de la Foret de Bussaco (Portugal). Rev.
Bryol.
Lichénol. 40: 307-452. POTIER DE LA VARDE, R. (1945). Liste des
espéces du genre Fissidens récoltées dans
la Penínsule Ibérique par M. et Mme Allorge. Rev. Bryol.
Lichénol. 15: 30-39. SÉRGIO, C. (1969). Contribuição para o
conhecimento da Flora Briológica de Portugal-
III. Anuário Soc. Brot. 35: 9-40. SÉRGIO, C. & CARVALHO, S.
(2003). Annotated Catalogue of Portuguese Bryophytes
–Portugaliae Acta Biol. 21: 5-227. SÉRGIO, C., BRUGUÉS, M.,
CROS, R. M., CASAS, C. & GARCIA, C. (2006). The
2006 Red List and an updated Check List of Bryophytes of the
Iberian Peninsula (Portugal, Spain and Andorra). Lindbergia 31, 3:
109-125.
-
C. SÉRGIO
206
12. NOVOS DADOS PARA TRÁS-OS-MONTES E ALTO
DOURO DE ESPÉCIES MEDITERRÂNICAS
C. Sérgio1 & C. Garcia1 1 Universidade de Lisboa, Museu
Nacional de História Natural, Jardim Botânico / Centro
de Ecologia e Biologia Ambiental. Rua da Escola Politécnica, 58,
1250-102 Lisboa, Portugal. csergio@fc.ul.pt
A região de Trás-os-Montes e Alto Douro é das áreas em Portugal
onde têm
incidido menos estudos florísticos de briófitos, sendo bem
patente quando se analisa o número o número de espécies
referenciadas para esta região (SÉRGIO & CARVALHO, 2003), com
cerca de 275 taxa enquanto o número de espécies de briófitos
conhecido no Minho atinge cerca de 415.
Nesta nota apresenta-se mais três espécies novas para esta
província, todas consideradas como elementos de tendência
mediterrânea ou sub-mediterrânea. Por outro lado indicamos uma
segunda localidade de Syntrichia montana Nees para esta região.
Oxymitra incrassata (Brot.) Sérgio & Sim-Sim *Trás-os-Montes e
Alto Douro, Mazouco, descida para o Douro, próximo do Cavalinho
(arte rupestre), 29TPF8857, 04/10/2000, C. Sérgio 11543 (LISU
214203); Morais, depois da povoação, a 2 km a caminho do topo do
Maciço de Morais, 29TPF8396, 22/11/2000, C. Sérgio et al. 11457
(LISU 214207); S. João da Pesqueira, Valongo dos Azeites,
29TPF3447, 17/11/1987, C. Sérgio 6034 (LISU 214206).
Riccia bifurca Hoffm. *Trás-os-Montes e Alto Douro, Estrada
Morais para Mogadouro, Ponte do Sabor,
29TPF8385, 22/11/2000, C. Sérgio et al. 11507 (LISU 214208).
Syntrichia montana Nees Trás-os-Montes e Alto Douro, Silva,
próximo de Campo de Víboras, 29TQF1398,
06/10/2001 C. Sérgio et al. 12108 (LISU 214204).
Tortula solmsii (Schimp.) Limpr. *Trás-os-Montes e Alto Douro,
Estrada Morais para Mogadouro, Ponte do Sabor,
29TPF8583, 22/11/2000, C. Sérgio et al. 11504 (LISU 214196).
REFERÊNCIAS SÉRGIO, C. & S. CARVALHO (2003). Annotated
Catalogue of Portuguese Bryophytes –
Portugaliae Acta Biol. 21: 5-227.
-
NOTULAE BRYOFLORAE LUSITANICAE X
207
13. NOVOS DADOS DE CIRRIPHYLLUM CRASSINERVIUM (TAYLOR) LOESKE
& M. FLEISCH. & FLEISCH
(BRACHYTHECIACEAE). EM PORTUGAL
C. Sérgio1, C. Vieira2 & I. Silva3 1 Universidade de Lisboa,
Museu Nacional de História Natural, Jardim Botânico / Centro
de Ecologia e Biologia Ambiental. Rua da Escola Politécnica, 58,
1250-102 Lisboa, Portugal. csergio@fc.ul.pt, 2 CIBIO/Departamento
de Botânica, FCUP, Universidade do
Porto, Rua do Campo Alegre, 1191, 4150-181 Porto, 3 Instituto de
Botânico. Universidade de Coimbra. 3000-393 Coimbra.
Cirriphyllum crassinervium (Taylor) Loeske & M. Fleisch.
& Fleisch é um
musgo que, até há poucos anos, tinha sido referenciado apenas em
áreas restritas, quer a Norte desde Trás-os-Montes quer no Algarve
(SÉRGIO & CARVALHO, 2003). No entanto, a quase totalidade
destas referências correspondem a colheitas efectuadas antes de
1950 e são poucas as posteriores a 1970, mesmo as de ALLORGE (1974)
que indica as suas colheitas no Buçaco em 1965. Mesmo em
Trás-os-Montes só estava referido do em 1949 (ALLORGE &
ALLORGE).
Deste modo na Lista Vermelha publicada em 1994 (SÉRGIO et al.,
1994) esta espécie foi considerada como rara.
Neste momento são acrescentadas novas localidades onde este
musgo foi encontrado, assim como novas colheitas na Serra do
Buçaco, onde a espécie tinha sido referida anteriormente.
Beira Litoral, Cedrim do Vouga, 29TNE5058, 01/04/2001, C. Sérgio
11939 (193129 LISU); Coimbra, Jardim Botânico da Universidade de
Coimbra, 29TNE4950, 1993, H. v. Melick (175134 LISU; Buçaco, Mata
do Buçaco, Cruz Alta descendo para o Hotel, 29TNE5369, 22/09/2000,
C. Sérgio 11454 (LISU 214214).
Estremadura, Sintra, junto à fonte dos Capuchos, para Azóia,
29SMC6192, 12/07/1988, 6418 C. Sérgio & M. Sim-Sim (153301
LISU); Sintra, Parque do Castelo da Pena, 29SMC6693 4293177 466192,
1988, 4462 J. Werner (LISU 153302).
Trás-os-Montes e Alto Douro, Bragança, Torre de Moncorvo, Mós,
29TPF7657, 07/07/2005, A. Albuquerque (LISU 210199); Vila Flor,
Freixiel, 29TPF4975, 14/07/2005, A. Albuquerque (LISU 210200);
Lamego, Lazarim, Rio das Poldras, 29TNF9641, 23/08/2004, C. Vieira
(PO 7229-CIBIO).
REFERÊNCIAS ALLORGE, P. & ALLORGE, V. (1949). Végetation aux
environs de Bragança.
Portugaliae Acta Biol., Sér. B, Sist. vol. J. Henriques: 63-86.
SÉRGIO, C. & CARVALHO, S. (2003). Annotated Catalogue of
Portuguese Bryophytes.
Portugaliae Acta Biol. 21: 5-227.
-
C. SÉRGIO
208
14. NOVAS ÁREAS PARA PORTUGAL DE SPHAGNUM AURICULATUM SCHIMP E
DE SPHAGNUM SUBNITENS RUSSOW
& WARNST.
C. Garcia1, C. Sérgio1, P. Rodríguez-González2, C. Ramalho3, M.
Porto4, M.J. Pinto1 & S. Lobo1
1Universidade de Lisboa. Museu Nacional de História Natural,
Jardim Botânico. Rua da Escola Politécnica, 58, 1250-102 Lisboa,
Portugal. cgarcia@fc.ul.pt, 2Instituto Superior
de Agronomia, Departamento de Engenharia Florestal, Tapada da
Ajuda. 1349-017 Lisboa, Portugal, 3Murdoch University, South St,
Murdoch, 6150 Western Austrália,
4ERENA - Ordenamento e Gestão de Recursos Naturais, LDA. Rua
Robalo Gouveia, 1-1ª, 1900-392 Lisboa, Portugal.
Durante a realização de trabalho de campo, na sua maior parte
para o estudo da
flora vascular de zonas húmidas e na preparação de explorações
botânicas, foram detectadas algumas populações de Sphagnum
auriculatum Schimp e de Sphagnum subnitens Russow & Warnst.
que, pela sua localização, apresentam uma importância corológica
assinalável.
Estas novas localidades de ocurrência correspondem a locais
relativamente afastados da área de distribuição de cada uma das
espécies referidas, conforme se pode observar nos mapas de
distribuição apresentados por SÉNECA (1989, 2003).
Embora Sphagnum auriculatum seja a espécie com maior
distribuição em Portugal ainda não tinha sido encontrada no
Ribatejo e no litoral, a Sul de Leiria, só existem referências para
a Península de Setúbal.
Realça-se ainda a população de Sphagnum subnitens, encontrada na
povoação de Vale de Lobos, passados mais de 150 anos após as
primeiras colheitas efectuadas por F. Welwitsch em 1843 e 1846 na
região de Sintra e referida consecutivamente por diversos autores a
partir da publicação de MITTEN (1853). Esta localidade fica a cerca
de 10 Km de distância da localidade de Welwitsch e a cotas
altimétricas inferiores, na ordem dos 300 m.
Sublinha-se que estes locais de ocorrência situam-se dentro de
áreas com bastante intervenção, nomeadamente nas bordaduras de
matas de produção de Eucalyptus globulus, presentemente em risco de
agravarem o respectivo status de conservação destas espécies.
Sphagnum auriculatum Schimp Estremadura, Óbidos, a norte da
povoação do Vau, num bosque-galeria sobre solo
turfoso, 29SMD7961, 29/11/2005, M. J. Pinto & S. Lobo (LISU
206759; Óbidos, Casal das Ferrarias, próximo da Lagoa de Óbidos,
numa linha de água, 29SMD8061, 10/10/2003, P. Rodríguez-González
(LISU. 214393)
*Ribatejo, Ourém, Caxarias, num solo turfoso, 29SND4095,
28/01/2006, P. Rodríguez-González (LISU 214392)
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NOTULAE BRYOFLORAE LUSITANICAE X
209
Sphagnum subnitens Russow & Warnst. Estremadura, Sintra,
Almargem do Bispo, Vale de Lobos, no solo inundado por uma
linha de água de num antigo bosque de Quercus pyrenaica,
actualmente ocupado por uma mata de produção de Eucalyptus globulus
Labill., 29SMC7696, 16/07/2005, C. Ramalho, M. Porto & C.
Garcia (LISU 214390).
REFERÊNCIAS MITTEN, W. A. L. S. 1853. An enumeration of the
Musci and Hepaticae collected in
Portugal, 1842-50, by Dr.Fried Welwitsch with brief notes and
observations. London. SÉNECA, A. M. 1998. Estudo ecológico e
biossistemático do género Sphagnum L. em
Portugal. Tese ao grau de Doutor, Faculdade de Ciência da
Universidade do Porto, Porto.
SÉNECA, A. M. 2003. The genus Sphagnum L. in Portugal.
Cryptogamie Bryol. 24: 103-126.