WWW.COMPUTERWORLD.COM.BR | MAIO/JUNHO DE 2014 | ANO XX | N O 561 | R$ 14,95 O PORTA-VOZ DO MERCADO DE TECNOLOGIA DA INFORMAçãO E COMUNICAçãO INCLUI NEGÓCIOS • TECNOLOGIA • LIDERANÇA Leia tambm: Nove companhias de Hadoop que sua empresa precisa conhecer | Como recrutar um cientista de dados EMPRESAS QUEREM TER DADOS PRECIOSOS PARA GANHAR MAIS COMPETITIVIDADE, MAS ENFRENTAM O DESAFIO DE ENCONTRAR A ESTRATéGIA CERTA PARA ANALISAR INFORMAçõES DE NEGóCIOS BIG DATA GESTÃO Agilidade exige repensar todos os processos para que a TI faça parte da estratgia de negócios LIDERANÇA Três passos para você ganhar velocidade e ser inovador
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www.computerworld.com.br | maio/junho de 2014 | ano XX | no 561 | r$ 14,95
o porta-voz do mercado de tecnologia da informação e comunicação
inclui
negócios • tecnologia • liderança
Leia tambem: Nove companhias de Hadoop que sua empresa precisa conhecer | Como recrutar um cientista de dados
empresas querem ter dados preciosos para ganhar mais competitividade, mas enfrentam o desafio de encontrar a estratégia
certa para analisar informações de negócios
big dataGestãoAgilidade exige repensar todos os processos para que a TI faça parte da estrategia de negócios
LiderançaTrês passos para você ganhar velocidade e ser inovador
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MAIO/JUNHO de 2014FIQUe ATUALIZAdO ACeSSANdO O SITe: www.COMpUTerwOrLd.COM.br
AGILIDADE EXIGE REPENSAR TODOS OS PROCESSOS
Entregas não realizadas, prazos não cumpridos, usuários insatisfeitos, oportunidades de mercado
perdidas, executivos pressionando, cobrança e equipe desmotivada. A culpa é da TI? n
egó
cio
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tecn
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Índice
Empresas querem ter a preciosidade dos dados analíticos para melhorar atendimento ao cliente, ser mais inovadoras e tomar decisões com maior velocidade, mas muitas ainda enfrentam o desafio de encontrar a estratégia certa para mensurar o valor das informações para seus negócios.
10 | CAPA
O SONHO DO BIG DATA
15Página
?MERCADO 8 MARCO CIVIL DA INTERNET
Nova lei exige que redes sociais simplifiquem termos de uso de contratos e esclareçam sobre proteção de informações dos internautas, muitas delas usadas para Big Data. Advogados recomendam que empresas coletem dados pessoais com cautela para evitar problemas na Justiça
GESTÃO15 DECISÕES ANALÍTICAS
Pesquisa da Forrester revela que a intuição é importante e precisa ser cultivada como qualidade e habilidade corporativa. Os executivos de negócios devem exercitar mais esse dom na hora de identificar qual informação é verdadeira para sua estratégia
TECNOLOGIA 18 ERA HADOOP
Antes reservado apenas aos grandes impérios da internet, como Google e Yahoo, o Hadoop começa agora a ser o queridinho das corporações. Veja nove empresas que fornecem essa tecnologia e que sua companhia precisa ficar de olho
CARREIRA 24 CIENTISTA DE DADOS
Os CIOs precisam ser criativos para encontrar pessoas com as competências adequadas e o ajuste certo para suas aspirações em torno de Big Data. Especialistas dão cinco dicas para vencer esse desafio
uando o assunto é Big Data, há um certo cenário de “ovo e galinha” nas corporações: por um lado, o excesso de termos técnicos em torno do assunto o torna mais complicado do que realmente é; de outro lado, é preciso dominar o assunto e criar
um road map corporativo, sob pena de, em pouco tempo, deixar a companhia comendo poeira da concorrência. Os executivos de TI sabem disso, mas também não sabem como sair desse loop.
A prova está num estudo sobre a agenda dos CIOs, produzido pelo Gartner, que aponta o tema BI/Analytics como prioridade número um na agenda 2014 dos brasileiros, passando à frente de mobilidade e cloud computing. No entanto, o mesmo relatório aponta que os projetos estão mais para sonho do que para realidade no Brasil, por conta das dificuldade em mensurar valor para os negócios, falta de estratégia e falta de talentos especializados. A sopa de letras envolvendo Big Data (BI, Business Analytics, data discovery, smart machine etc) é, segundo João Tapadinhas, diretor de pesquisas do Gartner, a principal responsável pela confusão. Na reportagem de capa desta edição, Donald Feinberg, analista e vice-presidente do Gartner, que sempre afirmou que Big Data não existe, diz que o tema não é um hype, é uma tendência e que o termo desaparecerá em aproximadamente dois anos, dando lugar para soluções de business analytics. Feinberg estima que em cinco anos haverá uma maior diversidade de soluções de gestão de informações para análises de dados para tratamento em tempo real. Os bancos de dados com processamento em memória devem sofrer queda de preços e aumentar a oferta no mercado, só para citar alguns fatores.
O que fazer então para arregaçar as mangas e começar a praticar o Big Data? Para o líder da área de Big Data da HP no Brasil, Rom Linhares, as empresas precisam
definir um “mapa do desejo” da análise de dados na corporação. O que, segundo ele, nada mais é do que juntar equipe de TI e executivos de negócios (Line of Business, o popular LOB) para pensar juntos para onde o analytics pode levar os negócios da companhia.
Ricardo Chisman, líder da Accenture Digital, divisão da Accenture Brasil, agrega mais um tijolinho na base: Big Data tem de fazer parte da agenda digital da organização.
Os executivos apontam para um elemento importante, que em última instância supera, na minha opinião, a busca por profissionais especializados ou mesmo a validação da tecnologia. Eles sugerem que TI abra o diálogo com negócios. Big Data é a melhor representação da convergência entre tecnologia e negócios; entre a empresa e seus consumidores; entre o marketing e a TI. Toda empresa hoje é digital e toda empresa hoje precisa pensar como uma empresa de marketing. Num cenário com consumidores altamente conectados 24x7, abrir mão do uso de tecnologias preditivas e de análise é um risco que nenhuma empresa deve correr. Montar uma agenda digital que seja desejada por toda a corporação é o grande exercício de negócios que um profissional de TI pode desejar. E, se você der o primeiro passo na direção de simplificar a sopa de letrinhas e apresentar as vantagens de entender o consumidor, tanto melhor para sua carreira executiva.
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pautada e forte em estatística, matemática, computação e negócios. Pra quem não conhece, recomendo dar uma pesquisada. Vale ressaltar que o curso foi avaliado com nota máxima pelo MEC (nota 5). www.portal.fagen.ufu.br.
Leitor: Humberto Henrique N. MonteiroReportagem: Cientista de dados é profissão do futuro
Importância da certificação Existe muita diferença em “dar carteirada”, dizendo que é certificado em “X”, o que sabe fazer e explicar que a certificação confirma a informação. Ao invés de escrever no currículo que “conhece ITIL”, pode-se listar alguns conhecimentos em SGS, etapas e ciclos de vida e ROI (...). São esses conhecimentos que fazem com que o currículo seja mais visto. Leitor: J. Prim
Reportagem: Pesquisa mostra como estão salários de TI
Segurança dos dados corporativos Mas não é só através da internet que os funcionários podem passar informações. O uso de celulares também deve ser considerado. Se a empresa fornece os celulares a seus funcionários o melhor mesmo é adotar um rastreador que vai permitir conhecer todas as comunicações efetuadas.
Leitor: Ednilson SouzaReportagem: Nova missão da TI: rastrear funcionários na internet
Especialistas em Big DataAchei bem interessante a temática desse artigo com uma pequena ressalva quanto ao desconhecimento do curso de Gestão da Informação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Apesar do nome igual a outros cursos com focos diferentes, é o primeiro e talvez único curso de graduação no Brasil com foco em Big Data. A grade curricular é bem
envie SeU e-maiL paRa [email protected]@O ponto de encontro dos leitores da COmputerwOrld
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O qUe vOCê Só enCOnTRa nO SiTe Da COmpUTeRWORLD
Pesquisa de salários de TI no Brasil mostra vantagem das certificações
FAle COm
A CloudCampus, centro de treinamento em nuvem com 4,5 mil alunos conectados em cursos sobre redes e data centers concluiu uma
pesquisa salarial envolvendo alguns dos principais cargos nessa área. O levantamento analisou cerca de 300 questionários, respondidos por empresas clientes e profissionais que fazem cursos de especialização ou certificação da organização.
Segundo o estudo, a remuneração de um Diretor de Informática (ou CIO) apresenta grandes variações de acordo com o porte ou complexidade da empresa, podendo atingir os R$ 55 mil em caso de grandes ambientes de operações, como é o caso de um data center financeiro ou de telecomunicações. Pode também ficar abaixo dos R$ 10 mil, em empresas de médio porte nas quais a TI não está no centro do negócio.
“Este levantamento mostrou também que um profissional com certificação de líderes de mercado como Cisco ou Oracle conseguem, em média, uma remuneração 30% maior que a dos demais”, afirma
José Carlos Vitorino, diretor da CloudCampus. A variação também acontece de acordo com a região ou o porte do município, não sendo esta, no entanto, a variável mais impactante.
médias regionais – Em São Paulo, Rio, Brasília, Curitiba, Salvador, Maceió, Recife e o Interior de São Paulo, a remuneração média, excluindo-se os valores extremos para cima ou para baixo do CIO, está em R$ 17,5 mil, para profissionais com mais de cinco anos de mercado, e R$ 14 mil para diretores com menor experiência.
No Brasil, a remuneração dos gerentes de TI varia de um mínimo de R$ 6 mil até o máximo de R$ 17, 5 mil, sendo de R$ 8 mil o salário regular dos gerentes juniores e R$ 11,5 mil para os seniores.
O objetivo da pesquisa é levar aos alunos do centro de treinamento, informações de interesse de suas carreiras e avaliar o impacto das certificações técnicas na expectativa salarial dos profissionais de TI.
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NEWSLETTERSAssine as newsletters online diárias do grupo NOw!dIGItAl e passe a receber as informações mais importantes do setor.ACeSSe: www.computerworld.com.br
Escassez de mão de obra Creio que parte deste problema está ligado diretamente a falta de fiscalização nas contratações que deixam de oferecer salários dentro da legislação. Hoje, com as novas modalidades de CLT, um profissional, quando em fim de projeto, é mandando embora recebe somente 20% dos seus direitos, já que tudo que recebia era pago fora da carteira brasileira de trabalho. Outra situação que vem ocorrendo são as ofertas salariais que regrediram ao teto oferecido no ano de 2008. (...). Veja só, tenho certificação atualizada e inglês fluente e mais de 22 anos de experiência e estou fora da área de TI. Recebo propostas de trabalho que me oferecem salário do tempo da onça. Atualmente sou professor, com menos stress e não preciso fazer hora extra para ficar em banco de horas.
Leitor: Luis W.Reportagem: Déficit de talentos de TI no Brasil pode chegar a 408 mil em 2020
Cargo Remuneração mínima
Remuneração máxima média Júnior média
plenoCiO/Diretores de Ti R$ 10.000,00 R$ 55.000,00 R$14.000,00 R$17.500,00
Gerentes de Ti R$ 6.000,00 R$ 17.500,00 R$ 8.000,00 R$11.500,00analista de Suporte R$ 1.000,00 R$ 4.500,00 R$ 1.800,00 R$ 2.500,00
pode definir o fracasso ou o sucesso de uma empresa”
marco civil da Internet exige que redes sociais simplifiquem termos de uso de seus contratos e esclareçam sobre a proteção de informações dos internautas, muitas usadas para estratégias de Big data
C om ferramentas analíticas as
organizações podem conhecer mais
seus consumidores, melhorar o
atendimento, aprimorar produtos e
oferecer serviços personalizados. Entretanto,
advogados alertam para a necessidade de as
iniciativas passarem por questões legais. O
tema foi debatido em o evento “Big Data –
Uma questão urgente a ser enfrentada pelas
empresas”, realizado em maio, pelo Conselho
de Tecnologia da Informação da Federação
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do
Estado de São Paulo (FecomercioSP).
A entrada em vigor do Marco Civil
brasileiro da Internet determina que redes
sociais e organizações devem conhecer as
novas regras que protegem informações
dos usuários para não incorrer em erros
na coleta de informações pessoais, sem
consentimento deles. A manipulação
indevida pode trazer problemas na Justiça.
O advogado Renato Opice Blum,
presidente do Conselho de Tecnologia da
Informação da FecomercioSP, observa
que o volume de dados no mundo e
Brasil cresce exponencialmente e quando
minerado pode ter um grande valor para os
negócios. “Hoje o ativo informação pode
definir o fracasso ou o sucesso de uma
edIleuza SoareS
maior cautela na coleta de dados pessoais
empresa”, diz o advogado.
Em breve, com a evolução das
redes 4G, Internet das Coisas e novas
tecnologias como as de banco de dados
em memória, as companhias vão poder
capturar qualquer tipo de informação
em tempo real, colocando o Big Data em
total plenitude. Mas é claro que até lá,
as organizações ainda terão de derrubar
muitas barreiras.
Usina de dadosAs redes sociais são uma grande usina para
produção de dados. Esse fenômeno ocorre
com mais intensidade no Brasil do que em
outros mercados. Opice Blum menciona
pesquisas da PwC que revelam que os
brasileiros acessam hoje esse serviço três
vezes mais que os Estados Unidos, mesmo
com as deficiências atuais da banda larga.
Como resultado disso, os dados que
circulam nessas redes passam a ser
analisados por muitas companhias, que com
base em ferramentas analíticas, podem saber
tudo sobre os internautas como hábitos de
consumo, quanto ganham, onde moram,
locais por onde transitam, se têm filhos etc.
“Muitos serviços vivem da coleta desses
dados”, observa o advogado, lembrando
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Rony Vainzof, vice-presidente do conselho de tecnologia da informação da fecomerciosP
que muitas informações pessoais são
obtidas com consentimento dos próprios
internautas, que deram permissão quando
acessaram o contrato dos termos de uso de
empresas, como Google, Facebook, Twitter,
WhatsApp, Instagram etc.
“Será que as pessoas avaliam os contratos
de uso desses serviços?”, questiona. “Todo
mundo baixa o aplicativo e dá ‘Ok’ rápido
para não ler os termos”. Agora com o Marco
Civil da internet, todas essas empresas
que estão no Brasil terão de informar
corretamente sobre essa questão da coleta
dos dados, afirma o advogado.
Opice Blum explica que o Marco Civil
da internet estabeleceu direitos e garantias
dos usuários. De acordo com o Art.7o, “O
acesso à Internet é essencial ao exercício
da cidadania e ao usuário são assegurados
os seguintes direitos: à inviolabilidade e o
sigilo de suas comunicações pela Internet,
salvo por ordem judicial, nas hipóteses e
na forma que a lei estabelecer para fins
de investigação criminal ou instrução
processual penal.”
As empresas também precisam informar
onde os dados estão sendo armazenados.
Outro advogado especializado em direito
digital, Rony Vainzof, vice-presidente do
Conselho de Tecnologia da Informação
da FecomercioSP, acrescenta que todas
as redes sociais internacionais que estão
operando no País e coletam dados de
brasileiros no mercado local terão de
respeitar a nova regulamentação.
Vainzof cita como exemplo o caso
polêmico envolvendo o Facebook e a
empresa desenvolvedora do aplicativo
Lulu, disponível apenas para mulheres,
que permite avaliações de forma anônima
do perfil de homens pela rede social. Ação
na Justiça de um usuário brasileiro do
Facebook considerou o uso indevido dos
dados pela mídia social.
Com esse caso, o advogado adverte que as
companhias que compram dados pessoais,
que não sejam públicos, devem ficar atentas,
pois podem ser consideradas corresponsáveis
em processos como o do app Lulu.
Para o professor do Departamento de
Engenharia de Computação e Sistemas digitais
da Escola Politécnica (USP), Edison Gomi, Big
Data traz oportunidades de negócios, desde
que seja implementado corretamente.
Ele acha que os internautas autorizam o uso
de seus dados pessoais, sem ler os termos de
uso dos serviços porque têm a ilusão de que
nada vai acontecer. É como se eles estivessem
comprando em lojas de e-commerce ou
marcando uma consulta com médicos de sua
preferência em que as relações são na base da
confiança. “Proibir uso de dados não é bom.
Por outro lado, tem que ter limites éticos e
legais”, opina o professor.
Já o CIO da Universidade Metodista
de São Paulo, Daví Betts, acha que os
internautas precisam passar por um
processo de educação e entenderem que
tudo na web tem seu preço. Assim, os
dados deles têm valor e não devem ser
fornecidos de graça.
A recomendação de advogados e de
especialistas é que os projetos de Big Data
passem não apenas pelas questões de
estratégias de negócios, tecnologia e mão
de obra capacitada. As empresas devem
também avaliar como as questões legais
podem impactar as iniciativas.
Companhias que compram dados
pessoais, que não sejam públicos,
devem ficar atentas
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CAPA
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BiG dATAempresas brasileiras querem ter dados analíticos para tomar decisão de
negócios, mas esbarram na falta de estratégia, apontam estudos do Gartner
OPINIÃO [Mike Hugos]Três passos para ser rápido e inovador
Pág.
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OPINIÃO [Craig Le CLair]Para ser ágil, desenvolva-se em dez dimensoes 3
Pág.
negócios • tecnologia • liderança
apesar de simples, as práticas
ágeis requerem mudanças culturais,
processuais e foco que
vão além do departamento
de ti
Agilidade exige repensar todos os processos
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opiniãoCr aig Le CL air*
Descubra o real significado de
agilidadePara ser realmente ágeis, as empresas devem desenvolver-se em 10 dimensões, em três áreas: mercado, organização e processo
empresas e executivos de TI pensam sobre a agilidade de forma diferente. Para entender agilidade, precisamos primeiro definir o que isso significa.
Agilidade nos negócios é a qualidade que permite a uma empresa abraçar as mudanças operacionais e de mercado, como uma questão de rotina.
Uma empresa ágil torna proficiente a condução das mudanças, se essas mudanças forem impulsionadas por tendências de mercado ou processos operacionais. Ela responde rapidamente às ameaças e oportunidades, e executa as mudanças de uma forma sustentável. Mas poucas empresas estão neste nível.
Então, por onde começar? Para ser realmente ágil, as empresas devem desenvolver-se em 10 dimensões, em três áreas: mercado, organização e processo.
Agilidade de mercado exige conhecimento e execução em duas áreas: a receptividade do mercado e a integração do canal.
Agilidade organizacional requer excelência na disseminação do conhecimento, na gestão de mudança e na psicologia digital.
Agilidade de processo permite a execução bem sucedida. Empresas ágeis investem na implantação de inteligência de negócios, têm elasticidade, alavancam metodologias de processos, infraestruturas e plataformas modernas, oferecem inovação em software mais rápido e são mais adaptáveis ao sourcing.
Porém, nem todas as dimensões são iguais. Por isso, pedimos a executivos em muitas funções de negócios que
apontassem as dimensões mais críticas para a manutenção da agilidade. Eles elegeram inteligência de negócios, gestão de mudança e receptividade do mercado como as mais importantes. Psicologia digital, disseminação do conhecimento e sourcing como importantes. E elasticidade da infraestrutura, arquitetura de processos, integração de canais e inovação de software como as menos importantes.
Para ajudar a moldar a capacidade da empresa para responder ao risco estratégico, as habilidades, perspectivas e estratégias do CIO precisam se alinhar com esta definição mais ampla de agilidade nos negócios. Isso permitirá uma conversa mais substancial com o negócio e que os CIOs possam mapear competências específicas para o desempenho dos negócios. CIO
* Craig Le Clair é vicepresidente e principal analista da Forrester research
Para obter resultados diferentes é preciso fazer diferente
E ntregas não realizadas, prazos não cumpridos, usuários insatisfeitos, oportunidades de mercado perdidas,
executivos pressionando, cobrança, equipe desmotivada. Normalmente, sempre por “culpa da TI”. Este cenário é muito comum e a “necessidade” de se encontrar um culpado faz a corda arrebentar para o lado mais fraco. Este lado quase sempre é a equipe de Tecnologia, que muitas vezes, não é vista ou tida como estratégica e funciona como uma anotadora de pedidos, que precisa fazer as entregas a qualquer custo.
Nem sempre prazos apertados ou impossíveis, falta de definição dos requisitos, mudanças de escopo constantes e falta de comprometimento de outras áreas envolvidas são levados em consideração para se avaliar o melhor direcionamento para o projeto. Nada! O importante é encontrar logo o culpado e “passar o mico”. A bomba vai estourar na ponta e a ponta é exatamente quem vai fazer a entrega final, a TI. Estas equipes, muitas vezes, atuam com seus “heróis”, tentando recuperar o tempo perdido. Fazem de tudo, viram a noite, perdem os finais de semana e feriados. Mas, no final, não entregam, perdem o prazo ou geram produtos sem qualidade. O maior problema, porém, é a insistência em repetir esta sistemática. E isso se repete e se repete e se repete... Não vai dar certo! Vai dar problema de novo e mais cobranças e desconfianças sobre a área de Tecnologia.
É isso que temos visto nas empresas por onde passamos. É um padrão. Obviamente, os CIOs se preocupam com esta situação,
gestãoCl áudio Barizon*
pois é sempre a sua área que está em xeque. Mas, como dizia o poeta: “os heróis morreram de overdose”. A solução não está por aí. Por mais preparados que sejam os profissionais de tecnologia, é melhor deixar as missões impossíveis para os Vingadores nas salas de cinema.
Para obtermos resultados diferentes, precisamos fazer diferente! É importante olhar todo o processo e comprometer todos os envolvidos (e não apenas a TI), fazendo com que as áreas trabalhem e funcionem de forma colaborativa. Não é fácil na cultura de empresas que ainda insistem em encontrar culpados e, por isso, o trabalho precisa ser mais profundo. Ele passa por uma transformação e mexe na cultura, nas pessoas, e nos processos, para que todos entendam seu papel e se comprometam com a entrega final como uma equipe, independentemente da área em que atuam.
Parece simples, mas sabemos que não é tão fácil assim. Existem muitas questões envolvidas no ambiente corporativo: política, vaidade, metas dos executivos (normalmente, não convergentes), orçamento e etc., que acabam inibindo o comportamento desejado de colaboração e comprometimento com o mesmo fim. Muitas vezes, as equipes recebem a solução pronta a ser implementada. E este é o pior dos mundos. É muito importante que o time conheça a direção, a estratégia e tenha um propósito. Reunindo as competências corretas e, com o direcionamento adequado, a equipe vai encontrar as melhoras soluções. Ao fazer isso, conquista-se um dos maiores
A CulpA é dA TI?
*Cláudio Barizon é diretor de negócios digitais da
ingredientes do sucesso: engajamento.O caminho para esta mudança passa por
quebras de paradigmas e uso de práticas menos intuitivas, que compõem o arsenal existente de práticas ágeis. Desde que passamos a usá-las ou introduzi-las nas empresas, a realidade mudou para estas equipes. Mas, ainda assim, existe certa desconfiança sobre a utilização destas práticas: parecem frágeis, feitas “nas coxas” e soam como brincadeira – é “aquela turma dos post-its”. Afinal, as metodologias tradicionais de gestão de projetos ou de desenvolvimento de software estão aí há décadas, geram uma incrível quantidade de documentação e não deve haver nada mais robusto que isso, não é mesmo? Bem, não é bem assim.
Apesar de simples (muitos simples!), as práticas ágeis requerem muita disciplina e processos estruturados para garantir as entregas periódicas. Requerem ainda transparência e muita interação com o cliente, que acaba se envolvendo de tal forma com o método de trabalho e com o produto a ser entregue, que passa a ser o primeiro a defender a equipe de Tecnologia. Ele não é mais aquele “inimigo”, que fica mudando o escopo a cada instante e culpa o desenvolvimento pelo não cumprimento de prazo. A entrega é tão dele quanto de qualquer outro no time e a colaboração flui. Além disso, as mudanças, antes tão indesejadas pela TI e sempre motivo de conflitos, passam a fazer parte do processo de trabalho, direcionando as entregas para o maior valor agregado ao produto final.
Estas mudanças culturais, processuais e de foco não estão limitadas ao ambiente de Tecnologia, ali na ponta, onde o produto ou sistema será desenvolvido. Ao contrário, precisa ocorrer em todo o “value stream”, desde
seu início nas definições estratégicas e a escolha correta do portfólio (“o que fazer”). O foco é no valor a ser gerado pelo que se está entregando. Então, entender como captar este valor e medi-lo passa a ser de grande relevância e chave em todo o processo. A entrega (o desenvolvimento) também precisa ser bem feita, é claro!, e é importante ter este fluxo estruturado (o “como fazer”). Mas, a esta altura, o trabalho colaborativo já está estabelecido: uma transformação em todos os níveis, através da criação de uma cultura de participação, autonomia, engajamento, responsabilidade, transparência com muito trabalho em equipe para entrega de valor para o negócio. Simples assim. Cio
Líderes de TI podem criar processos rápidos e flexíveis para desenvolver e implementar novas aplicações de negócios. Esse processo tem de ser ágil, com a visão
clara dos profissionais de TI sobre como agir em passos rápidos e focados. Da mesma forma, executivos de TI podem usar o processo para impulsionar a inovação.
Agilidade e inovação são pensamentos que têm de começar no CIO. É seu trabalho colocar os processos corretos em andamento e se certificar de que as pessoas estão usando corretamente. Criei meu próprio processo de três passos chamado “defina-desenhe-construa”. É um guia simples e fácil de entender, por meio do qual é possível desenvolver qualquer novo sistema ou processo de negócio em três passos.
O passo “defina” leva de duas a seis semanas e custa de 5% a 10% do orçamento total do projeto. O “desenhe” pode durar de um a três meses e custar de 15% a 30% do orçamento. A fase final, “construa”, toma de dois a seus meses e consome entre 60% e 80% do orçamento. Você pode se perguntar como sei o cronograma sem conhecer cada projeto. A resposta é: esse é o tempo disponível se você realmente pretende ser ágil.
Da mesma forma, sei que o desenho do projeto vai custar de 15% a 30% do budget porque, se for gasto mais que isso, algo muito complexo está sendo desenvolvido. Projetos mais caros vão levar mais tempo que três meses para serem desenhados e, assim, tempo demais para serem concluídos. Em suma, se o trabalho não puder atender a esses requisitos, pare o projeto. Seja lá o que for que está sendo feito, não é nem inovador e nem ágil.
Outras coisas destacáveis do processo Em primeiro lugar, todo projeto necessita de uma pessoa dedicada a ele em tempo integral. Esta pessoa tem de ter as habilidades e a autoridade necessárias para fazer as coisas acontecerem e estar totalmente comprometida com o
sucesso da iniciativa. Eu chamo esta pessoa de “construtora do sistema”. Certifique-se de ter um bom construtor para cada projeto que você iniciar.
Em seguida, construa uma solução “80%” em vez de ficar buscando a perfeição. Evite a tentação de querer criar um sistema capaz de lidar com qualquer imprevisto. Fazer isto eleva o custo e a complexidade exponencialmente. Prefira ter um sistema capaz de lidar com as transações cotidianas e ter pessoas – não computadores – preparadas para lidar com as exceções. Assim se faz um sistema 10 vezes mais barato que o da concorrência.
Lembre-se de que grandes sistemas sempre são constituídos por uma coleção de subsistemas menores. Então, assim que o passo “Defina” estiver concluído, projetos enormes e multimilionários podem ser divididos em iniciativas menores para construir cada subsistema. Em vez de ter uma equipe para o grande projeto, este modelo permite que diversos pequenos grupos de profissionais desenvolvam cada parte, em paralelo. É assim que se faz um projeto em quatro vezes menos tempo que seus competidores.
A princípio, as pessoas podem acusar os CIOs que adotam um processo como o “Defina-Desenhe-Construa” de estarem pedindo demais e de não serem razoáveis. Admito que esses meus três passos têm sido chamados de “faça, faça, faça!”. Mas não desanime. O que você está pedindo é possível – equipes de TI podem alcançar altos níveis de performance. Dê às pessoas o treinamento que elas precisam e as oportunidades de aprender fazendo, mas não baixe seus padrões ou amplie prazos.
Quando seus empregados aprenderem o processo e se tornarem adeptos a ele, você vai ver a diferença. As pessoas irão criar um ar de autoconfiança e uma atitude positiva.
* Mike Hugos é getor da sCM globe e Cio-at-large no Center for systems innovation [c4si]
opinião
um dos aspectos mais importantes da liderança é garantir o uso inovador e ágil da tecnologia da informação. e não há mágica nisso
cada vez mais os ciOs precisam ser criativos para encontrar pessoas com as competências adequadas e o ajuste certo para suas aspirações em torno de Big Data
C om as oportunidades de explorar o
Big Data aumentando, executivos
voltam-se para um desafio igualmente
crescente: achar profissionais
especializados e cientistas de dados capazes
de capturar, armazenar, gerenciar e analisar
grandes volumes de dados não estruturados
em tempo real e fazer deles combustível para
aumentar os negócios.
O cientista de dados tem de saber
programação, ser capaz de criar modelos
estatísticos e ter o conhecimento e domínio
apropriado de negócios. Precisa também
compreender as diferentes plataformas de
Big Data e como elas funcionam.
Usualmente esse profissional é formado
em estatística, matemática ou ciências
da computação. Mas um estatístico não
necessariamente é um cientista de dados.
Um estatístico não manipula dados. Ele os
recebe em um arquivo e não participa do
caminho anterior.
O cientista de dados tem capacidade
analítica para identificar informações de
valor e fazer previsões de situações com
base na tecnologia de Big Data. Precisa
transformar tabelas de números em
palavras e ser bom em comunicação para
traduzir dados na linguagem dos negócios.
Lauren BrOuseLL, ciO/eua
como recrutar um cientista de dados
De fato, encontrar um profissional que
reúna características tão particulares não
é tarefa fácil. Você provavelmente não vai
encontrar candidatos com a frase “cientista
de dados” em seus currículos.
Cada vez mais os CIOs precisam ser
criativos para encontrar pessoas com as
competências adequadas e o ajuste certo
para suas aspirações em torno de Big Data.
Veja cinco dicas para recrutar ou
contratar esses profissionais.
1 Busque um time em vez de uma pessoaÉ possível encontrar candidatos com
n Ankur Prakash é vice-presidente para a América Latina da Tata Consultancy services (TCs)
Se questionarmos executivos e profissionais de tecnologia, marketing e de gestão podemos afirmar com toda
certeza que todos eles possuem muitas expectativas em relação ao Big Data. Diversas organizações ao redor do mundo começam a criar estruturas e maneiras de aplicar esse conceito inovador e, como consequência, obter retornos significativos para seus negócios.
Segundo o estudo de tendências globais de Big Data, publicado pela Tata Consultancy Services (TCS) em 2013, a busca por esse termo no Google passou de praticamente zero e explodiu nos últimos quatro anos. Os países mais interessados nessa busca são Estados Unidos, Canadá, Índia, Coreia do Sul, Austrália e Brasil, assim como boa parte da Europa Ocidental.
Apesar disso o estudo apontou que os investimentos em Big Data ainda estão abaixo do necessário, já que o valor médio por empresa não ultrapassou US$ 10 milhões. Para os executivos, a principal característica que dificulta a aplicação de Big Data é cultural, seguida por tecnológica e por último como interpretar os dados e aplicar os resultados nas decisões de negócios.
Então qual o segredo para utilizar o Big Data para produzir grandes negócios?
A tecnologia é um desafio, mas esse setor tem crescido muito nas últimas décadas, o que possibilita maior volume, velocidade e variedade para aplicação de Big Data. Hoje temos know how tecnológico suficiente para desenvolver com satisfação esse conceito nas empresas. Mas, para gerar grandes resultados precisamos transpor as barreiras culturais e, principalmente, saber como gerar negócios com tantas informações coletadas.
As empresas norte-americanas são as que registram as maiores iniciativas do segmento,
sendo que 68% das pesquisadas haviam aplicado Big Data já em 2012. No Brasil esse número chegou a 46%, um pouco abaixo da média mundial, que atingiu 53%. Porém, se levarmos em consideração a verba investida, percebemos que esse crescimento ainda está muito aquém do necessário. Naquela época o Brasil investiu somente US$ 3,8 milhões, quase três vezes menos que as potências mundiais.
Temos alguns desafios pela frente para conquistar grandes resultados, mas as perspectivas são boas, afinal, segundo esses mesmos executivos, já em 2015 a média de dólares aplicados em Big Data será US$ 17,5 milhões por empresa, um crescimento de 75% se comparado com 2012.
A utilização do Big Data possibilita o crescimento de tal forma que mesmo com poucos investimentos, 80% das empresas que aplicaram essa técnica conseguiram utilizar as informações para melhorar seus negócios e obter maior lucratividade.
Além disso, Big Data não é só para os países mais ricos, tampouco para setores específicos. O segmento de energia e recursos é um dos exemplos a serem seguidos. As empresas desse segmento são as que menos investiram nos últimos anos, mas as que mais obtiveram retorno. Conseguiram criar um modelo que apresentasse resultados significativos.
Os números da pesquisa mostra um futuro promissor para o Big Data e os retornos em volume de negócios podem ser imensos. O que é preciso é enxergar o real potencial do conceito e unir os profissionais de tecnologia, os executivos e todos os demais profissionais das organizações, propiciando assim que a grande quantidade de informações coletadas agregue valor à companhia e norteie o rumo dos negócios. Dessa forma entramos na geração do Big Data e do Big Business. n
Principal característica que dificulta a aplicação
desses projetos é cultural, seguida por tecnológica e por último como