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0. Índice 0. Índice................................................. 0 1. Introdução............................................. 0 2. O Entroncamento – Assim nasceu uma cidade...............0 2.1 Breve Evolução histórica.............................0 2.2 A actualidade....................................... 0 2.3 - A Câmara Municipal do Entroncamento................0 3. Trabalho em escritório..................................0 4. Visão e estruturas......................................0 5. Visão – Percepção.......................................0 6. Campo Visual............................................0 7. Defeitos Visuais e suas Correcções......................0 8. Medidas preventivas em r elação ao mobiliário...........0 8.1 Postura a adoptar....................................0 9. Iluminação ambiental....................................0 10. Ambiente Térmico......................................0 11. Ambiente Sonoro.......................................0 12. Doenças...............................................0 13. Perguntas mais frequentes entre trabalhadores de escritórios................................................0 14. Conclusão.............................................0 Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael
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Manual de seg trab esc

Jul 31, 2015

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Jose Gomes
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Page 1: Manual de seg trab esc

0. Índice

0. Índice........................................................................................................................0

1. Introdução.................................................................................................................0

2. O Entroncamento – Assim nasceu uma cidade..........................................................0

2.1 Breve Evolução histórica....................................................................................0

2.2 A actualidade.....................................................................................................0

2.3 - A Câmara Municipal do Entroncamento..........................................................0

3. Trabalho em escritório...............................................................................................0

4. Visão e estruturas......................................................................................................0

5. Visão – Percepção.....................................................................................................0

6. Campo Visual............................................................................................................0

7. Defeitos Visuais e suas Correcções...........................................................................0

8. Medidas preventivas em r elação ao mobiliário.........................................................0

8.1 Postura a adoptar................................................................................................0

9. Iluminação ambiental................................................................................................0

10. Ambiente Térmico.................................................................................................0

11. Ambiente Sonoro...................................................................................................0

12. Doenças.................................................................................................................0

13. Perguntas mais frequentes entre trabalhadores de escritórios.................................0

14. Conclusão..............................................................................................................0

1. Introdução

Curso Técnico Superior Segurança e Higiene do Trabalho – Hugo Rafael

Page 2: Manual de seg trab esc

Este Trabalho pretende ser um manual prático sobre posturas a adoptar e

princípios de prevenção em relação aos principais riscos que afectam os trabalhadores de

escritórios.

A Higiene e Segurança no Trabalho é mais do que o uso de um capacete, e é da

competência dos empregadores informar e formar os seus trabalhadores dos riscos

profissionais a que estão expostos, segundo a lei base da Higiene e Segurança no trabalho

(decreto-lei 441/91).

Ao longo deste manual que se pretende prático e fácil de consultar, podemos ver

aspectos ergonómicos do trabalho em escritórios, bem como medidas de protecção e

prevenção a adoptar para evitar futuras doenças profissionais.

O respeito pelas medidas em seguida enunciadas, levará a uma melhor

produtividade da organização pois como poderemos constatar certos pormenores podem

levar a doenças profissionais e logicamente a ausências ao trabalho.

Este Manual espera poder evitar muitas doenças profissionais e trazer mais

qualidade ao dia a dia dos trabalhadores

2. O Entroncamento – Assim nasceu uma cidade

2.1 Breve Evolução histórica

Foi o encontro de duas linhas, a 22 de Maio de 1864, que fez nascer o aglomerado

populacional ao qual de dá o nome hoje em dia de Entroncamento, foi o apeadeiro da

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Page 3: Manual de seg trab esc

ponte da pedra o primeiro lugar, lugar este que se deu na construção do troço Santarém

Abrantes.

Primeiro surgiu a estação e o depósito de máquinas, a estação não foi construída

onde hoje está mas um pouco mais a sul onde se alcança a gare nos dias de hoje.

Devido ao tráfego que se começou a fazer sentir (Passageiros, mercadorias, ferroviários),

rapidamente se sentiu necessidade de novas instalações e pouco depois surgem 24

barracas de madeira de ambos os lados da linha.

Antes de 1882 são construídas as primeiras 24 casas de pedra e argamassa,

alinhadas junto à estrada, o crescimento continua e antes de 1875, sempre junto à estrada,

surge outra barraca de madeira, é por esta data que, junto à estação velha a companhia

mandou construir o armazém de víveres – armazém que ainda funciona nos nossos dias e

que serve como corporativa para os funcionários da empresa.

Em 1882 nasce a primeira escola, destinada aos filhos dos ferroviários, junto à

linha e para sul da primitiva Estação, esta escola foi posteriormente tomada pelo estado,

tendo continuado a funcionar mas desde 1932 por conta do estado. O empreiteiro desta

escola, Paulo Zozi, constrói pela mesma altura 22 casas e uma barraca para teatro, é a

segunda rua.

Em 1920 dá-se como que um Boom no tráfego de passageiros para o

Entroncamento, em consequência as construções continuam e em 1926 nasce o bairro

Camões, o primeiro Bairro-Jardim em Portugal.

A privilegiada situação geográfica do Entroncamento, no coração do País, e

consequentemente ponto vital dos caminhos-de-ferro dão-lhe capacidade para um grande

crescimento no período de 1900 a 1930, crescimento este que teria mesmo sido maior,

não fosse a primeira guerra mundial.

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Page 4: Manual de seg trab esc

À medida que a população vai crescendo em número, cresce também em

aspirações de independência, em consequência disso em 1926 este núcleo de 4500

habitantes passou à categoria de freguesia. Abriram-se novos caminhos e ruas com km de

extensão, fomentando-se o desenvolvimento, estimulando-se e facilitando-se as

construções particulares de indústria e comércio, abrem-se inúmeras casas comerciais de

todos os géneros.

A Junta de freguesia começa a construir infraestruturas para fixação da população

e em 1930 inaugura um mercado de 26 lojas fechadas, pouco depois procede à instalação

da rede eléctrica numa extensão de 16400 metros e ao abastecimento de água à

população, anteriormente era a C.P. que fornecia água aos particulares.

A freguesia vai crescendo em vários índices de desenvolvimento e apresenta já um

número de habitantes superior a 5000; a Freguesia passa a vila à categoria de vila, isto

em 1932. O Bairro Camões fica completo em 1932, este edifício era o melhor da

península Ibérica e neste ano inscrevem-se 166 crianças lá, em 1934 a C.P. constrói um

dispensário anti-tuberculoso, dotando-o de todo o material necessário.

O Entroncamento vai crescendo em todos os aspectos, população, serviços,

comércio, enfim vai se desenvolvendo e de uma forma rápida.

Em 24 de Novembro de 1945, foi publicado o decreto nº. 35.184 que criou o

concelho do Entroncamento, abrangendo a área da própria freguesia.

O Entroncamento fica desta forma, como sede de concelho, a possuir o seu brasão

de armas, Bandeira e selo, cuja simbologia está directamente ligada com o comboio que

lhe deu origem. A nova câmara compreende as suas responsabilidades e continua a sua

obra de urbanização, de progresso, de vida activa. Os trabalhos com vista uma boa

qualidade de vida continuam com frequentes instalações de esgotos e redes eléctricas e

outro tipo de infraestruturas indispensáveis que já haviam começado a ser construídas

pela Junta de Freguesia. O concelho foi crescendo, escolas iam abrindo, serviços iam

abrindo e o comércio ia crescendo a um ritmo impressionante, as obras continuavam a

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Page 5: Manual de seg trab esc

um bom nível e vários jardins foram inaugurados com vista à qualidade de vida dos

habitantes do concelho, o grande “salto” estava à vista e em 1991 finalmente o concelho

é elevado à categoria de cidade e conta hoje com cerca de 20 mil habitantes, a cidade

cresceu em todas as direcções possíveis e hoje em dia as ruas enchem-se de carros e

pessoas que procuram a enorme variedade de comércio existente, o Entroncamento

nasceu e cresceu graças aos caminhos-de-ferro mas teve arte e engenho para não ficar só

dependente dos caminhos de fero e virou-se para os serviços e comércio, sendo esta a

principal actividade da cidade a par dos ferroviários.

2.2 A actualidade

Actualmente o Entroncamento é um dos concelhos mais requisitados para habitação,

visto apresentar excelentes condições económico-sociais que por sua vez possibilitam

uma boa qualidade de vida aos seus habitantes.

A população ocupa-se muito do comércio e dos serviços, ferroviários e militares

ainda representam uma boa fatia do total. A antiga máxima de que o Entroncamento era

apenas uma cidade dormitório está a mudar se bem que muitas pessoas ainda trabalham

fora do concelho e apenas pernoitam neste (facto que me parece normal devido à pouca

extensão do concelho que apresenta somente uma freguesia – a do Entroncamento).

Grandes investidores como o grupo Francês E. Leclerc estão a chegar à cidade o que vem

ajudar a uma maior estabilização e um maior número de ofertas de emprego.

Actualmente a cidade está dotada de todas as Infraestruturas necessárias para assegurar

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Page 6: Manual de seg trab esc

uma boa qualidade de vida aos seus munícipes, desde escolas de todos os níveis (a única

falha passa pelo ensino superior), locais para a prática desportiva (vários ringues de

futebol, piscinas, campo de ténis, etc.), locais de eventos culturais (centro cultural) e de

lazer como o parque o Bonito (um dos sítios de maior orgulho dos munícipes).

Futuramente espera-se que continue com o crescimento “fenomenal” que já nos

habituou mas que esse crescimento seja sustentado e não ponha em causa a qualidade das

gerações vindouras. A cidade actualmente apresenta uma elevada qualidade de vida,

apresentando os melhores índices da zona de Lisboa e Vale do Tejo.

2.3 - A Câmara Municipal do Entroncamento

A Câmara Municipal do Entroncamento conta actualmente nos seus quadros com cerca

de 270 trabalhadores, fica situada no largo José Eduardo Coelho no centro da cidade, o

edifício central já não apresenta as melhores condições para albergar todos os seus

trabalhadores por isso algumas secções funcionam em locais independentes. Actualmente

é o PSD que governa a Autarquia pela mão do Sr. Jaime Ramos (após vários mandatos de

PS), várias iniciativas estão a ser levadas a cabo para modernizar a Cidade e levar mais

longe o nome do Entroncamento, em seguida apresento uma lista das linhas gerais do

programa do PSD para o Conselho:

Novas instalações para os serviços Municipais

Revisão do Plano Director Municipal (PDM)

Captação de investimentos

Construção de escolas e Jardins-de-infância

Conclusão de um polidesportivo

Criar um gabinete de Acção Social

Dinamizar a cultura

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Page 7: Manual de seg trab esc

Implementar acções direccionadas aos jovens

Promover o nome do Entroncamento

Limpar a albufeira do bonito

Estas são algumas das propostas do programa eleitoral, significativas do trabalho que se

propôs realizar e que já começou a ser realizado, espero sinceramente que todos os

pontos sejam atingidos para que o entroncamento tenha o lugar de destaque que merece.

3. Trabalho em escritório

Neste fim do século XX e do segundo milénio, o motor da nova revolução é a tecnologia,

o aperfeiçoamento dos transportes e das comunicações. A tecnologia na sua eterna mudança,

nunca foi tão rápida e desconcertante. Os meios de transporte vem em sua evolução contínua a

muito tempo, sempre de modo ininterrupto, mas jamais foi possível o transporte de artigos de

um lado para o outro e em grande quantidade grande, numa velocidade tão fantástica. Falemos

então das comunicações, em sua capacidade de conecção instantânea os mais variados pontos do

planeta, tornaram as distâncias insignificantes para quaisquer tipos de operações e finalidades.

Há uma mudança tão profunda no comércio, na indústria, nas comunicações e nos

transportes que não temos devido senso de avaliação desenvolvido para aquilatar sua magnitude

neste processo chamado de " fenómeno da globalização ". Esta mudança modificou os padrões

do espaço e do tempo. Há uma total modificação no campo da velocidade, cada vez mais

milésima.

Percebemos em primeira instância o uso de networks em substituição a sistemas de grande porte

é uma realidade, assim como o uso do computador nas mais diversas áreas de actividade

profissional e particular, alguns dos instrumentos integrados neste processo vertiginoso de

mudanças. Instrumentação que permite uma maior flexibilidade e integração dos ambientes

internos das corporações, no relacionamento externo entre elas e nas interacções com outras

actividades e /ou pessoas.

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Page 8: Manual de seg trab esc

É neste momento que a ergonomia se faz presente, pois a eficácia dos sistemas

produtivos advinda desses ambientes modernizados não depende apenas da performance da

tecnologia da informática - tendo na base o computador, ou melhor a informação - mas, também,

da adequação harmónica deste novo ambiente ao profissional, isto é o trabalhador.

Tanto o ambiente, como a tarefa e o homem precisam estar sincronizados, porque

existem características intrínsecas, entre eles, que viabilizam a maior parte dos sucessos dos

serviços gerados por estas inovações tecnológicas. Essas características são factores

determinantes, como por exemplo, tornar os locais de trabalho mais confortáveis e seguros, com

a iluminação adequada, o sistema de ventilação e de ar-condicionado bem dimensionados, assim

como tantas outras variáveis que podem interferir no sucesso mencionado.

Existem mais pontos a serem analisados que confirmam a importância da ergonomia

nesse processo de mudança. Hoje só se fala em "Qualidade Total ", nas empresas, sejam de que

tamanhos forem, ou até no simples processo de vida, como a nossa vida quotidiana doméstica;

sabe-se da importância da competitividade, da saúde, da segurança e da produtividade, que são

exigências do mercado mundial.

O homem, a máquina, o ambiente, as informações e a organização são factores

importantes e relevantes nesse novo desafio, que é viver-se com "Qualidade Total " sob o maior

número de circunstâncias possíveis. E a Ergonomia é justamente o ponto básico para se atender

as recomendações previstas e atingir a meta colimada.

Enfim com a evolução diária que conhecemos e com o homem a ter de estar preparado

para as mudanças. Contudo o Homem não é nenhuma máquina e a preocupação crescente pela

qualidade de vida passa por uma maior qualidade de vida no trabalho, visto ser onde os

trabalhadores passam a maior parte do seu tempo. É aqui que a higiene e segurança tem um

papel importante ao garantir as condições de trabalho e propor formas de as melhorar

continuamente.

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Page 9: Manual de seg trab esc

4. Visão e estruturas

O olho é, basicamente, um receptor de imagens, o nosso scanner.

A visão é a captação da energia eletromagnética do espectro visível (400 a 700

nm) pelas células foto-receptoras da retina.

A energia eletromagnética captada é a transformação da energia luminosa, pelas

células retinianas, que após este processo, é descodificada e transferida para o banco de

dados, o Cérebro, onde são codificadas e armazenadas sob forma de imagens, nosso

disco rígido.

A visão tem como funções principais os sentidos da forma, cor e luz.

No tempo compreendido entre o nascimento e os 5 anos de idade existem várias

fases a serem ultrapassadas, com suas particularidades e os seus prazos próprios como:

Acuidade Visual, Visão Binocular, Estereo-acuidade ou Visão de Profundidade, Reflexo

de Convergência e Acomodação Visual.

A partir deste prazo limite (5 anos) a maturação visual está completa e a tendência

é mantê-la, quando em torno dos 40 anos, começa seu declínio (tabelas 1 e 2).

Desenvolvimento da acuidade visual

Idade Percentual

6 meses 3 %

9 meses 15 %

1 ano 25 %

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Page 10: Manual de seg trab esc

2 anos 50 %

3 anos 66 %

4 anos 80 %

5 anos 100 %

 

Desenvolvimento da visão binocular:

4 meses de idade

Desenvolvimento da estéreo-acuidade:

6 meses de idade

Desenvolvimento do reflexo de convergência:

1 ano de idade

Desenvolvimento da acomodação visual:

6 meses a 3 anos de idade

O aparelho visual é composto do olho e as suas estruturas intrínsecas e

extrínsecas, nervo óptico, quiasma óptico, suas derivações e o cérebro

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Page 11: Manual de seg trab esc

O olho e suas estruturas

Via óptica e representação do campo visual

Para que a imagem seja percebida e armazenada no cérebro tem que atravessar

várias estruturas, passando pelos diversos graus que cada meio de transparência possui,

como o da córnea, do humor aquoso, do cristalino e do humor vítreo.

A imagem é então projectada na retina, onde sofrerá o processo de descodificarão

para cor, forma, luz e contraste.

Para que esta imagem chegue nítida, clara e focada a retina, terá que ter a sua

quantidade de luz ajustada por um diafragma, a Íris, que é controlado pela Musculatura

Intrínseca Ocular, composta pelos Músculos do Esfíncter e o Dilatador da Pupila; como

também terá sua focalização regulada pelo Músculo Ciliar, que é responsável pelas

olhadelas para perto / longe e o pelo poder de refracção, que proporciona ao cristalino,

modificando seu formato. Chama-se de Acomodação Visual a este mecanismo. Não se

deve mobilizar mais de 2/3 da Acomodação Visual, principalmente em esforços

prolongados do Músculo Ciliar, para não provocarmos sintomas de desconforto visual,

cefaléia, tonteiras e cansaço visual. O movimento de cada olho é feito pela Musculatura

Extrínseca Ocular composta por 3 pares de músculos: Reto Medial e Reto Lateral

(responsáveis pelos movimentos primários horizontais), Reto Superior e Reto Inferior

(responsáveis pelos movimentos primários verticais) e Oblíquo Superior e Oblíquo

Inferior (responsáveis pelos movimentos primários torsionais).

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Page 12: Manual de seg trab esc

Musculatura extrínseca ocular

Os movimentos oculares, voluntários e reflexos, são produzidos pela conjugação

com outros sistemas complexos como o do equilíbrio (responsabilidade vestibular - do

ouvido).

Para o acto de fixação do olhar e mudança de olhar para diversas distâncias, há

necessidade de um ajustamento dos graus de convergência e divergência (ou paralelismo

de eixos visuais), aonde são utilizados os mecanismos de acomodação visual e

ajustamento do tamanho da pupila.

Quanto mais próximo o objecto, maior a convergência e menor a divergência.

Quanto mais longe, menor a convergência e maior a divergência.

Pela actividade constante das musculaturas extrínseca e intrínseca oculares, os reajustes

frequentes da visão para diferentes planos de interesse visual, serão tão mais fisiológicos

quanto mais mantivermos as distâncias dos objectos de interesse em planos próximos.

Isso reduzirá a amplitude dos movimentos oculares, tornando a tarefa mais confortável.

Sendo o cérebro, o nosso banco de imagens, quaisquer danos ou panes no mesmo,

poderão levar a uma "cegueira de imagens" (ou cerebral), sem que com isso tenhamos

nossos olhos afectados obrigatoriamente.

5. Visão – Percepção

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Percepção de formas e Contrastes

A retina é uma membrana fina e complexa, formada por 12 camadas de células com

funções próprias, sendo sua função captar os estímulos luminosos, transformando-os em

estímulos electromagnéticos.

Duas camadas de células, em especial, nos são importantes: Camada de Cones e

Bastonetes, responsável pela nitidez, detalhe e contornos, dependendo da quantidade de luz e

Camada de Células Pigmentares, responsáveis pela percepção cromática e adaptação  da visão a

luz e a escuridão.

Camadas da Retina

Dentre as estruturas extrínsecas do Aparelho Visual, as Pálpebras e o sistema Lacrimal

tem capital importância em nossa visão. A Cónea (lente mais externa do olho) tem que ser

mantida limpa, protegida e nutrida para que  sua transparência, e consequente poder de

refringência, possibilite a visão normal.

Pálpebra Superior

Temos a pálpebra como sua protectora, limpadora e auxiliar de nutrição em seu movimento

constante (na frequência média de 10 vezes por minuto).

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Page 14: Manual de seg trab esc

O aparelho lacrimal é o responsável pela produção, manutenção e drenagem da lágrima e outras

substâncias, que tem a função de nutrição (pelos seus componentes químicos e físicos),

lubrificação, limpeza e protecção enfim manutenção da córnea em condições ideais.

6. Campo Visual

Como sabemos, cada olho percebe uma imagem que é transmitida ao cérebro, sendo

antes captada de modo próprio por cada olho, com suas desigualdades e peculiaridades. Essas

imagens, quando sobrepostas e revertidas (porque são percebidas invertidas em cada olho), darão

a sensação de profundidade e tridimensionalidade. Campo visual é a percepção de todos os

espaços capazes de transmitir estímulos à retina, quando em situação estática com fixação em

ponto determinado. O campo visual monocular é de 135 graus na vertical (60 graus superior / 75

graus inferior) e 90 graus na horizontal; sendo portanto o campo visual binocular de 135 graus

na vertical e 180 graus na horizontal.

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Page 15: Manual de seg trab esc

Campo visual

Pela distribuição diversa de foto-receptores na camada de cones e bastonetes da retina,

nem todos os objectos são percebidos no campo visual com mesmo grau de nitidez e cor.

Os objectos percebidos com máxima nitidez e cores são os que estão focalizados pela

fóvea, região de maior concentração de cones, enquanto os de menor nitidez serão os focalizados

pelos de maior concentração de bastonetes.

São limites anatómicos do nosso campo visual os ossos da órbita, supercílios, malares e

nariz.

7. Defeitos Visuais e suas Correcções

Ametropias ou defeitos visuais são os vícios de refracção (miopia / hipermetropia /

astigmatismo).

Dependendo de seu montante em graus de dioptria, poderão vir a causar maior ou menor

desconforto visual e físico (cefaléia , tonteira, náuseas, ardência ocular, dores na nuca, etc.),

quando não corrigidos adequadamente e dependendo do tempo, do volume e do interesse que um

trabalho visual exige.

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Page 16: Manual de seg trab esc

Ametropias

Quando um olho está com o poder de refracção e a sua dimensão antero-posterior numa

relação fisiológica, trabalhará em repouso, com pouco esforço de acomodação e convergência,

terá a emetropia (normal).

Quando o diâmetro antero-posterior é maior do que deve ser, para que a convergência

dos raios luminosos se projectem sobre a retina, sendo os raios projectados anteriormente, temos

a miopia.

A situação inversa é a hipermetropia, com a imagem sendo projectada posteriormente a

retina.

Será míope aquele que se aproxima do objecto de interesse e o hipermetrope o que se

afasta, porquanto seus mecanismos de reajuste (acomodação / convergência) não são suficientes

para a correcção necessária, e se o são, dependendo do tempo e/ou do volume de trabalho visual,

gerarão os desconfortos mencionados.

Resultante da deformação das curvaturas corneanas e/ou cristalineanas temos o

astigmatismo, causando diferentes planos de convergência dos raios luminosos para a retina,

com distorções de imagens, projectando-as parte anterior e parte posteriormente à retina.

O esforço adicional de acomodação e/ou convergência levará a posturas viciosas de

cabeça, que acarretam maior esforço no músculo ciliar, bem como nos músculos cervicais e

faciais, e consequente, cefaléia, dores na nuca, tonteiras, náuseas, sonolência, etc.

Com o aumento da idade, como já vimos antes, vai havendo uma deterioração da visão pelo

desgaste anatómico das estruturas oculares, e consequente redução da capacidade de

acomodação, sendo a presbiopia o fenómeno ocasionado por tudo isso.

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Page 17: Manual de seg trab esc

A Insuficiência de Convergência, causada por anormalidades no equilíbrio da

musculatura extrínseca do olho, dificultando a convergência normal para os objectos de interesse

próximos, gerará danos na interacção das imagens de cada olho, exigindo esforço adicional para

esta musculatura, com consequentes sintomas de fadiga, acarretando a Astenopia.

O uso prolongado da visão com vícios de refracção não corrigidos, leva as pessoas a

terem sensações de turvação, dificuldade de fixação de detalhes, perda de linhas na leitura,

cefaléia constante, ardência nos olhos, sonolência, náuseas, dores irradiadas para a nuca e

pescoço, pontos móveis no campo de visão, que podem ser negros ou cintilantes e até tremores

nas pálpebras.

Na correcção dos problemas visuais são utilizadas lentes de vários tipos: divergente para

miopia, convergente para hipermetropia e cilíndrica para astigmatismo.

Haverá uma variação no tamanho da imagem, que será proporcional ao montante de

graus a serem corrigidos, ou seja, quando maior o grau tanto maior a variação do tamanho da

imagem.

As lentes de contacto proporcionam a imagem do tamanho mais próximo da realidade,

pela diminuição da distância vértice (do olho para a lente corretora).

Tamanho de imagem

Haverá necessidade do uso de óculos de distâncias pré-determinadas para a correcção de

ametropias, ao uso do terminal de vídeo, principalmente para pessoas portadoras de presbiopia,

ou seja, acima de 40 anos de idade (lentes bi ou multifocais).

Na regulação do contraste nos terminais de vídeo é importante se levar em conta que é

necessário, haver um contraste para a percepção dos símbolos, em brilho ou em cor, o que

aumenta a nitidez dos limites do símbolo em relação ao fundo, sem que este contraste esgote os

níveis de tolerância individual.

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Page 18: Manual de seg trab esc

Caso esta precaução não seja tomada, podemos nos ver diante de um fenómeno de pós-

imagem que é, fundamentalmente, a combinação de cores e padrões.

\Quando se esgota a capacidade fisiológica de percepção de uma cor, após longo período

de fixação, é realçada sua cor complementar. Por exemplo: em terminais de vídeo verdes

formam-se efeitos vermelhos em fundo branco, em âmbar temos efeitos azuis em fundo branco.

8. Medidas preventivas em r elação ao mobiliário

CADEIRA

No trabalho com terminal de vídeo, que implica quase sempre em longas jornadas, a

fadiga é a consequência de trabalho muscular estático, de modo que a cadeira deve ter

características que possam facilitar as mudanças posturais confortavelmente.

Assento e encosto estofado e revestidos de material perspirante, com densidade e

consistência à suportar até 2 cm de depressão, pelo peso do usuário, sem ser mole ou duro.

Assento e encosto reajustáveis para a altura e suporte lombar, para manutenção da

anatomia da coluna vertebral; braços para suporte e apoio, sem contudo interferir nos

movimentos e na aproximação com a mesa.

O assento terá extremidades arredondadas para não interferir na circulação dos membros

inferiores, e os pés da cadeira devem ser os mais estáveis possíveis, com 5 pés e rodízios para

sua movimentação.

MESA

Com dimensões apropriadas ao tipo de tarefa a ser desenvolvida e espaço suficiente para

a movimentação do usuário, fazendo com que adopte uma postura correcta.

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Page 19: Manual de seg trab esc

Regulável para manter os terminais de vídeo e teclados, nas altura e posições a serem

ainda indicados; ser de material anti-reflexivo para evitar incidências desagradáveis de reflexos

luminosos nos olhos dos usuários.

Com inclinação de 20 graus para melhorar a firmeza do corpo do operador, bem como para

melhorar a circulação venosa de retorno e ajudar na postura angular das articulações de membros

inferiores.

8.1 Postura a adoptar

Sentar de modo direito preservando as curvaturas fisiológicas da coluna vertebral,

distribuindo a pressão sobre os discos inter-vertebrais.

Os braços formando ângulo de 90 graus com antebraços, aliviando o trabalho dos

ombros, estando os punhos na linha do antebraço, não flectindo além de 25 graus, nem

desviando lateralmente.

Apoio na região lombar e coxas nos assentos, ficando mantidas as articulações do

quadril, do joelho e do pé em aproximadamente 90 graus; com os joelhos ligeiramente acima da

articulação do quadril, para não desestabilizar a coluna vertebral, e apoio para os pés.

Postura correcta

Posicionamento

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Page 20: Manual de seg trab esc

O posicionamento do terminal de vídeo deve estar em 90 graus com o plano da mesa,

sendo a sua distância para os olhos de 35 cm a 50 cm, dependendo do tamanho dos caracteres e

da tela.

A altura do terminal de vídeo será de 10 graus abaixo da linha do horizonte visual do

usuário (+/- 15 cm de diferença), considera-se também um ângulo visual de 30 graus adicional

de modo a que a linha visual caia na metade superior do terminal de vídeo.

O posicionamento do terminal de vídeo deve ser feito de modo que a tela fique

perpendicular às janelas ou aberturas, sendo as mesmas protegidas por cortinas que tornem a

iluminação natural difusa.

Posição da iluminação natural

Quanto ao teclado, deverá ser mantido directamente a frente do usuário, evitando desvios

laterais que podem levar a problemas de punho; em altura que permitam que a mão repouse

sobre apoio palmar com leve flexão dorsal.

Manter suportes ou clipes para documentos ou tarefas a serem desenvolvidas, no mesmo

plano da tela, colocados lateralmente, para evitar esforços visuais e trabalhos da musculatura do

pescoço desnecessários.

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Page 21: Manual de seg trab esc

Posição do teclado e "paper clip"

9. Iluminação ambiental

A iluminação é condição capital no desenvolvimento da tarefa, influindo

decisivamente no seu conforto e na sua eficiência, devendo ser mantido um nível ideal

em redor de 500 lux, sendo a iluminação ideal, a natural difusa  (indirecta, de

preferência filtrada por aparato) para evitar reflexões e ofuscamentos.

O encadeamento acontece quando o fundo é mais brilhante que o objecto para o qual se

olha. Pode ser directo (por fonte luminosa) ou indirecto (por reflexo de superfície).

Seus efeitos são:

Incomodo directo ao trabalho

Fadiga visual

Sentimento subjectivo de desconforto 

São medidas para eliminar o encadeamento:

DIRETAS:

Redução da luminosidade

Deslocamento das fontes luminosas para fora do campo visual

Aumento da iluminação de zonas próximas

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Page 22: Manual de seg trab esc

INDIRETAS:

Modificação na fonte luminosa

Disfarce das superfícies reflectoras, substituindo as superfícies polidas e lisas das

mesas e objectos por superfícies rugosas e difusoras, que disseminam a luz.

A iluminação insuficiente leva a:

Diminuição de produção

Prejuízo na qualidade do trabalho

Aumento das falhas

Aumento da frequência de acidentes

A iluminação exagerada leva a:

Reflexos perturbadores

Sombras pronunciadas

Contrastes exagerado

A colocação das luminárias, de preferência parabólicas de luz mista (uma branca e

outra amarela), deve ser paralela ao usuário e perpendicular ao teclado, ficando longe da

linha visual do usuário.

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Page 23: Manual de seg trab esc

A iluminação artificial

As luminárias devem conter, desde que fluorescente, sempre mais de um tubo para

evitar fenómenos estroboscópicos. Em algumas situações a iluminação acessória será

necessária, devendo ser dirigida para a tarefa e nunca para a tela.

Iluminação acessória

10. Ambiente Térmico

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Page 24: Manual de seg trab esc

Aconselham-se temperaturas entre 18 e 27 graus centígrados, porque o ambiente

excessivamente quente leva ao cansaço e sonolência.

O Cansaço induz a

Diminuição da actividade física

Redução da formação de calor no organismo

A Sonolência induz a

Redução da prontidão da resposta

Aumento da tendência de falha

Diminuição da sensibilidade

Diminuição de coordenação

Diminuição de atenção

No calor excessivo faz-se necessário o aumento da circulação periférica no

organismo humano, para melhorar a dissipação do calor interno, levando com isso ao

trabalho forçado todo sistema Cardiovascular, porque deve ser transportado cada vez

mais calor pelo sangue para a pele, às custas da irrigação dos músculos e dos órgãos

internos, como os da digestão, por exemplo.

A evaporação do suor é de importância decisiva para a manutenção de uma

economia calórica equilibrada, pois junto com o suor, o organismo perde também sal,

alterando com isto a composição salina dos tecidos enquanto a quantidade de sal no

sangue fica constante.

No ambiente excessivamente frio (abaixo de 15 graus centígrados) leva a:

Diminuição da concentração

Reduz a capacidade de pensar e de julgar

Afecta a destreza e a força

Reduz a capacidade motora

Torna mais lentos os movimentos

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Page 25: Manual de seg trab esc

Diminui a sensibilidade táctil

O organismo estará actuando a favor do balanço térmico, produzindo mais calor

pelo metabolismo.

A unidade relativa do ar deve flutuar entre 30% e 70%, evitando portanto descarga

de electricidade estática, o ressecamento da pele e das mucosas.

A manutenção da ventilação constante do ambiente deve ser feita, para evitar a saturação

de gases, que induzam ao desconforto físico e mental.

11. Ambiente Sonoro

O Ruído age sobre o organismo humano de várias maneiras, prejudicando não só o

funcionamento do aparelho auditivo como comprometendo a actividade física, fisiológica

e mental do indivíduo a ele exposto.

Todos conhecemos, por experiência própria, as sensações determinadas pela

proximidade de fonte sonora de elevada intensidade, seja sob a forma de tensão dolorosa

da cabeça, de contracção dos músculos faciais, seja como distúrbios auditivos ou visuais,

sensação de constrição torácica, palpitações e mal-estar.

Os ouvidos ficam zunindo, aparece a cefaléia, o atordoamento e, sobretudo, a

sensação de fadiga semelhante à que ocorre após intenso esforço.

O ruído tem como conceito ser "um fenómeno físico vibratório de um meio

elástico, audível, com características indefinidas de vibração de pressão e frequência

desarmoniosamente misturadas entre si ".

A perda auditiva ocupacional ou profissional, induzida pelo ruído é uma doença

progressiva, directamente relacionada com a exposição ao ruído e, o que é pior, tem

carácter permanente, pois resulta na degeneração do Órgão de Corti e de outras lesões

dos elementos nervosos, cocleares e retrococleares, do aparelho auditivo.

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Page 26: Manual de seg trab esc

Os efeitos mais conhecidos e mais estudados do ruído intenso, nos ouvidos, são:

Perda Auditiva:

Trauma acústico que é a perda auditiva de instalação súbita, provocada por ruído

repentino e de grande intensidade, como uma explosão por exemplo.

Perda auditiva temporária que ocorre após exposição a ruído intenso, por um curto

período de tempo.

Perda auditiva permanente que é ocasionada à exposição repetida, dia após dia, ao

ruído excessivo, que pode levar ao cabo de anos, a uma perda auditiva irreversível.

Zumbidos são uma queixa constante em pessoas com lesões auditivas induzidas por

Ruído que podem prejudicar o sono, sendo que não tem tratamento específico mas podem

desaparecer espontaneamente.

Recrutamento é a sensação por sons de alta intensidade. No recrutamento, a percepção

de "altura" do som cresce de modo anormalmente rápido, à medida que a intensidade do

som aumenta.

Deterioração da Discriminação da Fala é a redução da capacidade de distinguir

detalhes dos sons da fala em condições ambientais favoráveis. O mascaramento e a

reverberação ambientais afectam o mecanismo de compensação, reduzindo a

inteligibilidade dos sons.

Otalgia ou "dor de ouvido" pode ser provocada por sons excessivamente intensos, acima

do limiar de desconforto, podendo provocar até distúrbios neurovegetativos,

eventualmente ruptura do tímpano.

Tudo demonstra que o fenómeno do ruído actua no homem como um verdadeiro

stress e provoca uma reacção ergotrópica. Sob a acção de um ruído repentino, os olhos

cerram, a respiração pára e a pressão arterial aumenta, além de outras reacções

características. Uma vez que o ruído pode modificar os processos fisiológicos, torna-se

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Page 27: Manual de seg trab esc

necessário citar os efeitos extra-otológicos e saber se existe realmente uma adaptação

funcional ao ruído.

Efeitos gerais no organismo provocados pelo ruído excessivo :

No Comportamento do Sistema Neurovegetativo temos à instabilidade, que como

consequência geram dispepsia (arrotos), úlcera gastro-duodenal, distúrbios digestivos

(má digestão), aerofagia (gases), obstipação (prisão de ventre), hiperreflexia, inquietação

e angústia

No Comportamento do Sistema Cardiovascular ocasiona uma vaso contracção

periférica.

No Comportamento do Sistema Endócrino leva a uma hiperactividade glandular, da

tiróide, supra-renal e hipófise

No Comportamento do Sistema Nervoso Central leva a fadiga dos centros cerebrais,

perturbando o seu funcionamento, impedindo o sono e o relaxamento.

No Comportamento da Área Psicológica conduz a irritabilidade e a instabilidade,

provocando um agravamento nas pessoas deprimidas e obsessão nos nas angustiadas.

Nos histéricos e epilépticos pode provocar crises. Pode-se também encontrar fenómenos

de excitação e inibição, assim como atordoamento, enfraquecimento da fala e

obnubilação sensorial.

O ruído dificulta o intercâmbio verbal, diminui a capacidade de comunicação por

meio da palavra. Para que uma frase seja entendida é necessário que se ouça e se

compreenda pelo menos 90 % dos fonemas que a compõem. Quando o ruído ambiente

aumenta, a pessoa que fala se vê obrigada a alterar a voz ou aproximar-se dos ouvintes.

Limites de Tolerância por tempo de exposição

para barulhos contínuos e intermitentes

Nível de Barulho Máxima exposição diária permitida

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Page 28: Manual de seg trab esc

85 dB 08 hs.

86 dB 07 hs.

87 dB 06 hs.

88 dB 05 hs.

90 dB 04 hs.

92 dB 03 hs.

95 dB 02 hs.

100 dB 01 hs.

102 dB 45 min.

104 dB 35 min.

105 dB 30 min.

106 dB 25 min.

108 dB 20 min.

110 dB 15 min.

112 dB 10 min.

114 dB 08 min.

115 dB 07 min.

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Page 29: Manual de seg trab esc

Tudo quanto foi exposto revela-nos seguramente os efeitos patológicos do ruído

sobre a actividade física, fisiológica e psicológica das pessoas, tanto na vida comum das

cidades, como no exercício de actividades profissionais.

12. Doenças

Podemos definir o LER (Lesões por Estímulos Repetidos) ou mais modernamente

o DORT (Doenças Osteomusculares Relacionadas com Trabalho) como "afectações que

atacam tendões, músculos, ligamentos, fáscias e nervos de origem ocupacional, e

resultam em dor, fadiga e queda de performance no trabalho e muitas vezes agravada por

factores psíquicos.

As lesões derivam de:

Uso repetido de grupos musculares

Uso forçado de grupos musculares

Posturas inadequadas

Compressão mecânica

As lesões se manifestam principalmente nos membros superiores,

cinturaescapular(ombros) e pescoço.

Entre as diversas lesões encontradas, podemos citar:

Lesões de tendão (tendinites, tenossinovites, epicondilites)

Musculares (síndrome tensional do pescoço, distonia facial, miosites)

Articulares (artrite, bursite, capsulite adesivo)

Vascular (síndrome de Raynaud, anorexamento dos dedos da mão)

Neuropatias compressivas (síndrome do desfiladeiro torácico e outras)

Alguns factores de risco relacionados à actividade exercida pelo trabalhador e

inerentes ao próprio indivíduo:

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Page 30: Manual de seg trab esc

Relativos ao sexo, as mulheres tem duas vezes mais risco que os homens, devido a

terem ligamentos e tendões menos resistentes que os homens, As mulheres são mais

propensas à doença, sobretudo as em gestação e na menopausa.

Invariabilidade da tarefa, postura estática, tensão no trabalho, exigência de manter ou

aumentar a produtividade, insatisfação com a atividade, considerações relativas à

carreira, risco e carga de trabalho e ao ambiente social.

Aspectos psicológicos têm importância, isto que as pessoas tensas, deprimidas e

ansiosas têm maior propensão à doença.

Quanto mais factores estiverem presentes, maior probabilidade de desenvolver DORT.

A mão desempenha funções importantíssimas, e é um maravilhoso instrumento que,

combinado com o punho, realiza tarefas das mais variadas e complexas na vida do

Homem.

Compõe-se a mão de 27 ossinhos unidos entre si e por complexas articulações e

sistemas de ligamentos, que permitem os mais variados movimentos na execução de

tarefas.

A mão é envolvida por um grande número de músculos, que ao se contraírem

transferem sua força para os ossos por meio de estruturas chamadas tendões.

Os músculos da mão que transferem sua força aos ossos estão no antebraço,

muitos tendões atravessam o punho em direcção a seus pontos de inserção.

Partes desses tendões estão envolvidos por bainhas protectoras e lubrificadoras,

permitindo livre movimentação deslizante.

Dorso da mão

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Page 31: Manual de seg trab esc

Palma da mão

Mesmo com toda protecção da mão, os esforços e movimentos repetidos,

provocam atrito excessivo e irritações dos tendões, das suas bainhas ou bursas dando

origem respectivamente a tendinites, sinovites e bursites.

A irritação estendendo-se para o tendão e sua bainha conjuntamente recebe o

nome de Tenossinovite. As Tenossinovites podem ser classificadas quanto a causa

determinantes em infecciosas, traumáticas, metabólicas, degenerativas etc. E quanto a

duração classificam-se em agudas, sub-agudas e crónicas.

Todos os tendões do corpo também podem ser afectados pelas causas

supracitadas.

De modo geral, o que mais ocorre é a Tenossinovite, que afecta o punho devido aos

movimentos constantes e repetitivos da mão ou punho, em ângulos impróprios e por

tempos prolongados.

Entre os exemplos de tarefas mais comuns que podem causar a Tenossinovite são

os actos de tricotar, dactilografar, empacotar, etc.

O quadro clínico dos portadores da Tenossinovite é o aparecimento de dor na

região dorsal da extremidade que liga o antebraço ao punho (distal), aumentada por

movimentos e aliviada pelo repouso. Pode acontecer também um edema e rubor

localizados e uma sensação de fina crepitação nos movimentos dos tendões, como

também aparecer uma dificuldade em movimentar os dedos.

A afecção é geralmente de carácter benigno, diminuindo com a imobilização do

punho, uso de medicamentos anti-inflamatórios e precocidade do diagnóstico e do

tratamento adequado.

A Tenossinovite é considerada uma doença de formação profissional, pois

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Page 32: Manual de seg trab esc

acontece na fase de aprendizagem do profissional, que tem que exercitar os dedos e as

mãos sincronizadas, dentro de um ritmo e tempo até alcançar a performance exigida para

o desempenho da função, por não estar com as mãos e dedos acostumados.

Sua prevenção se faz possibilitando ao aprendiz uma introdução gradual e

progressiva na tarefa, permitindo tempo para que as estruturas anatómicas se ajustem às

suas demandas e acompanhado de um instrutor, para lhe dar orientações sobre posturas

corretas de trabalho e técnicas para alcançar o desempenho ideal da função requerida

pelo cargo.

Os usuários de computadores devem ter conhecimento das correctas posições do

teclado em relação aos antebraços.

Bauk (1986, p. 33) enfatiza:

"Quando o punho é flexionado, os tendões são pressionados contra o ligamento

transverso do corpo ou contra seus ossos, aumentando o atrito e o risco de irritação Por

esse motivo, ao teclar, deve-se observar que as mãos estejam alinhadas em relação aos

antebraços, e que os punhos não estejam flectidos nem desviados lateralmente.

A execução de movimentos repetitivos como os de digitar, com um ângulo do

punho superior a 25° pode acarretar riscos de outro tipo de afecção: a Síndrome do Túnel

Carpal.

Os tendões flexores dos dedos juntamente, com vasos sanguíneos e nervos,

atravessam uma espécie de túnel na parte inferior do punho, chamado túnel carpal.

Durante a flexão ou extensão do punho, esses tendões são sustentados em posição

por uma espécie de manguito fibroso. Por isso quando estirados exercem uma força

compressiva sobre as estruturas anatómicas adjacentes.

Dessa forma o nervo mediano pode ser comprimido dentro do túnel carpico contra

o plano ósseo, na hiperextensão, contra o ligamento transverso do carpo, na hiperflexão.

A compressão do nervo mediano pode desencadear a síndrome, que se caracteriza

por sensações de queimaduras, prurido, agulhadas ou formigueiro do punho ou do

polegar e nos três dedos vizinhos. Em casos graves, pode ocorrer atrofia do polegar e

fraqueza muscular generalizada da mão."

O diagnóstico precoce sempre facilita o tratamento clínico. Em casos avançados,

sempre se impõe o tratamento cirúrgico para descompressão do nervo e alívio dos

sintomas.

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Page 33: Manual de seg trab esc

Prevenção não é moda mas sim segurança.

A prevenção é a única saída para a doença. São medidas prevenção:

Exames de pré-admissão;

Evitar horas extras;

Evitar segundo emprego em actividades em que se exige esforço com os braços e

mãos;

Pausa programada;

Optimização dos postos de trabalho e organização do trabalho e a prática de

exercícios para evitar a Tenossinovite.

É importante e fundamental a identificação de actividades de risco na linha de

montagem, pelos profissionais de segurança do trabalho e estabelecer rodízios de

actividades, montar nova organização de tarefas. Muitas vezes apenas esta medida já

resolve o problema. Fundamental é instituir os exercícios nas zonas de risco.

13. Perguntas mais frequentes entre trabalhadores de

escritórios

1. Porque sinto dores de cabeça e até tonturas, quando uso por certo tempo o computador?

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Page 34: Manual de seg trab esc

A dor de cabeça tem muitas causas, mas ao uso do computador, podemos enumerar várias, por

exemplo, iluminação inadequada, postura viciosa, tempo excessivo a frente do terminal de

vídeo, tarefa não condizente com o usuário, problemas físicos não conhecidos pelo usuário,

assim como problemas emocionais também, em resumo é multi-fatorial.

2. Poderia falar sobre algumas destas causas?

Vamos por partes. Quanto a iluminação, devemos tê-la sempre constante, indirecta, de modo

quem não reflicta nos olhos e no terminal de vídeo, quanto a postura, devemos nos colocar de

modo anatomicamente equilibrado diante do computador para respeitarmos nosso corpo diante

de cada tarefa, quanto ao tempo de trabalho, devemos levar em conta que cada pessoa tem um

limiar de tolerância para cada tarefa, mas fica sugerido pelos estudiosos em ergonomia que a

cada 50 minutos trabalho correspondam 10 minutos de descanso, e isto está regulamentado por

Portaria do Ministério do Trabalho. Quanto a tarefa, devemos procurar não só ajustar o tempo

mas também o tipo de tarefa a cada pessoa.

Por último, quanto a problemas físicos e emocionais, devemos proceder a um Check-up anual

para sabermos de nossas actuais condições, diante dos desafios da vida.

Você já fez o seu este ano???

3. Porque sinto os olhos arderem após longo tempo de trabalho no computador?

Primeiramente há a necessidade de sabermos se está usando o computador na iluminação

adequada, se os contrates de cores também estão ajustados para a sua pessoa, a partir daí

passamos a nos perguntar, como está a sua visão? Será que não há nenhuma ametropia, erro de

refracção preexistente? estará usando os olhos de modo correto, ou seja, piscando, pelo menos

10 vezes por minuto?

4. Porque após algumas horas de trabalho num terminal de vídeo de cor verde, ao levantar

a cabeça e olhar para as coisas a minha volta, vejo uma mancha vermelha em tudo?

Como sabemos os nossos olhos, assim como os nossos ouvidos, tem uma faixa de percepção, no

caso, para algumas cores. Dentre estas estão as três cores básicas (azul, vermelho, verde). Temos

estruturas oculares responsáveis pela manutenção desta capacidade de percebermos estas e outras

cores. Quando excedemos esta quota de tolerância, passamos a ter este fenómeno visual,

chamado de pós-imagem

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Page 35: Manual de seg trab esc

5. É verdade que pessoa grávida e / ou crianças não podem ficar muito perto do terminal

de vídeo?

Nada tem de verdade esta afirmação porquanto, segundo pesquisadores e técnicos, a partir de 5

centímetros da tela do terminal de vídeo, inexistem quaisquer radiações nocivas.

6. Existe verdade, na afirmação de que se deve sempre ter o computador aonde haja ar

condicionado e pouco ruído para trabalhar?

Existe verdade sim, quando se afirma que se deve trabalhar entre 18 a 27 graus centígrados de

temperatura e em até 85 dB (decibel) de ruído, que são os parâmetros usados pela Ergonomia,

para optimização de tarefas.

14. Conclusão

No fim da leitura deste Manual os Trabalhadores deverão estar com noção dos riscos

diários que enfrentam apesar de trabalharem em escritórios e serem supostamente lugares

livres de perigo. Os trabalhadores encontram neste trabalho um guia prático que pode

ajudá-los a ultrapassar problemas actuais e futuros a nível de saúde.

Em anexo encontra-se um folheto que pode ser guardado na secretária de modo a

não esquecer os procedimentos aconselhados a nível ergonómico.

Quaisquer duvidas deverá contactar o responsável do manual para mais esclarecimentos.

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Page 36: Manual de seg trab esc

INSTITUTO SUPERIOR DE LÍNGUAS E ADMINISTRAÇÃO

ISLA – SANTARÉM

PÓS GRADUAÇÃO EM HIGIENE E SEGURANÇA NO TRBALHO

MÓDULO - GESTÃO DA PREVENÇÃO

MANUAL DE SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO

EM ESCRITÓRIOS

Autor:

HUGO RAFAEL

SANTARÉM

JULHO 2003

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