Top Banner
UNISALESIANO CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Terapia Ocupacional: Uma Visão Dinâmica em Neurologia Flavia Stuque Rubio HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO DOS PAIS NO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL DE ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL ASSOCIADA AO TRANSTORNO INVASIVO DO DESENVOLVIMENTO LINS – SP 2013
46

HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

Dec 15, 2018

Download

Documents

ngokhanh
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

UNISALESIANO

CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO

SALESIANO AUXILIUM

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Terapia Ocupacional:

Uma Visão Dinâmica em Neurologia

Flavia Stuque Rubio

HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO DOS PAIS NO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL DE ADOLESCENTES

COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL ASSOCIADA AO TRANSTORNO INVASIVO DO

DESENVOLVIMENTO

LINS – SP 2013

Page 2: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

FLAVIA STUQUE RUBIO

HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO DOS PAIS NO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL DE ADOLESCENTES

COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL ASSOCIADA AO TRANSTORNO INVASIVO DO

DESENVOLVIMENTO

Monografia apresentada a Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Terapia Ocupacional: uma visão dinâmica em neurologia, sob a orientação da Professora Doutora Marisa Takatori

LINS – SP 2013

Page 3: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

Rubio, Flavia Stuque

Habilidades sociais: a relevância do investimento dos pais no processo de participação social de adolescentes com deficiência intelectual associada ao transtorno invasivo / Flavia Stuque Rubio – – Lins, 2013.

45p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para Pós- graduação em Terapia Ocupacional: uma visão dinâmica em Neurologia, 2013.

Orientadora: Marisa Takatori 1. Habilidades Sociais. 2. Transtornos Invasivos do

Desenvolvimento. 3. Socialização. 4. Terapia Ocupacional. 5. Qualidade de Vida. I Título.

CDU 615.851.3

R84h

Page 4: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento
Page 5: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

DEDICATÓRIA

Dedico a Ti Senhor Jesus, por em ti confiar e não esmorecer.

Afinal, quem como Deus? (São Miguel Arcanjo).

Dedico este estudo a todos os pais de pessoas com NEE que possam vir a se

beneficiarem para que possam ter uma qualidade de vida mais saudável, e a

proporcionarem momentos de maior participação social saudáveis a seus

filhos.

Page 6: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Maria Madalena Moraes Sant’Anna e a Rosana Silvestre,

carinhosamente chamadas de Madá e de Rô, por disponibilizarem e

acompanharem de forma tão competente a realização da Pós-Graduação “Lato

Sensu” em Terapia Ocupacional: uma visão dinâmica em neurologia, realizada

no Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium- UNISALESIANO em Lins,

com a participação de discentes tão reconhecidos e com práticas

enriquecedoras à nossa profissão.

Obrigada à minha orientadora Marisa Takatori por me orientar e

acompanhar nesta trajetória de pesquisa.

Agradeço a DEUS, por estar sempre presente na minha VIDA e ter

permitido que eu agradecesse a todas as pessoas.

Ao meu noivo Bruno por estar fielmente comigo com sua dedicação e

cuidados, dando-me força e “carona” para o cumprimento desta caminhada, TE

AMO imensamente!

Agradeço, aos meus pais, Adirce, Francisco que há sete anos me

prepararam para este voo da pós-graduação. E estendo aqui desculpas a eles

a aos meus irmãos Daniela, Rafael, Vitória e Eduarda (sobrinhas), cunhado

(Reginaldo) e aos meus avós (Paulo e Maria) pelos momentos de ausência.

Em especial à minha Vó Maria, pelo incentivo, e quem ficou tão feliz com

o início desta caminhada, mas que acompanhou o fim dela junto de Deus.

Amarei-te, sempre!

À todos vocês meus familiares, os melhores do mundo, AMO

MUITOOO!!!

Aos meus amigos da Apae-Franca pelo apoio.

Page 7: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

RESUMO

As habilidades sociais (HS) se referem às interações sociais saudáveis estabelecidas entre as pessoas, mas não é fácil encontrar apenas uma definição sobre HS. Considerando que adolescentes com Deficiência Intelectual (D.I.) associada ao Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID) possuem dificuldades em interagir com as outras pessoas devido ao seu diagnóstico clínico, muitos deles frequentam apenas as escolas especiais e voltam para suas casas, nas quais apenas participam da rotina doméstica, sendo excluídos de frequentarem supermercados, feiras, aniversários na casa de parentes por não saberem se comportarem, etc. Ficando assim notória a ideia de que eles não conseguem se envolver com as outras pessoas, mas devemos nos atentar que pode estar havendo falta de oportunidade a estes adolescentes, e que neste primeiro momento a oportunidade deve partir da família, pois é ela é o primeiro meio social do filho, e é a responsável por apresenta-lo aos demais contextos. O presente estudo visa refletir sobre a importância de a família investir de modo contínuo na participação do seu ente adolescente, que tem Deficiência Intelectual associada ao Transtorno Invasivo do Desenvolvimento ou Transtorno Global do Desenvolvimento, nas situações de atividades cotidianas familiares para favorecer o aprendizado das habilidades sociais; compreender a relevância da participação social dos adolescentes no processo de desenvolvimento e saúde; investigar a relação entre participação nas atividades sociais com a redução dos comportamentos antissociais. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, através de um estudo exploratório com revisão crítica de literatura, por meio de investigação em fontes bibliográficas. Com este estudo conclui-se que é de responsabilidade dos pais ensinar comportamentos habilidosos aos filhos e que eles são exemplos aos filhos. Ainda salientamos a importância da terapia ocupacional em apoiar as famílias a adotarem posturas mais sociáveis com seus filhos, levando-os consigo em seus passeios, compromissos, e ensinando-os a melhor maneira de se comportarem, já que são as referências para seus filhos, propiciando melhor qualidade de vida. Palavras-chave: habilidades sociais, deficiência intelectual e transtornos invasivos do desenvolvimento, participação familiar, terapia ocupacional, qualidade de vida.

Page 8: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

ABSTRACT

Social skills is a term used to refer to the social interactions established between people, but it is not easy to find a definition for it. Whereas teenagers with Intellectual Disabilities (ID) associated with Pervasive Developmental Disorder (PDD) have difficulty interacting with other people due to their clinical diagnosis, many of them only attend special schools and return to their homes, where they participate in the domestic routine but are excluded from going to supermarkets, fairs, relatives’ birthdays parties for not knowing how to properly behave in these places. So it is evident that they fail to engage with other people, but we must pay attention whether that may be for the lack of opportunity, so a first opportunity should come from the family as they are the children’s first social contact, and are responsible for introduce them in other contexts. This study shows the importance for the family to continuously provide the participation of teenagers who have Intellectual Disability associated to Pervasive Developmental Disorder in the family activities in order to advance the learning of social skills; understand the relevance of their social participation in the process of development and health; investigate the relationship between participation in social activities with the reduction of antisocial behavior. This research refers to a qualitative approach, through an exploratory study with critical literature review on bibliographic sources. This study concludes that it is the parents' responsibility to teach their children skillful behaviors as they are their children’s models. We also emphasize the importance of occupational therapy in supporting families to adopt more sociable behaviors with their children, taking them on tours, appointments, and teaching them the best way to behave, as they are references to their children, providing better quality of life. Keywords: social skills, intellectual disabilities associated with pervasive developmental disorder, family participation, occupational therapy, quality of life.

Page 9: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAIDD – Associação Americana de Deficiência Intelectual e do

Desenvolvimento

CID 10 – Classificação Internacional de Doenças

CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade

DM – Deficiência Mental

DSM – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

HS – Habilidades Sociais

HSE- P – Habilidades Sociais Educativas Parentais

NEE – Necessidades Educacionais Especiais

OMS – Organização Mundial de Saúde

PAIF – Programa de Atenção à Família

TEA – Transtorno do Espectro do Autismo

TGD – Transtorno Global do Desenvolvimento

TID – Transtornos Invasivos do Desenvolvimento

LISTA DE QUADRO

Quadro 1– Síntese dos artigos pesquisados

Page 10: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------- 11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ----------------------------------------------------------- 15

2.1 Habilidades sociais e sua relevância na participação social -------------------- --- 15

2.2 Adolescentes e contexto sócio familiar ------------------------------------------------- 18

2.3 Deficiência Intelectual e os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento ------ 21

2.4 Participação social: um impacto na saúde --------------------------------------------- 23

3 OBJETIVOS ------------------------------------------------------------------------------------ 25

3.1 Geral ---------------------------------------------------------------------------------------------- 25

3.2 Específico ---------------------------------------------------------------------------------------- 25

4 METODOLOGIA ------------------------------------------------------------------------------- 26

4.1 Critérios de inclusão -------------------------------------------------------------------------- 26

4.2 Critério de exclusão -------------------------------------------------------------------------- 27

5 RESULTADOS ---------------------------------------------------------------------------------- 28

6 ANÁLISE DO RESULTADOS --------------------------------------------------------------- 31

7 DISCUSSÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 36

CONSIDERAÇÕES FINAIS -------------------------------------------------------------------- 40

REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------------ 42

Page 11: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

29

“Qualquer um pode ficar zangado. Isto é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na intensidade correta, no momento adequado, pelos motivos justos e da

maneira mais apropriada, isto não é fácil” (Aristóteles)

Page 12: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

11

1 INTRODUÇÃO

Este estudo tem como pressuposto fundamentar teoricamente as

Habilidades Sociais, comportamentos vivenciados e, possivelmente, ensinados,

de adolescentes com diagnóstico de Deficiência Intelectual combinado ao

Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, bem como o papel da família, em

especial, dos pais com relação à importância de oportunizar as relações

interpessoais favorecendo a participação social.

O estudo parte, teoricamente, do primeiro artigo conceitual sobre

Psicologia das Habilidades Sociais produzido no Brasil, intitulado de

“Habilidades Sociais: Uma área em desenvolvimento”, dos autores Del Prette;

Del Prette (1996), bem como do livro “O ciclo vital”, da autora Hellen Bee

(1977), nos quais são ressaltados que o desenvolvimento acontece durante

toda vida e sobre a importância de sempre estimular os desenvolvimentos

motor, cognitivo e social.

O desenvolvimento humano é um processo constante que acontece

durante todo o ciclo da vida, é caracterizado por marcos que determinam cada

fase da vida. Assim, quando habilidades necessárias para determinado período

do desenvolvimento não condizem com a faixa etária correspondente,

observam-se alterações e/ou atrasos no processo de desenvolvimento.

Este processo se inicia desde a vida intrauterina e envolve vários

aspectos, como o crescimento físico, maturação neurológica e construção de

habilidades relacionadas ao comportamento, às esferas cognitivas, sociais e

afetivas. Todo esse processo tem como finalidade tornar a criança competente

para responder às suas necessidades e as do seu meio, considerando seu

contexto social (MIRANDA; RESEGUE; FIGUEIRAS, 2003). Aqui, enfatiza-se o

contínuo desenvolvimento no período da adolescência, no qual as redes

sociais são ampliadas pelo aumento da participação em ambientes sociais.

“Praticamente todas as teorias de desenvolvimento abordam a questão

da socialização e da importância das interações e relações sociais enquanto

fatores de saúde mental e de desenvolvimento” (DEL PRETTE; DEL PRETTE,

2012, p.17).

Page 13: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

12

De acordo com Finnie (2000) “o aprendizado da criança começa ao

nascimento”, sabendo-se que o primeiro contato da criança com o mundo se dá

através da mãe.

O vínculo estabelecido entre a criança e a mãe será responsável por

inserir a criança no convívio social, bem como estimular o desenvolvimento

motor/cognitivo/comportamental. Portanto, grande parte da aprendizagem da

criança e da pessoa que se tornará é referente ao recebimento desses

estímulos.

De acordo com Lorenzini (2002), através da interação entre a criança e

seu corpo e entre a criança e o meio, ela apreende e adquire experiência para

expressar suas emoções, realizando uma troca produtiva com o meio.

O crescimento significa aumento do corpo físico; e desenvolvimento é a

capacidade de adquirir novas habilidades e, com o tempo, aperfeiçoá-las,

desse modo, desenvolvimento neuropsicomotor refere-se às ações realizadas

pela criança que abrangem a dimensão psicológica, neurológica e motora,

segundo Pupo Filho (2003).

Os autores Bernardo e Wajnsztejn (2002) relatam que o

desenvolvimento humano é lento se compararmos aos outros animais,

entretanto, isto se deve à complexidade do cérebro humano, que envolve

atividades como o raciocínio, linguagem e amadurecimento das emoções,

desenvolvendo as conexões neurais. O sistema nervoso é uma máquina de

aprender que permite a coleta e armazenagem de dados, utilizando-os

posteriormente, na sua conduta comportamental.

Nascemos com capacidade cognitiva e motora a ser desenvolvida. Na

criança com o desenvolvimento saudável e, cronologicamente, esperado, tais

capacidades estão presentes e se manifestam ao longo do tempo, mas em

uma criança com o processo de desenvolvimento alterado, são imprevisíveis

em certo aspecto (RODRIGUES; MIRANDA, 2001). O que reforça a ideia de

que ela requer atendimentos especializados e depende, em maior intensidade,

dos outros para engajar e participar das atividades sociais familiares.

Em adolescentes com Transtornos Invasivos do Desenvolvimento as

interações sociais são comprometidas pelo próprio diagnóstico o que dificulta a

participação social (DSM-IV, 2002), mas que não determina a ausência de

vivências de algumas situações sociais por intermédio da família.

Page 14: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

13

A população para a qual se volta este estudo apresenta incapacidades

intelectuais e sociais que interferem na realização de suas atividades diárias.

Constituem de pessoas que necessitam a estruturação, por seus familiares, de

uma rotina diária para que possam saber o que devem fazer, não envolvendo

um raciocínio abstrato delas para isto, mas mediante figuras, desenhos ou

outros caminhos indicativos que as favoreçam no que deve ser feito

(comunicação alternativa). Haja vista sua dificuldade na linguagem verbal e não

verbal, ou seja, de comunicação associada a uma dificuldade semântico-

pragmática com prejuízos na socialização (LOPES-HERRERA, 1997).

Dessa forma, é notório observar que a rotina sugerida acima segue

passos, e que, raramente, são encontradas situações nas quais estes

adolescentes têm que cumprir tarefas em que seja preciso interagir com outras

pessoas, apenas segue o propósito de torna-los funcionais nas atividades de

vida diária.

Assim, observa-se que estes adolescentes encontram-se participantes

de um ou dois ambientes sociais, escola especial, na maioria das vezes, e

ambiente doméstico; quanto às atividades extra domicílio não têm

oportunidades de participação, pois a família tem receio de ser exposta

mediante algum comportamento dos adolescentes que não seja, socialmente,

aceito.

Existe um movimento denominado inclusão, no entanto, as informações

acima ainda não corroboram com a prática inclusiva da nossa sociedade.

Profissionais da área da saúde e da educação que têm um olhar voltado para a

os fazeres cotidianos, de acordo com Takatori (2003), incentivam as famílias a

oportunizarem situações favoráveis ao desenvolvimento social de seus filhos,

já que é a partir delas que se estabelecem o contato com o mundo externo e o

aprendizado sobre os comportamentos sociais. Pressupõe-se que, para estes

filhos que têm alterações no desenvolvimento, o ambiente familiar torna-se,

mais ainda, fundamental para uma experimentação, gradual, de como

ingressar e participar de situações sociais.

Deve-se ter uma preocupação especial em relação ao papel que a mãe

ou cuidador desempenha e de suas expectativas em relação ao

desenvolvimento do seu filho para auxiliar seu desenvolvimento e facilitar as

promoções de novas aquisições, também foco dos processos terapêuticos dos

Page 15: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

14

profissionais de saúde, pois o ambiente influencia, de forma incontestável, o

desempenho de cada pessoa.

Este estudo partiu da necessidade em articular o processo de

intervenção na Terapia Ocupacional e o papel da mãe/família como

contribuinte para o desenvolvimento dos adolescentes, pois, se concomitantes,

facilitam e proporcionam vivências produtivas aos indivíduos nos mais variados

contextos sociais.

Page 16: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Habilidades sociais e sua relevância na participação social

Apresentar uma definição sobre Habilidades Sociais (HS) não é uma

tarefa tão simples quanto parece, pois ainda não existe uma definição que seja

acordada entre os autores desse assunto e usada de forma universal

(CABALLO, 2012).

Entretanto, “parece que todos sabemos, de maneira intuitiva, o que são

habilidades sociais” (TROWER,1984 apud CABALLO, 2012, p. 4).

A complexidade sobre este conceito está refletida em sua própria

nomenclatura que sofreu alterações ao longo da história, fato esse explicado

pela diversidade de modelos conceituais que, de forma complementar,

embasam as HS: modelo cognitivo; modelo da percepção social; modelo da

teoria dos papéis; modelo da assertividade e modelo da aprendizagem social

(HIDALGO; ABARCA, 1991 apud DEL PRETTE; DEL PRETTE, 1996).

Um breve histórico sobre o emprego do termo HS nos mostra que as

expressões “personalidade excitatória”, “liberdade emocional”, “autoafirmação”

e “efetividade interpessoal”, empregados por diferentes autores, já foram

denominadores para o atual “habilidades sociais”, que já era utilizado por

Argyle em 1967 na Inglaterra. Há também o termo “comportamento assertivo”,

usado por Wolpe, nos Estados Unidos, em 1976, no entanto, ressalvando que

ainda hoje é empregado por alguns autores, este foi substituído pelo termo

“Habilidades Sociais” após a década de 70 (DEL PRETTE; DEL PRETTE,

1996).

De acordo com Caballo (2012) a dificuldade em apresentar uma

definição unânime de HS pode ser devido às concepções distintas e intuitivas

sobre o que é considerada uma conduta socialmente habilidosa, aos interesses

específicos em relação aos componentes comportamentais tais como, verbais,

não verbais, para linguísticos, cognitivos e fisiológicos que recebem maior ou

menor destaque pelos pesquisadores/autores da área mediante ausência de

um modelo que norteie a pesquisa, além da supressão de uma teoria que

abranja a avaliação e o treinamento (a modificação de um comportamento não

Page 17: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

16

habilidoso por meio de técnicas terapêuticas) das habilidades sociais; e ainda,

aos impasses dentro das definições existentes apresentadas pelos autores

desse assunto, no qual umas consideram o conteúdo do comportamento em

HS, ou seja, a expressão do comportamento por meio dos sentimentos,

opiniões, desejos, entre outras formas; outras destacam as consequências do

reforço social e ainda algumas, o conteúdo juntamente com as consequências.

É importante também considerar as variáveis incidentes sobre as formas

de comportamentos dos indivíduos que interferem nos seus repertórios de

habilidades sociais, como classe social, idade, educação e sexo que

influenciam as formas de comunicação das pessoas, em uma mesma cultura

ou entre culturas diferentes (CABALLO, 2012), bem como os diferentes

contextos sociais em que a pessoa desempenha seus afazeres diários, casa,

trabalho, casa de amigos, casa de parentes, lojas.

Há também as crenças, valores, capacidades cognitivas, atitudes e

formas singulares pertinentes à personalidade de cada pessoa, de interação,

que também incidem sobre as HS. Ressalta-se também que um

comportamento pode ser adequado em um contexto e não em outro

(CABALLO, 1996; 2012).

Diante do apresentado e considerando os fatores incidentes sobre as

HS, fica evidente a dificuldade em chegar a um consenso sobre uma definição

universal para o termo HS.

Segundo Van Hasselt et al. (1979 apud CABALLO, 2012) as HS são

constituídas por três elementos básicos: especificidade a determinadas

situações, eficiência interpessoal através de comportamentos verbais ou não

verbais das pessoas demonstrando respostas comportamentais que podem ser

resultantes de aprendizado anterior, aprendidas de forma verbal ou não verbal,

e a conduta do outro envolvido na situação de forma que se comporte

favorecendo a eficiência interpessoal verbal ou não verbal de todos os

envolvidos na situação.

Conforme evidenciado acima, a manifestação de

atitudes/comportamentos apropriados, sendo estes verbais ou não verbais, de

uma pessoa considerada “habilidosa”, do ponto de vista das HS, dependerá do

contexto e da situação vivenciada, considerando a eficiência na interação com

o outro, tendo como consequência o favorecimento do aprendizado para

Page 18: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

17

situações futuras ou a confirmação de respostas hábeis aprendidas

anteriormente.

uma característica do comportamento e não das pessoas; é uma característica específica à pessoa e à situação, não universal; deve ser contemplada no contexto cultural do indivíduo, assim como em termos de outras variáveis situacionais; está baseada na capacidade de um indivíduo escolher livremente sua ação; é uma característica da conduta socialmente eficaz, não danosa (ALBERTI, 1977 apud CABALLO, 2012, p. 7).

Observa-se que são vários os fatores que influenciam as

atitudes/comportamentos dos indivíduos, entretanto, nas HS é primordial a

qualidade/eficiência com relação à interação com outras pessoas. Portanto,

não existe uma regra determinante sobre as habilidades sociais de um

indivíduo (CABALLO, 2012).

Abordar sobre as HS justifica-se pelo fato de que as relações

interpessoais são imprescindíveis nas atividades humanas e necessárias para

viver de modo saudável em sociedade (CARDOZO; SOARES, 2011).

Conforme visto até aqui, as habilidades sociais dizem respeito aos

comportamentos dos indivíduos que são necessários para que a relação social,

as interações entre os membros da comunidade sejam eficientes, fator

determinante para a prática das HS pelos indivíduos, considerando suas

particularidades.

É interessante ressaltar que o fenômeno interação social eficiente ligado

às habilidades sociais é abrangido na abordagem psicológica como também

nas ciências humanas (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 1996). Sendo o enfoque

da psicologia voltado para o estudo do comportamento humano, auxiliando os

indivíduos a modificar o comportamento inadequado derivado de distúrbios

emocionais e da personalidade. Já as ciências sociais tem o olhar direcionado

ao ser humano como ser social, desempenhando suas tarefas sociais.

Goffman (1982) salienta que os indivíduos pertencem, cada qual, ao seu

meio social de acordo com seu status social categorizado, portanto, pela

sociedade na qual se encontra.

Para Omote (2006 apud PÍCCOLO; MOSCARDINI; COSTA, 2010), a

dinâmica sociocultural dos indivíduos é a característica, até mesmo

sobressaindo ao patrimônio genético, que distingue os seres humanos dos

demais seres vivos e os coloca no topo da escala filogenética de

Page 19: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

18

desenvolvimento. Ressalta, também, que cada indivíduo apresenta

particularidades biológicas, as quais exercem influências sobre o ambiente

cultural, logo o ambiente cultural exerce influencia sobre os indivíduos, pois

oferecem variadas possibilidades comportamentais. Dessa forma, é no

ambiente social que acontece a exposição dos fatores orgânicos e o

desenvolvimento humano se beneficia desta interação do indivíduo com seu

meio social.

Observa-se a importância do indivíduo estar incluído na dinâmica social

(OMOTE, 2006 apud PÍCCOLO; MOSCARDINI; COSTA, 2010), bem como, da

forma como acontece a interação, o que está envolvido na relação com o outro,

os benefícios mentais, psicológicos, para si próprio como aos demais

envolvidos nas suas interações, na sua convivência (DEL PRETTE; DEL

PRETTE, 1996).

Neste estudo, a relevância é de despertar atenção ao papel dos

familiares, que são os responsáveis por oportunizarem a participação social de

seus entes adolescentes com deficiência, pois somente participando, eles

poderão “praticar” as interações sociais e serem reconhecidos socialmente em

algum ponto da esfera social, como estudantes, membros da família, usuários

de centros de convivência, e cabe à terapia ocupacional incentivar essas

famílias, contribuindo para o contínuo desenvolvimento dos adolescentes e no

seu processo de promoção de saúde.

2.2 Adolescentes e contexto sócio familiar

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) teve origem no artigo 227

da Constituição Federal de 1988, e foi instituído pela Lei Federal 8069/90. Nele

considera-se adolescente aquele com idade de doze a dezoito anos

incompletos, e assegura direitos e proteção especial às crianças e

adolescentes (BRASIL, 2008).

Aos doze anos, segundo Bee (1977), ocorrem muitas mudanças em

todas as áreas do desenvolvimento humano, com ênfase nas áreas físicas e

interpessoais. O corpo e as características sexuais mudam devido às

alterações hormonais; os adolescentes conseguem refletir sobre o que pensam

Page 20: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

19

e sobre coisas abstratas, havendo o aprimoramento cognitivo; o egocentrismo

vai perdendo lugar à medida que as relações sociais se ampliam podendo

ocorrer identificações com outras pessoas ou a capacidade para a empatia, isto

é, colocar-se no lugar do outro.

De acordo com Gleitman, Fridlund e Reisberg (2003), a interação social

inicia-se através da vinculação mãe-bebê e, posteriormente, com as demais

pessoas, assim ampliando o contato social e, possivelmente, favorecendo o

desenvolvimento social. Os autores ainda ressaltam que as interações sociais

dependem da troca social.

Ferland (2009) também aponta que é através do contato com as outras

pessoas que algumas capacidades vão sendo estimuladas e desenvolvidas,

como a de interagir com o outro, pois não é natural, mas uma capacidade

motivada pelas trocas, uma dinâmica de ação e reação, que acontecem em

seu contexto social.

Dessa forma, cabe à família apresentar a criança a outros grupos

sociais, porém, as pessoas que pertencem a estes grupos devem permitir a

interação para que o contato e o desenvolvimento social sejam efetivos.

Sabe-se que nos adolescentes com deficiência intelectual as mudanças

no corpo ocorrem da mesma forma que nos demais adolescentes, mas como o

desenvolvimento intelectual ocorre em outro ritmo, as capacidades são

desenvolvidas mais tarde ou não acompanham o crescimento, o que resulta

em atividades e comportamentos nem sempre observados na fase da

adolescência.

Ainda, como diz Ferland (2009), deve-se atentar às possibilidades de os

efeitos secundários da deficiência intelectual incidirem sobre o

desenvolvimento, fato que pode levar aos pais delimitarem as vivências de

seus filhos nos ambientes cotidianos, interferindo no processo de

conhecimento e aprendizado.

Afinal, como citam Matsukura et al. (2000), a família, em especial os

pais, que têm em seu seio uma criança com deficiência, ou ainda, com

alterações no desenvolvimento: motor, cognitivo, de saúde física, neurológico

ou psicológico apresentam reações de emoções e dificuldades diferenciadas se

comparadas aos pais de crianças sem deficiências.

Page 21: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

20

Para Lamarche (1987 apud FERLAND, 2009 p.26), “é um choque o filho

sonhado dá lugar a um filho inesperado”. Ferland (2009) lembra que é uma

situação nova ser pais de uma criança com deficiência, mesmo para aqueles

que já têm outros filhos.

Matsukura et al. (2000) ressaltam que a mãe cria expectativas quanto ao

nascimento do seu filho a partir de padrões sociais incorporados por ela, e, ao

conceber um filho com deficiência, vários sentimentos e atitudes emergem

como negação, frustração, vergonha, rejeição e culpa que também são

vivenciados pelo pai e irmãos. Pensamentos sobre os comportamentos da

criança e a aceitação social, permeiam estes sentimentos. As autoras

complementam que, para cuidar de um filho que tem deficiência, a família

vivencia situações estressantes no seu dia a dia, tais como, desprender tempo

para dedicar-se ao filho, poder arcar financeiramente com os tratamentos,

aparecimento ou aumento da baixa autoestima, com pré-disposição à

depressão, que interferem no contato social familiar.

Segundo Buscaglia (1993, p.19), “o que todos têm em comum é o

confronto com uma nova realidade, inesperada, possivelmente devastadora”.

O ajustamento a esta realidade pode exigir-lhes uma drástica mudança

em seu modo de vida, profissão, esperanças para o futuro e nos planos para

alcançar seus objetivos.

Constata-se que as “famílias que possuem um membro com alguma

deficiência, enfrentam dificuldades adicionais às comumente enfrentadas por

todas as famílias” (MONTEIRO; TOREZAN, 1997 apud BAGAROLLO, 2003, p.

24).

O medo é o sentimento que se encontra mais presente em pais e/ou

cuidadores, que sofrem pelo receio de como as outras pessoas vão reagir

frente às necessidades de seu filho, de como seu filho reagirá, de como vão

lidar com esta situação inesperada (BUSCAGLIA, 1993).

O nascimento de uma criança com deficiência ou a emergência, em

dado momento do desenvolvimento, da deficiência intelectual gera na família

um impacto frente à descoberta, acompanhado de situações de preconceitos,

passando a olhar a criança como doente e reforçando a ideia de deficiência. Os

pais não devem ter medo ou superproteger a criança; devem ser esclarecidos

Page 22: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

21

sobre a deficiência e tratá-la como outra criança qualquer, apenas com uma

adaptação (BUSCAGLIA, 1993).

2.3 Deficiência Intelectual e os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento

A partir de uma perspectiva histórica da deficiência mental (DM),

segundo Enumo (2001), no século XVII havia a concepção de que a pessoa

com DM tinha uma doença incurável, dessa forma recebia atendimento apenas

para que pudesse sobreviver, o que configurava uma compreensão da DM sob

a ótica organicista, caracterizada pela origem orgânica, podendo ser hereditária

ou não, que exercia influência sobre a funcionalidade do sistema nervoso.

Posteriormente, no século XIX a pessoa com esta deficiência era vista como

passível de ser educada, uma abordagem psicopedagógica que, entretanto,

não abandonou a visão organicista do passado. Nestas duas formas de

compreender a pessoa com DM e seu desenvolvimento, a família tinha a

responsabilidade de encaminhar seu filho aos médicos apenas para atestar o

diagnóstico, sendo que a busca de formas de viver com uma pessoa que não

se desenvolve intelectualmente de modo esperado e o sofrimento decorrente

desta realidade, ficavam circunscritos à família.

Apenas na segunda metade do século XX que houve mudança quanto

ao conceito da DM, por meio da abordagem social, sendo caracterizada

partindo do pressuposto ser um desvio social, no qual a identidade pessoal é

danificada, pois o indivíduo não satisfaz as expectativas da sociedade na

funcionalidade dos papéis que deveria desempenhar, e a família do deficiente

recebe atenção para saber lidar com seu ente com deficiência.

De acordo com Kaplan, Sadock e Grebb (1977 apud CARDOZO;

SOARES, 2011) os termos “deficiência mental” e “retardo mental” eram usados

de modo alternados até a algum tempo. Salienta-se que, hoje, o termo utilizado

é o de deficiência intelectual, adotado, em 2010, pela American Association on

Intellectual and Developmental Disabilities (AAIDD), que desenvolve estudos

sobre a deficiência intelectual, propondo modelos teóricos, conceituais,

classificações e orientações sobre intervenções. Apesar de esta associação ter

interferências sobre a CID 10 (Classificação Internacional de Doenças) e o

Page 23: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

22

DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), em suas

edições de 1995 e 2000, respectivamente, ainda usam o termo “retardo

mental”, subdivididos em leve, moderado, grave e profundo.

Os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID), atualmente,

denominados de Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), na CID 10

(1995), compreendem: o autismo infantil; autismo atípico; transtorno com

hipercinesia associada a retardo mental e aos movimentos estereotipados;

outro transtorno desintegrativo da infância; Síndrome de Asperger; outros

transtornos globais de desenvolvimento; transtornos globais não especificados

do desenvolvimento e Síndrome de Rett.

Segundo o DSM-IV (2000), estão sob a denominação de TGD o

transtorno autista; transtorno de Asperger; transtorno desintegrativo da

infância; transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação e o

transtorno de Rett.

Assumpção Jr. e Kuczynski (2011) afirmam que o diagnóstico de TGD é

feito de forma clínica, combinado ao preenchimento dos critérios a partir da

aplicação de testes e questionários especificados na CID 10 e no DSM-IV. E a

deficiência intelectual pode estar presente nestes transtornos (KAPLAN;

SADOCK; GREBB, 1997).

Brunoni (2011) descreve o estudo de Chahour e Zoghbi (2007) o qual

aponta que a Síndrome de Rett trata-se de uma desordem genética, com uma

fase de paralisação no desenvolvimento neuro-cognitivo após o primeiro ano

de vida, com retardo do crescimento do perímetro cefálico, regressão

psicomotora e crises convulsivas, sugerindo retirada desta Síndrome do

transtorno global do desenvolvimento.

Atualmente, está sendo discutida uma nova nomenclatura, mas sem

consenso, Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) para agrupar o autismo

infantil, a síndrome de Asperger e o transtorno global do desenvolvimento sem

outra especificação, pois apresentam um mesmo conjunto de características

(ASSUMPÇÃO JR.; KUCZYNSKI, 2011).

Page 24: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

23

2.4 Participação social: um impacto na saúde

A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

(CIF) possibilita através de sua codificação avaliar e registrar sobre a saúde e o

seu estado relacionando-os. Trata-se de um instrumento padronizado utilizado

internacionalmente (CIF-CJ, 2011).

Derivada à CIF encontra-se a CIF-CJ, que é uma versão específica

voltada a atender as características das crianças e jovens e dos ambientes que

o cercam (CIF-CJ, 2011).

Nesta Classificação há o componente Atividades e Participação, o qual

denomina que atividade é a execução das tarefas ou ações; a participação é o

engajamento das pessoas em situações de vida diária, ou seja, que o indivíduo

realize suas tarefas, estendendo observação ao modo como as realiza,

utilizando-se de dois qualificadores, desempenho (o que ele faz) e capacidade

(habilidade na execução). Ressalta-se que na prática é difícil diferenciar

atividade e participação. Tendo os fatores ambientais incidência na

funcionalidade, se como facilitador ou como barreira (CIF-CJ, 2011).

Existe um diagrama que mostra a interação entre os Componentes da

CIF, e com ele é possível observar que o estado de saúde através dos fatores

pessoais, ambientais, funções e estruturas corporais, atividades e participação,

determinam o grau de limitação ou deficiência e a restrição na participação

(CIF-CJ, 2011).

Seguindo a proposta de indicadores que destaque a importância da

qualidade de vida na saúde dos indivíduos, Minto et al. (2006) ressalta que a

OMS sugere um programa de intervenção denominado de Ensino de

Habilidades de Vida, que visa favorecer um bom desempenho social e melhora

na qualidade de vida.

Este programa, de acordo com a autora acima, classificam tais

habilidades como, relacionamento interpessoal; comunicação eficaz; lidar com

estresse e sentimentos; autoconhecimento; empatia; pensamento criativo e

também crítico; tomar decisões e resolver problemas, empregando

componentes de ordem emocional, social e cognitiva, e incentivando a criação

de programas de ensino.

Page 25: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

24

Realizando uma recordação do que já foi observado neste presente

estudo, a nosso ver estas habilidades estão apenas esmiuçando as HS, pois

todas estas características giram em torno do relacionamento interpessoal

satisfatório nas nossas atribuições do dia a dia.

Page 26: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

25

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral:

O presente estudo visa refletir sobre a importância de a família investir

de modo contínuo na participação do seu ente adolescente, que tem

Deficiência Intelectual associada ao Transtorno Invasivo do Desenvolvimento

ou Transtorno Global do Desenvolvimento, nas situações de atividades

cotidianas familiares para favorecer o aprendizado das habilidades sociais.

3.2 Objetivos específicos:

• Compreender a relevância da participação social dos

adolescentes com Deficiência Intelectual associada ao Transtorno

Invasivo do Desenvolvimento no processo de desenvolvimento e

saúde;

• Investigar a relação entre participação nas atividades sociais com

a redução dos comportamentos antissociais.

Page 27: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

26

4 METODOLOGIA

Este estudo se caracteriza como de revisão crítica de literatura, por meio

de investigação em fontes bibliográficas, seja na forma de papel ou meio

eletrônico (internet), tais como livros de referência (científicos e técnicos),

publicações periódicas e artigos científicos (GIL, 2008).

Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, tal qual utilizada

nas ciências sociais e humanas que busca a apreensão dos diferentes

significados e sentidos na vida dos sujeitos, ou seja, de suas experiências

vividas (RICHARDSON, 1999).

Também consiste como estudo exploratório que, segundo Gil (1995),

visa definir melhor o problema, torná-lo mais explicativo, identificando, através

dos dados coletados, as informações que são necessárias para a compreensão

aprofundada do problema. A pesquisa exploratória busca, portanto, possibilitar

maior familiaridade com o problema no intuito de aprimorar ideias ou descobrir

e construir novas hipóteses.

4.1 Critérios de inclusão

Os dados coletados e analisados compreenderam o período de 2008 a

2012, últimos cinco anos de produções.

A pesquisa foi realizada em artigos nas bases de dados eletrônicas

Scientific Electronic Library Online (Scielo), Literatura Latino-Americana e do

Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e periódicos de terapia ocupacional, da

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade de São Paulo

(USP) e Centro de Especialidades em Terapia Ocupacional (CETO), utilizando

a combinação dos descritores: habilidades sociais, adolescente, pais e terapia

ocupacional.

Page 28: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

27

4.2 Critério de exclusão

Não foram analisados artigos em língua estrangeira.

Page 29: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

28

5 RESULTADOS

O material coletado, inicialmente, constou de quatro artigos, entretanto,

o artigo “Treinamento de habilidades sociais para adolescentes: uma

experiência no programa de atenção integral à família (PAIF)”, das autoras

Silvia e Murta (2009), foi excluído, pois descreve um processo de intervenção

grupal na promoção de habilidades sociais de adolescentes com vínculo ao

PAIF, não específico aos pais/familiares.

O artigo “Mães adotivas e genéticas: habilidades, insegurança e apoio

percebido” das autoras Howat-Rodrigues, Tokumaru e Amorim (2009) também

foi excluído, pois ele comparava a expressão de habilidades sociais

educacionais de mães adotivas e genéticas, porém com filhos sem deficiência

intelectual ou TID.

Dessa forma, os dois artigos na sua íntegra, foram devidamente

fichados, analisados, comparados e avaliados quanto a sua contribuição para o

objetivo do presente estudo. Tais procedimentos foram direcionados pelas

articulações dos conteúdos dos artigos com o estudo teórico, anteriormente e

no decorrer da coleta de dados, realizado, sobre habilidades sociais e sua

relevância na participação social; adolescência, suas famílias/ dificuldades e

contexto social; deficiência intelectual e os transtornos invasivos do

desenvolvimento; participação social e o impacto na saúde.

Para a apresentação do material coletado foram utilizados quadros

indicativos que sintetizam os seguintes aspectos das produções: ano,

pesquisador(es), objetivo(s), metodologia, resultados e conclusões.

Page 30: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

29

Quadro 1 – Síntese dos artigos pesquisados

Autor/ano Objetivos Materiais/ métodos Conclusão Bolsoni- Silva, Alessandra Turini; Paiva, Mariana Marzoque de; Barbosa; Caroline Garpelli (2009)

Caracterizar repertórios de pais e filhos quanto às queixas e dificuldades que motivam a procura por atendimento psicológico em um centro de Psicologia Aplicada (CPA) Universidade Estadual Paulista- Bauru, nos anos de 2004 e 2006, com intuito de progredir a relação estabelecida com seus filhos.

Este estudo passou pela aprovação de Comitê e Ética em Pesquisa e é parte de um projeto, e assim ressaltando o primeiro contato com os participantes. Instrumento: roteiro de entrevista clínica semiestruturada, gravada mediante autorização e com duração média de 60 minutos. Participantes: 59 pais/mães/cuidadores, com idade média de 35 anos (de 20 a mais de 50 anos), tendo baixa escolaridade (1º grau) e renda de R$ 1.200,00. Os dados colhidos na entrevista foram transcritos e separados em categorias: queixas com relação aos comportamentos das crianças /adolescentes e com relação às dificuldades dos pais.

Têm-se como resultados mais relevantes as queixas dos pais sobre problemas externalizantes dos filhos (agressividade, birra e desobediência); Dificuldades dos pais/cuidadores quanto à habilidade de instaurar limites (pais divergem sobre como agir perante os comportamentos indesejáveis dos filhos, se devem ou não bater, por exemplo); Dificuldade dos pais com relação à sua comunicação com as crianças/adolescentes. Sugere programas de intervenção com os pais/cuidadores com orientações a eles (estimulando habilidades), a fim de que possam ter um melhor desempenho com seus filhos, que saibam qual a melhor maneira de lidar com os comportamentos indesejados e melhorando assim, o relacionamento entre eles, pois pode haver uma redução sobre às queixas aos filhos.

continua

Page 31: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

30

continuação Cardozo, Alcides; Soares, Adriana Benevides (2011)

Relacionar as habilidades sociais com o envolvimento entre pais e filhos com deficiência intelectual

Aponta para levantamento bibliográfico. Não define metodologia específica.

As relações interpessoais dos indivíduos com deficiência intelectual devem ser aprimoradas, para que eles consigam se desenvolver promovendo a satisfação pessoal, a inclusão e obtenham mais autonomia e consequentemente melhorando a qualidade de vida. O ambiente familiar favorece o desenvolvimento dos filhos sendo ele acolhedor e modelo para os comportamentos sociais. Ressalta que a família passa por variáveis consideradas estressantes com a chegada de um filho com deficiência, e que se deixarem estes fatores incluindo o sócio demográfico, podem ter desempenhos insatisfatórios socialmente, interferindo no desempenho dos seus filhos. Através do vínculo afetivo o relacionamento interpessoal apresenta-se mais seguro, favorecendo melhor qualidade de vida, pois os comportamentos socialmente competentes são mais apresentados.

Page 32: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

31

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS

No texto das autoras Bolsoni-Silva, Paiva e Barbosa (2009) é citado que

existem muitas definições de HS e optam por utilizar uma definição de

comportamento habilidoso. Elas ressaltam que a dificuldade de interação social

advém de déficits de habilidades sociais nos relacionamentos, incluindo o de

pais e filhos.

Pontuam estudos de outros autores que classificam as habilidades dos

pais no relacionamento pais e filhos de Habilidades Sociais Educativas

Parentais (HSE-P), estas podendo dividir-se em positivas, referindo que

através das habilidades satisfatórias na interação entre eles, é que será

possível estimular comportamentos socialmente habilidosos dos filhos, e que

os problemas de comportamento dos filhos podem estar associados ao

repertório comportamental não habilidoso dos pais, as negativas.

As práticas sociais educativas parentais são divididas em categorias:

comunicação, expressividade, afetividade e estabelecimento de limites, estas

podem favorecem os comportamentos habilidosos dos filhos. Os pais podem

adotar as seguintes estratégias, como, dialogar consistentemente de forma

assertiva e atenciosa, perguntar e ouvir as respostas dos filhos de maneira

atenta, respeitar a opinião do outro e se discordar o fazer de forma adequada,

ou mesmo quando intervir mediante um comportamento inadequado do filho,

estabelecer limites sem usufruir de ameaças ou agressividade, fazer carinho

nos filhos, engrandecer o filho através da demonstração/verbalização de

sentimentos positivos.

Bolsoni-Silva, Paiva e Barbosa (2009) apontam estudos os quais

descrevem que famílias que tem em seu seio filhos com problemas de

comportamento apresentam pouca interação positiva, insuficiente

monitoramento dos afazeres dos filhos, são mais desorganizadas, possuem

mais problemas de comunicação ou de ordem emocional, além de

comportamentos considerados indesejáveis para a aprendizagem social e o

desenvolvimento cognitivo dos filhos.

Ressaltam também que os comportamentos externalizantes

(agressividade, impulsividade e agitação) e internalizantes (timidez, medo,

Page 33: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

32

tristeza e insegurança) identificados em crianças e adolescentes também

implicam em dificuldades de interação com as outras pessoas, assim, na

escola e na família fica difícil o acesso/contato e a interação com esta

população. Pais e professores não conseguem contribuir ativamente para

habilidades sociais satisfatórias. Dessa forma, esta população de crianças e

adolescentes perde a oportunidade, ou fica restrita em participar de situações/

vivências, e ainda há a possibilidade que essas pessoas identifiquem-se com

grupos sociais problemáticos.

Tiveram como dados desta pesquisa com os participantes 59

pais/mães/cuidadores de crianças/adolescentes os quais referiram aos

comportamentos externalizantes dos filhos (agressivo, dá birra, desobediente)

como a queixa mais frequente; e com relação à dificuldade dos pais/cuidadores

com os filhos nota-se que diante de um comportamento indesejável do filho

eles batem/ gritam, divergência de opiniões com relação à educação dos filhos,

dificuldades de dialogar com os filhos e dificuldade de estipular limites.

Diante dos comportamentos indesejados demonstrados pelos filhos,

seus pais na intenção de corrigi-los também se comportam de maneira não

habilidosa, contento gritos, chutes e bater em outras pessoas, da mesma forma

que seus filhos, batendo, gritando criando assim, um ciclo o qual as autoras

denominam de coercitivo.

As autoras apontam estudos que falam sobre as práticas dos pais, que

estas podem sustentar os comportamentos indesejados dos filhos, além do

emprego de medidas punitivas, ainda e não dando o modelo de habilidades

satisfatórias. Demonstrando que os pais /cuidadores mesmo que consigam a

atenção dos filhos no momento de atrito eles demonstram um baixo repertório

de habilidades sociais.

Os resultados encontrados sugerem que, a birra está relacionada à

inconsistência dos pais ora sucumbir ora não os desejos dos filhos; a

desobediência dos filhos é resultado da dificuldade dos pais na comunicação

com os filhos que se estende a dificuldade para estabelecer limites.

Neste estudo conclui-se que pais socialmente habilidosos com

demonstrações de carinho e diálogo favorecem o desenvolvimento social dos

filhos, os quais apresentam menores riscos de problemas comportamentais.

Page 34: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

33

O estudo de Cardozo e Soares (2011) citam alguns contextos, como os

de lazer, profissional, escolar e familiar nos quais se estabelecem as situações

interpessoais, e ressaltam que os desempenhos dos indivíduos são diferentes

para cada contexto que ele esteja naquele momento e isso exige um amplo

repertório de habilidades sociais dos indivíduos.

Os autores dissertam sobre as características da deficiência intelectual

ressaltando que diagnosticar a D.I. sob critérios funcionais demonstra que a

pessoas com esta deficiência tem limitações no seu funcionamento intelectual

e no seu comportamento adaptativo. Dessa forma, a pessoa com D.I. Tem

dificuldades em conceitos que são relacionados à aprendizagem escolar, à

aspectos cognitivos à comunicação; às dificuldades em habilidades sociais

relacionam-se as habilidades interpessoais, administração quanto à limites,

regras, leis, ou seja, em aspectos envolvidos no desempenho social da pessoa;

e quanto às habilidades práticas estas foram relacionadas a autonomia. Assim,

refletindo no cumprimento de tarefas para a realização das atividades de vida

diária da pessoa com D.I. e em seu exercício social que exige a vida em

comunidade.

Eles seguem descrevendo sobre a importância das habilidades sociais

na vida em sociedade, esta por promover as interações nas relações sociais.

Os comportamentos sociais habilidosos permitem que as pessoas

tenham interações sociais produtivas e saudáveis refletindo em melhor

qualidade de vida.

A família é o primeiro microssistema que permite a prática das

habilidades sociais da criança. O contexto familiar é propício para que ocorra o

desenvolvimento emocional e social da criança, pois é um ambiente acolhedor

e seguro e que as relações entre pais e filhos neste ambiente são mediadas

pelo vínculo afetivo.

Os pais no ambiente familiar identificando déficits em habilidades

sociais, que seriam as desejáveis nos contexto social e cultural, com relação à

qualidade das relações da criança, suas responsabilidades sociais e sua

independência pessoal, ou seja, de seu funcionamento adaptativo, através da

prática os pais são os responsáveis por promover as habilidades sociais

educativas ministradas aos filhos, considerando que dialogar com os filhos é a

Page 35: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

34

habilidade que se tem como ponto de partida para as outras habilidades sociais

educativas.

As habilidades sociais em indivíduos com deficiência intelectual, atraso

no desenvolvimento e indivíduos com distúrbios de aprendizagem tem sido

bastante pesquisado nas últimas décadas. Rosin-Pinola, Del Prette e Del Prette

(2007 apud CARDOZO; SOARES, 2011) comparam o desempenho social de

alunos com alto e baixo rendimento e deficientes intelectuais dos autores, e

concluem que na avaliação do professor o grupo de baixo rendimento e o de

deficientes intelectuais mostraram dificuldades acadêmicas e baixas

pontuações no que diz respeito às habilidades sociais de cooperação,

autocontrole e responsabilidade. Os alunos com deficiência intelectual

apresentaram prejuízos na obtenção das habilidades e também problemas em

comportamentos externalizantes, como assertividade, autodefesa, briga com

pessoas, intimidação ou ameaça e baixa autoestima.

Riches em 1996 (apud CARDOZO; SOARES, 2011) em seu estudo

propõe que seja dada mais atenção à interação social das pessoas com

deficiência intelectual, com programas específicos, por exemplo, e não somete

ao treino de atividades da vida diária e prática para que a pessoa se torne

independente.

A descoberta de um filho com deficiência, pela família os desperta para

pensamentos sobre o presente e o futuro, exigindo um esforço pessoal dos

pais, com relação ao filho necessitar de maior acompanhamento e isso envolve

mais tempo de dedicação dos pais. Góes (2006 apud CARDOZO; SOARES,

2011) narra que a descoberta da deficiência intelectual manifesta nos pais o

sentimento de perda do filho que foi idealizado, além do impacto social sobre

esta descoberta.

Sentimentos de depressão, stress, desespero são observados nos pais

de filhos com deficiência. A preocupação dos pais em oferecer educação aos

filhos que lhes permita desenvolver habilidades para que se tornem

independentes e com autonomia na vida adulta, são descritos no estudo de

Glat e Duque (2003 apud CARDOZO; SOARES, 2011).

Verificou-se no estudo que investigou se as habilidades sociais dos pais

de crianças com deficiência intelectual influenciavam o seu envolvimento na

educação dos filhos (CARDOZO; SOARES, 2010 apud CARDOZO; SOARES,

Page 36: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

35

2011), constatou-se que os pais dispunham de um maior repertório de

habilidades sociais, mas não se envolviam tanto com seus filhos quando

comparados às suas esposas (mães); as mães são mais participativas e

envolvidas nos cuidados diários com os filhos, nas atividades escolares, de

lazer, educação, por exemplo.

Cia, d’Affonseca e Barham (2006 apud CARDOZO; SOARES, 2011) em

seu estudo compararam e correlacionaram indicadores do repertório de

habilidades sociais e do envolvimento dos pais na educação dos filhos, tiveram

resultados parecidos com a pesquisa de Bertolini (2002 apud CARDOZO;

SOARES, 2011) na qual os pais são os responsáveis por atividades extra casa,

como o lazer, e as mães pelas atividades da rotina dos filhos, o cumprimento

de horários e das atividades domésticas.

Os autores ressaltam um estudo com crianças de desenvolvimento típico

o qual apontou que o relacionamento marital está relacionado ao cuidado aos

filhos. Caso os cônjuges tenham dificuldades em dialogar, resolver

divergências, tais fatores interferem no relacionamento com os filhos. A mãe

torna-se mais participativa e se envolvem mais com os filhos, como se

compensassem os filhos; já o pai afasta-se do convívio. Destacam que nos

casos de filhos com deficiência também são observadas essas situações, ainda

com os adicionais que estas famílias enfrentam descritos na discussão dos

resultados.

Dessa forma, conclui-se neste estudo que os pais são modelos

comportamentais para os filhos; pautados em uma relação saudável através do

estabelecimento do vínculo afetivo, é mais propício que os filhos participem de

situações em que haja o desempenho de comportamentos socialmente

desejáveis, competentes, promovendo satisfação pessoal e melhora na

qualidade de vida.

Page 37: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

36

7 DISCUSSÃO

A partir de informações anteriormente citadas sobre a importância dos

pais para o desenvolvimento dos filhos, ressalta-se também que os pais devem

ter características de comportamento habilidoso a fim de que possam transmitir

conhecimentos aos filhos, sendo estas características nomeadas de

habilidades sociais educativas parentais positivas, conforme encontrado na

análise do estudo de Cardozo e Soares (2011) e no estudo de Bolsoni-Silva,

Paiva e Barbosa (2009).

Demonstrações de carinho e diálogo podem contribuir para o

desenvolvimento social dos filhos, os quais também apresentam menores

riscos de problemas comportamentais, conforme o estudo de Bolsoni-Silva,

Paiva e Barbosa (2009). O diálogo também é enfatizado no estudo de Cardozo,

Soares (2011).

Bandeira et al. (2006) ressalta que a maneira com que os pais lidam com

as crianças em sua educação pode desencadear comportamentos

problemáticos, bem como a dificuldade de aprendizagem interfere em

problemas de comportamento e pobre desempenho social. Ferreira e

Marturano (2002 apud BANDEIRA et al.,2006) citam que as crianças com

elevado grau de dificuldade na relação parental eram as que mais

demonstravam comportamentos problemáticos.

Para Howat-Rodrigues, Tokumaru e Amorim (2009), alguns pais utilizam

da coerção para punir os filhos, causando-lhes efeitos estressantes já descritos

anteriormente, ressaltamos ainda que podemos classificar tal prática de

habilidade social educativa negativa, pois não gera nenhuma mudança

saudável e sequer habilidosa nos filhos, corroborando com os autores acima

citados.

Na maioria dos textos analisados a expressão interação social aparece e

ela designa a nossa relação com o outro. Já o termo integração social refere

que para vivermos de forma eficiente em sociedade somos dependentes do

desempenho dos papéis e funções que cada pessoa, seja pelos deveres ou

direitos, exerce enquanto cidadãos, ou seja, que a sociedade esteja

sistematizada. No entanto, o termo integração social, é substituído por

Page 38: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

37

inclusão, quando referido às pessoas com deficiências ou necessidade

educacionais especiais (NEE) traçando responsabilidades, portanto, estas

precisam ter a incumbência de conviver efetivamente na participação social,

como também a sociedade esteja preparada para receber estas pessoas com

NEEs (PAULA et al., 2002).

Ao notarmos que determinado indivíduo difere dos demais ao observar

nele alterações físicas, déficits intelectuais, doenças mentais ou

comportamentos desviantes, como prostitutas, alcóolatras, entre outros, os

quais, supostamente, impedem um bom funcionamento social, rapidamente

esses indivíduos são reconhecidos e apontados por serem diferente à maioria

caracterizada como normal. Fazemos isso igualmente na antiguidade, onde os

indivíduos eram estigmatizados e segregados, a final as pessoas devem ser

encontradas no ambiente social que pertence, faz parte, isso remete a ideia do

bom funcionamento organizacional da sociedade (GOFFMAN, 1982).

Dessa forma, antecipadamente já saberíamos quem iríamos encontrar

naquele determinado local, evitando surpresas, o que evidencia o preconceito

da sociedade, da dificuldade em aceitar o outro ou receio da convivência não

satisfatória (GOFFMAN, 1982).

Nessa perspectiva o autor acima referido ainda acrescenta que nós

criamos identidades sociais virtuais para o outro colocando nossos ideais de

normalidade como referência, mas na verdade o que ele possui são

características próprias da sua identidade social real, e que ficamos frustrados

ao encontrarmos no outro estas características.

O autor Sassaki (1999) propõe a substituição do termo ‘normal’ utilizado

acima por não deficientes, visto que o conceito de normalidade é ultrapassado,

bastante discutido e controverso.

Paula et al. (2002) defendem a ideia de que o termo inclusão é utópico,

já que são realizadas ações politicamente corretas do ponto de vista ético com

base nas deficiências das pessoas com necessidades educacionais especiais,

que não existem conflitos sociais nesta relação, em resumo que as ações

realizadas são apenas tendo em vista o movimento funcional da sociedade.

Dessa forma podemos perceber que na relação pessoas com

necessidades educacionais especiais-sociedade, a aceitação das pessoas com

Page 39: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

38

NEE pela sociedade deve acontecer acima de tudo, na visão apontada pelas

autoras acima referidas.

a inclusão social, portanto, é um processo que contribui para construção de um novo tipo de sociedade através de transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos, espaços internos e externos, equipamentos, aparelhos, utensílios mobiliário e meios de transportes e na mentalidade de todas as pessoas, portanto também do próprio portador de necessidades especiais (SASSAKI, 1999, p.42).

Para Sant’Anna (2002), no assunto inclusão fica subtendido que não há

discriminação e a socialização é almejada em diferentes contextos sociais,

como já acontece com todas as pessoas. A autora também ressalta que

poderíamos ter certeza que a pessoa com NEE está incluída na sociedade,

quando seus desejos/necessidades são apontados por ela própria, mas o que

vemos é que este indivíduo sob a política da inclusão está incluído em apenas

um grupo social e sem considerar a qualidade desta inclusão sob a perspectiva

da pessoa com NEE.

Riches (1996 apud CARDOZO; SOARES, 2011) cita o estudo o qual

preconiza que não apenas seja enfocado o treino de atividades da vida diária e

prática para as pessoas, mas seja enfocada também sua interação social.

Para nós terapeutas ocupacionais a relevância e a satisfação que a

pessoa sente quando se vê realizando uma atividade a qual ficou incapacitada

ou nunca antes pudera realizar, e o outro envolvido tem participação, talvez

não no sentido que se propõe as habilidades sociais, de que sejam efetivas as

trocas sociais, mas sim de que se manifeste o contato social, a participação

social sempre é estimulada e é traçada como objetivo de intervenção para os

nossos clientes.

Cabe ao terapeuta ocupacional, aumentar a capacidade funcional destes

indivíduos, assim como estimular habilidades que facilitem uma maior interação

com o ambiente, seja físico ou social, e que correspondam/satisfaçam aos

interesses deles, bem como engajá-los na participação de atividades de sua

rotina, assim também, oferecer suporte à família, facilitando o processo de

adaptação à incapacidade, ajustando as expectativas e otimização da relação

família-adolescente-ambiente, além de promover um aumento na participação

da pessoa e sua família na comunidade (atividades sociais e culturais)

(MAGALHÃES, 2003).

Page 40: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

39

De acordo com Benetton (1999), a população alvo da Terapia

Ocupacional pode ser definida como indivíduos que por fatores de ordem física

e/ou psicológica e/ou social apresentam definitivamente ou temporariamente,

problemas na inserção social, logo nas suas atividades e participação social.

Conforme apontado no estudo de Rosin-Pinola, Del Prette e Del Prette

(2007 apud CARDOZO; SOARES, 2011), os alunos com deficiência intelectual

têm prejuízos em adquirir habilidades sociais de cooperação, autocontrole e

responsabilidade, e também problemas em comportamentos externalizantes,

como assertividade, autodefesa, briga com pessoas, intimidação ou ameaça e

baixa autoestima que podem não favorecer comportamentos habilidosos e

ainda interferirem para que não se efetive um relacionamento saudável, dessa

maneira podemos orientar os pais/cuidadores a mediarem às relações de seus

filhos com DI associado ao TID às demais pessoas, no que diz respeito às

habilidades. Além de incentivarmos e orientarmos às melhores estratégias a

seguirem.

Pretendemos com este estudo ressaltar a importância dos pais nesse

processo de promoção de interação social para seus filhos com NEEs e a

contribuição da terapia ocupacional como mediadora, ambos contribuindo para

melhor qualidade de vida e inclusão social dos adolescentes com NEEs.

Para este estudo, os conceitos: deficiência, incapacidade e

desvantagem, foram substituídos por Necessidades Educacionais Especiais

(NEES), pois considera-se que este conceito abrange quaisquer

limitações/alterações ou dificuldades funcionais apresentadas pelos indivíduos

no seu cotidiano.

A busca de artigos que relacione habilidades sociais e Terapia

Ocupacional, em teoria ou prática clínica, é inexistente. No entanto, as

intervenções da terapia ocupacional são voltadas para efetivar o desempenho

funcional dos indivíduos em seu meio social, e para esse estudo entendemos

que o meio social é dotado de outros indivíduos e a interação entre eles

efetivando a sociedade.

Page 41: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

40

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo não teve a pretensão de esgotar o tema estudado.

O que podemos ver é que o nosso sujeito com Deficiência Intelectual

combinada ao TID não está incluído em todos os ambientes sociais, talvez

apenas na escola. Acreditamos que não podemos considerar o ambiente casa,

pois ele não participa de eventos sociais com a família como aniversários,

frequenta supermercados, feiras, passeia pelas ruas, etc. Entretanto, ele

também não apresenta condição intelectual para pedir para sair, ou dizer qual

local gostaria de ir.

No entanto, se dermos a oportunidade a ele de vivenciar os diferentes

ambientes sociais que podem ser incluídos na sua rotina, ele conseguirá nos

mostrar de alguma forma com gestos, por meio de figuras da comunicação

alternativa, risos, choro a sua vontade ou não de querer participar de atividades

extra casa, e qual são suas preferências.

Participando socialmente esta população não fica tão vulnerável,

exposta a possíveis adoecimentos individuais ou coletivos. Não descarta-se o

risco biológico, mas estará recebendo acompanhamento da sociedade e dos

programas sociais e de saúde.

Devido a fatores já mencionados anteriormente, como, filho ideal,

expectativas, aceitação enfrentadas pelos pais dos adolescentes, o empenho

em cuidar ou estimular seu filho, pode estar abalado, de modo, que tais fatores

podem ser discutidos e possivelmente podem suscitar possíveis mudanças no

comportamento dispensado dos pais/ familiares ao seu filho e na relação deste

com sociedade.

Conforme discutido no decorrer do texto os pais tem um papel

imprescindível que influencia o aprendizado dos filhos através das práticas

sociais educativas positivas. Indutivamente afirma-se que os filhos estando

habituados com as atividades sociais e com os modelos sociais adequados

pode-se favorecer a redução de comportamentos antissociais.

A orientação é uma estratégia de intervenção usada por terapeutas

ocupacionais e encontra-se presente na lista de procedimentos desta profissão,

e é de extrema importância para mães/cuidadores/familiares.

Page 42: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

41

Os grupos de pais/ cuidadores são estratégias que suscitam bons

resultados, sendo que nestes ocorrem troca de experiências e interação entre

os participantes, pois acontece a identificação de problemas semelhantes, e

ruptura do isolamento social. Estes grupos têm como característica oferecer

informações e esclarecer mitos, dúvidas e preconceitos. Portanto, é

imprescindível ao terapeuta ocupacional sugerir grupos de reflexões,

discussões, propor temas a serem debatidos, acolher sugestões e agir como

facilitador da comunicação entre os integrantes deste.

A atuação da família é de extrema importância junto aos tratamentos

recebidos pelos adolescentes, embora seja pouco difundida sua importância

entre os familiares.

Page 43: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

42

REFERÊNCIAS ASSUMPÇÃO JR., F. B.; KUCZYNSKI, E. Diagnóstico diferencial psiquiátrico no autismo infantil. IN: SCHWARTZMAN, José Salomão; ARAÚJO, Ceres Alves. Transtornos do espectro do autismo (TEA). São Paulo: Memnon, 2011.p. 43-54. BAGAROLLO, M. F.; MONTEIRO, M. I. B. Grupos de irmãos na clínica fonoaudiológica. Temas sobre desenvolvimento, São Paulo, v. 12, n. 71, p. 23-27, nov/dez. 2003. BANDEIRA, M. et al. Comportamentos problemáticos em estudantes do ensino fundamental: características da ocorrência e relação com habilidades sociais e dificuldades de aprendizagem. Estud. psicol. (Natal), Natal, v. 11, n. 2, Ago. 2006. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2006000200009>. Acesso em: 02 set 2012. BEE, H. A criança em desenvolvimento. São Paulo: Editora Harper & Row do Brasil, 1977. BENETTON, M. J. Trilhas associativas: ampliando recursos na clínica da Terapia Ocupacional. São Paulo: Diagrama e Texto/ CETO, 1999. BERNARDO, P. H. S. S; WAJNSZTEJN, R. Desenvolvimento neurológico na infância. IN: FERREIRA, Carlos Alberto de Mattos; THOMPSON, Rita; MOUSINHO, Renata. Psicomotricidade Clínica. São Paulo: Lovise, 2002. p.169-173. BOLSONI-SILVA, A. T; PAIVA, M. M. de; BARBOSA, C. G. Problemas de comportamento de crianças/adolescentes e dificuldades de pais/cuidadores: um estudo de caracterização. Psicol. clin., 2009, v. 21, n. 1, p. 169-184. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0103-56652009000100012>. Acesso em: 02 set.2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) / Ministério da Saúde. Série E. Legislação de Saúde. 3. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 96 p, 2008. BRUNONI, D. Genética e os Transtornos do Espectro do Autismo. IN: SCHWARTZMAN, José Salomão; ARAÚJO, Ceres Alves. Transtornos do espectro do autismo (TEA). São Paulo: Memnon, 2011.p. 55-64. BUSCAGLIA, L. Os deficientes e seus pais: um desafio ao aconselhamento. 3 ed. Rio de Janeiro: Distribuidora Record, 1993. CABALLO, V. E. Manual de avaliação e treinamento das habilidades sociais. São Paulo: Editora Santos, 2012.

Page 44: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

43

CABALLO, V. E. Manual de técnicas de terapia e modificação do comportamento. São Paulo: Editora Santos, 1996. CARDOZO, A.; SOARES, A. B. Habilidades sociais e o envolvimento entre pais e filhos com deficiência intelectual. Scielo, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-9893201100010 00010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 02 set. 2012. CID 10. CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA DE DOENÇAS E PROBLEMAS RELACIONADOS À SAÚDE. 8. ed. São Paulo: EDUSP, 2000. CIF-CJ: CLASSIFICAÇÃO Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde: versão para Crianças e Jovens/ Centro Colaborador da OMS para a família de Classificações Internacionais em português. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2011. DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Habilidades sociais: uma área em desenvolvimento. Psicologia Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 9, n. 2, p. 233-255, 1996. DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE. A. Psicologia das habilidades sociais: terapia, educação e trabalho. 9. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2012. DSM-IV. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. ENUMO, S. R. F. Orientação familiar de deficientes mentais, IN: ZAMIGNANI, Denis R. et. al. Sobre comportamento e cognição: a aplicação da análise do comportamento e da terapia cognitivo-comportamental no hospital geral e nos transtornos psiquiátricos. Santo André: Editores Associadas, 2001.p.199-207. FERLAND, F. Além da deficiência física ou intelectual: um filho a ser descoberto. Londrina: Lazer & Sport, 2009. FINNIE, N. O Manuseio em casa da criança com paralisia cerebral. 3 ed. São Paulo: Editora Manole, 2000. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3 ed. São Paulo: Editora Atlas, 1995. Gil, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008. GLEITMAN, H; FRIDLUND, A. J; REISBERG, D. Psicologia. 6. ed. Lisboa: Editora Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4. ed. Cidade Editora LTC, 1982. HERRERA-LOPES, S. AP. Transtornos da linguagem expressiva nos

Page 45: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

44

portadores de transtornos invasivos do desenvolvimento. IN: KAPLAN, H. I.; SADOCK, B. J.; GREBB, J. A. Compêndio de psiquiatria. 7. ed. Porto Alegre. Artes Médicas, 1997. p. 169-172. HOWAT-RODRIGUES, A. B. C; TOKUMARU, R. S.; AMORIM, T. N. de. Mães adotivas e genéticas: habilidades, insegurança e apoio percebido. psico. v. 40, n. 2, pp. 202-209, abr/jun. 2009. Disponível em: <http://revistasele tronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/viewFile/3799/4533>. Acesso em: 02 set. 2012. KAPLAN, H. I.; SADOCK, B. J.; GREBB, J. A. Compêndio de psiquiatria. 7. ed. Porto Alegre. Artes Médicas, 1997. LORENZINI, M. V. Brincando a brincadeira com a criança deficiente: novos rumos terapêuticos. São Paulo: Editora Manole, 2002. MAGALHÃES, L. de C. Terapia Ocupacional com Crianças Especiais: uma perspectiva funcional. In: SOUZA, Angela Maria Costa de. A Criança Especial: temas médicos, educativos e sociais. São Paulo: Roca, 2003. p. 239-256. MATSUKURA, T. S.; et al. A importância da provisão de suporte aos cuidadores de crianças portadoras de transtornos no desenvolvimento. Temas sobre desenvolvimento, São Paulo, v. 8, n. 48, p. 5-10, jan/fev. 2000. MINTO, E. C. et al. Ensino de habilidades de vida na escola: uma experiência com adolescentes. Psicol. estud. 2006, v.11, n.3, p. 561-568,. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1413-73722006000300012>. Acesso em: 02 set. 2012. MIRANDA, L. P; RESEGUE, R; FIGUEIRAS, A. C. de M. A criança e o adolescente com problemas do desenvolvimento no ambulatório de pediatria. Jornal Pediatria, Rio de Janeiro, v.79, supl.1, maio/jun. 2003. PAULA, A. R.; et al. Enfrentando o desafio e criando estratégias: inserção de crianças com deficiência nas creches do município de São Paulo. Temas sobre desenvolvimento, São Paulo, v. 11, n. 62, p. 14-22, mai/jun. 2002. PÍCCOLO, G. M; MOSCARDINI, S. F.; COSTA, V. B. da. A historiografia das produções em periódicos de Sadao Omote. Rev. bras. educ. espec. 2010, v.16, n.1, p. 107-126. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1413-65382010000100009>. Acesso em: 09 set. 2013. PUPO FILHO, R. do A. Interagindo com a criança especial. IN: SOUZA, Angela Maria Costa de. A Criança especial: temas médicos, educativos e sociais. São Paulo: Roca, 2003. p. 6-14. RICHARDSON, R. Pesquisa social. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999.

Page 46: HABILIDADES SOCIAIS: A RELEVÂNCIA DO INVESTIMENTO … · ... Uma área em desenvolvimento”, ... da autora Hellen Bee (1977), ... mas em uma criança com o processo de desenvolvimento

45

RODRIGUES, M. de F. A.; MIRANDA, S. de M. A estimulação da criança especial em casa: entenda o que acontece no sistema nervoso da criança deficiente e como você pode atuar sobre ele. São Paulo: Atheneu, 2001. SANT’ANNA, M. M. M. Educação inclusiva e inclusão social: a clínica da terapia ocupacional. Temas sobre desenvolvimento, São Paulo, v. 11, n. 61, p. 10-5, mar/abr. 2002. SASSAKI, R. K. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. 3. ed. Rio de Janeiro: WVA, 1999, 174p. SILVA, M. P.; MURTA, S. G. Treinamento de habilidades sociais para adolescentes: uma experiência no programa de atenção integral à família (PAIF). Psicol. reflex. crit. 2009, v. 22, n. 1. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-797220090001 00018&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 09 set. 2013. TAKATORI, M. O brincar no cotidiano da criança com deficiência física: reflexões sobre a clínica da Terapia Ocupacional. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.