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Jul 18, 2020
www.autoresespiritasclassicos.com
Ernesto Bozzano
A propósito da Introdução à
Metapsíquica Humana
Refutação do livro de René Sudre
La verdad sobre metapsíquica humana.
Refutación de "Introduction à la Métapsychique hu- maine"
de René Sudre
CARAVAGGIO
Crucifixão de São Pedro
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Conteúdo resumido
Nesta obra, de natureza puramente científica,
Bozzano faz uma minuciosa análise com o objetivo
de refutar a obra antiespírita de René Sudre, “In-
trodução ao Estudo da Metapsíquica".
Desenvolvendo argumentação insofismável sobre
aparições junto ao leito de morte, fenômenos de
materialização e outros, o autor demonstra que a
“prosopopese-metagnomia”, hipótese fundamental
sustentada por Sudre, para explicar as manifesta-
ções metapsíquicas de efeitos inteligentes, de mo-
do algum atinge o fim que teve em vista o autor.
Sumário
A propósito da “Introdução à Metapsíquica
Humana” .................................................4
I – Magnetismo animal e fenômenos espíritas ...5
II – A propósito da mediunidade da Sra. Piper .. 12
III – Análise crítica de uma alínea sofística ........ 36
IV – Metagnomia e hipóteses espíritas ............. 53
V – Categorias de fenômenos inexplicáveis por
qualquer teoria metapsíquica ................... 65
VI – A propósito dos casos de identificação de
mortos, desconhecidos do médium e dos
assistentes (1ª categoria) ........................ 70
VII – Novas hipóteses de René Sudre para, de
qualquer modo, safar-se das dificuldades
insuperáveis (casos das categorias 2, 3, 4
e 5) ...................................................... 92
VIII – Aparições de mortos no leito de morte .... 107
IX – Fenômenos de xenoglossia (categorias 6 e
7) ...................................................... 119
X – Fenômenos de “desdobramento fluídico”
ou “bilocação” no momento da morte (3ª
categoria) ........................................... 131
XI – Fenômenos de materialização ................ 153
XII – Correspondências cruzadas .................... 229
XIII – Ainda um exemplo inexplicável por meio
da metagnomia .................................... 245
XIV – Respostas a algumas objeções de ordem
geral .................................................. 255
Conclusão ........................................... 265
A propósito da “Introdução à Metapsíquica Humana”
Não me deterei em analisar o excelente tratado
de metapsíquica publicado pelo Sr. René Sudre.
Limitar-me-ei em notar que o autor conseguiu
sintetizar, em um volume de proporções normais,
exposição completa, erudita e bem feita de todas
as categorias de fenômenos metapsíquicos. Pode-
se mesmo dizer que o trabalho não só atinge o fim
que o inspirou, senão que constitui também alguma
coisa mais do que uma simples “Introdução ao
estudo da metapsíquica”.
A sua utilidade torna-se indiscutível, mesmo
para os competentes no assunto, que não teriam
facilidade de encontrar disposto, com tanta clareza
e êxito, o imponente cabedal da fenomenologia
examinada.
Quanto à propaganda fecunda que um tratado
como esse pode exercer nos meios científicos, não
lamentarei, sequer, o antiespiritismo
superlativamente sofístico do autor, sem o qual a
obra perderia, nesse sentido, toda a eficiência
naqueles meios ainda dominados pelos
preconceitos materialistas.
Sob o ponto de vista pessoal meu – que
diametralmente diverge daquele em que se coloca
Sudre –, é natural, entretanto, me disponha a
analisar, discutir e refutar, uma por uma, as
principais opiniões e hipóteses antiespíritas,
emitidas pelo autor, mormente por me parecer
estar ele bem enfronhado no assunto e ser um
pensador de talento indiscutível. É, sem dúvida
alguma, um valente contendor, com o qual a
discussão de grande proveito será, pois se
apresenta na arena terçando as armas mais
formidáveis dentre as que são usadas no campo em
que milita.
Ernesto Bozzano
I
Magnetismo animal e fenômenos es- píritas
Isto posto, começo, sem preâmbulos, a minha
análise crítica, assinalando, desde logo, uma afir-
mação de natureza histórica feita pelo autor a res-
peito dos antigos magnetizadores e que é inexata.
Diz ele:
“Deleuze e todos os magnetizadores não acre-
ditavam, pois, houvesse comunicação entre os
seus sonâmbulos e os seres invisíveis. Não con-
testavam a realidade das aparições espontâ-
neas, mas as consideravam, de conformidade
com a opinião religiosa, como excepcionais, e
não criam num comércio possível entre os visos
e os mortos. Ora, essa descrença geral se
transmite aos seus pacientes, que apresenta-
ram todos os fenômenos metapsíquicos comple-
tamente desprovidos do caráter espírita.” (pág.
342.)
O grifo do último período é do próprio autor e
bem mostra o interesse teórico que ele liga à cir-
cunstância assinalada. Ora, historicamente, essa
circunstância é inexata, ou, melhor ainda, diame-
tralmente contrária ao que supõe Sudre. Se consul-
tarmos os tratados de magnetismo animal, verifica-
remos, com efeito, provas evidentes das preven-
ções que, a tal respeito, dominavam os magnetiza-
dores, prevenções que encontram motivo principal
no temor que o conhecimento de tais manifesta-
ções fizesse surgir novos obstáculos à tarefa, que
lhes cabia, de ao demais convencer das curas ma-
ravilhosas, conseguidas pelas práticas magnéticas.
Mas não é menos verdade que, não obstante tais
prevenções, as manifestações de entidades de
defuntos se davam repetidamente, pela interven-
ção sonambúlica. O próprio Deleuze, na sua corres-
pondência com o Dr. Billot, o reconhece e nos se-
guintes termos:
“Não vejo razão para negar a possibilidade da
aparição de pessoas que, tendo deixado esta vi-
da, se ocupam daqueles que aqui amaram e a
eles se venham manifestar, para lhes transmitir
salutares conselhos. Acabo de ter disto um e-
xemplo, ei-lo...”
E Deleuze expõe o caso de uma sonâmbula, cujo
finado pai a ela se manifestou, por duas vezes, a
fim de aconselhá-la sobre o esposo que devia esco-
lher; esses conselhos envolviam a realização remo-
ta de um fato que se veio a realizar, precisamente,
na época indicada. (G. Billot, Correspondence sur le
Magnétisme Animal, t. III.)
O Dr. Billot responde a Deleuze, relatando um
fato maravilhoso, com ele próprio ocorrido: o do
“transporte” de uma planta medicinal, que veio cair
sobre os joelhos da sua sonâmbula, pela interven-
ção de uma “mocinha” que, repetidas vezes, se
manifestava por intermédio da mesma sonâmbula.
Lembro, além disso, o fato do Barão Du Potet –
que, pelo Journal du Magnétisme, provocava cons-
tantes polêmicas com aqueles dos seus confrades
que ousavam publicar qualquer episódio, sobre a
manifestação de pessoas falecidas – haver confes-
sado suas íntimas convicções nesse sentido, quan-
do, em carta particular a Alphonse Cahagnet, e por
este último inserta na sua obra, assim se exprimiu:
“Tratais, com uma antecipação de vinte anos, des-
tas questões; a Humanidade não está ainda prepa-
rada para compreendê-las.”
Claro se torna o fim oculto da sua pretendida in-
credulidade; temia que, não estando os homens de
ciência absolutamente dispostos a tomar a sério as
manifestações dos mortos, pela intervenção so-
nambúlica, viesse a divulgação dessas manifesta-
ções criar grave obstáculo à tarefa, já de si tão
difícil, de convencer o mundo científico das proprie-
dades terapêuticas do “magnetismo animal”.
Acrescentarei que o Barão Du Potet, quando do
seu encontro, anos mais tarde, em Londres, com o
Rev. William Stainton Moses, ao mesmo confiou,
sem reservas, suas convicções espíritas, nascidas
de fatos por ele próprio verificados, sem qualquer
provocação de sua parte.
Nessa mesma ocasião, aconteceu-lhe ter, junta-
mente com Stainton Moses, a visão de um homem,
que se havia suicidado algumas horas antes, ati-
rando-se sob as rodas de um locomóvel.
Lembrarei, ainda, que o magnetizador Alphonse
Cahagnet obteve, com a sonâmbula clarividente
Adéle Maginot, longa série de verdadeiros episódios
de identificação de pe