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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ENGENHARIA - CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA 427 - Geração e Cogeração (Mestrado) CÉLULAS A COMBUSTÍVEL: TECNOLOGIA E APLICAÇÕES EM GERAÇÃO E COGERAÇÃO Mestrando: Róbinson Gerardo Trindade Portilla Erazo Docente: Prof. Dr. Ricardo Alan Verdú Ramos Ilha Solteira (SP), Julho de 2015.
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Células a Combustivel

Sep 05, 2015

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Róbinson Erazo

Monografia sobre o assunto da disciplina de Geração e Cogeração de Energia do PPGEM da Faculdade de Engenharia da Unesp - campus Ilha Solteira
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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JLIO DE MESQUITA FILHO

    FACULDADE DE ENGENHARIA - CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA MECNICA

    427 - Gerao e Cogerao (Mestrado)

    CLULAS A COMBUSTVEL: TECNOLOGIA E APLICAES

    EM GERAO E COGERAO

    Mestrando:

    Rbinson Gerardo Trindade Portilla Erazo

    Docente:

    Prof. Dr. Ricardo Alan Verd Ramos

    Ilha Solteira (SP), Julho de 2015.

  • 1 INTRODUO

    As clulas a combustvel so uma tecnologia com inmeras vantagens sobre a

    tecnologia dos motores de combusto interna. Esta, por sua vez, um patamar a mais na

    no histrico processo do ser humano dominar e controlar a combusto para seu prprio

    benefcio, se iniciando com a tecnologia de produo do fogo. De fato, pode se dizer

    que o sculo XIX foi a Era das Mquinas Trmicas. Contando motores de combusto

    interna de automveis, barcos, caminhes, avies, locomotivas, razovel que tenha a

    marca de unidades produzidas de motores de combusto interna tenha atingido a marca

    de 2 bilhes!

    Nos primrdios, o ser humano utilizava do calor e luz gerado pela combusto

    diretamente para cozer, aquecer objetos entre outras coisas. A partir do advento da

    Revoluo Industrial e das mquinas trmicas, a tecnologia permitiu a utilizao da

    energia qumica dos combustveis convertida em energia trmica e por meio de

    elaborados mecanismos produzir energia mecnica (e posteriormente energia eltrica).

    Esse esquema inerentemente ineficiente, pois h degradao da energia til (ou seja,

    exergia segundo a termodinmica) por meio do calor gerado e tambm no atrito das

    peas dos mecanismos. As clulas a combustvel so uma tecnologia que converte

    diretamente a energia qumica dos combustveis em energia eltrica, ou seja, mais

    direta, no apresenta partes mveis, no h degradao de energia na forma de calor e

    por isso a eficincia de clulas a combustvel no limitada pela eficincia de Carnot.

    As clulas a combustvel fazem parte de um grupo maior de dispositivos

    chamados de clulas eletroqumicas, em que uma reao qumica induz a uma corrente

    eltrica ou vice-versa. Veremos adiante sobre esse conceito.

    2 HISTRICO

    A primeira demonstrao de uma clula a combustvel foi realizada em 1839

    pelo juiz e fsico gals Sir William Grove, nomeada como bateria voltaica gasosa e se

    manteve at h pouco tempo como uma curiosidade cientfica e tecnologia simplria. A

    Agncia Espacial Norte Americana que reavivou a tecnologia nos tempos de Guerra

    Fria nos projetos de enviar o ser humano a Lua, conhecidos como projeto Gemini e

    Apolo. Nos mdulos espaciais as clulas a combustvel cumpriram a funo de gerar

  • energia eltrica com altssima confiabilidade, extremamente importante no espao, alm

    de gerar um precioso subproduto: gua potvel.

    Atualmente uma tecnologia em desenvolvimento, com plantas de gerao de

    energia em funcionamento, alguns veculos e produto para aquecer residncias.

    Entretando no uma tecnologia altamente difundida devido aos seus ainda altos

    custos. Para o futuro prximo as mais importantes aplicaes sero como fonte de

    energia para automveis e nibus, centrais geradoras de energia eltrica, gerao

    distribuda de energia (inclusive residencial) e como fonte de energia para telefones

    celulares e outros pequenos aparelhos eletrnicos.

    3 CONCEITO

    Acima citamos que as clulas a combustvel pertencem a um grupo de

    dispositivos chamados de clulas eletroqumicas nos quais uma reao qumica induz a

    uma corrente eltrica ou vice-versa. Um espcie desta categoria de dispositivos so as

    clulas voltaicas que produzem energia eltrica diretamente a partir de uma reao

    qumica, isto , so dispositivos de transformao energtica unidirecional (de energia

    qumica para energia eltrica). Dentre as clulas voltaicas temos dois tipos:

    1. Consumveis: so clulas voltaicas no aproveitveis depois da primeira

    descarga. Exemplo so as pilhas de lanterna e relgios.

    2. No consumveis: so reaproveitveis depois da primeira descarga, sendo

    divididas e duas categorias:

    Recarregveis: dispositivos em que a atividade reestabelecida por

    meio de um recarga por corrente eltrica. o caso das baterias de

    automveis e telefones celulares.

    Reabastecveis: dispositivo que sustentavelmente ativo porque seu

    consumvel continuamente reposto. Em geral os combustveis so

    fluidos (metanol, gs natural, gs hidrognio). Aqui que se situam as

    clulas a combustvel.

  • 4 FUNCIONAMENTO DA CLULA VOLTAICA

    O objetivo de uma clula voltaica prover um fluxo de eltrons em um circuito

    externo que possa gerar trabalho til. Para isso, a clula deve consistir de uma fonte e

    um sumidouro de eltrons.

    As clulas eletroqumicas apresentam reaes qumicas de oxidao e reduo

    (redox), sendo que a reao de oxidao gera eltrons (em grego oxs significa cido,

    ou seja, oxid-ao a ao de liberar ons H na gua e eltrons no nodo) e a reao de reduo absorve eltrons (reduzir aumentar a quantidade de eltrons que so negativos

    e ).

    Figura 1: A clula voltaica consiste de uma fonte e um sumidouro de eltrons.

    Assim, a clula voltaica uma combinao uma fonte de eltrons (ou ando) em

    que uma espcie qumica oxidada e entrega eltrons para uma carga externa. A fonte

    de eltrons conectada a um sumidouro de eltrons (ctodo) em que os eltrons gerados

    do nodo so absorvidos por meio de uma espcie qumica que reduzida. Ver Figura 1.

    Na construo de uma clula voltaica a oxidao e a reduo ocorrem em dois lugares

    fsicos distintos em que ocorrem as semi-reaes das clulas, separados por um

    eletrlito, condutor de ons mas no de eltrons. Os eltrons liberados pela oxidao

    podem apenas fluir por um circuito externo, estabelecendo uma corrente eltrica externa

    o objetivo da clula voltaica.

    Como exemplo podemos citar uma clula voltaica separada por uma membrana

    que conduz apenas os ons H . O gs hidrognio H 2 injetado no nodo e uma parte

  • dele se dissocia em 2H que se oxida em H e liberando um e . Como a membrana no condutora de eltrons, esses permanecero na superfcie dela enquanto os ons H iro se difundir para o lado ctodo. O lado do nodo se torna carregado negativamente por

    causa do excesso de eltrons e o lado do ctodo se torna carregado positivamente, assim

    se estabelece um potncial eltrico que gera o fluxo de corrente eltrica. Os eltrons

    chegando ao ctodo se combinam com os ons H2 e o O2 para formar a gua. A reao

    global a combinao de gs hidrognio e gs oxignio formando gua, uma reao

    altamente exotrmica, isto , liberadora de energia.

    5 CLASSIFICAO DAS CLULAS A COMBUTVEL

    Antes de seguir importante definir algumas siglas para os vrios tipos de

    clulas a combustvel existentes. Em geral, o que define o nome o eletrlito.

    AFC: Alkaline Fuel Cell

    PAFC: Phosphoric Acid Fuel Cell

    DMFC: Direct Methanol Fuel Cell

    MCFC: Molten Carbonate Fuel Cell

    SAFC: Solid Acid Fuel Cell

    SOFC: Solid Oxide Fuel Cell

    SPFC ou PEM: Solid Polymer Fuel Cell ou Proton

    Exchange Membrane

    MFC: Microbial Fuel Cell

    Destas tecnologias, as clulas do tipo AFC, MCFC e PAFC j so fbricadas

    comercialmente, mas parece que as tecnologias SPFC e SOFC tem boas chances de

    emergir como tecnolgias vitoriosas.

    A classificaes pode ser feita segundo os critrios de temperatura de

    operao, estado fsico do eletrlito, tipo do combustvel e aplicao, natureza

    qumica do eletrlito.

  • 5.1 Temperatura de Operao

    Observemos que quanto mais altas as temperaturas, mais rpida a reao

    qumica, ou seja, h um favorecimento da cintica qumica, sendo liberada mais energia

    eltrica. Entretanto altas temperaturas solicitam mais os materiais da clula a

    combustvel e ainda favorecem o efeito de contaminao por monxido de carbono CO.

    Podemos dividir a operao em trs faixas de temperatura:

    Baixa (70-200 C) : As tecnologias mais usuais nessa faixa de temperatura so as AFC, PAFC e SPFC (polimrica). Em aplicaes

    como automveis importante operar em temperaturas baixas, por ter

    um tempo de entrar em regime mais rpido. Entretanto baixas

    temperaturas favorecem a contaminao por CO e necessitam sistemais

    mais elaborados de resfriamento.

    Mdia (350-700 C): As tecnologias mais utilizadas so SOFC(cermica) e MCFC(carbonato fundido) e apresentam uma melhor

    cintica qumica, menos sensibilidade ao CO e potencial de utilizao de

    gua quente junto a gerao, importante para aplicaes residenciais e

    distritais.

    Alta (800-1000 C): Essa faixa de operao dominada pela tecnologia dos SOFC, principalmente aquelas de tria estabilizada por zircnia

    (YSZ). Nesta faixa que as centrais de gerao de energia operam

    continuamente, com alta eficincia, possibilitando a utilizao dos gases

    de exausto a alta temperatura para utilizar na cogerao de energia.

    5.2 Estado fsico do eletrlito

    Podem ser de dois tipos:

    Lquido: era mais utilizado na primeiras clulas a combustvel. So de difcil

    manejo, vedao, controle da concentrao e podem ser corrosivos (exemplo so

    as clulas AFC de hidrxido de potssio lquido KOH ainda utilizadas nas naves

    espaciais da NASA).

    Slido: a tendncia moderna das clulas a combustvel. So fceis de manejar,

  • apresentam maior estabilidade qumica e so pouco corrosivos. Para altas

    temperaturas so utilizados materiais cermicos e carbonatos fundidos, para

    baixas temperaturas mais utilizados materiais polimricos.

    5.3 Tipo do combustvel e aplicao

    Quanto a aplicao podemos classificar em porttil, transporte e estacionrio.

    Veja Tabela 1.

    Tabela 1: Classificao segundo aplicao, faixa de potncia tpica e tecnologias mais

    utilizadas, segundo (CHEMVIEWS, 2013).

    Em laboratrio o combustvel mais fcil de ser utilizado o gs hidrognio,

    entretanto para as aplicaes prticas dificultosa sua utilizao, por causa de sua alta

    inflamabilidade e baixa densidade energtica, o que dificulta armazenagem.

    Principalmente para aplicaes automotivas tem-se estudado combustveis alternativos,

    tais como o metanol e o etanol. Assim, o hidrognio seria obtido a partir de um processo

    de gaseificao ou reforma de uma fonte de hidrocarboneto (metanol, etanol, carvo,

    gs natural, etc), obtendo-se o gs de sntese (syngas), uma mistura de CO e H2. Pode-se

    realizar tambm um processo em que o CO reformado reage com a gua do processo e

    transformado em CO2 e H2.

    Clulas que trabalham a alta temperatura (SOFC e MCFC) podem utilizar o CO

    como combustvel, logo o gs de sntese pode ser alimentado diretamente.

  • O metanol (e o etanol) so utilizados em algumas clulas a combustvel,

    especialmente de pequeno porte para aparelhos eletrnicos.

    Figura 2: Relao das clulas a combustvel, seus combustveis e aplicaes

    (CHEMVIEWS, 2013).

    5.4 Natureza qumica do eletrlito

    Podem ser de quatro tipos:

    Alcalino: eletrlitos alcalinos, como o hidrxido de potssio KOH so

    geralmente usados em eletrolizadores (geradores de combustvel a partir

    de corrente eltrica, p.e., eletrlise da gua para gerar gs hidrognio).

    So evitados em clulas a combustvel porque o gs carbnico presente

    no ar atmosfrico tende a formar carbonatos insolveis no seio do

    eletrlito, prejudicando o funcionamento da clula a combustvel. Em

    aplicaes em que oxignio puro esta disponvel, eletrlitos de KOH

    oferecem alta eficincia. o caso das naves espaciais.

    cido: tendem a ser mais corrosivos que os eletrlitos alcalinos, mas

    cidos fracos j so suficientes para o bom funcionamento de clulas a

    combustvel. O cido fosfrico popularmente utilizado. Devem ser

  • utilizados na faixa entre 150-220 C e longe da regio de ebulio. Em temperaturas mais baixas a condutividade baixa e a temperaturas mais

    altas h instabilidade qumica. Foram propostos o uso de cidos slido. A

    membranas polimricas so condutoras de prtons, assim atuam como se

    fossem cidos.

    Carbonato: exemplo mais difundidos nas clulas a combustvel MCFC

    so os carbonatos de ltio e de potssio.

    Cermico: exemplos mais comuns so do tipo YSZ (zircnia

    estabilizada por tria) e SDC (cria dopada com samrio). Conduzem

    nions, como, por exemplo, o O .

    6 CONFIGURAES TPICAS

    A configurao tpica de uma clula a combustvel mostrada na Figura 3. O

    corao de uma clula a combustvel o eletrlito slido intercalado entre os dois

    eletrodos, conhecido em ingls como membrane electrode assembly (MEA). Uma

    camada de catalizador inserido entre os eletrodos e os eletrlitos. No caso do

    combustvel ser hidrognio, o catalisador do lado do nodo mais frequente o rutnio,

    que incrementa a tolerncia a contaminao por CO. Do lado do ctodo o catalisador

    mais utilizado a platina pura ou alguma liga de platina com outro metal estvel (Cr, Zr

    ou Ti). necessrio alta estabilidade por conta do ambiente altamente oxidizante do

    lado do ctodo.

    Figura 3: Representao geral da montagem de uma clula a combustvel (PERLES,

    2008).

  • Os eletrodos devem ser bons condutores eltricos e porosos. Devem ser baratos

    para a produo em massa. O contato entre os eletrodos feito pelo interconectores

    pelos quais realizado o fluxo de gs e apresentam geometrias que possibilitam a

    distribuio uniforme de combustvel e oxidante na superfcie ativa.

    O eletrlito se encontra no meio do dispositivo e deve ser um timo condutor de

    ons, mas no de eltrons. Tipicamente a espessura do eletrlito de 50-180

    micrometros. E geral o eletrlito um material bem caro. Na dcada de 1980, o Nafion

    era vendoa a US$ 800,00/m.

    6.1 Clula a Combustvel Microbial (Microbial Fuel Cell - MFC)

    Uma das mais interessantes formas de clula a combustvel so do tipo MFC.

    um tipo de reator biolgico que intercepta os eltrons gerados durante a atividade

    metablica microbiana para aproveitar como energia eltrica til. O composto doador de

    eltrons oxidado por micrbios na cmara andica. Assim os eltrons passam para o

    nodo, percorrem um circuito externo que tem uma carga resistiva, aps vo ao ctodo e

    finalmente reduzem os os que atravessaram a membrana eletroltica. Existem projetos

    de clulas a combustvel combinada com a produo de hidrognio. Assim, no lado

    andico os micrbio oxidam um rejeito orgnico (ou seja, um tratamento), e do lado

    catdico microalgas produzem hidrognio, um processo conhecido como biofotlise

    (DRAPCHO et alli, 2008).

    Figura 4: Representao esquemtica de uma clula a combustvel microbial (Fonte:

    . Acesso em 16 de jun. de

    2015).

    http://pubs.rsc.org/en/content/articlehtml/2007/cp/b703627m
  • 7 CASOS

    A seguir apresentamos dois casos emblemticos a nvel global em operao,

    provando sua aplicabilidade.

    7.1 Maior Parque de Gerao de Energia de Clulas a Combustvel do Mundo

    De acordo com o site da FuelCell Energy Inc. (www.fuelcellenergy.com) este

    parque est na cidade de Hwasung, Coria do Sul, e resultado do incentivo que o

    governo sul coreano faz para a diversificao e para o cmbio da matriz energtica do

    pas para um modelo mais sustentvel. Consiste de 21 clulas a combustvel do modelo

    DFC3000 (FuelCell Energy Inc.) com produo de energia eltrica lquida de 59 MWe

    (suficiente para cerca de 140 mil lares). Alm de gerar energia, a planta fornece calor

    para o sistema de aquecimento distrital de Hwasang, ou seja, um sistema de cogerao

    de potncia e calor.

    Figura 5: Planta de 59 MWe em Hwasang, Coria do Sul (Fonte:

    www.fuelcellenergy.com).

    7.2 A Maior Planta de Clulas a Combustvel Biogs do Planeta

    Localizada em Ontario, Califrnia no EUA, est instalada junto a um centro de

    tratamento de esgoto capaz de tratar cerca de 165 milhes de litros de esgoto por dia. O

    sistema equipado com clulas a combustvel de carbonato fundido (MCFC) produz de

    2,8 MW de energia eltrica. Utiliza como combustvel o biogs proveniente da

    biodigesto do esgoto.

    http://www.fuelcellenergy.com/
  • Figura 6: Planta de 2,8 MWe na Califrnia, EUA (Fonte: www.fuelcellenergy.com).

    8 COGERAO

    Cogerao a gerao simultnea de duas formas de energia til, comumente

    energia trmica e eletromecnica, a partir de uma mesma fonte de energia primria.

    um aproveitamento de uma parcela de energia que seria desperdiada por conta da

    segunda lei da termodinmica. Esse aproveitamento aumento o rendimento global do

    ciclo trmico (BALESTIERI, 2002).

    Na Figura 7 podemos acompanhar o aproveitamento da energia trmica gerada

    por uma clula a combustvel. Os gases de exausto da clula a combustvel com altas

    de temperaturas (800-1000 C) so reaproveitados para aquecer um fluido, no caso gua, para operar um ciclo a vapor. Tais gases poderiam ser aproveitados tambm para

    gerar vapor para algum processo industrial, caracterizando a cogerao.

    As tecnologias mais promissoras para aplicaes de cogerao so as clulas que

    apresentam faixa de altas temperaturas de trabalho: SOFC (cermica) e MCFC

    (carbonato). A tecnologia SOFC tem eficincia de converso qumica para eltrica de

    45-65% PCI (poder calorfico) do combustvel, duas vezes mais que os motores de

    combusto interna. Em ciclo combinado, h vrias aplicaes de cogerao utilizando

    sistemas de SOFC que tem potencial de atingir >85% do PCI (WACHSMAN et LEE,

    2011).

  • Figura 7: Exemplo de um esquema de funcionamento de ciclo combinado utilizando

    clulas a combustvel (adaptado: DE SERVI et alli, 2013).

    8.1 Microcogerao Residencial

    De acordo com o portal de notcias FUEL CELL TODAY (2015), as clulas a

    combustvel projetadas para gerar energia e no se moverem so do tipo estacionria.

    Nessa classificao se encontram os sistemas de cogerao de calor e energia e os de

    gerao initerrupta de energia.

    Os sistemas de cogerao de energia residencial so do porte entre 0,5 - 10 kWe,

    geralmente do tipo mais utilizados so SPFC/PEM (membrana polimrica) ou SOFC

    (cermica). Utilizando-se do calor gerado pode usar para aquecer ambientes ou aquecer

    gua para o banheiro, aumentando a eficincia global do sistema. A eficincia total da

    cogerao pode chegar facilmente a 80-95%. No Japo a cogerao residencial tem

    sido empregado extensivamente, chegando a marca de 10 000 unidades vendidas em

    2010. Na Coria do Sul tambm tem sido empregada a cogerao residencial, mas no

    Japo existe subsdios do Governo.

    Os modelos residenciais podem utilizar como combustvel o gs natural e GLP

    (mais comum na sia), hidrognio (comum nos EUA) e alguns testes com metanol

    (Europa).

  • Figura 8: Esquema de microcogerao residencial.

    9 CUSTOS

    Uma das desvantagens da tecnologia de clulas combustvel ainda seu alto

    custo. Para se ter uma referncia apresentada a prxima figura obtida do site do Open

    Energy Information OpenEI (en.openei.org), um projeto mantido US Departament of

    Energy e pelo National Renewable Energy Laboratory (NREL). uma compilao dos

    dados do histricos de custo de gerao nos EUA sempre atualizada.

    Figura 9: Custo nivelado de gerao de energia para vrias fontes (Disponvel em:

    Acesso em 29 de jun. de 2015).

    http://en.openei.org/apps/TCDB/
  • Percebemos que o nvel de custo de produo especfico de energia das clulas a

    combustvel esto em um patamar intermedirio. No to caro quanto a gerao solar

    fotovoltaica (mdia de 0,29 $/kWh) nem to barata quanto a gerao hidroeltrica

    (mdia de 0,07 $/kWh). Na mdia de 0,11 $/kWh, cerca de duas vezes mais caro que a

    gerao a gs natural por ciclo combinado (mdia de 0,05 $/kWh).

    A tendncia no futuro deste custo diminuir conforme a tecnologia se

    desenvolva e se massifique.

    10 CONSIDERAES FINAIS

    A seguir apresentamos um quadro das vantagens e desvantagens da tecnologia

    de clulas a combustvel. Como pontos finais, consideramos que as clulas a

    combustvel uma tecnologia promissora, limpa, confivel e altamente eficiente. Suas

    atuais limitaes para um uso generalizado ainda o alto custo e a inrca da mudana

    do paradigma tecnolgico, mas com o decorrer do tempo e as demandas por usos de

    energias mais limpas, acreditamos que logo vir sua ampla adoo e qui o sculo XXI

    seja a Era das Clulas a Combustvel.

    Tabela 2: Quadro de comparativo da tecnologia das clulas a combustvel.

    Prs Contras

    Alta eficincia;

    Alta confiabilidade;

    Ausncia ou pouco rudo;

    Adequado para gerao distribuda

    (residncias) ;

    Baixa poluio;

    Adequado para cogerao,

    utilizando gases de exausto a altas

    temperaturas;

    Baixa manuteno;

    Modularidade.

    Tecnologia cara (utilizao de

    materiais nobre como a platina);

    Armazenamento do Hidrognio

    (altamente inflamvel);

    Custo associado ao transporte e

    distribuio de novos

    combustveis, como o hidrognio.

  • 11 REFERNCIAS

    11.1 Referncia base do texto

    DA ROSA, A. V. Fundamentals of Renewable Energy Process. 2. ed. Estados Unidos

    da Amrica: Academic Press, 2009. 864 p.

    11.2 Referncias auxiliares

    BALESTIERI, J. A. P. Cogerao: gerao combinada de eletricidade e calor.

    Florianpolis: Ed. Da UFSC, 2002. 279 p.

    CHEMVIEWS. Fuel Cell Capacity and Cost Trends. Wiley-VCH Verlag GmbH &

    Co. KGaA, Weinheim, 2013. DOI: 10.1002/chemv.201300069. Acesso: 16 de Junho

    2015.

    DRAPCHO, C. M.; NHUAN, N. P.; WALKER, T. H. Biofuels Engineering Process

    Technology. 1. ed. Estados Unidos da Amrica: McGraw-Hill, 2008. 371 p.

    DE SERVI et alli. Enhancement of the Electrical Efficiency of Commercial Fuel

    Cell Units by Means of an Organic Rankine Cycle: A Case Study . J. Eng. Gas

    Turbines Power 135(4), 2013. DOI: 10.1115/1.4023119

    FUEL CELL TODAY. Applications - Stationary. Disponvel em:

    . Acesso em: 29 jun. 2015.

    PERLES, C, E. Propriedades fsico-qumicas relacionadas ao desenvolvimento de

    membranas de Nafion para aplicaes em clulas a combustvel do tipo PEMFC.

    Polmeros ,vol.18, no.4, So Carlos, 2008. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-

    14282008000400005 . Acesso em 20 de junho de 2015.

    WACHSMAN, E.D et LEE, K.T . Lowering the Temperature of Solid Oxide Fuel

    Cells. Science 334, 935 (2011). DOI: 10.1126/science.1204090

    UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JLIO DE MESQUITA FILHO