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Revista Espírita 150 anos
46

Mediunidade Curadora

Apr 07, 2016

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Caputo33

estudo de mediunidade
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Page 1: Mediunidade Curadora

Revista Espírita

150 anos

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DA MEDIUNIDADE CURADORA(Setembro de 1865)

 Escrevem-nos de Lyon, a 12 de julho de 1865: “Caro Senhor Kardec,

“Na qualidade de espírita, venho recorrer à vossa gentileza e pedir alguns conselhos relativamente à prática da mediunidade curadora pela imposição das mãos. Um simples artigo a respeito na Revista Espírita, contendo alguns desenvolvimentos, seria acolhido, tenho certeza, com grande interesse, não pelos, que, como eu, se ocupam desta questão com ardor, mas ainda por muitos outros a quem a leitura poderia inspirar o desejo de também dela se ocupar. Lembro-me sempre das palavras de uma sonâmbula que eu tinha formado. Eu a mandava durante o sono magnético, visitar uma doente à distância e à minha pergunta como poderia ser curada, disse ela: “Há alguém em sua aldeia que o poderia. É fulano. Ele é médium curador, mas não o sabe.”

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“Não sei até que ponto essa faculdade é especial; e vos cabe, mais que a qualquer outro, apreciá-la. Mas se realmente o for, quanto seria desejável que sobre tal ponto chamásseis a atenção dos Espíritas. Todos aqueles que, mesmo fora de nossas opiniões, vos lessem, não poderiam sentir qualquer repugnância em experimentar uma faculdade que apenas requer fé em Deus e a prece. Que de mais geral e mais universal? Não é mais questão de Espiritismo e cada um, no seu terreno, pode conservar suas convicções. Quantas irmãs de caridade, quantos bons curas do campo, quantos milhares de pessoas piedosas, ardentes pela caridade, poderiam ser médiuns curadores! É o que sonho em todas as religiões, em todas as seitas. Aceita por toda a parte, essa faculdade, esse presente divino da bondade do Criador, em vez de ficar como apanágio de alguns, cairia, se assim me posso exprimir, no domínio público. Seria um belo dia para os que sofrem; e os há tantos!

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“Mas para exercitar essa faculdade, independentemente de uma fé viva, e da prece, podem existir condições a reunir, processos a seguir para agir o mais eficazmente possível. Qual a parte do médium na imposição das mãos? Qual a dos Espíritos? É necessário empregar a vontade, como nas operações magnéticas, ou limitar-se a orar, deixando a influência oculta agir à vontade? Essa faculdade é, realmente, especial ou acessível a todos? O organismo aí representa um papel? e que papel? Essa faculdade é desenvolvível? e em que sentido?

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“É aqui que vossa longa experiência, vossos estudos sobre as influências fluídicas, o ensino dos Espíritos elevados que vos assistem e, enfim, os documentos que recolheis de todos os recantos do mundo vos podem permitir esclarecer-nos e instruir-nos. Ninguém como vós está colocado nessa posição única. Todos os que se ocupam deste assunto desejam vossos conselhos tanto quanto eu, disto tenho certeza, e creio fazer-me o intérprete de todos. Que mina fecunda é a mediunidade curadora! Aliviar-se-á ou curar-se-á o corpo; e pelo alívio ou pela cura achar-se-á o caminho do coração, onde muitas vezes a lógica havia falhado.

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Que recursos possui o Espiritismo! Como é rico de meios a que está chamado a servir! Não deixemos nenhum improdutivo; que tudo contribua para elevá-lo e espalhá-lo. Para tanto nada poupareis, caro senhor Kardec; e depois de Deus e dos bons Espíritos, o Espiritismo vos deve o que é. Já tendes uma recompensa neste mundo pela simpatia e pela afeição de milhões de corações que oram por vós, sem contar a verdadeira recompensa que vos espera no mundo melhor.

“Tenho a honra, etc.“A. D.”

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O que nos pede o honrado correspondente é nada menos que um tratado sobre a matéria. A questão foi esboçada no Livro dos Médiuns e em muitos artigos da Revista, a propósito dos casos de cura e de obsessões; está resumida no Evangelho Segundo o Espiritismo, a propósito das preces pelos doentes e dos médiuns curadores. Se um tratado regular e completo ainda não foi feito, isto se deve a duas causas: a primeira é que, a despeito de toda a atividade que desenvolvemos em nossos trabalhos, é-nos impossível fazer tudo ao mesmo tempo; a segunda, que é mais grave, está na insuficiência de noções que a respeito se possuem.

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O conhecimento da mediunidade curadora é uma das conquistas que devemos ao Espiritismo; mas o Espiritismo, que começa, ainda não pode ter dito tudo; não pode, de um só golpe, mostrar-nos todos os fatos que abarca; diariamente os mostra novos, dos quais decorrem novos princípios, que vêm corroborar ou completar os já conhecidos, mas é necessário tempo material para tudo. A mediunidade curadora deveria ter a sua vez; posto que parte integrante do Espiritismo, ela é, por si só, toda uma ciência, porque se liga ao magnetismo, e não só abarca as doenças propriamente ditas, mas todas as variedades, tão numerosas e complexas, de obsessões que, também estas influem no organismo.

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Não é, pois, nalgumas palavras que se pode desenvolver um assunto tão vasto. Nele trabalhamos, como em todas as outras partes do Espiritismo; mas como aí nada queremos introduzir de pessoal e de hipotético, procedemos por via de experiência e de observação. Não nos permitindo os limites deste artigo lhe dar o desenvolvimento que comporta, resumimos alguns dos princípios fundamentais, que a experiência consagrou.

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1. — Os médiuns que recebem indicações de remédios, da parte dos Espíritos, não são o que se chama médiuns curadores, pois eles próprios não curam; são simples médiuns escreventes, que têm uma aptidão mais especial que os outros, para esse gênero de comunicações e que, por isto mesmo, podem ser chamados médiuns consultores, como outros são médiuns poetas ou desenhistas. A mediunidade curadora é exercida pela ação direta do médium sobre o doente, com o auxílio de uma espécie de magnetização de fato, ou pelo pensamento.

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2. — Quem diz médium diz intermediário. A diferença entre o magnetizador, propriamente dito, e o médium curador é que o primeiro magnetiza com o seu fluido pessoal, e o segundo com o fluido dos Espíritos, ao qual serve de condutor. O magnetismo produzido pelo fluido do homem é o magnetismo humano; o que provém do fluido dos Espíritos é o magnetismo espiritual.

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3.— O fluido magnético tem, pois, duas fontes distintas: os Espíritos encarnados e os Espíritos desencarnados. Essa diferença de origem produz uma grande diferença na qualidade do fluído e nos seus efeitos. O fluido humano está sempre mais ou menos impregnado de impurezas físicas e morais do encarnado; o dos bons Espíritos é necessariamente mais puro e, por isto mesmo, tem propriedades mais ativas, que acarretam uma cura mais pronta. Mas, passando através do encarnado, pode alterar-se como um pouco de água límpida passando por um vaso impuro, como todo remédio se altera se demorou bastante num vaso sujo e perde, em parte, suas propriedades benéficas. Daí, para todo verdadeiro médium curador, a necessidade absoluta de trabalhar a sua depuração, isto é, o seu melhoramento moral, segundo o princípio vulgar: limpai o vaso antes de dele vos servirdes, se quiserdes ter algo de bom. Só isto basta para mostrar que o primeiro que aparecer não poderá ser um médium curador, na verdadeira acepção da palavra.

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4. — O fluido espiritual será tanto mais depurado e benfazejo quanto mais o Espírito que o fornece for puro e desprendido da matéria. Compreende-se que o dos Espíritos inferiores deva aproximar-se do homem e possa ter propriedades maléficas, se o Espírito for impuro e animado de más intenções.

Pela mesma razão, as qualidades do fluido humano apresentam nuanças infinitas, conforme as qualidades físicas e morais do individuo. E evidente que o fluído emanado de um corpo malsão pode inocular princípios mórbidos no magnetizado. As qualidades morais do magnetizador, isto é, a pureza de intenção e de sentimento, o desejo ardente e desinteressado de aliviar o seu semelhante, aliados à saúde do corpo, dão ao fluido um poder reparador que pode, em certos indivíduos, aproximar-se das qualidades do fluido espiritual.

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Assim, seria um erro considerar o magnetizador como simples máquina de transmitir fluidos. Nisto, como em todas as coisas, o produto está na razão do instrumento e do agente produtor. Por estes motivos, seria imprudência submeter-se à ação magnética do primeiro desconhecido. Abstração feita dos conhecimentos práticos indispensáveis, o fluído do magnetizador é como o leite de uma nutriz: salutar ou insalubre.

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5. — Sendo o fluido humano menos ativo, exige uma magnetização continuada e um verdadeiro tratamento, por vezes muito longo. Gastando o seu próprio fluido, o magnetizador se esgota e se fatiga, pois dá de seu próprio elemento vital. Por isso deve, de vez em quando, recuperar suas forças. o fluido espiritual, mais poderoso, em razão de sua pureza, produz efeitos mais rápidos e, por vezes, quase instantâneos. Não sendo esse fluido do magnetizador, resulta que a fadiga é quase nula.

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6. — O Espírito pode agir diretamente, sem intermediário, sobre um individuo, como foi constatado em muitas ocasiões, quer para o aliviar e o curar, se possível, quer para produzir o sono sonambúlico. Caso aja por um intermediário, trata-se de mediunidade curadora.

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7.— O médium curador recebe o influxo fluídico do Espírito, ao passo que o magnetizador tudo tira de si mesmo. Mas os médiuns curadores, na estrita acepção da palavra, isto é, aqueles cuja personalidade se apaga completamente ante a ação espiritual, são extremamente raros, porque essa faculdade, elevada ao mais alto grau, requer um conjunto de qualidades morais, raramente encontradas na terra; só esses podem obter, pela imposição das mãos, essas curas instantâneas, que nos parecem prodigiosas. Muito poucas pessoas podem pretender este favor.

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Sendo o orgulho e o egoísmo as principais fontes das imperfeições humanas, daí resulta que os que se gabam de possuir esse dom, que vão a toda parte contando curas maravilhosas que fizeram, ou dizem ter feito, que buscam a glória, a reputação ou o proveito, estão nas piores condições para o obter, porque essa faculdade é o privilégio exclusivo da modéstia, da humanidade, do devotamento e do desinteresse. Jesus dizia àqueles a quem havia curado: Ide dar graças a Deus e não o digais a ninguém.

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8.— Sendo, pois, a mediunidade curadora uma exceção aqui na terra resulta que há quase sempre ação simultânea do fluido espiritual e do fluido humano; quer dizer que os médiuns curadores são todos mais ou menos magnetizados, razão por que agem conforme os processos magnéticos. A diferença está na predominância de um ou do outro fluido e na cura mais ou menos rápida. Todo magnetizador pode tornar-se médium curador, se souber fazer-se assistir por bons Espíritos. Neste caso os Espíritos lhe vêm em ajuda, derramando sobre ele seu próprio fluido, que pode decuplicar ou centuplicar a ação do fluido puramente humano.

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9. — Os Espíritos vêm aos que querem; nenhuma vontade pode constrangê-los; eles se rendem à prece, se esta for fervorosa, sincera, mas nunca por injunção. Disto resulta que a vontade não pode dar a mediunidade curadora e ninguém pode ser médium curador com desígnio premeditado. Reconhece-se o médium curador pelos resultados que obtém e não por sua pretensão de o ser.

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10. — Mas se a vontade for ineficaz quanto ao concurso dos Espíritos, é onipotente para imprimir ao fluido, espiritual ou humano, uma boa direção e uma energia maior. No homem mole e distraído, a corrente é mole, a emissão é fraca; o fluido espiritual pára nele, mas sem que o aproveite; no homem de vontade enérgica, a corrente produz o efeito de uma ducha. Não se deve confundir vontade enérgica com a teimosia, porque esta é sempre resultado do orgulho ou do egoísmo, ao passo que o mais humilde pode ter a vontade do devotamento.

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A vontade é ainda onipotente para dar aos fluidos as qualidades especiais apropriadas à qualidade do mal. Este ponto, que é capital, se liga a um principio ainda pouco conhecido, mas que está em estudo: o das criações fluí- dicas e das modificações que o pensamento pode produzir na matéria. O pensamento, que provoca uma emissão fluídica, pode operar certas transformações, moleculares e atômicas, como se vêem ser produzidas sob a influência da eletricidade, da luz, ou do calor.

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11. — A prece, que é um pensamento, quando fervorosa, ardente, feita com fé, produz o efeito de uma magnetização, não só chamando o concurso dos bons Espíritos, mas dirigindo ao doente uma salutar corrente fluídica. A respeito chamamos a atenção para as preces contidas no Evangelho segundo o Espiritismo, pelos doentes ou pelos obsedados.

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12. — Se a mediunidade curadora pura é privilégio das almas de escol, a possibilidade de suavizar certos sofrimentos, mesmo de os curar, ainda que não instantaneamente, umas tantas moléstias, a todos é dada, sem que haja necessidade de ser magnetizador. O conhecimento dos processos magnéticos é útil em casos complicados, mas não indispensável. Como a todos é dado apelar aos bons Espíritos, orar e querer o bem, muitas vezes basta impor as mãos sobre a dor para a acalmar; é o que pode fazer qualquer um, se trouxer a fé, o fervor, a vontade e a confiança em Deus.

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É de notar que a maior parte dos médiuns curadores inconscientes, os que não se dão conta de sua faculdade, e que por vezes são encontrados nas mais humildes posições e em gente privada de qualquer instrução, recomendam a prece e se entre-ajudam orando. Apenas sua ignorância lhes faz crer na influência desta ou daquela fórmula. Às vezes, mesmo, a isto misturam práticas evidentemente supersticiosas, às quais se deve emprestar o valor que merecem.

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13. — Mas, porque se obtiveram resultados satisfatórios, uma ou mais vezes, seria temerário considerar-se médium curador e daí concluir que se pode vencer toda espécie de mal. A experiência prova que, na acepção restrita da palavra, entre os melhores dotados não há médiuns curadores universais. Este terá restituído a saúde a um doente e nada fará sobre outro; aquele terá curado um mal numa pessoa e não curará o mesmo mal uma outra vez, no mesmo doente ou em outro; aquele outro terá a faculdade hoje e não a terá amanhã; e poderá recuperá-la mais tarde, conforme as afinidades ou as condições fluídicas em que se encontre.

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14.— A mediunidade curadora é uma aptidão, como todos os gêneros de mediunidade, inerente ao individuo, mas o resultado efetivo dessa aptidão independe de sua vontade. Incontestavelmente ela se desenvolve pelo exercício, sobretudo, pela prática do bem e da caridade; mas como não poderia ter a fixidez, nem a pontualidade de um talento adquirido pelo estudo, e do qual se é sempre senhor, não poderia tornar-se uma profissão. Seria, pois, abusivamente que alguém se apresentasse ao público como médium curador. Estas reflexões não se aplicam aos magnetizadores, porque a força está neles e têm a liberdade de dela dispor.

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15. — É um erro crer que os que não partilham de nossas idéias não terão a menor repugnância em experimentar esta faculdade. A mediunidade curadora racional está intimamente ligada ao Espiritismo, desde que repousa essencialmente no concurso dos Espíritos. Ora, os que nem crêem nos Espíritos, nem na alma, e, ainda menos, na eficácia da prece, não poderiam colocar-se nas condições requeridas, pois isto não é coisa que se possa experimentar maquinalmente. Entre os que acreditam na alma e em sua imortalidade, quantos ainda hoje não recuariam de medo ante um apelo aos bons Espíritos, por medo de atrair o demônio e ainda julgam de boa-fé que todas as curas sejam obra do diabo?

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O fanatismo é cego; não raciocina. Certamente não será sempre assim, mas ainda passará muito tempo antes que a luz penetre em certos cérebros. Enquanto se espera, façamos o maior bem possível com o auxílio do Espiritismo; façamo-lo mesmo aos nossos inimigos, ainda que tivéssemos de ser pagos com a ingratidão. É o melhor meio de vencer certas resistências e de provar que o Espiritismo não é tão negro como alguns pretendem.

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FluidosSignificados na Física

Materiais capazes de penetrar pelos vazios da matéria e de se escoar: a eletricidade, o calor, a luz, os gases e líquidos em geral (ar, água etc.). Posteriormente estas idéias foram abandonadas pelos físicos, passando o termo fluido a designar somente os gases e os líquidos em geral, e não mais a eletricidade, o calor, a luz etc.

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FluidosSignificados no Espiritismo

Certos elementos materiais “sutis” que tomam parte em processos diversos examinados pelo Espiritismo, como a ação dos Espíritos sobre a matéria ordinária (mediunidade, curas, passes, etc.), ou a constituição dos corpos e da ambiência dos Espíritos (perispírito, objetos do mundo espiritual etc.)

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“No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme; sem deixar de ser etéreo, sofre modificações tão variadas em gênero e mais numerosas talvez do que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem os fluidos distintos que, embora procedentes do mesmo princípio, são dotados de propriedades especiais e dão lugar aos fenômenos peculiares do mundo invisível.” (A Gênese, cap. XIV)

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“Não é rigorosamente exata a qualificação de fluidos espirituais, pois que, em definitivo, eles são sempre matéria mais ou menos quintessenciada. De realmente espiritual, só a alma ou princípio inteligente. Dá-lhes essa denominação por comparação apenas e, sobretudo pela afinidade que eles guardam com os Espíritos. Pode dizer-se que são a matéria do mundo espiritual, razão porque são chamados fluidos espirituais.)” (A Gênese, cap. XIV)

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Ação dos Espíritos sobre os Fluidos

“Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem.”

“Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção; doutras, são produto de um pensamento inconsciente.”

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“Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes as propriedades, como um químico muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis.”

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Qualidade dos fluidos“Sendo esses fluidos o veículo do

pensamento e podendo este modificar-lhes as propriedades, é evidente que eles devem achar-se impregnados das qualidades boas ou más dos pensamentos que os fazem vibrar, modificando-se pela pureza ou impureza dos sentimentos.”

“O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixões, das virtudes e dos vícios da Humanidade e das propriedades da matéria, correspondentes aos efeitos que eles produzem.”

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Transmissão de fluidos - curas“A cura se opera mediante a

substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã.”

O poder curativo depende:• pureza da substância inoculada• energia da vontade• intenções daquele que deseje realizar

a cura“Os fluidos que emanam de uma fonte

impura são quais substâncias medicamentosas alteradas.”

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A ação magnética pode produzir-se de três formas:

• Pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano

• Pelo fluido dos Espíritos, atuando diretamente e sem intermediário, magnetismo espiritual

• Pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo para esse derramamento. É o magnetismo misto, semi-espiritual ou humano-espiritual

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III - A VERDADE(Maio de 1865)

PascalA verdade, meu amigo, é uma dessas abstrações

para as quais tende o espírito humano incessantemente, sem jamais poder atingi-la. É preciso que ele tenda para ela, é uma das condições do progresso, mas sua natureza imperfeita e só por isso que é imperfeita, não poderia alcançá-la. Seguindo a direção que segue a verdade em sua marcha ascendente, o espírito humano está na via providencial, mas não lhe é dado ver o seu termo.

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Compreender-me-ás melhor quando souberes que a verdade é, como o tempo, dividida em duas partes, pelo momento inapreciável que se chama o presente, a saber: o passado e o futuro. Assim, também há duas verdades: a verdade relativa e a verdade absoluta. A verdade relativa é o que é; a verdade absoluta é o que deveria ser. Ora, como o que deveria ser cresce por graus até a perfeição absoluta, que é Deus, segue-se que, para os seres criados e seguindo a rota ascensional do progresso, só há verdades relativas, Mas porque uma verdade relativa não é imutável, não é menos sagrada para o ser criado.

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Vossas leis, vossos costumes, vossas instituições são essencialmente perfectíveis e, por isto mesmo, imperfeitas; mas suas imperfeições não vos libertam do respeito que lhes deveis. Não é permitido adiantar-se ao seu tempo e fazer leis fora das leis sociais. A humanidade é um ser coletivo, que deve marchar, senão em seu conjunto, ao menos por grupos, para o progresso do futuro. Aquele que se destaca da sociedade humana para avançar como criança perdida, para verdades novas, sofre sempre em vossa terra a pena devida à sua impaciência.

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Deixai aos iniciadores, inspirados pelo Espírito de Verdade, o cuidado de proclamar as leis do futuro, submetendo-se à do presente. Deixai a Deus, que mede vossos progressos pelos esforços que houverdes feito para vos tornardes melhores, o cuidado de escolher o momento que julga útil para uma nova transição, mas não vos subtraiais nunca a uma lei senão quando ela for derrogada.

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Porque o Espiritismo foi revelado entre vós, não creiais num cataclismo das instituições sociais; até esse dia ele terá realizado uma obra subterrânea e inconsciente para aqueles que eram seus instrumentos. Hoje que ele aflora ao solo, e que chega à luz do dia, a marcha do progresso deve ser ainda de uma lenta regularidade. Desconfiai dos Espíritos impacientes, que vos impelem para as vias perigosas do desconhecido. A eternidade que vos é prometida deve levar-vos a ter piedade das ambições tão efêmeras da vida. Sede reservados até suspeitar, por vezes, da voz dos Espíritos que se manifestam.

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Lembrai-vos disto: O Espírito humano se move e se agita sob a influência de três causas, que são; a reflexão, a inspiração e a revelação. A reflexão é a riqueza de vossas lembranças, que agitais voluntariamente. Nela o homem encontra o que lhe é rigorosamente útil para satisfazer as necessidades de uma posição estacionária. A inspiração é a influência dos Espíritos extraterrenos, que se mistura mais ou menos às vossas próprias reflexões, para vos impelir ao progresso, é a ingerência do melhor na insuficiência da passagem; é uma força nova, que se junta a uma força adquirida, para vos levar mais longe que o presente, é a prova irrecusável de uma causa oculta que vos impele para a frente, e sem a qual ficaríeis estacionários; porque é regra física e moral que o efeito não poderia ser maior que sua causa, e quando isto acontece, como no progresso social, é que uma causa ignorada, inapercebida, juntou-se à causa primeira de vosso impulso.

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A revelação é a mais elevada das forças que agitam o espírito humano, porque vem de Deus e só se manifesta por sua vontade expressa; ela é rara, por vezes mesmo inapreciável, algumas vezes evidente para o que a experimenta a ponto de sentir-se involuntariamente tomado de santo respeito. Repito, ela é rara e ordinariamente dada como uma recompensa à fé sincera, ao coração devotado, Mas não vades tomar como revelação tudo quanto vos pode ser dado como tal. 

O homem exibe a amizade dos grandes, os Espíritos exibem uma permissão especial de Deus, a qual muitas vezes lhe falta. Algumas vezes fazem promessas que Deus não ratifica, porque só ele sabe o que é e o que não é preciso.

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Eis, meu amigo, tudo quanto te posso dizer sobre a verdade. Humilha-te ante o grande Ser, por quem tudo vive e se move na infinidade de mundos, que seu poder rege; pensa que se Nele se acha toda a sabedoria, toda a justiça e todo o poder, Nele também se acha toda a verdade.