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- 1 - A REVISTA DIGITAL SOBRE BRASILEIROS QUE MORAM NOS QUATRO CANTOS DO MUNDO MAIO/2014 Entrevista com o empresário alemão Jörg Steinamnn Dicas de viagem de Guilherme Tetamanti Volta ao mundo Entrevistas, orçamentos e dicas de brasileiros E mais: www.brasileiros-mundo-afora.com
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Brasileiros Mundo Afora - Volta ao Mundo

Mar 10, 2016

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Viagem volta ao mundo com entrevistas, orçamentos e dicas de brasileiros, que já realizaram esse sonho.
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A REVISTA DIGITAL SOBRE BRASILEIROS QUE MORAM NOS QUATRO CANTOS DO MUNDO

MAIO/2014

Entrevista com o empresárioalemão Jörg Steinamnn

Dicas de viagem deGuilherme Tetamanti

Volta ao

mundoEntrevistas, orçamentos e dicas de brasileiros

E mais:

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A REVISTA DIGITAL SOBRE BRASILEIROS QUE MORAM NOS QUATRO CANTOS DO MUNDO

REPORTAGENS EM DESTAQUE

18 Profissão expatriadosMagê dos Santos conta como se tornou uma

guia turística na Itália

52 FotografiaO modelo Thiago Conceição em um

ensaio fotográfico de Maricélia Wiesböck

66 O Meio e o SiAndré Averbug dá dicas sobre como

publicar um livro de forma descomplicada

70 Eu vivo meu sonhoJörg Steinmann fala sobre a construção

do seu sonho no Brasil

80 Cá com meus botõesConheça a história de Creusa Salame,

uma artista e especialista em reciclagem

90 Cozinhando com pimpolhosReceitas e dicas da brasileirinha Yasmin Pfeiffer,

que mora na Suiça

12 Dicas de corridaAna Elisa de Melo Audun conta como conseguiu

colocar em prática seu plano de corrida e se tornar maratonista na Dinamarca

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Diretora de arte e redaçãoClaudia Bömmels

Editora de conteúdoVanessa Bueno

RevisãoMaria da Graça Ferreira Leal, Miriam Naef

ColunistasLila Rosana, Erica Palmeira, Vanessa Bueno

Colaboradores desta ediçãoFernanda Furtado, Walter Müller, Juliane Pereira daCosta, André Averbug, Claudia Pegoraro, Ana Elisa deMelo Audun, Juliana Cupini, Debora Garcia, FernandaSouza, Guilherme Canever, Bianca Canever, BrunoCavalcanti, Carla Portillo, Fernando Camargo, RobisonPortioli, Natália Becatti, Rafael Sette Câmara, LuizaAntunes, Karina Palla, Pablo Jacinto, Fellipe Faria, KarlaLarissa, Fred Santos, Livia Aguiar, Daniella Schweizer,Guilherme Tetamanti, Maria Eugênia Ferreira Pinto dosSantos, Ana Paula Dantas, Thiago Conceição, MaricéliaWiesböck, Marisa Cristina Pedro Pfeiffer, Ivan S. Ribei-ro, Deíze Botelho, Regina Suriani, Jörg Steinmann, DedeFedrizzi, Creusa Salame, Mariana Botelho, AntônioBotelho, Helder Messias, Sueli Fortunato, LorenaBärschneider

[email protected]

Expediente

38 Viagem de volta ao mundo Entrevistas, orçamentos e dicas

Durante sua viagem volta ao mundo, Robison Portioli foifotografado por Fernanda Furtado em Poon Hill, Nepal.

Foto: Guilherme Tetamanti

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Eu e o "homem da capa" da edição de junho2013 da revista alemã Stern. Jörg Steinmann,fala em entrevista sobre seu novo projeto noBrasil: o Sítio Escondido.

Foto

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Aqui estre nós…

Eu vivo o meu sonhoEm junho de 2013, foi impossível passar pela banca de revistas e nãocomprar a nova edição da revista alemã Stern, em cuja capa estavaescrito Ich lebe meinen Traum – Eu vivo o meu sonho, com o alemãoJörg Steinmann na capa. Alguns meses depois, ele me contou ementrevista sobre a realização do seu sonho no Brasil, que você conferenesta edição.

A reportagem da revista Stern contava também histórias de outras pessoas queresolveram dar uma reviravolta na vida. Nenhuma delas diz que foi fácil. Novoscaminhos tomados, que significaram mudanças drásticas, como sair de um empregopromissor, divorciar-se, assumir uma nova sexualidade, mudar de país. São históriasde trabalho, de sacrifícios, de acertos e de erros, mas principalmente de realizaçãopessoal e de felicidade.

A nossa edição traz experiências inspiradoras de pessoas que realizaram os maisdiversos sonhos, como publicar um livro, correr uma maratona, abrir um hotel ouiniciar uma nova profissão.

Dar a volta ao mundo está também entre os grandes desejos de muitos brasileiros.Alguns deles fizeram acontecer, vencendo barreiras, como a falta de tempo, a falta dedinheiro ou de companhia. Um deles é o empreendedor paulista Guilherme Teta-manti, de 31 anos, que vendeu em 2011 seus negócios para também realizar o sonhode dar uma volta ao mundo e praticar fotografia, uma das suas paixões. Ele nos contasobre essa experiência única e como combateu a depressão pós-viagem. KarinaPalla, que atualmente está viajando e já visitou mais de 25 países com o marido Pablo,conta que a quebra de preconceitos, reflexão, a mudança de paradigmas e a visãoglobal são algumas das experiências que eles vivenciam nessa sonhada viagem.

Walt Disney já dizia que "se podemos sonhar, também podemos tornar nossos sonhosrealidade".

E você, também já vive o seu sonho? Compartilhe conosco as suas experiências einspire outras pessoas.

Beijo e até em breve,

Claudia Bömmels Diretora de arte e redação

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Não importa em que país moramos:o verde e o amarelo são as cores

no nosso coração.

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Momentomágico

Foto: Walter Müller

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Tendo morado  cerca de  um terço de minha vida no exterior, um dos debates que mais presenciei é o deexpatriados que comparam o Brasil com os países (mais desenvolvidos) onde residem. Tom Jobim é autor dafrase mais genial sobre o assunto: "Morar no exterior é bom mas é uma merda; morar no Brasil é uma merdamas é bom". Trata-se de um brilhante resumo, mas a realidade é que a intensidade da "merda" e do "bom"depende muito da postura de cada um. Pelo que tenho observado, existem três tipos extremos de expatriados: oromântico, o desertor, e o camaleão. Vamos a eles.

O românticoPara o romântico, visto de longe, o Brasil é o paraíso – a terra sagrada que "teve" que abandonar para fazer umcurso, aceitar um trabalho, ou acompanhar a família. Os anos fora do país são um tormento. De que serve viverno primeiro mundo se não se pode comer feijão preto todo dia, passar na casa da tia Maria aos domingos, ou ir àroda de samba da praça não-sei-de-quê. Nada é mais importante que o "calor humano" do brasileiro, e a civilidadedos gringos não tem valor, afinal eles no fundo são frios e distantes além, claro, de não possuírem nosso fantástico"jogo de cintura". O romântico não perde uma festa no restaurante brasileiro local, apesar de "não ser tão legalquanto as festas do Brasil". Tende a esquecer os problemas e transtornos que enfrentava em nosso país, assimcomo ignorar os aspectos positivos do país onde reside. O amor ou obsessão pelo Brasil torna-se cegueira, que oimpede de aproveitar o lugar onde mora.

Românticos, desertores e camaleõesTexto: André Averbug | Foto: Juliane Pereira da Costa

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Conheço inclusive diversos casos de românticos que, após passarem anos se queixando e sonhando em voltar aoBrasil, ao retornar tiveram um choque. Deram-se conta de que perderam tempo (às vezes décadas) deixando deaproveitar em sua plenitude a vida que levavam no exterior, para então perceberem que a princesa de seus olhosnão era nada daquilo. Viram-se na inesperada situação de não conseguir se readaptar ao Brasil: o feijão pretodeixou de ser prioridade; a tia Maria, tinha esquecido,  na verdade é meio chata; o calor humano às vezesconfunde-se com inconveniência; o jogo de cintura se parece mais com aproveitamento e malandragem. Por suavez, as vantagens da terra estrangeira, que antes passavam despercebidas, são reconhecidas tardiamente.

O desertorOutro extremo é o desertor. Esse é aquele que, após sair do Brasil, acha tudo que vem da terrinha ruim,bagunçado e inferior. Tende a aumentar e dramatizar as coisas. Por exemplo, constantemente diz não entendercomo os brasileiros conseguem viver com "tanta violência" ou "tanta corrupção", esquecendo-se que vivia no paísaté pouco e, bem ou mal, é possível sim viver e ser feliz em meio a nossa desordem. Ri quando um filme brasileiroé cogitado a concorrer ao Oscar, apesar de não tê-lo visto. Qualquer notícia ruim é motivo para dizer que "essepaís é uma palhaçada", mesmo sem procurar se informar sobre a questão. Não sabe nem quer saber quem ganhouo campeonato brasileiro ou qual artista está em voga. Não sente falta das praias porque "no Brasil é tudo poluído".Reclama quando tem que visitar a família no Brasil (uma vez a cada dois anos) e expor seus pobres filhinhos (quenem falam mais o português) àquela poluição e trânsito terríveis. Quando perguntados de onde são, respondem"I’m originally from Brazil", deixando claro que a pátria de sua escolha é a atual, o Brasil foi apenas o ponto departida, um acidente de percurso antes de subir aos céus do mundo desenvolvido.

O camaleãoO terceiro tipo, o camaleão, é aquele que mais facilmente se adapta ao local onde está, mas sem perder suabrasilidade. A comparação entre países, além de ser feita com menos frequência, acontece de forma maisequilibrada e isenta.  Procura deixar julgamentos passionais o mais de lado possível.  Quando perguntado seprefere morar no Brasil ou no exterior, a resposta raramente é um ou outro, mas uma análise mais balanceada dosprós e contras de cada lugar. O camaleão tende a olhar o copo meio-cheio, não meio-vazio. Procura focar osaspectos positivos de onde reside e relevar o máximo os negativos. Tem saudade do açaí, mas também adora umaGuinness. Gosta de surfar na praia da Barra, mas se diverte igualmente esquiando. Torce à distância pelo seu timede futebol, enquanto acompanha também os esportes e times locais.  Faz  espontaneamente  amizades comoutros brasileiros expatriados, mas não usa isso como critério seletivo.

Vida de expatriado mais bem resolvidaNaturalmente, existem diferentes graus de românticos, desertores e camaleões, assim como pontos inter-mediários. Ademais, o mesmo expatriado pode passar por diversas fases. No entanto, aproximar-se o máximopossível do camaleão é a meu ver algo desejável. Trata-se de um estado de espírito, uma postura que torna a vidado expatriado mais bem resolvida. Alguns são camaleões natos, outros podem chegar láatravés de conscientização e vivência. Salvo situações extremas, é possível nos condicionarmos a controlar o pesoque damos ao que é bom e o que é ruim. Dessa forma,  aproveitamos  o que  o novo país  nos oferecesem perdermos a essência tupiniquim.

Este texto foi publicado originalmente no blog O Meio e o Si do autor André Averbug.

Ponto de vista

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Vanessa Bueno é jornalista e expatriada. Mora na Alemanhahá dois anos e escreve sobre a vida fora do Brasil, com aparticipação especial de nossos leitores.

Do lado de cá

"Aprendi há muito tempo que, quando somos o gigantesco visitante de fora numa remota culturaestrangeira, faz parte do serviço virar motivo de ridículo. Na verdade, como hóspedes bem-educados,é o mínimo que podemos fazer". O trecho do livro Comprometida, de Liz Gilbert, expressa bem o meusentimento em relação ao aprendizado de uma nova língua em um país estrangeiro. Moro há dois anosna Alemanha e, ainda hoje, as pessoas riem do meu sotaque. Mas não é deboche, elas acham"bonitinho". Não é uma situação muito agradável, porque às vezes o assunto é bem sério e o querecebo de volta é uma gargalhada. O jeito é rir junto!

Conheci por aqui japoneses, coreanos e muita gente de países árabes. E quando vejo essas pessoastendo que aprender um novo alfabeto, penso que ainda estou no lucro. Alemão é um idioma difícil,todos sabemos, mas tem suas facilidades. Tem uma lógica interessante na construção das palavras,que me agrada muito. Luva, por exemplo, chama-se Handschuh, o que, numa tradução literal para oportuguês seria, "sapato de mão". Algumas especialidades médicas são bem fáceis de entendertambém. Ginecologista chama-se Frauenarzt, que significa médico de mulheres, pediatra é Kinder-arzt, "médico de crianças", e por aí vai.

Há algumas coisas engraçadas também. Por exemplo, a palavra "virgem" em alemão significa "mulherjovem", o que poderia ser questionado nos dias de hoje. O problema começa quando se juntam três oumais palavras para se dizer algo, porque palavra composta não existe aqui. Elas simplesmente segrudam e, só em alguns casos, recebem um "s" auxiliar. Um exemplo: Geburt (nascimento), Tag (dia),Geburtstag (aniversário, ou dia do nascimento, numa tradução literal). E dá para juntar uma terceirapalavra ainda: Geburtstagskind (Geburt=nascimento, Tag=dia, Kind=criança), ou seja, aniversariante.

A minha teoria é que, como aqui é muito frio, os alemães não tinham muito o que fazer nos invernosrigorosos e resolveram criar umas regrinhas de gramática e ortografia para deixar o idioma mais"atraente", ou afastar os estrangeiros, vai saber. A primeira coisa que realmente não consigo entendere que me irrita até são os números ditos ao contrário. Como assim? Ao invés de dizer "oitenta e três",os alemães pronunciam três e oitenta. Imagina isso no supermercado agora, quando os números sãoditos rapidamente pelas meninas do caixa e ainda acompanhados dos centavos. Simplesmenteimpossível de entender. Eu olho direto para a máquina registradora. Ainda bem que ela existe. Osegundo item da lista de coisas irritantes são os verbos que se separam. Sim, os prefixos vão parar nofim da frase. Agora até que me acostumei, mas no começo sempre perdia o prefixo no meio docaminho. E a terceira coisa que também incomoda bastante é o artigo neutro. Além dos artigos "o" e"a", masculino e feminino, existe o artigo neutro. E não há lógica nenhuma que explique porque éneutro, feminino ou masculino. Se bem que no português também não existe, né? Por que dizemos "aárvore" e não "o árvore"? Tentar achar essa reciprocidade no alemão, então, não funciona.

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Pão de batata

Resumindo: Todos os estrangeiros, e arrisco a dizer que até alguns alemães, erram o uso do artigo umavez ou outra, ou muitas.

Aprender um novo idioma é meio como voltar a ser criança, se observarmos. A ideia inicial égarantir as necessidades básicas. Conseguir se locomover, comprar comida, ir ao médico... Já faço tudoisso sozinha, mesmo pagando alguns micos. Acho que estou no estágio adolescente da minha relaçãocom o idioma. Não é fácil, há dias em que dá vontade de atirar tudo para cima, comprar um passagemsó de ida para o Brasil e voltar para a minha vida profissional com o meu português querido. Nessesmomentos, respiro fundo e sigo me dedicando com afinco a essa língua totalmente nova. Não mecontenta saber o básico, usar verbos no infinitivo e cometer erros de gramática, com o intuito único deme fazer entender. Quero mais. Quero ter livre arbítrio para decidir que caminho profissional seguir,sem limitações com a língua. Isso significa que ainda tenho um longo caminho a percorrer, mas vamosem frente. Sem esquecer, claro, que faz parte do serviço ser motivo de ridículo!

Perguntamos aos brasileiros mundo afora sobre suas experiências com novos idiomas. Deem umaolhada no que descobrimos:

"Para mim, esse é o assunto mais complexo do processo de mudar de país. Fiz um curso de alemãodurante um ano, mas já constatei que é muito pouco. É desesperador não entender as pessoas e osfilmes por exemplo. Procuro assistir televisão, pois exibem filmes simples, com muito romantismo efinal feliz, nada muito complicado. O fato de falar inglês, neste caso, atrapalha porque acabamosfalando em inglês quando o assunto é mais sério." Ana Teresa Schwarz, natural de São Paulo, capital,vive na Alemanha há dois anos.

"Eu nunca imaginei que um dia poderia me comunicar em quatro idiomas: português, inglês, espanhole finlandês. Estudei inglês ainda na adolescência, mas nunca levei a sério. Foi somente quando caseie mudei para o México que comecei a fazer uso do inglês. Paralelamente aprendi o espanhol que, aocontrário do que muitos dizem, não é tão similar ao português. Paguei muitos micos por acreditarnessa similaridade. Depois dessa etapa, mudamos para a Finlândia e foi aí que a minha confiançapessoal sumiu. O finlandês é um idioma com uma lógica totalmente diferente. Todas as palavras, semexceção, mudam dependendo do que você quer dizer. Outra grande dificuldade são as vogais econsoantes duplas, para quem está aprendendo, elas são quase imperceptíveis e podem causar umaconfusão terrível. Por exemplo: Mato (minhoca) eMatto (tapete). Já disse: Que tapete bonito eentenderam que minhoca bonita." Sandra Kautto, natural de Manaus, vive na Finlândia há três anos.

Foto: Claudia Pegoraro

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Correndocom Ana Elisa naDinamarca

Texto: Ana Elisa de Melo Audun | Fotos: Arquivo pessoal

Ana Elisa de Melo Audun mora há seis anos com o maridona Dinamarca, onde trabalha como consultora e gerente deprojetos. Há três anos, ela começou a correr e não paroumais. Em entrevista, ela nos conta sobre como começou apraticar corrida e dá dicas valiosas para quem está inician-do. Além disso, escreve no blog Corra Comigo sobre o seudia a dia como esportista.

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OO início da minha história coma corrida foi um pouco compli-cada. Eu e o Thomas, meumarido, começamos a correrhá três anos, pois estávamosum pouco acima do peso equeríamos nos exercitar. A pri-meira vez que corremos, eu fiz

500 metros e estava praticamente com "alíngua batendo no umbigo" (risos) e muitocansada. Mas não desisti e comecei a andar ea correr frequentemente até conseguir chegaraos cinco quilômetros. Me encantei, fiqueicompletamente apaixonada pelo esporte e empoucos meses eu consegui correr dez quilô-metros.

Como eu tenho um cisto benigno, desde quenasci, no joelho, logo comecei a sentir dores

fortes e muitas pessoas me aconselharam a pararde correr. Mas como parar, se eu tinha me encont-

rado na corrida? Procurei então um fisioterapeuta,comecei o tratamento, mas ele me disse que eu nunca

conseguiria correr mais que cinco quilômetros. Não tivedúvida e troquei de fisioterapeuta. O próximo me passou

vários exercícios, os quais sigo à risca até hoje. Em abril desteano, corri a minha quinta meia-maratona! Foi fácil? Não! Doeu?

Sim! Chorou? Sim, chorei… mas jamais desistir é o meu lema.

Conciliando esporte e o dia a diaDuas vezes por semana, acordo às 5 h 45 da manhã, vou para o trabalho correndo oito quilômetros e meio, façachuva, sol ou neve. Levo roupas para trocar e tudo o mais de que preciso no dia anterior para o trabalho, ondetemos toda uma infraestrutura para guardar nossas coisas e tomar banho. Nos dias em que corro, levo somenteuma mochila com o resto das coisas de que vou precisar durante o dia. Nos outros dias, vou de bicicleta ou nadoquando chego em casa. Outras vezes faço yoga e treino funcional duas vezes por semana de 20 a 30 minutos, emcasa, antes de sair para o trabalho. Aos domingos, me exercito em grupo e adoro quando corremos por parquesou pela praia. No grupo de corrida, conheci gente nova e fiz amizade com pessoas que tem a mesma paixão queeu.

Eu diria que, como sou bem disciplinada durante a semana, não foi difícilpara mim integrar o esporte no meu dia a dia. Mas, se eu acordar 10minutos mais tarde, por exemplo, já perdi o treino da manhã. Claro queisso acontece de vez em quando, afinal, eu sou humana. Em dias assim,vou então trabalhar mais cedo para sair mais cedo também e completaro treino. Eu simplesmente amo correr, ver as pessoas passeando,crianças brincando, entrar em contato com a natureza, sentir o sol napele, respirar o ar puro.

Sentir a sensação de liberdade que a corridaproporciona é divino.

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No fim de semana é mais complicado. Preciso conciliaro esporte e amigos, que têm uma certa dificuldadepara entender que agora eu perdi um pouco o inter-esse em beber e ficar acordada até tarde. Mas devoconfessar que amo beber vinho no sábado à noite,o que às vezes me faz sofrer no treino de domin-go. Mesmo assim só dispenso na semana quetenho competição.

Primeira maratonaNo momento, estou me preparando para a minhaprimeira maratona, um projeto pessoal que exigemuito. Uma grande ajuda é o fato de, na minhafamília, haver vários corredores. Assim nos en-tendemos, nos ajudamos e nos motivamos. Tenhotreinado seis dias por semana, mas corro apenas trêsvezes, para evitar lesões. Nos outros dias alterno ciclis-mo e natação. Também tenho planos de completar ummeio IronMan ainda neste ano, mas quero dar um passo decada vez e continuar correndo por muitos anos de formasaudável.

Corra comigo…Aqui na Dinamarca, o esporte me trouxe amigos e motivei muita gente onde trabalho a correr. Há também umgrande incentivo do governo dinamarquês, muita gente corre e anda de bicicleta aqui. Eu também faço parte doprojeto Løbmed, que significa corra comigo, onde ensinamos as pessoas a correr de forma correta. Foi daí quesaiu o nome do meu blog de corrida corracomigo.com. Se eu ajudo as pessoas aqui, por que não ajudar no Brasiltambém? Passei a escrever sobre tudo o que aprendo por lá e isso me traz uma satisfação enorme.

DicasPara quem quer começar, a melhor dica que eu posso dar é: verifique a sua saúde primeiro. Depois siga algumasregras básicas:

1. Comece devagar andando e correndo. Correr é uma atividade de alto impacto e seu corpo precisa seacostumar com o esforço.

2. Só correr não é suficiente. Treino funcional ou de musculação deve ser feito para fortalecer os músculos,para que aguentem o impacto da corrida.

3. Escolha um tênis apropriado e compre um ou dois números maiores do que o que você usa normalmente.4. Tenha um objetivo para estar sempre motivado, como, por exemplo, correr os primeiros cinco quilô-

metros, emagrecer, virar maratonista, ter um tempo para você mesmo.5. Curta e aproveite cada segundo correndo. Quando começar, você vai encontrar a sua motivação. Correr

é maravilhoso e muda a nossa vida para melhor.

Acompanhe Ana Elisa nas redes sociaiswww.corracomigo.com | facebook.com/corracomigoofficial | Instagram: @corracomigo

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Fotógrafa e artista plástica fala daaventura de morar no exterior eviajar pelo mundo trabalhando

em um navio.

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Com os pés entre as terrasdo Tio Sam e os oceanos

Texto: Juliana Cupini | Fotos: Arquivo pessoal

á pouco mais de 10 anos fui aos Estados Unidos para fazer um intercâm-bio de trabalho. Não que eu sonhasse em pisar em solo americano, sempreapreciei muito mais qualquer parte do Velho Mundo, mas na época foi oque me foi ofertado. Eu era uma workaholic de vinte e poucos anos, quetinha saído de uma relação de oito com o único namorado que tivera navida, não falava inglês e acabara de receber o seguro do carro, perda totalem um acidente. Na época, mudar para o exterior me pareceu uma grande

aventura em busca de um mundo novo. Meu objetivo prático era aprender o idioma, viverqualquer coisa diferente do meu conhecido mundo de Porto Alegre, além de fazeralgum dinheiro. Não esperava muito mais.

Morei nas cidades de Allentown e Bethlehem, no estado da Pennsylvania. A vivência nosEstados Unidos me trouxe uma sabedoria de vida pontuada, principalmente por entender eaceitar as diferenças e  buscar o meu caminho como artista. Lá tive quatro empregos e, duranteum período, três atividades simultâneas. Fui dama de companhia de uma senhora de 85 anos,levava comida aos pacientes de um hospital e ainda fazia desenhos no rosto de quem fosse sedivertir no Dorney Park.

Eu saía de um ambiente para o outro como quem trocava de roupa. Das enfermarias paraa roda gigante, trocava luvas, touca e um avental imaculadamente branco por umabermuda estilo Indiana Jones, camiseta polo azul e um avental respingado de tintas. Tambémtrocava as bandejas pelo material de pintura. Interagia no universo infantil, me transformandopraticamente em uma palhaça para atrair bochechas e testas aos meus pincéis. Quando chegavaem casa, mergulhava no mundo particular de uma senhora, descendente de alemães judeus, quehavia perdido boa parte da família na guerra e era viciada em bingo. Um de seus netos estavano corredor da morte da penitenciária de Harrisburg e o outro era instrutor de boxe e convertidoao islamismo. Um dia ele foi morar conosco, me ensinou boxe e descobrimos afinidades emmeio aos nossos mundos tão opostos.

Pintei muitos quadros no quartinho que gentilmente foi separado para minha produção. Algunsvendi para os colegas de trabalho e outros deixei para a família. Um deles ficou na sala, emdestaque. Era uma estátua da liberdade com um rosto masculinizado e barba estilo meu "bomAlá", uma pintura que eu fiz para agradar tanto à avó quanto ao neto. Um dia eu entendi quemeu tempo havia terminado por lá e estava na hora de voltar.

Lancei-me ao marNos anos que se seguiram, lecionei inglês, pintura, fotografia, trabalhei em estúdio, revista evendendo  o que chegasse a minha mão. Contei histórias sórdidas e engraçadas, levando ouniverso que vivi para os ouvidos de muitos. Amadureci como artista e sempre senti o mundomuito próximo. Mudei para São Paulo e de lá para Manaus. Vivi uma bela Amazônia que meguiou para a publicação do meu primeiro livro.

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Apesar das grandes conquistas, de re-pente me vi num dilema. Eu precisavaentregar o apartamento que alugava enão tinha para onde voltar. Foi entãoque a terra do Tio Sam me chamoude novo, só que  de um jeito bemdiferente. Em 2013 eu viveria umaexperiência em um lugar não co-mum, e também repleta de confli-tos, diferenças culturais e su-peração: o mar. Fui contratadapela empresa Princess Cruises,gigante de uma frota de24  navios transatlânticos, para

fotografar em um cruzeiro. O itinerárioque eu cumpriria incluía alguns portos do Caribe, sempre

saindo do porto do Texas, Galveston e a travessia para a Europa, comalguns portos do Mediterrâneo.

Saí praticamente do lançamento do meu livro Amazônia em Pessoa, em Porto Alegre, para o aeroporto. Leveipouca coisa dessa vez. Eu sabia que voltaria com outra bagagem repleta. Lancei-me ao mar, creio que aexpressão seja essa mesma, porque é uma condição do verbo para quem se coloca no oceano do jeito mais difícilde vivenciá-lo: cumprir uma jornada de trabalho de até 13 horas, sem um único dia de folga, privacidade quasezero e uma única opção de lazer, um bar exclusivo para funcionários.

No navio, entendi o significado dos exageros e dos extremos. Viver num gigantesco flutuante de centenas detoneladas, com até cinco mil pessoas (entre passageiros e funcionários), ocupar uma cabine minúscula e aindadividi-la com uma pessoa de outra cultura que nunca se viu antes é, de fato, uma experiência de grandes limites.Experimentei uma relação de trabalho amarrada com a convivência íntima com pessoas de diversas partes domundo, suas próprias noções de valores, sotaques e humores. Trabalhei com fotógrafos da Inglaterra, Romênia,Servia, Polônia e Ucrânia. Alguns poucos brasileiros, além de um e outro irlandês, canadense, australiano,mexicano, filipino e português.

Universo paraleloAs tarefas eram diversas: no dia de embarque tínhamos de montar fundos com motivos praianos caribenhos elá capturar imagens bem enquadradas desde um até vinte integrantes da mesma família ou grupo de viagem,organizando o fluxo de pessoas e malas ao mesmo tempo. O dia de embarque era de grande atenção, desciamquatro mil pessoas e subiam outras quatro mil, isso no tempo de umas cinco horas. Na primeira noite fazíamosretratos do jantar, entre uma garfada e outra. Na sequência, ocorriam os  jantares de gala, em que os passageirosvestiam-se com trajes finos. Os eventos eram repletos de atrações, como shows e discurso do capitão.

Nos dias de porto, um casal de fotógrafos veste-se de piratas, a fim de posar para fotos junto com os passageirosque passam pelas saídas que levam às praias. É uma tarefa que envolve quatro horas de trabalho em exposiçãoao sol e metas de cliques por fotógrafo. Quando não se está fotografando, é na grande galeria que ficam osfotógrafos. Faz parte do trabalho do fotógrafo organizar as fotos impressas por dia e atender aos passageirosque passam pela galeria, assim como vender pacotes fotográficos.Também se é responsável pela calibração dasmáquinas e impressão de todas as imagens. Todos fazem tudo, atendendo a uma rotação de turnos e funções.

Uma vez com os pés acima do oceano, a noção de tempo e do mundo lá fora se perde. Acredito que issoaconteça com todos a bordo. Com os passageiros, porque escapam da rotina para gozar as férias em um  hotelcinco estrelas, que navega e é repleto de programações de entretenimento, e com os funcionários,  porque

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mergulham no trabalho e nas festas de final de expediente, de forma a desligarem-se do que possa  estaracontecendo no continente. Eu mesma me senti bem fora do mundo, como  se estivesse vivendo em umuniverso paralelo. A sensação é de que um dia parece uma semana e uma semana um mês. O dia em um navioé uma vivência tão longa e tão conglomerada de possibilidades, que no final dele a fadiga e o peso se fazemdesfecho para que o descanso abrace quem vive.

A melhor fotografiaFiquei tão encantada com a diversidade cultural e os motivos pelos quais as pessoas procuram um cruzeiro, quecomecei a entrevistá-las. Eu marcava com casais e até famílias em lugares estratégicos, de forma que aquelemeu registro fosse bastante discreto. Os americanos eram os que mais se entusiasmavam, topavam de cara efacilitavam a logística para mim, uma vez que meus intervalos eram impressos em um calendário quase sempretarde da noite anterior. Existiam muitas regras de convívio e trabalho e eu não poderia ser pega chamandoatenção para um trabalho pessoal. Felizmente quase sempre deu certo.

Entrevistei casais em lua-de-mel, casais renovando votos e testemunhei situações extremas, como um pedidode casamento na praia, e o desabafo de uma senhora que tinha ficado viúva no dia anterior, carregando a dorde completar o cruzeiro com o corpo do marido a bordo, em algum lugar abaixo das acomodações. Tambémfiz belos vídeos de entrevistas com colegas e funcionários das alas de segurança, cozinha, limpeza e manuten-ção de engenharia naval. Eu descobri motivos impressionantes, histórias de tristeza, de luta, perdas e conquistas.

Algumas vezes me sentia confinada e percebi que todos se sentem quase obrigados a se relacionar como famíliaou membros de alguma instituição que se constrói pela própria necessidade. Eu, por exemplo, dividi a cabinecom uma jovem sul-africana. Tornamos-nos inseparáveis, nos acobertávamos e, por um bom tempo, achei quetivesse ganho uma amiga para o resto da vida. Morar em uma estrutura que navega pelos mares de um mundocheio de portos, cafés com internet e lojinhas de souvenirs também pode ser um boa maneira de experimentarum pouquinho de cada país, ainda que de uma forma efêmera. Além dos Estados Unidos, passei por Honduras,Belize, México, Portugal, Espanha, Bélgica, Mônaco, França e Itália. Tomávamos café da manhã em um paíse jantávamos em outro!

Encontrei amigos brasileiros que moram em Londres há anos, outro amigo de Manchester, que tinha conhecidona Amazônia, além de um artista plástico de Bruges, que havia conhecido em São Paulo anos antes. Terminadoo contrato, sofri com as despedidas, ganhei um cartão gigante com mensagens dos mais próximos e sei queolhei pela última vez para o rosto de muitos ou de todos. Esta é a vida de quem trabalha em navio, convivercom o transitório. Assim como viajar em intercâmbio, o navio abriga sonhos de conquistas  financeiras, fugaspassionais, diversão e descobertas linguísticas sensacionais.

Viajar, conhecer, comunicar e viver as diferenças são, para mim, o melhorregistro de luz, a melhor fotografia!

Acompanhe o trabalho de Juliana:

Flickr: Juliana Cupini PhotostreamVimeo: Amazônia em Pessoa

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Você sonha com uma viagem de volta ao mundo mas acaba adiandoporque falta tempo, dinheiro ou companhia? Então você precisa conhecer ospersonagens deste artigo. Fazer uma viagem de volta ao mundo está cada dia mais fácil eacessível. Prova disso é o número cada vez maior de brasileiros que se joga na estrada paraviagens longas, conhecendo vários continentes de uma vez só. Gente de todos os cantos, queviaja sozinho ou acompanhado, com muito ou pouco dinheiro, com muito ou pouco tempo.Gente que parou de dar desculpas a si mesmo e resolveu fazer acontecer!

Falta de tempoÉ difícil planejar uma viagem por vários continentes quando se tem somente 30 dias deférias por ano. Uma volta ao mundo em pouco tempo é possível, mas os custos se elevam ea diversão tem dias contados.

"Conhecer um lugar vai muito além de suas paisagens naturais e arquitetônicas. Temoscomo premissa mergulhar na cultura local e vivenciar hábitos alimentares, costumes,aspectos sociais e religiosidade de cada povo. A quebra de preconceitos, reflexão, mudançade paradigmas, visão global, entre muitos outros, são algumas das experiências quequeríamos ter. Impossível em uma viagem de férias de um mês." diz Karina Palla que estáatualmente viajando com o marido Pablo Jacinto.

Impossível também seria conhecer em 30 dias todos os lugares por onde eles já passaram,mais de 25 países até agora, entre os quais: Índia, Sri Lanka, Nepal, Butão, Rússia, Suíça,Grécia, Turquia, Israel, Egito, Jordânia, Namíbia, África do Sul e Tailândia. Já se foram 400dias de viagem e, nos últimos 100 faltantes ainda passarão por Laos, Filipinas, Indonésia eEstados Unidos.

Viagem volta ao

Entrevistas: Debora Garcia | Fotos: Arquivo Pessoal

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Diante de tantas possibilidades, muitos viajantes optam por pedir demissão, deixando seus em-pregos fixos para se dedicar à viagem durante um período mais longo. Como Fernando Camargo,advogado paulista, que precisava de um descanso:

"O que realmente me levou a decidir por uma viagem de volta ao mundo foi uma necessidadeextrema de dar um tempo na minha carreira, depois de sete anos e meio de escritório e  após umano movimentado e de muito trabalho."

Fernando conta que pediu demissão em março de 2008 e viajou durante nove meses com passagempor vários países, entre eles o México, Japão, China, Índia, Maldivas, África do Sul, Namíbia,Etiópia e Ilhas Maurício.

Mas a falta de tempo nem sempre é um empecilho, afinal uma viagem de volta ao mundo nãoprecisa necessariamente durar um ano. Pedir demissão também não é um item obrigatório para quemquer se aventurar pelo mundo. Veja a história da professora universitária Carla Portillo. Elaemendou suas férias, uma licença prêmio, e o Carnaval e fez uma viagem incrível entre dezembrode 2010 e março de 2011. Carla conheceu Portugal, Itália, Cingapura, Malásia, Camboja, Indonésia,Tailândia, Vietnã, Japão e Estados Unidos.

Falta de dinheiroÀs vezes temos todo o tempo do mundo disponível para dar uma volta ao mundo, mas falta a grana.Ou pelo menos achamos que falta. Em 2010, durante uma viagem para a Tailândia Fernanda Souzaconheceu uma americana que estava fazendo uma viagem de volta ao mundo durante um ano com15 mil dólares. Ela não pensou duas vezes e voltou para o Brasil decidida a fazer o mesmo. Vendeuo carro e viajou durante 12 meses com cerca de 30 mil reais por 20 países, como Estados Unidos,Nova Zelândia, Japão, China, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Líbano, Inglaterra e Portugal.

Quando falamos de viagem de longo prazo, uma das dificuldades é estabelecer um orçamento,calcular quanto vamos gastar. Algumas pessoas preferem calcular seus gastos por dia, outras pormês, outras pelo período total. E os valores variam bastante.

Bruno Cavalcanti está dando uma volta ao mundo desde dezembro de 2012 e seu orçamentomensal está entre três e quatro mil reais. Até agora ele já passou por Peru, México, Guatemala,Marrocos, Egito, França, Itália, Grécia, Turquia, Israel, Jordânia, Índia, Nepal, Tailândia, Laos,Vietnã, Camboja, Indonésia e neste momento está na China. Já Guilherme Canever e sua esposaBianca viajaram durante quase três anos, entre 2009 e 2011, com o orçamento mensal de 700 a 900dólares por pessoa. Eles conheceram cerca de 50 países, entre eles a África do Sul, Malásia,Jordânia, Israel, Itália, Vaticano, Paquistão e China. A Karina e o Pablo fazem de tudo para semanter dentro do budget de 100 dólares por dia, para o casal. A Carla Portillho gastou 15 mil em77 dias de viagem. Fernando Camargo gastou 50 mil em nove meses.

A chave para uma viagem longa com pouco dinheiro é planejamento. A escolha dos países émuito importante e não é à toa que o Sudoeste asiático é a região preferida de quem quer viajar muitocom pouco. Os países nórdicos, por outro lado, costumam ser evitado por serem bastante custosos.Alternativas de transporte, hospedagem e alimentação também fazem a diferença no orçamento.Não vale ter medo de andar de ônibus, de ficar em quarto compartilhado em albergues e de comerem barraquinhas de rua!

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Falta de companhiaNormalmente a falta de companhia é na verdade falta de ter um amigo ou namorado disposto a fazeros mesmos sacrifícios que você (quando falamos de sair do emprego) ou cujo período de férias seja omesmo que o seu.

A Carla Portillo convenceu o melhor amigo Paulinho a ir junto. Os amigos Natália Becattini,Rafael Sette Câmara e Luiza Antunes também tiveram o privilégio de fazer uma volta ao mundojuntos. Depois de um intercâmbio profissional na Índia, os três aproveitaram para continuar viajando.Durante sete meses conheceram Espanha, Itália, França, Inglaterra, Índia, Malásia, Nepal, HongKong, Tailândia, Cingapura, Indonésia, Nova Zelândia, Chile e Peru. A Karla Larissa não teve esseproblema. Arrastou o marido, Fred Santos, e juntos viajaram por mais de 200 dias em 2013 pordiversos países, entre eles a Inglaterra, Cingapura, Austrália, Estados Unidos, Grécia, Espanha,Marrocos, Itália, Alemanha e Portugal.

Mas nem sempre tudo são flores. O Robison Portioli passou por uma situação chata quando viajavacom sua então namorada. "Sabia que uma viagem longa assim teria duas possibilidades claras: ouseria um divisor de águas, ou o catalisador de uma relação. No nosso caso, foi a primeira opção."Os dois acabaram terminando o relacionamento no meio da viagem, em 2013.

Está sem companhia para viajar? Vá sozinho! Fellipe Faria aproveitou uma mudança de empregopara viajar solo durante 150 dias. Mas engana-se quem pensa que ele passou todo esse tempo sozinho.Ele aproveitou os albergues onde se hospedou para conhecer gente nova, inclusive em Paris, ondepagou 20 euros em um dormitório para 12 pessoas.

Lívia Aguiar não deixou a falta de companhia desanimá-la e viajou durante nove meses sozinha em2012. Hospedou-se em casas de desconhecidos que conheceu pelo site CouchSurfing, pegou caronasna Europa, trabalhou em uma fazenda orgânica na Noruega e se divertiu pra caramba.

Uma viagem de volta ao mundo pode mudar a sua vida, basta você estar disposto a se jogar no mundo,sem rédeas, sem preconceitos e com o coração aberto para viver novas e inesquecíveis experiências.Fernanda Souza diz que 2011 foi o melhor ano da vida dela. A Lívia Aguiar voltou ao Brasil querendofazer outra volta ao mundo.

Quando eu perguntei o que os viajantes fariam de diferente, todos responderam sem pestanejar:passariam mais tempo viajando!

Sobre a autora Debora Garcia

Editora do blog Revista de Viagem, professora de inglês, tradutorae entusiasta de web design e social media. Atualmente de mudançapara trabalhar na Arábia Saudita. Comprometida a explorar omundo indefinidamente, compartilha em seu blog dicas e roteirosde viagem para encorajar outros a viajar mais e melhor. Conhecemais de 70 cidades espalhadas por Brasil, Argentina, Uruguai,Chile, Estados Unidos, Canadá, México, Escócia e Inglaterra.www.facebook.com/revistadeviagem

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Volta ao

em 11 orçamentos

Guilherme e Bianca Canever

Duração da viagem: cerca de três anosData da viagem: 2009 - 2011Países visitados:África do Sul, Namíbia, Botsuana, Zâmbia,Malauí, Moçambique, Tanzânia, Quênia,Uganda, Ruanda, Burundi, Madagascar,Etiópia, Somalilândia, Djibuti, Iêmen, Soco-tra, Omã, Malásia e Borneo, Cingapura, In-donésia, Vietnã, Tailândia, Myanmar, Laos,Índia, Jordânia, Israel, Palestina, Síria, Líba-no, Turquia, Bulgária, Macedônia, Albânia,Montenegro, Bósnia, Croácia, Itália, Vatica-no, Iraque, Irã, Turcomenistão, UzbequistãoRepublica Karakolpak, Cazaquistão, Quir-guistão, Paquistão, China (Xinjiang).

Orçamento: entre US$ 700 e 900 por mêse por pessoa

saiporai.com

Fernanda Souza

Duração da viagem: 11 meses e meioData da viagem: 2011- 2012Países visitados:Colômbia, Estados Unidos, Nova Zelân-dia, Austrália, Fiji, Tailândia, Camboja,Laos, Vietnã, Malásia, Cingapura, Japão,China, Indonésia, Emirados Árabes Unidos,Jordânia, Líbano, Inglaterra, Escócia ePortugal.

Orçamento: R$ 32.000

www.precisoviajar.com

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Carla Portillo

Duração da viagem: 77 diasData da viagem: 2010 - 2011Países visitados:Portugal, Itália, Cingapura, Malásia,Camboja, Indonésia, Tailândia, Vietnã,Japão e Estados Unidos.

Orçamento: US$ 15.000

www.idasevindas.com.br

Bruno Cavalcanti

travelincircles.wordpress.com

Duração da viagem: atualmente viajandoData da viagem: desde 2012Países visitados:Peru, México, Guatemala, Marrocos, Egito,França, Itália, Grécia, Turquia, Israel,Jordânia, Índia, Nepal, Tailândia, Laos,Vietnã, Camboja, Indonésia. Atualmenteestá na China.

Orçamento: entre R$ 3.000 e 4.000 por mês

Fernando Camargo

www.profissionalviajante.com.br

Duração da viagem: nove mesesData da viagem: 2008Países visitados:México, Belize, Guatemala, Honduras, Ni-carágua, Costa Rica, El Salvador, Califór-nia, Japão, China, Hong Kong, Vietnã,Camboja, Tailândia, Malásia, Cingapura,Indonésia, Índia, Maldivas, África do Sul,Namíbia, Botsuana, Malaui, Zâmbia, Zim-bábue, Tanzânia, incluindo Zanzibar, Quê-nia, Etiópia e Ilhas Maurício.

Orçamento: US$ 50.000

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Volta ao

em 11 orçamentos

Natália, Rafael e Luiza

Duração da viagem: 7 mesesData da viagem: 2011 - 2012Países visitados:Espanha, Itália, França, Inglaterra, Índia,Malásia, Nepal, Hong Kong, Tailândia,Cingapura, Indonésia, Nova Zelândia,Chile e Peru.

Orçamento: R$ 30.000 por pessoa

360meridianos.com

Robison Portioli

www.facebook.com/v.nomade

Duração da viagem: cinco mesesData da viagem: 2013Países visitados:Turquia, Jordânia, Índia, Nepal, Tailândia,Laos, Vietnã, Camboja, Hong Kong, NovaZelândia e Chile.

Orçamento: R$ 11.200

Ilustrações: Daniella Schweizer

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Karina Palla e Pablo Jacinto

Duração da viagem: atualmente viajandoData da viagem: desde 2012Países visitados:Índia, Sri Lanka, Nepal, Butão, Tibet, Chi-na, Mongólia, Rússia, Suíça, Grécia, Tur-quia, Israel, Egito, Jordânia, Kênia,Uganda, Tanzânia, Malaui, Zambia, Zim-babue, Botswana, Namíbia, África do Sul,Tailândia, Camboja, Myanmar. Aindapassarão por Laos, Filipinas, Indonésia eEstados Unidos.

Orçamento: US$ 100 por dia para o casal

www.facebook.com/500DiasPeloMundo

compartilheviagens.com.br

Duração da viagem: 219 diasData da viagem: 2013Países visitados:Inglaterra, Cingapura, Filipinas, Malásia,Tailândia, Myanmar, Camboja, Indonésia,China, Austrália, Estados Unidos, Irlanda,Holanda, Bélgica, Grécia, Espanha, Marro-cos, Itália, Alemanha e Portugal.

Orçamento: R$ 60.000 para o casal

Karla Larissa e Fred Santos

Livia Aguiar

Duração da viagem: nove mesesData da viagem: 2012Países visitados:Argentina, Chile, Nova Zelândia, HongKong, Macau, Tailândia, Laos, Camboja,Mianmar, Índia, Jordânia, Turquia, Espanha,Alemanha, Dinamarca, Noruega, Suécia,Holanda, França, Itália, Tunísia, Inglaterra.

Orçamento: R$ 30.000

eusouatoa.com

Fellipe Faria

omochilao.com

Duração da viagem: 150 diasData da viagem: 2011 - 2012Países visitados:Camboja, Espanha, Estados Unidos,França, Hong Kong, Inglaterra, Israel,Itália, Jordânia, Macau, País de Gales,Cingapura, Tailândia, Turquia e Vaticano.

Orçamento: R$ 24.000

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Capadócia, Turquia

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Volta aomundocom Guilherme Tetamanti

Guilherme Tetamanti é um paulista de 31 anos com muitas histórias paracontar. Em 2011, vendeu seus negócios para realizar o sonho de fazer umaviagem de volta ao mundo. Aqui ele nos conta sobre essa experiênciaúnica. Guilherme escreve também no seu blog Viajando com eles, visandoincentivar viajantes a encarar suas aventuras como um meio de adquirircultura e melhorar sua qualidade de vida, sempre buscando alternativas

para as melhores viagens com os menores custos.

Fotos: Arquivo pessoal

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Desde que comecei a planejar a minha viagem de volta ao mundo, percebi que a maiorcuriosidade das pessoas é saber como surgiu essa ideia e quais foram minhas motiva-ções. Eu sempre gostei de viajar, de ver o mundo com meus próprios olhos, conhecergente nova, participar de aventuras, ir ao encontro do desconhecido. A minha fascina-ção por viagens começou talvez na quarta série, nas aulas de Geografia. Meu professortrazia sempre, na volta das férias, fotos de suas viagens. Nunca vou esquecer comofiquei encantado na primeira vez em que vi imagens do Machu Picchu.

Antes sequer de imaginar fazer um ano sabático, viajei bastante pelo Brasil, morei na Espanha, fiz ummochilão de um mês pela Europa e uma viagem para Bali, na Indonésia. Conheci muita gente ficandohospedado em albergues e também no dia a dia. Não sei se foram acasos do destino, mas fiz vários amigosbastante viajados, que já haviam entrado de cabeça nessa loucura de viagem volta ao mundo. Ficavafascinado com seus relatos, queria saber mais e mais sobre algo tão incomum para nós brasileiros. Largaro emprego, família, amigos. Como será o futuro? No final das contas, eles eram para mim sempre aspessoas mais interessantes, com uma bagagem incrível e um montão de histórias para contar.

Nunca me contentei em ter uma vida comum. Todos os dias pegar trânsito, ir ao trabalho, voltar para casae com sorte frequentar uma academia e ver os amigos. Contava os segundos para a sexta-feira chegar eaproveitar os finais de semana. Sonhava em ter uma vida incrível e excitante, com dias diferentes uns dosoutros. Queria ver gente diferente, encontrar novos desafios e tentar fazer algo que me deixasseplenamente feliz.

PlanejamentoNão basta vontade para realizar uma viagem de volta ao mundo, ainda mais uma tão longa quanto a queme propus fazer. Claro que é preciso ter coragem, mas também tempo e dinheiro. Sempre quis ter minhaprópria empresa e, um ano antes do início da viagem, decidi ser meu próprio patrão. Trabalhava muito eos negócios estavam indo muito bem, mas não estava satisfeito, não era essa a empresa que tanto queria.Após oito meses do início do negócio e tantas noites mal dormidas pensando em como resolver minhainsatisfação, resolvi vender minha parte e, assim, conseguir o dinheiro para realizar meu sonho de viajaro mundo. A partir daí, foram seis meses até o início da viagem. Pesquisei muito em blogs de turismo, quesem dúvida são a melhor ferramenta para se buscar informações. Além de pesquisar, acabei descobrindouma maneira de divulgar minhas escolhas e dicas de viagem. Como já conhecia um pouco sobre ainternet, acabei criando o blog Viajando com eles para tentar transformar essa experiência pessoal emalgo que pudesse mudar também minha carreira profissional.

Sozinho mundo aforaNos primeiros seis meses, foi muito bom viajar sozinho e estava sempre disposto a conhecer pessoasnovas. Fiz dezenas de amigos pelo mundo inteiro e me diverti demais. Foram 365 dias de viagemincríveis, muito melhores do que poderia imaginar ou sonhar. Com o tempo, acabei também meacostumando com aquela tristeza da despedida, intensificada pela quase certeza de nunca mais veralguém com quem me diverti tanto. Porém, não ter uma companhia de verdade para compartilhar asalegrias e os perrengues foi certamente minha maior dificuldade na segunda parte da viagem. Viajarsozinho tem suas vantagens, mas, sinceramente, não pretendo partir sem a minha esposa, caso tenha achance de fazer uma segunda viagem de volta ao mundo.

Uma das coisas que eu adoro é conhecer lugares antigos e imaginar que tanta gente passou por alimilhares e milhares de anos atrás. Andando pelas pirâmides e pelos templos do Egito, construções dacivilização grega e diversas cidades antigas da Turquia, tive a plena sensação de participar de algumamaneira da história da humanidade. Ver tudo aquilo e conhecer como as pessoas viviam me fizeramentender que o mais importante na vida não são as coisas que conquistamos.

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Durante a viagem também me impressionou como sempre existem pessoas dispostas a ajudar forastei-ros. Gosto de aprender algumas frases básicas do idioma local e conhecer a cultura, o que facilita acomunicação. É importante, para mim, comer em restaurantes locais, usar o transporte público e estar sempreaberto às oportunidades, livre de preconceitos. Faço questão de visitar não somente o que o turista procura,mas também os lugares aonde os moradores gostam de ir.

"Andando pelas pirâmides e pelostemplos do Egito, tive a sensação departicipar de alguma maneira da

história da humanidade."

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Dicas para outros viajantesNesses 12 meses de estrada, percebi que não precisamos de muito para viajar. Poderia ter usado amesma mochila que usaria para uma viagem de dois meses, com roupas leves e fáceis de lavar. Amelhor dica é fazer um roteiro em busca do sol, seguindo os meses de verão. Assim, com a mochilamais leve e compacta, é possível levá-la como bagagem de mão no avião, tática muito boa para nãopagar peso extra nos voos com empresas de baixo custo, muito populares na Europa. Aliás, o pesoda bagagem é minha principal dica para o conforto da viagem. O ideal é viajar com menos de 15quilos, divididos entre uma mochila média e outra para o dia a dia. Para isso, cada item deve sercomprado após muita pesquisa, desde a própria mochila, até o modelo da câmera fotográfica ecomputador.

Lugares imperdíveisMuita gente entra em contato comigo por meio do blog, com dúvidas sobre quais lugares não podemficar de fora. Isso é difícil de responder porque depende muito do gosto de cada um. Particu-larmente, prefiro praia e calor, por isso incluí no meu roteiro as ilhas Fiji, Havaí, Austrália eTailândia. Queria conhecer a história das civilizações antigas, então visitei o Egito, a Grécia e aTurquia. Gosto da sensação que a adrenalina proporciona, então resolvi praticar esportes radicais naNova Zelândia e aventurar-me nos safáris da África do Sul e Tanzânia. O importante é pesquisarbastante para saber como são as atrações de cada país. Ouvi muito a frase: "nossa, não sabia queera assim". A pior sensação para um viajante é gastar tanto tempo e dinheiro, chegar a um lugar earrepender-se de estar ali.

RealizaçãoA viagem representou a realização do sonho de viajar e viver sem saber como seria o dia de amanhã,estar preparado somente para o imprevisto. Adorei conhecer novos lugares, fazer amigos e vivenciarnovas culturas. Mas o que mais me fascinou foi poder viver um dia diferente do outro, ter históriaspara contar e a chance de aprender muito sobre a vida, evoluir como ser humano. Mais do que tudo,hoje posso dizer que me orgulho muito do que conquistei. Tive a sorte de transformar tudo isso emretorno financeiro, o que depende também de paciência e de dedicação. Mas sinceramente o quepassa pela minha cabeça hoje é que fiz exatamente o que tive vontade de fazer, e isso me basta.

Como foi voltar e recomeçarNada fácil, ainda mais porque gastei quase tudo o que tinha. Ter que pensar em trabalho novamente,criar uma rotina, se acostumar a não viver novas experiências todos os dias e voltar a gostar de fazeras coisas que fazia antes foi uma luta diária. Mesmo com as dificuldades, retomei a rotina, que nemsempre é um conceito pejorativo. Descobri que é essencial para mim fazer exercícios regularmente,conviver com as pessoas que gosto e trabalhar, me sentir produtivo. Além disso, aprendi algo quenunca mais deixarei de seguir: “o melhor lugar do mundo é aquele em que estamos neste exatomomento”.

O meu jeito de combater a depressão pós-viagem foi continuar a sonhar e começar a guardar granano "porquinho" para a próxima viagem. Imaginei que a necessidade de viajar cessaria por um tempo,o que não aconteceu. Mas agora quero viajar diferente, ainda mais devagar.

Nesse meio tempo, acabei também descobrindo maneiras de atenuar os efeitos colaterais que ficarem casa causaram em mim e comecei a explorar minha própria cidade, São Paulo, como faria umturista. Assim abri um segundo blog o Alma Paulista, com outros cinco blogueiros de viagem.Somos três homens e três mulheres, entre os quais paulistanos, uma gaúcha, um mineiro e umbrasiliense, mas todos paulistas de coração. O nosso objetivo é publicar sobre o que vivemos eexperimentamos em São Paulo como viajantes, descobrindo algo novo a cada dia.

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"O melhor lugar do mundo é aquele emque estamos neste exato momento."

Coron, Filipinas

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Maria Eugênia Ferreira Pinto dos Santos ou simplesmente Magê mora há 12 anosno exterior. No Brasil, ela formou-se em Rádio e TV pela Universidade Metodistade São Paulo e trabalhava como produtora freelancer em festivais de cinema. Hojeela mora na Itália com a família, é guia turística e escreve no blog Milão nas mãos.

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Milão nas mãos de Magê

Assim que cheguei à Itália, em 2002, comecei a trabalhar em uma multinacional que precisava de uma pessoa quefalasse português. Na época não foi difícil encontrar um emprego, mas era algo completamente diferente daminha área de trabalho. Como muitos expatriados, tive que me contentar com a situação.

Inspirada pelo meu pai, há mais ou menos dois anos, comecei a cultivar a ideia de trabalhar com brasileiros emMilão, oferecendo serviço de acompanhamento turístico na cidade. Os brasileiros estão cada vez viajando mais ea oferta de serviço aqui em português é restrita.

Decidi trabalhar como acompanhante turística e comecei a me preparar para o exame necessário para se exercera profissão na Itália. Aqui, guia/acompanhante turístico é uma profissão regularizada com uma habilitação. Parafazer o exame de habilitação, é necessário estudar sobre a história, a geografia, os costumes e sobre a história dasartes das cidades. Eu prestei a prova escrita do exame em fevereiro, passei para a prova oral e no último dia 16de abril saí de lá com a minha habilitação. Não sei descrever a minha sensação: uma mistura de alegria erealização. Foi o reconhecimento da minha capacidade, a conclusão de um percurso começado há muito tempo.Há mais de um ano que eu estava me preparando para os exames e esperei todo esse tempo para que saísse o editaldas provas. Infelizmente aqui na Itália as coisas caminham às vezes lentamente e nem sempre com eficiência.

Uma coisa é certa: mesmo antes de começar a atuar, tenho certeza de que ter a possibilidade de trabalhar combrasileiros, ter esse contato com as pessoas do meu país, falar o português, será gratificante. Eu acho que maisque uma assistência turística, é quase uma mediação cultural, porque as pessoas têm interesse em saber como sevive na Itália, e só nós brasileiros podemos fazer a comparação com o nosso país.

Que conselho daria para quem está mudando agora para o exterior e gostaria de trocar de profissão?Quando cheguei aqui, há 12 anos, obviamente queria continuar trabalhando na minha profissão original. Mas eunão conhecia ninguém, e o trabalho de produção depende muito de você conhecer pessoas, a cidade, os serviçose como as coisas funcionam.  Durante algum tempo, foi frustrante fazer outros trabalhos, mas foi só perto dos 40anos que eu percebi que a melhor coisa seria me reinventar. Não é fácil descobrir como percorrer um novocaminho. Voltar a estudar aos 40 anos, com as responsabilidades de casa, filhos e marido, não é como aos 20,quando você faz praticamente só isso.

Resumindo: a estrada para se reinventar em uma nova profissão não é fácil e muito menos rápida. A minha dicaé ficar atento às oportunidades que o novo país oferece. Eu levei 10 anos para encontrar esse caminho. Não é fácilnem rápido, mas é possível!

Profissão expatriados

Texto: Magê | Fotos: Arquivo pessoal

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A brasileira Ana Paula Dantas mora definitivamente na Alemanha desde2012, onde apaixonou-se não somente por um alemão, mas como tambémpelo ciclismo. Sua acompanhante nas pedaladas é uma charmosa bicicletachamada Amélie. E quando não está pedalando ou fotografando, ela escreveno blog thisgermanlife.com sobre sua vida no país.

"Depois de meses pesquisando sobre os vários modelos de bicicleta e o quecombinaria mais com o meu estilo, caí de joelhos pela bicicleta urbana damarca Pegasus, modelo 1949. Atraída por sua cor e pelo seu aspecto vintageeu soube imediatamente que ela seria minha nova parceira! A Amélie, comoeu a chamo, é confortável, super estável e o seu look retrô atrai muitoselogios. Apesar de ser uma bicicleta urbana, já me arrisquei com ela nafloresta, pedalando por vários quilômetros e não fiquei decepcionada. Aquina Alemanha, andar de bicileta é super normal. Pessoas pedalam para otrabalho, mães carregam os filhos para a creche, estudantes pedalam para auniversidade.

A bicicleta faz parte do meu cotidiano. Quando a uso, me sinto livre de coisasruins que acontecem ao meu redor, do estresse do trabalho, dos problemaspendentes. Sou só eu e a bike. É um sentimento que eu não consigo ter emnenhum outro lugar. Posso dizer que minha bicicleta é grande parte da minhavida. É o meu transporte para o trabalho, é ela que me faz chegar mais rápidoe flexívelmente do que qualquer outro meio de transporte. Vou relaxada,sentindo meu corpo ser trabalhado, sem prejudicar o meio ambiente e aindacontribuo para minha saúde. Eu não sou uma ciclista profissional, peladomais por diversão, pelo prazer de estar em movimento e por todas as vanta-gens que a bicicleta me traz."

Pedalando com Ana Dantas e Amélie

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Pedalando Mundo Afora

Fotos: Arquivo pessoal

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Vários são os motivos que levam muitos brasileiros a morar fora dopaís, assim como os que os trazem de volta à terra natal. As duas

decisões são consideradas difíceis por quem já passou pelaexperiência e fazem parte do pacote que os cientistas

chamam "choque cultural". Mas o que acontece aosbrasileiros que decidem visitar o Brasil ou mesmo

voltar a morar no país?

É importante ressaltar que existe uma diferençaentre visitar um país e morar nele. Quandovisitamos um determinado lugar, tendemos anão nos importar tanto com as coisas de quenão gostamos e com as diferentes maneiras deser e viver das pessoas do local. Temos aclareza de que ali não é a nossa morada elogo mais vamos embora, pois estamosapenas de passagem e tendemos a relaxar e aser menos exigentes. Porém, sempre fazemosum juízo de valor sobre o lugar: podemosgostar e, quem sabe retornar, ou detestar edecidir que foi a primeira e a última vez que

pisamos naquele solo.

Quando você decide mudar de país, decidemudar praticamente tudo na sua vida. É como

nascer de novo dentro de uma mesma existên-cia, só que em um lugar diferente. Nos primeiros

dias morando fora de casa, a empolgação toma contade vários momentos. Queremos conhecer todos os pontos

turísticos e tiramos foto de tudo, considerando importanteregistrar cada nova experiência. Com o tempo, a tomada de

consciência de que mudamos de vida vai se tornando mais forte ecomeçamos a sentir saudade de tudo o que deixamos. A vontade de

voltar aumenta a cada telefonema dado à família. Pensamos sobre os moti-vos que nos levaram a decidir sair de uma zona de conforto e passar por toda uma

readaptação em um novo lugar.

O choque cultural que atinge os brasileiros em terras estrangeiras percorre o caminho oposto e invade osbrasileiros que retornam ao Brasil. Mas que choque cultural é esse, já que estamos voltando "para casa"?Aí é que está o "Q" da questão, pois quem morou fora do país, passa a ter dois ou mais países dentro docoração. Muitos que já passaram pela experiência afirmam que voltar a morar no Brasil é mais difícil parase adaptar do que o contrário.

Texto: Lila Rosana | Foto: Claudia Bömmels

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Conversando com Lila Rosana

Voltando para casa, os primeiros momentos são de alegria e euforia, pois rever tudo e todos, experimentarcomidas e estar em lugares de que tanto sentíamos saudades é algo único. Em um segundo momento,começamos a tomar consciência de que nem tudo está como antes, e isso começa a incomodar. As grandesexpectativas passam a ser frustradas.

Na fase seguinte, começamos a nos incomodar com as regras sociais e tudo o que nos fez ir embora do paíse que já tínhamos esquecido. Em um quarto estágio, temos sentimentos negativos por quase tudo, poisprecisamos nos readaptar ao mercado de trabalho, ao estilo de vida e à cultura. A irritação passa a ser umsentimento permanente. Em um quinto momento, quando o reconhecimento do lugar, a readaptação àlíngua, costumes e cultura passam a ser mais estáveis, sentimos que é possível, sim, voltar a morar ali enos reintegrar socialmente, mesmo que ainda sentindo falta do que deixamos para trás.

O texto é baseado em relatos de pessoas que já passaram pela experiência. A seguir, selecionei edestaquei um pequeno retalho desses depoimentos:

Moro há 12 anos fora do Brasil e, quando fui visitar o país, pude perceber que já não me enquadro emmuitas coisas de lá. – Rogéria* morou por quatro anos nos Estados Unidos e atualmente mora no Canada.

Fui visitar o Brasil três vezes. Gosto de ir passear por lá e de aproveitar todas as delícias do país, mashoje em dia as coisas que antes eu era acostumada a enfrentar passaram a me incomodar, como o trânsitoe o ritmo louco das cidades. – Marilia* mora há quatro anos no Canadá.

Eu me senti uma estrangeira no meu próprio país. Tudo era estranho, eu continuava pensando em inglês,e pedia muitas desculpas quando esbarrava em alguém. Não consigo mais pensar que tudo tem umjeitinho brasileiro. – Fabricia* morou dois anos no Canadá e hoje mora no Brasil.

“Eu me sinto estrangeira cada vez que vou ao Brasil. Essa sensação de estranhamento acontece quandome deparo com situações socioculturais a que não estou mais habituada, porexemplo, ouvindo pessoas falando tão alto.” – Lúcia* mora há oito anos noCanadá.

“Nas minhas visitas ao Brasil, não me sinto simplesmente como umaestrangeira, mas como uma estrangeira malquista.” – Catarine*mora no Canadá há seis anos.

“Ao voltar a morar no Brasil, foi difícil lidar com as burocraciasbrasileiras, mas, fora isso, a readaptação foi fácil, pois morar noexterior me deixou com uma bagagem cultural e de vida que estãome fazendo mais feliz por aqui.” – Valquiria* morou 10 anos noCanadá e atualmente mora no Brasil.

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“Não me imagino mais vivendo no Brasil. Muitas coisas de lá me incomodam, como o excessivomaterialismo e a vaidade sem fim. Essas são coisas que nunca fizeram parte do meu mundo e queagora fazem menos ainda.” – Ivana* que mora há mais de 15 anos fora do Brasil. Residiu em Israel,Suécia, Alemanha, Dublin e Holanda.

"Bem, nos primeiros anos em que voltei ao Brasil não me senti estrangeira, mas já via o Brasil comum olhar diferente de antes. Com o passar dos anos, veio um sentimento de não fazer parte somentede uma cultura, mas de duas." – Solange* mora há 10 anos nos Estados Unidos.

"Brasileira nascida e criada na nação varonil nunca senti e jamais me sentiria uma estrangeira emum país que é o começo de toda a minha existência. Estrangeira eu me sinto, sim, mas fora do Brasil."– Elaine* mora há mais de 20 anos fora do Brasil. Residiu na Alemanha e está hoje no Canadá.

"Eu não me sinto estrangeira quando vou ao Brasil, acho que é porque vou lá todo ano. Eu já chegosabendo o que esperar; é claro que algumas coisas ainda me incomodam, mas logo me acostumo,pois fico tão feliz por estar lá." – Lucia* mora no Canadá há 15 anos.

"Visitando o Brasil, eu me sentia estrangeira quando andava pelas ruas. Percebia que não estavamais acostumada com os lugares a que eu ia sempre. Fiz coisas que não fazia quando morava por lá,como tomar suco em pé numa casa de sucos perto da Paulista." – Ana* mora no Canadá há quasequatro anos.

Como você vai se sentir ao retornar ao Brasil está muito relacionado ao tempo em que morou forae ao quanto absorveu da cultura do lugar em que viveu ou está vivendo. Ter o entendimento de que aspessoas e o lugar que você deixou não serão mais as mesmas quando você retornar lhe dará umatomada de consciência diferente, mais realista, e isso poderá ajudar na sua readaptação.

*Nomes fictícios para preservar a identidade das entrevistadas

Lila Rosana nasceu em Belém do Pará, onde formou-se em psicologiaclínica e organizacional. Morou por 11 anos em Fortaleza, no Ceará. Temespecializações em educação infantil, ludoterapia e estresse pós-traumático.Atualmente vive em Vancouver, no Canadá. Ela escreve no blog pessoalConversando com os pais ,que surgiu do trabalho de orientação de pais quefazia no Brasil, e para o jornal online Tribuna do Ceará.

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Foto: AFP

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O expatriado e a Copa do Mundo

Durante a Copa do Mundo, milhares de brasileiros planejam suas vidasde acordo com as datas dos jogos do Brasil, para não perderem nenhumlance, nenhum gol. Nos países mais silenciosos, como a Alemanha oua Suíça, o mundial oferece também uma oportunidade única para oexpatriado extravasar, falar alto, gritar à beça, vestir-se dos pés à cabeçade verde e amarelo e sair buzinando pelas ruas tranquilas sem queachem que ele é um louco. Faz muito bem para a alma! É durante osjogos da Copa que os amantes de futebol que vivem no exterior sentem-se mais conectados com pátria. "Le, leleô, leleô, leleô, leleô, BRASIL!"

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thiagoconceição

Por Maricélia Wiesböck

Fotografia

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Fotografia

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Nome: Thiago Conceição SantosIdade: 28 anosProfissão: modeloMorando quanto tempo fora do Brasil: desde 2013 na AlemanhaHobbys:O que você mais aprecia na cultura alemã: organizaçãoO que menos gosta: comidaDo que sente mais saudades: praia

Acompanhe Thiago nas redes sociais:www.facebook.com/thiago.conceicao.1485Instagram: Thiago0

Foto

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Maricélia Wiesböck nasceu na Bahia,cresceu em São Paulo. Há 17 anos forado Brasil, ela mora com a família naAlemanha, onde é uma fotógrafa desucesso.

www.maricelia.comwww.facebook.com/MariceliaWiesbockKinderfotografiewww.the-look.org/blog/

Fotografia

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YasminPor Marisa Cristina Pedro Pfeiffer

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Yasmin

Fotografia

Marisa Cristina Pedro Pfeiffer énatural de São Paulo, tem 44 anos emora com a família na Suíça desde2008. No Brasil ela trabalhava comogerente de vendas e no novo país é mãe"24 horas" de Yasmin e webdesignernas horas vagas. Sua filha tem quatroanos e é um dos seus motivos preferidospara fotografar.

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"Sou amadora no melhor sentido da palavra.Eu amo fotografar desde sempre. É umaforma de eternizar minhas lembranças, é

como uma poesia feita pelos olhos,que me faz chorar de emoção."

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Algumas dicas para amadores como eu quegostam de fotografar crianças

● Se você quer fotografar crianças, você tem quegostar bastante delas, ter muita paciência e dispo-sição. As crianças precisam de um certo tempo parase acostumar com você.

● Fotografe na altura dos olhos da criança, fiquesentado, agachado ou deitado.

● Brinque com a criança, peça que pule, corra comum amiguinho, conte histórias engraçadas. Um am-biente descontraido é essencial para o sucesso doensaio fotográfico.

● Um bom condicionamento físico ajuda. Tambémusar roupas e sapatos confortáveis. É provável quevocê vá ter que pular e correr também.

● Se possível faça fotos com luz natural. Algumascrianças se irritam com a luz forte do flash.

● Mantenha sua câmera sempre preparada em fun-ções semi-automáticas.

● Clique momentos espontâneos e divertidos.

Fotografia

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Ivan S. Ribeiro, 35 anos, é produtor efotógrafo profissional.

"Já são quase 20 anos de contato com afotografia. Comecei por acaso, fotografan-do com uma Sony Mavica, que usava dis-quete para armazenar as imagens. Depoisde muito estudo, trabalhando como assis-tente de vários fotógrafos, lutas e teimosia,comecei a me dedicar a fotografia de car-ros. Hoje, sou produtor e fotógrafo de veí-culos de um jornal em São Paulo. Trabalhotambém como fotógrafo freelancer paraalgumas agências e jornais.

Eu fiz a fotografia ao lado durante as mani-festações na Avenida Paulista, em SãoPaulo. Cliquei da janela de um apartamen-to no sétimo andar. Após grandes confron-tos com a Polícia Militar, o governo proibiuo uso da força e explosivos. Famílias intei-ras participavam caminhando juntas, levan-do uma bandeira do Brasil e cantando oHino Nacional brasileiro."

Acompanhe o trabalho de Ivan no Flickr:

Ivan Ribeiro Photostream

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Foto: Regina Suriani

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Projeto cultural

Projeto desenvolvido de forma colaborativa por artistas do Norte e do Sudeste do Brasil,dando um novo visual, com formas e cores, aos 30 antigos barcos do rio Tocantins, queforam pintados de acordo com a identidade de seus proprietários. Os barcos eram, atéentão, utilizados como espaço de publicidade para os comerciantes locais. "No inícioalguns deles não queriam as pinturas, justamente porque perderiam o espaço de venda.Mas, conforme foram vendo o resultado, todos perceberam o quanto era importanteestabelecer sua própria identidade", explicou Deíze Botelho, gestora e pesquisadoracultural, completando: "Acho que a Estética Tocantina é a forma como a gente, que moraaqui, pensa a arte". O Projeto foi realizado pela empresa Tallentus Amazônia, sob acoordenação do artista Mauricio Adinolfi (São Paulo) e dos artistas locais MarconeMoreira e Antônio Botelho (Marabá), contando com o patrocínio do Programa RedeNacional Funarte de Artes Visuais (9.ª edição), 2013.

Mais informações: [email protected]

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André Averburg com seu livro O Meio e o Si,fotografado por Fred Junqueira.

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O carioca André Averbug trabalha como consultor econômico e de empresas start-upem Washington DC, nos Estados Unidos, onde mora com a família. No final de 2012,André publicou seu primeiro livro,O Meio e o Si. Em entrevista exclusiva, ele fala sobresua obra e dá dicas sobre como publicar um livro de forma descomplicada.

Brasileiros Mundo Afora: André, o que motivou você a escrever um livro?A vontade de compartilhar minhas ideias, documentar minha visão do mundo e das pessoas. Quandodecidi escrever meu primeiro livro, a dúvida era sobre a melhor forma de apresentar minhas ideias.Decidi por um romance, pois é mais flexível que um não-ficção, proporcionando mais possibilidadestanto ao leitor quanto ao escritor. O romance nos permite navegar pelo lado mais íntimo e sutil dosacontecimentos, aguçando a sensibilidade e trazendo à tona questões que a não-ficção nem sempreconsegue. Acho que foi a decisão acertada, até porque cada vez que o releio ou converso com alguémque leu o livro, descubro um ângulo novo, no qual eu ainda não havia pensado quando escrevi.

Brasileiros MundoAfora: Como surgiu a ideia do livro?Uma vez assisti a uma palestra, onde disseram que a melhor forma de começar um romance é sentarna frente do computador e começar a escrever sem medo de errar. Foi mais ou menos o que fiz. Assimcomo o protagonista, tomei meu rumo e fui ver no que dava. Aos poucos fui tendo ideias que seencaixavam bem e em certo momento já sabia para onde queria ir e tinha o roteiro bem costurado.

Brasileiros MundoAfora: O livro fala sobre você?Fala sobre nós, seres humanos. A frase de abertura, do Camus, é emblemática: "O ser humano é aúnica criatura que se recusa a ser o que é." Temos instintos, impulsos, vontades, que são oprimidos –para o bem e para o mal – pelas normas que nos impomos. Nossas atitudes, sentimentos e até certasdecisões "racionais" são regidos pelo processo evolucionista. Claro que temos a ética, a moral e osprincípios sociais de convivência, mas no fundo somos "criaturas", como disse o Camus. O assuntosempre me fascinou, e o livro, em última instância, é sobre esse conflito: ser social versus ser instintivo.Mas O Meio e o Si é escrito de maneira bem leve (não saberia escrever de outra forma), portanto paramuitos pode significar apenas uma despretensiosa aventura de um personagem pequeno-burguês embusca de algo mais. Uma das coisas de que mais gosto no livro é justamente que a interpretação ficarealmente a critério de cada um, inclusive quanto ao que é real e... Bom, não vou estragar a trama (risos).

Brasileiros Mundo Afora: Quanto tempo você levou para escrever O Meio e o Si?Cerca de um ano, mas sempre em tempo parcial. Escrevia um pouco à noite, mais um pouco nos finaisde semana. Às vezes passava semanas sem tocar no texto. O importante é a persistência e não ser muitoperfeccionista, pelo menos no começo, senão não acaba nunca. Depois, aos poucos, polimos as arestas.

O Meio e o Si Entrevista: Claudia Bömmels | Foto: Fred Junqueira

Literatura

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Brasileiros Mundo Afora: Você publicou seu livro na Amazon. Conte mais sobre essa experiência.Eu usei o esquema independente da CreateSpace, que é uma empresa do grupo Amazon. É bom, poisvocê não precisa fazer investimento algum. O livro está disponível na Amazon (eBook e papel) e éimpresso de acordo com a demanda. Agora, se você quiser vender em uma livraria, tem que fazer todoo esforço de contatos e marketing sozinho, e isso é bem difícil. Consegui uma parceria com a Livrariada Travessa, no Rio de Janeiro, mas sei que eles não fazem mais isso. O estoque eu compro daCreateSpace (preço de autor) e repasso para a Travessa. Para divulgação, o ideal seria eu participarmais de leituras, festivais, organizar lançamentos promocionais, mas infelizmente não tenho tempo.Outra opção para financiar a publicação de um livro é usar sites de crowdfunding*. Assim você podelevantar também recursos para marketing e, quem sabe, contratar um especialista para ajudar nadivulgação. Mas a grande desvantagem dessas produções independentes é que não conseguimosdistribuir em grande escala para as livrarias, que, principalmente no Brasil, ainda são os principaiscanais de venda.

Brasileiros Mundo Afora: Quando podemos esperar o segundo livro?Acho que um segundo livro não vem tão cedo. O primeiro foi um desafio pessoal e que teve um saborespecial. Também acho que esse livro pode ser mais explorado antes de se pensar em um segundo.Ainda quero tentar uma editora tradicional para profissionalizar sua distribuição e aumentar as vendas.Também sou cinéfilo e adoraria que algum roteirista se animasse a trabalhar no projeto "O Meio e oSi – O Filme" (risos). Mas sigo escrevendo quase diariamente, nem que seja meia horinha à noite.Tenho dois blogs, um homônimo do livro e um em inglês, focado em empreendedorismo, chamadoEntrepreneurship Compass. Convido todos a segui-los:

O Meio e o Si | Entrepreneurship Compass

O Meio e o Si

*Financiamento coletivo usado para muitas finalidades, como, por exemplo, por artistas que procuram o apoio financeiro dos fãs, campanhaspolíticas e financiamento de pequenos negócios ou projetos.

Para mais informações sobre o livro O Meio e o Si,incluindo como adquiri-lo e crítica independente,visite omeioeosi.wordpress.com/sobre-o-livro.

O Meio e o Si está também disponível na Amazon.

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"Eu vivo cada dia por vez, sempre atentoàs oportunidades que a vida me oferece."

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no Brasil Entrevista: Claudia Bömmels | Fotos: Dede Fedrizzi

Passando por uma banca de revistas em junho de 2013, um homem com lindosolhos azuis sorriu da capa da revista alemã Stern para mim. Embaixo da foto lia frase "Eu vivo o meu sonho" e folheando a revista, descobri que se trata doempresário alemão Jörg Steinmann. Ele vive no Brasil desde 2003 e é ummultitalento!

Alguns meses mais tarde, encontrei Jörg para uma entrevista em Berlim, depa-rando-me com uma pessoa de extrema simplicidade e simpatia. Ele contouabertamente, com um português muito bem articulado, sobre seu sonho e asdiferenças culturais entre o Brasil e a Alemanha.

Jörg formou-se em Fisioterapia e, com seus 45 anos, é um modelo de sucesso naAlemanha, ator, fotógrafo e produtor. Há alguns meses, ele também é dono deum pequeno hotel, o Sítio Escondido, construído com padrões sustentáveis,perto de Fortaleza, Ceará. A produção de eletricidade e de água aquecida dohotel é feita por meio de energia solar e eólica, com o emprego de cata-ventosgigantes. A realização de um sonho.

Em 2003, Jörg mudou-se com a esposa brasileira Marciria e a filha Surya parao Brasil. "Meu sonho sempre foi comprar um terreno perto do mar e com muitosol. Quando nos mudamos, eu precisava encontrar uma fonte de renda paraminha família e assim comprei a propriedade, onde hoje se localiza o SítioEscondido."

Vivendo há mais de 10 anos no país, Jörg analisa as diferenças culturais entre oBrasil e a Alemanha: "Os brasileiros agem de forma mais emocional e intuitivado que nós alemães, que somos mais diretos e frios. No dia a dia, isso às vezesé um problema. Eu sou muito feliz aqui, já me adaptei bem, mas sinto falta deuma política séria nas mais diversas áreas, principalmente nas de saúde eeducação."

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- 72 -Final de tarde no Sítio Escondido.

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Eu vivo o meu sonho

Durante a nossa conversa, me chamou a atenção que Jörg fala sobre o seu trabalho braçalna construção do seu sonho. No Brasil, normalmente o "patrão" manda fazer, mas o"Alemão", como seus trabalhadores o chamam, coloca a mão na massa juntamente com osoperários.

"A minha experiência com os trabalhadores foi excelente até agora. Eu trabalho com umaequipe pequena, mas eficaz, da qual tenho muito orgulho. Ao contrário de muitos outrosestrangeiros, eu trato os trabalhadores sempre de forma respeitosa. Como preciso meausentar frequentemente da obra, é importante ter um relacionamento de confiança comeles, sem isso as coisas não funcionam. Naturalmente houve contratempos típicos queocorrem em uma construção, e o famoso ‘jeitinho brasileiro’ de resolver problemas nemsempre é positivo. Por outro lado, a maioria dos trabalhadores aceitou bem meu jeitodireto e prático na resolução de problemas de planejamento e nas obras. Assim todosaprendemos muito uns com os outros nesses dois anos em que trabalhamos juntos."

O Sítio Escondido abriu suas portas final de 2013 e localiza-se a duas horas de carro deFortaleza, Ceará, em Canoa Quebrada:

"Chegando a Canoa, siga até o final da estrada de cascalho e seguindo mais um quilô-metro de estrada de areia, você vai nos encontrar. O Sítio Escondido é um lugar para serelaxar, fazer caminhadas, nadar, cavalgar, praticar jardinagem, pintar e meditar. Umlugar para você fugir do barulho e do estresse das grandes cidades."

No final da nossa entrevista, perguntei qual o próximo sonho a realizar:

"Fazer um sonho tornar-se realidade é possível, mas significa coragem, trabalho eperseverança. Gostaria de construir apartamentos ao nível das copas das mil árvores deeucalipto, que eu plantei há algum tempo. Mas eu vivo cada dia por vez, sempre atento àsoportunidades que a vida me oferece."

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Amor internacional: Jörg mudou-separa o Brasil com a brasileiraMarciria.

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Eu vivo o meu sonho

Uma das paixões de Jörg é cavalgar.

"Fazer um sonho tornar-se realidadeé possível, mas significa coragem,

trabalho e perseverança."

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O lugar perfeito para se relaxar.

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Eu vivo o meu sonho

Vista aérea do Sítio Escondido. Quer dar um mergulho?

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Uma das quatro suites do Sítio Escondido.

Sítio Escondido online:www.sitioescondido.commail@sitioescondido.comwww.brazil-productions.com

Ambientes projetados por Jörg Steinamnn.

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Eu vivo o meu sonho

Sala e varanda do Sítio Escondido

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Terceira Idade

Texto: Deíze BotelhoFotos: Mariana Botelho, Antônio Botelho, Helder Messias, Deíze Botelho, Sueli Fortunato

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Ah! Como queria partilhar com os brasileiros mundo afora a sensibilidadedessa mulher de 73 anos, Creusa Salame, minha tia e também amiga, queadmiro tanto por fazer as coisas ficarem mais belas quanto tocadas porsuas mãos – linhas, botões, tampinhas de garrafas pet, bijuterias velhas equebradas, cadeiras, retalhos e tantas outras coisas jogadas ao lixo quepareciam não ter mais serventia para ninguém.

Aqui então estou, apropriando-me da titulação de sua mais recente exposição de arte "Cá commeus botões", na Galeria Vitória Barros– um trocadilho de que me sirvo para expressar tambémo que penso dessa diversidade de talentos, mas principalmente da vitalidade de sua alma.

Desde minha infância, vejo minha tia Creusa refazendo roupas de amigos e parentes tornando-asmais estilosas e desejadas. Inclusive as minhas. Sempre dava certo. As pessoas ficavam entusi-asmadas e sorridentes com as novas formas que ela dava aos trapos que não lhes serviam mais eque, com pequenos retalhos em detalhes, assumiam um novo visual. O que sempre me chamavaa atenção mesmo era ouvi-la dizer o quanto gostava de reciclar tudo o que via pela frente.

Costureira desde a adolescência, fez seu primeiro vestido aos 15 anos. Aos 62, foi atraída pelomovimento de artistas plásticos dentro do Galpão de Artes de Marabá (GAM), ponto de cultura,onde a sua ousadia inspirou-a a criar novas possibilidades de atuar na costura. Resolveu entãoexperimentar a costura em tela... Isso mesmo! Pintar como se estivesse costurando uma roupa.A partir de então, não parou mais de criar e produzir, costurando objetos sobre objetos queencontrava pela frente. Os "retalhos" passaram a ser não apenas de tecidos, mas de azulejos,cerâmicas, madeira, cacos de qualquer coisa que pudesse servir de reflexão sobre o destino dascoisas.

A sensibilidade está na pele, na cor, nas mãos, no olhar sobre as coisas que parecem não termais serventia...

Uma de suas obras, composta por aproximadamente 1300 botões antigos, foi confeccionadaaolongo de sua história.Tia Creusa conta que o seu pai (meu avô, conhecido como Passarinho) lhedeu de presente uma lata de botões que ele recebera de um devedor que não tinha como pagar adívida feita em seu pequeno comércio. Depois desse episódio, e da felicidade manifestada pelaentão adolescente artista, as pessoas começaram a lhe entregar botões velhos. "Tem até botõesque foram feitos por presidiário do presídio São José, em Belém", lembra ela durante umbate-papo descontraído.

A mostra "Cá com meus botões" trava uma conversa silenciosa com o interior, e, no fundo daalma, transbordam a paz e a força para continuar vendo nas coisas simples a beleza sem tamanhoe sem igual, diz a historiadora Ana Maria Martins Barros, complementando o texto curatorial damostra. São objetos que, unidos e misturados, agregam beleza, formas diversas, geométricas, emcírculos em favor da beleza e da imaginação, dando ânimo ao espírito de renovação.

A

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Terceira Idade

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O tema de hoje é reciclagem. Queremos fazer ressurgir das cinzasaquele objeto que estava fadado ao latão de lixo, como garrafas e vidrosde molho de tomate. Do lixo ao luxo! Com certeza você tem algum ítemdesses em casa. As opções são muitas e as possibilidades infinitas.

Hoje vamos fazer um conjunto multifuncional com garrafinhas de águae pote de café. A ideia é que eles fiquem sempre juntinhos, um trioinseparável.

O que você vai precisar:

● Garrafinhas de água/suco de vidro;

● Pote de café ou outro recipiente de vidro;

● Tinta spray branca;

● Lápis;

● Canetas com tinta permanente.

Eu preparei um download com os desenhos para você baixare imprimir em casa. Estão disponíveis aqui: Freebie.

Veja a seguir o passo-a-passo. Olha só que fácil!

Beijos da Erica

Erica Palmeira é carioca e mora em Melbourne na Austrália.Arquiteta e autora do blog homesweetener.com, ela é a nossaespecialista para projetos "faça você mesmo".

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3

Dê um visual novo aos vidrosutlizando a tinta spray.1

Desenhe ou contorne o desenhoescolhido com um lápis.2

Transfira o desenho para o vidro rabis-cando com um lápis o verso da folha.3

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Contorne o desenho no vidro comuma caneta de tinta permanente.4

Prontinho!5

HomeSweetener

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CozinhandoTexto: Claudia Bömmels | Fotos: Marisa Cristina Pedro Pfeiffer

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Cozinhar com as crianças é muito divertido e caótico. Mas isso faz parte, e cozinharjuntos é uma grande oportunidade de passar um tempo em comum fazendo algodelicioso. Eu cozinho no mínimo uma vez por semana com as crianças, fazendo umasimples macarronada ou um bolo mais trabalhoso.

A minha experiência é que, cozinhando, os pimpolhos aprendem de forma leve edivertida sobre as medidas, novos sabores, ingredientes e como uma refeição feita emcomum é importante. Além disso, as crianças aprendem também a se organizar, a fazercontas de matemática e a pensar logicamente. Eu adoro cozinhar com meus filhos de oitoe cinco anos, atividade que fazemos desde muito cedo. Muitas vezes cozinhamostambém com seus amiguinhos, e é diversão garantida. Eu acredito que essa é tambémuma maneira muito interessante de se começar uma nova tradição em família.

10 dicas simples para que cozinhar com seus pimpolhos seja um sucesso:

● Comece de forma simples. Com certeza não é nada realista achar que você e seufilho vão conseguir fazer aquele suflê. Comece com algo simples e com algo queseu filho goste de comer.

● Planeje bastante tempo, para que cozinhar com as crianças não se torne um atoestressante. Traga paciência, tempo e bom humor, pois com certeza a farinha detrigo vai cair no chão, um ovo vai quebrar ou o leite vai derramar.

● Ao cozinhar com seus filhos, lembre-se de que bagunça é parte do processo.

● Dê tarefas específicas e uma de cada vez para os pequenos.

● Permita que as crianças cheirarem os alimentos e especiarias. É uma ótimaoportunidade de introduzir novos ingredientes.

● Tocar nas ervas e nos ingredientes também é uma ótima maneira para os seusfilhos se conectarem a novos alimentos.

● Supervisionar. Criar um ambiente seguro para cozinhar pode parecer óbvio, mas ésempre bom lembrar que nunca se deve deixar seus filhos sem supervisão com facasou perto do fogão.

● Pratique matemática, deixando seus filhos medirem os ingredientes, a fim deajudá-los a desenvolver suas habilidades organizacionais e em matemática. Paracrianças pequenas, isso pode ser algo tão simples como contar quantas vezes elesprecisam mexer uma massa ou quantos são os ingredientes em uma receita.

● Crianças em idade escolar podem ler a receita, treinando assim também a leitura.

● Não se esqueça da limpeza. Cozinhar é o evento principal, mas a limpeza é aindaparte desse evento. Certifique-se de que os seus filhos ajudem na limpeza dacozinha. Com o tempo.eles devem gradualmente ajudar a limpar mais.

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Receita de cupcake da YasminA brasileirinha Yasmin Pfeiffer, de quatro anos, mora com afamília na Suíça e comemora com um bolinho todos os seusmeses de vida. Ela compartilhou conosco a sua receita decupcakes preferida.

Ingredientes:● 1 ovo (temperatura ambiente);● 80 gramas de açúcar;● 1 pitada de sal;● 40 gramas de manteiga;● 150 gramas de creme de leite de caixinha (temperatura ambiente);● 120 gramas de farinha de trigo;● 10 gramas de fermento em pó.● Uma variação da receita é colocar raspas de limão, frutas congeladas

(menos morango, pois solta muita água), mirtilo ou framboesa.70 gramas de fruta é o ideal.

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Modo de fazer

Antes de começar, coloque a manteiga no micro-ondasdurante 30 segundos para derreter ou em banho-maria. Nun-ca ferva a manteiga. O segredo de um cupcake fofinho é nãobater os ingredientes com força.

Em uma tigela, coloque o ovo e o açúcar, mexa com obatedor de claras levemente até incorporar os ingredientes.Acrescente aos poucos a manteiga derretida, misture bem ebata até obter uma massa homogênea. Em outra tigela,misture a farinha de trigo,o fermento e o sal. Coloque essamistura na tigela dos ovos, intercalando com o creme deleite, mas sempre devagar. Quando a massa ficar homogê-nea, é a hora de preencher as forminhas. Nós utilizamos umaforma pequena, colocando mais ou menos uma colher desopa de massa em cada forminha. Rendeu 14 cupcakes.

Asse em forno pré-aquecido a 160 graus durante cerca de 20minutos. Lembre-se de que cada forno é diferente, entãoverifique de vez em quando se os bolinhos vão precisar assarmais ou menos tempo. Use o truque do palitinho, furando nomeio para ver se já estão assados.

A receita acima é a massa básica do cupcake. Depois depronto, você pode incrementá-lo com diversas coberturas erecheios. Para rechear, basta furar o bolinho pronto, colocaro recheio no meio e tampar com a própria massa retirada.

Para a cobertura

1 colher de café de essência (nós usamos a de baunilha);100 gramas de manteiga em temperatura ambiente;250 gramas açúcar de confeiteiro.

Bata a manteiga com a essência e o açúcar durante 10minutos e acrescente o açúcar aos poucos. Após retirar doforno, deixe os bolinhos esfriar e coloque a cobertura. Parafinalizar poderá usar chocolate granulado, coco, confeitoscoloridos, confete de chocolate, pedaços de frutas, entreoutros. Não há limites para sua fantasia!

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Foto do leitor

A estátua da fotografia fica em Bremerhaven naAlemanha, próxima ao Museu do Emigrante,sobre alemães que partiram da sua terra natal parao mundo afora.

Clique de Lorena Bärschneider

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