Top Banner
69

dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

Jan 10, 2019

Download

Documents

trinhnguyet
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão
Page 2: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

3ª edição, revista e atualizada2009

Arquidiocese de Florianópolis

IGREJA NAS CASAS

Espiritualidade e missão dos Grupos Bíblicos em Família

Page 3: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão
Page 4: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

3

Igreja nas CasasSUMÁRIO

Apresentação da segunda edição ..................................................5Apresentação desta edição .............................................................7Introdução .........................................................................................9Logomarca, tema e lema ...............................................................13Hino dos Grupos Bíblicos em Família ........................................14Oração dos Grupos Bíblicos em Família .....................................16

PRIMEIRA PARTE

ORIENTAÇÕES GERAIS PARA PARTICIPANTES DOS GRUPOS BÍBLICOS EM FAMÍLIA .............................17

1 Identidade e objetivo dos Grupos Bíblicos em Família .........191.1 O que é um Grupo Bíblico em Família? .................191.2 Quais os objetivos dos Grupos Bíblicos

em Família? ...............................................................201.3 Por que criar Grupos Bíblicos em Família

e participar deles? ......................................................221.4 Por que acreditar nos Grupos Bíblicos

em Família? ................................................................231.5 Por que os Grupos Bíblicos em Família

acontecem nas casas? ................................................24

2 Fundamentação teológico-pastoral dos Grupos Bíblicos em Família ...........................................................................272.1 Fundamentação bíblica ............................................272.2 Fundamentação trinitária ........................................292.3 Fundamentação eclesiológica .................................312.4 Fundamentação pastoral .........................................33

3 Metodologia dos Grupos Bíblicos em Família ......................343.1 Princípios da metodologia participativa ................343.2 Método dos Grupos Bíblicos em Família ...............353.3 Um exemplo bíblico ..................................................37

4 Funcionamento dos Grupos Bíblicos em Família .................404.1 Condições para o bom andamento do Grupo .......404.2 Ações práticas dos Grupos Bíblicos em Família ...424.3 Orientações práticas para os encontros ..................43

Page 5: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

4

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

is5 Frutos dos Grupos Bíblicos em Família ...............................44

SEGUNDA PARTE

ORIENTAÇÕES PARA OS ANIMADORES E ANIMA-DORAS DE GRUPOS BÍBLICOS EM FAMÍLIA .................47

1 Missão dos animadores e animadoras dos Grupos Bíblicos em Família ...............................................................491.1 Quem é o animador, a animadora? .........................491.2 Papel do animador, da animadora ..........................501.3 Como superar as dificuldades? ...............................521.4 Como tratar os diferentes tipos de participan-

tes dos Grupos Bíblicos em Família? ......................55

2 Atitudes que expressam a espiritualidade dos animadores e animadoras ......................................................56

3 Tarefas da Coordenação dos Grupos Bíblicos em Família .....58

TERCEIRA PARTE

SÍNTESE GERAL ......................................................................61

Fontes bibliográficas ......................................................................67

Equipes: elaboração, revisão, editoração ....................................68

Page 6: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

5

Igreja nas CasasAPRESENTAÇÃO DA 2ª EDIÇÃO – 2002

Cultivar a presença de Cristo

“‘Eu estarei sempre convosco, até o fim do mundo’ (Mt 28,20). Essa certeza, amados irmãos e irmãs, acompanhou a Igreja durante dois milênios (...); dela devemos auferir um novo impulso para a vida cristã, melhor, fazer dela a força inspira-dora de nosso caminho. É com a consciência dessa presença do Ressuscitado entre nós que hoje nos fazemos a pergunta feita a Pedro, no fim de seu discurso em Pentecostes, em Jerusalém: ‘O que devemos fazer?’ (At 2,37)” (João Paulo II, Carta Novo Mil-lennio Ineunte sobre o início do novo milênio, n. 29).

“O que devemos fazer?” Nas últimas décadas, a Igreja no Brasil tem procurado dar uma resposta adequada a essa pergunta, incentivando as pequenas comunidades. Variam os nomes – em nossa Arquidiocese são chamados de “Grupos de Reflexão” –, mas o objetivo é idêntico: criar a presença de Jesus Cristo em nosso meio. Foi ele mesmo que nos deu esse poder: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20).

Para ter Jesus em nosso meio, há somente uma exigência: reunir-se em seu nome. Ele, então, iluminará nossas vidas com sua Palavra, nos dará sua força e nos levará ao encontro de ir-mãos e irmãs que, sob mil rostos, têm o seu rosto.

Este rico subsídio que você tem em suas mãos, fruto de uma longa caminhada dos Grupos de Reflexão em nossa Arqui-diocese, servirá, certamente, para dar nova motivação a estes encontros. E é preciso que isso aconteça: afinal, os Grupos de Reflexão são uma prioridade em nossa Igreja Particular. Mais: são um extraordinário espaço de evangelização num mundo que é cada vez mais urbano e que tende a isolar as pessoas num individualismo nada evangélico.

A vocês, animadores e animadoras, minha palavra de incentivo. Vocês são o coração desses grupos. Eles dependem muito de sua perseverança e criatividade.

Page 7: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

6

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isAos párocos, às lideranças, aos animadores e animadoras

de pastorais, aos responsáveis pelos movimentos, aos superiores e superioras de religiosos, aos que trabalham em colégios, meu apelo: dêem um total apoio aos Grupos de Reflexão; façam o que estiver a seu alcance para que eles continuem se multiplicando. A vida cristã tem necessidade de grandes celebrações, em que to-dos experimentem a alegria de pertencer a uma família que tem as dimensões do mundo. Mas necessita, também, de experiên-cias que só uma pequena comunidade pode lhe dar. Cada qual, então, poderá fazer sua a descoberta do Salmista: “Como é bom, como é agradável, os irmãos viverem juntos” (Sl 133/132,1).

Dom Murilo S. R. Krieger, scjArcebispo de Florianópolis

2002

Page 8: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

7

Igreja nas CasasAPRESENTAÇÃO DA 3ª EDIÇÃO – 2009

Uma Espiritualidade de Comunhão

Aplica-se aos Grupos Bíblicos em Família de nossa Arquidiocese a observação feita pelo Documento de Aparecida a respeito das pequenas comunidades eclesiais: “Constata-se que nos últimos anos está crescen-do a espiritualidade de comunhão e que, com diversas metodologias, não poucos esforços têm sido feitos para levar os leigos a se integrar nas pequenas comunidades eclesiais, que vão mostrando frutos abundan-tes. Nas pequenas comunidades eclesiais temos um meio privilegiado para a Nova Evangelização e para chegar a que os batizados vivam como autênticos discípulos e missionários de Cristo” (DAp 308). Essas comunidades – isto é, nossos GBF – “são um ambiente propício para se escutar a Palavra de Deus, para se viver a fraternidade, para se animar na oração, para aprofundar processos de formação na fé e para fortale-cer o exigente compromisso de ser apóstolos na sociedade de hoje. São lugares de experiência cristã e evangelização que, em meio à situação cultural que nos afeta, secularizada e hostil à Igreja, se fazem muito mais necessários” (DAp 308).

Para muitos fiéis, os GBF são um lugar privilegiado para uma ex-periência concreta de Cristo e uma experiência de comunhão. Afinal, quem não gosta de ser acolhido fraternalmente, de se sentir valoriza-do, de se sentir realmente membro de uma comunidade eclesial e co-responsável pelo seu desenvolvimento? Claro que essa experiência não é suficiente para nossa fé. Há necessidade de um passo além – isto é, de participar da vida paroquial, que é uma comunidade de comunida-des, que tem como centro a Eucaristia e como farol a Palavra de Deus. Pertencemos, também, a uma Igreja Particular – isto é, a uma Diocese, “na qual está e opera verdadeiramente a Igreja de Cristo, una, santa, ca-tólica e apostólica” (Concílio Vaticano II, Decreto Christus Dominus, 11). Nossa comunhão é, também, com o Papa, sucessor de Pedro, “perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade de fé e comunhão” (Concí-lio Vaticano II, Constituição Dogmática Lumen Gentium, 18).

Como, pois, não agradecer ao Senhor pelo dom dos Grupos Bí-blicos em Família? Como não lhe agradecer pelas pessoas que traba-lham para que esses grupos cresçam e beneficiem um número sempre maior de pessoas?...

Dom Murilo S.R. Krieger, scjArcebispo de Florianópolis

2009

Page 9: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão
Page 10: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

9

Igreja nas CasasINTRODUÇÃO

Grupos Bíblicos em Família: uma bela história. A práti-ca dos grupos de famílias reunindo-se nas casas para refletir e rezar tem uma longa história na Igreja do Brasil. Já no tempo do Brasil colonial, por falta de ministros ordenados, o povo ca-tólico se reunia nas casas, em frente a oratórios, para reza do terço e a celebração dos santos padroeiros. Nos anos 60, por influência da teologia do Concílio Vaticano II (1962-1965), pas-sou-se a dar destaque à Bíblia. Em nossa Arquidiocese, sempre houve muitos grupos, motivados especialmente por momen-tos ou eventos: Tempos litúrgicos; Campanha da Fraternidade; mês das vocações; semana da família; encontros de juventude; encontros das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs); pastoral política nos anos de eleições; vinda do Papa, em 1991.

Infelizmente, porém, esta iniciativa foi-se enfraquecendo no final dos anos 80. Mesmo assim, houve muitas paróquias e comunidades que continuaram elaborando materiais e manten-do viva a chama dos Grupos de Reflexão permanentes, sobre-tudo com a prática das novenas de Natal e da Quaresma, com subsídios adquiridos fora da Arquidiocese.

Grupos de Reflexão: no caminho do novo milênio. Com a realização do Projeto de Evangelização “Rumo ao Novo Mi-lênio”, proposto pela CNBB para os anos de 1996 a 2000, a Ar-quidiocese desenvolveu diversas atividades em vista da nova evangelização. Dentro daquele processo, decidiu-se retomar os Grupos de Reflexão como principal instrumento de reanimação das comunidades e de evangelização inculturada no mundo ur-bano.

Para tal fim, foram elaborados roteiros específicos, con-templando a temática de cada ano do Projeto “Rumo ao Novo Milênio”. O material teve grande acolhida por parte dos gru-pos, das lideranças e do clero. Esta aceitação contribuiu para reforçar e multiplicar os Grupos de Reflexão.

Antes que o Ano do Jubileu terminasse, a CNBB aprovou as grandes linhas de um novo Projeto: “Ser Igreja no Novo Mi-lênio”. O Projeto tinha como finalidade renovar a consciência da identidade e da missão da Igreja. Ele se voltava, em primeiro lu-

Page 11: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

10

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isgar, para a evangelização e, ao mesmo tempo, cuidava de man-ter viva e perseverante a fidelidade das comunidades eclesiais. O Projeto “Ser Igreja no Novo Milênio” enfatizava o estudo dos Atos dos Apóstolos e a continuidade dos Grupos de Reflexão, trazendo presente o estilo de Igreja das primeiras comunidades cristãs, que se reuniam nas casas, como as de Áquila e Priscila, de Lídia e Maria, mãe de João Marcos.

Em sintonia com a CNBB-Regional Sul IV, a Arquidiocese de Florianópolis vem aprovando e confirmando, desde 1999, em suas assembleias de pastoral, os Grupos de Reflexão e a Formação de Lideranças como prioridades de nossa Ação Evangelizadora.

Na Assembleia Arquidiocesana de Pastoral de 2005, para enfatizar a centralidade da Bíblia e o espírito de família dos gru-pos, foi proposta e aprovada a mudança do nome de Grupos de Reflexão para Grupos Bíblicos em Família.

Grupos Bíblicos em Família: prioridade pastoral. A esco-lha dos Grupos Bíblicos em Família (GBF) como prioridade da ação pastoral e evangelizadora da Arquidiocese tem um objeti-vo claro: fazer acontecer a Igreja nas casas, nas bases, no chão da vida; garantir a presença do Evangelho na vida do povo; favorecer ao povo católico a participação em um grupo de vivência da fé e do amor cris-tão: ajudar a pessoa a fazer a experiência do encontro com Jesus Cristo; promover uma aproximação cada vez mais explícita entre a Igreja de hoje e a Igreja das primeiras comunidades cristãs.

Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão e ação. Esse tripé deve centrar-se na reflexão da Palavra de Deus feita comunitariamente, em família. É pela re-flexão da Palavra de Deus e da realidade social que se consegue fazer com que a oração não seja desligada da vida, mas com-prometida e comprometedora com as causas e lutas do povo. É pela reflexão que se consegue fazer com que a ação não seja desligada da fé, mas fique bem enraizada no coração de Deus. E essa reflexão, que une a oração com a ação, terá como referência um texto bíblico e acontecerá em grupos de famílias.

Grupos Bíblicos em Família: e os outros grupos. Pela gra-ça do Espírito Santo, há em nossa Arquidiocese diversos outros grupos. Temos grupos de oração, capelinhas de Nossa Senhora, grupos de reza do terço, grupos de vivência ou de espirituali-

Page 12: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

11

Igreja nas Casasdade ligados a algum movimento (Equipes de Nossa Senhora, Cursilhos, Emaús, Pólen etc.). Nessa diversidade se revela a ri-queza de dons e carismas que o Espírito dá à Igreja.

Mas, é sempre bom lembrar que o grande carisma do Espí-rito Santo é a unidade, a caridade. E, em nossa Arquidiocese, a unidade pastoral e a caridade evangelizadora passam por essa grande prioridade de nossa ação: a formação e a articulação dos Grupos Bíblicos em Família. Por isso, acreditamos: quanto mais Grupos Bíblicos em Família houver em nossa Igreja arquidio-cesana, mais estaremos sendo fiéis ao Espírito Santo! Quanto mais Grupos Bíblicos em Família houver entre nós, mais a Igre-ja estará em nossas casas, mais pessoas estarão sendo atingidas e fortificadas pelo Espírito Santo!

Nada impede que todos os outros grupos também entrem na caminhada da Arquidiocese seguindo os roteiros dos Grupos Bíblicos em Família. Com isso, não perderão o seu carisma; ao contrário, o enriquecerão com sua inserção na caminhada da ação evangelizadora da Igreja arquidiocesana. Afinal, desde o Concílio Vaticano II entende-se que a diocese é a unidade-mãe de toda ação pastoral e evangelizadora, pois nela está toda a Igreja de Cristo.

GBF: responsabilidade dos animadores e animadoras. Para garantir que os Grupos Bíblicos em Família se fortaleçam como prioridade pastoral e continuem sendo espaço de vivên-cia da fé e do amor, de reflexão, oração e compromisso com os irmãos e irmãs, conforme o projeto de Jesus, é indispensável que os animadores e animadoras tenham formação adequada e permanente. Daí a necessidade de prosseguirmos na realização de algumas tarefas fundamentais para garantir a sustentação desta caminhada de evangelização: a elaboração de subsídios; o acompanhamento aos grupos; a formação dos animadores e animadoras e das coordenações.

Para sustentar a caminhada dos Grupos Bíblicos em Famí-lia, em nossa Arquidiocese continuam sendo elaborados os ro-teiros de encontros, distribuídos em três livretos por ano: 1) Ad-vento e Natal; 2) Quaresma, Campanha da Fraternidade, Páscoa e Pentecostes; 3) Tempo Comum. O empenho pela permanência e formação de novos Grupos Bíblicos em Família na Arquidiocese visa a fazer com que eles sejam sementes de um novo modo de

Page 13: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

12

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isser Igreja, tornando-a cada vez mais santa, comunitária, missio-nária, ministerial, servidora, dialogante, acolhedora, alegre, cria-tiva, pneumática, profética, martirial, pobre. Que estes grupos favoreçam a formação e o fortalecimento de verdadeiras comuni-dades de fé e vida, base da grande comunidade paroquial.

Para viabilizar a formação dos animadores e animadoras desses grupos, temos este livreto. Ele é resultado da nossa experi-ência, enriquecida com experiências e subsídios de outras dioce-ses. Além de uma fundamentação teológico-pastoral dos Grupos Bíblicos em Família, contém outros esclarecimentos e orientações indispensáveis para que animadores e animadoras e agentes de pastoral possam acompanhar com mais segurança os grupos.

Esta terceira edição, revista e atualizada, é um subsídio de estudo e debate para ser usado nos encontros de formação de ani-madores e animadoras de Grupos Bíblicos em Família, servindo como fonte de orientação para os que acompanham os grupos. Nesta terceira edição, também estão o hino e a oração dos Grupos Bí-blicos em Família. Também constam a logomarca, o tema e o lema.

A logomarca – uma casa habitada pela Palavra de Deus, o que nos lembra que a Igreja arquidiocesana tem sua raiz no chão de nossas casas.

O tema – Igreja nas casas – insiste no desafio de fazer com que a Igreja de hoje volte às fontes e reflita a beleza e o vigor das primeiras comunidades cristãs (At 2,42), que se reuniam nas casas do povo.

O lema – “Eis que estou à porta e bato” (Ap 3,20) – lembra a Palavra do Senhor que quer entrar em nossas casas, para nelas fazer sua morada.

Grupos Bíblicos em Família: uma graça e um serviço: Os Grupos Bíblicos em Família se apresentam como uma graça que o Espírito Santo nos concedeu para enfrentarmos os desafios da sociedade atual desse milênio. São graça e dom de Deus! Por-tanto, são também compromisso nosso.

Page 14: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

13

Igreja nas Casas“Eis que estou à porta e bato” (Ap 3,20)

Page 15: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

14

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isHino dos Grupos Bíblicos em Família

1. Igreja nas casas! Os grupos se encontram, Em torno da Bíblia, Palavra de Deus. Refletem, conversam, e rezam, e cantam, Na prece entrelaçam a terra e os céus.

Estr.: É fé e vida na partilha. É Grupo Bíblico em Família.

2. Igreja nas casas! Assim foi no início, Aí se encontravam os grupos cristãos. Por isso, o símbolo é hoje a casinha, A mística é o grupo de irmãs e irmãos.

Page 16: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

15

Igreja nas Casas3. Igreja nas casas! Modelo é a Trindade.

Pessoas diversas constroem comunhão. Partilham suas buscas, seus sonhos, problemas, E tudo se torna fraterna oração.

4. Igreja nas casas! O centro é a Bíblia, Resposta divina a humanas questões. Assim, a oração, reflexão da Palavra, Motiva e orienta corretas ações.

5. Igreja nas casas! São células vivas Da comunidade em torno a Jesus. Ninguém é cristão isolado, sozinho, Amor verdadeiro à unidade conduz.

6. Igreja nas casas! A arquidiocese Nos chama e convida a evangelizar. Os grupos refletem o rosto da Igreja, Que é graça presente em todo lugar.

Florianópolis, 30 de junho de 2007

Page 17: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

16

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

is Oração dos Grupos Bíblicos em Família

D. Murilo S. R. Krieger

Senhor Jesus, tu nos garantiste:

“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20).

Por isso, acreditamos em tua presença, quando nos reunimos nos Grupos Bíblicos em Família.

Em nossos encontros, Senhor Jesus, somos iluminados por tua Palavra, fortalecidos pela oração comunitária e enriquecidos por tua graça.

Somos, também, confortados pela presença de irmãos e irmãs que, como nós, querem ser discípulos e missionários teus.

Porque queremos ser teus discípulos, ensina-nos a fazer a vontade do Pai; a estar atentos às necessidades dos que sofrem e a ser “alegres na esperança, fortes na tribulação e perseverantes na oração” (Rm 12,12).

Porque queremos ser teus missionários, dá-nos um coração generoso e entusiasta, um coração como o teu: incansável no anúncio de que Deus é amor.

Nossos encontros bíblicos nos preparem para o domingo, Dia do Senhor, quando somos convidados a nos reunir ao redor de teu Altar.

Ali te ofereces ao Pai por nós e nos alimentas com tua Palavra e com o Pão da vida; ali aprendemos que amar é assumir a cruz de cada dia.

Tua Mãe Maria, Nossa Senhora do Desterro, interceda por nossas famílias e nossos grupos, para que saibam imitar a Família de Nazaré.

Assim estaremos nos preparando para viver um dia com a Santíssima Trindade, numa alegria que não terá fim.

Amém.

Page 18: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

PRIMEIRA PARTE

ORIENTAÇÕES GERAIS

PARA PARTICIPANTES

DOS GRUPOS BÍBLICOS EM FAMÍLIA

Page 19: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão
Page 20: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

19

Igreja nas Casas1 IDENTIDADE E OBJETIVO DOS GRUPOS BÍBLI-

COS EM FAMÍLIA

1.1 O que é um Grupo Bíblico em Família?

É um grupo de pessoas que se reúnem nas casas, para • rezar, refletir, partilhar, à luz da Palavra de Deus, a rea-lidade que a cerca, com o compromisso de ações práti-cas para a transformação dessa realidade.

É um grupo de pessoas que querem fazer a experiência • do encontro com Deus, que é Amor e Vida; são pessoas que querem aprender a prática da oração em comum, da vivência fraterna, da vida cristã.

É um espaço onde as pessoas se encontram para parti-• lhar a vida, a fé e a oração, na ligação entre Bíblia e vida, revelação e realidade, Palavra de Deus e ação humana.

É um local em que as pessoas são valorizadas, conheci-• das pelo nome, onde as pessoas se sentem Igreja, onde fazem a experiência de serem iguais, filhos e filhas do mesmo Pai.

É uma manifestação de resistência profética, de cons-• trução da cidadania, de descoberta de novos caminhos de vida cristã e ação social, de solidariedade e de teste-munho de vida.

É um meio privilegiado de evangelização e de valoriza-• ção da vida, em qualquer ambiente.

É um lugar onde surgem novas lideranças, onde as pes-• soas descobrem seus dons e carismas, para colocá-los a serviço da comunidade, através dos diversos ministé-rios, pastorais, organismos etc.

É um espaço onde se busca ser Igreja conforme o mo-• delo das primeiras comunidades cristãs; Igreja que vai ao encontro das pessoas; Igreja nas casas, nos condo-mínios, nas ruas; Igreja Povo de Deus; Igreja que liga Palavra, fé e vida.

Page 21: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

20

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isÉ um modo de catequese permanente com adultos, • crianças e jovens, um espaço onde todos aprendem e ensinam, sinal da vitalidade da Igreja e de sua irradia-ção missionária.

É um instrumento que contribui para a renovação da • Igreja, para a conversão pessoal e a conversão pastoral, para revitalizar a paróquia, fazendo dela “comunidade de comunidades”.

É um espaço que responde às exigências atuais da • evangelização, juntamente com as comunidades ecle-siais de base (CEBs) e outras formas válidas de peque-nas comunidades, inclusive redes de comunidades, de movimentos, de grupos de vida, de oração e de reflexão da Palavra de Deus (DAp 180).

É um dos pontos de partida para uma nova sociedade • de justiça, solidariedade, igualdade e paz.

É um grupo que se identifica pela prática do compro-• misso, da partilha e da solidariedade, e pela celebração da própria vida em relação com a vida de Jesus Cristo e de sua proposta de um Reino de paz e justiça.

1.2 Quais os objetivos dos Grupos Bíblicos em Família?

Contribuir para uma renovação da consciência da iden-• tidade e da missão da Igreja.

Proporcionar aos fiéis a oportunidade de viverem a • simplicidade da vida cristã.

Ser um espaço de comunhão e participação.•

Ser espaço onde as pessoas, sobretudo as famílias vizi-• nhas, se conheçam e criem laços de amizade, solidarie-dade e fraternidade.

Descobrir a revelação de Deus no cotidiano de nossa • realidade.

Despertar para a experiência afetiva de Deus.•

Page 22: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

21

Igreja nas CasasCriar espaço para que o povo possa se manifestar e • se expressar na partilha de sua vida de fé e de sua sabedoria.

Evangelizar, a exemplo de Jesus, pela Palavra de Deus • e pelo testemunho.

Manter viva e perseverante a fidelidade das comuni-• dades “aos ensinamentos dos apóstolos, à comunhão fraterna, à partilha e às orações”, tal como foi descrito em Atos 2,42-47.

Favorecer a consciência de ser Igreja, animar as pessoas • para a vida comunitária e eclesial.

Tornar a Palavra de Deus mais conhecida.•

Possibilitar a leitura da Bíblia a partir da realidade.•

Superar o anonimato, o individualismo, a divisão, o ego-• ísmo, o espírito de competição e a ganância que o atual sistema, regido pelo mercado, produz nas pessoas.

Contribuir para que a paróquia seja “comunidade de • comunidades”, a serviço da vida.

Despertar e exercitar a consciência da cidadania cristã.•

Provocar a consciência crítica diante da realidade so-• cial, política, econômica, ideológica.

Estimular as pessoas para a responsabilidade de cada • qual na transformação da realidade, como protagonis-tas da nova sociedade.

Ajudar o povo a conscientizar-se de seus próprios di-• reitos, a se organizar e a lutar por eles.

Despertar e formar lideranças para as lutas do povo, • nas organizações populares, nas pastorais sociais, mo-vimentos populares, sindicatos, ONGs, partidos políti-cos, conselhos comunitários etc.

Por fim, formar e construir verdadeiras comunidades • comprometidas com o projeto de Jesus, isto é:

Page 23: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

22

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isComunidades onde todos participem, tenham voz 9e vez.

Onde todos os serviços são repartidos e assumidos 9por todos e entre todos.

Onde se celebra a fé e a vida. 9

Onde há partilha, entre-ajuda, igualdade, co-respon- 9sabilidade, testemunho.

Onde “todos tenham vida e vida plena” (Jo 10,10). 9

1.3 Por que criar Grupos Bíblicos em Família e parti-cipar deles?

É uma maneira de viver à semelhança da Santíssima • Trindade, que é comunidade e unidade na diversidade de pessoas.

No grupo, todos somos iguais enquanto pessoas hu-• manas, mas distintos nos dons e nos serviços de cada qual.

Antes de tudo, um grupo de reflexão, oração e ação • é experiência de comunhão, de vida comunitária, de união das pessoas, no mesmo modo da união entre as pessoas divinas: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30).

Vivendo em grupo, damos o mais original testemunho • da fé na Santíssima Trindade: “Pai, que todos sejam um, como nós somos um” (Jo 17,21).

No grupo vive-se a comunhão batismal, experimenta-• se a expressão maior da graça do batismo, a habitação da Trindade em nós, a presença do próprio grupo trini-tário em nós e entre nós (Jo 14,23).

Quem quer seguir Jesus, descobrirá o grupo como lu-• gar do discipulado.

Jesus disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em • meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18, 20).

Page 24: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

23

Igreja nas CasasA realidade está exigindo que unamos forças, pois a • situação econômica, política e social está complicando cada vez mais a vida do nosso povo.

Enfim, é importante criar Grupos Bíblicos em Família e • deles participar, porque nesses grupos:

as pessoas que participam da comunidade podem 9ser acolhidas com mais amor e atenção;

as pessoas deixam de ser “massa” dispersa e mani- 9pulada, para ser povo consciente e organizado;

pode-se oferecer um tratamento qualificado e uma 9atenção especial para os novos moradores de nossas comunidades;

possibilitam-se mais e melhores informações, e não 9se deixa as pessoas serem manipuladas pela cabeça dos poderosos e pelos meios de comunicação social;

ajuda-se as pessoas a superarem a dependência, 9fazendo-as serem agentes e sujeitos da própria história;

ajuda-se o povo a vencer em comum os problemas e 9dificuldades que prejudicam a vida e violam a dig-nidade das pessoas e das famílias;

valoriza-se a pessoa como ela é e ajuda-se a criar la- 9ços de fraternidade e união entre as famílias.

1.4 Por que acreditar nos Grupos Bíblicos em Família?

A Bíblia aponta para o surgimento e o preparo de lide-• ranças; a formação de pequenos grupos; a organização do povo em vista da libertação, da promoção e defesa da vida; a construção do Reino de Deus.

Diante da escravidão do seu povo no Egito, Deus envia • Moisés para organizar o povo e libertá-lo das garras do Faraó (Ex 3,7-12).

Page 25: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

24

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isDiante do trabalho incansável de Moisés, seu sogro Je-• tro o aconselha a organizar o povo em grupos e a repar-tir a liderança (Ex 18,13-27).

Na travessia do rio Jordão e na entrada na Terra Prome-• tida, Deus envia Josué para organizar a entrada na terra e construir uma nova sociedade (Js 1,1-9; 4,14-17).

Jesus prepara os continuadores de sua missão, organi-• zando, formando e enviando o grupo dos 12 apóstolos (Mt 10,1-42).

Para saciar a fome da multidão, Jesus orienta para a or-• ganização em grupos e a partilha do pão (Mc 6,30-44; ver vv.39-40).

Os primeiros cristãos viviam em comunidade e perseve-• ravam unidos na doutrina dos apóstolos; nas reuniões em comum; na fração do pão e nas orações; eram uni-dos e colocavam em comum todas as coisas; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um; todos juntos frequentavam o Templo e nas casas partiam o pão, tomando a refeição com alegria e simplicidade de coração; juntos louvavam a Deus (At 2,42-47).

Os primeiros cristãos viviam unidos e tinham tudo em co-• mum; formavam um só coração e uma só alma; tudo era posto em comum entre eles; davam testemunho da res-surreição do Senhor Jesus; gozavam de grande aceitação; entre eles ninguém passava necessidade (At 4,32-37).

1.5 Por que os Grupos Bíblicos em Família aconte-cem nas casas?

Em toda a Bíblia, a palavra casa (no singular ou no • plural) aparece cerca de 1280 vezes. Em todo o Novo Testamento, são 355 vezes. Nos Evangelhos, são 170 vezes. Nos Atos dos Apóstolos, 50 vezes. Como se vê, proporcionalmente a palavra casa/casas aparece com mais frequência nos Atos, em comparação com os

Page 26: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

25

Igreja nas Casasquatro Evangelhos; com mais frequência nos Evan-gelhos, em comparação com o Novo Testamento; com mais frequência no Novo Testamento, em comparação com toda a Bíblia. Isto revela que a casa era o lugar da ação e da pregação de Jesus e das primeiras comuni-dades cristãs.

Grandes acontecimentos da salvação aconteceram nas • casas. Maria recebe o anúncio do Salvador em sua casa (Lc 1,26ss). Jesus manda celebrar a Páscoa numa casa (Mt 26,17-20). O Pentecostes aconteceu em uma casa (At 2,1-2). A Igreja primitiva evangelizava nas casas: “de casa em casa não cessavam de ensinar” (At 5,42). Paulo evangelizava “de casa em casa” (At 20,20). A maior e mais perfeita revelação de Deus se dará no céu, na casa do Pai, onde “há muitas moradas” (Jo 14,2).

A casa foi lugar fundamental na missão de Jesus (Mc • 2,1-2; 7,17.24; 9,33; 10,10; Mt 13,36).

Jesus entrou em diversas casas: de Simão Pedro e An-• dré, onde cura a sogra de Pedro (Mc 1,29-33); de Jairo, o chefe da sinagoga, onde cura sua filha, a menina Talita (Mc 5,35-43); de Simão, o leproso (Mc 14,3-9); do fariseu Simão (Lc 7,36ss); de Marta e Maria (Lc 10,38-42); de Zaqueu (Lc 19,1-10).

Jesus visitava as famílias, entrava em suas casas, fazia • refeições nas casas do povo, inclusive na casa de pe-cadores (Levi e Zaqueu, por exemplo). Os evangelhos relatam 18 parábolas sobre a vida doméstica, valorizan-do a evangelização nas casas. A primeira evangelização se deu nas casas, abrindo-se assim para o mundo. No Templo, as pessoas ficavam de fora, havia exclusão.

Jesus profetiza contra os que exploram as casas das viú-• vas (Mc 12,40).

Ao mandar os discípulos em missão, Jesus diz para • eles entrarem nas casas e levarem a paz para as casas (Lc 10,5).

Page 27: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

26

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isJesus mandava entrar nas casas para evangelizar • (Mc 6,10).

Maria e os apóstolos estavam em uma casa, quando • aconteceu a descida solene do Espírito Santo, no Pente-costes (Atos 1,13-14).

No início do cristianismo, a Igreja acontecia nas casas. • A casa era o espaço da Igreja doméstica e o lugar do encontro da comunidade cristã.

Por mais de cem anos, quando não havia igrejas ou • templos, foi a casa que moldou a vida da comunidade cristã. A casa era o lugar onde se encontrava a Igreja dos primeiros tempos. Os apóstolos evangelizavam nas casas.

A Igreja iniciou com o relacionamento interpessoal, ín-• timo e intenso dos membros das famílias. Os primeiros cristãos e cristãs se reuniam nas casas para rezar, ensi-nar, refletir, partilhar o pão e celebrar (At 2,42-47).

O livro dos • Atos dos Apóstolos mostra que muitos fiéis abriram suas casas para acolher os Apóstolos e a comu-nidade da Igreja primitiva: Judas (9,11); Simão, o cur-tidor (9,43; 10,6); Maria, a mãe de João Marcos (12,12); Cornélio (10,24-27); Lídia (16,13-15); o carcereiro (16,27-34); Jasão (17,5-7); Tício (18,7); Crispo (18,8); Priscila e Áquila, que acolheram Paulo para morar com eles (18,1-3); Filipe, o evangelista (21,8); Menásson (21,16); Tiago (21,18). Nessas citações, aparece frequentemente a expressão “e toda a sua casa”, para dizer que toda a família passou a crer no Evangelho de Cristo.

No livro do • Apocalipse encontramos a bela frase que serve de lema para os Grupos Bíblicos em Família, a palavra dita para o povo de Laodicéia: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo” (Ap 3,20).

Page 28: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

27

Igreja nas Casas2 FUNDAMENTAÇÃO TEOLÓGICO-PASTORAL DOS

GRUPOS BÍBLICOS EM FAMÍLIA

2.1 Fundamentação bíblica

a) Moisés, no deserto, agrupou o povo em tribos, isto é, em grupos, em comunidades, para celebrar a Aliança com o Senhor (Ex 24, 1-11). O tribalismo, a organização do povo em 12 tribos, foi para o povo de Israel um jeito de superar o egoísmo e o isolamento. As doze tribos representam a unidade. O que fundamenta a tribo é a união, a vida em comum, a partilha. Trata-se da busca do ideal de uma sociedade igualitária, segundo o proje-to de Deus. Respeitadas as devidas proporções, nossos grupos e comunidades também procuram inspirar-se nesta experiência do Povo de Deus, quando ensaiam, no cotidiano da vida, o ideal de uma nova sociedade caracterizada por relações fraternas e igualitárias, pela solidariedade, partilha e co-responsabilidade nas deci-sões e na entre-ajuda.

b) Toda a história do povo de Israel está marcada pelo sentido da vivência de comunidade. Nenhuma pessoa se entende como gente fora da vida em comunidade. Cada membro do povo se considera um representante de todo o povo e assume em si mesmo, em seus com-promissos de vida, todas as grandezas e fraquezas do povo. Cada pessoa sabe que pertence ao povo com quem Deus fez uma Aliança (Ez 36,28; Jr 31,31-34).

c) Jesus segue as tradições de seu povo. Viveu 30 anos em Nazaré, no grupo familiar e na comunidade, onde crescia em idade, sabedoria e graça (Lc 2,39-40.51-52; 4,14-16). Nessa vida oculta se deu a inculturação do Filho de Deus. Através da vida em família, do traba-lho, da vivência comunitária, da frequência à sinagoga, da participação na vida de seu povo, Jesus aprendeu a ser humano, foi crescendo em sabedoria, idade e graça diante de Deus e das pessoas e preparando-se para a sua missão.

Page 29: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

28

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isd) Logo no início de sua vida pública, depois de ungido

pelo Espírito Santo no seu batismo, Jesus constitui o grupo dos Doze Apóstolos e, através deste grupo, que é a semente da Igreja, dá continuidade à evangelização. Jesus evangeliza através de pessoas reunidas em grupo (Mc 1,16-20); através dos doze (Mt 10,1-42; Mt 28,16-20); através dos setenta e dois (Lc 10,1-24). Ao despedir-se deste mundo, Jesus não deixa um livro escrito, nem um sistema organizado de evangelização, mas deixa um grupo de pessoas – os Doze e outros discípulos e discípulas –, com a missão de evangelizar.

e) Na parábola da videira e dos ramos, Jesus mostra que ninguém faz nada sozinho, isolado. Um ramo separa-do do tronco seca, morre. Juntos, ligados uns com os outros e no tronco, os ramos produzem muitos frutos: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,1-8).

f) Pedro e os Doze, Maria, mãe de Jesus, os parentes de Je-sus, seus discípulos e discípulas, estão reunidos quando recebem o Espírito Santo, no dia de Pentecostes, e passam então a anunciar em grupo o Evangelho do Mestre, con-firmando assim o jeito de Jesus de evangelizar (At 2,14).

g) Nos Atos dos Apóstolos (2,42-47) temos o relato de um grupo bem formado: “perseveravam na doutrina dos Apóstolos..., viviam unidos e tinham tudo em comum..., unidos de coração..., vendiam seus bens e repartiam entre si..., louvavam a Deus e cativaram a simpatia do povo”.

h) O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, segue a mesma metodologia evangelizadora de Jesus, isto é, forma grupos, cria comunidades, nas quais deixa coor-denadores bem formados para animar os grupos. Paulo formou evangelizadores e fundou grupos de evange-lização. Tais grupos são conhecidos como “Igreja do-méstica”. Paulo usa muito a expressão: “a Igreja que se reúne em casa” (1Cor 16,19; Rm 16,3-5; Cl 4,15).

Page 30: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

29

Igreja nas Casasi) Nos primeiros tempos da Igreja, os encontros se rea-

lizavam nas casas, como grupos de oração e reflexão (1Cor 16,19; Atos 2,46). As casas são o lugar de reunião, visto que o Templo fechou suas portas a Jesus, aos Doze e a Paulo. A casa de Deus não é mais, para eles, um templo, uma construção, mas é o próprio grupo que se reúne. Este grupo é a Igreja de Deus. A Igreja começou com o relacionamento das famílias entre si.

j) Este conjunto de grupos reunidos nas casas forma a cha-mada “Igreja local”, isto é, o conjunto de vários grupos de uma cidade ou região. Costumava-se dizer: Igreja de Jerusalém (At 11,22), Igreja de Antioquia (At 13,1; 15,3), Igreja de Cencréia (Rm 16,1), Igreja de Laodicéia (Cl 4,16), ou Igreja que está em Corinto (2Cor 1,1). Com o refrão “quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2,7.11.17.29; 3,6.13.22), os capítulos 2 e 3 do Apocalipse fazem referência às sete igrejas da Ásia Menor – Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Fila-délfia e Laodicéia – e aos elogios ou advertências que o Senhor Ressuscitado faz a cada uma delas.

l) A Igreja local (que podemos hoje chamar de rede de comunidades, paróquia ou diocese, conforme o nível a que nos referimos) é sempre um conjunto de grupos. Por sua vez, a comunhão das Igrejas locais forma a Igre-ja Universal. Portanto, os grupos não são isolados. Es-tão unidos na mesma e única Igreja de Cristo. A Igreja Universal é o Corpo de Cristo, formado de membros, isto é, de grupos. O Corpo de Cristo, a Igreja, é formado a partir de três dimensões: grupos, Igreja local (comu-nidade, paróquia e diocese) e Igreja Universal.

2.2 Fundamentação trinitária

a) O Deus dos cristãos é comunidade. Nosso Deus, em seu mistério trinitário, é uma comunidade, uma família, uma equipe, um grupo. Deus é comunhão, convive e age em grupo, eternamente. Deus é um só, na unidade de Três Pessoas que se amam tanto e tão bem que são

Page 31: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

30

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isum só Deus, um só ser, uma só vida. Sendo unidade na trindade, Deus decide tudo em grupo, em equipe, por-que tudo o que a Trindade Santa faz é comum às Três Pessoas Divinas. Deus não vive separado, não é solitá-rio, não é isolado, não é individualista. Deus é “Eu-Tu-Nós”. Esta unidade de Deus, sua vida em comunhão é o fundamento da Igreja, uma vez que Jesus pediu: “Pai, que todos sejam um” (Jo 17,21).

b) Deus, que é comunhão, criou o homem e a mulher para a comunhão. “Desde o início, a pessoa humana é, por natureza, um ser social” (Gaudium et Spes 12). Deus vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal. Ao criar o homem e a mulher, inscreve neles a capacidade de comunhão (Familiaris Consortio 11). Ser imagem e se-melhança de Deus é viver em comunidade, em grupo, em comunhão, é refletir na terra a realidade da vida trinitária de Deus no céu: “assim na terra como no céu”. A família, o grupo, a comunidade e a Igreja, cada qual no seu nível, são, na terra, expressões e sinais da Santís-sima Trindade, no céu. Trindade no céu, Igreja na terra. Trindade no céu, pequeno grupo na terra.

c) Aprouve a Deus chamar os homens e mulheres à parti-cipação de uma vida e assim constituí-los num só povo, num corpo (Ad Gentes 2). Deus é modelo daquilo que nós devemos ser como Igreja e como sociedade (Cate-quese Renovada 202). Cada Pessoa Divina, na Trindade, não existe para si, mas para as outras duas, com as ou-tras duas, nas outras duas. O que é próprio das Pessoas Divinas é a comunhão, o dom de si, o relacionar-se. Na Trindade, Deus vive uma vida onde tudo é comum. O viver de Deus é um “ser-em-equipe”, em grupo. Assim deverá ser a Igreja, povo de Deus. Daí a nossa preocu-pação com a “unidade na diversidade” e o nosso com-promisso com uma vida em comunhão, em equipe.

d) Amamos, servimos e glorificamos Deus-Trindade quan-do vivemos em comunhão, em grupo, como ele vive. A existência cristã é uma “existência trinitária”. Formar

Page 32: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

31

Igreja nas Casasgrupos de reflexão, oração e ação (como são os Grupos Bíblicos em Família) é um compromisso trinitário (Ca-tecismo da Igreja Católica 253-256).

e) A Igreja, que brota da Trindade, será uma comunidade de diálogo, de grupo, de união, de participação. Será, portanto, uma Igreja ministerial, ecumênica, solidária, transformadora. Viver em comunhão, em grupo, é a glória de Deus e a salvação da pessoa humana. “Que todos sejam um como nós somos um” (Jo 17,21). A Trindade é a gramática na qual se lê toda a história da salvação. A Trindade é a gramática da vida em grupo, em comunidade. A glória de Deus está na nossa comu-nhão, nos nossos Grupos Bíblicos em Família, grupos de reflexão, de oração, de vivência e de ação.

f) Quem se isola, não vive a dimensão trinitária da fé, co-loca a Trindade no exílio e vive o monoteísmo do An-tigo Testamento, não o monoteísmo trinitário do Novo Testamento. Nossos Grupos Bíblicos em Família devem ser o espelho da Trindade, um jeito humano de viver a vida da Trindade, em comunhão e participação.

g) O cristão vive em comunidade sob a ação do Espíri-to Santo, princípio invisível de unidade e comunhão, como também da unidade e variedade de estados de vida, ministérios e carismas (Documento de Puebla 638).

2.3 Fundamentação eclesiológica

a) A Igreja é o povo de Deus, que manifesta sua vida de comunhão e serviço evangelizador em diversos níveis e sob diversas formas (Documento de Puebla 618).

b) A Diocese, presidida pelo Bispo, é o primeiro espa-ço da comunhão e da missão (Documento de Aparecida 169). Em todas as suas comunidades e estruturas, ela é chamada a ser “comunidade missionária” (Documento de Aparecida 168). A Diocese é um território geográfico onde vivem pessoas e comunidades com determina-das características histórico-culturais, que se consti-

Page 33: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

32

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

istuem como uma porção da Igreja de Cristo, unida no mesmo Espírito, alimentada pelo mesmo Evangelho e a mesma Eucaristia e presidida pelo mesmo Bispo. Ela é uma Igreja Particular, que se constitui e vive na co-munhão da Igreja Universal, presidida pelo Papa. Na ação evangelizadora, tudo deve ser feito em unidade com o Bispo e com as opções, prioridades e decisões da Igreja diocesana.

c) Na Diocese devem florescer as paróquias e as comu-nidades cristãs, como células vivas e pujantes da vida eclesial (Documento de Santo Domingo 55).

d) As paróquias devem se tornar, mediante uma ação reno-vadora, espaços de iniciação cristã, da educação e cele-bração da fé, abertas à diversidade de carismas, serviços e ministérios. A paróquia, “comunidade de comunida-des”, deve ser o lugar privilegiado no qual a maioria dos fiéis tem uma experiência concreta de Cristo e da comu-nhão eclesial. As paróquias são chamadas a ser “casas e escolas de comunhão” (Documento de Aparecida 170).

e) Nas pequenas comunidades cresce o relacionamento interpessoal na fé, o aprofundamento da Palavra de Deus, a participação na Eucaristia, a comunhão com os pastores e um maior compromisso social (Documento de Aparecida 307-310). Nelas se acentua o compromisso com a família, com o trabalho e a comunidade local. As pequenas comunidades são a esperança da Igreja (Evangelii Nuntiandi 58).

f) A missão da Igreja e dos grupos Bíblicos em Família é: “Evangelizar, a partir do encontro com Jesus Cris-to, como discípulos missionários, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, promovendo a digni-dade da pessoa, renovando a comunidade, participan-do da construção de uma sociedade justa e solidária, “para que todos tenham Vida e a tenham em abun-dância” (Objetivo Geral da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2008-2010).

Page 34: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

33

Igreja nas Casasg) Tudo isso pode ser vivenciado no Grupo Bíblico em

Família, que é uma das possíveis formas de pequenas comunidades eclesiais. No Grupo Bíblico em Família é possível fazer experiência de Deus, vivência frater-na, formação bíblico-teológica e ação missionária (Do-cumento de Aparecida 226). O Grupo Bíblico em Família ajuda seus membros a serem discípulos missionários através do encontro com Cristo, da conversão, do disci-pulado, da comunhão e da missão (Documento de Apare-cida 278). No processo de formação de verdadeiros dis-cípulos missionários de Jesus Cristo, o Grupo Bíblico em Família pode ser um espaço de iniciação à vida cris-tã, como também de formação permanente (Documento de Aparecida 286-300).

2.4 Fundamentação pastoral

a) Muitos dos fiéis batizados não são evangelizados. As crianças que fazem a Primeira Comunhão Eucarística não perseveram, os jovens crismados somem da Igreja. Muitos casais casam-se na Igreja, mas depois não vi-vem como Igreja, não fazem de sua família uma “Igreja doméstica”. Essa defasagem entre a recepção dos sacra-mentos e o modo de viver a fé não está de acordo com o Evangelho de Cristo. É preciso que haja uma nova evangelização. Não podemos continuar sendo Igreja que se limita a distribuir sacramentos, sem a devida evangelização. Daí a razão pastoral dos Grupos Bíbli-cos em Família como um dos meios de evangelização.

b) Nesses grupos, pequenas células das comunidades e da paróquia, faz-se a experiência de Igreja nas casas, nas ruas e condomínios. Com os Grupos Bíblicos em Famí-lia não construímos templos de pedra ou madeira, mas comunidades vivas.

c) Os Grupos Bíblicos em Família são um belo modo de ser Igreja: Igreja missionária, Igreja nas ruas, nas casas, Igreja Povo de Deus. Não podemos permanecer na sa-cristia, nem na secretaria paroquial. Em vez de ficar re-

Page 35: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

34

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isclamando que o povo não vem às missas, às nossas reu-niões etc., nós é que temos de ir ao encontro do povo, ir aonde o povo está. Os verbos ir, sair, partir, caminhar, tão próprios da atividade missionária, são muito usa-dos no livro dos Atos dos Apóstolos para falar da ativi-dade missionária das primeiras comunidades cristãs.

d) Nos Grupos Bíblicos em Família há continuidade da catequese em família, da catequese com adultos. Neles surgem novas lideranças, vocações e ministérios.

e) A cultura e a sociedade atuais favorecem muito o ano-nimato e o individualismo. O ser humano, criado para a comunhão, não suporta a solidão, nem a massifica-ção. Almeja o encontro, o diálogo, a experiência de co-munidade. Os Grupos Bíblicos em Família oferecem oportunidade de encontro e associação, amizade e entre-ajuda.

f) Os Grupos Bíblicos em Família colaboram para que nossa ação pastoral, evangelizadora e missionária faça a passagem de uma pastoral da conservação para uma pastoral da criatividade, da renovação das estruturas, da conversão pastoral das pessoas, das comunidades e de toda a Igreja.

3 METODOLOGIA DOS GRUPOS BÍBLICOS EM FAMÍLIA

3.1 Princípios da metodologia participativa

Os Grupos Bíblicos em Família são um jeito ou uma for-ma diferente de educar, de conscientizar, de realizar a forma-ção dos cristãos. Não seguem os métodos da escola tradicional, onde um sabe e ensina, outro não sabe e aprende.

Nos grupos se realiza uma evangelização inculturada e uma educação libertadora, numa metodologia participativa, que se caracteriza pelos seguintes princípios:

Page 36: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

35

Igreja nas CasasTodos sabem.• Cada um vivencia e transmite experiências pessoais importantes. Em cada pessoa existe um saber, muitas vezes diferente do saber dos outros.

Ninguém ensina ninguém.• Juntos nos educamos, apren-demos e crescemos, num relacionamento franco, igua-litário, democrático e fraterno.

A pessoa é feita para o diálogo.• No grupo treinamos a arte do diálogo, que exige respeito, acolhida e escuta de cada pessoa. Valoriza-se o saber de todos. Acontece a partilha e a troca de idéias, experiências, conhecimen-tos e sugestões.

A pessoa é sujeito e nunca objeto.• O grupo é o espaço de liberdade para a pessoa expressar-se e agir com auto-nomia. O grupo favorece a criatividade e as diferentes iniciativas. Nele, educa-se para a liberdade na co-res-ponsabilidade.

O ponto de partida é sempre a realidade.• Começa-se com as perguntas e as preocupações da vida. Nos encontros dos grupos partimos dos fatos concretos da vida e da realidade das pessoas, da comunidade e da sociedade. Olhamos para a realidade.

Reflexão, ação e oração caminham juntas.• Liga-se fé e vida, teoria e prática.

É muito importante a celebração.• Celebra-se fé e vida, o compromisso com os irmãos e irmãs, as conquistas, as tristezas, alegrias e esperanças do grupo e da comuni-dade.

É muito importante o uso de símbolos e gestos• . Eles facili-tam a compreensão e vivência dos temas tratados.

3.2 Método dos Grupos Bíblicos em Família

Os encontros dos Grupos Bíblicos em Família partem da vida para chegar a “mais vida”, com nova visão, novo compro-misso, novas atitudes, novos sentimentos, nova prática. Trata-se de um método de evangelização a partir da realidade onde as

Page 37: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

36

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

ispessoas vivem, trabalham, estudam, celebram. Os Grupos Bí-blicos em Família seguem mais ou menos este caminho: ver – julgar – agir – celebrar.

a) Momento do ver: É a hora de olhar para a vida, para os fatos e acontecimentos, os problemas e as preocupações das nossas famílias e comunidades, do nosso país e do mundo. Ver com os olhos e o coração. Ver a realidade, como Jesus via no seu tempo. Por exemplo: ao ver a multidão de pessoas doentes e famintas, Jesus moveu-se de compaixão (Mt 9,36; 14,14; 15,29-32).

b) Momento de julgar: É a hora de iluminar a realidade com o olhar de Deus, com um olhar mais profundo. É a hora em que se faz uma reflexão e análise desta realidade à luz da Palavra de Deus e dos ensinamentos da Igreja. A realidade deve ser julgada a partir dos princípios evan-gélicos, que apresentam como valores máximos a pessoa humana, a vida, a justiça, a misericórdia, a solidarieda-de, o amor ao próximo. É hora de questionar:

Por que essas coisas acontecem? 9

Como Deus vê e julga esses fatos e acontecimentos? 9

O que a Palavra de Deus tem a nos dizer sobre isso? 9

O que precisa ser corrigido, mudado, para cami- 9nharmos na direção do projeto de Deus?

c) Momento do agir: É a hora de assumir ações concretas, com o objetivo de interferir na realidade para transfor-má-la, tornando-a mais de acordo com a vontade de Deus. É o compromisso com a mudança do nosso modo de ser, pensar e agir. É o compromisso com a participa-ção na comunidade, com as ações e organizações que nela existem, para enfrentar os problemas coletivos.

Diante da realidade do seu tempo, onde o povo era vítima da exploração, da doença, da miséria, da fome, Jesus assume uma prática libertadora que recupera a vida e a dignidade das pessoas: “Eu vim para que todos tenham vida em abundância” (Jo 10,10).

Page 38: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

37

Igreja nas Casas Pelo seu agir e sua maneira de atender as necessida-

des do povo, Jesus revela o amor que o Pai tem pela humanidade. O agir cristão, evangélico, tem em vista a transformação radical do ser humano, das famílias e comunidades, da cultura e da sociedade. Tem por obje-tivo a realização do Reino do Pai.

d) Momento de celebrar: É a hora da oração de súplica, de pedido de perdão, de oferecimento, de louvor, de ação de graças. É a hora de celebrar:

A fé e a vida, 9

A Palavra de Deus refletida e vivida, 9

O compromisso pessoal e comunitário ou do grupo, 9

As alegrias, esperanças e lutas, 9

As vitórias do dia-a-dia de nossa vida. 9

É importante que celebremos e rezemos com símbolos, ges-tos, preces, salmos, com muita fé, devoção e criatividade.

Esse método participativo, que segue os passos do ver, julgar, agir e celebrar, baseia a formação e a evangeliza-ção na reflexão, no estudo, na discussão, na oração e na ação. É muito importante, porque:

desperta a consciência crítica frente à realidade, 9

tira do comodismo, 9

compromete com a prática da Palavra de Deus e 9com os nossos irmãos e irmãs na transformação da sociedade e na construção do Reino de Deus.

3.3 Um exemplo bíblico

Este método dos Grupos Bíblicos em Família inspira-se na própria prática de Jesus. Podemos tomar como exemplo de um grupo o encontro de Jesus com os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35). Nele aparecem três pontos que devem estar sempre pre-sentes na leitura e na interpretação que fazemos da Bíblia e nos encontros dos nossos grupos.

Page 39: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

38

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isa) Reflexãosobrearealidade

Jesus se aproxima e caminha com os discípulos, sem ser reconhecido. Ele quer tomar parte na conversa e pergunta pe-los problemas que afligem a vida dos dois: “O que é que vocês estão conversando pelo caminho?” Eles param, com jeito triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe diz: “Você é o único morador de Jerusalém que não sabe o que aconteceu lá, nestes dias?” – “O que foi?” – perguntou ele.

O que Jesus queria era ficar bem por dentro do assunto da conversa. Após a dupla insistência de Jesus, os discípulos fala-ram do problema que estava matando neles a esperança.

Nos Grupos Bíblicos em Família colocam-se aqui algumas perguntas para ajudar nessa troca de idéias e de experiências em torno dos problemas da vida. As perguntas servem como sugestão. Cada grupo é livre para criar outras perguntas ou para debater livremente o assunto.

b) EstudodaprópriaBíblia

Depois que os discípulos de Emaús acabaram de contar o que tinha acontecido, Jesus começou a usar a Bíblia, dizendo aos dois: “Como vocês demoram a entender e a crer em tudo o que os profetas disseram! Pois era preciso que o Messias sofres-se e assim recebesse de Deus toda a glória”. E passou a explicar todas as passagens das Escrituras Sagradas que falavam dele, começando com os livros de Moisés, e os escritos de todos os profetas.

Jesus usou a Bíblia não tanto para interpretar e ensinar a Bíblia, mas para, com ela, interpretar os fatos da vida e animar os dois. Ele escolheu aqueles textos que poderiam iluminar os problemas da vida, naquele momento, e transformá-los em ape-lo de Deus à esperança, à fé e ao compromisso. A vida assim interpretada ajuda, por sua vez, a entender melhor o sentido da Bíblia.

Page 40: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

39

Igreja nas CasasNos Grupos Bíblicos em Família colocam-se aqui algu-

mas perguntas para aprofundar essa ligação que existe entre fé e vida.

c) Vivênciacomunitáriadoamorfraterno

Jesus andou com eles, conversou, criou um ambiente de abertura e confiança, e teve paciência para escutá-los. Com isso, o coração dos dois foi-se transformando.

A ligação entre vida e Bíblia ajuda as pessoas a descobri-rem os meios que favorecem, hoje, a conversão dos corações e a transformação da realidade. Isto estimula as pessoas a se senti-rem mais fortes para o compromisso cristão.

Nos Grupos Bíblicos em Família, após a reflexão sobre a realidade da vida de hoje e sua iluminação pela Palavra de Deus, são propostos compromissos de ação, de comunhão fra-terna, de ajuda mútua, de intervenção na realidade, em vista de encorajamento dos participantes para o testemunho da ressur-reição nos ambientes em que vivem.

d) Celebraçãodafénaressurreição

A conversa com os discípulos termina numa celebração. “Então Jesus entrou para ficar com os dois discípulos. Sentou-se à mesa, pegou o pão e deu graças a Deus. Depois partiu o pão e deu a eles. Aí os olhos deles foram abertos e reconhece-ram Jesus”.

A Bíblia só não basta! Ela apenas esquenta o coração. Aqui-lo que realmente abre os olhos e faz reconhecer o Cristo presente na vida é a celebração. A celebração é o ponto de chegada, onde se vivem e se partilham as descobertas feitas, numa comunhão misteriosa dos discípulos entre si e com Jesus no meio deles. É a hora de assumir e de reforçar o compromisso, que faz os dois enfrentarem a escuridão da noite, sem medo, para correrem e anunciarem o Cristo ressuscitado. “Eles se levantaram e foram logo para Jerusalém, onde encontraram os onze reunidos com os outros. Então contaram o que havia acontecido e como ti-nham reconhecido o Senhor quando ele partiu o pão”.

Page 41: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

40

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isOnde encontrar o Cristo hoje? Acabamos de ver como os

discípulos de Emaús estavam tristes porque pensavam que ele tivesse sido morto para sempre. Mas Jesus colocou-se ao lado deles, recordou as Escrituras e deu-se a conhecer na partilha do pão. Os membros dos Grupos Bíblicos em Família podem encontrar o Cristo hoje:

nos membros da própria família: cônjuge, pais, filhos, • familiares mais próximos;

no companheiro, na companheira que caminham ao nos-• so lado, e em nossos irmãos e irmãs mais necessitados;

nos pobres, doentes, portadores de HIV, pessoas caren-• tes, menores abandonados, crianças de rua;

na Palavra de Deus contida na Bíblia e na vida;•

na Eucaristia;•

na partilha do pão, dos dons e dos bens;•

na vida em comunidade;•

nos Grupos Bíblicos em Família;•

na cruz de cada dia, no sofrimento a ser assumido, na • luta a ser enfrentada;

na assembleia reunida para a oração e a celebração;•

nas autoridades da Igreja, no ensinamento de nossos • pastores.

4 FUNCIONAMENTO DOS GRUPOS BÍBLICOS EM FAMÍLIA

4.1 Condições para o bom andamento do grupo

Para que se alcance o objetivo e o bom funcionamento do grupo, deve-se atender a alguns princípios básicos:

Que todos se conheçam e se sintam bem acolhidos no • grupo.

Page 42: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

41

Igreja nas CasasQue cada um se identifique com o grupo, e que se crie • um clima de simpatia, liberdade, amizade e confiança.

Que o grupo tenha objetivos claros e bem definidos.•

Que todos tenham iniciativas e sejam criativos, ajudan-• do o grupo a crescer em qualidade.

Que haja distribuição de tarefas, para criar um senso de • responsabilidade em cada membro do grupo.

Que cada membro se sinta útil e importante; que nin-• guém fique por fora, marginalizado.

Que se dê importância para a avaliação e para revisões • efetivas e objetivas das atividades.

Que as conclusões dos assuntos e compromissos sejam • assumidos a partir do grupo e não apenas do animador ou animadora.

Que não se fuja do assunto em debate.•

Que não se tenha medo de críticas; que se ponham as • cartas na mesa, para evitar fofocas; que todos e cada um se deixem avaliar.

Que todos saibam que o bom andamento do grupo de-• pende de cada um dos participantes; que a colaboração de cada qual é muito importante, indispensável; que não se espere tudo do animador ou animadora.

Que haja alegria, otimismo, criatividade, amizade, • pontualidade.

Que se escolham pessoas com jeito e condições para • animar o grupo.

Que o animador, a animadora não acumule muitas • lideranças.

Que o encontro seja bem preparado, dias antes, pelo • animador ou animadora.

Que o grupo se organize de tal forma que, quando o • animador ou animadora não puder estar, outra pessoa se prepare e assuma esse papel.

Page 43: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

42

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isQue se crie um clima gostoso e de amizade no encontro • do grupo, o qual é também um encontro de amigos, de irmãos e irmãs.

Que se use de criatividade para animar o grupo (violão, • cantos, chimarrão, cafezinho, bate-papo).

Que os encontros aconteçam, de preferência, sema-• nalmente.

4.2 Ações práticas dos Grupos Bíblicos em Família

Além das reuniões para reflexão e oração, os Grupos po-dem se ocupar de outras atividades, como:

encontros, passeios, dias de lazer do próprio grupo;•

encontros, celebrações com outros Grupos Bíblicos em • Família;

missas em setores, reunindo vários Grupos Bíblicos em • Família;

comemorações de aniversário, de batizados, de bodas • de matrimônio, confraternizações de Natal e Páscoa, amigo secreto;

participação em romarias, manifestações, concentra-• ções e mutirões;

ajuda às famílias pobres e aos doentes;•

ajuda às famílias que enfrentam problemas de alcoolis-• mo, drogas;

acompanhamento dos velórios e famílias enlutadas;•

coleta de abaixo-assinados propostos pela Igreja (paró-• quia ou diocese);

atuação em organizações e movimentos populares (as-• sociação de moradores, luta por moradia e terra, asso-ciações de desempregados, grupos de produção e de comercialização alternativa, sindicatos...);

Page 44: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

43

Igreja nas Casasreivindicação de escola, estrada, posto de saúde, cre-• ches, ou outras melhorias necessárias na comunidade;

cuidado com as situações especiais da comunidade: • crianças, jovens, idosos, desempregados;

coleta para doações, campanhas de solidariedade;•

tarefas na comunidade (festas do padroeiro, ajuda na • liturgia, limpeza da capela...).

4.3 Orientações práticas para os encontros

Preparação anterior: • distribuição das lideranças e suas tarefas (pode ser feita no final de cada encontro); pre-paração do ambiente (símbolos, ornamentação...); leitu-ras, cantos, orações. O bom andamento de cada encon-tro depende de sua preparação.

Acolhida:• pelos donos da casa, ou pelo animador ou ani-madora. Na chegada, receber bem os participantes. No início do encontro, apresentar as pessoas não conheci-das, acolher bem os que chegam pela primeira vez e os visitantes. Todas as pessoas devem se sentir bem, como membros da família de Deus.

Oração inicial:• criar um clima propício para o encontro com Deus e com os irmãos e irmãs, tomando consciên-cia da sua presença no meio do grupo. Lembrar o que Jesus disse: “Quando dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18,20).

Motivação do encontro:• é a hora de apresentar o tema e o objetivo do encontro. Há temas que são difíceis de se-rem tratados, como assuntos de política, de economia, de pluralismo religioso e outros temas sociais. Mas, não é por serem difíceis ou complicados que se deve fugir deles. Ao contrário, aí mesmo é que se deve estudá-los e conversar sobre eles.

Proclamação da Palavra de Deus:• é o momento central do encontro, quando se lê o texto bíblico que ilumina

Page 45: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

44

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

iso tema do encontro e os fatos da vida. Deve-se ter um grande amor e respeito pela Bíblia.

Aprofundamento da Palavra de Deus:• é o esforço para compreender o que Deus nos quer dizer na Palavra proclamada.

Momento de conversa:• sobre a Palavra de Deus, sobre o tema, sobre a vida. Com toda a liberdade de filhos e filhas de Deus, os participantes expõem suas idéias, inspirações, opiniões. É hora de deixar falar a mente e o coração.

Compromisso:• em resposta aos apelos feitos pela reali-dade e pela Palavra de Deus, é importante que em cada encontro sejam assumidas algumas ações concretas que poderiam ser partilhadas no encontro seguinte.

Oração e bênção:• é o momento de celebrar o compromis-so assumido, de invocar a bênção de Deus, para que, fortalecidos pela sua graça, todos continuem firmes na participação da comunidade e na proposta de Jesus Cristo. Motivem-se orações espontâneas: pedidos, ofe-recimentos, louvores, agradecimentos, pedidos de per-dão, compromissos, adoração.

Programação do próximo encontro:• Marcar data, local, ho-rário; distribuir as tarefas, etc.

Música e cantos:• são muito importantes, pois, como sa-bemos, “quem canta, reza duas vezes”. Entre os di-versos momentos do encontro, podem-se intercalar cantos, refrões e outras músicas, que tenham ligação com o tema.

5 FRUTOS DOS GRUPOS BÍBLICOS EM FAMÍLIA

Ajudam a comunidade a caminhar mais organizada, • com a participação e o compromisso de mais pessoas;

Promovem união nas famílias e nas comunidades;•

Page 46: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

45

Igreja nas CasasFavorecem o conhecimento da realidade e dos direitos • dos cidadãos e cidadãs;

Incentivam o diálogo aberto entre as pessoas;•

Despertam os carismas para os vários ministérios e • serviços;

Dão coragem e firmeza no compromisso com a luta • pela vida e pela justiça;

Despertam o senso crítico e a consciência política;•

Criam laços de fraternidade e amizade entre as pesso-• as, nas famílias, na vizinhança;

Libertam do medo de falar;•

Transformam os evangelizados em evangelizadores e • missionários;

Incentivam para a busca conjunta da solução dos • problemas;

Ajudam a entender a caminhada atual da Igreja;•

Tornam mais conhecida e vivida a Palavra de Deus;•

São força de renovação da Igreja;•

Favorecem o surgimento de uma nova estrutura de • Igreja, entendida como “rede de comunidades”;

Abrem caminhos para projetos alternativos (trabalho • com meninos e meninas de rua, grupos de geração de renda, etc...);

Ensinam a dar valor às idéias das outras pessoas;•

Ajudam as pessoas a se sentirem mais Igreja;•

Oportunizam celebrações vivas e comprometidas, nas • casas;

Fazem surgir vocações e ardor pela missão e evangeli-• zação;

Favorecem a promoção humana;•

Page 47: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

46

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isIncentivam os pobres a acreditar na força da união e da • comunhão;

Ajudam a viver melhor os acontecimentos e a realidade • que nos envolve;

Promovem o encontro com Jesus Cristo, a conversão, • o discipulado, a experiência da comunhão e o compro-misso missionário;

Favorecem a experiência de Deus, a formação bíblico-• teológica, a vivência fraterna e o espírito missionário;

Ajudam as pessoas a entenderem que a vida cristã é um • dom que deve ser assumido com alegria e esperança.

Page 48: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

SEGUNDA PARTE

ORIENTAÇÕES PARA

ANIMADORES E ANIMADORAS

DOS GRUPOS BÍBLICOS EM FAMÍLIA

Page 49: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão
Page 50: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

49

Igreja nas Casas1 MISSÃO DOS ANIMADORES E ANIMADORAS

DOS GRUPOS BÍBLICOS EM FAMÍLIA

A evangelização é missão e responsabilidade da Igreja toda. Todos os batizados e batizadas são chamados a evangeli-zar. Os cristãos leigos e leigas devem ter consciência de que são discípulos missionários e, por isso, sujeitos da evangelização. Exige-se, então, deles e delas uma adequada formação e pro-funda espiritualidade.

No exercício de sua liderança junto aos Grupos Bíblicos em Família, os animadores e animadoras estão realizando um trabalho evangelizador e missionário, estão anunciando a Boa-Nova da Salvação e do Reino de Deus.

O ministério do animador ou animadora é um serviço em vista do bom andamento do grupo e do crescimento dos seus participantes, na fé e no compromisso com Deus e com os ir-mãos e irmãs.

1.1 Quem é o animador, a animadora?

É uma pessoa que:

convida e anima as pessoas a participar do grupo;•

sabe acolher;•

tem os pés no chão, os olhos na realidade, a Bíblia na • mão, o coração na comunidade;

é convicta da importância dos Grupos Bíblicos em • Família;

transmite sua motivação a todas as pessoas;•

usa essas motivações para gerar expectativas, esperan-• ça, novas atitudes;

leva outras pessoas a acreditar no grupo, a amar o gru-• po e a se converter ao grupo;

não desanima e não é negativista e nem derrotista;•

vive e transmite a alegria cristã;•

Page 51: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

50

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

issabe o que quer, tem visão das coisas, tem objetivos • claros;

sabe agir com firmeza e, ao mesmo tempo, com ternura• .

1.2 Papel do animador, da animadora

Cabe ao animador ou animadora realizar os seguintes serviços:

Rezar pelo grupo e também por cada pessoa do grupo.•

Cuidar para que o grupo não seja muito grande, pois • deve haver tempo para todos terem vez e voz.

Visitar, sempre que possível, os membros do grupo.•

Convidar e motivar os vizinhos para participarem do • grupo, lembrando sempre o dia, a hora e o local do encontro.

Acreditar no grupo.•

Manter o grupo unido, firme e entusiasmado.•

Colocar sempre outra pessoa no seu lugar, quando • houver qualquer imprevisto. Nunca deixar o grupo sem rumo.

Juntar-se a outras lideranças que atuam na comunida-• de, buscando formar novos grupos.

Participar da vida da comunidade, dos encontros de • formação, das atividades da paróquia, da comarca e da Arquidiocese, buscando aprender.

Promover novas lideranças.•

Ter clareza e ajudar o grupo a entender o objetivo da • reunião.

Aceitar crítica e avaliação, para fortalecer o trabalho e • superar os problemas.

Ajudar o grupo a ser unido e torná-lo forte para a • ação.

Page 52: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

51

Igreja nas CasasTer consciência crítica.•

Ter espírito de serviço.•

Viver a fé, a esperança e o amor.•

Caminhar com a Igreja.•

Ser forte e não ceder ao desânimo.•

Saber distinguir a brincadeira daquilo que é sério.•

Acreditar no que faz.•

Confiar no grupo.•

Ser solidário com as pessoas em momentos de dor e • alegria.

Antes do encontro:

Preparar bem o encontro.•

Tomar conhecimento e estudar o assunto que será • tratado.

Ler e meditar o texto bíblico utilizado no encontro.•

Providenciar o que se pede para o encontro (cantos, • símbolos, orações...), como também usar da criativida-de e pedir ajuda a outras pessoas para a preparação do encontro.

Prever sempre o local e a hora exata do encontro.•

Distribuir as tarefas, para que as pessoas encarregadas • das leituras e dos cantos venham preparadas.

Estar atento aos acontecimentos alegres e tristes dos • membros do grupo (aniversários, doenças, mortes, nas-cimentos...).

Durante o encontro:

Acolher e valorizar as pessoas, de forma que se sintam • realmente à vontade.

Criar um clima positivo e alegre.•

Page 53: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

52

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isDar vez e voz aos participantes.• Aceitar as ideias e valorizar as experiências dos outros.• Decidir e assumir em conjunto.• Não ser dominador(a), nem autoritário(a).• Motivar as pessoas a falarem, respeitando também o • silêncio e a timidez das pessoas.Cuidar para que as pessoas não se desviem do assunto, • com comentários, falatórios, histórias.Não falar o tempo todo, como também não deixar al-• guém falar sozinho.Motivar para que os participantes tragam a Bíblia para • o encontro, pois ela é o instrumento principal dos GBF.Favorecer a participação de todos nos debates e nas • tarefas.Procurar ver sempre o lado positivo da questão, evitan-• do as críticas negativas.Responder as perguntas que lhe forem dirigidas (quan-• do não souber a resposta, diga que não sabe e que, se possível, trará a resposta no próximo encontro).Levar o grupo a conclusões e compromissos concretos.• Avaliar o encontro com o grupo. Ver o que foi bom e o • que pode ser melhorado.

1.3 Como superar as dificuldades?

Quando falta preparo, formação, metodologia e jeito de conduzir o encontro:

Recorrer à equipe de coordenação paroquial e/ou • comarcal;Pedir formação para animadores e animadoras e parti-• cipantes dos grupos.

Quando o animador ou animadora acumula lideranças:

Lembrar que o grupo precisa o máximo de atenção. Por • isso, evitar o acúmulo de funções.

Page 54: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

53

Igreja nas CasasDespertar novas lideranças no próprio grupo.•

Ter perspicácia para perceber carismas e dons que as • pessoas têm, e incentivá-las a assumirem serviços em favor da comunidade.

Quando falta uma visão clara de política geral e partidária:

Deixar claro que no Grupo não se faz política partidária.•

Lembrar e ensinar que a política, enquanto promoção • do bem comum, defesa dos direitos humanos, luta con-tra o desemprego, conscientização de justiça..., é dever de todos nós.

Buscar exemplos de ação política na Bíblia: Deus en-• frentou o poderoso faraó para libertar o povo da escra-vidão (Ex 3,1ss). Por causa de sua opção pelos pobres e pela defesa da vida humana, Jesus foi processado e morto pelo poder político.

Informar-se, junto à paróquia e à Arquidiocese, sobre • subsídios que ajudem na formação política dos cristãos.

Quando há fofocas:Ajudar as pessoas a superarem o vício da fofoca e das • intrigas.Ensinar a correção fraterna.• Não desanimar quando há fofoca, lembrar a • bem-aven-turança da perseguição (Mt 5, 11-12).

Quando falta clareza sobre a finalidade do grupo:

Informar-se sobre o que a Arquidiocese diz a respeito • dos Grupos Bíblicos em Família em suas Diretrizes para a Ação Evangelizadora.

Quando alguém só quer rezar e não quer seguir o livreto ou não quer refletir:

Lembrar que é próprio dos Grupos Bíblicos em Família • unir oração, reflexão à luz da Palavra e ação.

Page 55: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

54

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isNão esquecer: os Grupos Bíblicos em Família são um • modo moderno e atualizado de reviver a prática das primeiras comunidades cristãs.

Quando falta a participação dos homens e dos jovens:

Convidá-los de forma discreta, respeitando sua li-• berdade.

Quando alguém desvia o assunto:

Valorizar o que as pessoas estão conversando, mas • convidá-las, com jeito, a voltar para o assunto do dia. Pode-se fazer uma pergunta que provoque a volta ao tema central.

Anotar, se for o caso, o tema que os participantes estão • tratando e apresentá-lo à comissão de elaboração dos livretos, para ser tratado em algum encontro futuro.

Quando o grupo está desanimado:

Promover uma avaliação que favoreça a melhora do • grupo.

Ser criativo, criativa. Promover um retiro, um encontro • de lazer, ou passeio, ou uma missa junto com outros grupos.

Visitar as pessoas para conquistá-las. •

Quando o grupo é pequeno:

Valorizar quem participa, mesmo que sejam poucos.•

Ir ao encontro das pessoas e convidá-las.•

Quando o grupo é muito grande:

Motivar e enviar alguns dos seus membros a formarem • outros grupos.

Formar outros grupos é uma atitude missionária, evan-• gelizadora. Acreditar que a multiplicação dos grupos

Page 56: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

55

Igreja nas Casasfacilita que a Palavra de Deus chegue a mais casas e famílias.

Quando lideranças da paróquia não apoiam os grupos:

Conversar sobre o assunto no CPP, se for preciso e con-• veniente.

Manter o ânimo, na certeza de estar caminhando se-• gundo a orientação da Arquidiocese.

1.4 Como tratar os diferentes tipos de participantes dos Grupos Bíblicos em Família

É função do animador ou animadora estar atento à diver-sidade dos participantes, sabendo que todos têm qualidades que ajudam no crescimento do grupo, e têm limites que podem ser superados. Vejamos alguns tipos de participantes e a manei-ra como tratá-los:

Quando o TIPO é: O ANIMADOR age assim:

Perguntador/a: Só atrapalha. Quer a todo custo impor a sua opinião.

Não deve responder e nem posicionar-se. Deve perguntar o que o grupo está achando.

Cabeçudo/a: Não aceita argumentos. Não entende e não quer entender a opinião dos outros.

Deve pedir que aceite a opinião do grupo, e prometer que depois discutirá o assunto com ele/ela.

Mudo/a: Ou o assunto não lhe interessa, ou já está cansado/a, ou está totalmente por fora, ou é tímido/a, ou não quer falar.

Deve motivá-lo/a, perguntando o que está achando da discussão e pedir sua opinião. Nunca forçá-lo/a ou humilhá-lo/a.

Falador/a: Fala de tudo, o tempo todo, fugindo do tema. Tenta promover-se a si mesmo.

Com delicadeza, deve cortar-lhe a palavra: “Desculpe, mas estamos fora do tema, e há outros que querem falar”.

Tímido/a: Tem boas ideias, mas tem dificuldade de expressá-las.

Deve ajudá-lo/a, através de perguntas simples; e fazer elogios, quando merece. Isso ajuda a criar confiança.

Page 57: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

56

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isDistraído/a: De repente começa a falar de qualquer coisa, sem se lembrar do assunto do encontro.

Deve cortar-lhe a palavra com jeito, recordando-lhe o tema e pedindo sua opinião.

Detalhista: A pessoa que se enrola com pequenos detalhes, e não deixa o grupo caminhar.

Com bom humor, deve mostrar-lhe que os detalhes são importantes, mas não tanto. Os detalhes podem ficar para outra hora.

Seguro/a: Sempre disposto/a, disponível, seguro/a de si e de sua posição no grupo. Gosta de ouvir e aceita opiniões. Participa bem.

Deve pedir sempre sua opinião e agradecer sua contribuição. É uma grande ajuda no grupo.

Profundo/a: Fala pouco, mas participa. Quando fala, vai à raiz da questão. Não perde tempo em detalhes.

Não deve deixar que os demais se sintam julgados por ele. Evitar que o grupo comece a depender de suas opiniões.

Prático/a: Não liga muito para a teoria. Seus exemplos são da vida concreta, do real, muito simples. Ajuda o grupo a aterrissar.

Deve ajudá-lo a superar o simplismo, integrando o teórico e o prático. Deve lembrar a importância do estudo e da reflexão.

Legal: Consegue fazer rir com facilidade e contagia o grupo com seu otimismo. Alivia as tensões.

Deve aprender a valorizar esta pessoa, sem que o grupo vire bagunça.

Otimista: Sempre encontra o lado bom das coisas e das pessoas. Defende os mais fracos. Gosta de elogiar.

Deve valorizar este otimismo e ajudá-lo a perceber que há coisas negativas, que precisam ser vistas, para serem corrigidas.

2 ATITUDES QUE EXPRESSAM A ESPIRITUALIDA-DE DOS ANIMADORES E ANIMADORAS

Todo animador(a) de grupo evangeliza pela palavra e pelo testemunho de vida. Para isso contribuem as seguintes atitudes:

1. Escutar – Ter capacidade de escuta e de diálogo. Saber relacionar-se e valorizar as pessoas na sua diversida-de, descobrindo os seus valores. Não se sentir supe-rior a ninguém. Ter convicções profundas, mas não se considerar dono(a) da verdade.

Page 58: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

57

Igreja nas Casas2. Acolher e cultivar a ternura – Acolher a todos sem fazer

distinção de pessoas. Cultivar o cuidado, o carinho e a ternura no relacionamento com o grupo e com a comunidade.

3. Solidarizar-se – Estar atento(a) aos problemas de sua co-munidade, do seu grupo, sem cair em atitudes pater-nalistas ou autoritárias. Ter uma grande sensibilidade humana e social, com um forte sentido da justiça e da verdade.

4. Resistir – Perseverar nos momentos difíceis, sem desis-tir. Fazer-se presente quando e onde necessário.

5. Ter paciência e esperar – Saber que a paciência é uma das virtudes mais importantes do animador, da animado-ra. Olhar com esperança para o futuro.

6. Crer no Deus da vida – Cultivar uma relação pessoal profunda com Jesus Cristo e, nele, com o Pai e o Espí-rito Santo. Sem fé não há missão, não há verdadeira evangelização.

7. Amar na gratuidade – Ser uma presença amiga e gratui-ta. Ser capaz de amar e doar-se, sem esperar recom-pensa. Encontrar Jesus Cristo especialmente nos po-bres, nos que sofrem, já que eles são os preferidos de Deus. Percorrer com eles os caminhos do Evangelho, amando, como Jesus, até o fim.

8. Perseverar na oração – Alimentar a própria fé com a ora-ção diária, sem nunca desanimar. Aprender, na oração e na escuta da Palavra de Deus, a construir o Reino, com paciência e coragem.

9. Assumir a cruz – A missão nasce e cresce aos pés da cruz. Na vida cristã não há outro caminho possível a percorrer. A persistência e a paciência são frutos de uma cruz assumida com alegria. Viver a palavra de Jesus: “Quem quiser ser meu discípulo, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8,34).

Page 59: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

58

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

is10. Ser coerente – Seguir o exemplo de Jesus, que faz o que

diz: “Eu, vosso Mestre e Senhor, vos lavei os pés; tam-bém vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que, como eu vos fiz, assim façais tam-bém vós” (Jo 13,14-15).

3 TAREFAS DA COORDENAÇÃO DOS GRUPOS BÍ-BLICOS EM FAMÍLIA

Em cada Paróquia e em cada Comunidade haja uma equi-pe de Coordenação dos Grupos Bíblicos em Família para ani-mar e articular os grupos. A equipe tenha convicção do valor dos Grupos, clareza sobre suas finalidades, sua organização e seu funcionamento. Busque formação permanente: cursos de liderança, escolas bíblicas e teológicas etc.

Cabe à coordenação realizar as seguintes tarefas:

Visitar as casas da comunidade para formar novos Gru-• pos Bíblicos em Família, pondo em prática, em nome de Jesus, o lema: “Eis que estou à porta e bato” (Ap 3,20).

Incentivar as famílias a participarem dos grupos.•

Conscientizar a comunidade a respeito da importância • e finalidade dos GBF.

Ajudar a resolver problemas dos grupos. •

Visitar os grupos. •

Ajudar a organizar encontros de celebração e confrater-• nização dos grupos da comunidade e da paróquia.

Incentivar os grupos para a ação e participação nas ati-• vidades da comunidade e nos compromissos sociais.

Ajudar na organização e criação dos grupos da comu-• nidade.

Planejar e promover a realização dos encontros e cursos • de formação dos animadores e animadoras.

Page 60: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

59

Igreja nas CasasFazer reuniões periódicas com os animadores e ani-• madoras, para: estudo de cada novo livreto; troca de experiências; formação; avaliação do andamento dos grupos; planejamento de ações conjuntas.

Realizar encontros com todos os participantes dos • grupos da comunidade ou paróquia para celebração e confraternização (Advento e Natal, Quaresma e Pás-coa, Tempo Comum), para debate e aprofundamento de temas...

Participar do Conselho de Pastoral da comunidade e da • paróquia.

Orientar na troca e escolha de novos animadores e ani-• madoras, onde e quando necessário.

Providenciar material para os grupos e usar os livretos • produzidos pela Arquidiocese, contribuindo para uma verdadeira pastoral de conjunto.

Ter conhecimento da quantidade necessária de mate-• rial, para não deixar faltar e nem sobrar.

Encomendar com tempo, receber e distribuir os mate-• riais (livretos, folhetos, cartazes...) para os encontros, e organizar a forma de pagamento.

Participar de reuniões e encontros de formação promo-• vidos pela Arquidiocese e Comarca.

Tornar conhecido e pôr em prática o• lema dos Gru-pos Bíblicos em Família: “Eis que estou à porta e bato”(Ap 3,20).

Page 61: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão
Page 62: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

TERCEIRA PARTE

SÍNTESE GERAL

Page 63: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão
Page 64: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

63

Igreja nas CasasSÍNTESE GERAL

1 O que são Grupos Bíblicos em Família?

São grupos que se encontram “em família” (em clima fa-miliar) para rezar (oração), refletir a realidade à luz da Palavra de Deus (reflexão) e comprometer-se com a vida em todas as di-mensões (ação), visando a transformar as pessoas, as comunida-des e a sociedade.

2 Como surgiram?

O Concílio Vaticano II apresentou a Igreja como povo de Deus em comunhão, sinal e instrumento do Reino, pequeno re-banho no meio da sociedade.

Incentivou a leitura e o estudo da Bíblia, como alimento para a fé e o compromisso dos fiéis.

Para pôr em prática este novo modo de ser e viver a fé, a Igreja de Santa Catarina incentivou a criação dos Grupos de Reflexão, com o propósito de reunir pessoas para rezar e refletir a Palavra de Deus e, à sua luz, colaborar com a transformação da sociedade.

O projeto de evangelização “Rumo ao Novo Milênio” (1996-2000), instituído pela CNBB, fortaleceu os Grupos de Reflexão. Iluminou-os com o jeito de ser Igreja das primeiras comunidades cristãs. Fez deles instrumentos de evangelização inculturada, de renovação das comunidades no mundo urbano e rural e de presença eclesial na sociedade.

Na Assembleia Arquidiocesana de Pastoral de 2005, para enfatizar a centralidade da Bíblia e o espírito de família dos gru-pos, foi proposta e votada a mudança do nome e da sigla para: Grupos Bíblicos em Família (GBF).

3 Por que é prioridade?

Tanto a Igreja em Santa Catarina como a nossa Arquidio-cese entendem que os Grupos Bíblicos em Família são a Igreja

Page 65: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

64

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isna base, nas casas, no chão da vida. Neles é possível concen-trar diversas ações evangelizadoras e pastorais da Igreja, como a leitura refletida e orante da Bíblia, a catequese com adultos, o aprofundamento da fé, o despertar de vocações e ministérios, a formação de lideranças, a prática concreta do amor, a solução de conflitos pessoais e grupais.

Os Grupos Bíblicos em Família formam comunidades con-cretas de fé, porque manifestam a presença de Jesus no meio do povo (Mt 18,20) e testemunham a mensagem de esperança de Jesus Ressuscitado que prometeu permanecer conosco até os fins dos tempos (Mt 28,20).

4 Como os Grupos Bíblicos em Família se organi-zam na Arquidiocese?

A organização dos GBF começa na comunidade, e os gru-pos se organizam por ruas ou setores.

Em cada comunidade, paróquia e comarca haja uma equi-pe que coordene a articulação dos grupos e a criação de novos grupos; atenda à formação dos animadores e animadoras dos grupos; e organize, no respectivo nível, encontros para anima-dores, animadoras e membros de grupos.

Os Grupos Bíblicos em Família são orientados por uma Equipe Arquidiocesana de Coordenação que dinamiza e for-talece a sua caminhada. Cabe a essa equipe a organização de encontros arquidiocesanos para a formação de animadores e animadoras e a produção de subsídios, com a colaboração de uma equipe de elaboração e revisão de livretos-roteiros para uso dos Grupos Bíblicos em Família no decorrer do ano litúrgico.

Para o bom funcionamento dos GBF, é importante que cada comarca ou paróquia reserve um dia da semana para os grupos se encontrarem.

Page 66: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

65

Igreja nas Casas5 Qual a importância dos Grupos Bíblicos em Famí-

lia e por que participar?

Os Grupos Bíblicos em Família ajudam a pessoa a ter in-timidade com a Palavra de Deus, a refletir a vida à luz dessa Palavra e, assim, ir amadurecendo sua vida de fé.

Fortalecem os laços de amizade entre vizinhos, famí-lias e grupos, abrem espaço para a partilha do saber, incen-tivam a convivência no amor, na justiça, na solidariedade e na unidade.

Despertam vocações e lideranças para o serviço do Reino, nos diversos ministérios da Igreja.

Incentivam as pastorais, movimentos e grupos a criarem a comunhão na diversidade da Igreja.

Renovam a identidade do ser cristão e fortalecem a consci-ência da missão da Igreja, no compromisso com os ensinamen-tos e a prática de Jesus Cristo.

São uma forma de catequese contínua.

Evangelizam, encorajando os fieis a assumir os desafios do mundo atual, tais como o individualismo, a violência, a exclu-são e outros.

Buscam na prática da solidariedade, na promoção huma-na e no respeito mútuo a defesa da vida em todas as dimensões, dando continuidade ao projeto de Jesus que veio ”para que to-dos tenham vida em abundância” (Jo 10,10).

6 Como ser animador e animadora dos Grupos Bí-blicos em Família?

O animador/a animadora é uma pessoa entusiasmada pela Palavra de Deus e pela comunidade. Conhece a proposta dos Grupos Bíblicos em Família e assume a missão na gratuidade, no amor e na doação.

Page 67: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

66

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

isÉ uma pessoa alegre, perseverante, animada, consciente e

convicta de sua missão. Alimenta sua fé na oração e na escuta da Palavra de Deus.

É aprendiz, vive o discipulado junto ao mestre Jesus.

Tem como projeto de vida o anúncio do Evangelho.

Acredita no Deus da vida e da libertação, e tem esperança em Jesus ressuscitado, vitorioso.

Sabe escutar e dialogar, é paciente diante das diferenças e dificuldades, dando vez e voz a cada participante.

Busca a formação contínua, participa de encontros em âm-bito paroquial, comarcal e arquidiocesano.

Portanto:

Promover os Grupos Bíblicos em Família e participar deles ativamente é modo excelente de caminhar em comunhão com nossa Igreja Particular.

Os Grupos Bíblicos em Família ajudarão a alcançar o obje-tivo de nossa Ação Evangelizadora, dando testemunho de Jesus Cristo e da força transformadora de sua Palavra (Is 55,10s):

indo ao encontro do povo, e reunindo as pessoas em • pequenos grupos (nas casas, condomínios, apartamen-tos e outros), como Igreja doméstica, a exemplo das pri-meiras comunidades cristãs (At 2,42 );

incentivando a “espiritualidade de comunhão” (• Novo Millennio Ineunte 43) e favorecendo a experiência do amor e da unidade de Deus Uno e Trino;

celebrando a vida em comunidade e integrando oração, • reflexão e ação, no compromisso com o projeto de Jesus Cristo “para que todos tenham vida” (Jo 10,10);

despertando nas famílias e nos grupos os valores éticos • e cristãos, e mostrando as exigências de Deus no coti-diano da vida (Mt 5,ss);

Page 68: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

67

Igreja nas Casasvivendo a caridade e promovendo a solidariedade, • a partilha, a entre-ajuda e o amor fraterno entre os membros dos grupos e as comunidades em que vivem (Jo 13,12s).

Fontes Bibliográficas

ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLIS. Subsídio para formação de animadores e animadoras de Grupos de Reflexão, 1. ed. Florianópolis, 1999.

ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLIS. Subsídio: A Igreja nas casas, 2. ed. Florianópolis, 2002.

ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLIS. Folder dos Grupos Bíblicos em Família. Florianópolis, 2007.

DIOCESE DE CRICIÚMA. Orientações para animadores e animadoras – Grupos de Família. Florianópolis, 2001.

DIOCESE DE JOINVILLE. Por que Grupos de Reflexão. Joinville, 2000.

DIOCESE DE JOINVILLE. Cartilha para animadores/animadoras de Grupos de Reflexão. Joinville, 2000.

DIOCESE DE JOINVILLE. Visitação das casas para criação de Grupos de Reflexão. Ministério da Visitação. Joinville, 2002.

DOCUMENTO DE APARECIDA. Citações atinentes.

Page 69: dos Grupos Bíblicos em Família - arquifln.org.br · 3.1 Princípios da metodologia participativa ... Três características marcam os Grupos Bíblicos em Família: oração, reflexão

68

Arq

uidi

oces

e de

Flo

rian

ópol

is

EQUIPE DA PRIMEIRA REDAÇÃO:

Pe. Alvino Milani

Ir. Teresa do Nascimento

Diác. Wilson de Castro

Roberto Iunkowski

EQUIPE DA SEGUNDA REDAÇÃO

Maria Angelina da Silva

Sandra Aparecida Leoni

Pe. Vitor Galdino Feller

EQUIPE DA ATUAL REDAÇÃO

Pe. Carlos Rogério Groh

Ir. Clea Fuck

Pe. João Francisco Salm

Jupira Costa da Silva

Maria Angelina da Silva

Maria Glória da Silva Luz

Pe. Vitor Galdino Feller

Editoração eletrônica e Capa:

Atta (José Valmeci de Souza)

Coordenação Arquidiocesana de Pastoral

Pe. Vitor Galdino Feller

Leda Cassol Vendrúscolo