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Comunicao XIV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio Sul S.
Cruz do Sul - RS 30/05 a 01/06/2013
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Erros dos webjornais nas redes sociais: anlise da interao mtua
com os leitores1
Lvia de Souza Vieira
2
Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC
RESUMO
O carter relacional presente no conceito de interao mtua mediada
por computador
(PRIMO, 2007) o ponto de partida para a reflexo proposta neste
artigo, bem como a
identificao das especificidades da conversao em rede (RECUERO,
2012).
Entendemos que a presena de webjornais nos sites de redes
sociais constituem no
somente um meio para divulgao de notcias, mas tambm um espao
importante de
relacionamento com os leitores por meio da interao mtua. Dessa
forma, analisamos
como a no admisso de erros por parte dos webjornais afeta a
possibilidade iminente
de interao mtua e a credibilidade. So trs os exemplos: postagem
do jornal O Globo
no Facebook e tweets dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de
S. Paulo no Twitter.
PALAVRAS-CHAVE: jornalismo digital; erro; interao mtua;
relacionamento;
leitores
1) INTERAO MTUA MEDIADA POR COMPUTADOR
A conversao o gnero mais bsico da interao humana e foi
considerada por Sacks,
Schegloff e Jefferson (1974) como a pedra sociolgica fundamental
da interao entre
os homens.3 Scrates, um dos mais importantes filsofos da
histria, chegou a criar no
sculo IV a.C um mtodo para o dilogo (mtodo socrtico), pois
acreditava nas
perguntas e respostas como meio para atingir a verdade, o bem e
a justia.
Desta forma, entende-se que as tecnologias digitais, por meio da
Comunicao Mediada
por Computador (CMC), surgem como um novo meio de apropriao para
dilogos e
conversaes h muito j existentes. Conforme salienta Recuero
(2012, p. 10), as
ferramentas computacionais evoluram para serem espaos
conversacionais. Espaos
1 Trabalho apresentado no DT 5 Comunicao Multimdia do XIV
Congresso de Cincias da Comunicao na Regio Sul, realizado de 30 de
Maio a 01 de Junho de 2013. 2 Mestranda do Programa de Ps-Graduao
em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC.
Docente do curso de Jornalismo da Associao Educacional Luterana Bom
Jesus-IELUSC. Email: [email protected]. 3 Na apresentao do
livro A conversao em rede (RECUERO, 2012, p. 9), o professor Jlio
Arajo traz essa definio e acrescenta que importante olharmos para
ela como um gnero basilar o qual afetado por seu contexto imediato
e pelas tecnologias que sustentam, registram e atualizam as
reelaboraes pelas quais passam esse gnero.
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onde a interao com outros indivduos adquire contornos
semelhantes queles da
conversao, buscando estabelecer e ou manter laos sociais
(RECUERO, 2012, p. 16).
Para compreender o conceito de interao, recorremos ao estudo de
Primo (2007), que
constri uma diferenciao entre interao reativa e interao mtua.
Segundo o autor, a
primeira depende da previsibilidade e da automatizao nas trocas,
ou seja, pr-
determinada por sistemas informticos programados (por exemplo, a
interao em um
jogo de videogame, que limitada pelas possibilidades j
planejadas dentro do sistema).
J a interao mtua se desenvolve em virtude da negociao relacional
durante o
processo (PRIMO, 2007, p. 149).
justamente o carter relacional presente na interao mtua mediada
por computador
que mais nos interessa nesse estudo. A apropriao deste conceito
nos permite refletir
acerca do relacionamento estabelecido entre webjornais de
referncia e seus leitores nos
sites de redes sociais. Entendemos que a presena de webjornais
no Facebook e Twitter,
por exemplo, constituem no somente um meio para divulgao de
notcias, mas
tambm um espao importante de relacionamento com os leitores por
meio da interao
mtua.
Ao abordar as conversaes que emergem nas redes sociais, Raquel
Recuero afirma que
mais do que meras interaes, essas milhares de trocas entre
pessoas que se conhecem,
que no se conhecem ou que se conhecero representam conversaes
que permeiam,
estabelecem e constroem as redes sociais na internet (RECUERO,
2012, p. 17). A
autora ainda percebe a conversao mediada pelo computador como
uma apropriao de
um sistema tcnico (sites de redes sociais, por exemplo) para uma
prtica social (os
dilogos ali construdos).
Nesse sentido, o jornalismo utiliza h dcadas prticas de interao
mtua por meio da
participao dos leitores em diversas etapas da produo da notcia:
cartas, ligaes
telefnicas, comentrios ao vivo em rdio e TV, entre outros. A
natureza dessas
participaes vo desde sugesto de pautas e opinies a apontamento
de erros. O que
difere a participao dos leitores no contexto das tecnologias
digitais a facilidade de
comunicao com o veculo e a disseminao da prpria participao.
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As tecnologias digitais tm servido como motivador para uma
maior
interferncia popular no processo noticioso. Tal processo tem
como fator
inicial a ampliao das formas de acesso Internet: a queda
progressiva do
custo de computadores e de conexo; a multiplicao de servios e
pontos de
acesso gratuito (como em telecentros, ONGs e outras
instituies
comunitrias), cibercafs e pontos de conexo sem fio (Wi-Fi). Alm
disso,
blogs (incluindo fotologs e moblogs), wikis e as tecnologias que
simplificam a
publicao e cooperao na rede favorecem a integrao de qualquer
interagente no processo de redao, circulao e debate de notcias.
(PRIMO e
TRSEL, 2006, p. 4)
Alm do fator tecnolgico, a colaborao que marca a Web 2.0 parte
intrnseca da
cultura que se desenvolve nos meios digitais. Ao realizar uma
antropologia no
ciberespao, Maria Elisa Mximo exemplifica que os blogs surgem em
meio a um
conjunto de fenmenos que enfatizam a colaborao em rede, que se
desdobram numa
srie de aes voltadas universalizao dos meios de produo e de
acesso s
tecnologias, s informaes e ao conhecimento (MXIMO, 2007, p.
28).
Este mesmo fenmeno percebido nos blogs claramente visto no
jornalismo digital, por
meio da insero de comentrios nos sites dos webjornais e,
posteriormente, por meio
da presena nos sites de redes sociais. Primo e Trasel afirmam
que preciso apontar os
discursos em defesa da livre circulao de informaes como outro
fator que inspira e
justifica a emergncia de experincias com jornalismo
participativo (PRIMO e
TRASEL, 2006, p. 4).
No entanto, embora os comentrios tenham posio de destaque nos
blogs, nos
webjornais eles ocupam um espao bem mais tmido, isso quando
ocupam, j que os
sites noticiosos de referncia no disponibilizam a possibilidade
de comentrios em
todas as notcias. Novamente fazendo referncia aos blogs, Primo
chama ateno para o
potencial dialgico dos comentrios:
interessante notar que os blogs, outrora cenrio de interaes
reativas, hoje se
abrem para intenso confronto de ideias (configurando, pois,
interaes mtuas).
Os blogs surgiram como uma ferramenta para os internautas
disponibilizarem
seus dirios pessoais e suas impresses sobre os mais diversos
assuntos. Hoje,
porm, diversos recursos so agregados a eles para que os
visitantes possam
deixar seus comentrios sobre o que leram. Com a incorporao do
recurso de
comentrios, os blogs se tornaram verdadeiros fruns para a
discusso dos mais
diferentes tpicos (PRIMO, 2007, p. 132)
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Basta uma breve visita aos principais webjornais do pas para
comprovar que os
comentrios nas notcias tambm constituem fruns para a discusso
sobre os mais
diferentes tpicos. No entanto, grande parte dessas discusses no
tm agradado as
cpulas de alguns webjornais, fazendo-as tomar medidas como a
restrio a
comentrios4 e a retirada de links no Facebook
5. Aes questionveis do ponto de vista
da prpria cibercultura, que pressupe o livre acesso s informaes
e a construo do
conhecimento coletivo.
2) TRANSPARNCIA NA ADMISSO DE ERROS NO CONTEXTO DO
RELACIONAMENTO COM O LEITOR
Ao decidir pela presena nos sites de redes sociais com a criao
de fanpages no
Facebook e perfis no Twitter, os webjornais parecem
movimentar-se para onde seus
leitores esto. Afinal, impossvel ignorar os nmeros: so 67 milhes
de usurios
brasileiros no Facebook6 e 40 milhes no Twitter
7. No entanto, s esse movimento no
basta. preciso estabelecer a conversao caracterstica dos sites
de redes sociais.
[A converso em rede] aquela que surge dos milhares de atores
interconectados que dividem, negociam e constroem contextos
coletivos de
interao, trocam e difundem informaes, criam laos e estabelecem
redes
sociais. (RECUERO, 2012, p. 19)
4 Desde janeiro de 2013, o jornal Folha de S. Paulo restringe os
comentrios dos leitores em seu site, permitindo que apenas
assinantes comentem todas as notcias. A deciso foi tomada aps uma
srie de discusses internas no jornal,
que apesar dos filtros que usava, vinha sendo continuamente
questionado por membros do Ministrio Pblico Federal e do Estadual
em razo de comentrios publicados em sua pgina. No entanto, a medida
repercutiu negativamente na opinio da ombudsman do jornal, Suzana
Singer, que afirmou: "Quer dar sua opinio vontade? Ento, pague.
Curto e grosso, esse o resumo da nova poltica de comentrios no site
da Folha. 5 Um e-mail assinado pela direo das Organizaes Globo
comunicou a todos os funcionrios que est estritamente proibida a
divulgao dos links das matrias nos canais oficiais dos veculos da
Globo no Facebook. Desde o dia 8 de abril de 2013, as plataformas
das revistas da Editora Globo, do jornal O Globo e do G1 adotaram a
medida. Aps um
estudo e uma anlise detalhada foi detectado que os perfis no
Facebook so o principal motivo pela queda de audincia das
plataformas digitais da Globo, como a Globo.com, o G1 e os sites
das revistas da Editora Globo. A ao teve enorme repercusso entre os
leitores e especialistas, que criticam a criao de mais uma etapa de
acesso ao contedo, dificultando o consumo da informao. 6 Dados de
2013.
http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios-tecnologia,com-67-milhoes-de-usuarios-brasileiros-facebook-ainda-ve-espaco-para-crescer,147744,0.htm.
Acesso em 17 abr. 2013. 7 Dados de 2012, embora as pesquisas
indiquem queda da participao de brasileiros no Twitter.
http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2012/07/31/twitter-passa-dos-500-milhoes-de-usuarios-mas-numeros-mostram-queda-de-microblog-no-brasil.htm.
Acesso em 17 abr. 2013.
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Para alm da simples divulgao de uma notcia, entende-se que a
presena de um
webjornal nas redes sociais deve incluir o relacionamento com os
leitores, que esto
cada vez mais participativos. Contudo, no isso que se v na
prtica, principalmente
quando esse relacionamento requer transparncia na admisso de
erros.
No fcil para um veculo jornalstico admitir seus erros. Se nas
pginas dos jornais
impressos eles historicamente ocupam um espao restrito, na
internet a situao tem se
mostrado ainda mais preocupante do ponto de vista da tica
jornalstica.
Antes de analisar alguns exemplos que justificam a afirmao
acima, vale a pena
recorrer ao que disse o jornalista Ricardo Noblat em A arte de
fazer um jornal dirio:
o erro matria de interesse pblico. Ele ainda destaca que por
orgulho, soberba,
vaidade ou ignorncia, jornais e jornalistas procuram fazer de
conta que s acertam. E,
quando so pilhados em erro, custa-lhes admitir que erraram. Os
jornalistas temem ser
punidos por seus chefes. Os jornais temem perder leitores
(NOBLAT, 2002: 40).
Informar o leitor sobre o erro cometido pode ser simples,
principalmente nos ambientes
digitais. A internet dinmica por natureza e no h necessidade de
esperar at a edio
do dia seguinte para publicar uma errata ou para um pedido de
desculpas. Quando
falamos especificamente de redes sociais parece ser ainda mais
dinmico, j que h
informalidade e o tom tpico do meio o de conversa com o leitor.
Alm disso, ao
caracterizar a interao mtua, Primo no exclui a existncia de
conflitos.
Enquanto se comunicam, os interagentes promovem uns nos outros
constantes
desequilbrios. Assim sendo, pode-se dizer que as interaes mtuas
se
complexificam e se desenvolvem diante do prprio desequilbrio,
sendo este
um propulsor de novas atualizaes. (PRIMO, 2007, p. 121)
Nesse contexto, o desequilbrio pode ser visto como a ocorrncia
de um erro, o que,
conforme Primo, faz parte do relacionamento mantido nas interaes
mtuas.
Relacionamento este que pressupe transparncia, visando manter a
qualidade e
credibilidade do jornalismo praticado pelo webjornal.
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Ao analisar os comentrios de uma notcia no webjornal O Globo,
Larissa de Morais
Mendes percebeu que possvel uma apropriao da notcia pelos
leitores a partir de
perspectivas prprias, para alm do apresentado na matria (MENDES,
2012, online).
Ou seja, no aproveitar esse potencial de relacionamento com os
leitores e
(re)construo de vieses da prpria notcia parece um desperdcio por
parte dos
webjornais.
Especificamente nos sites de redes sociais Facebook e Twitter,
entendemos como
principais tipos de relacionamento: 1) respostas a perguntas
feitas pelos leitores; 2)
incentivo participao por meio de posts que instiguem comentrios;
3) visibilidade a
comentrios dos leitores por meio de retweets, curtidas ou
compartilhamentos; 4)
admisso de erros cometidos. O presente artigo se concentra em
aprofundar as reflexes
sobre esta ltima caracterstica no contexto da interao mtua.
A admisso de erros est inserida nas normas deontolgicas de
diversos veculos
jornalsticos. Exemplificando: O Manual de Redao e Estilo do
jornal O Estado de
S.Paulo diz que toda informao errada que o Estado publicar dever
ser retificada na
edio seguinte, na mesma seo que a divulgou, sob o ttulo Correo,
ressalvados os
casos excepcionais, que exijam maior destaque (1990, p. 36). No
Novo Manual de
Redao da Folha de S.Paulo, explicitado que a Folha retifica, sem
eufemismos, os
erros que comete. A retificao deve ser publicada assim que a
falha for contatada,
mesmo que no haja pedido externo Redao (2001, p. 72). E nos
princpios
editoriais das Organizaes Globo consta que os erros devem ser
corrigidos, sem
subterfgios e com destaque. No h erro maior do que deixar os que
ocorrem sem a
devida correo (2011, online).
Portanto, a preocupao com a admisso de erros e o reconhecimento
de sua
importncia est devidamente includa nos manuais de redao dos
veculos
jornalsticos. No entanto, percebe-se que o dever-ser do
jornalismo nem sempre est
prximo do ser; ou seja, por vezes h um profundo distanciamento
entre teoria e
prtica jornalsticas. No caso especfico da admisso de erros,
selecionamos, por meio
de observao simples, trs exemplos que mostram como o silncio e
negligncia fazem
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com que os webjornais estejam distantes da interao mtua desejada
no contexto da
conversao em rede.
3) LEITORES SEM RESPOSTA, MULTIPLICAO DO ERRO
No dia 31 de agosto de 2012, o jornal O Estado de S. Paulo
publicou em seu perfil no
Twitter: Corinthians completa 102 anos hoje. Parabns!. Um tweet
claro, direto e
informal, no fosse um detalhe: o aniversrio do time de futebol
seria no dia seguinte
(sbado). Um pequeno erro - que para um corinthiano no foi to
pequeno assim, gerou
muita repercusso e nenhuma retificao por parte do veculo.
Diversos leitores
avisaram claramente ao Estado que tratava-se de um erro. Alm
disso, entre os 60 RTs
(retweets) estava o do perfil do Jornal Hoje, da Rede Globo, que
contribuiu ainda mais
para a multiplicao do erro. Nesse caso, bastaria a publicao de
um tweet com pedido
de desculpas e link para a matria com a data correta.
Fig.1 Print screen do referido tweet com RTs dos leitores.8
8 Disponvel em:
https://twitter.com/Estadao/status/241560946642935808. Acesso em 18
abr 2013.
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8
Outro erro, agora cometido pelo jornal O Globo em sua fanpage no
Facebook, ratifica o
descaso com os leitores. No dia 30 de dezembro de 2012, o veculo
chama o Estado do
Maranho de cidade (Maranho, cidade excluda das turns
internacionais...) e
rapidamente mais de 100 leitores se pronunciam advertindo sobre
o erro. Trs dias aps
a publicao, uma leitora ainda tenta chamar a ateno de O Globo
com o comentrio:
At agora desculpa nada!. E nada de resposta.
Uma das regras de ouro das redes sociais nunca apagar uma
postagem, justamente em
respeito aos que j tiveram acesso ao contedo. Nesse caso, O
Globo poderia ter
includo um comentrio ou at mesmo ter publicado uma nova postagem
com a errata.
Fig. 2 Print screen da postagem de O Globo, com comentrios dos
leitores9.
O terceiro exemplo de 17 de fevereiro de 2013. O jornal Folha de
S. Paulo publica em
seu perfil no Twitter que a frica um pas, e no um continente (A
frica o pas
que registra o maior crescimento de pessoas catlicas). Novamente
houve
manifestao dos leitores e nenhuma retificao do veculo. E, assim
como no caso do
Estado, bastaria a publicao de um novo tweet com a informao
correta. Agradecer
aos leitores por terem avisado sobre o erro tambm seria de bom
tom.
9 Disponvel em:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=504600896246261&set=a.123958997643788.9532.115230991849922&type=1&theater.
Acesso em 18 abr. 2013.
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Fig. 3 Print screen com o referido tweet e RTs dos
leitores.10
4) CONSIDERAES FINAIS
A breve anlise desses trs exemplos pode suscitar inmeras
discusses, desde o tipo de
erro cometido pelos jornais (confuso de estado com cidade; de
continente com pas; e a
troca da data de aniversrio de um dos principais times de
futebol do pas) at a falta de
ateno com o leitor e a negligncia com a disseminao de uma
informao errada.
10 Disponvel em:
https://twitter.com/folha_com/status/303273068862779392. Acesso em
18 abr. 2013.
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10
Contudo, voltaremos nosso foco para a relao da no admisso de
erros com a
interao mtua. elementar observar que, se no h resposta por parte
do webjornal
aos comentrios dos leitores, no h interao mtua. A conversao em
rede necessita
de interagentes que estabeleam relaes. A conversao a porta
atravs da qual as
interaes sociais acontecem e as relaes sociais se estabelecem
(RECUERO, 2012,
p. 29).
Primo afirma que os processos de interao mtua caracterizam-se
por sua construo
dinmica, contnua e contextualizada (PRIMO, 2007, p. 116). Diante
dos exemplos
apresentados, podemos afirmar que os webjornais no praticam a
interao mtua com
seus leitores em sua plenitude e no desenvolvem um
relacionamento caracterstico dos
meios digitais: o da conversao.
difcil prever quais sero as consequncias dessas aes (ou no-aes)
em longo
prazo e o quanto elas impactam na credibilidade do veculo
jornalstico. Philip Meyer
(2007) nos d algumas pistas ao citar um estudo norte-americano
sobre credibilidade, da
autora Chris Urban:
Os diretores de redao dos jornais norte-americanos se preocupam
bastante
com a credibilidade, a ponto de encomendarem estudos de larga
escala sobre o
tema desde 1985. No mais recente, de 1999, a autora Chris Urban
considera a
preocupao do pblico com a exatido sua descoberta mais relevante.
H uma unanimidade notvel entre o pblico e os jornalistas sobre o
valor
fundamental da exatido e de relatar exatamente o que aconteceu,
mas ambos
os grupos tm dvidas sobre a exatido em geral e preferem que uma
reportagem saia melhor do que saia primeiro, escreveu Urban. Tanto
os jornalistas quanto o pblico acreditam que mesmo erros
aparentemente
pequenos alimentam o ceticismo pblico sobre a credibilidade de
um jornal.
Acima de um tero do pblico 35% - encontra erros de ortografia ou
gramtica nos jornais mais de uma vez por semana, e 21% os encontram
quase
diariamente. O principal papel da exatido ser um tijolo na
construo da credibilidade do jornal a longo prazo. (MEYER, 2007, p.
94)
Christofoletti e Prado (2005) afirmam que o coeficiente de
confiabilidade das
reportagens ser proporcional ao nvel de segurana do pblico em
relao mdia que
consome. Os autores recorrem funo social do jornalismo para
enfatizar a
importncia da informao sem erros:
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O jornalismo uma atividade social que se apoia no compromisso de
informar
as pessoas dos principais acontecimentos da sociedade. Mas, como
se espera,
as informaes devem ser precisas, exatas, fiis aos fatos. Logo, o
pblico
espera informao de qualidade, sem erros, sem distores, sem
incorrees.
(CHRISTOFOLETTI, Rogrio; PRADO, Raffael, 2005, online)
Nesse sentido, os veculos jornalsticos tm muito a aprender com
as marcas e com os
blogueiros, que mostram crescente preocupao em responder a seus
clientes e leitores
nas redes sociais. Algumas empresas criaram at o chamado SAC
2.0, com perfis
dedicados exclusivamente a ouvir e responder crticas, dvidas e
reclamaes. E no
comum que um blogueiro deixe seu leitor sem resposta ou
simplesmente ignore um erro
cometido. Como existe a base de uma interao mtua, a retificao
costuma ser clara e
sem traumas. Alguns blogueiros utilizam at o recurso tachado
para que a retificao
fique visvel a todos os leitores.
Diante do contexto apresentado, temos que concordar com o
professor Eugnio Bucci,
que enfatiza, em Sobre tica e imprensa: como se a imprensa
proclamasse: minha
funo informar o pblico, mas os meus mtodos no so da conta de
mais ningum
eles so bons, corretos e justos por definio (BUCCI, 2000, p.
39).
Portanto, mesmo sem graves consequncias imediatas, entendemos
que a no admisso
de erros e o silenciamento diante de uma possibilidade iminente
de interao mtua
podem minar a credibilidade do veculo jornalstico em longo
prazo. Levando em
considerao que a fidelidade dos leitores no considerada fator
preponderante no
meio digital, agindo dessa maneira, o webjornal corre o risco de
fazer com que seu
leitor, diante do longo silncio aps um erro, migre para um
veculo que esteja disposto
a estabelecer com ele uma verdadeira interao mtua.
REFERNCIAS
BUCCI, E. Sobre tica e imprensa. So Paulo: Companhia das Letras,
2000.
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CHRISTOFOLETTI, R.; PRADO, R. O. do. Erros nos jornais: aspecto
tico e fator
de comprometimento de qualidade tcnica. In: XXVIII Congresso
Brasileiro de
Cincias da Comunicao. Rio de Janeiro, 2005. Disponvel em:
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16 abr. 2013.
FOLHA DE S. PAULO. Manual de redao. So Paulo: Folha de S. Paulo,
2001.
MARTINS FILHO, E. L. Manual de redao e estilo de O Estado de S.
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MXIMO, Maria Elisa. O eu encena, o eu em rede: um estudo
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Pesquisadores em
Jornalismo (SBP-Jor), Curitiba, novembro de 2012. Anais
eletrnicos em:
http://soac.bce.unb.br/index.php/ENPJor/XENPJOR/paper/viewFile/1647/94.
Acesso
em: 16 abr. 2013.
MEYER, Philip. Os jornais podem desaparecer ?: como salvar o
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NOBLAT, Ricardo. A arte de fazer um jornal dirio. So Paulo :
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ORGANIZAES GLOBO. Princpios editoriais das Organizaes Globo,
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http://ufmaonline.webs.com/webjornalismo%20participativo.pdf>.
Acesso em: 16
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PRIMO, Alex. Interao mediada por computador: comunicao,
cibercultura,
cognio. Porto Alegre: Sulina, 2007.
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RECUERO, Raquel. A conversao em rede: comunicao mediada por
computador e redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina,
2012.
SACKS, H.; SCHEGLOFF, E.; JEFFERSON, G. A Simplest Systematics
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