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Lucas (Moody)

Jul 08, 2015

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António Gomes
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LUCASIntroduo Esboo Captulo 1 Captulo 2 Captulo 3 Captulo 4 Captulo 5 Captulo 6

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INTRODUO O Evangelho segundo Lucas a narrativa mais completa da vida de Jesus que veio at ns proveniente da era apostlica. Teve a inteno de ser uma descrio completa do curso da vida do Salvador desde o seu nascimento at a sua ascenso, e faz parte de uma obra maior que inclui o livro dos Atos, o qual prossegue com a histria das atividades missionrias da igreja at o estabelecimento da comunidade crist em Roma. O Autor. De acordo com o testemunho uniforme da igreja, Lucas, um mdico gentio e companheiro de Paulo, foi o autor do Terceiro Evangelho. Seu nome no foi mencionado nas suas pginas, mas as evidncias disponveis tendem a concordar e confirmar a tradio. A ntima relao entre o Evangelho e o livro de Atos mostra que as duas obras tm o mesmo autor, e sejam quais forem as pistas que identifiquem o autor de uma aplicam-se interpretao da outra. Os dois livros foram endereados ao mesmo homem, Tefilo (Lc. 1:3; Atos 1:1). O contedo de Lucas encaixa-se perfeitamente na descrio do "primeiro tratado" mencionado na introduo dos Atos (Atos 1:1). A continuidade do estilo e dos ensinamentos sobre a pessoa de Cristo, a nfase

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 2 predominante sobre a obra do Esprito Santo, o interesse penetrante pelo ministrio aos gentios, e a ateno constante que o escritor dedica aos acontecimentos histricos contemporneos apontam para uma unidade planejada. Nessa mesma base, os fatos fornecidos pelo livro de Atos relativamente ao seu autor tambm se aplicam ao Evangelho. O autor era um gentio convertido, possivelmente da igreja de Antioquia, onde Paulo serviu com Barnab no comeo do seu ministrio (Atos 11:25, 26). O escritor juntou-se-lhe mais tarde em Troas, conforme indica o uso que faz do pronome "ns" (Atos 16:10), acompanhou-o at Filipos, e presumivelmente permaneceu l enquanto Paulo visitava Jerusalm Quando Paulo retornou a Filipos, Lucas voltou com ele a Jerusalm (Atos 20:5 21:15), onde Paulo foi preso e colocado sob custdia protetora. No final da priso de Paulo em Cesaria, Lucas o acompanhou a Roma (Atos 27:1 28:15). Paulo menciona Lucas trs vezes em suas epstolas, chamando-o de "mdico amado" (Cl. 4:14; Fm. 24), e indicando mais tarde que foi o ltimo amigo que permaneceu com ele na sua segunda priso (II Tm. 4:11). A declarao de Paulo que Lucas era mdico est corroborada pela linguagem que Lucas usa e pelo interesse que demonstra pelas enfermidades e a cura. Um notvel exemplo dessa inclinao aparece na diferena entre a sua narrativa e a de Marcos referente mulher que tinha uma hemorragia (Lc. 8:43; Mc. 5:26). Ele diagnostica o caso da mulher como incurvel, enquanto Marcos enfatiza a incapacidade dos mdicos. O ministrio de Lucas foi amplo. Mdico, pastor, evangelista itinerante, historiador e escritor, foi tremendamente verstil e ativo. Tinha muitas amizades entre os lderes cristos do primeiro sculo, e parece que tambm tinha importante e especial relacionamento com as autoridades romanas.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 3 A tradio tem preservado algumas interessantes lendas a respeito dele, embora talvez no sejam autnticas. De acordo com essas histrias, Lucas era um artista que pintou um quadro da Virgem Maria. Nunca se casou e nos ltimos anos de sua vida retirou-se para Bitnia, onde faleceu. Outras lendas contam que ele foi martirizado na Grcia. As Fontes. O contedo de Lucas tem o aspecto geral de Mateus e de Marcos porque os trs Evangelhos Sinticos tratam dos acontecimentos gerais da vida de Jesus. Provavelmente uma grande poro da narrativa de Lucas, que coincide com o contedo de Mateus e Marcos teve origem nas pregaes expositivas dos missionrios apostlicos. Uma teoria largamente aceita acrescenta que Lucas usou o Evangelho de Marcos e uma especial fonte oral tal como fez Mateus. De acordo com o seu prprio testemunho ele conhecia as outras narrativas (Lc. 1:1, 2), mas no sabemos o quanto se utilizou delas. Uma grande parte do material de Lucas, entretanto nico no gnero. Sua histria relacionada com os acontecimentos em torno do nascimento de Cristo difere de Mateus no ponto de vista e em alguns detalhes. Ele seleciona mais parbolas de Jesus do que Mateus e Marcos, e destaca mais a personalidade dos caracteres de sua narrativa. Na histria da Ressurreio ele introduz a caminhada a Emas, que nenhum dos outros Evangelhos do de maneira completa. Esses aspectos singulares ele os deve ter obtido de testemunhas oculares, pois ele no esteve pessoalmente presente nos acontecimentos que descreve. Na sua introduo ele declara que foi assim (Lc. 1:2) e mais adiante no Evangelho menciona pessoas das quais poderia ter obtido informaes. Maria, a me de Jesus, pode ter fornecido o contedo dos dois primeiros captulos; Maria Madalena, Joana, a esposa de Cuza (mordomo de Herodes), e outras mulheres (8:3) poderiam terlhe fornecido muitas reminiscncias pessoais. Se Lucas viajou pela Palestina durante a priso de Paulo em Cesaria, poderia ter entrevistado inmeras pessoas que se lembrariam de terem ouvido Jesus pregando e ensinando. Das pregaes de Paulo e dos outros apstolos que ele ouviu,

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 4 poderia ter extrado grande parte das aplicaes doutrinrias que aparecem tanto no Evangelho como no livro de Atos. A Data. Por causa da concluso abrupta do livro de Atos, parece que Lucas concluiu o mesmo no final dos dois anos da priso de Paulo em Roma. Se o Evangelho foi escrito anteriormente, conforme indica a introduo do livro de Atos (Atos 1:1), deve ter sido composto, o .mais tardar, antes de 62 A.D. quando terminou a priso em Roma. Talvez Lucas colheu o material para o mesmo durante seus anos de servio com Paulo, e ento, antes de sair da Palestina na companhia deste, a caminho de Roma, enviou-o de Cesaria para o seu amigo Tefilo. Se foi assim, o Evangelho foi escrito aproximadamente em 58 A.D. A aluso feita ao cerco e tomada de Jerusalm (Lc. 21:20-24) tem sido interpretada por alguns que o Evangelho foi escrito depois da queda da cidade em 70 A.D. Tal concluso no necessria se considerarmos que o contedo do captulo uma profecia, e que Lucas est apenas registrando as palavras de Jesus sobre o futuro. A afinidade entre a linguagem da narrativa de Lucas sobre a ltima Ceia (22: 14-23) e o resumo de Paulo (I Co. 11:23-26) pode indicar que Lucas estivesse repetindo as palavras que o prprio Paulo usou em diversas ocasies. Se for assim, a composio e publicao do Evangelho podem ser colocadas mais perto dos dias de Paulo do que em perodo de trinta ou mais anos aps. O Lugar. Nenhuma indicao do lugar da publicao nos foi dada. Uma tradio relaciona o Evangelho com a Grcia, possivelmente Atenas. Outra sugere que o lugar seja a Antioquia da Sria, onde Lucas teria amigos. Cesaria parece ser o lugar mais adequado para a sua composio, mas o Evangelho pode ter sido completado e enviado de Roma a Tefilo, se no da prpria Cesaria. O Destinatrio. Tefilo, a quem o Evangelho foi endereado, era provavelmente um gentio de alta posio social. Lucas o sada com o titulo, " excelente", o qual ele reserva em outros lugares de seus escritos para autoridades romanas (Atos 24:3; 26:25.) Nada se sabe dele

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 5 diretamente alm das duas menes feitas em Lucas 1:3 e Atos 1:1. Era um cristo convertido, interessado em saber mais sobre a nova f do que poderia obter da simples instruo de rotina. Os dois tratados de Lucas tinham a inteno de transform-lo em um crente inteligente. O Desenvolvimento das Idias. O Evangelho de Lucas apresenta o curso da vida de Jesus como se algum apresentasse seus pontos altos a um auditrio por meio de um filme. Comea com sua genealogia e nascimento, continua atravs do seu ministrio terreno at a Paixo, e atinge o clmax na Ressurreio. Atos continua sua operao na igreja atravs do Esprito Santo at a chegada de Paulo em Roma. O Evangelho, ento, foi dedicado primeira metade dessa apresentao progressiva da pessoa de Cristo. A estrutura de Lucas segue de modo geral a ordem de Mateus e Marcos, uma vez que foi determinada pela vida de Cristo propriamente dita. A apresentao dos fatos mais completa em diversos aspectos, mas menos apegada aos tpicos do que Mateus e mais fluente que a de Marcos. Resumo da Mensagem. A mensagem do Evangelho de Lucas pode ser resumida nas palavras de Jesus a Zaqueu, conforme Lucas as registra: "Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido" (19:10). O carter e propsito de Jesus como Salvador o tema principal deste livro. As atividades e os ensinamentos de Jesus em Lucas so focalizados no ato de tirar os homens dos seus pecados e de traz-los de volta vida e esperana. Os milagres, as parbolas, os ensinamentos e as atitudes de Jesus exemplificam seu poder e vontade redentores. O conceito de Jesus como Filho do homem enfatiza a sua humanidade e a sua compaixo sentida por todos os homens. Ele tinha de ser a "Luz para alumiar as naes, e para glria de. . . Israel" (2:32). Lucas escreve como cristo gentio, com profunda apreciao pela revelao de Deus atravs do povo hebreu, revelando contudo uma grande simpatia por aqueles que no foram includos no primeiro

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 6 convnio da Lei. Seu Evangelho verdadeiramente universal no campo de ao. ESBOO I. Introduo. 1:1-4. II. A anunciao do Salvador. 1:5 2:52. A. A anunciao a Zacarias. 1:5-25. B. A anunciao a Maria. 1:26-56. C. O nascimento de Joo. 1:57-80. D. O nascimento de Jesus. 2:1-20. E. A apresentao no Templo. 2:21-40. F. A visita a Jerusalm. 2:41-52. III. O aparecimento do Salvador. 3:1 4:15. A. A introduo de Joo Batista. 3:1-20. B. O batismo de Jesus. 3:21, 22. C. A genealogia. 3:23-38. D. A tentao. 4:1-13. E. A entrada na Galilia. 4:14-15. IV. O ativo ministrio do Salvador. 4:16 9:50. A. A definio do seu ministrio. 4:16-44. B. As provas do seu poder. 5:1 6:11. C. A escolha dos apstolos. 6:12-19. D. Um sumrio dos seus ensinamentos. 6:20-49. E. Um perodo difcil do seu ministrio. 7:1 9:17. F. O clmax do seu ministrio. 9:18-50. V. O caminho para a cruz. 9:51 18:30. A. A perspectiva da cruz. 9:51-62. B. O ministrio dos Setenta. 10:1-24. C. Ensino pblico. 10:25 13:21. D. O comeo dos debates pblicos. 13:22 16:31. E. Instrues aos discpulos. 17:1 18:30. VI. O sofrimento do Salvador. 18:31 23:56.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) A. A ida a Jerusalm. 18:31 19:27. B. A entrada em Jerusalm. 19:28-44. C. O ensino em Jerusalm. 19:45 21:4. D. O discurso no Jardim das Oliveiras. 21:5-38. E. A ltima ceia. 22:1-38. F. A traio. 22:39-53. G. A priso e o julgamento. 22:54 23:25. H. A crucificao. 23:26-49. I. O sepultamento. 23:50-56. VII. A ressurreio. 24:1-53. A. A sepultura vazia. 24:1-12. B. A caminhada a Emas. 24: 13-35. C. O aparecimento aos discpulos. 24: 36-43. D. A ltima comisso. 24:44-49. E. A ascenso. 24:50-53. COMENTRIO

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Lucas 1I. Introduo. 1:1-4. O Evangelho de Lucas o nico que conta qual o mtodo que o autor usou na sua composio. O contedo da introduo tem a inteno de fortalecer a confiana do leitor naquilo que o Evangelho contar a respeito de Cristo. 1. Houve. . . empreenderam. Uma traduo literal do verbo grego, quer dizer, "tentaram" ou "iniciaram". A narrao. A palavra implica em uma narrativa formal que um sumrio conciso dos fatos. Fatos que ... se realizaram tem o sentido de "as coisas que foram aceitas por certas ou verdadeiras", ou "os reconhecidos fatos do caso".

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 8 2. Transmitiram. Paulo usa esta mesma palavra com referncia transmisso oral do contedo do Evangelho (I Co. 11:23; 15:3). Os que ... foram deles testemunhas oculares ... e ministros da palavra. Os que ... foram deles testemunhas oculares, implica em que os informantes de Lucas viram Jesus em pessoa e por causa de seu compromisso com ele tornaram-se ministros da palavra. Ministros no tem um significado profissional no sentido atual da palavra; usava-se em relao aos que prestavam servios na sinagoga (Lc. 4:20). 3. Tambm a mim. Lucas estava to bem qualificado a escrever um Evangelho quanto qualquer outro. Acurada investigao. Paulo usa a mesma expresso para dizer que Timteo "seguia de perto" as experincias da sua carreira (II Tm. 3:10). Esse conhecimento a familiaridade que um homem tem com os fatos contemporneos seus. Desde sua origem (gr., anothen). Em um outro lugar Lucas usa a mesma palavra (Atos 26:5). Lucas declara-se completamente familiarizado com a vida de Jesus. Excelentssimo. Um ttulo que Lucas usa em outros lugares apenas com referncia autoridades ou nobreza (Atos 23:26; 24:3; 26:25). 4. Tenhas plena certeza. A palavra grega significa ter conhecimento perfeito. Instrudo pode subentender-se informao oral geral ou instruo formal. Lucas estava escrevendo para confirmar o que Tefilo tinha aprendido atravs da palavra falada. II. A Anunciao do Salvador. 1: 5 2:52. Os dois primeiros captulos do Evangelho preocupam-se com as circunstncias do nascimento de Jesus e indicam claramente que a vinda do Salvador foi uma interveno direta de Deus nos negcios humanos. A. A Anunciao a Zacarias. 1:5-25. 5. Herodes, rei. Herodes, o Grande, edomita pelo sangue e judeu de religio, era rei da Judia desde 37 A.C. at 4 A.C. Era um governante capaz, mas cruel e corrupto. Turno de Abias. Havia vinte e quatro

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 9 "ordens" ou divises do sacerdcio, com base nas famlias dos descendentes de Aro, das quais a famlia de Abias era uma (I Cr. 24:10). 7. E no tinham filho. Uma calamidade numa famlia judia. 8. O sacerdcio. Cada membro da ordem tinha a sua vez de servir no altar do Templo durante um determinado perodo do ano. 9. Por sorte. A oportunidade de ministrar no altar era determinada tirando-se a sorte, e quase sempre acontecia s uma vez na vida. 10. Toda a multido do povo permanecia orando. Quando a fumaa do incenso subia do altar, o povo unia-se em orao silenciosa. 11. Um anjo do Senhor. No N.T. no h descrio de anjos, mas eles deviam ter algum aspecto que os distinguia dos homens. Seu aparecimento costuma relacionar-se com alguma comunicao divina especial. 12. Zacarias turbou-se com o aparecimento inesperado de outra pessoa no Lugar Santo e ficou apreensivo com o que poderia anunciar. 13. Disse-lhe, porm, o anjo. Observe o paralelo entre a anunciao do nascimento de Joo e de Sanso (Juzes 13: 3-5). Nos dois casos os pais j no esperavam mais ter filhos, e o filho prometido recebeu poder desde o nascimento para uma tarefa especial. 17. No esprito e poder de Elias. Elias foi o severo profeta do arrependimento que repreendeu Acabe, o idlatra rei de Israel (I Reis 21:17-24). Joo convocou a nao, despertando-a e preparando-a para a vinda de Cristo (Ml. 4:5,6). 19. Eu sou Gabriel. O nome do anjo significa homem de Deus. Ele aparece aos homens para fazer avisos especiais sobre os propsitos divinos (cons. Dn. 8:16; 9:21; Lc. 1:26). 21. Admirara-se de que tanto se demorasse. Uma vez que o rito da oferta do incenso levava pouco tempo, a demora de Zacarias poderia ter causado alarme. O povo podia pensar que o sacerdote tinha morrido. 23. Os dias de seu ministrio. Os sacerdotes serviam na sua vez por um tempo limitado e ento ficavam livres para voltarem para sua

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 10 casa. A casa de Zacarias ficava na regio montanhosa, provavelmente no muito longe de Jerusalm (1:39).

B. A Anunciao Maria. 1:26-56. 27. A uma virgem desposada com certo homem . . . cujo nome era Jos. A lei judaica considerava o compromisso do noivado to vlido quanto o casamento. O noivado era completado depois de negociaes realizadas pelo representante do noivo e depois de pago o dote ao pai da moa. Depois de assumido o noivado, o noivo podia reclamar a noiva a qualquer momento. O aspecto legal do casamento estava includo no compromisso de casamento; o casamento propriamente dito era apenas um reconhecimento do compromisso que j fora estabelecido. Jos tinha todo o direito de viajar com Maria a Belm. Da casa de Davi. Pelos direitos de adoo, considerado como filho de Jos, Jesus podia reclamar a herana real da casa de Davi. 28. Favorecida. A palavra pode ser traduzida para cheia de graa, mas refere-se a quem o recipiente da graa e no a fonte da mesma. 29. Que significaria esta saudao. Ser escolhida dentre todas as outras mulheres para receber uma bno era perturbador. Maria no entendeu por que ela fora escolhida para esta honra. 31. A quem chamars pelo nome de Jesus. Jesus a forma grega para o Josu hebreu, que significa Jeov salvao. Compare a narrativa de Mateus da anunciao feita a Jos (Mt. 1:21). 32. O trono de Davi, seu pai. Os descendentes de Davi reinaram sobre Jud desde o Reino Unido at o Exlio numa dinastia ininterrupta. O anjo predisse que Jesus completaria essa sucesso. 33. Reinar para sempre sobre a casa de Jac. Esse reino ser tanto temporal quanto espiritual. 34. Como ser isto, pois no tenho relao com homem algum? A pergunta de Maria confirma a declarao de sua virgindade no versculo 27. Jos ainda no a tomara por mulher.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 11 35. Descer sobre ti o Esprito Santo. Em contraste com as lendas pags da antiguidade relacionadas com reputada descendncia de deuses e homens, no houve nenhuma interveno fsica. O Esprito Santo, por meio de um ato criador no corpo de Maria, providenciou os meios fsicos para a Encarnao. 36. Isabel, tua parenta. Se Maria e Isabel eram primas em primeiro grau, Jesus e Joo Batista eram em segundo grau. 38. Aqui est a serva do Senhor. A pronta aceitao de Maria demonstrou seu carter devoto e obediente. Ela estava pronta para se arriscar a cair em desgraa e divrcio para cumprir a ordem de Deus. 43. A me do meu Senhor. A saudao de Isabel mostra que ela estava pronta a reconhecer o Filho de Maria como o seu Senhor. 46. A minha alma engrandece ao Senhor. Os versculos de 46 a 56 so chamados O Magnificat, que tem origem na primeira palavra da traduo latina. Compare orao de Ana (I Sm. 2:1-10). 47. Deus, meu Salvador. Maria no era sem pecado; ela reconhecia a sua necessidade de um Salvador. 48. Serva (gr. doul). Literalmente, uma escrava. 49. Porque . . . me fez grandes coisas. Melhor: fez grandes coisas em meu favor. 51. No corao alimentam pensamentos soberbos. Pensamento (cons. I Cr. 29:18) tem o significado de "presuno" ou as perspectivas jactanciosas de que se orgulhavam. C. O Nascimento de Joo. 1:57-80. 59. Circuncidar o menino. Os meninos judeus eram circundados oito dias aps o nascimento, ocasio em que costumavam receber o seu nome. 60. Chamado Joo. Joo, do hebreu Yohanan, que significa "Deus gracioso". 61. Ningum h na tua parentela que se chama por este nome. As crianas costumavam ter nomes de famlia. Neste caso a escolha de

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 12 um nome diferente significa a expectativa de algo especial para a criana. 63. Pedindo ele uma tabuinha, escreveu. Tabuinhas recobertas de cera eram usadas nos tempos antigos para fazer anotaes temporrias. 65. Foram divulgadas estas coisas. Talvez Lucas soubesse dos fatos conversando com algumas das pessoas que moravam na regio montanhosa. 67. Cheio do Esprito Santo. Esta foi usada oito vezes nos escritos de Lucas incluindo duas ocorrncias anteriores neste mesmo captulo (1:15, 41). Em todos os oito exemplos est relacionada como capacidade de falar e pregar. Subentende-se um controle especial e preparao efetuada pelo Esprito para se transmitir uma mensagem vinda de Deus. Profetizou. Esta palavra no se aplica exclusivamente predio do futuro, mas pode se referir tambm transmisso da mensagem de Deus aos homens, quer se relacione com o passado, o presente, ou o futuro. 68. Bendito seja o Senhor Deus de Israel. Lucas, embora gentio, relaciona o ponto central da mensagem como Deus do V. T. Visitou e redimiu o seu povo. Zacarias reconheceu no nascimento de Joo o princpio do cumprimento da vinda do Messias. 69. Poderosa salvao (chifre da salvao). Os chifres do boi eram smbolo de poder. Muitas passagens do V. T, usam esta figura de linguagem, especialmente nos Salmos (cf. Sl. 18:2; 89:24; 132:17; 148:14). 70. Seus santos profetas. Deus tem os seus representantes em todas as pocas e em todos os lugares. Enoque, que foi mensageiro de Deus antes do Dilvio, foi chamado de profeta (Judas 14). 73. Juramento. O Senhor jurou a Abrao que os seus descendentes seriam preservados atravs da escravido no Egito, e que eles possuiriam a terra prometida (Gn. 15:13, 18). O sol nascente das alturas. Nascente, um termo que se refere ao nascer do sol e, neste caso, ao nascer do "Sol da Justia" (veja Ml. 4:2). Toda esta passagem contm ecos do ltimo captulo das profecias de Malaquias.

Lucas (Comentrio Bblico Moody)

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Lucas 2D. O Nascimento de Jesus. 2:1-20. 1. Um decreto de Csar Augusto. Lucas o nico autor dos Evangelhos que data o seu material relacionando-o com o imperador reinante (veja tambm 3:1). Decreto (gr. dogma). Uma ordem imperial. Csar Augusto. O primeiro imperador de Roma que reinou de 27 A. C. at 14 A. D. Toda a populao. Isto significa todo o imprio, no todo o mundo conhecido. Recensear-se. Augusto ordenou que se fizesse um recenseamento do imprio, o qual serviria de base para o lanamento dos impostos. O decreto foi assinado cerca de 8 A.C., mas provavelmente no entrou em vigor seno alguns anos mais tarde. 2. Quirino era governador da Sria. P. Sulpicius Quirinius foi eleito governador da Sria em 6 A. D., e realizou um recenseamento na Judia naquela ocasio. H boas evidncias de que ele foi governador duas vezes, e que o seu primeiro governo foi de 4 A. C. a 1 A. D. O recenseamento anterior devia estar terminando quando ele assumiu o governo pela primeira vez. 3. sua prpria cidade. Na Judia cada homem voltava cidade dos seus ancestrais onde ficavam guardados os registros de sua famlia. 4. Galilia era a regio volta do Lago de Genesar, ou mar da Galilia. Tinha uma grande populao gentia, e desde o tempo dos profetas era conhecida como "Galilia dos Gentios" (Is. 9:1). Nazar. Uma cidade nas colinas da Galilia, localizada sobre a estrada comercial que ia das plancies costeiras at Damasco e o Oriente. Judia. A provncia ao sul da Samaria e ao norte de Edom e do deserto, limitada ao oeste pelo Mediterrneo e a leste pelo Rio Jordo e Mar Morto, Belm. O lar de origem da famlia de Davi. 5. Sua esposa. Veja 1:27. 7. Seu filho primognito. Subentende-se que Maria teve outros filhos mais tarde (cons. Mc. 6:3). Manjedoura. Um coxo onde o gado comia. Jos e Maria deviam ter se abrigado no estbulo. A tradio diz que foi numa caverna na encosta da montanha atrs da hospedaria.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 14 8. Guardavam o seu rebanho durante as viglias da noite. A data exata do nascimento de Jesus desconhecida; a lendria data de 25 de dezembro no pode ser confirmada alm do quarto sculo. 9. A visita celestial foi assessorada com a radincia da glria divina que estava presente quando Deus se manifestou (x. 16:10; 20:18; 40:34; II Cr. 7:1; Ez. 1:27, 28). 10. No temais. As palavras do anjo foram as costumeiras palavras de saudao diante de homens que ficariam aterrorizados com tal apario (cons. 1:13, 30). Todo o povo, Israel. 11. Salvador. No V. T. Deus foi o Salvador do seu povo (Is. 25:9; 33:22). Enquanto os profetas o consideravam principalmente como um salvador da opresso poltica, Lucas alarga o conceito apresentando Jesus como o Salvador do pecado. Cristo, o Senhor. Cristo significa ungido, o Messias de Israel que era o Libertador prometido. Senhor. Um ttulo que os pagos gregos aplicavam aos seus reis, os quais eles saudavam como se fossem deuses. Um cristo s pode aplicar esse ttulo a Cristo (I Co. 8:6). 12. E isto vos ser por sinal. Literalmente, o sinal. 14. Paz . . . entre os homens a quem ele quer bem. A paz no foi dada aos homens que tm boa vontade para com Deus, mas aos homens que Ele est inclinado a favorecer. 15. Nos deu a conhecer. Os pastores no duvidaram da realidade da proclamao do anjo, mas aceitaram-na ao p da letra. 19. Maria . . . guardava em seu corao. O aparecimento dos visitantes celestiais aos pastores confirmou o segredo misterioso da Anunciao. E. A Apresentao no Templo. 2:21-40. 21. Completados oito dias. Assim como Joo, Jesus recebeu o seu nome de acordo com a mensagem de Gabriel (1:13, 59-63). A circunciso deve ter acontecido em Belm.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 15 22. Os dias da purificao. De acordo com a lei de Moiss, a mulher que tinha um filho do sexo masculino era considerada imunda durante sete dias. No oitavo dia a criana era circuncidada, e ela ficava imunda por mais trinta e trs dias. Passado esse tempo ela oferecia um sacrifcio no Templo e era cerimonialmente purificada (Lv. 12:2-6). O sacrifcio oferecido era na proporo da capacidade financeira da famlia. 24. Um par de rolas. A oferta das aves indica que Jos e Maria eram pobres (Lv. 12:8). Para a apresentao da oferta eles viajaram a Jerusalm, que distava apenas algumas milhas de Belm. 25. Simeo. Simeo devia ser um Hasidim, adorador de Deus sincero e dedicado, que guardava a Lei tanto no Esprito como na letra. Justo expressa sua atitude em relao aos homens; temente, sua atitude para com Deus. Consolao de Israel. O esperado Messias, que libertaria os judeus do poder dos seus opressores. 26. Revelara-lhe. Uma profecia individual especial fora dada a Simeo como .recompensa pela sua devoo. 28. Louvou a Deus, dizendo. As palavras de Simeo, como os Salmos de Davi, foram ditas em poesia hebraica. 32. Luz para revelaes dos gentios. Simeo percebeu o verdadeiro propsito de Deus de alcanar os gentios alm de Israel. Lucas, um gentio, devia estar especialmente interessado em sua profecia. 34. Este. Jesus no era apenas outra criana judia, mas era o piv da f. Aqueles que cressem nele subiriam a novas alturas; aqueles que o rejeitassem cairiam em negro desespero. 35. Uma espada. Simeo deu uma indicao de que Maria sofreria profunda tristeza por causa dEle. 36. Uma profetisa chamada Ana. Tanto no Velho, como no Novo Testamento, as mulheres recebiam poderes profticos. Dbora (Juzes 4:4) foi uma das primeiras lderes de Israel, e as filhas de Filipe, o evangelista, tambm profetizavam (Atos 21:9).

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 16 37. Era viva, de oitenta e quatro anos. Ana convivera com o seu marido sete anos antes da morte deste. Se ela tivesse se casado com a idade de doze anos, teria ento mais de cem anos de idade, a no ser que Lucas mencionasse o total de sua idade. Assim como Simeo, ela fazia parte do remanescente piedoso do judasmo. 38. A redeno de Jerusalm. A grandeza da f de Ana est comprovada por sua confiana em que essa criana era o instrumento prometido para a redeno nacional. 40. Crescia o menino, e se fortalecia. Lucas a nica fonte de informao sobre a infncia de Jesus. Todo o tipo de lendas fantsticas sobre a juventude de nosso Senhor tm sido escritas e publicadas nos Evangelhos apcrifos, mas nenhuma delas aparece nas Escritura. F. A Visita a Jerusalm. 2:41-52. 42. Subiram, segundo o costume da festa. Judeus devotos costumavam assistir a Pscoa em Jerusalm. Jesus, tendo doze anos de idade, estava se aproximando da idade normal para ser aceito no judasmo como um "filho da lei", que o tornaria um membro efetivo da comunidade religiosa. 43. Permaneceu o menino Jesus em Jerusalm. Como qualquer menino normal, deve ter ficado fascinado com as vistas da cidade; mais provvel que ele tenha se interessado particularmente pelo ensinamento dos rabis. 46. . . o acharam no templo. Seu interesse mostra que ele despertou para a necessidade de compreender a Lei. Ele estava prestando ateno aos mestres, que ficaram espantados com a clareza e discernimento de suas respostas. 48. Filho, por que fizeste assim conosco? Como qualquer me de verdade, Maria sentiu a falta dele quando a caravana parou no fim do dia. Obviamente ela ficou preocupada. 49. Casa de meu Pai. D a entender que o jovem tinha uma percepo clara do seu relacionamento com Deus. Ele ficou admirado

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 17 porque Maria e Jos no tinham compreendido esse relacionamento, e f-los lembrar que, sendo Deus o seu verdadeiro Pai, ele pertencia casa de Deus. 50. No compreenderam. Jos e Maria no compreenderam o significado completo das palavras de Jesus, que foram o primeiro sinal registrado de sua crescente independncia (cons. Jo. 2:4). 51. E era-lhes sujeito. A independncia de Jesus no era rebeldia. Ele voltou a Nazar e ficou com a famlia at o comeo do seu ministrio pblico. Guardava todas estas coisas no corao. Embora no compreendesse o que ele quera dizer, Maria no se esqueceu de suas palavras. Talvez Lucas fosse informado diretamente por ela. 52. E crescia Jesus em sabedoria, estatura, e graa diante de Deus e dos homens. Ele no foi um prodgio no sentido de ser anormal. Crescia (gr. lit. "avanar abrindo caminho") significa que havia crescimento no seu tamanho, conscincia e compreenso dos acontecimentos. Ele foi perfeito em cada estgio da vida. Ele estava livre das imperfeies que desfiguram o restante dos homens em cada estgio do crescimento. III. O Aparecimento do Salvador. 3:1 4:15. A narrativa do ministrio de Joo Batista, a genealogia e a tentao de Jesus tem o propsito de fornecer os antecedentes do Salvador que Lucas est apresentando. O batismo relaciona-o com a vida espiritual contempornea sua; a genealogia confirma seu relacionamento com a raa humana; e a tentao prova sua competncia em lidar com os problemas morais que a humanidade enfrenta.

Lucas 3A. A Introduo de Joo Batista. 3:1-20. 1. No ano dcimo quinto do reinado de Tibrio Csar. Lucas, sendo um historiador cuidadoso, data o comeo da vida pblica do

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 18 Salvador com o ano do imperador reinante. Tibrio era filho adotivo de Augusto (2:1). Uma vez que foi o sucessor ao trono em 14 A. D., seu dcimo quinto ano seria em cerca de 28 ou 29 A.D. As outras personalidades mencionadas aqui governavam a Palestina na mesma ocasio. Governador. Pncio Pilatos, que foi novamente mencionado em relao ao julgamento de Jesus (23:1-25), era o procurador (governador imperial) da Judia desde 26 a 36 A. D. Era responsvel diante do imperador pelo bem-estar da provncia. Tetrarca da Galilia. Um tetrarca era o governador de uma rea restrita de um quarto de dado territrio. Herodes era Antipas, um filho de Herodes, o Grande, que governava a Galilia e o territrio a leste do rio Jordo. Ituria, o territrio de Filipe, outro filho de Herodes, o Grande, ficava ao nordeste da Galilia e a leste do Monte Hermom. De Lisnias pouco se sabe, exceto que foi o monarca do pequeno reino de Abilene sobre o aclive oriental das montanhas do Lbano, a nordeste de Damasco. 2. Ans e Caifs. Caifs era o sumo sacerdote governante; Ans, seu sogro, era sumo sacerdote emrito, e exercia forte influncia (Jo. 18:13). A palavra de Deus. O chamado divino foi feito a Joo como aos profetas do V. T. (Os. 1:1; Joel 1:1; Jn. 1:1; Mq. 1:1). 3. O batismo de arrependimento. Plummer (ICC, pg. 86) diz que "o batismo do arrependimento" um batismo relacionado com o arrependimento, um smbolo externo da mudana interior. Arrependimento significa uma mudana de mente ou atitude que no apenas emocional, mas que envolve uma inverso do pensamento e conduta anteriores. Para remisso dos pecados. O propsito da pregao de Joo era levar os homens a experimentarem o perdo. 4. Endireitai as suas veredas. Veja Is. 40:3-5. Antigamente havia poucas estradas pavimentadas. Quando um rei viajava, seus sditos construam estradas para ele a fim de que sua carruagem no atolasse na lama ou areia. Do mesmo modo, Joo estava preparando o caminho para Jesus atravs de sua pregao para que toda a carne pudesse ver a

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 19 salvao de Deus. Citando as palavras do profeta (Is. 40:3), "Preparai o caminho do Senhor (Jeov)", em relao misso de Joo, Lucas mostra que reconhece a divindade de Cristo. 6. E toda a carne ver a salvao de Deus. O escritor esclarece no comeo do ministrio de Jesus que Ele tinha uma mensagem universal. 7. Raa de vboras. Como seus antepassados profticos, Joo denunciava os pecados do povo com rigorosa linguagem. 8. Temos por pai a Abrao. Os judeus se orgulhavam de maneira especial de Abrao como o cabea de sua raa, com o qual Deus fizera o seu convnio. Crendo que herdaram a bno de Deus atravs de Abrao, confiavam na sua ascendncia para obter salvao (Jo. 8:33). Joo Batista advertiu-os de que Deus poderia transformar as prprias pedras em descendentes de Abrao. 9. J est posto o machado raiz das rvores. rvores infrutferas eram cortadas para lenha. A nao no produzira os frutos que Deus tinha esperado, e o juzo era iminente. 12. Publicanos eram cobradores de impostos, conhecidos por sua rapacidade. Uma certa parte do salrio era exigida em pagamento de impostos, mas os publicanos costumavam pedir mais, e enriqueciam com a diferena. Eram odiados pelo povo, que os considerava traidores porque trabalhavam para Roma. 14. Tambm soldados. Os soldados costumavam ser brutais com os civis, e praticavam a extorso s custas destes. A ningum maltrateis. A palavra grega para tratar mal (diaseisete) significa "derrubar". 15. Se no seria ele, porventura, o prprio Cristo. Cristo um termo geral significando "Messias". um ttulo, no um nome prprio. 16. As correias das sandlias. O amarrilho. Ele vos batizar com o Esprito Santo e com fogo. Assim como o batismo com gua significa arrependimento, a vinda do Esprito Santo a prova da presena de Deus. O fogo um smbolo de purificao e poder.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 20 17. A sua p ele a tem na mo. A "p" servia para joeirar, isto , jogar os gros ao ar de modo que a palha era levada pelo vento, enquanto as sementes limpas caam de volta ao cho da eira. 19. Herodes, o tetrarca. Herodes era casado com Herodias, a esposa de seu irmo Filipe. Quando Joo o repreendeu publicamente, Herodias ficou enraivecida e exigiu que Joo fosse aprisionado. Herodes mandou prend-lo e finalmente, a pedido de sua esposa, ordenou a execuo do Batista. B. O Batismo de Jesus. 3:21, 22. 21. Ao ser todo o povo batizado. Submetendo-se ao batismo de Joo, ele se colocou na categoria dos pecadores, embora no tivesse pecado, e comeou a sua misso redentora. Os cus se abrindo foram o reconhecimento divino da filiao de Jesus. 22. E o Esprito Santo desceu. A pomba era o smbolo da inocncia e da ausncia do mal, um mensageiro da paz (cons. Gn. 8:8, 9). Uma voz do cu. Compare com Lucas 9:35; Joo 12:28. C. A Genealogia. 3:23-38. 23. Ora, tinha Jesus cerca de trinta anos ao comear o seu ministrio. Era como se cuidava, filho de Jos. A genealogia de Jesus no concorda com a de Mateus, que fornece a linhagem legtima de descendncia real. Lucas d a linhagem humana, possivelmente ao lado de Maria, se Jos foi reconhecido como filho de seu pai atravs do casamento. Lucas leva a genealogia at Ado para enfatizar que Jesus descendia do primeiro pai da raa humana, enquanto Mateus comea com os primeiros da aliana: Abrao, a quem Deus prometeu a terra (Gn. 12:7), e Davi, a quem Ele garantiu um reino eterno (II Sm. 7:12, 13, 16). Os nomes da genealogia, diferem quanto ortografia dos nomes do V. T, porque foram dados na forma grega.

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Lucas 4D. A Tentao. 4:1-13 A narrativa da tentao de nosso Senhor foi apresentada por Lucas e Mateus. Jesus, assim como Ado (Gn. 3:6), foi experimentado nas trs reas do apetite fsico, da ambio temporal e do alcance espiritual, para que fosse provado competente em sua misso. Onde o primeiro homem falhou, ele triunfou. 1. Guiado pelo Esprito. A primeira diretiva do Esprito Santo que foi registrada conduzia prova. Deserto. O cenrio tradicional para a Tentao um territrio estril a noroeste do Mar Morto, completamente despido de vegetao ou qualquer espcie de abrigo. 2. Quarenta dias. Um perodo comum para provao (Gn. 7:4; x. 24:18; I Reis 19:8; Jo. 8:4). 3. Se s o Filho de Deus. A condicional grega usada d a entender que o diabo no duvidava de que Jesus fosse o Filho de Deus, mas em vez disso presumia que Jesus no tinha o direito de criar. Po. O po na Palestina no tinha o formato comprido dos nossos files, mas era um bolo redondo e chato. As pedras do cho tinham o aspecto de pes. 4. Est escrito. Jesus no comps a sua prpria resposta para o tentador, mas extraiu a sua rplica da revelao das Escrituras. No s de po viver o homem. (Dt. 8:3). O homem precisa de po, mas o po no serve para todas as necessidades. A gratificao material dos apetites no pode nunca satisfazer os mais profundos anseios do esprito humano. 5. Todos os reinos do mundo. Das alturas da cadeia de montanhas podia-se ver os territrios antigamente ocupados pelos imprios do Egito, Assria, Babilnia, Prsia, Grcia e Roma. 6. Dar-te-ei a ti toda esta autoridade. Cristo veio para reclamar o mundo como seu reino, e o diabo estava oferecendo-lhe em termos "fceis". 7. Portanto, se prostrado me adorares. Pela adorao, Jesus permutaria a sua independncia com os reinos do mundo. Se ele

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 22 aceitasse esses termos, no seria realmente o soberano, porque se veria obrigado a reconhecer o poderio de Satans. 8. Ao Senhor teu Deus adorars. (Dt. 6:13). Ele s admitia a autoridade suprema de Deus. Ele no se comprometia. 9. O pinculo do templo. Uma das ameias ou torres (gr. pterygion, "pequena asa"), de onde se descortinava o trio ou talvez o Vale de Cedrom. Se Jesus pulasse do alto da ameia para o meio do povo e chegasse ao cho inclume, seria aclamado como o Messias do cu, e sua reputao seria imediatamente formada. 10. Est escrito. Na terceira tentao o diabo omitiu parte do versculo, que diz, "para que te guardem em todos os teus caminhos". Deus no prometeu guardar o seu servo num ato de tola presuno, mas somente quando estivesse andando pelos caminhos de Deus (veja Sl. 91:11, 12). 13. At o momento oportuno. As palavras do a entender que a tentao ou o ataque foi renovado mais tarde. O Salvador viveu constantemente sob a presso do diabo. O diabo uma personalidade real, embora no seja necessariamente visvel. E. A Entrada na Galilia. 4:14, 15. Mateus, Marcos e Lucas comeam o ministrio de Jesus com a Galilia; Joo registra um ministrio anterior na Judia (Jn. 2:13 - 4:3). Lucas destaca o lugar do Esprito Santo na carreira de Jesus (cons. Lc. 1:35; 3:21 , 22; 4:1). IV. O Ministrio Ativo do Salvador. 4:6 - 9:50. A primeira parte do ministrio de nosso Senhor ocupou cerca de dois anos e meio. Inclui a escolha dos apstolos, a maior parte dos seus ensinamentos e curas, e alcana o seu clmax na Transfigurao. Lucas

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 23 estava empenhado em mostrar a Tefilo o carter divino de Jesus, e a natureza proftica de sua misso. A. A Definio do Seu Ministrio. 4:16-44. 16. Nazar. Jesus comeou o seu ministrio na cidade em que morava. Na sinagoga. Durante o cativeiro na Babilnia, depois da destruio do Templo, o povo instituiu sinagogas como centros locais de adorao. Mesmo depois que o Templo foi restaurado, a adorao nas sinagogas continuou. Lucas observa que Jesus estava acostumado a freqentar os cultos da sinagoga, regularmente, aos sbados. Os membros participavam do culto e eram freqentemente solicitados a lerem as Escrituras e a fazer comentrios apropriados. Paulo apresentou a maior parte de suas pregaes em sinagogas (cons. Atos 13:14, 15). 17. O livro do profeta Isaas. A sinagoga seguia uma ordem regular nas leituras. Jesus provavelmente tomou a passagem que devia ser lida naquele dia. 18. Pelo que me ungiu. A passagem foi extrada de Is. 61:1, 2, que era uma profecia sobre a Era Messinica. 20. O livro. Os livros do V. T. eram rolos montados sobre braos de madeira, que se desenrolavam de um lado e se enrolavam do outro enquanto eram lidos. Assistente. Depois de ler, Jesus enrolou o pergaminho e devolveu-o ao encarregado das Escrituras. Os rolos eram dispendiosos e por isso cuidadosamente guardados. 21. Hoje se cumpriu a Escritura. As palavras iniciais do comentarista devem ter constitudo um choque para seus ouvintes. Eles o conheciam desde a sua meninice e o aceitavam como uma pessoa comum. Quando ele proclamou o cumprimento desta profecia messinica, ficaram aturdidos. 22. Palavras de graa. Lucas no d um registro textual de tudo o que Jesus disse. Ele deve ter explicado a primeira parte do texto aplicando-a a si mesmo. No este o filho de Jos? A pergunta dos habitantes da cidade mostra que nada sabiam sobre a origem de Jesus,

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 24 pois presumiam que era filho de Jos e Maria, produto de um nascimento natural. Quando ele insistiu em suas reivindicaes, ficaram imaginando que direito tinha de agir assim. 23. Mdico, cura-te a ti mesmo. O Senhor muitas vezes ensinava por meio de provrbios e parbolas. Nesta ocasio ele antecipou a exigncia do povo que realizasse em Nazar os milagres que tinha realizado em Cafarnaum. 24. Nenhum profeta bem recebido na sua prpria ptria. Nos versculos seguintes, Jesus destacou que, alm de esperar rejeio da sua prpria cidade, o seu grande ministrio seria entre os gentios. 28. E todos . . . se encheram de ira. O aviso de que no tinha ministrio para o povo de Nazar por no ser aceito por ele, provocou a ira deles e quiseram mat-lo, criando um tumulto. 29. Cume do monte. Nazar fora construda sobre montanhas, algumas das quais bastante ngremes. 30. Passando por entre eles. Sua presena dominante e a divina proteo conduziram-no inclume atravs da multido enfurecida. 31. Cafarnaum. Uma cidadezinha nas praias da Galilia, cerca de vinte e cinco milhas a nordeste de Nazar. Jesus levou avante um ministrio extenso na sinagoga. Lucas d o exemplo de um dia na vida de Jesus, cheio de ensinamentos e curas. 33. De esprito de demnio imundo. A possesso demonaca era comum no tempo de Jesus e era diferente da insanidade mental (veja Mt. 4:24). Em lugares onde os poderes do diabo so reconhecidos e adorados, isso ainda acontece. Os demnios so intelectos perversos que procuram obter o controle dos seres humanos para poder se expressar. 34. Que temos ns contigo? Os espritos do mal reconheceram-no e expressaram medo e dio. 35. Cala-te, e sai desse homem. Nosso Senhor nunca permitiu que os demnios lhe dessem publicidade. Sua autoridade sobre eles era uma prova da validade de suas reivindicaes messinicas em Nazar.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 25 38. A casa de Simo. A chamada de Simo foi registrada por Joo (Jo. 1:41, 42). Lucas no o mencionou antes, mas presume que seus leitores j sabiam que Simo era discpulo. Sua vocao para o servio foi apresentada mais tarde. Com febre muito alta. S Lucas usa o adjetivo muita, refletindo seu interesse mdico. 40. Ao pr-do-sol. O pr-do-sol marcava o fim do dia judeu. Com o encerramento do sbado, era permitido por lei que se carregassem os enfermos. Tantos foram trazidos para o Senhor que ele deve ter passado grande parte da noite ministrando-lhes. 42. Saiu. Muitas vezes, depois de um dia atarefado, Jesus se retirava do meio das multides a fim de orar (veja 5:16; 6:12). 43. O reino de Deus. O reino e governo de Deus atravs do Messias era o objeto da pregao do Salvador. Sua tica, seus feitos, sua obra redentora e sua promessa de voltar, tudo pertence ao domnio desse assunto. O povo judeu daquele tempo esperava que o reino seria principalmente uma restaurao da independncia de Israel. Jesus lhe deu um teor mais completo. B. As Provas do Seu Poder. 5:1 6:11. Esta diviso de Lucas continua apresentando as provas do poder de Jesus, preparando-se para dar nfase ao ministrio pblico.

Lucas 51. Lago de Genesar. Outro nome para o lago da Galilia. um grande volume de gua, com cerca de 20 quilmetros de comprimento por 12 de largura, rodeado de montanhas. No tempo do Senhor a regio volta dele era bastante habitada, e havia numerosas cidades sobre as suas praias. Cafarnaum e Betsaida (ao norte) eram os centros da indstria de peixes. 2. Lavando as redes. A limpeza das redes era normalmente o trabalho matutino depois de uma noite de pescaria.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 26 3. Entrando em um dos barcos. O terreno em frente do lago fornecia um auditrio, pois havia um leve aclive a partir da praia, e a acstica era boa. Para que a multido no o comprimisse, Jesus emprestou o barco de Simo Pedro e usou-o como plpito. 4. Lanai as vossas redes para pescar. Os peixes vinham superfcie para comer de noite; de dia eles desciam s guas mais frescas e profundas do lago. 5. Mas, sobre a tua palavra. Embora a experincia de Pedro como pescador dava-lhe a certeza de que nada poderiam apanhar, suas palavras demonstram f em Jesus. Ele estava pronto a crer na palavra do Mestre mesmo em assuntos nos quais Jesus no seria naturalmente considerado um tcnico. 6. Rompia-se-lhes as redes. Literalmente, suas redes comearam a romper-se. A pesca foi to grande que nem as redes nem os barcos podiam abrig-la. 8. Senhor, retira-te de mim, porque sou homem pecador. Esta prova de que Jesus sabia mais do que Pedro sobre pescaria, e a ddiva dos peixes, que o compensou grandemente do trabalho intil da noite anterior, fez o discpulo ver-se em uma nova luz. Em contraste com Jesus, cuja divindade ficou evidente pelo milagre, Pedro percebeu que era pecador, e sentiu-se indigno de ficar ao lado de Jesus. 10. No temas: doravante sers pescador de homens. Simo e seus dois companheiros, Tiago e Joo, j eram discpulos de Jesus, mas continuaram no seu negcio. Agora Jesus os chamava para um servio especial, e eles deixaram tudo para segui-lo. 12. Coberto de lepra. A linguagem d a entender que era um caso avanado. A lepra era enfermidade comum no Oriente. No seu estgio final ela causa desfigurao do corpo, quando vrios membros do doente vo apodrecendo. A Lei exigia a segregao do leproso fora da cidade (Lv. 13:45, 46). Se quiseres. O leproso no duvidou da competncia de Jesus em curar; ele no estava certo da atitude dEle.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 27 13. Quero. Uma vez que a doena era normalmente considerada incurvel, a sbita cura deve ter causado surpresa ao homem e a todos os que o conheciam. 14. Vai . . . mostra-te ao sacerdote. A Lei dispunha que os casos de lepra deviam ser inspecionados pelos sacerdotes, que faziam s vezes de um departamento de sade na comunidade judia (Lv. 14:1-32). Jesus quis que o homem passasse pelos devidos canais para ser readmitido na comunidade. 17. Fariseus e mestres da lei. A fama do mestre levara Galilia lderes religiosos de todas as partes do pas. Ouviam seus ensinamentos como crticos. 18. Um homem que estava paraltico. O caso era difcil, e a cura seria tanto mais convincente. 19. O desceram no leito por entre os ladrilhos. Lucas descreve a casa como se fosse uma habitao romana com telhado coberto de telhas, como as que existiam nas cidades conhecidas pelos seus leitores. 20. Homem, esto perdoados os teus pecados. Nosso Senhor comeou lidando com a necessidade espiritual do homem, que era maior do que sua necessidade fsica. 21. Blasfmias. Os crticos de Jesus sentiram-se chocados quando Ele assumiu o direito que s a Deus pertencia o direito de perdoar pecados. O Senhor no declarou que, sendo Ele o Filho de Deus e tendo autoridade, eles estavam errados em sua suposio. Em vez disso, ele props um teste de autoridade. 23. Que mais fcil? Seria mais fcil dizer "Os teus pecados te so perdoados", porque se no existissem, no haveria nenhuma evidncia externa. Se Jesus ordenasse a cura, e o homem no ficasse curado, todos saberiam que aquele que operava a cura era fraudulento. 24. Levanta-te, toma o teu leito. Jesus fez do seu poder de curar um teste para o seu poder de perdoar. Realizando o que seus crticos consideravam o mais difcil, mostrou que podia fazer o que eles achavam mais fcil. Leito, aqui, um colcho, no uma pea de mobilirio.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 28 25. Imediatamente se levantou. A cura foi completa, e os que criticavam o Senhor foram silenciados. O milagre demonstrou que Jesus podia remover tanto a paralisia do esprito quanto a do corpo. 27. Levi o mesmo Mateus (Mt. 9:9). Coletoria. Impostos sobre mercadorias transportadas pela estrada das caravanas eram arrecadados pelos agentes de Herodes, dos quais Mateus devia ser um. 29. Ento lhe ofereceu Levi um grande banquete. Mateus, um homem rico, ofereceu um jantar especial para os seus colegas a fim de conhecerem Jesus. Os fariseus rejeitavam os publicanos totalmente e no se associavam com eles de maneira nenhuma, mas Jesus os aceitou. O perdo era para os publicanos tanto quanto para os outros. 30. Publicanos e pecadores foram classificados juntos. Os publicanos tinham a reputao de avarentos e passveis de suborno. 32. No vim chamar os justos. Jesus deu a entender que nada podia fazer pelos "justos" fariseus, que estavam cnscios de sua prpria perfeio. Ele queria alcanar aqueles que reconheciam sua necessidade. 33. Os discpulos de Joo ... jejuam. As pessoas ficaram perplexas, uma vez que os padres ticos de Jesus no eram inferiores aos de Joo e os fariseus. Ficavam imaginando porque os seus discpulos no eram to severos quanto os de Joo. 34. Os convidados para o casamento. A frase uma expresso idiomtica do hebreu, significando os amigos do noivo. Enquanto Jesus estava com os discpulos, no havia motivo para tristeza. Mas ele deu a entender (v. 35) que algum dia seria retirado da companhia deles, e ento o jejum estaria na ordem do dia. A figura do amigo do noivo foi usada por Joo Batista ao falar sobre o seu relacionamento com o Senhor (Jo. 3:29). 36. Tambm lhe disse uma parbola. As parbolas do Senhor eram ilustraes ou incidentes tirados da vida quotidiana atravs dos quais ele transmitia ensinamento espiritual. Revelavam a verdade queles que tinham a capacidade de discerni-la, e escondiam os mistrios daqueles que no estavam preparados para eles. Roupas remendadas

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 29 eram comuns na Palestina, porque o povo era pobre. Pano novo costurado sobre roupa velha encolhe quando lavado e, conseqentemente, rasga o pano mais velho e mais fraco. 37. Odres. Feitos de couro de animais, usados para guardar lquidos. Os odres velhos perdiam sua elasticidade e no continham o novo vinho, que ainda estaria em parcial processo de fermentao. Do mesmo modo os novos ensinamentos do reino de Deus no podiam ser contidos pelas formas da Lei, mas tinham de ser expressos de maneiras novas. Uma nova revelao surgira em Cristo, a qual exigia diferente forma de adorao.

Lucas 61. Num sbado. (No sbado segundo-primeiro, ERC). A frase se refere ao uso do calendrio judeu. Pode significar o segundo sbado que vinha a seguir depois da abertura do ano religioso na Pscoa. Alguns manuscritos de Lucas omitem o termo inteiramente. Colhiam espigas. Os viajantes tinham permisso de apanhar espigas ou frutos para consumo imediato, mas no de colher livremente nos campos de outra pessoa (Dt. 23:24, 25). 2. O que no lcito fazer. A interpretao restrita da Lei encarava o apanhar e debulhar de espigas como trabalho, o qual no era permitido aos sbados. 3. Nem ao menos lestes. Jesus se referiu s Escrituras dando uma ilustrao diferente da vida de Davi (I Sm. 21:1-6). Se Davi pde, em uma emergncia, fazer o que era ilegal, porque Ele no podia? 5. Senhor do sbado. Alm da autoridade de perdoar pecados, Jesus proclamou sua soberania sobre o sbado. 7. Os escribas e fariseus observaram-no. Zangados por causa da derrota na argumentao referente observncia do sbado e pela proclamao que eles tinham por presunosa, os escribas e os fariseus estavam ansiosos por apanhar Jesus.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 30 9. lcito nos sbados fazer bem ou mal? Considerando que era permitido pela lei fazer o bem no sbado, e uma vez que a cura era fazer o bem, esta estava acima de crticas. 11. Se encheram de furor. Derrotados na argumentao e desacreditados diante do povo, os oponentes de Jesus foram levados ao desespero. Este versculo marca o comeo da controvrsia de Jesus com os lderes judeus, a qual durou por todo o restante de sua carreira. C. A Escolha dos Apstolos. 6:12-19. 12. Passou a noite orando. O comeo da oposio e o problema da escolha de homens certos para seus ntimos colaboradores exigia o aconselhamento prolongado com o Pai. 13. Discpulos . . . apstolos. Um discpulo aquele que aprende; um apstolo um enviado, comissionado a transmitir uma mensagem. 14-16. A seguinte lista concorda com as de Mateus e Marcos (Mt. 10:2-4, Mc. 3:16-19), exceto quanto ao nome de Judas, irmo de Tiago, que pode ser o mesmo Tadeu nos outros dois Evangelhos. 17. E, descendo com eles, parou numa planura. Estudantes da Bblia tm argumentado sobre se o texto seguinte um texto paralelo ao Sermo da Montanha de Mateus 5-7, uma vez que este foi pronunciado sobre uma montanha. Planura significa realmente "um lugar plano", que poderia ser na encosta da montanha. Ou, ento, possvel que Jesus repetisse os seus ensinamentos em mais de uma ocasio. D. Um Sumrio dos Seus Ensinamentos. 6:20-49. A narrativa que Lucas faz do sermo difere de Mateus em diversos aspectos. Ele equilibra quatro bem-aventuranas com quatro "ais", em lugar de apresentar nove bem-aventuranas. Ele omite a discusso da aplicao da Lei, e alguns dos ensinamentos sobre a orao. Umas poucas parbolas neste sermo encontram paralelo em outras passagens de Lucas. No h contradies nas narrativas, mas apenas diferente

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 31 arranjo do material. A palestra foi feita particularmente aos discpulos, embora a multido tambm a ouvisse. 20. Bem-aventurados vs os pobres. Enquanto estavam viajando com Jesus os apstolos no tinham meios visveis de sustento, e dependiam de ofertas. 21. Bem-aventurados vs os que agora tendes fome. A satisfao s daqueles que tm um desejo real. Mateus d a entender que a fome espiritual. Bem-aventurados vs os que agora chorais. Jesus sabia que aqueles que lhe eram fiis teriam de participar de suas dores, mas ele lhes prometeu que tambm participariam do seu triunfo (cons. Jo. 16:20). 22. Bem-aventurados... quando os homens vos odiarem. O conflito que j tinha comeado entre Jesus e os lderes da nao envolvia tambm os seus seguidores (cons. Jo. 15:18-25). 27. Amai os vossos inimigos. O amor era o mago dos ensinamentos do Salvador, porque a essncia do carter de Deus. 29. Ao que te bate numa face, oferece-lhe tambm a outra. O Senhor estava tentando ensinar aos seus discpulos o amor em vez da vingana. Deviam seguir o seu exemplo retribuindo o mal com o bem. 35. Amai, porm os vossos inimigos. O princpio que Jesus inculcou foi aquele que o trouxe terra (cons. Rm. 5:8; I Jo. 4:10). 38. Boa medida, recalcada, sacudida, transbordando. A figura de linguagem foi extrada da prtica do mercador oriental de cereais, que enche a medida do seu fregus o mais que pode at que os gros transbordem. 41. Argueiro ... trave. Talvez Jesus tivesse a desagradvel experincia de um gro de p de serra nos olhos quando trabalhava na oficina de carpinteiro de Jos. Assim como um pouco de p de serra est para uma tbua, tambm uma pequena falta na vida do irmo quando comparada com uma falta maior na prpria vida. 48. Vindo a enchente. Tendo as colinas da Palestina pouca vegetao, as chuvas do inverno produziam violentas enxurradas que varriam qualquer construo que houvesse no caminho. A areia era

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 32 lavada rapidamente; as construes feitas sobre rocha resistiam. Cristo ensinou que o nico alicerce seguro para toda a vida podia ser encontrado em seus ensinamentos e verdade. Com esta declarao exclusiva ele se tornmou o rbitro do destino humano e o objeto de toda a f verdadeira. E. Um Perodo Difcil do Seu Ministrio. 7:1 9:17. Na parte entre a escolha dos apstolos e o clmax do ministrio de Jesus na Transfigurao, Lucas apresenta uma srie de atos e ensinamentos de nosso Senhor que no formam uma narrativa conexa, mas que ilustram o carter do seu ministrio. Milagres de cura e parbolas que contm uma histria parecem ter interessado Lucas de modo particular.

Lucas 71. Cafarnaum. Depois de ensinar os discpulos, Jesus voltou cidade. Talvez seus discpulos visitassem seus lares enquanto ele servia a localidade. 2. O servo de um centurio. Os centuries eram a espinha dorsal do exrcito romano. Regularmente eles subiam de posto por causa do seu carter. Este oficial parece que era diferente do costumeiro tipo duro de militar romano. Ele tinha afeio genuna pelo seu servo, e amava a nao judia, a qual a maior parte dos romanos desprezava. 3. Alguns ancios dos judeus. Seu relacionamento com os ancios devia ser bom, caso contrrio no teriam rogado em seu favor. Talvez o centurio pensasse que nenhum rabi judeu faria um favor a um gentio romano. 5. A sinagoga. As runas de uma sinagoga em Cafarnaum demonStram arquitetura romana com motivos judeus esculpidos nas pedras. A sinagoga que Lucas menciona era anterior, mas esta ltima poderia preservar algo do seu estilo. 6. Senhor, no te incomodes. Literalmente, no se esfole. Pode ser uma expresso de gria que Lucas preservou.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 33 8. Porque eu tambm sou homem sujeito autoridade. O centurio reconheceu que, tal como ele possua autoridade que lhe fora conferida por Roma, Jesus tinha autoridade de Deus que o capacitava a exercer poder sobre doenas. 9. Nem ainda em Israel. O discernimento e a f do pago fazia contraste agradvel com a incredulidade dos prprios conterrneos de Jesus dos quais ele tinha direito de esperar mais. 11. Naim ficava cerca de dez milhas a sudeste de Nazar. Perto do porto oriental de Naim, ao longo da estrada que vai para Cafarnaum, existem sepulturas na rocha. Jesus, aproximando-se de Cafarnaum, talvez encontrasse a procisso fnebre que saa da cidade caminho dessas tumbas. 12. Viva. A vida de uma viva no Oriente era difcil, uma vez que no era fcil encontrar emprego, e por isso ela dependia de seus parentes do sexo masculino mais achegados. Grande multido. Havia muitas testemunhas do milagre que podiam comprovar a sua autenticidade. 13. No chores. O choro aparatoso era convencional nos funerais orientais; na verdade, pagavam-se pranteadores para que chorassem. A ordem para que parassem de chorar, vinda de um completo estranho, deve ter parecido rude. 14. O esquife. A palavra grega indica uma maca sobre a qual o corpo era levado, ou o prprio caixo. 16. Todos ficaram possudos de temor. A sbita ressurreio do defunto deve ter sido aterradora para aqueles que seguiam o cortejo fnebre, ainda que se alegrassem com o fato. Deus visitou o seu povo. Durante muitos anos no havia testemunho proftico em Israel. A magnitude deste milagre compeliu o povo a crer que Jesus devia ser um profeta. 18. Joo e seus discpulos. O ministrio de Joo Batista estava lentamente sendo eclipsado pelo de Jesus. Os rumores desse milagre em Naim deviam ter sido largamente discutidos se penetraram na fortaleza

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 34 de Maquerus (veja Jos. Wars of the Jews VII vi. 2) no deSerto oriental do Mar Morto, onde Joo era prisioneiro. 20. s tu aquele que estava para vir, ou esperaremos outro? O longo cativeiro de Joo devia t-lo deixado desanimado, e talvez comeasse a duvidar se Jesus era ou no afinal o Messias. 22. Ento Jesus lhes respondeu. Jesus respondeu desafiando os mensageiros de Joo a observarem as demonstraes do Seu poder. E ele suplicou a Joo que no Se escandalizasse (v. 23) com a maneira dele conduzir o seu ministrio. "Escandalizar" (gr. skandalizo) tem o significado de "desviar" ou "fazer errar", mais do que "desagradar-se". 24. O Senhor prestou homenagem a Joo, fazendo trs perguntas ao povo. Um canio agitado pelo vento? As canas nos pntanos inclinavam-se com o vento; no Se mantinham numa nica posio. Jesus disse que Joo era um homem de convices, que no mudava de opinio segundo a coqueluche do momento. 25. Um homem vestido de roupas finas? Roupas comuns eram feitas de fazendas grosseiras tecidas mo; s os muito ricos usavam sedas e linhos importados. Joo era vigoroso, um homem que podia suportar dificuldades e que pertencia ao povo comum. 26. Um profeta? Entre os hebreus o profeta era o mais alto tipo de lder, uma vez que era comissionado e inspirado por Deus. O povo de Naim chamou Jesus de profeta, e o mesmo ttulo lhe foi aplicado em outras ocasies (Jo. 4:19; 7:40; 9:17). 27. Este de quem est escrito. A citao de Ml. 3:1 sem dvida significativa. Estabelece Joo como o precursor do Messias, colocando-o acima de todos os outros profetas. Ti no original do texto citado "mim" e se refere a Deus, que pronuncia essas palavras, acrescentando "de repente vir ao seu templo o Senhor, a quem vs buscais, o Anjo da aliana a quem vs desejais". Por implicao, ento, Jesus foi identificado como Senhor de Malaquias, e a sua divindade foi declarada. 28. Ningum maior do que Joo. Joo foi o maior e o ltimo dos profetas, e o arauto de uma nova dispensao. O menor no reino de

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 35 Deus. Joo sabia apenas que a redeno e a obra do Esprito Santo seriam introduzidos por Jesus (Jo. 1:29-34); ele no viveu para ver a obra de Cristo aperfeioada. Aqueles que vivem na dispensao do reino de Deus tm maiores privilgios e poderes do que Joo. 29. Reconheceram a justia de Deus. Esta palavra foi usada por Lucas mais do que pelos outros escritores dos Evangelhos. O povo comum reconhecia a justia de Deus aceitando a condenao dos seus pecados atravs da mensagem de Joo, e eles expressaram arrependimento submetendo-se ao batismo. 31. A que pois, compararei os homens da presente gerao? Jesus ilustrou o comportamento dos fariseus com as brincadeiras das crianas das quais ele mesmo deveria ter participado quando criana. Se algum propunha que "brincassem de casamento", os outros no queriam danar; se outro sugeria que "brincassem de enfermo", ningum queria chorar. Fosse o que fosse o sugerido, ningum ficava satisfeito. Chamavam Joo de louco porque ele se abstinha do luxo; acusavam Jesus de ser gluto e beberro porque assistia a festas. 36. Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Convidou-o seria uma traduo melhor do que rogou-lhe (ERC). Os motivos do fariseu no podiam ser dos melhores; ele provavelmente queria apanhar Jesus em alguma atitude ou pronunciamento. 37. Uma mulher. . . pecadora. A intromisso dessa mulher foi intolervel ao respeitvel fariseu por causa da m reputao dela e porque no fora convidada. Um vaso de alabastro. O alabastro era uma fina pedra translcida, usada apenas para fazer peas decorativas. O recipiente com o ungento devia ser imensamente valioso, e possivelmente o produto do seu pecado. 38. Estando por detrs, aos seus ps. Os convidados em um jantar no se assentavam junto s mesas, mas reclinavam-se sobre divs com as cabeas voltadas para a mesa. Teria sido fcil para esta mulher ajoelharse na ponta do div sobre o qual Jesus estava reclinado.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 36 39. Se este fora profeta, bem saberia. O fariseu esperava que Jesus, na qualidade de sbio rabi e lder religioso, rejeitasse a ateno da mulher como um insulto. Os rabis daquele tempo jamais falavam com uma mulher publicamente se pudessem evit-lo, e se o faziam, sua conduta era excepcional (Jo. 4:27). Simo concluiu que Jesus era ou estpido ou relaxado. 40. Dirigiu-se Jesus lhe disse. Simo no pronunciou nenhuma palavra audvel, mas Jesus leu os seus pensamentos, e respondeu atravs da parbola que segue. A histria devia ter prendido a ateno dos convidados e, ao mesmo tempo, tornou a questo inequivocamente clara. 41. Certo credor. Sendo rico, Simo mesmo devia ter sido credor em numerosas ocasies. Talvez Jesus soubesse que ele era generoso, e usasse a histria para toc-lo pessoalmente. Quinhentos denrios... cinqenta. Dinheiro (ERC) representa o denrio romano, que valia cerca de dezessete centavos. O primeiro devedor devia cerca de 85 dlares; o segundo, 8,50 dlares. (Colocamos em dlares por ser moeda padro.) 42. Qual deles, portanto, o amar mais? Simo talvez aceitasse a estria como um simples quebra-cabea proposto, parte da conversao ao jantar. 43. Suponho indica que ele estava um pouquinho relutante em se comprometer, porque sentia que Jesus tinha um motivo oculto em contar a histria. S havia, entretanto, uma nica resposta lgica, e ele a deu. 44. No me deste gua. Deixar de lavar os ps de um convidado era uma sria infrao da etiqueta, e Jesus poderia t-la encarado como um insulto direto. A sua presena no jantar, entretanto, era sinal que ele estava pronto a ignorar a negligncia de Simo. 45. No me deste sculo. No Oriente, mesmo hoje em dia, os homens freqentemente se cumprimentam beijando as faces um do outro. Era uma maneira polida e comum dos amigos se cumprimentarem no tempo de Jesus (cons. Rm. 16: 16; I Co. 16:20; I Ts. 5:26).

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 37 46. A cabea com leo. Um toque de leo perfumado deveria ser uma parte preliminar da festa, mas Simo omitira at mesmo este inexpressivo favor. A mulher usara ungento valioso. 47. Aquele a quem pouco se perdoa. Jesus contrastou a falta de cortesia de Simo com a devoo dessa mulher, e deu a entender que Simo no experimentara um perdo profundo. 48. Ento disse mulher. Jesus j tinha declarado (v. 47) que os pecados da mulher, que Ele no negava existirem, foram perdoados; mas para justific-la diante do pblico, fez uma declarao direta. 49. A mesma pergunta foi feita quando da cura do paraltico (5: 21). 50. Salvou pode significar "deu sade", tanto no sentido fsico como no espiritual. A inteno foi esta ltima. Esta mulher no pode ser identificada como sendo Maria Madalena, nem Maria de Betnia, apesar da semelhana do ato desta ltima registrado na narrativa do jantar em Betnia (Mt. 26:6-13; Mc. 14:3.9; Jo. 12:1-9). As diferenas entre esses episdios so maiores do que as semelhanas.

Lucas 81. Andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia. Jesus fez uma campanha sistemtica por toda a Galilia, buscando as massas populares e preparando-as para o seu apelo final. E os doze iam com ele. Esta declarao no d a entender que anteriormente eles no viajaram sempre com ele? Talvez passassem parte do seu tempo ganhando o sustento. 2. E tambm algumas mulheres. Parece que Lucas as conheceu pessoalmente. Joana (v. 3) no foi mencionada fora deste Evangelho. As quais lhe prestavam assistncia. Sua gratido para com Jesus em virtude das curas inspirava as ofertas que ajudavam a sustent-lo e aos discpulos nas viagens missionrias. 4. Disse Jesus por parbola. Esta parbola foi narrada e interpretada por todos os trs Evangelhos Sinticos (Mt. 13:3-23; Mc. 4:3-25). um exemplo notvel do mtodo de ensino do Senhor.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 38 Geralmente conhecida como a Parbola do Semeador, poderia antes ser chamada de Parbola das Terras. 5. O semeador saiu a semear. A agricultura mecanizada era coisa que no existia na Palestina. Um dos quadros mais familiares nas comunidades rurais era a do lavrador semeando sobre o solo tombado. beira do caminho. Com exceo de algumas poucas estradas principais, no havia estradas pavimentadas, apenas picadas atravs dos campos. Os viandantes endureciam o cho com os ps caminhando entre as aldeias. 6. Pedra (gr. ten petran, a pedra). A Palestina um pas muito pedregoso. A semente no caiu sobre a rocha nua, mas sobre uma fina camada de terra sobre a pedra. O calor da rocha fez a semente brotar rapidamente mas a terra secou depressa, e os brotinhos murcharam. 7. Espinhos. Os espinhos crescem em touceiras e so difceis de se erradicar. Mesmo se a parte superior dos arbustos for cortada, as razes permanecem no solo. 8. Boa terra. O solo da Palestina rico, e quando devidamente irrigado produz grandes colheitas. 9. Que parbola esta? O problema dos discpulos era descobrir a aplicao dos fatos apresentados; os fatos propriamente ditos eram simples e familiares. 10. Os mistrios do reino de Deus. "Mistrio" (gr. mysterion) um fato ou verdade revelada apenas aos iniciados. A verdade divina no pode ser entendida por aqueles que no tm discernimento espiritual (I Co. 2:14). Os discpulos veriam verdades novas atravs das parbolas; os outros as considerariam apenas como histrias interessantes. 11. Este o sentido da parbola. A Parbola das Terras foi uma das poucas que Jesus interpretou. Ela nos d uma chave tanto para os seus mtodos de ensino quanto para o processo mental que havia por trs delas. A palavra de Deus a verdade de Deus, quer falada quer escrita. Nesta parbola Jesus estava pensando sobre os seus ensinamentos conforme apresentados s multides.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 39 14. Os seus frutos no chegam a amadurecer. Pode haver fruto, mas as espigas sero minguadas e mirradas. 15. De bom e reto corao. Duas palavras gregas (kalos e agathos), as duas com o significado de "bom" foram usadas. A primeira tem a sugesto de beleza; a ltima, de nobreza e honestidade. 16. Candeia (gr. lychnon), uma pequena vasilha de barro com azeite de oliva e um pavio. Dava uma luz muito fraca. Colocada debaixo de um vaso ou mvel, no daria iluminao. Geralmente era colocada sobre um velador (haste de madeira) para que a sua luz se irradiasse em todas as direes. 17. Nada h oculto, que no haja de manifestar-se. A verdade como a luz; no pode ser mantida em segredo se vai ser til. 18. Vede, pois, como ouvis. O ouvinte to responsvel pela eficincia da mensagem quanto o orador. 19. Sua me e seus irmos. Pouco se diz nos Evangelhos sobre a famlia de Jesus. Seus irmos no criam em suas reivindicaes (Jo. 7:5). A natureza do seu propsito no foi revelada. Possivelmente achavam que as declaraes de Jesus eram extravagantes e que ele os deixava em m situao por causa de suas alegaes de autoridade. 21. Minha me e meus irmos so aqueles. Ele declarou que o parentesco com ele espiritual, no primordialmente fsico. 22. Passemos para a outra margem do lago. O lado oriental do lago era pouco habitado. Jesus queria escapar s multides a fim de descansar e conversar com os seus discpulos. 23. Adormeceu. O Salvador estava sujeito s limitaes humanas, e o cansao devido ao seu ministrio esgotou-o. Tempestade de vento no era coisa incomum na Galilia. O lago fica a 224 m abaixo do nvel do mar e est cercado de colinas. Quando o ar nas elevaes resfria ao fim do dia, ele desce pelos declives das montanhas at o lago e o agita violentamente. Correndo eles o perigo de soobrar. As ondas revoltas batiam no barco aberto, de modo que estava em perigo de afundar.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 40 24. Perecendo. A tempestade devia ser fora do comum para amedrontar pescadores experimentados que conheciam todos os aspectos do lago. Despertando-se Jesus, repreendeu o vento. Jesus tinha autoridade sobre as foras da natureza. Se a tempestade passasse naturalmente, a calmaria no teria se seguido instantaneamente. 26. A terra dos gerasenos. O milagre no poderia ter acontecido em Gadara, que ficava a sete milhas distante do lago. Manuscritos mais antigos comprovam que deveria ser Gergesa ou Gerasa. Havia uma aldeia do lado oposto a Cafarnaum, no stio hoje marcado por runas que recebem o nome de Khersea, perto das quais existem declives escarpados nas rochas e sepulturas abandonadas. O territrio pertencia a Gadara, e por isso talvez se chamasse "a terra dos gadarenos". A variao nos textos dos manuscritos pode refletir a confuso dos escribas do passado sobre a identidade do lugar, ou at mesmo pontos de vista diferentes da parte dos Evangelistas. O territrio ao longo do lago era deserto. 27. Um homem possesso de demnios. O endemoninhado era to perigoso que fora afastado da civilizao e se refugiara nas tumbas abandonadas. 28. Que tenho eu contigo? Reconhecendo Jesus como o Filho de Deus, o demnio foi tomado de medo do juzo que Cristo poderia pronunciar contra ele. 29. Procuravam conserv-lo preso com cadeias e grilhes. O endemoninhado exigia controle eficaz. Com fora sobrenatural ele quebrava as correntes e escapava. 30. Uma legio romana compunha-se de 6.000 homens. A expresso aqui pode significar apenas um grande nmero. 31. O abismo da destruio para o qual todos os espritos malignos esto destinados (Ap. 9:1; 11:7; 20:1,3). 32. Grande manada de porcos. Os porcos eram criados para serem vendidos nos mercados gentios de Decpolis. Os judeus no deviam negociar com eles, nem fazer uso dos mesmos.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 41 33. A manada precipitou-se... no lago, e se afogou. A praia oriental do lago to escarpada que se os animais comeassem a correr, no poderiam mais parar. Os porcos no nadam bem, e assim todo o rebanho se perdeu. 35. Vestido em perfeito juzo. H quem questione sobre o direito que Jesus tinha de permitir a destruio da propriedade de outros. Estava envolvida uma escolha de valores. O que valia mais o homem, ou os porcos? 37. Rogou-lhe que se retirasse deles. Evidentemente o povo dava mais valor aos porcos do que ao homem, temendo mais problemas. Insistiram que Jesus partisse. 38. O homem... rogou-lhe que o deixasse estar com ele. A atitude do endemoninhado curado foi exatamente oposta da atitude dos seus antigos vizinhos. Jesus, porm, o despediu. Jesus no o repudiou, mas deu-lhe uma tarefa a realizar. Ele se tornou uma testemunha eficiente do poder do Salvador. 41. Eis que veio um homem chamado Jairo. No se menciona o lugar da ressurreio da filha de Jairo, mas Cafarnaum parece ser o local mais provvel. O versculo 40 diz que Jesus voltou, o que d a entender que ele voltou ao lugar que tinha deixado. Jairo devia ser um dos ancios que veio a Jesus interceder pelo servo do centurio (7:3). 43. Certa mulher que havia doze anos, vinha sofrendo de uma hemorragia. Lucas esclarece que o seu caso era incurvel, um desafio capacidade de todos os mdicos. 44. Tocou na orla da veste. A orla era na realidade uma borla (gr. kraspedon) que os rabis usavam em suas vestes. O manto era um pedao grande e quadrado de l pesada, drapejado sobre as costas da pessoa de tal maneira que a borla de um dos cantos caa entre os seus ombros. No meio da multido a mulher aproximou-se de Jesus pelas costas e tocou a borla. 45. Quem me tocou? Jesus sentiu que um fluxo de poder saa dele, e percebeu que algum o tocara. A pergunta pareceu tola aos discpulos,

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 42 uma vez que ele estava sendo empurrado por todos os lados pela multido. Mas o Senhor podia discernir a diferena entre o casual contato fsico acidental e a f que busca. 47. Vendo a mulher que no podia ocultar-se. Ela tinha procurado ser curada em segredo para evitar qualquer possvel constrangimento, mas quando foi descoberta, ficou com medo. 48. Filha. O tato e a gentileza de Jesus deu-lhe confiana renovada. Ele confirmou a cura e a despediu aliviada. 49. Falava ele ainda. A demora fora fatal. A notcia deve ter abatido Jairo, e talvez at criou nele algum ressentimento contra a mulher que interrompera os planos do Mestre. 50. No temas; cr somente. O poder e a compaixo de Cristo eram ilimitados. 51. A ningum permitiu que entrasse. Depois da notvel cura da mulher, Jesus no queria mais publicidade. 52. No est morta, mas dorme. Falou da morte como se fosse sono porque pensava nela como num estado do qual as pessoas vo acordar. Os pranteadores encaravam-na como o fim da vida (cons. Jo. 11:11-14). 55. E Ele mandou que lhe dessem de comer. Ele tinha conscincia das necessidades prticas corriqueiras, alm das emergncias. 56. E Ele lhes advertiu que a ningum contassem o que havia acontecido. Ele no queria que a populao usasse os seus milagres como motivo para transform-lo em uma figura poltica. Seu poder tinha a inteno de aliviar o sofrimento e ajudar os necessitados; ele queria fugir ao mero exibicionismo.

Lucas 91. Poder e autoridade. Poder capacidade inerente; Autoridade o direito de exercit-la.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 43 2. A pregar... e a curar. O ministrio deles devia ser uma extenso do seu prprio. 3. Nada leveis para o caminho. Jesus queria experimentar a f deles, no deixando que fizessem complicados preparativos para a viagem. Deissman sugere que o alforje (gr. pra) era a bolsa que os mendigos carregavam (LAE, pgs. 108-110). Jesus proibiu os discpulos de mendigar como faziam os representantes de outras religies. 4. Ali permanecei. No deviam andar de casa em casa procura de alojamento mais confortvel, mas deviam aceitar o que lhes oferecessem. 5. Sacudi o p dos vossos ps. Se a sua palavra fosse recusada, devia indicar que rejeitavam aquela cidade atravs desse gesto enftico. 6. Por toda parte. Toda a Galilia foi visitada. 7. O tetrarca Herodes era o governador da Galilia que prendera e executara Joo Batista. Ele temeu a influncia de Joo, e pensou que Jesus fosse o sucessor do Batista. 8. Elias. O mais espetacular dos profetas hebreus, que ascendera vivo ao cu, e o profeta Malaquias (4:5) que profetizara a sua volta para preparar o caminho do Messias. 9. Herodes... de esforava para v-lo. A conscincia e a curiosidade de Herodes levaram-no a desejar ver Jesus, provavelmente com intenes perversas (cons. 13:32). 10. Retirou-se parte. No um deserto (ERC), mas um local desabitado. Betsaida era uma cidadezinha no litoral norte do lago, a leste da enseada do rio Jordo, a uma distncia moderada das cidades maiores da costa ocidental do lago. 12. Mas o dia comeava a declinar. Os discpulos perceberam que a multido estava faminta, e que devia ser alimentada antes que as pessoas comeassem a desfalecer. 13. Dai-lhes vs mesmos de comer. Jesus ordenou aos discpulos que fizessem um levantamento dos seus prprios recursos, e que usassem o que tivessem. Cinco pes e dois peixes. Os pes eram redondos como

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 44 pezinhos caseiros, e os peixes eram peixinhos em conserva, usados para condimento. 14. Cerca de cinco mil homens. Se mulheres e crianas tambm estavam l, como Mateus d a entender (Mt. 14:21), a multido poderia ser de at dez mil pessoas. Fazei-os sentar-se em grupos de cinqenta. Jesus sabia como organizar uma multido. Fazendo os grupos se assentarem, evitaria confuso, e seria mais fcil de servir. 16. E, tomando... abenoou, partiu e deu. Conforme Jesus foi partindo o po e os peixes eles se multiplicavam, de modo que foi passando s mos dos discpulos um fornecimento constante de alimento para ser dado multido. 17. Doze cestos forneceram um quinho generoso para cada um dos discpulos. O cesto (gr. kophinos) era um recipiente grande, talvez do tamanho de um alqueire moderno. F. O Clmax do Seu Ministrio. 9:18-50. Com esta seo do Evangelho, Lucas traz o ministrio do Salvador a um ponto decisivo. No ministrio da Galilia, que terminou com a alimentao dos cinco mil, Jesus atingiu o cume de sua popularidade, e com a sua recusa de ser feito rei (Jo. 6:15), comeou a perder o apoio pblico. A confisso de Pedro e a revelao da Transfigurao ao crculo mais ntimo dos discpulos comeou o caminho da cruz, que domina a ltima parte deste Evangelho. 18. Estando ele orando em particular. Lucas observa que Jesus orava em todas as grandes crises de sua vida (3:21; 5:16; 6:12; 11:1; 22:44). Quem dizem as multides que sou eu? O Senhor muda o foco da ateno dos discpulos dos seus feitos e ensinamentos para a sua prpria pessoa. 20. E vs ... quem dizeis que eu sou? Tendo alimentado a sua f e tendo-lhes dado amplas oportunidades de observ-lo, Jesus queria uma confisso de sua f pessoal, no uma opinio superficial. Ento falou Pedro, e disse: s o Cristo de Deus. A afirmao da f de Pedro que

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 45 Jesus era o Messias prometido no V.T. no se baseava em pretenses polticas da parte do Mestre, nem sobre qualquer reivindicao extravagante. O poder e a autoridade de Jesus eram auto-autenticativas. 21. Advertindo-os, mandou. O Senhor no queria ser anunciado como o lder de um movimento revolucionrio. A obra da cruz tinha de preceder qualquer libertao poltica da nao. 22. necessrio que o Filho do homem sofra... e no terceiro dia ressuscite. necessrio (gr. de) indica uma necessidade lgica. Cristo estava obrigado a cumprir o propsito de Deus revelado nas Escrituras. Este conceito aparece nas pregaes da igreja primitiva (Atos 2:23, 24; 13:17-34; 17:3; 26:22, 23). A morte de Jesus foi uma tragdia, mas no foi um acidente; pois ele estava cumprindo o propsito de Deus na redeno. 23. Se algum quer vir aps mim. Os discpulos seguiram o Mestre quando ele os chamou da primeira vez (5:11), mas naquela ocasio eles no tinham idia que a sua carreira terminaria com a cruz. Eles ainda pensavam em termos de conquista e poder (22:24). Este apelo foi uma advertncia solene para a reavaliao do preo do discipulado. Negue significa exatamente o que Pedro fez no julgamento de Jesus: ele recusou-se a reconhec-lo. Dia a dia tome a sua cruz. Uma aceitao voluntria das responsabilidades e sofrimentos incidentes ao discpulo de Cristo. Sigame (gr. akoloutheite). Um imperativo envolvendo ao persistente: "Que prossiga me seguindo". 24. Pois quem quiser salvar a sua vida (gr, psychn) refere-se alma, ou personalidade. Jesus exigiu consagrao do homem todo para a sua causa. Por minha causa. Ele proclamou-se o critrio decisivo de todos os valores humanos. 26. Quando vier na sua glria. No mesmo discurso, Jesus predisse a cruz e o estabelecimento triunfal do Reino na sua segunda vinda. 27. Alguns h dos que aqui se encontram. Estas palavras colocam, aparentemente, a vinda de Cristo dentro do espao de vida dos apstolos,

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 46 mas isso no aconteceu. A explicao mais lgica que Jesus falava da Transfigurao como um exemplo da vinda do Reino, a qual foi a alguns dos discpulos como um penhor do futuro (cons. II Pe. 1:11, 16-19). 29. A aparncia do seu rosto se transfigurou. Durante um pequeno perodo de tempo Jesus reassumiu a glria que abandonara ao vir terra. Seu corpo e roupas ficaram iluminadas pelo resplendor da divindade. 30. Dois vares... Moiss e Elias. Esses dois homens deixaram o mundo sob circunstncias fora do comum: Moiss foi sepultado pela mo de Deus (Dt. 34:5, 6), e Elias foi tomado em um redemoinho (II Reis 2:11). Eles representavam a Lei e os profetas, subordinados a Jesus, mas importantes testemunhas da sua obra. 31. E falavam da sua partida. A obra da cruz era de importncia supremo para os planos celestiais. Partida literalmente exodus. A morte de Jesus foi uma retirada de uma esfera e o comeo de uma nova vida em outra. 32. Premidos de sono. O incidente aconteceu noite. Viram a sua glria. Compare o testemunho de Joo (Jo. 1:14). 33. Faamos trs tendas. Literalmente, cabanas. Pedro estava pensando em um abrigo temporrio, pois ele desejava desfrutar da companhia dos visitantes celestiais durante algum tempo. 34. Uma nuvem. No uma nuvem de chuva, mas o Shequin que marcava a presena de Deus (x. 13:21, 22; 40:38; Nm. 9:15; Sl. 99:7; Is. 4:5; II Cr. 7:1). 35. Uma voz. O Pai repetiu sua aprovao no final do ministrio popular do Seu Filho (veja 3:22). 37. No dia seguinte. Cristo voltou da glria da Transfigurao para continuar o seu ministrio e para morrer. O primeiro passo no caminho da humilhao foi o constrangimento da impotncia dos seus discpulos. 41. gerao incrdula e perversa! O Senhor falava aos discpulos, no ao pai. Apesar de seus privilgios e experincia anterior no seu ministrio, continuavam sem poder.

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 47 44. Fixai nos vossos ouvidos as seguintes palavras. Jesus fazia um esforo supremo para familiarizar os discpulos com a mudana de perspectiva. 46. Qual deles seria o maior. Esta a complementao do versculo 45. Eles no tinham aprendido a avaliar a vida nos termos da cruz (9:23-26). 47. Jesus... tomou uma criana. Ele usou a criana como ilustrao da humildade despretensiosa. A criana no obtivera nenhum lugar de importncia na sociedade, e era exemplo do menor (v. 48) a respeito de quem o Senhor falava. 49. No segue conosco. Os discpulos eram intolerantes. No pertencendo ao seu grupo, eles estavam prontos a fazer pouco da obra. V. O Caminho da Cruz. 9:51 18:30. Esta seo do Evangelho de Lucas, que lhe grandemente peculiar, contm muitos episdios e parbolas que no se encontram em outro lugar, e que podem ter sido um resultado de sua pesquisa particular. A cronologia difcil; parece ser uma coleo de histrias e no uma narrativa completa. Representa, entretanto, os ensinamentos de Jesus no ltimo ano do seu ministrio, e reflete um perodo de rejeio e tenso. A. A Perspectiva da Cruz. 9:51-62. 51. Os dias em que devia ser assunto ao cu. H duas possveis interpretaes: ou Lucas usou a palavra assunto (cons. Atos 1:2) no sentido geral compreendendo todo o ministrio da Paixo (inclusive a Ascenso); ou ele d a entender que Jesus, em vez de retornar ao Pai imediatamente no auge de sua carreira pblica, escolheu deliberadamente o caminho da humilhao que leva cruz. A segunda alternativa tem algum apoio nos ensinamentos de Hb. 12:2, que diz: "em troca do gozo que lhe estava proposto ele suportou a cruz" (trad. original).

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 48 52. Numa aldeia de samaritanos. Os samaritanos eram descendentes de colonos que os reis da Assria implantaram na Palestina depois da queda do reino do norte em 721 A.C. Por causa da mistura de sangue e diferentes costumes religiosos os judeus os odiavam. Peregrinos que iam a Jerusalm no costumavam passar por Samaria. 54. Queres que mandemos descer fogo do cu. Tiago e Joo ressentiram-se da considerao com Jesus e queriam vingar-se. 56. Pois o Filho do homem no veio para destruir as almas dos homens, mas para salv-las. A citao de Lucas exemplifica o propsito de Jesus de salvar os homens, propsito esse repetido a intervalos no seu Evangelho. 58. O Filho do homem no tem onde reclinar a cabea. A rejeio em Samaria deu lugar a esta declarao. O Senhor da terra tinha menos de seu do que as bestas e as aves. 59. Permita-me ir primeiro sepultar meu pai. Aquele que fala no diz que o seu pai esteja morto, mas que sente-se obrigado a cuidar dele at morrer. 60. Deixa aos mortos o sepultar os seus mortos. Os espiritualmente inertes podem esperar a morte; Jesus convocou os espiritualmente vivos a segui-lo. 62. Ningum que... olha para trs, apto para o reino de Deus. Olha para trs ao contnua. Um fazendeiro que est arando deve olhar sempre para frente se quiser arar em linha reta.

Lucas 10B. O Ministrio dos Setenta. 10:1-24. S Lucas registra a misso dos Setenta. Jesus devia ter muitos discpulos se pde enviar setenta homens numa misso missionria pelas cidades da Galilia e Judia. Edersheim (Alfred Edersheim, The Life and Times of Jesus the Messiah, Vol. II, pg. 135) sugere que Jesus os enviou em algum momento antes da Festa dos Tabernculos precedendo a sua morte. De sua linguagem pode-se deduzir que foi rejeitado pelas

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 49 multides das cidades da Galilia (10, 13, 15) e que pretendia deixar o distrito permanentemente. 1. Depois disto. A cronologia de Lucas indefinida; mas ele coloca estes acontecimentos depois da crise da Transfigurao. De dois em dois. Jesus enviara os Doze do mesmo modo numa misso anterior (Mc. 6:7). Enviando-os aos pares fortalecia o seu testemunho, e tornava a viagem mais agradvel. Aonde ele estava para ir. Os Setenta deviam preparar as pessoas para o seu ltimo apelo. 2. A seara. Jesus usou esta figura muitas vezes ao falar sobre a colheita dos crentes (Jo. 4:35, 36; Mt. 13:30, 39). 4. No leveis bolsa, nem alforje, nem sandlias. A viagem seria curta, e sua urgncia exigia pressa. Estavam proibidos de sobrecarregarse com bagagem desnecessria. A ningum saudeis. O Senhor no pretendia que fossem descorteses, mas as saudaes orientais eram to elaboradas que perderiam muito tempo na cerimnia. 6. Filho de paz. Uma expresso idiomtica hebraica, significando um homem pacfico. Filho de era freqentemente empregado como um substantivo para enfatizar a caracterstica. Joo e Tiago eram chamados "filhos do trovo" (Mc. 3:17) por causa de sua ndole violenta. 7. No andeis a mudar de casa em casa. Jesus queria que seus discpulos fossem mensageiros, no mendigos. No deviam andar sem destino, procura dos alojamentos mais confortveis e da companhia mais agradvel. 9. Curai os enfermos. Cristo conferiu aos discpulos o poder de curar como parte do seu ministrio. No h nenhuma indicao que todos eles ficassem de posse desse poder permanentemente. 12. Naquele dia. Esta frase foi freqentemente usada nos livros profticos do V.T. falando do dia do juzo no tempo do fim (Ams 8:9, 9, 11; Sf. 1:14; Zc 12:8, 11; 13:1; 14:4). Sodoma. Uma cidade dos tempos de Abrao, que foi to desprezvel que Deus a destruiu atravs de juzo excepcional (Gn. 19: 13, 24).

Lucas (Comentrio Bblico Moody) 50 13. Tiro e Sidom eram cidades fencias notveis por seu luxo e libertinagem. Saco. Um tecido grosseiro usado pelos pranteadores em sinal de tristeza. 17. Ento regressaram os setenta. Sua misso parece que teve sucesso. Os Doze fracassaram em curar o rapaz endemoninhado (9:40); mas os Setenta deram a notcia de que at os demnios fugiam meno do nome de Jesus. 18. Eu via a Satans . . . como relmpago. Quando caa seria uma traduo melhor. Jesus deu a entender que o poder de Satans foi destrudo, e que o sucesso desses discpulos foi uma evidncia da vitria. 19. Poder autoridade, o direito de ordenar. 20. Alegrai-vos, ... e sim, porque os vossos nomes esto arrolados nos cus. O maior motivo para regozijo no foi a vitria momentnea sobre foras sobrenaturais, mas o triunfo eterno de ser alistado entre os cidados do cu. Arrolados pode significar registrados em um registro pblico (cons. Hb. 12:23; Ap. 3:5; 22:19). 21. ... exultou Jesus. O sucesso da viagem dos Setenta encorajou Jesus, pois o poder de Satans no fora suficiente para impedir que a revelao de Deus lhe fosse dada. 22. Ningum sabe quem o Filho, seno o Pai. Este versculo tem uma forte semelhana com a fraseologia de Jesus conforme registrada no Evangelho de Joo (cons. Jo. 5:22, 23). Uma vez que foi dito em particular, pode ser uma evidncia de que os discursos joaninos tambm foram particulares em sua natureza. Parece que os discursos pblicos de Nosso Sen