BALA PERDIDA Contos feitos pelos alunos do 9º ano do Colégio São Luís
BALA PERDIDA
Contos feitos pelos alunos do 9º ano do Colégio São Luís
BALA PERDIDA
Acorda, levanta, vai ganhar a vida...
(Disparos)
... passou tão rápida.
(FREIRE, Wilson. Bala Perdida. In: FREIRE, Marcelino (Org.). Os cem menores contos brasileiros
do século.Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2004, p. 99.)
A proposta: ampliar o microconto “Bala perdida”, de Wilson
Freire.
A exigência: um tiro deveria aparecer no enredo.
O resultado: excelentes contos criados pelos alunos do 9º ano do
Colégio São Luís, mostrando que o microconto estimula a criatividade
que se manifesta de formas diversas. Até eu resolvi escrever um, que é o
primeiro deste livro virtual.
Fiquei muito feliz com os textos de vocês, alunos! Estão de
parabéns!
Um abraço,
Roberta Ramos
Mais um dia. Tudo escuro e frio, como sempre, entre aquelas
quatro paredes apertadas. Ouço a voz dele. Parece mais áspera, mais
aflita do que o normal. Está falando ao celular:
- Hoje, às 11 da noite.
Dia e hora marcados, o local já tinha sido definido. Não há como
adiar meu destino: já havia sido traçado, eu nada podia fazer.
Confesso que a expectativa do momento causava-me uma mistura
de medo e alegria. Medo do desconhecido, da possível dor; alegria, por
terminar a tão longa espera ali, enclausurada.
Ele entra na sala, passos rápidos. Acende-se uma luz, fazia tempo
que não via a claridade! Ele fede a aguardente e suor. Suas mãos
imensas são calejadas, com as unhas sujas. Sinto nojo quando ele me
agarra, bruto.
A luz se apaga novamente. Sou colocada em um lugar menor
ainda, mais apertado, mais escuro. Sinto o movimento, ouço os sons do
motor, da buzina. Ele pára.
Chega o momento do disparo.
Pele, músculo, artéria, sangue quente, quente, sensação morna e
macia.
Nunca imaginei que seria tão bom perfurar o coração de um
homem.
(Roberta Ramos)
TURMA 91
Luiz Carlos de Almeida, 44 anos, carioca nato, muito trabalhador,
mas gosta de uma praia com os amigos e a esposa nos finais de
semana. Tinha uma vida particularmente feliz, mas apressada. E havia
um porém: seu apartamento era ao lado do Morro do Alemão, onde
tiroteios eram frequentes. Por isso, tinha janelas e carro blindados.
Um belo dia, em um calor de 40 graus, Luiz Carlos foi para o
trabalho, e foi pensando no jantar daquele dia com sua esposa, no qual
falaria que iria querer ter um filho. Ao sair da garagem, sentiu um vento
forte e abafado. Abriu a janela, e continuou andando. Como estava com
muito trânsito, resolveu cortar pela favela, e foi aí que aconteceu.
Quando se aproximou do morro, começou a ouvir tiros. “A essa
hora da manhã?”- pensou – “O que esses caras têm na cabeça?”.
Decidiu dar meia-volta, mas foi atingido no pescoço.
No começo, gritou de dor e sentiu o sangue escorrer pelo corpo.
Sabia que aquele seria seu fim. Em sua cabeça. Uma mistura de
pensamentos: “Não acredito que vou morrer assim”, “Como eu queria
ter tido ao menos um filho”, “Tomara que se vinguem por mim”. E nessa
mistura de raiva, tristeza e dor, surgiu a pena, por aqueles que ganham
a vida e a perdem com as drogas.
Aos poucos, foi começando a perder seus sentidos. Suas mãos
largaram o volante lentamente. Seus olhos fecharam-se, e aos poucos,
parava de ouvir o barulho que o rodeava. Até que seu coração parou.
Sua mulher, que havia escutado o barulho dos pneus queimando
e descido correndo, assistia a tudo, horrorizada. Lágrimas escorriam
por seu rosto. Era impossível ficar tão assustado e triste como ela
naquele momento.
Ao som de sirenes, gritos (principalmente de sua mulher) e tiros, foi
declarada a sua morte, às 12:30 de uma segunda-feira de sol carioca.
(Alexandre Bortolotto)
Um policial de 32 anos, moreno, alto, forte, que apesar dos riscos
do seu trabalho ama o que faz, acorda ao lado de sua esposa, jovem que
nem ele, toma o café e vai ganhar a vida no posto policial. Salva vidas, é
isso o que faz. Todo dia fazendo a mesma coisa, até que sua rotina foi
mudada. Recebeu um chamado:
-Alô? Oficial Ricardo? – indagou o coronel com uma voz assustada
-Sim, eu mesmo, coronel Rodrigo. O que houve ?
-Está acontecendo um assalto na marcearia, Rua Flexition,
número 109.
Ricardo apanhou suas coisas e ia a caminho da mercearia,
quando um amigo seu,tambem policial, perguntou:
-Aonde vai?
Ele explicou o que ocorrera, e saiu correndo. Quando chegou ao
lugar desejado, Ricardo perguntou ao gerente:
-Não houve nenhum assalto aqui ?
O gerente continuou quieto. Ele estava suando, tremendo!
Apagaram-se as luzes
O oficial Ricardo foi sequestrado. Quando acordou, estava sendo
torturado a sangue frio. Naquele momento, só se podia ouvir seus ossos
se quebrando e os gritos desesperadores.
Quando acabou a tortura e finalmente conseguiu enxergar, a
única coisa que via era o coronel.
- O que estou fazendo aqui? – perguntou Ricardo, desesperado.
- Você é um dos nossos melhores oficiais e estávamos com medo
de que descobrisse o nosso esquema de lavagem de dinheiro.
Ricardo grita desesperadamente, com muita dor.
- Tire-me daqui!
-Você não me deu outra escolha – murmurou o coronel,
preparando a arma.
Quando estava preparado para atirar, a porta se abriu e, de
repente, só se viam policiais. As luzes se apagaram. Ricardo se soltou e
tentou fugir, arrastando-se pelo chão. Ele só conseguia ouvir barulho de
tiros. Quando tudo ficou silencioso, Ricardo sentiu o sangue escorrendo
pela sua garganta e ardendo como fogo. Ele ia perdendo seus sentidos,
não via mais nada, apenas sua vida passando pelos seus olhos. Era
uma dor inexplicável.
Sua vida passou muito rápida.
Tudo passou muito rápido...
(Fernanda Arbage e Gustavo Damascena)
Às 6:30 acordei, me arrumei e fui à cozinha tomar café. Como não
havia nada de especial, resolvi comer na padaria da esquina e ir direto
ao trabalho.
Sempre que vou ao trabalho, passo na banca de jornal, em frente
à minha casa, para ver as notícias diárias. Enquanto comprava uma
revista “Super Interessante”, um homem de sobretudo preto, com as
mãos no bolso, e um chapéu abaixado, deixando sua identidade oculta,
sacou uma arma do bolso, agarrou-me pelo braço e jogou-me contra a
parede. Apontou a arma para mim, dizendo:
- Como é que fica, hein, Jorge?
- Mas o quê...
- Você fica na boa e eu me ferro, né?
- Mas eu não sei...
- Sabe sim! E sabe muito bem!
- Nunca te vi, nem sei quem é você!
- Chega de brincadeira! George, você vai me pagar...
- Péra! Péra! Meu nome nem é George, é Guilherme- mostrei
minha identidade.
- Não adianta, George, eu sei que é você! E você sabe o que fez,
além disso, não tem mais volta!
- Tudo bem! Tudo bem! Eu não minto, eu sou George, só mudei
minha identidade, mas eu sei que tenho uma coisa que pode...-
Disparos.
(Daniel Fouto e Virginie Cortes)
Numa manhã de sol, um cidadão trabalhador se arruma para
mais um dia de trabalho. Despede-se de sua família.
A caminho de seu serviço como arquiteto na Barra da Tijuca, há
de passar pela Linha Vermelha, onde sempre há policiais patrulhando o
local.
Depois de muitas horas na obra da grande mansão do diretor de
uma empresa, este o convidou para jantar com ele.
Em direção ao restaurante, uma moto os fecha, desacelerando
bruscamente. Olhando para a esquerda, com a breve intenção de xingá-
lo, percebeu que ele tinha uma arma.
Houve três disparos. O desespero começou. Saiu correndo em
busca de ajuda para socorrer o seu patrão. Chegando à polícia, com
sangue espirrado em toda sua camisa branca, diz que seu patrão havia
sido baleado. Chegando ao carro, notaram o patrão ensanguentado,
uma arma na poltrona do carona e três cápsulas de bala ao lado da
marcha, espalhadas pelo chão. Os policiais, sem dúvida em suas
mentes, prenderam o inocente homem violentamente, e o levaram para
a delegacia.
O delegado decide que o homem seja julgado publicamente.
As testemunhas estavam lá, prontas para falar sua história,
quando o homem pensa:
-O que eu fiz de bom na minha vida inteira? Acho que não fiz
nada de útil. Vejo os momentos bons e ruins passarem como um flash
de câmera. Ouço gritos dizendo para eu ser morto, condenado.
Foi quando o juiz tomou sua decisão.
Passou tão rápido.
(Gabriel Chae e Luiz Gabriel Machado)
Estava no bar, expulso de casa e demitido. Tentava esquecer as
desgraças da minha vida.
Alguns dias depois, andava pelas ruas pensando no que poderia
me ajudar. Pedia esmolas, procurava comida no lixo.
Era noite. Voltei para o bar aonde frequentemente ia e logo vi
minha ex-esposa, Fernanda da Silva, com meu melhor amigo, João
Pereira.
Despertou-me um ódio jamais sentido, meus olhos se encheram
de lágrimas e fechei minha mão, como se fosse dar um soco em alguém.
Uma fraqueza me tomou e, ao mesmo tempo, um sentimento forte me
envolveu.
Não pensei duas vezes: estava prestes a dar um soco na cara de
João, quis dizer, no meu maior inimigo, quando fui arremessado contra
a rua. Por pouco um caminhão não me atropelou. Quando levanto, vejo
João sacando uma arma...
E só me lembro da imagem da minha amada.
(Caio Torrano e Gustavo Kim)
Depois de brigar com minha esposa e filhos, vou morar sozinho
com o sentimento de culpa. Janto na cozinha, pois não vale a pena
arrumar a linda mesa da sala de jantar. Não mereço.
Me preparo para dormir, e antes do sono chegar rezo por eles e
para que um dia me entendam. Na mesma noite, os sonhos tomaram
conta de minha cabeça, sonhos confusos que me deixaram assustado.
Quando acordo, meu olhar lentamente percorre o quarto,
diretamente ao relógio. Estou atrasado. Me levanto com o corpo
cansado e sonolento. Troco minha roupa e vejo minha figura no
espelho, como um perdedor. Quando acabo de me arrumar, saio de
casa sem o café da manhã, não estou com tempo.
Vejo meu filho mais velho parado na esquina com o corpo todo
sujo e ofegante, olhando para mim com raiva. Perguntei se estava bem,
mas naquela hora acho que minhas desculpas não valeriam mais.
Ele arrancou brutamente de sua calça uma arma não muito
grande, mas que poderia fazer muitos estragos. Sem pensar, atira em
meu peito, me lançando ao chão. Ao redor de mim se forma um tumulto
desesperado. Meu filho se ajoelha, assustado; eu não conseguindo ver
nada além dele, peço perdão e aperto sua mão.
Ouço um grito dizendo que eu estava morto.
(Giulia Lucci e Júlia Roriz)
Lilian Shäffer, uma mulher inteligente, divertida e bonita de
apenas 28 anos tinha o antigo sonho de ser atriz. Sempre foi
esperançosa e humilde, mas também muito desejada entre os garotos
nos tempos de escola, com seus compridos cabelos loiros e lisos, com
mechas loiras, de biótipo alto e magro, e seus lindos olhos azuis.
Naquele tempo de escola, não tinha muitas amizades, pois
muitas garotas apenas invejavam sua beleza. Suas amizades eram
falsas. Mas havia uma exceção: Mariana Carter. Encontraram-se pela
primeira vez na festa de formatura de um primo seu, e naquele mesmo
momento sabiam que seriam grandes amigas.
Naquele dia, seria seu grande teste. Estava em jogo seu futuro e
o sonho de vida perfeita. Desde pequena, sempre quis ser atriz. Quando
tinha 14 anos, entrou para o grupo de teatro do colégio e sempre fazia
os papéis protagonistas. Já fez também alguns ensaios fotográficos,
como modelo, mas sabia que não era isso que queria ser. A profissão
era atriz, e não modelo. E iria lutar por isso. Era o estilo de vida que ela
queria e era o que a fazia feliz.
Ao tocar do despertador, levantou-se nervosa da cama e
imediatamente ligou para Mariana.
Esperou e esperou. Ela não atendia o telefone. Ligou novamente.
Finalmente, ouviu um “alô?” bem baixinho e sonolento.
--VOCÊ AINDA ESTÁ DORMINDO?! --gritou Lilian ao telefone,
desesperadamente.
--Hein? Quem é?
--Sou eu, Lilian! Agora vamos, levante dessa cama e se arrume,
por que precisamos ir ao teste! Te encontro na porta da agência daqui
ameia hora. –falou, autoritária.
--Ai, tudo bem. Como você é mandona... —resmungou Mariana
do outro lado da linha e desligou o telefone.
Após um rápido café da manhã, pegou seu casaco para a manhã
fria e começou a curta caminhada até o estúdio, que ficava a três
quarteirões de seu apartamento.
Morava em um pequeno apartamento alugado na Avenida Faria
Lima, muito conhecida por sua grande quantidade de transeuntes e
carros, e que era muito bem iluminada à noite. Com muitos bancos e
estabelecimentos comerciais, era, muitas vezes, foco de grandes
assaltos na cidade.
Enquanto caminhava, já vendo Mariana na frente da agência,
ouviu disparos. Pelo som, parecia que o atirador estava perto. Apertou o
passo e olhou para trás.
Fui tudo rápido demais, ou até lento demais. Não dava tempo
nem de pensar, mas ela conseguia ver todos correndo como em câmera
lenta.
Mais um tiro e tudo escureceu à sua frente. Lilian Shäffer ouviu
seu nome sendo chamado ao longe pela última vez. Seu corpo sem
forças caiu no chão, sem mais reação alguma.
Perdeu sua vida, e a chance de seu sonho ser realizado.
(Anna Vitória Morinaga e Marina Marcondes)
João ganhava a vida como catador, de papel. Era um homem feliz
de boa índole com cabelos grisalhos e com uma longa barba. Era
casado com uma mulher consumista, que tinha por volta de uns 40
anos.
Em uma segunda-feira, mais ou menos às 10h da manhã, sua
mulher o acorda com gritos:
-Como você ainda esta dormindo? Olha a hora, você tinha que
estar trabalhando!
-Mas só eu trabalho nessa casa, você fica o dia inteiro apenas
gastando o meu dinheiro. Para mim, esta vida está boa, se não está
para você, por que você não vai embora?
- Você sabe que eu não trabalho porque não tenho emprego, já
procurei muito, mas neste país não é fácil! E você quer que eu vá
embora?
-Sabe que não é uma má ideia, pelo menos eu poderia dormir,
acordar e trabalhar a hora que eu quisesse além do dinheiro que iria
sobrar!
Sua mulher sai transtornada para a rua, e logo em seguida seu
marido também sai. Tentando esfriar a cabeça, foi catar papel. Seguiu
em direção a uma rua movimentada onde havia uma pilha de papéis, e
entre eles havia um pequeno bilhete da “Time Mania” que, por muita
sorte, estava premiado. João ficou muito feliz e emocionado.
No mesmo dia, trocou o bilhete e foi para casa, onde encontrou
sua mulher esperando-o no sofá. Quando a viu, começou a pedir mil
desculpas pela grosseria e implorou que ela retornasse à casa. No
mesmo momento em que contou que estava rico, ela aceitou:
-Rico! Você esta rico! Isso é perfeito, vou poder comprar em lojas
de grife.
- Claro, e vamos agora, porque quero lhe dar um lindo presente,
de preferência bem caro!
Saíram da simples casa e foram em direção as ruas menos
movimentadas. Sua mulher estava radiante de alegria, esperando
ganhar alguma joia ou coisa assim. Conforme iam se afastando, ia
ficando mais deserto, até o momento em que João se aproximou
lentamente dela e sacou uma arma, mirando bem em seu crânio
- Você realmente pensou que ia me enganar? O dinheiro é meu,
só meu. Agora você vai pagar por sua falsidade.
Antes que ela pudesse responder, ele deu três tiros certeiros e,
logo após, ela estava no chão.
(Giovanna Oliveira e Luca Nicolelis)
A jovem Gabriela costuma acordar antes do sol nascer para
ganhar a vida fazendo malabarismo na esquina de uma avenida muito
movimentada, nos arredores do bairro do Morumbi. Naquele dia,
Gabriela sentiu algo diferente, algo muito estranho, como um
pressentimento de que algo muito ruim aconteceria.
De repente, um carro quase a atropela, passando pelo farol
vermelho. Alguns instantes depois, três carros de polícia a toda a
velocidade.
Gabriela tenta se esconder, mas não encontra um local seguro.
Logo depois, várias viaturas policiais chegam ao local. Os policiais
atiram no carro fugitivo, que tenta revidar.
Em um momento de tensão, um dos policiais, a fim de acertar o
motorista do carro fugitivo, por acidente, atira na jovem Gabriela.
Ela não morre na hora, pessoas a sua volta chamam uma
ambulância. Infelizmente, ela não chega a tempo. Gabriela morre.
(Nadjine Terhoch e Carolina Madaloso)
Cansada de seu expediente daquela sexta-feira, Catarina, de 14
anos, mais conhecida como Jullie Follet, acorda já à noite, às nove
horas, com os berros de seu pai dizendo que estava atrasada, assim
como suas irmãs adotivas. Apesar de ser espancada, estuprada e
obrigada à prostituição diariamente pelo pai, Catarina conservava uma
beleza inigualável a outra de sua idade.
A caminho de seu trabalho, bandidos escapavam em um carro,
aparentemente roubado. Vários disparos foram feitos, acertando quatro
pessoas inocentes. Com medo, Catarina, quase Jullie, correu dali.
Catarina, agora Jullie, já em seu “point”, estava à espera de
clientes, porém a noite estava calma. De repente, ouviam-se gritos, que
pararam. Continuaram, porém, já mais próximos, lentamente, cada vez
mais altos e desesperados. Então, ela vê colegas do trabalho correndo.
Ficou paralisada, gritavam para ela correr, mas ela permanecia imóvel.
De repente, a causa se torna visível: Uma gangue de rua
procurava novas vítimas. Estavam atirando para todos os lados,
involuntariamente um tiro acertou sua perna, fazendo-a cair
violentamente no chão. Ela gritava de dor, e assustada, com todas as
forças que restavam, começou a rastejar em busca de um lugar seguro,
a dor consumia seu frágil corpo, contorcia-se de dor no chão, onde já
havia grande quantidade de seu sangue. Já cansada, conformou-se de
que só lhe restava chorar, gritar e esperar ser alcançada.
O desespero começou. Jullie começou a gritar por socorro, seus
berros abalavam a quietude da noite, sua garganta já falhava, seus
gritos começam a ficar menos distintos em meio aos de suas colegas. Ali
iria morrer, há tempo já tinha certeza, essa ideia, esse sentimento já
estava fixo em sua mente. Olhou para o lado, viu sua irmã, com a qual
tinha mais afinidade, sendo espancada e ouviu: “Deus, me ajude, estou
morrendo”. Porém, não nesse tom, falou em meio a berros, antes de
começar a tossir sangue. Jullie estava deitava com a barriga virada para
baixo no chão. Virou-se, viu uma sombra, um contorno preto de um
homem, à frente de vários corpos e poças de sangue, concentrava-se na
cena sanguinária detrás do homem. Sem Jullie perceber, o homem
apontou a arma para seu corpo já inútil.
A bala perfurou seu crânio na região da testa, apenas deixando os
olhos, não mais de Jullie ou mesmo de Catarina, abertos e direcionados
às estrelas daquela noite de ventania.
(Artur Santoro e Rodrigo Martins)
Acordo mais cedo do que de costume com um forte miado
de meu gato. Percebo que o som vem da cozinha. Quando entro, vejo
meu faqueiro no chão e, logo ao lado, meu gato com uma faca
atravessada na barriga e todo ensanguentado. Num ato de desespero,
amarrei panos nas extremidades da corda, numa tentativa de parar o
sangramento. Então liguei para o veterinário, e quase sem fôlego, digo
que é uma emergência e, conforme o solicitado, conto-lhe as
circunstâncias.
Quando ele chegou, viu a faca atravessada na barriga, o
sangue escorrendo lentamente pelo pano e a quantidade que já estava
no chão e disse que não sobreviveria.
Fiquei muito triste e, logo que o veterinário foi embora,
liguei para meu chefe explicando o ocorrido. Ele me disse que entendia,
e que poderia trabalhar apenas no período da tarde.
Já me arrumando, entra Lucília, minha empregada. Gritei
para não olhar e nem entrar na cozinha, e dirigir-se à sala de estar.
Quando terminei de me arrumar, expliquei a ela o que havia acontecido
com meu gato, apesar de ele já ter sido levado pelo veterinário, achei
necessário explicar, pois ela veria o sangue no chão.
Saí para tomar café e Lucília, assustada, foi limpar o chão
da cozinha para que o sangue não secasse.
Entrando na cafeteria, olhando nos vidros para ver como
estava, percebo que pessoas atrás de mim também iriam entrar, o que
me distrai. Acabo batendo na porta. Entro e peço desculpas ao
balconista...
-Isso é um assalto! – diz furiosamente um dos homens que
havia visto pelo vidro.
-Todos abaixados, e ninguém se mexa! – diz o outro.
Quando todos se abaixaram, como estava atrás do balcão, o
balconista ligou para a polícia, e logo que ela chegou disse:
-Saiam com as mãos para cima!
-Queremos cinco milhões, ou mataremos todos! – disse um
dos ladrões.
Passados dez minutos, um dos ladrões me chama, com uma
arma na mão:
-Venha aqui!
Tinha certeza de que iria me matar primeiro para
demonstrar que não estavam brincando. Comecei a ter dor de cabeça e
tontura.
Quando cheguei perto dele, ouvi disparos atrás de mim.
Atirei-me no chão e, quando olhei para trás, vi duas pessoas que
haviam sido baleadas na cabeça e o início da troca de tiros entre
ladrões e policiais.
Por sorte só me usaram como uma distração, pois se não, estaria
agora com furos na cabeça e o cérebro estourado.
(Heitor Pires)
Erivelto, jovem sonhador, levanta-se para um dos dias mais
importantes de sua vida, o que definiria o que seria no futuro: o dia do
vestibular. Segue calmamente para seu destino em sua moto
quando olha pelo retrovisor e percebe que está sendo seguido por dois
homens de moto.
Seu coração dispara, assim como ele em sua moto. Costurando
entre os carros, Erivelto corre como o vento, porém os assaltantes são
tão habilidosos quanto ele. Enquanto tenta se salvar, sua vida passa
diante de seus olhos. As boas lembranças aparecem, e o sentimento de
desespero reaparece, acompanhado de uma lágrima de terror e
tremores nas mãos.
De repente, um dos assaltantes perde o controle de sua moto,
batendo em um carro e ficando para trás. Erivelto assiste à cena
horrorizado, porém aproveita a situação. Parece que nada tem sentido
em um momento trágico e desesperador, nada que se faz adianta.
Erivelto tentava de tudo para fugir do assaltante, pensava no que
teria feito para escolherem justo ele. Com o decorrer da perseguição,
Erivelto foi se cansando e contudo perdendo as esperanças, já que o
assaltante se aproximara. Com o decorrer da perseguição, tudo para
Erivelto foi ficando preto ao som do disparar de tiros. Seu coração
pulsava, a adrenalina estava correndo em seu corpo, perdia sangue.
Erivelto, jovem e belo, perde a vida antes mesmo de começá-la.
(Ana Carolina Monteiro e Thiago Akli)
Era sábado, por volta das 8:30 da manhã.O dia começava
ensolarado com poucas nuvens no céu, estava em um trem a caminho
da casa de minha querida mãe, que ficava no Texas, fiquei fora por uns
2 dias, e agora estava voltando pois minha amada mãe não aguentava
ficar sem mim e meus valiosos medicamentos, que trazia em minha
maleta; além disso, não a deixava por muito tempo sozinha, pois sabia
que seus vizinhos colocavam pensamentos ruins em sua cabecinha
contra mim e meus atos de caridade.
O trem havia parado na estação, e fui logo pegando a preciosa
maleta e minhas malas. Após descer na estação, fui direto à casa de
minha mãe. Quando cheguei, fui ao seu quarto, que antigamente era o
nosso antigo porão, abri as 5 trancas, para a máxima segurança de
minha mãezinha, e entrei. A coitada estava deitada, desnutrida, parecia
que não comia há uns dois dias,mas estava esbelta como uma pétala
de rosa murcha. Era branca, mas tão branca, que parecia nunca ter
visto o sol, seus cabelos brancos pareciam com a neve e sua pele era
delicada e franzida. Mas logo o momento calmo passou, pois ela
acordou e começou a me ameaçar, me xingar, e falar várias coisas
horríveis sobre mim.
Coitada, não sabia o que estava dizendo, era louca. Rapidamente
peguei minha maleta, dela retirei uma seringa e nela coloquei o
calmante,enfiando levemente a enorme agulha em seu pequeno braço.
Logo ela dormia, em um sono calmo como a serenidade da morte.
Deixei-a dormir e fui pegar umas joias de minha mãe para guardar em
segurança em minha conta no banco.
Após ter ido ao banco, avistei um duelo entre o xerife da cidade e
o bandido. Quando escutei um tiro e avistei as pessoas correndo
desesperadamente, percebi que havia algo errado,então resolvi ir
embora, mas o xerife me barrou, me reconhecendo. Não gostava muito
daquele xerife, ele ficava sempre me rondando e parecia que não
gostava de mim também. É claro que devia ouvir as reclamações de
minha velha e louca mãezinha. Consegui escapar do xerife e fui para
casa. Chegando lá, me lembrei que quando tinha saído para o banco,
tinha esquecido de trancar a porta do quarto de minha mãe. Na ponta
dos pés fui ao seu quarto pensando que o efeito do remédio havia
passado, mas vi que não havia acabado, e se tivesse acabado ,ela estava
tão fraca que não teria se levantado.Virei as costas para ir para a sala,
quando ouvi um tiro, e logo depois uma imensa dor.
Segundos depois não via mais nada, e só dizia:
-Por que fez isso, mamãe?
(Isabela Toledo e Raphael Garcia)
–Manú, Manú! Acorda! Já são vinte para as oito!
Ela espreguiça e assusta-se ao ver o relógio.
–Mãe, você me acorda só agora?
–Desculpa, também não ouvi o despertador.
–Ai, mãe, se eu for despedida a culpa é sua! – disse Manuela
com raiva.
Assim, voou para a cozinha, embrulhou uma maçã e já saiu
correndo para a estação da Sé. Seu atraso não era costumeiro, logo
pegou horário de pico. A estação estava lotada.
Chegando na frente do escritório olhou para os dois lados
querendo atravessar e viu sua colega de trabalho correndo
apressadamente. Alta e loira, também era bem bonita como Manú. As
duas eram bem próximas, pois já tinham feito grandes trabalhos
juntas. Cumprimentou-a de longe, porém ela já havia subido as
escadas, parecia desesperada. Pensou em vários motivos que levaram
sua colega a tal comportamento, já ontem fora seu aniversário, ela
deveria estar feliz. O único jeito era apressar-se e perguntar-lhe.
Ouviu disparos, dois homens armados, ambos fortes e
encapuzados passaram por Manuela de moto, atirando. Logo entendeu
o motivo da correria de sua colega, era uma emboscada.
Um tiro certeiro.
Manuela caiu. Quando a ambulância chegou, ela
ainda conseguia arquejar, porém já era muito tarde. Ela nunca chegaria
a tempo ao trabalho.
(Júlia Carolina Ghizzi e Da Yeon Choi)
Eram 6 horas da manhã quando o despertador tocou. Acordei
muito chateado, pois seria mais um dia da minha tediosa rotina. Fui até
o banheiro e joguei água no rosto para acordar. Cheguei à cozinha para
tomar meu café, que, como sempre, é suco de laranja com torradas. Fui
me arrumar, coloquei minha roupa amassada que a empregada não
tinha passado, peguei minha pasta e fui para o carro. Vida mais
monótona, impossível.
No caminho, percebi que a gasolina estava para acabar. Ia parar
no posto de gasolina quando meu celular tocou: era minha esposa,
Maria, para variar reclamando que eu precisava me despedir dela e da
bagunça que havia deixado na cozinha; ela só me criticava. Quando
percebi, estava na Avenida Niemayer e na mesma não tinha posto de
gasolina. Não deu outra: no alto da ladeira, a gasolina acabou. Foi
aquela confusão de sempre: ligar para o seguro, eles falarem que estão
vindo e demorarem mais de duas horas.
Nesse momento, avistei uma mulher grávida e um homem mal
encarado que vinha na direção dela, com a mão dentro do casaco. O
homem, ao passar ao lado dela, sacou uma arma e pediu que lhe
entregasse todo o dinheiro que tinha. Tudo isso estava acontecendo a 3
metros de mim. A mulher se recusou a entregar o dinheiro e o homem
se alterou, sacando a arma para tirar. Foi quando eu tomei a decisão
mais estúpida da minha vida: joguei-me na frente da mulher!
Senti uma dor insuportável na região do peito. Depois disso, cai
no chão e escutei mais tiros, mas os mesmos não foram dirigidos para
mim, porque cheguei a ver o homem tentando fugir e sendo derrubado
no chão. A polícia havia chegado e, finalmente, alguém iria cuidar de
mim, pois eu precisava ser levado imediatamente a um hospital.
Cenas da minha vida passaram na minha cabeça, e em especial,
eu só pensava na minha mulher e o quanto gostaria de ter me
despedido dela. Nesse momento, a rotina da minha vida se tornou a
coisa mais importante.
(Arthur Danciuc e Pedro Souza)
“Ele chegou perto de mim com aquele olhar profundo. Tão
bonitinho. Quando chegava perto, aquele perfume... Ah!!”
Tantas declarações anônimas, desenhos, fotos, imaginações em
que os protagonistas éramos eu e ele. Perfeitos! Mas acordo do sonho ao
ver, na carteira da frente, ela!
Janaina era muito popular, um tanto metida, fazia-me desconfiar
dela. Seu olhar malicioso me dava um calafrio, confiante e líder, sabia
muito bem se impor.
A aula acabou, fui para o meu armário, como sempre, guardei
meus cadernos e o... Cadê?!?!
O meu caderninho, quer dizer, o caderninho do Diego. Não, o
MEU caderno feito com TUDO sobre o Diego. Onde estava?
Perdi-o. Procurei desesperadamente nas salas, nos banheiros, até
na cantina. Não estava. Como?
Fui para casa com muito medo de que alguém o achasse.
Entrei no computador, no Orkut e.... Janaina fazendo
declarações ao Diego? Ei ! São as MINHAS declarações. Impossível.
Liguei para o Pedro, meu melhor amigo, chorando desesperada.
Contei o ocorrido, nem ele acreditou como Janaina poderia ser tão
cruel, ela ia falar que fui que fiz. Com certeza.
No dia seguinte, entrei com medo. Todos me olhavam de forma
estranha. Medo!
Quando eu entro na sala, lá estão Janaina e Diego aos beijos! Por
minha causa? Então logo descubro que ninguém me olhou estranho e
que Janaina pegou meus poemas dizendo ser dela.
Pois é. Piorei muito mais do que o normal. Mas o pior foi quando
Pedro nem me consolou, me IGNOROU! Acredita! Grande amigo. Fui me
encontrar com ele, xinguei, gritei, quase, quase chorei, mas quem na
verdade chorou foi ele. Uma lágrima consegui escapar.
Ele levantou-se e foi embora. Fiquei em choque. Abri meu
armário como de rotina e fui para casa, subi para o meu quarto e não
pensei duas vezes ... Entrei no computador e recebi um depoimento do
Pedro. Não pode ser, ele me amava e...
Não...
Corro em direção ao beco do quarteirão ao lado, um tiro! Corro
mais rápido. Quando chego, lá esta o corpo de Diego,o meu tão sonhado
Romeu morto. E Pedro só me disse:
- Desculpa.
(Maria Sol Rodriguez e Michelle Zein)
TURMA 92
Uma noite antes na minha morte, estava me arrumando
escondida enquanto meu marido dormia. Saí na ponta dos pés, sem
fazer nenhum barulho.
Chamei o elevador, com o coração acelerado. Ao entrar, me olhei
no espelho. Estava com minha melhor roupa, um vestido Armani
vermelho e com o colar de pérolas brancas que destacou meus olhos
azuis e cachos dourados.
Entrei no carro. Em cima do banco dianteiro, estava um buquê de
rosas vermelhas. Ele sugeriu um lugar romântico para passarmos a
noite, então fomos.
Enquanto isso, em casa, meu marido percebeu que eu não estava
na cama e viu meu celular em cima da mesa. Ao pegá-lo, viu que havia
uma mensagem não lida, tinha um endereço e foi ver o que havia lá.
Chegando ao local, meu marido, armado, entrou no quarto do motel e
nos flagrou na cama.
Percebi um olhar entre os dois. De repente, meu amante se
levanta da cama, vai em direção a meu marido. Fecharam as cortinas
para não haver nenhum indício ou nenhuma testemunha do que iria
acontecer. Acariciaram-se.
Fiquei assustada e senti-me idiota por não ter percebido que os
dois estavam tendo um caso .
Meu marido tirou a arma do bolso. Apontou-a para mim, beijou
meu amante e atirou.
A bala perfurou o meu peito. Foi uma dor insuportável, traída
pelo meu marido e pelo meu amante.
(Stefannie Cruz e Pietra D’Almeida)
Depois dessa noite, estava cansada, com a maquiagem borrada e
o olho roxo. Sentei-me no ponto de ônibus e comecei a refletir sobre
minha vida. Chego em casa e durmo do jeito que estou.
Acordo. Levanto e continuo a pensar no que fiz da minha vida.
Decido que não quero mais ganhá-la desta forma, e sim de jeito digno e
honesto. Não quero ser mais uma prostituta que sirva de objeto para os
homens, que usa perfume barato, vestido curto e maquiagem borrada.
Chega! Quero mudar.
Pego o jornal, vejo o caderno na parte de empregos. Ligo e marco
uma entrevista. Na entrevista para secretária, me reprovaram, pois me
julgaram. Culpa de minhas roupas e de meu jeito de agir. Burros. Não
sabiam o que se passava dentro de mim.
O celular toca.
Estou precisando de dinheiro e prometo que este seria meu
último serviço. Definitivamente. Estava atrasada. Indo para o lugar,
meu celular toca novamente. É ele, já estava furioso.
Chego ao encontro.
Quando ele me toca com suas mãos sujas de graxa, sinto nojo de
mim e dele. Digo que não quero mais. Ele insiste. Nós discutimos. Meu
sangue pulsava em minhas veias e subia para minha cabeça. Dou-lhe
um tapa na cara. Ainda consegui ver seu olhar, fixo ao meu. Sua
respiração estava ofegante, quase bufando; seu rosto, que era moreno,
agora está vermelho, com certeza o mais vermelho que eu tinha visto
até então.
Após um barulho ensurdecedor, já não tinha essa certeza ao ver o
sangue escorrendo sobre meu peito.
(David Teles Eller e Leticia Elias Tarragó Papaceit)
“Qual vai ser o nome dele?”. São 5:30 da manhã a o despertador
toca. Rosyane pensa em dormir mais cinco minutos, mas se lembra de
que terá um filho e terá que sustentá-lo, já que sua mãe ficou furiosa
com a notícia dita no dia anterior, à noite.
Ela levanta, mas sente uma tontura. Ao fundo o Cristo sendo
encoberto pela neblina matinal.
Toma seu banho, se veste, toma seu café e come seu pão
apressadamente. Vaidosa como toda mulher, abre a porta do armário e
arruma seu cabelo no espelho. Leva um susto ao ouvir barulho de tiros
e pensa em ligar a televisão para ver o que está ocorrendo. Olha no
relógio, vê que está atrasada para o trabalho e sai de sua casa na
favela.
Alguns passos assustados depois, percebe que esqueceu a bolsa
em casa e precisa voltar. Abre a porta e vê a cama de sua mãe
desarrumada, pois como ela trabalha cedo, não arruma pela manhã.
Pega a bolsa e abre a porta.
Sente uma tontura.
Pensa em ficar mais um pouco em casa, mas o relógio a apressa.
Abre a porta de sua casa e, enquanto a tranca, olha ao redor assustada,
vendo se pode sair. Anda alguns metros. A cada passo, fica assustada.
Pensa em seu filho
Ouve um barulho de tiro. Seu coração congela.
“Qual vai ser o nome dele?”
Disparos...
Ela não teve tempo de responder à sua pergunta
(Renan Simões e Rodrigo Torrano)
Carlos acordou Às 6:30, como em qualquer outro dia. Levantou-
se, escovou os dentes e trocou-se. Andando em direção à cozinha, viu a
porta do quarto do seu filho fechada, como há um ano, e lembrou-se de
que ele voltaria no outro dia do seu intercâmbio no Canadá.
Tomou seu café, checou sua pasta e saiu de sua casa. Reparou
que o dia estava feio, nublado. Pegou seu guarda-chuva. Enquanto
descia pela rua, ele ouvia música em seu Ipod, um gosto que
desenvolvera desde criança, pela convivência com seus avôs.
Carlos chegou ao ponto de ônibus. Barulhos começaram a surgir de
longe.
De início, pensou que fosse uma manifestação. O barulho se
aproximava rapidamente. Quando o som começou a ficar mais nítido, o
coração de Carlos disparou. Na verdade, ele ouvia disparos.
O barulho se aproximava, as outras pessoas do ponto de ônibus
estavam apavoradas. De repente, um tiro atingiu o vidro do ônibus.
Carlos estava imóvel, só quando os estilhaços do vidro caíram no seu
pé, ele caiu em si.
Deitou-se no chão, e os criminosos que disparavam
aleatoriamente passaram na sua frente.
A respiração de Carlos estava ofegante, ele parecia no meio de um
temporal, mas na verdade era seu suor. Quando tirou sua mão de baixo
do seu corpo, ele se desesperou mais ainda, ele havia tomado um tiro.
Carlos sabia que a situação não era boa, sua visão já ficava mais
escura, e começou a pensar: “como a minha vida passou rápido”.
(Lutti Salineiro e Bruno Sgambato)
Estava tudo muito escuro e um silêncio anormal. De repente,
enxerguei uma luz e, curiosa, fui naquela direção. Rua? Carros? Virei-
me e vi que estava em um beco, mas como fui parar ali? Ignorei esse
fato e segui em frente; era melhor voltar para casa, já estava ficando
tarde. Fui ao metrô, quando tive a impressão de que vi meu marido.
Quando fui perguntar a ele o que estávamos fazendo lá, percebi que
suas feições se tornavam mais jovens e sua pele igual a minha, tom de
chocolate, se tornava branca como a neve. Então, em um gesto
inesperado, ele sacou uma arma e atirou.
Eu morri.
Acordei assustada com o barulho de despertador e a tensão de
meu sonho. Fui tomar banho. Minha cabeça só tinha espaço para ele.
Tentei ignorá-lo ligando a TV. Olhei o noticiário e vi que havia um
assassino à solta. Isso me perturbou mais. Tomei uma xícara de café
fumegante e saí.
O metrô ficava longe de casa, por isso peguei um ônibus. Me
sentei ao lado de um jovem que me era familiar. Para minha surpresa,
ele me cumprimentou,
-Olá – meio hesitante, respondi:
-Olá – ele abre um sorriso e continua: -Você vai para onde?
-Eu vou trabalhar.
-Você trabalha onde?- ele se inclina levemente na minha direção.
-Ahn.. na Paulista. O que você faz da vida? –perguntei em um tom
brincalhão e simpático.
-Eu... Limpo o lixo da cidade. –ele falou, em um tom sinistro.
-Que bom, essa cidade precisa mesmo de uma limpeza. –então ele
me encara e seus olhos se prendem aos meus.
-Fico feliz que pense assim.
-Desculpe, tenho que descer aqui. Até mais!
-Espero que a gente se encontre novamente.
Fui para o trabalho. Conhecê-lo foi estranho. No final do dia,
liguei para meu marido para nos encontrarmos no metrô.
Chegando lá, nos beijamos e fomos comprar os bilhetes. Senti
uma mão me segurar duramente e uma voz grave roçar em meus
cabelos trançados.
-Que bom que nos encontramos novamente.
Meu coração começou a acelerar e, quando me virei, vi o jovem
com quem havia me sentado no ônibus. A única diferença é que ele
usava um terno muito chique. Foi então que o reconheci
imediatamente: o jovem de meu sonho. Ofegante, perguntei:
-Mas você não era lixeiro? –então ele abre um sorriso torto e, com
uma voz sinistra, afirmou:
-Eu limpo esse tipo de lixo. –ele saca a arma.
Então percebi que estava vivendo o meu sonho. Novamente. Ouço
o disparo e meu corpo cai.
(Isabella Qüilici e Júlia Park)
João, professor de Matemática, loiro de olhos castanhos, estava
no carro atrasado para uma reunião que tinha no colégio às 8:00 horas
da manhã.
O trânsito não andava. As ruas estavam lotadas, sem nem espaço
para as pessoas atravessarem, motoqueiros buzinavam, e tudo estava
uma bagunça.
Estressado, tentou fugir do trânsito, cortando o caminho por uma
rua paralela que estava mais lotada ainda. João não sabia mais o que
fazer, apenas sabia que iria chegar atrasado ao compromisso.
Então, preocupado com o atraso, ligou para o colégio para
explicar o motivo por que iria atrasar e, no mesmo instante, escutou
socos no vidro do carro. Quando viu, eram dois homens de gorro e
casaco preto pedindo sua carteira e que saísse do carro.
O homem do carro ao lado, que estava vendo tudo, alertou a
policia, que já estava próxima, sobre o assalto que estava havendo.
O policial chegou em instantes com a pistola na mão, assustando assim
os ladrões, que saíram correndo dando tiros para todos os lados.
João consegue se esconder e, de longe, vê uma moça que
atravessava a rua dar um grito e cair. Pessoas param ao seu redor. Ela
devia ter seus 35 anos, bonita e tinha um papel na mão. Chamaram a
ambulância, mas no hospital não resistiu.
Seu nome era Helena. Ironia do destino? Voltava do horário de
almoço, quando aproveitou para ir ao banco onde foi pagar seu seguro
de vida.
Deixou para a avó um filho de 7 anos para criar
(Antonin Bartos e Beatriz Maia)
Acordo,tomo meu café da manhã e vou até o espelho me
arrumar.Vejo minhas rugas e penteio meus cabelos brancos.
Enquanto me arrumava, me lembrei de uma garota muito
especial. Era linda,seus olhos brilhavam.Nunca mais me esqueci de sua
beleza,pois era diferente de todas as outras. Pena que nunca mais foi
vista...
Depois daquele dia especial, me apaixonei por crianças. Adoro
tocar aquela pele macia,lisinha e ver aquele jeito meigo que só as
crianças têm.
A partir de então, todas as manhãs vou ao portão da escola mais
próxima de casa ver as crianças.
Um dia,acabei não resistindo e fiz um convite a uma garota para
ir a minha casa. Tomamos um lanche,assistimos à TV, jogamos um
jogo. Foi quando uma feroz mulher invadiu minha casa.
-Quem é a senhora? - perguntei
-Sou a mãe dessa criança e quero levá-la agora.- disse a mãe
-Estávamos só conversando.
-Sei quem é você, segui-o quando estava indo buscar minha filha e
vi o jeito que olhava para ela.Então, dê logo minha filha.
-Não. - respondi
-Não terei escolha ,farei o melhor para ela.
(Tiros.)
Vi duas pessoas chorando e comecei a sentir frio e uma forte dor no
peito. Depois não me lembrei de mais nada, só do prazer que pude
sentir com as crianças.
(Jenny Ng ePriscilla Astur)
Acordo de manhã, lembrando-me do horrível dia anterior. Havia
terminado com minha namorada, já que ela ia mudar de país. A
distância era muito grande. Portanto, seriamos infelizes separados. Não
consigo tirá-la da mente, seus lindos e sedosos cabelos castanhos, seus
brilhantes olhos verdes, seu nariz levemente arrebitado e seus delicados
e macios lábios.
Tomo meu café com desgosto, e saio para a faculdade. Era uma
quarta-feira mais triste e monótona que uma segunda-feira.
Sempre passo por uma ruazinha estreita com varias lojinhas.
De repente, ouço barulhos anormais para aquele tipo de lugar, quase
derrubo meus livros: era um tiroteio na rua paralela à minha.
Virei à esquina correndo e deu para ver o carro dos bandidos em
disparada! Uma cena me chama atenção: uma garota está caída no
chão a poucos metros de mim. Uma multidão vai chegando até eu ir lá.
O rosto era branco, e fazia contraste com o sangue escorrendo pelo seu
tórax. Os cabelos lisos e castanhos, sujos pelo sangue. Os delicados
lábios ensanguentados. Reconheço aquele rosto. Era minha ex-
namorada.
Depois disso, aí sim derrubo meus livros no chão. Hesito um
pouco e paro para refletir. Mesmo se não tivesse terminado com ela no
dia anterior algo ia nos separar de qualquer jeito.
E o que nos separou foi a morte.
(Guilherme Watanabe e Thais Nano)
Tava frio, não tinha cobertor pra gente se cobrir. A mamãe tossia
sem parar, ela também não tava dormindo.
Amanheceu. O sol me acorda. Mamãe não tá mais tossindo, ela
finalmente conseguiu dormir, depois de tanto tempo sem conseguir
descansar por causa da doença. A gente não sabe o que que é, não
temos dinheiro pro hospital.
Eu tô com fome, mamãe tá branca, deve tá com fome também,
porque ela tá mais branca que os homens brancos da rua chique. Mas a
gente não tem comida, nem dinheiro. Tenho que arrumar comida.
Tô descendo o morro, como eu queria ter sapato! O chão tá frio e
molhado, porque choveu ontem à noite.
Cheguei na rua, tá com um cheiro bom de pão. O cheiro vem
daquela padaria. Acho que dá pra entrar escondido, por trás.
A cozinha tá vazia, tem uma cesta de pão perto da porta. Fico
encarando a cesta. Tô com fome. Acho que não vai fazer falta, tem tanto
pão aqui, não vão comer tudo isso.
Pego a cesta e saio pela porta. Cheguei na rua, meu coração tá
batendo rápido, agora é só voltar pra casa...
- EI MOLEQUE! VOLTA AQUI, SEU LADRÃOZINHO!
É o padeiro! Tenho que correr!
Quase lá é só subir aqui e virar ali.
Nossa! Quanta gente! Ih! São os traficantes! Eles estão armados, é
melhor eu dar a volta.
Disparos.
Tento me abaixar para me proteger; alguma coisa me acerta.
Ouço o barulho de alguma coisa caindo no chão.
Tá frio, eu tô no chão, por que meu peito tá doendo tanto?
Olho pro lado, não consigo ver muita coisa, tá tudo ficando
escuro. Mas eu ainda vejo alguma coisa, eu vejo... Pães manchados de
vermelho e terra... Agora mamãe não vai mais poder comer eles...
Penso na minha mãe.
Tudo fica escuro.
(Maria Vitoria Pieralisi e Beatriz Chang)
Era um dia frio e escuro. Eu estava fazendo minha caminhada
matinal e resolvo pegar outro caminho. Era uma rua esquisita. Um beco
sem saída.
Foi quando ouvi um barulho, parecia um disparo. Virei-me na
direção dele e a última coisa de que me lembro é de uma dor intensa no
peito.
Eu, com todas as minha forças, abro meus olhos e logo identifico
um quarto de hospital. O estranho era que eu não sentia dor alguma.
Levanto-me e escuto um bip. Ao me virar, vejo que estou deitado na
maca ensanguentado. Como assim? Eu estava em pé e na maca ao
mesmo tempo!
Saindo da sala, vejo minha mãe aos prantos e com um terço nas
mãos. Tento falar com ela, mas ela não me escutava. Era horrível ver
minha mãe nesse estado e não poder fazer nada.
Percebo que no final do corredor, está Clarisse, minha namorada.
Ela caminhava chorando até minha mãe e a abraça
-Sabe Jéssica, não é uma hora embora para isso, mas eu
descobri que estou grávida de Júlio.
-Vai ficar tudo bem, calma -disse minha mãe, abraçando-a.
Tenho que voltar. Tenho que criar meu filho. Não posso deixar a
minha família assim.
De repente, o médico aparece no corredor.
-Sinto muito, mas a bala é irremovível. Terei que desligar as
máquinas. Meus pêsames
Um longo apito soa e a escuridão cai sobre min.
(Thaís Silva, Ingrid Schmidt, Claudia Guimarães)
Mad acordou de manhã, em um dia de semana. Tomou seu café,
comeu seu pão da semana anterior com manteiga e vestiu seu macacão.
Beijou sua mulher e foi para o trabalho.
Pegou o ônibus e desceu em frente à obra onde trabalhava.
Passou um dia árduo construindo muros e carregando sacos pesados
de areia para a base do prédio. Mad ficou cansado e pegou o ônibus
para casa.
Quando foi pagar, percebeu que havia esquecido o dinheiro em
casa. Sendo assim, o cobrador grita para o motorista:
-O malandrinho tá pensando que vai viajar sem pagar.
O motorista fala:
-Pode descê, ô malandrinho.
O ônibus pára, Mad desce e resolve ir a pé. Só que para chegar
em casa, precisava passar pela Favela do Macaco Dourado.
Passando por uma rua pouco iluminada, foi abordado por um
homem armado que disse:
-Passa a grana, rapá!
-Não mesmo, por que deveria?
O ladrão aponta a arma para a cabeça de Mad:
-Porque eu preciso!
Mad começa a tremer e gotas de suor caem sobre seu rosto. Mad
percebe que o ladrão está tremendo e com pouca firmeza na mão.
Ele tenta tirar a arma da mão do ladrão, que percebe e puxa a
arma com força.
A disputa pela posse da arma continua até que se ouvem
disparos, e um homem cai morto no chão.
(João Victor Bastos e João Paulo Penalber)
TURMA 93
O despertador toca. O homem se levanta. Arruma-se, toma café e,
como sempre, lê seu jornal. Algo o impressiona, o jornal diz: “Hoje, um
homem, duas mulheres e uma criança morreram na frente de um
supermercado com balas perdidas”.
Ficou confuso, mas logo fechou o jornal. Ainda com o “hoje” em
sua cabeça, foi para o trabalho.
Como sempre, entrou no ônibus das 7:30 e, como sempre, a louca
estava lá, no segundo assento da direita, falando sozinha; o motorista,
todo sorridente, e o drogado, sentado no assento do fundo.
Irritado com a louca e com medo do que um drogado poderia
fazer, não via a hora de sair daquele ônibus.
Chegando ao trabalho, guardou alguns papéis, escreveu algumas
notas, ouviu as reclamações de algumas senhoras e foi para o caminhão
tirar a carga.
Disparos.
Duas mulheres caem no chão, uma criança grita. O homem dá
seu último suspiro:
“Hoje”.
(Bruna Leite e Isabella Mesquita)
Acordei, levantei, em um dia que não estava muito bem. Coloquei
os chinelos, desci as escadas, cumprimentei meus filhos, tomei café e
subi para me arrumar.
Descendo as escadas, vi Marta chorando, agarrada a uma foto
nossa. Ela falava que não queria que eu saísse, que não queria ficar
sozinha, não queria ficar viúva. Acalmei-a, dizendo que nada
aconteceria, que era um dia comum, igual aos outros. Porém, estava
enganado.
Saí cedo paga pegar o ônibus vazio. Havia apenas quatro pessoas;
eu, o motorista, o cobrador e um senhor de idade.
Desci do ônibus e caminhei um pouco. A rua estava bloqueada e
ouviam-se tiros e gritos, como se estivesse em um filme de terror. Olhei
para os lados e não havia ninguém. Me escondi para tentar não ser
atingido pelos tiros disparados por policiais e bandidos que acabaram
de roubar um banco.
Vi um vulto, porém não o identifiquei. Ele vinha se aproximando e
dizendo em uma voz grossa e firme: “Venha comigo, porque agora você é
meu refém’’. Me pegou e me arrastou pela camisa até seu carro e
colocou um saco em minha cabeça. Ele falou que eu não abrisse a boca
ou seria morto.
Percebi que saímos da estrada. Já o rumo que tomaríamos, eu
não sabia. Tiraram-me do carro brutalmente, me fazendo tropeçar e
cair. Riam de mim sem motivo. Eles retiraram o saco de minha cabeça,
e pude ver onde estava: era um casebre abandonado.
Já dentro da casa; eles me acorrentaram e discutiram o que iriam
fazer comigo. Me obrigaram a ligar para minha esposa e pedir 20 mil
reais para que não me matassem. Falei para ela vir sozinha, sem a
polícia, ou seríamos todos mortos.
No dia seguinte, à tarde, estava com fome e fraco. Pedi comida
desesperadamente. A única coisa que fizeram foi jogar lixo no chão e
dizer que aquele seria meu almoço, saíram rindo de mim. Estava mais
preocupado com Marta e meus filhos do que comigo mesmo.
Ao anoitecer, Marta apareceu com a bolsa, andando lentamente
até a casa. Os homens se aproximaram dela e checaram-na. Com um
sinal de positivo para seu comparsa, ele afirmava que estava tudo certo,
e que finalmente podia me liberar. No momento em que estava me
soltando, tiros foram disparados contra o bandido que me segurava:
eram os policiais que Marta havia trazido consigo. Gritei: ‘’Marta havia
lhe dito para que não os trouxesse!’’
Ela se lamentou singelamente com um choro que me afligiu
profundamente. Tiros foram ouvidos.
Passou tão rápido...
(Lucas Eduardo Zoubaref e Thiago Canguçu)
Frederico, um jovem de 23 anos, acorda em mais uma manhã de
inverno. Era um jovem estudioso, simpático, alto, magro, porém não
muito forte.
Logo após acordar, ele levanta, toma café, e se prepara para mais
um dia de trabalho.
Como sempre, acordou mal humorado, pois não havia dormido
muito bem naquela noite. Havia sonhado com coisas muito estranhas…
como se elas quisessem lhe dizer alguma coisa…Porém, muito ingênuo,
Frederico ignorou aqueles supostos sinais.
No caminho de seu trabalho, liga o rádio de seu carro, e,
ocasionalmente, ouve a notícia de um assalto em um banco próximo de
onde ele se localizava.
Assustado e desorientado, acaba se chocando com um poste que
estava a sua frente.
Em pânico, Frederico sai do carro, com medo de alguma coisa
acontecer. Ele abandona o carro, e foge para casa o mais rápido que
pode, pois conseguia ouvir os disparos dos assaltantes.
Quando chegou em casa, Frederico percebeu a sorte que tivera, e
que, a partir daquele determinado momento, aproveitaria o máximo de
sua vida. Mas não foi bem assim.
No dia seguinte, teve que voltar ao local para pegar seu automóvel
chocado contra um poste pois, afinal, não poderia o deixar assim.
Não bastaram 5 minutos. Ao pegar seu carro, foi atingido por uma
bala perdida, no mesmo local do assalto, porém em uma situação
completamente diferente.
De repente, sua vida inteira passou diante de seus olhos. Todas
as oportunidades perdidas, promessas não cumpridas.
Assim foi-se a vida de Frederico.
Passou tão rápido…
(Pedro Sirota e Giulianno Diogo)
O despertador toca. Isabella acorda assustada com a hora. No
relógio está 15 para as 13:00 e em menos de 10 minutos já está pronta
para trabalhar.
Chega ao serviço. Todas as pessoas já saíram para almoçar.
No meio do expediente, seu namorado liga em seu celular e diz a
ela para se encontrarem no restaurante, pois tem um pedido a lhe fazer
Depois daquela ligação, pensamentos rodeiam sua cabeça o dia
inteiro. Até que ela olha no relógio e vê que só faltam 15 minutos para
ela percorrer um longo caminho.
Indo para o restaurante, ela tem uma ideia maluca de pegar
caminhos desconhecidos. Como estava perdida, resolveu parar para
pedir informações em um bar. Só faltavam 7 minutos para ela estar no
restaurante. Isabella tenta ver o que está acontecendo no meio do bar:
Torcidas organizadas trocam palavrões entre si, depois de um difícil
jogo de futebol. De repente,um dos torcedores saca uma arma. Isabella,
vendo aquela movimentação, vai correndo em direção ao seu carro e sai
na disparada. Apesar do momento de medo, a sorte estava ao deu lado:
encontrou a avenida principal.
Chega ao restaurante aliviada ao ver que seu namorado não havia
chegado. Ele liga para ela dizendo que iria se atrasar, devido ao trânsito
causado pelo jogo, e diz a ela que vai por um caminho desconhecido
para tentar evitar o trânsito
Depois de alguns minutos, já impaciente,ela começa a assistir ao
noticiário e vê a manchete: “Homem é atingido por uma bala perdida ao
passar no meio de briga de torcedores.”
Isabella liga para seu namorado e ninguém atende.
Começa a chorar.
(João Victor Suh e Mateus Costa)
Todo dia o mesmo: mesmo horário, mesmo café da manhã,
mesmo uniforme, mesmo mau-humor, o mesmo dia-a-dia.
Seu chefe tinha acabado de ligar, alertando-o por estar atrasado.
Isso porque ele estava procurando ofertas de viagens baratas no jornal,
tentando sair daquela mesmice. Estressado, pegou o seu paletó e subiu
no ônibus.
O ônibus parou no terceiro ponto, e o seu era o próximo. O chefe
ligou novamente, cobrando-o.
O impressionante era que, mesmo depois de três anos na mesma
vida, não havia se rebelado. Mas não naquele dia, resolveu mudar.
Pela janela avistou um cartaz com as lindas praias de Fernando
de Noronha, o lugar a que há tempos ansiava ir. Junto ao cartaz, uma
ótima oferta que cabia em seu bolso. Devia ser porque a agência não
ficava em um bairro tão chique, e nem estampava um dos nomes mais
populares em seu letreiro.
Desceu do ônibus. Em alguns segundos, ouviu-se um barulho
estrondoso, um estouro, que mais parecia um escapamento de carro.
Imaginando-se em uma cadeira de praia, em frente ao hotel, ao
sol, e de uma maneira tão simples, aquele pedaço de metal acabou com
sua vida em instantes.
Passou tão rápido.
(Paula Krein e Carolina Helene)