Top Banner
BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ANO VII N° 05- SETEMBRO- OUTUBRO 2014 EDITORIAL Adilson do Nascimento O Código Eleitoral Brasileiro, com algumas modifica- ções, é representado pela Lei nº 4.737 de 15 de julho de 1965, editada em plena ditadura militar. A lei eleitoral, inclusive que disciplina o horário gratuito é a de n° 9.504 de 30 de setembro de 1997. Por esses dois instrumentos constitucionais encon- tramos estabelecido legalmente que o voto nulo e o voto em branco representam absolutamente nada no resultado de uma eleição, a não ser uma manifestação de descontentamento do eleitor. Mesmo que os votos brancos e nulos representem mais de 50% do total apurado isso não concede ao tribunal eleitoral o direito de anular a eleição, pois eles não são computados aos votos válidos e, pior, poderão até ajudar ao candidato que obte- ve maior votação, já que diminuirão o percentual de votos vá- lidos, vez que quanto maior o número de votos brancos e votos nulos menor será a necessidade de votos válidos para eleger um candidato. – Querem um exemplo prático? Em uma elei- ção com 100.000 eleitores se nenhum votar branco ou nulo o candidato vencedor será aquele que obtiver 50% mais um dos votos válidos, ou seja, 50.001 votos. Da mesma forma se entre esses 100.000 eleitores 500 votarem branco ou nulo o total de votos válidos será de 99.500 e aí 50% mais um serão 49.751. Na eleição do dia 26 de outubro passado, em segundo turno, a candidata Dilma Rousseff obteve 54.501.118 votos, ou seja, 51,64% dos votos válidos. O candidato Aécio Neves obteve 51.041.155 votos, ou seja, 48,36% dos votos válidos. No total a diferença entre os votos válidos foi de 3.459.963. À vista des- ses números podemos concluir que o resultado foi o mais aca- nhado desde a redemocratização do Brasil. Assistimos a uma campanha bastante acirrada que culminou com uma vitória bastante reduzida. – Isso é um recado das urnas? Sim! Com toda certeza! – Isso nos faz acreditar que a eleição dividiu o país ao meio? Acredito que sim! Pelo menos é um indicativo de que a presidente reeleita certamente irá conviver com uma oposição revigorada, representativa de, no mínimo, mais de 51 milhões de eleitores que não concordam com o atual estado de coisa, embora, ainda, o resultado configure um marco históri- co: o PT – Partido dos Trabalhadores – se torna a única sigla a vencer quatro eleições seguidas para a presidência da repú- blica. – Com tudo isso, como se imagina que a presidente reeleita haverá de agir? Com humildade, com paciência, com prudên- cia, com cautela, com sensatez, mas com firmeza e determi- nação! Será preciso muita astúcia para administrar dois para- lelos antagônicos: o da assistência social e o da modernização econômica. Seus desafios serão infindáveis. As promessas de campanha serão cobradas pela população, em geral, e pelo congresso nacional com forte tendência oposicionista. Haverá necessidade de mudanças profundas como a reforma política (proibição de contribuições empresariais de campanha e o fim da reeleição, entre outros temas). Para tanto a presidente já acenou com uma proposta de ampla consulta popular, atra- vés de plebiscito. Serão necessárias fortes mudanças na qualidade do ensino médio; na reforma agrária (incluindo o agronegócio e a agricultura familiar); na questão indígena (principalmente na demarcação de suas terras); no déficit de moradia; na expansão do parque gerador e transmissor de energia; na segurança hídrica, de forma a garantir a oferta de água de qualidade; na segurança pública (somos o séti- mo país mais violento do mundo); na melhoria do nosso sis- tema prisional, hoje com prisões superlotadas, apesar de uma grande quantidade de processos para julgamento; no com- bate a inflação (o governo precisa manter os seus gastos administrados para que o país volte a crescer e mantenha a inflação sob controle). Segundo a presidente reeleita (e isso foi extremamente positivo) ela não irá esperar a conclusão do primeiro mandato para iniciar as ações de transformar e melhorar o crescimento da economia, avançando no terre- no da responsabilidade fiscal e orçamentária, aumentando o nível de emprego. A presidente, segundo ela disse, tem cons- ciência de que o país precisa investir mais em saúde, educa- ção, cultura, ciência e inovação. Também prometeu diálogo com todos os segmentos, não só partidários, quanto empre- sariais, financeiros e com o mercado. Prometeu combater, com todo rigor, a impunidade, como forma de eliminar a corrupção. O tema que dominou a campanha, sem dúvida, foi mudança. Portanto a presidente não desconhece que é preciso mudar, e mudar para melhor! Segundo ela a hora é de união. União pela democratização, pelo crescimento e desenvolvimento do país. Enfim, o resultado das eleições está aí e não pode, nem deve ser questionado. Cabe-nos agora ter esperança e fé de que a nação sairá da estagna- ção atual e promoverá um crescimento de qualidade sus- tentável.
16

BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

Sep 29, 2020

Download

Documents

dariahiddleston
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA -

ANO VII N° 05- SETEMBRO- OUTUBRO 2014

EDITORIAL

Adilson do Nascimento

O Código Eleitoral Brasileiro, com algumas modifica-ções, é representado pela Lei nº 4.737 de 15 de julho de 1965,editada em plena ditadura militar. A lei eleitoral, inclusive quedisciplina o horário gratuito é a de n° 9.504 de 30 de setembrode 1997. Por esses dois instrumentos constitucionais encon-tramos estabelecido legalmente que o voto nulo e o voto embranco representam absolutamente nada no resultado de umaeleição, a não ser uma manifestação de descontentamento doeleitor. Mesmo que os votos brancos e nulos representem maisde 50% do total apurado isso não concede ao tribunal eleitoralo direito de anular a eleição, pois eles não são computados aosvotos válidos e, pior, poderão até ajudar ao candidato que obte-ve maior votação, já que diminuirão o percentual de votos vá-lidos, vez que quanto maior o número de votos brancos e votosnulos menor será a necessidade de votos válidos para elegerum candidato. – Querem um exemplo prático? Em uma elei-ção com 100.000 eleitores se nenhum votar branco ou nulo ocandidato vencedor será aquele que obtiver 50% mais um dosvotos válidos, ou seja, 50.001 votos. Da mesma forma se entreesses 100.000 eleitores 500 votarem branco ou nulo o total devotos válidos será de 99.500 e aí 50% mais um serão 49.751.Na eleição do dia 26 de outubro passado, em segundo turno, acandidata Dilma Rousseff obteve 54.501.118 votos, ou seja,51,64% dos votos válidos. O candidato Aécio Neves obteve51.041.155 votos, ou seja, 48,36% dos votos válidos. No total adiferença entre os votos válidos foi de 3.459.963. À vista des-ses números podemos concluir que o resultado foi o mais aca-nhado desde a redemocratização do Brasil. Assistimos a umacampanha bastante acirrada que culminou com uma vitóriabastante reduzida. – Isso é um recado das urnas? Sim! Comtoda certeza! – Isso nos faz acreditar que a eleição dividiu opaís ao meio? Acredito que sim! Pelo menos é um indicativode que a presidente reeleita certamente irá conviver com umaoposição revigorada, representativa de, no mínimo, mais de 51milhões de eleitores que não concordam com o atual estado decoisa, embora, ainda, o resultado configure um marco históri-co: o PT – Partido dos Trabalhadores – se torna a única siglaa vencer quatro eleições seguidas para a presidência da repú-blica. – Com tudo isso, como se imagina que a presidente reeleitahaverá de agir? Com humildade, com paciência, com prudên-cia, com cautela, com sensatez, mas com firmeza e determi-nação! Será preciso muita astúcia para administrar dois para-lelos antagônicos: o da assistência social e o da modernizaçãoeconômica. Seus desafios serão infindáveis. As promessas decampanha serão cobradas pela população, em geral, e pelocongresso nacional com forte tendência oposicionista. Haveránecessidade de mudanças profundas como a reforma política(proibição de contribuições empresariais de campanha e o fim

da reeleição, entre outros temas). Para tanto a presidente jáacenou com uma proposta de ampla consulta popular, atra-vés de plebiscito. Serão necessárias fortes mudanças naqualidade do ensino médio; na reforma agrária (incluindo oagronegócio e a agricultura familiar); na questão indígena(principalmente na demarcação de suas terras); no déficitde moradia; na expansão do parque gerador e transmissorde energia; na segurança hídrica, de forma a garantir a ofertade água de qualidade; na segurança pública (somos o séti-mo país mais violento do mundo); na melhoria do nosso sis-tema prisional, hoje com prisões superlotadas, apesar de umagrande quantidade de processos para julgamento; no com-bate a inflação (o governo precisa manter os seus gastosadministrados para que o país volte a crescer e mantenha ainflação sob controle). Segundo a presidente reeleita (e issofoi extremamente positivo) ela não irá esperar a conclusãodo primeiro mandato para iniciar as ações de transformar emelhorar o crescimento da economia, avançando no terre-no da responsabilidade fiscal e orçamentária, aumentando onível de emprego. A presidente, segundo ela disse, tem cons-ciência de que o país precisa investir mais em saúde, educa-ção, cultura, ciência e inovação. Também prometeu diálogocom todos os segmentos, não só partidários, quanto empre-sariais, financeiros e com o mercado. Prometeu combater,com todo rigor, a impunidade, como forma de eliminar acorrupção. O tema que dominou a campanha, sem dúvida,foi mudança. Portanto a presidente não desconhece que épreciso mudar, e mudar para melhor! Segundo ela a hora éde união. União pela democratização, pelo crescimento edesenvolvimento do país. Enfim, o resultado das eleiçõesestá aí e não pode, nem deve ser questionado. Cabe-nosagora ter esperança e fé de que a nação sairá da estagna-ção atual e promoverá um crescimento de qualidade sus-tentável.

Page 2: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

Boletim Informativo da AFAGO página 2

www.afagouveia.org.brVisitem diariamente e

registrem informações.

16/09/2014 - Adilson doNascimento - Presidente daAFAGO

A AFAGO – Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia- é uma entidade sem fins lucrativos cuja finalidadebasicamente se resume a: realizar periodicamente reuniõessociais, culturais, recreativas e outras que visem estimularo relacionamento, o espírito comunitário e desolidariedade mútua entre os membros da colôniagouveana, além de preservar os laços afetivos com acidade de Gouveia e sua população, em geral; promoveroutros eventos que, por sua natureza e definição, venhama contribuir para o desenvolvimento sócio técnico-culturalde seus associados; auxiliar, na medida do possível, e acritério os gouveanos que, comprovadamente, carecemde assistência financeira, social e afetiva em BeloHorizonte ou região metropolitana; velar pela preservaçãoda memória histórica da cidade de Gouveia e suacomunidade e criar na sede do município, local que sepossa, estruturar e concretizar, um Centro HistóricoCultural da família gouveana. Além de a AFAGO nãodispor entre as suas finalidades básicas a assistênciamaterial ou financeira às entidades filantrópicas domunicípio, também não dispõe de recursos que apossibilitem tais arroubos, vez que a sua única fonte derenda é oriunda do pagamento de trimestralidade feitapor uns poucos e abnegados associados, inclusive osdirigentes que pagam o dobro, sendo que tal renda nãosuporta sequer os seus custos administrativos,representados por IPTU, condomínio, luz, telefone,material de expediente, tarifas, taxas e correios. O PrêmioAfago de Literatura vem sendo suportado por algunsdiretores, da mesma forma que suportam a impressãodos boletins informativos, as viagens, hospedagens ealimentação, em Gouveia, assim como os custos deimpressão e acondicionamento dos certificados de títuloshonorários. As doações feitas ao hospital, que contou,ainda, com tecido doado pela Cia. de Fiação e TecelagemSão Geraldo, foram feitas por alguns diretores, da mesmaforma a que se fez à APAE. Alguns eventos decongraçamento foram suportados por alguns dos diretoresque cederam, também, o espaço físico (sítio). Portanto,gostaríamos de esclarecer às diversas entidades

Notícias & comentários

gouveanas e ao público em geral que o fato de às vezes nãoacatarmos as solicitações que nos chegam não se firma emqualquer discriminação ou falta de interesse e sim, tãosomente, em nossa completa e absoluta falta de condiçõespara tal. Estamos usando, como forma de colaboração, onosso boletim e este site para divulgarmos as carências dasentidades.Vejam comunicado do Gil, aqui embaixo.

15/09/2014 - Gil Martins de OliveiraA propósito do pedido de apoio ao Lar dos Idosos deGouveia, feito pela Direção da AFAGO, conseguimos 10camas de ferro usadas, mas em bom estado, talveznecessitando de uma nova pintura, além de 10 colchões. OLar São Mateus, que cuida dos idosos de Mateus Leme,pode fazer esse repasse. Já comuniquei o fato à direção doLar de Gouveia, mas a questão esbarrou no transporte. Sealguém puder resolver esse entrave, entre em contatocomigo e, logo, logo, mais idosos poderão ser acolhidosem Gouveia.

Uma conversa proveitosa24/09/2014 - Antonio PereiraDesculpem, eu não sou gouveiano, eu não conheço Gouveia,nem as pessoas de lá, mas eu descobri este site e vi que aspessoas falam de tudo aqui e ai resolvi compartilhar. Seráque esses candidatos que ficam fazendo campanha politicana televisão dizendo que precisam de uma bancada forte paraque façam uma gestão voltada para a educação, saúde,transporte, segurança, salário, emprego, asfalto, pontes, etc.não estão justificando o não fazer e apenas pedindo votospara seus aliados? Afinal, se forem fazer tudo isto nãoprecisam de câmara, ou assembleia, já que o povo estará aolado deles.

26/09/2014 - Antônio PereiraSou assíduo leitor de várias redes sociais de relacionamentose em muitas fico avaliando a participação dos internautasachando interessante, ou seria triste, as pessoas que as utilizampara se arvorarem de intelectuais e entendidos em diversosassuntos que lhes fogem totalmente da alçada, da capacidadee do conhecimento e cometem gafes literárias, de conceito ede conteúdo, tão bizarras que soam ridículas. Por essa e outrasrazões relutei-me em me apresentar no site da AFAGO,embora o acompanhasse por um bom tempo, principalmentequando lia mensagem do Dr. Adilson do Nascimento e daSra. Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro, esses doisprincipalmente, com os quais eu, com certeza, não podereiombrear-me em intelectualidade e cultura, mas atrevi-me ecomo disse estou bastante gratificado pela acolhida, apesarde que a do João de Jesus Saraiva esteja redundante com ado senhor presidente, que imagino seja a autoridade maior daentidade, com palavra final.

Page 3: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

Boletim Informativo da AFAGO página 3

Notícias & comentários

27/09/2014 - Maria Auxiliadora de Paula RibeiroSr. Antônio Pereira, ainda que seja repetitivo lhe dar as boas vindas,faço-o, como ardorosa associada da AFAGO, enquanto lheagradeço a alusão feita às minhas mensagens nesse veículo decomunicação tão nosso, porque tão dileto aos nossos corações!Como bem percebeu, aqui falamos sobre assuntos vários, sempreprocurando, pela força de nossos conhecimentos e pelatenacidadedo de nosso esforço intelectual, enaltecer a nossa terra-natal, Gouveia, que, nesse instante, faço sua também. Sãogouveanos todos aqueles que se unem a nós, trazendo para onosso site ideias novas, polêmicas agradáveis, artigos vários quese façam primar ora pelo inédito, ora pela análise individual quecada ser dá a seus conceitos. Todos esses atributos são peculiaresa seu caráter de homem detentor de um quociente intelectualbrilhante. Dispensa quaisquer apresentações, já que, por suacultura, através de suas mensagens, se faz apresentar. Na suamodéstia, característica dos homens sábios, o senhor disse nãopoder se equiparar à minha cultura e à culura do nosso presidente,Adilson do Nascimento. Redarguindo, devo lhe dizer que só setorna bom mestre aquele que, cotidianamente, se faz aluno e é nacondição de aluna, que muito aprenderei com o mestre AntônioPereira. Mais uma vez, sou impelida a repetir: -seja muito bemvindo ao nosso meio.

04/10/2014 - Antônio Pereira - Belo HorizonteConfesso que este site está se tornando para mim um suplício!Sabem por quê? Porque internauta inveterado, toda manhã euprocuro me atualizar com as notícias do Brasil e do mundo, pormeio dos sites Terra e Globo.com e em seguida me debruço sobreeste e aqui permaneço o tempo todo. E isso é ruim? Nada! Émuito bom! Li todas as mensagens aqui postadas até a primeira(interessante é que para retroagir você clica em próxima e paraavançar clica em anterior), mas isso não vem ao caso. Agoraestou lendo os Boletins Informativos, desde o número um, emborajá tenha lido os três últimos publicados e lido algumas chamadas.Encontrei tanto em um veículo, quanto em outro, verdadeiraspérolas da literatura, apesar de haver me deparado com algunscascalhos, cativos e piçarras, o que é normal. Não conheçoGouveia, já disse. Não tive ainda o cuidado de pesquisar a suaexpansão geográfica ou demográfica, nem sócio, cultural eeconômica, mas acredito que já conheço a sua gente. Há umquarteto que prende a atenção dos leitores pela excepcionalqualidade das ideias e pela forma com a qual as transferem paraos textos. Lendo artigos e mensagens do Dr. Adilson doNascimento, a quem o juiz federal Otomano Menezes tece tantose tantos elogios, codinominando-o ora mestre, ora guru, inclusivequando ele escreve textos homenageativos a diversaspersonalidades conterrâneas, vivas ou passadas ou quando relatafatos, verdadeiros ou fictícios, do cotidiano, tem-se a impressão

de que se está vivendo a cidade. Outro fenomenal escritoré o Sr. Raimundo Nonato de Miranda Chaves, que o Sr.José Moreira de Souza define como professor e doutor,já tendo ocupado cargos de alta relevância da reitoria daUniversidade Federal de Viçosa. O Sr. José Moreira deSouza a quem o Dr. Nascimento atribui os títulos desociólogo e professor é mais um intelectual de respeito econhecedor da história, a quem o povo da cidade devemuito. Fechando o quarteto fantástico nos deparamoscom a educadora, professora, escritora e poetisa Sra.Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro, que acaba de ficarviúva e a quem eu transmito as minhas condolências.Conheci, pela monografia do Dr. Nascimento (BoletimV nº 5 de setembro/outubro de 2012, pág. 10) que porsinal está transcrita como primeiro capítulo e nãoencontrei a sua sequência, a história desse povo desde afundação de um arraial de escravos em 1715. Fiqueiimaginando qual a razão da preocupação do Dr.Nascimento com a criação de um Museu deHistoriografia da cidade. O museu já existe, doutor! Estáaqui! Instituído e desenvolvido, bastando somenteoficializá-lo, se quiserem. Caso contrário, nem precisa.Parte da história está contada, com riqueza de detalhes.Ainda se tem o Prêmio Afago de Literatura e,recentemente, a concessão de títulos de sócios honoráriosda entidade, cujo nome atrai pela sigla: AFAGO. Eu sefosse vereador à câmara local não perderia aoportunidade e a honra de lhes conceder um diploma outítulo ou medalha, em reconhecimento pelo que ossenhores (três) e a senhora vêm fazendo em benefíciodo desenvolvimento da cultura da cidade. Falta o quê?Boa vontade?

Este Boletim tem publicado algumas conversasregistradas na página “Mensagens” do sítio

WWW.afagouveia.or.br A partir desta edição,solicitamos ao leitor consultar diretamente oendereço informado. Pedimos também que

quando quiserem publicar notícias, textos oumensagens neste boletim, os mesmos sejam

encaminhados para o endereç[email protected] ou

[email protected].

Page 4: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

Após abortos, a AFAGO completa 10anos do início de uma gestação bemsucedida.A ideia de uma associação de gouveianos residentes emBelo Horizonte tem histórias que resultaram em abortos atéque um pediatra cuidou da criança após um parto bemsucedido.Nos anos setenta, no embalo das festas do Alho, GeraldoBittencourt embalou um dos sonhos de criar uma associaçãode Amigos de Gouveia residentes em Belo Horizonte. Esseprojeto foi retomado por volta de 1996, quando sepromoveu um encontro em Gouveia dos residentes em BeloHorizonte, na oportunidade da Festa de Santo Antônio. Oprojeto viveu seu momento trágico com o acidente quematou dona Zezé, sua neta, Fabrícia e o futuro genro.O assunto de reunião de gouveianos permaneceu sob cinzasaté que, em 2004, o Doutor Waldir de Almeida Ribas passoua contatar alguns conhecidos para, a partir de março ouabril de 2005, promover reuniões em seu apartamento.Sem me atribuir nenhuma importância, registro a data de23 de dezembro de 2004 como a que inscreve maisintensamente a intenção de nosso doutor.Transcrevo:

Acrescentando ao telefonema que lhe dei paraagradecer o (...) presente com que vocêprazerosamente me agraciou, cumpre-meexternar-lhe o sentimento de honra com que mesenti distinguido (...) por aquela pérola preciosaque você me fez chegar às mãos, “Gouveia eseus mitos”.Em Gouveia na casa de Zaíde, dei uma folheada,em alguns tópicos e fiquei encantado. Agora, opego para ler e o faço de um só fôlego e me sentiextasiado pelo estilo escorreito, humano etécnico-científico com que você aborda, de umamaneira tão bela e cristalina, a história de nossaquerida Gouveia.Você me fez voltar à infância e reviver comalegria, momentos felizes ali vividos. Mais queisso você alimentou e revigorou em mim, commaestria, o orgulho de ser Gouveiano. Seuminucioso trabalho de pesquisa aliado a precisasanotações de nossa história, não deixam dúvidasde seu amor por nossa terra.Ao expor, com segurança e sabedoria, opiniõessensatas e sonhos realizáveis acerca do futurode nossa Gouveia, fica claro para mim o elevadograu de sua maturidade intelectual e humana.Seu livro aguçou minha curiosidade e fez crescermais ainda, meu afeto por nossa Gouveia, não

só pelo muito que ela representa para mim, mastambém pela comprovação de que ela gerou umfilho de tão elevado gabarito com o demonstram,entre outras realizações suas, esta obra, por vocêmesmo, tachada de incompleta, mas que já émotivo de grande júbilo e orgulho para todosnós seus conterrâneos.Sua modéstia, marca registrada de sua origem,traduz, a meu ver, toda a grandeza de um talentoque se desabrochou mercê de sua inteligência,perseverança e uma fiel identificação com umavocação voltada para a realização do Bem.(...)Com um forte abraçoWaldir .

Peço ao leitor que releve as palavras elogiosas dirigidas amim. Peço mais, que cada leitor compreenda os elogiosdirigidos a mim com sendo para si. Cada um de nós é autorde uma história de nossa Gouveia. Gouveia e seu mitos éapenas um conjunto de registros incompletos daoportunidade de poder acompanhar alguns momentos denosso percurso. Destaco: “voltar à infância”, “afeto pornossa Gouveia”, “orgulho de ser Gouveiano” e “casa deZaíde”. Nada disso é mérito do livro. Doutor Waldirpercebeu que havia mais gouveianos vivendo a infância,retornando a ela, com afeto e orgulho. A “Casa de Zaíde”foi a porta de entrada para nosso doutor reconstruir a alegriade viver em Gouveia e convocar outros gouveianos parapartilharem esse sentimento.23 de dezembro de 2004 foi a data escolhida para registraresse afeto que vinha sendo embalado ao longo do ano. Em2005, foi dado o passo seguinte à concepção.No ida 11 de outubro, o doutor informava: “Após contatos,embora escassos, com conterrâneos e amigos de Gouveia,tornou-se possível tomar a iniciativa de realizar uma consultaum pouco mais ampla a respeito da criação de umaassociação entre nós”.Fez-se, nessa oportunidade ampla convocação para reunião“para um primeiro encontro preparatório a realizar-se às19:30h do dia 29 de outubro de 2005 (Sábado) na RuaDias Adorno, n°350, bairro Santo Agostinho”.Foi, porém, no dia 2 de dezembro de 2006, que a AFAGOse concretizou como instituição com direito a Estatuto ediretoria eleita. Durante quase três anos de gestação, odoutor Waldir procurou gouveianos em Belo Horizonte, emContagem e em diferentes municípios da RegiãoMetropolitana. Ampliou sua agenda com números detelefones, disponibilizou a sala de sua residência, tornougouveianos sua esposa, Dona Elena, seu filho Marcos, suaneta, Maria Eduarda, o neto Pedro, e sua nora, Renata.

Artigos

Boletim Informativo da AFAGO página 4

Page 5: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

Depoimento para a História deGouveiaComo é sabido, Zenon, juntamente com o cardeal DomSerafim, João Antônio de Miranda, Yara Ribas, Dona Doca –Maria das Dores Alves -, Doutor Pércio e Marcos BlunRibas foram homenageadospela AFAGO no dia 2 deagosto.A partir desse momento,Zenon se tornou um assíduocolaborador de nosso Bole-tim. Ele lamenta sua baixaescolaridade, sem razão.Apresenta sempre ideiasbem articuladas e um discur-so agradável para leitura.O professor Aires da MataMachado que foi editorialistado jornal Estado de Minase manteve por muitos anos,até falecer, uma colunaintitulada “Escrever Certo”nesse mesmo jornal, publicounuma das últimas ediçõesantes de partir “dessa paramelhor” uma carta de umamoça trabalhadora, na qualele chama a atenção dos lei-tores para o dom da escrita.Mostra que o mais importan-te não é a correção ortográ-fica, mas a articulação dasideias em um discurso com-preensível para o leitor.Certamente, o professorAires, filólogo, autor de dici-onário da Língua Portugue-sa, daria nota dez com louvor aos textos redigidos por Zenon.Daria 10 também pela firmeza da caligrafia, para quem glori-osamente completou 91 anos distribuindo alegria para quemcom ele convive.De: Zenon de CarvalhoGouveia, 23 de setembro de 2014Caríssimo Adilson NascimentoBoa saúde, muita paz, e alegria

Venho por meio desta comunicar-lhe o recebimento do Bole-tim da AFAGO, a ao mesmo tempo agradecer-lhe por estagrande gentileza, gostei muitíssimo, tudo nele é bom e de gran-de valor, espero que você tenha me perdoado alguns errosque eu tenha cometido em não saber agradecer-lhe comodevia pois sou um pobre coitado que nem um diploma primá-rio não tenho fui criado na Roça e escola que frequentei, a

professora era ótima mas o aluno é que era fraco de inteli-gência.Meu caro Adilson vou parar por aqui para que você não so-fra com tanta asneira.Di amigo grato,Zenon de Carvalho

Na outra página tem unsdizeres sobre mim.ZENONAos 17 de maio de 1923nasci aqui em Gouveia mascom 3 meses de nascidocom meus pais Modesto deCarvalho e Ana Vitória deMiranda e irmãos muda-mos para um lugarejo de-nominado Valo Fundo, porque este nome Valo Fun-do? Porqu ele fica locali-zado entre duas serras;Serra de Minas e da Pan-cada;Bem; deixa isso pra lá; ocerto é que depois quechegamos e que alojamose fomos vivendo nestanova terra.Fui crescendo, crescen-do... chegou o tempo daescola que me conservamuitas saudades; aindamenino meu pai que Ramúsico e mestre, fundouuma bandinha de músicana qual eu fiz parte, tempobom que me deixou sauda-de...Ainda criança foi fundadauma associação pelo frei

Joaquim um padre Holandês, esta associação tinha o nomede Cruzada Eucarística que eu era presidente.O tempo foi passado, a gente foi crescendo, com a nossabandinha tocamos em vários lugares.A vida é cheia de surpresas, às vezes boas, às vezes bastantedesagradáveis mas tudo passa e o tempo foi passando a ida-de aumentando e quando já contava com meus 22 anos jun-tamos nossos pertences e subimos a Serra de Minas e volta-mos para nossa GOUVEIA.Caríssimo Adilson não leve em conta meus erros, faça comoJesus disse Pai perdoai-lhes ele não sabe o que fazem.DesculpeZenon de Carvalho.

Artigos

Boletim Informativo da AFAGO página 5

Page 6: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

AFAGO NO TRICENTENÁRIO DO

RECOLHIMENTO DE MACAÚBAS - SANTA

LUZIA

Foi com um misto de alegria, satisfação e orgulho que aAFAGO – Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia –,uma entidade fundada em 04 de dezembro de 2006, dotadade personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,de caráter social, com objetivo de promover a integração dacomunidade gouveana e propugnar pelo desenvolvimento domunicípio, recebeu por intermédio do sociólogo e professorJosé Moreira de Souza, presidente da CMFL – ComissãoMineira de Folclore – convite para participar dascomemorações dostrezentos anos doMosteiro de NossaSenhora da Conceiçãode Macaúbas, nacomunidade de Pinhões,no município de SantaLuzia, em Minas Gerais.Qual seria a participaçãoda AFAGO nessacelebração tão relevantepara a cultura religiosado povo mineiro, se elaestatutariamente cuidadas coisas relativas àGouveia? Primeiro, porser a AFAGO parceirada CMFL o que faz asduas entidades, comatuações distintas,trabalharem emconsonância; segundo,porque Gouveia, a partir de meados do século passado, passoua fazer parte da história do Mosteiro de Macaúbas. Em 1708,um alagoano, natural de Penedo, devoto de Nossa Senhorada Conceição, iniciou uma viagem pelo Rio São Francisco,fixando a partir de 1711 residência em um local chamadoMacaúbas. Em 1714, portanto há exatos trezentos anos, Félixda Costa deu início aos trabalhos de construção doRecolhimento de Macaúbas (o primeiro Recolhimentofeminino de Minas Gerais), quando esses estabelecimentos,no Brasil colonial, tinham a missão de educar as jovens paraa constituição de um casamento dentro dos rituais cristãos,além de reparar condutas inadequadas, as mais diversas, paraos padrões estabelecidos, iniciando por uma Ermida, paraentronização da sua santa de devoção. O Recolhimentopassou a ser, também, um educandário, ensinando as moçasa ler, escrever e calcular, numa época em que esses atributoseram prerrogativas e privilégios unicamente dos homens. Oeducandário, porém, se tornou um estabelecimento de luxo,possibilitando que apenas as moças de famílias abastadasfossem aceitas, uma vez que para isso tinham que pagar umalto dote. Em 1733 foi construído o prédio que conserva sua

origem até os dias atuais. Félix da Costa faleceu em 1737.Em 1933 o educandário, depois de uma sequência dedificuldades financeiras teve suas atividades encerradas,transformando-se em Mosteiro. Em 1963 foi tombado peloInstituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; em 1978pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico deMinas Gerais e em 1989 pela Prefeitura Municipal de SantaLuzia. Em 22 de julho de 1972 uma gouveana, operária daFábrica de Tecidos São Roberto, de nome Francisca Mariade Paula, apelidada carinhosamente pelos familiares por Tita,decidiu abandonar a vida mundana e se recolher à clausuraabsoluta do convento, adotando, como religiosa, o nome deIrmã Maria de São Gabriel, contribuindo, desde então, comsuas penitências, suas orações, sua devoção e vocação, paraa manutenção da filosofia da instituição, além de auxiliar na

fabricação artesanalde vinho extraído derosas plantadas nojardim; napreparação delicores e compotas,a partir das frutas dopomar e de doces esalgados, parasuportarem osc u s t o sadministrativos doestabelecimento. Asinternas do Mosteirovivem na maisabsoluta clausura deonde só saem ems i t u a ç õ e sespecialíssimas elevam uma vida desacrifício e de rotina

pesada. O dia começa às 5horas, quando participam de ofícios, trabalhos, estudos,meditação e outras atividades e se recolhem por volta das20,30 horas. Portanto, agora, quando se comemoram ostrezentos anos de criação do Recolhimento/Educandário/Convento e Gouveia orgulhosamente se sente como umapequena parte dessa história grandiosa e tricentenária, aAFAGO se une aos povos de Minas Gerais e do Brasil, paraexternar seu júbilo e sua alegria, parabenizando o Mosteirode Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas, desejando-lhe pleno sucesso e preservação da longevidade, enquantoparabeniza, também, as suas freiras atualmente residentes,pelo trabalho, pelo sacrifício, pela devoção e pela religiosidade.Necessário se faz dizer, penso eu, que a Irmã Maria de SãoGabriel já é falecida e o seu corpo repousa no jardim dos quese foram e sua alma, com certeza, é uma daquelas que noplano superior está a velar pelos seus irmãos e irmãs queaqui ficaram.

Adilson do NascimentoPresidente da AFAGO – Associação dos Filhos e Amigos

de Gouveia –

Artigos

Boletim Informativo da AFAGO página 6

Page 7: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

Tive uma Conterrânea Interna noConvento de Macaúbas,em Santa Luzia – MG.

Eu não passava de uma criança, de pés descalços, que corriapor aqueles campos floridos, alguns de sempre vivas, outroscobertos pelas mais variadas espécies de frutas silvestres,adentrando as matas nativas, ao longo daqueles córregos erios piscosos, banhando-me nas cachoeiras abundantes,subindo e descendo aqueles morros repletos de “canelasde ema”, jatobás, pequis e araticuns, tudo propriedade daFábrica São Roberto, em Gouveia;ou percorrendo aquelas estradasaté então empoeiradas, de terrabatida, inclusive a que me levavaaté ao Grupo Escolar Aurélio Pires,no centro da cidade, quandopresenciei, travessamenteescondido, os meus paissussurrando que estranhavam e nãoentendiam as razões pelas quaisaquela jovem bonita, batizadaMaria Francisca de Paula,apelidada carinhosamente de Tita,tecelã da fábrica de tecidos, comsalário fixo, tempo de serviço compossibilidade de uma aposentadoriaremunerada, que auxiliava nacatequese dos filhos dos seuscolegas operários e naornamentação do altar da Igrejinhade Nossa Senhora de Lourdes,para as celebrações das missas dominicais do padre Serafim,hoje cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo, decidiraabandonar a família, constituída pelo pai senhor Antônio dePaula, pela mãe dona Isabel de Paula, pela tia Raimunda dePaula e pelos irmãos Luiz, Joaquim e Expedito de Paula,com um possível futuro casamento e uma vida social ativa,para se enclausurar definitivamente no Mosteiro de NossaSenhora da Conceição de Macaúbas, em Santa Luzia, umainstituição religiosa que obrigava as internas a se isolarem,mantendo- as completamente afastadas da vida mundana.Após certo tempo de sua internação ouvi os “velhos”, denovo, comentarem que o Joaquim, irmão da agora freira, ahavia visitado no convento, e que voltara um tantodecepcionado e desiludido, mas extremamenteimpressionado com o que presenciara ali: primeiro com asdimensões e a imponência da construção já bissecular, commais de 6.600 metros quadrados, toda pintada de azul ebranco, construída por Félix da Costa, um alagoano devotode Nossa Senhora da Conceição, na metade do século

XVIII, inicialmente como uma Ermida (pequena igreja) ena sequência como Recolhimento; segundo que ele, mesmosendo recebido como irmão da interna, não conseguira vê-la propriamente, sendo-lhe facultado, tão somente, avistá-la através de umas minúsculas treliças de madeira (atualmentesão mais espaçosas), de forma a lhe permitir contemplarapenas parte do seu rosto, mas que ela lhe confidenciaraque estava imensamente feliz, gratificada e recompensadacom a vida religiosa que escolhera, com a clausura absolutae com as suas colegas freiras que a acolheram na paz e nosilêncio daquele espaço imenso de mais de duzentoscômodos, dedicando todos os seus dias às orações, aos

rituais católicos e à pesada rotina detrabalho, consistente na fabricaçãoartesanal de vinho de rosas quecultivavam nos jardins; na preparaçãode licores e compotas a partir dasfrutas do pomar; além de doces esalgados variados, que vendiam paraauxiliar os custos do mosteiro.Joaquim voltara convencido de quesua irmã jamais abandonaria a vida queescolhera, na qual se sentiaabsolutamente confortável, pois a suaescolha se dera por livre opção ou,mais precisamente, por pura vocação. Francisca ou Tita, cujo nome dereligiosa eu não conheci, já é falecidae despertou em mim, desde aquelestempos, uma enorme curiosidade paraconhecer o mosteiro, o que conseguisomente em maio de 2012, quando

assisti ali uma missa celebrada pelo cardeal Dom Serafim eadquiri alguns vinhos de rosa, jabuticaba e uva, tendo ficadoemocionado e bastante impressionado com o esplendor e agrandiosidade da construção, embora eu a tenha vistounicamente, à exceção da capela e da lanchonete, apenaspela parte de fora.Com a presença de Tita, como uma das suas freiras, aGouveia, ainda que indiretamente, faz parte da história epresta uma pequena contribuição aos trezentos anos decriação do Convento de Macaúbas.

Adilson do Nascimento Presidente da AFAGO –Associação dos Filhos e Amigos deGouveia

Artigos

Boletim Informativo da AFAGO página 7

Page 8: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

Boletim Informativo da AFAGO página 8

ArtigosBaltazar de João Teles

Raimundo Nonato de Miranda Chaves

João Teles era líder de Folia de Reis, mas não era cantadornem mesmo instrumentista; ele recitava Profecias e sefantasiava de Rei Mago; devoto de Santos Reis, decidiuhomenageá-los batizando o filho caçula com o nome deBaltazar.

Baltazar era um tipo meião: nem alto nem baixo, nem gor-do nem magro; pouco curvado para frente, defeito de pos-tura dos que trabalham puxando enxada. A atividade prin-cipal era limpeza de pastos, Baltazar era mestre no mane-jo da foice, se se tratava de capoeira a foice descia na ver-tical cortando a galhada e desobstruindo o tronco do ar-busto que era decepado, com foiçada certeira, bem próxi-mo do solo. Então, a foice subia, a tempo de puxar o ar-busto para o lado, liberando a frente de trabalho. Agora,nos campos de vegetação baixa: capim, sapé, sambabaia eoutras plantas rasteiras; Baltazar, curvado para frente, lan-çava a foice, na horizontal, para a direita; ato contínuo,dava meia volta na foice e a lançava para esquerda e, na-quele vai e volta, ele abria uma picada, em instantes. Davagosto observar Baltazar roçando pastos. Baltazar tinha dis-posição, trabalhava de sol a sol; era eficiente, conseguin-do mais área roçada por unidade de tempo, portanto exi-gia pagamento por tarefa e não por dia de trabalho. Sol-teiro, pouca despesa, conseguiu amealhar pequeno pé demeia.

Do outro lado da fazenda Camilinho morava Ângela.Baltazar a noroeste e Ângela a sudeste. Ângela, batizadacomo Ângela Lima se casou com Geraldo Codorna, em con-seqüência disso passou a ser Ângela Codorna.

É! Isso mesmo! Daqueles Codornas ali do Pau d’Arco pró-ximo do corguinho do Bom Será. Geraldo era Codorna di-ferente, um tipo assim contemplativo e. por isso, ficouconhecido como Geraldo Coruja, e, Ângela que era Lima,depois Codorna, agora era Ângela Coruja.

Ângela Coruja, mulher vigorosa e fogosa, não tinha leitu-ras sobre etnias e, o caráter: cor da pele, dos eventuaisparceiros, não era considerado. Portanto, gerou filhosnegros, brancos e outros que não era uma coisa nem ou-tra. Ela tinha os parceiros, mas, insaciável, não dava tré-gua para Geraldo, o marido. Durante as compridas noitesde inverno, Geraldo era solicitado com intensidade. Ge-raldo, literalmente, ia sendo consumido, mesmo assim,se esforçava para manter seu dever de marido. Cada diaera mais difícil. Geraldo Coruja falava, lá com seus botões:“Ângela é igual a chuchu: dá todos os dias, tem gosto denada e a gente tem que comer, senão, o vizinho come”.Devido ao esforço insano, Geraldo Coruja se esvaindo,resultou o que era previsto: mudaram-no para o Cemité-rio do Peixe.

Geraldo Coruja, morto. Ângela Coruja, viúva, sabia que avida continuava e ela deveria ir em busca de um substitu-

to para Geraldo. Não precisou pensar muito. O melhorpartido era Baltazar: ele tinha alguma poupança e ela ti-nha lá seus sonhos de consumo; ele trabalhava e perma-necia fora de casa o dia inteiro e ela teria então liberdadepara os encontros clandestinos; ele, dedicado ao traba-lho, tinha pouca ou nenhuma experiência com mulheres,portanto não era exigente e ela, mestra na arte, sabia comoensina-lo, a seu modo; ele já era um pouco maduro, o quepoderia ser vantajoso, afinal ela já tinha a experiênciaadquirida no tratamento do Coruja.

O anjo de guarda de Ângela estava acordado e agiu paraque ela se lembrasse da Festa de Maio, no próximo do-mingo, em Camilinho. Agora era se preparar, e promoverencontro casual ali no largo da Capela, devia até pensar noque dizer ao Baltazar. O anjo de guarda continuou ajudan-do Ângela. Lá estava Baltazar, o pretendido, tímido, não semostrava à vontade no meio de tanta gente. Ângela, nun-ca jogou na retranca, partiu para decidir a partida, queriafazer logo o gol. Deixou as crianças na barraquinha devo-rando canjica com amendoim, deu-lhes dinheiro para maisuma rodada de canjica e, simulando distração, quase trom-ba com Baltazar. Ângela, já na área adversária, simulandosurpresa: pedia desculpa, cumprimentava Baltazar, sorria,pedia noticias de Julinha – a futura sogra –, atrevida, porpouco, não se agarrou, ali mesmo com o pretendido.Baltazar, apanhado de surpresa, não sabia o que fazer, an-tes de responder a uma pergunta, Ângela fazia outra – elaperguntava, mas não queria resposta –. Logo as coisas fo-ram se acalmando, passou o momento inicial do ataque,com a defesa adversária desnorteada. Passado o emocio-nal, a conversa mais calma e racional. Não era tão fácilcomo a Coruja pensara. Baltazar valorizava seu patrimônio,adquirido com muito suor e, não pretendia dividi-lo tãofacilmente. As pessoas, normalmente, não são tão bobasquanto parece e observam o dito: “Nós somos da roça,mas não somos bestas”.

Ângela, não venceu de goleada como pretendia, no en-tanto a promessa de Baltazar de visitá-la, para continua-rem a conversa, foi considerada vitória. Para encurtar aconversa, não se casaram, concordaram em viver juntos atitulo de experiência. Foi bom para ambos os lados, en-quanto durou. No inicio do mês seguinte à celebração doacordo, Ângela ex-Coruja, afoita, entregou a Baltazar ummaço de carnês, compromissos com lojas de Gouveia.Baltazar refugou.

— Não! Não é minha responsabilidade! Tenho nada comestas compras!

Ângela argumentava

— Baltazar! Você é responsável! Você me usou e eu eravirgem

Baltazar assustado

—Virgem?! Você está louca? Virgem com esta tropa defilhos?

e a Coruja

Page 9: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

Boletim Informativo da AFAGO página 9

Artigos– É verdade: Geraldo morreu há seis meses e eu voltei a ser virgem.

Baltazar, de bobo só tinha a cara, não foi na conversa. Ele sabia que certas coisas, mesmo na roça, são irreversíveis edeu por terminado o acordo, alegou justa causa e não indenizou.

Gouveia se despede do DoutorAlbanor

Encontro da Família Nascimento em Sete Lagoas

DomSerafim

celebra 90anos devida em

Macaúbas e300 anos defundação do

Recolhi-mento

Família de Pedro de Gina

Page 10: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

Boletim Informativo da AFAGO página 10

Artigos

Padre José Machadopresente em Paraopeba

Neste ano de 2014, faz sessenta anos que o PadreJosé Clemente da Mata Machado nos deixou. Foiem 1954. Nesse mesmo ano, por sua inspiração foi

inaugurada na cidade de Paraopeba a capela deNossa Senhora do Rosário. Ali todos os anos, no dia15 de agosto, o padre José é lembrado e se atribui a

ele o progresso da cidade

O Padre José Machado e a igrejinha doRosário de Paraopeba

José Moreira de SouzaFoi uma bela coincidência – providência – eu ser convidadopara a Festa de Nossa Senhora do Rosário na cidade deParaopeba. Inicialmente, interpretei o convite apenas comomais um dever por ocupar o cargo de presidente da Comis-são Mineira de Folclore. Porém, ao receber, poucos dias an-tes do início dos festejos, um artigo escrito no ano de 1979pela senhora Maria Stella Moreira Rates, publicado na Ga-zeta de Paraopeba, senti-me obrigado a comparecer.Eis o teor do artigo, naquilo quenos interessa:

Em princípios de 1951,quando residíamos emBelo Horizonte, Carlose Jandira, Edir, Wander(hoje saudoso) e eu, narua Guarani, tivemos oprazer de hospedar nos-sa prima Mariinha deGuarani. Certo dia, vi-sitando a família do Sr.José Maia, rua Suassuí(era costume naquelaépoca visitar osconterrâneos), aMariinha lembrou-se que seu pai, Sr. VeríssimoB. Maia fora o construtor da primitiva Capela doRosário (cuja bênção se realizou no dia 7.5.1908,sendo paraninfos da capelinha o Sr. MaximinoMartelo e D. Madalena Correa Mascarenhas edo sino, o Sr. Joaquim Venâncio Diniz (Quincão)e Srta. Verônica Moreira). Contou-lhe, então, oseguinte fato: que a Chiquinha Marinho estavaarrumando a Matriz de N. S. do Carmo entrouum Padre e parou defronte da imagem de N. S. doRosário; então a Chiquinha aproximou-se dele eperguntou-lhe se precisava de alguma coisa, es-clarecendo-lhe que o vigário Pe. Herculano es-tava ausente da cidade naquele dia. O Padre vi-

sitante era o vigário de Gouveia, Pe. José MataMachado. A Chiquinha lhe perguntou se conhe-cia sua irmã Mariinha que morava em S. Robertoe que se encontrava naquele dia em Paraopeba.Ele disse que a conhecia e se hospedava em suacasa quando ia a S. Roberto.Pedi,u então,que elas o levassem ao local da Igre-ja do Rosário. Eles saíram da casa da Tia Custó-dia em direção á Igrejinha. No caminho o Padrelhes contou o motivo de sua presença emParaopeba: andava muito doente e costumava,após o almoço, deitar-se num banco que haviaem sua casa. Numa dessas ocasiões teve um so-nho, ou espécie de visão, com seu colega e ami-go, ex-Vigário de Datas, Padre Sebastião RibeiroViana que lhe pediu para ir a Paraopeba, ondeexistia, abandonada, a Capela do Rosário e umaárvore nascida em frente a sua porta principal.Recomendou-lhe, então, que apanhasse uma fo-lha da árvore e preparasse um chá que curariasua doença. Qual não foi a surpresa dos trêsquando, chegando ao local, não havia mais aIgrejinha nem a famosa árvore. Só o terreno lim-po, vazio, roçado, pela Prefeitura. E o Padre,admirado e triste, exclamou: vocês não sabem a“quizila” (azar) que dá para o lugar quando caiuma igreja! Precisam mandar reconstrui-la.

Retonando à Matriz fez umaprece à Virgem do Rosário pe-dindo que iluminasse o povo deParaopeba no sentido de re-construir sua Capela para queN. S. do Rosário voltasse ao seuantigo trono; pediu também,nessa prece que mandassem ce-lebrar uma missa pela alma doPadre Sebastião.Convém salientar que, segundoa experiência da Ria Joaquina,as folhas da árvore igual àque-la que existia em frente à Igreji-nha eram sem dúvida as

indicadas para curar a doença do Padre MataMachado, prometendo enviá-las para prepara-ção do chá.Impressionada com toda história contada pelaMariinha, perguntei ao Sr. Maia quanto, mais oumenos, seria o orçamento de reconstrução. Eleme disse que ficaria na base de Cr$ 30.000,00;então lhe respondi que não seria difícil, pois secada paraopebense desse Cr$100,00, arranja-ria logo o dinheiro. Todos os presentes concor-daram e acharam a ideia ótima. Saí naquele ins-tante com o desejo firme de trabalhar pela re-construção da Igrejinha, motivada, principalmen-te, pelos seguintes fatores:

Page 11: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

Artigos

Boletim Informativo da AFAGO página 11

1º Desde pequena herdei de minha querida Mãeuma devoção muito firme à N. S. do Rosário;2º O Pe. Sebastião era meu primo e bem próximo;3º Seria ótimo para minha terra pois, Paraopeba,estava mesmo paralisada. Foi só falar na recons-trução da Capela surgiram os progressos ansio-samente desejados.

Caminhemos agora para nossaGouveia. Há, ou havia, no arquivo da paró-quia entre livros preciosos, um que se refe-ria à Irmandade do Rosário e São Benedito.Como data de abertura constava o ano de1758 contendo informações até o ano de 1870.Assunto geral: recibos em papéis avulsos dasdespesas da irmandade com a construção desua capela ( final do século XVIII, começosdo século XIX ); Livros de joias dos festeiros:rei, rainha, caudatários, juízes, mordomos, edemais contribuições para a festa da padro-eira e respectiva despesa.

Guarde-se esta data, ano de 1758.Parece que o que justificou a criação da Ir-mandade em Gouveia é resultado da instalação de um gran-de destacamento militar – os quartéis do Distrito Diamantino-. No ano de 1751, ou seja, sete anos antes, havia sessentasoldados residentes em Gouveia para vigiar a entrada na re-gião dos diamantes. [Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa,1751, caixa 37] A irmandade tinha seu altar na igreja local, aIgreja de Santo Antônio da Gouveia e assim permaneceu porquase 20 anosquando no anode 1787 amesa diretoradecidiu solici-tar licençapara constru-ção da Capelade Nossa Se-nhora do Ro-sário. A licen-ça foi conce-dida por Provi-são da Rainhae a capela ini-ciou as obrasna última dé-cada do sécu-lo XVIII e realizou a primeira festa do Rosário na capela jáno ano de 1799, para a qual o Rei contribuiu com a importân-cia de 12 oitavas de ouro e a Rainha com 14 ¾ oitavas. Afesta de 1801 foi das mais pomposas, embora o templo aindanão estivesse totalmente concluído. O Rei contribuiu com 16oitavas de ouro e a rainha com 20 oitavas. Quatro folias combandeiras e caixas angariaram 312$937 (trezentos e doze mile novecentos e trinta e sete réis). A música custou, nessemesmo ano, a quantia de 12 mil réis.

No ano de 1821, houve visita pastoral do bispo deMariana às paróquias de Vila do Príncipe e do Tijuco – Serro

e Diamantina -. Sobre a capela de Santo Antônio, o bispoordenou a renovação dos ornamentos da igreja “já velhos”, equanto à do Rosário elogiou-se estar “bem ornamentada”.Para nossa curiosidade vale registrar que, nessa época, ha-via “Neste arraial 5 ou 6 padres, além dos capelães das ca-pelas.” Em Gouveia viviam 2.000 almas. O cuidado com a

capela doRosário e aconstituiçãode seupatrimôniose deve àiniciativa deuma grandefazendeira, as e n h o r aRita Marga-rida deCortona aqual, certa-mente, foie n t e r r a d a

junto ao altar-mor da igreja do Rosário. O patrimônio da igre-ja definia o que era chamado de “fábrica”, o que quer dizer,de onde o templo tiraria condições de se manter. Para cadaigreja havia um “fabriqueiro”, pessoa indicada para cuidar deprover a manutenção do templo e suas atividades. Compu-nham a fábrica do Rosário, até meados do século XX, ouseja, até aproximadamente o ano de 1940, seis imóveis, entre

eles o que se chamou de “Hospital”, “Casa deNossa Senhora do Rosário” e que foi o primeiroposto de Saúde estabelecido nos últimos anos dadécada de 1940. A pessoa que guardou e incor-porou a memória desses fabriqueiros em Gouveiafoi Augusto de Filomena o qual, até morrer próxi-mo a completar 90 anos, abordava as pessoaspedindo contribuição para a Igreja de Nossa Se-nhora do Rosário, dezenas de anos após a demo-lição da mesma.

A gloriosa e centenária igreja de NossaSenhora do Rosário passou a ter os dias contadosa partir do ano de 1948. Nesse ano, celebrou-se oCentenário da Abolição da Escravatura. No dia26 de agosto, com toda solenidade, saiu às ruas oandor esplendoroso de Nossa Senhora das Mer-cês, celebrando a remissão dos cativos. No Gru-po Escolar Aurélio Pires, montou-se uma exposi-

ção que criou o “Museu da Escravidão”. Viam-se nele aspeças de tortura dos escravos recuperadas de antigas fazen-das, entre elas a dos “Quartéis”. Aparentemente, essa festanão interferiu no Monumento local de devoção e discrimina-ção do “negro” gouveiano. Porém, três anos depois, em 1951– fixem: 1951 - primeiro Chiquinho do Padre, Chiquinho deNelo, ou Francisco Xavier de Oliveira, trata-se da mesmapessoa, ensaiou a primeira linha de ônibus – de fato era umajardineira de segunda ou de terceira mão -, ligando por estra-da de rodagem Diamantina a Belo Horizonte. Exatamentenessa época começou a circular um boato de que a Igreja do

Page 12: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

Rosário estava muito velha e ameaçada de desmoronar.Novo discurso torna-se aliado da inconveniência da Igreja.A Lei Afonso Arinos - LEI Nº 1.390, DE 3 DE JULHO DE1951. Embora a Lei não prescrevesse absolutamente nadaa respeito de templos, na Região de Diamantina, ela foi uti-lizada para justificar a demolição dos templos. Todas ascapelas correram risco. A de Datas e de Gouveia foram asque concretizaram melhor, foram derrubadas, quando de-veriam ser tombadas.

Coincide, exatamente, o ano de 1951 com o so-nho profético do Padre José Clemente da Mata Machado.Coincide também com o ano de 1954, a demolição da Igrejade Nossa Senhora do Rosário de Gouveia, com a inaugura-ção da Capela de Nossa Senhora do Rosário de Paraopebae o falecimento do Padre José.

Ao celebrar sessenta anos da sagração da Igrejade Nossa Senhora do Rosário de Paraopeba, o Padre Joséfoi também lembrado nessa cidade, após sessenta anos deseu falecimento. Por enquanto, nossa Gouveia vive apenasa lembrança da “quizila”.

Padre José e Nossa Senhora das Mercês

Boletim Informativo da AFAGO página 12

Page 13: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

Boletim Informativo da AFAGO página 13

Na mão de Deus

19/09/2014 - Maria Auxiliadora de PaulaRibeiro

À Afago, na pessoa de nosso emérito presidente, Adilsondo Nascimento, e de toda a diretoria, aos afagueanos, aoGrupo de Poetas de Gouveia, aos meus amigos econterrâneos, a todos que me leem, cumpro o dolorosodever de comunicar o falecimento de meu marido, ocorridoàs 13h 42min de hoje, sendo o sepultamento amanhã, emhorário a ser divulgado.

Manifestações de Adilson, Raimundo, João de DeusSaraiva, José Carlos Dias, José Moreira, GeraldoAugusto Silva, Nilson Pereira Machado, HermesNascimento da Silva, Manoel Miranda, OtomanoMenezes.

13 de outubro - Adilson do NascimentoFaleceu no dia 11, no Hospital Militar, em Belo Horizonte, osenhor CARLOS NASCIMENTO. Fomos colegas de fute-bol, nos tempos de João Antônio, de Asterio, de Geraldo Pe-reira e do Major Anatólio e fizemos parte da terceira turmade formandos do Ginásio Santo Antônio, em 1964, que eraconstituída de apenas 10 alunos. Logo depois ele ingressouna gloriosa polícia militar de Minas Gerais e ultimamente vi-nha lutando contra uma série de enfermidades, que termina-ram por vencê-lo. Carlos era filho de Zé Alegre, irmão deDaniel, fotógrafo e tio da secretária municipal de educaçãoMaísa de Fátima Nascimento Dória. A toda a família enluta-da nossas condolências e votos de resignação

14 de outubro de 2014Dona ELZA RIBAS - faleceu em Gouveia, a senhora ElzaRibas.Dona Elza ficará sempre presente na memória deGouveia pela alegria que transmitia a toda a rua do Cruzei-ro, atual Laurindo Ferreira. A casa de Dona Indinha é umareferência importante para nós.

Adilson do NascimentoEstava relembrando meu primeiro encontro com Elza Dornas,lá pelos idos de 1963. Eu ainda era meio criança, embora jácontasse meus quinze anos, mas tinha uma complexão físicadiminuta, quando fui a mando de D. Stael até a ColetoriaEstadual, comprar uma quantidade considerável de selos, devalores variados, que seriam colados às notas fiscais de teci-dos da Fábrica São Roberto. A colagem dos seloscorrespondia ao pagamento do Imposto de Vendas e Consig-nações (IVC) que posteriormente foi substituído pelo Impos-to de Circulação de Mercadora (ICM), quando esse era lan-çado nas notas, para ser recolhido quinzenalmente à coletoria.Aquela senhorita, jovem, muito bonita por sinal, veio atender-me muito gentilmente e por inúmeras vezes que eu lá volteiela sempre me dispensava uma atenção muito cordial. Tam-

bém quando eu levava os livros para que fossem fiscalizados,para verificação da correta utilização dos selos, a atençãodela era especial. Coisa de gente fina, educada, gentil. Tem-pos passados ela se casou com Bené e eu passei a frequen-tar a casa dos dois para jogarmos buraco. Ainda depois damorte de Bené, várias e várias vezes eu lá estive jogandoburaco em parceria com ela, Idalino, Rosalvo (pai de Leninha).Elza se tornou para mim uma espécie de divindade! Bonita,simpática, atenciosa, carismática, nunca se portou como gen-te da Rua da Frente, ou do meio do mastro para cima, comodiz Gil Martins. Nem ela, nem Dôca, nem Idalino, nem Jaques!Ninguém da família, assim como outras famílias que sabiamque a cidade dependia, naqueles tempos, da renda e do em-prego produzidos pela fábrica e que nós “comedores de algo-dão” éramos parte integrante do desenvolvimento da cidade.Depois que saí de Gouveia nosso contato ficou distante, masa amizade persistiu. Em 2 de fevereiro passado, quando doaniversário de Dôca, eu estive com ela e quando Zé de Floradisse-me que queria uma foto minha com Dôca ela logo seaconchegou a nós e disse: “eu também quero estar nesta”.No dia 2 de agosto último, na missa de Dom Serafim eu a vina Matriz e, mesmo de longe, ela fez um sinal de positivo.Foram as últimas vezes em que a vi, mas guardo na lembran-ça todo o seu carisma, com aqueles cabelos brancos, comoalgodão e toda aquela alegria e simpatia. Elci, você pode seorgulhar muito, mas muito mesmo, da mãe que Deus lhe deu!

29 de novembro - de 2014Geraldo Hélio de Almeida (DICA). Faleceu em Gouveia.Dica, como era conhecido, foi vereador na Câmara Muni-cipal de Gouveia e militante de político. Em nossa últimavisita á Gouveia, apostou com nosso companheiro GeraldoFabiano Chaves - Bibi de Hermano - que a Dilma seriavencedora. Após a confirmação da vitória, ligou inúmerasvezes para cobrar a dívida da aposta. Acontece que Bibientendeu a conversa apenas como brincadeira.

15 de dezembro - Leila Karla CunhaDoutor Albanor“Hoje o dia amanheceu mais triste. Gouveia mais calada.Silêncio e uma saudade que vai ficar no coração de muitos.Dr. Albanor nos deixa. Faleceu”.

17 de dezembro Adilson do NascimentoFalecimento de Alaíde Vieira

“É com enorme pesar que comunico o falecimento da mi-nha cunhada Alaíde Vieira, irmã de minha mulher Ilda Vieira,ocorrido ontem, às 23,55 hs no Hospital São Lucas”.

Page 14: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

Boletim Informativo da AFAGO página 14

Cardeal Dom Serafim celebrando emMacaúbas

Governador e senador eleito Antônio Anastasia saundandoMacaúbas e o Cardeal Dom Serafim

Page 15: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

Boletim Informativo da AFAGO página 15

Foto de Edson R Filho - merece premiação

Crianças coroando Nossa Senhora no altar-mor do mosteiro de Macaúbas

Page 16: BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS … · BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ... 50.001 votos. Da mesma forma se entre

REMETENTEAFAGO - Associação dos Filhose Amigos de GouveiaAvenida Amazonas 115 - sala1709

CEP: 30180 - 000 - BELO HORI-ZONTE - MG

IMPRESSO

Boletim da AFAGOÓrgão Informativo da Associação do Filhos e Amigosde GouveiaAno VII – N ° 5 - Setembro - Outubro 2014.www.afagouveia.org.br

Diretor Responsável – Adilson do NascimentoEditoração Gráfica: José Moreira de SouzaCrédito das Fotos: Arquivo Afonso Ferreira Brasil,Adilson do Nascimento, Edson R. Filho, Geraldo daConsolação Miranda, José Moreira de Souza, Mariadas Graças Almeida (Cota de Arcena)

Diretoria da AFAGOPresidente de Honra: Waldir de Almeida Ribas inMemoriamPresidente: Adilson NascimentoSecretário: Guido de Oliveira AraújoTesoureiro: Raimundo Nonato de Miranda ChavesPatrocinadores:Diretores da AFAGOComissão EditorialGuido de Oliveira Araújo.José Moreira de SouzaRaimundo Nonato de Miranda Chaves

A AFAGO CONVIDA

Os pais, mães, tios, avós amigos, parentes e conhecidos a enviarem textos paraserem publicados neste boletim.Artigos, notícias, fotos e comentários devem ser enviados diretamente paraos endereços [email protected] ou [email protected] que você pensar que merece ser lido pode ser enviado e será publicadosem censura.Matérias já publicadas no sítio da AFAGO não mais serão reproduzidasneste Boletim. Do mesmo modo, poesias somente serão publicadas quandoforem enviadas diretamente para publicação neste Boletim.