Aspectos psicolgicos da obesidade infantil
Obesidade infantil - aspectos psicolgicos envolvidos na causa e
suas conseqnciasCssia Maria Ramalho Salim* Rute Nogueira de Morais
Bicalho**RESUMO - Este estudo teve como objetivo a compreenso dos
aspectos psicolgicos que contribuem para a causa da obesidade
infantil, e as conseqncias psicolgicas. Foram selecionados 41
sujeitos na faixa etria de 6 a 16 anos, de vrias classes sociais,
residentes no Distrito Federal, considerados obesos pelo ndice de
Massa Corporal -IMC. Entrevista semi-estruturada foi realizada com
os pais e professores. Aos sujeitos foram solicitados desenhos,
representando uma pessoa feia e uma bonita, e a confeco de bonecos
de massa de modelar, representando por cores diferentes o que gosta
nele, o que no gosta e o que indiferente. Os resultados demonstram
que os aspectos psicolgicos esto presentes tanto nas causas como
nas conseqncias da obesidade. As causam so: dificuldades de adaptao
e ansiedade. As conseqncias: no-aceitao social, isolamento e baixo
nvel de auto-estima. Considera-se que as condies socioafetivas so
mais relevantes para fins prognsticos do que simplesmente fatores
fsicos. Palavras-chave: Obesidade, infantil, aspectos
psicolgicos.
Psicologia
Infantile obesity - psychological aspects involved in the cause
and their consequencesABSTRACT - This study had as objective the
understanding of the psychological aspects that contribute to the
cause of the infantile obesity, and the psychological consequences.
41 subjects were selected in the age group from 6 to 16 years, of
several social classes, residents in Federal District, considered
obese for the Index of Mass Corporal-IMC. Semi-structured interview
was accomplished with the parents and teachers. To the subjects
they were requested drawings, representing an ugly person and a
beautiful one, and the making of mass puppets of modeling, acting
for different colors what likes in him, what doesnt like and what
is indifferent.*Doutora em Psicologia UnB e professora de
Psicologia do Desenvolvimento do UniCEUB. Endereo eletrnico:
[email protected] *Estudante do sexto semestre de Psicologia
do UniCeub. Ex. bolsista de Iniciao Cincia. Endereo eletrnico:
[email protected] Pesquisa financiada pelo Programa de Iniciao
Cincia do UniCEUB.
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Cssia Salim & Rute Bicalho The results demonstrate that the
psychological aspects are present in the causes and in the
consequences of the obesity. They cause them are: adaptation
difficulties and anxiety. The consequences: no social acceptance,
isolation and low selfesteem level. It is considered that the
partner-affectionate conditions are more relevant for prognostic
ends than simply physical factors. Key-words: obesity, infantile,
psychological aspects.
A obesidade hoje considerada uma doena crnica, multifatorial,
caracterizada pelo excesso de gordura acumulado nos tecidos
adiposos. Pode ser um produto da vulnerabilidade gentica e de
condies ambientais. fator de risco para patologias graves, tais
como diabetes, complicaes cardiovasculares e hipertenso. No que se
refere a complicaes psicolgicas, a obesidade pode causar
sofrimento, depresso, dificuldades na interao social e queda na
qualidade de vida. Atualmente considerada um problema de sade
pblica justificada pelo aparecimento crescente de crianas e
adolescentes obesos, o que tem preocupado os profissionais e
pesquisadores da rea da sade. Conforme Fisberg (1995), a obesidade
est diretamente ligada infncia, pois nessa fase, principalmente,
entre os dois e trs anos, que se adquire a maior parte das clulas
adiposas. Segundo o autor, grande parte da populao obesa tem a
infncia como uma de suas principais vias. Sendo assim, pessoas que
apresentam excesso de peso na infncia tendem a ser mais obesas na
vida adulta em relao quelas que se tornaram obesas posteriormente.
Alm disso, os primeiros tornam-se mais propensos a desenvolver
graves comprometimentos de sade, no futuro. Parece ser consenso que
o excesso de peso na infncia ocorre por uma infinidade de causas
ou, como alguns autores acreditam, por uma combinao de fatores. Os
mais comuns indicados na literatura incluem entre outros hbitos
alimentares considerados inadequados, propenso gentica, estilo de
vida familiar e condio socioeconmica. A prpria vida moderna se
encarrega de originar outras causas como, por exemplo, a
necessidade por economia e praticidade de consumir alimentos
industrializados, contendo conservantes, que a mdia se encarrega de
torn-los essenciais, favorecendo substituies errneas ou no
recomendveis comida caseira. Alm disso, alguns aspectos do
desenvolvimento psicolgico influenciam o consumo desmedido,
constituindo-se outro fator importante. Desde pequeno se aprende
que comida prmio, ou ainda, para os que no querem comer, a
sobremesa a recompensa por ter consumido o que os pais querem. Por
outro24
Univ. Ci. Sade, Braslia, v. 2, n. 1, p. 1-151, jan./jun.
2004
Aspectos psicolgicos da obesidade infantil
lado, ou at mesmo em conseqncia, eventos importantes da vida so
sempre comemorados com comida. Percebe-se que, nos ltimos estudos
encontrados sobre obesidade infantil, a literatura tem privilegiado
as complicaes clnicas; entretanto, a obesidade infantil e juvenil
acompanha-se de transtornos que comprometem as reas psicossociais
(Ko, 2002), pois, por trs da obesidade infantil, podem estar
ocorrendo distrbios psicolgicos (Morgan, Yanovski, Nguyen, et al,
2002). Conforme alguns autores, um dos sintomas mais comuns da
depresso infantil pode ser a obesidade como outros transtornos
alimentares (Ko, 2002). O sofrimento emocional pode ser uma das
partes mais dolorosas da obesidade, uma vez que a civilizao
ocidental atual enfatiza a aparncia fsica e freqentemente iguala
atratividade com magreza. O fato de estar gordo ou magro na
sociedade atual est intimamente ligado imagem que a mdia vende, ou
seja, sem relao ao compromisso com a sade. A gentica ento ignorada,
pois o ideal o corpo perfeito. Desta forma, pessoas com sobrepeso
sentem-se sem atrao. Essas consideraes levam ao sentimento de baixa
auto-estima, acarretando insegurana e vrios outros transtornos
psicolgicos. Alm disso, para algum que j tem uma baixa auto-estima
e tendncia a sintomas de depresso, ter um corpo imperfeito
declarar-se preguioso, incapaz, relaxado e incontrolado,
desencadeando dor e sofrimento (Barlow, 1999). Segundo Mahan
(1998), ironicamente os obesos so atormentados em uma sociedade que
encoraja em demasia a alimentao. De acordo com esse autor, os
mesmos aprendem respostas sociais autodefensivas e autodegradantes.
Conseqentemente, a gordura passa a ser encarada como algo ruim,
levandoos a um crculo vicioso de diminuio da auto-estima, depresso,
superalimentao para o consolo, aumento de peso e rejeio social. Na
atual sociedade o obeso sofre com todas suas limitaes recheadas de
preconceitos. As crianas sofrem muito mais que os adultos, pois
ainda no sabem agir diante das crticas depreciativas. Fricker et
al. (2001) aponta que a famlia pode impedir o organismo da criana
de aprender instintivamente a comer conforme suas necessidades. O
alimento oferecido a criana de forma indiscriminada. Isso ocorre
porque pais ansiosos e pouco atentos real necessidade de seus
filhos no percebem que eles choram por outros motivos, e no somente
quando esto com fome. Conseqentemente, sem um aparelho psquico
maduro, a criana aprende que o alimento a soluo para todos os
conflitos. Desta maneira, passa a ter dificuldades para diferenciar
estados de tenso emocional, confundindo-os com a necessidade de
ingerir algo. Tal associao persiste at a idade adulta, quando
surgem dificuldades para o indivduo encontrar seu estado de
saciedade. Alm disso, ao correr para atender a criana, os pais no
permitem que elas entrem em contato com a falta, o que,Univ. Ci.
Sade, Braslia, v. 2, n. 1, p. 1-151, jan./jun. 200425
Cssia Salim & Rute Bicalho
segundo Fisberg (1995), uma condio imprescindvel para que ela
possa exercer a criatividade. Por outro lado, para Menezes (1998),
h crianas que mesmo detestando seu corpo por ser grande demais,
continuam comendo em demasia porque acreditam que sendo gordas sero
mais amadas ou admiradas. Muitas vezes, at certa idade, o ser gordo
admirado pelos pais e considerado sinnimo de que seus filhos so
fortes e tm apetite de leo. Uma criana de trs, quatro anos com
sobrepeso considerada pela famlia como fofinha, e este o conceito
de beleza para essa idade. Contudo, quando essa criana cresce e
chega adolescncia, o conceito de beleza se modifica e os quilos a
mais tornam-se uma dificuldade particular, somente resolvida custa
de esforos extraordinrios. Esses dados tm relao com os dados de
Pizzinatto (1992), que ressalta a existncia de famlias, geralmente
superprotetoras, que para negar os problemas de auto-imagem
trazidos pela obesidade criam desculpas como: ele forte, no gordo;
ele j usa roupas de um homem feito. Conforme a autora, a famlia
muitas vezes se refere a elas como sendo absolutamente normais,
felizes e satisfeitas, vivendo uma infncia livre de problemas, o
que no corresponde realidade dessas crianas.
Critrio para avaliao da obesidadeUma questo importante qual o
critrio para se considerar uma criana obesa ou com sobrepeso.
Existem vrios ndices utilizados como critrios (Monteiro, Victoria,
Barros e Tomasi, 2000; Kosin, Kuo, Eichhonr, Leibenstein, Tulisco,
1994). Entretanto, Mahan (1998) considera que ainda no h um critrio
totalmente confivel, pela dificuldade de definir a obesidade.
Sabe-se que a obesidade um excesso de tecidos adiposos, mas difcil
avaliar com fidelidade a adiposidade. Para esses autores, o
parmetro deveria ter preciso na avaliao. A Organizao Mundial de
Sade (OMS) recomenda o ndice de massa corporal (IMC) como um mtodo
indireto para avaliar a gordura corporal. Alguns autores,
entretanto, consideram que usar somente o IMC para a avaliao de
crianas no consiste em avaliao precisa, uma vez que a proporo de
gordura corporal alterada em funo da idade (Fricker, 2001; Mahan,
1998; Fisberg, 1995; Pizzinatto, 1992; Lebow, 1986). Para
considerar uma criana com sobrepeso, preciso calcular o IMC, peso
(-Kg) / altura2 (m), e transport-lo para uma figura de peso-padro
relacionado com a idade (Fricker, 2001). Neste estudo, para a seleo
dos sujeitos foi utilizado o IMC indicado pela OMS e correlacionado
com a tabela de peso-padro para a idade.
26
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Aspectos psicolgicos da obesidade infantil
MtodoSujeitosParticiparam deste estudo 41 sujeitos, sendo 15 do
sexo masculino (8 da classe mdia e 7 de classe baixa) e 26 do sexo
feminino (23 de classe baixa e 3 da classe mdia). Todos os sujeitos
foram escolhidos mediante critrio da Organizao Mundial da Sade
(IMC), correlacionado com a tabela de peso-padro para a idade. Os
sujeitos foram selecionados em um levantamento nas escolas pblicas
e particulares, consultrios endocrinolgicos e de nutrio de
Braslia.
ProcedimentosPara compreenso das causas e conseqncias da
obesidade infantil, foi realizada uma entrevista semi-estruturada
com a famlia (representada, na maioria, pela me) e com o professor,
para cada um dos sujeitos. As questes da entrevista para a famlia
foram centradas nas opinies sobre os hbitos alimentares da criana,
patologias anteriores ou atuais e caractersticas psicossociais do
sujeito. As questes da entrevista com o professor foram centradas
sobre o comportamento do sujeito na escola, no que diz respeito ao
relacionamento com seus colegas, seu desempenho escolar, atitudes
na sala de aula e sobre o conhecimento de seus hbitos alimentares
na escola. Cada um dos sujeitos foi entrevistado, com o objetivo de
estabelecer o rapport. As questes consistiram sobre amizade, na
escola e fora da escola, sobre suas brincadeiras preferidas, sobre
atividades fsicas e a opinio dos outros sobre elas. As entrevistas
dos familiares, dos professores e dos sujeitos foram categorizadas,
com o objetivo de extrair as categorias de hbitos alimentares em
casa e na escola, caractersticas psicolgicas do sujeito, doenas que
apresentam ou apresentaram comportamento demonstrado em casa e na
escola e sobre o relacionamento do sujeito com crianas de sua faixa
etria, na escola e em sua vizinhana. A cada um dos sujeitos foi
solicitado um desenho que representasse uma pessoa bonita e um que
representasse uma pessoa feia. Esses desenhos foram categorizados
por meio de cada trao, tamanho e forma, de acordo com a Tabela 1. A
cada um dos sujeitos foi solicitado que representasse a si mesmo,
mediante um boneco de massa de modelar, utilizando trs cores. O
azul representando a parte do seu corpo da qual elas gostam, o
vermelho representando a parte do corpo que elas no gostam e o
amarelo a parte do corpo que lhes indiferente. Essas caractersticas
foram categorizadas, conforme Tabela 2.Univ. Ci. Sade, Braslia, v.
2, n. 1, p. 1-151, jan./jun. 200427
Cssia Salim & Rute Bicalho
ResultadosOs resultados foram descritos em forma de Grficos e
Tabelas. Foram realizadas categorizaes do relato verbal dos pais e
dos professores coletados por intermdio das entrevistas
semi-estruturadas. A Tabela 1 mostra o resultado por categorizao
dos traos dos desenhos. A Tabela 2 mostra o resultado por
categorizao das cores utilizadas na confeco dos bonecos. No que diz
respeito busca para a soluo da obesidade observou-se que apenas 51%
das famlias tentaram tratamento nutricional para seus filhos. Foi
perguntado aos pais qual seria o real motivo que os faria buscar
ajuda nutricional; sem hesitao responderam que o excesso de peso o
que incomoda mais, sendo ento o motivo principal. Embora a maioria
tenha buscado por tratamento, 57% dos sujeitos no aderiram ao
mesmo, e apenas 43% tiveram boa adeso. Da amostra apenas 1 dos
sujeitos chegou a dois anos de tratamento, o restante s permaneceu
em tratamento cerca de 6 meses. Entretanto, grande parte das mes
relatou que o problema de seus filhos no nutricional e sim
psicolgico. Mas as dificuldades em se conseguir tratamento
psicolgico um fator de desistncia por parte das famlias que optam
pelo tratamento nutricional como soluo para a obesidade. Das
crianas que efetivamente fizeram tratamento, algumas tiveram
mudanas significativas em relao ao comportamento: mais segurana,
independncia, iniciativa, entusiasmo, vaidade, aumento da
auto-estima, menos ansiedade e menos tempo gasto em frente TV,
embora algumas mes tenham relatado que, num primeiro momento, as
crianas ficam mais agressivas, nervosas e ansiosas, por no poderem
comer mais o que querem, passando a ter horrios regulares para as
alimentaes e no mais a todo instante. A ansiedade tambm encontrada
nos sujeitos quando est prxima a visita ao nutricionista que,
segundo as mes, se sentem mais ansiosas e com medo de no terem
alcanado a meta proposta para o emagrecimento. Foi observado que a
incidncia de obesidade na famlia maior nas mulheres (tias, avs,
mes) maternas e paternas do que nos homens de ambas as famlias. Na
maioria da amostra, pelo menos um dos pais tem o peso acima do
ideal. Alm disso, muitos pais que hoje esto com peso estabilizado j
tiveram sobrepeso em algum momento da vida, geralmente na
adolescncia. A obesidade acaba dificultando os relacionamentos
interpessoais dos sujeitos, embora os pais afirmem que 64% dos
sujeitos tm muitos amigos e 36% tm poucos amigos. Contudo, este
dado no corrobora com os relatos dos professores pois, segundo
estes, 60% dos sujeitos no tm muitos amigos, contra 40% que apontam
uma boa interao com os colegas. A posio dos sujeitos semelhante a
dos professores, visto que 68% deles relataram sentirem
dificuldades de se relacionar com colegas da escola, justamente
pelo fato destes colocarem apelidos nos sujeitos.28
Univ. Ci. Sade, Braslia, v. 2, n. 1, p. 1-151, jan./jun.
2004
Aspectos psicolgicos da obesidade infantil
Embora a obesidade dificulte as atividades esportistas, os
sujeitos relataram que suas atividades preferidas envolvem
corridas, tais como: pique-pega, queimada, vlei e futebol. So
atividades realizadas sem compromisso para emagrecer, pois somente
29% dos sujeitos praticam atividades fsicas efetivamente com o
objetivo principal de reduzir medidas. Alm deste fato, outro que
influencia na obesidade o tempo gasto em frente TV. Quase toda a
amostra (95%) passa bastante tempo assistindo televiso, sendo que
70% destes se alimentam diante da TV. O comportamento dos pais
fundamental para o desenvolvimento da obesidade. Neste sentido, os
dados indicam que os pais so passivos, ou seja, os filhos fazem o
que querem, principalmente em relao alimentao. Por outro lado,
algumas famlias relataram que o dilogo fundamental. Outro
comportamento significativo a preocupao e culpa da me, mais do que
o pai, no que diz respeito ao excesso de peso do filho. Segundo
elas, por algum motivo fizeram ou deixaram de fazer algo que
prejudicasse o filho neste sentido. As crticas aos obesos so
inevitveis. As mes relataram que os sujeitos participantes recebem
muitas crticas (apelidos depreciativos), vindas da escola e da
famlia. Os sujeitos relatam que as crticas vm mais dos colegas da
escola. Conforme a Figura 1, as reaes dos sujeitos s crticas,
segundo as mes, so de muita tristeza, choro e isolamento; alm
disso, muitos revidam com agresso verbal e fsica. Esse tipo de reao
tambm encontrado nos relatos dos sujeitos e dos professores. Outro
dado encontrado que quando o sujeito recebe as crticas, fica
nervoso e ansioso, como conseqncia, come em demasia. As constantes
crticas contribuem para que esses sujeitos diminuam mais ainda a
sua auto-estima. Pais e professores acham que os sujeitos tm baixa
autoestima; 48% dos pais dizem que a auto-estima dos sujeitos baixa
e 39% dos
Figura 1 - Reao s crticas, segundo os pais.Univ. Ci. Sade,
Braslia, v. 2, n. 1, p. 1-151, jan./jun. 200429
Cssia Salim & Rute Bicalho
professores acham o mesmo. No momento em que recebem tais
crticas, pais e professores relatam que os sujeitos se sentem
inferiores aos demais e percebem um certo isolamento. No que se
refere causa da obesidade dos sujeitos, os pais relataram que os
hbitos alimentares considerados inadequados foram fundamentais para
o excesso de peso de seus filhos. As mudanas familiares, tais como
nascimento de um irmo, separao dos pais, mudana de cidade ou
estado, perda de um ente, mudana de escola, ausncia de um dos pais,
dificuldades financeiras e adoo foram fatores determinantes para a
causa da obesidade. Os pais notaram que, aps um desses fatos ou a
combinao com outros, os sujeitos comearam a adquirir peso em
demasia. Algumas drogas, como cortisol, vitaminas e soro fisiolgico
foram citadas por alguns pais que asseguram serem a causa da
obesidade. A hereditariedade foi citada por apenas quatro famlias
como sendo a causa principal. Vrias famlias no citaram apenas uma,
mas duas ou mais causas para a obesidade, ou seja, a combinao de
alguns desses fatores concomitantes. De toda a amostra, apenas 24%
sujeitos nasceram acima do peso e permanecem assim at o fechamento
desta pesquisa. Os outros 76% adquiriram peso durante o
desenvolvimento por alguma causa ou vrias das causas acima citadas.
Conforme Figura 2, os professores citaram vrios comportamentos
concomitantes num mesmo indivduo; um sujeito, por exemplo, pode ser
interessado, agressivo e tmido. Apesar de ser interessado nos
estudos, grande parte da amostra classificada pelos professores
como tendo um desempenho regular. Certos comportamentos, tais como
agressividade, preguia e inquietude foram verificados com mais
freqncia em alguns momentos ou perodos como resposta a um problema
familiar, por exemplo, perda de um ente, nascimento de um irmo e
outros. De acordo com os professores, a procedncia do lanche
escolar dos sujeitos na grande maioria de casa; geralmente so
bolos, pipocas, sucos, refrigerantes, sanduches e outros; 24% dos
sujeitos compram na escola e 12% dos sujeitos
Figura 2 - Comportamentos dos sujeitos em sala de aula.30
Porcentagem
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Aspectos psicolgicos da obesidade infantil
lancham o que a escola oferece, freqentemente, comida. O tipo de
alimentao comprado na escola supercalrico e rico em gorduras
(salgados, refrigerante, doces...). Apenas 5% compram um lanche
base de frutas e com baixo teor de gordura. No que diz respeito ao
comportamento das crianas obesas, os pais relataram que so
ansiosas, bem como agressivas. Parece que a obesidade, no entanto,
no prejudica a espontaneidade da criana, pois a metade dos sujeitos
foram considerados pelos familiares e professores como
extrovertidos. Uma outra caracterstica bastante relatada sobre a
criana obesa a de ser carinhosa. Em relao aos desenhos dos
sujeitos, representando uma pessoa bonita e uma feia esto
categorizados e as categorias e subcategorias foram descritas na
Tabela 1. De acordo com a Tabela 1 e Figura 3, os resultados
indicam que a pessoa bonita representada pela pessoa magra e a
pessoa feia representada pelo excesso de peso. Tal representao
ocorre a partir dos 12 anos nos meninos e a partir dos 8 anos nas
meninas. Das 26 meninas, apenas 3 esto abaixo dos 8 anos. Dos 15
meninos, apenas 6 esto abaixo dos 12 anos. Dos desenhos que no
representaram tais diferenas corporais, 7 meninas tinham idade
acima dos 8 anos e apenas 1 menino acima de 12 anos. Alguns
sujeitos representaram o inverso, isto , representaram a pessoa
feia como magra e a pessoa bonita como gorda. No que diz respeito
ao sexo dos desenhos, 7 meninos desenharam ambas as pessoas, bonita
e feia, do sexo masculino e 1 desenhou do sexo feminino. J as
Figura 3 - Diferenas pessoais nas representaes da pessoa bonita
e feia.
Porcentagem
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31
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Tabela 1. Categorizao dos desenhos.Representao Representao
Representao Representao Representao de de de de de cabelos cabelos
cabelos cabelos cabelos lisos compridos ondulados na cor preta na
cor amarela 13 1 6 2 2
Bonito Cabe los
Feio
Sem representao do cabelo Representao de cabelos lisos
Representao de cabelos curtos Representao de cabelos encaracolados
Representao de cabelos despenteados Representao de cabelos na cor
amarela Representao de cabelos na cor preta Representao de cabelos
volumosos Com formato do pescoo Sem formato de pescoo Com formato
de pescoo Sem o formato do pescoo Presena de marcas na pele
(espinhas) Representao desenho Representao desenho Representao
Representao do tronco 1,5 vez menor em relao ao outro do tronco
entre 2 a 6 vezes menor que o outro da cintura dos quadris
4 1 3 3 10 3 2 1 2 1 1 2 2 12 13 5 3
R os to
Bonito
Feio
Bonito Tronco
Feio
Representao do tronco 1,5 vez maior em relao ao outro desenho
Representao do tronco entre 2 a 6 vezes maior que o do outro
desenho Representao da cintura Representao dos quadris N o h
representao da cintura N o representao dos quadris Representao da
barriga Representao atravs de semi curva inclinada para cima
Representao Representao Representao Representao da boca atravs de
rabiscos da boca com dentes separados da boca com aparelho nos
dentes por um trao reto horizontal
12 13 0 0 5 5 3
Boca
Bonito
Feio
1 1 1 3
Pe rnas
Bonito
Representao das pernas com largura menor que o outro desenho
Representao das pernas com largura maior que o outro desenho Sem a
representao de culos Com a representao de culos ** **
Feio Olhos Bonito Feio
32
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Aspectos psicolgicos da obesidade infantil
meninas, 16 delas representaram ambos os desenhos do sexo
feminino. Quando o sexo diferente, ocorreu um fato interessante: 6
meninos e 10 meninas representaram as pessoas bonitas do sexo
feminino e as pessoas feias do sexo masculino, ou seja, para ambos
os sujeitos, sempre a pessoa bonita do sexo feminino e a pessoa
feia do sexo masculino. Em um dos desenhos o sexo no foi
identificado. Em relao aos bonecos feitos com massa de modelar, os
quais deveriam expressar as partes do corpo de que gostam, as que
no gostam e as partes que lhes so indiferentes, foram categorizados
e as categorias mais gosta, menos gosta e indiferente foram
descritas na Tabela 2 e representadas na Figura 4. Na Figura 4, o
grfico mostra que 68% dos sujeitos no gostam de seu tronco, Tabela
2. Categorizao dos bonecos.M e nos gos ta Cabea Tronco Membros
inferiores Membros superiores Cabelos N ariz Espinhas no rosto
Barriga O lhos Ps N 02 28 07 07 05 03 02 02 01 01 M ais gos ta
Cabea Tronco Membros inferiores Membros superiores Cabelos Seios O
lhos N ariz Boca Pescoo Ps N 27 09 18 26 10 01 08 06 05 01 01
Indife re nte Cabea Tronco Membros inferiores Membros superiores
Cabelos Mos Boca N ariz O lhos Ps Pescoo N 09 04 15 07 04 01 05 04
02 01 02
Porcentagem
Figura 4 - Categoria extradas dos bonecos em massa de
modelar.Univ. Ci. Sade, Braslia, v. 2, n. 1, p. 1-151, jan./jun.
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Cssia Salim & Rute Bicalho
sendo que pelo menos 2 dos sujeitos mencionam especificamente a
barriga. Foram mencionados espinhas no rosto como algo no desejado.
A parte escolhida como preferida por 66% dos sujeitos a cabea e a
segunda preferncia relatada consiste nos membros superiores (63%).
Estes resultados sugerem que os sujeitos da amostra podem ter baixo
nvel de auto-estima, uma vez que muitos demonstram descontentamento
com a parte mais representativa do corpo, que o tronco.
DiscussoTendo como base as anlises dos procedimentos, os
resultados demonstram que existem causas psicolgicas na obesidade
infantil, bem como aspectos psicolgicos que esto presentes como
conseqncia da mesma. Encontrou-se uma correspondncia com os estudos
de Pizzinato (1992) e Fisberg (1995), que estes afirmam ser a
obesidade infantil uma doena de conseqncias graves que se instala
em mltiplos rgos, acarretando inmeros prejuzos, tanto fsicos como
psquicos. Alm de trazer srios riscos para a pessoa, a obesidade
atualmente um dos mais graves problemas de sade pblica do mundo.
Neste estudo, foi observado que as condies socioafetivas da criana
acarretam comportamentos que se tornam mais relevantes para fins
prognsticos do que os fatores fsicos, pois nenhum caso de obesidade
desta amostra, aparentemente, tem como causa primria distrbios
glandulares, endcrinos ou hipotalmicos. O que foi relatado nas
entrevistas com a famlia, parece que, na grande maioria, a causa
advm de comprometimentos emocionais, tais como: dificuldade de se
adaptarem s dinmicas familiares (nascimento de um irmo, separao dos
pais, mudana de estado ou cidade) e a ansiedade. E fatores
ambientais e sociais, como a alimentao desregrada e o sedentarismo.
Em relao a tais dificuldades socioafetivas parece-nos que a
ansiedade uma causa importante, pois ela descrita em boa parte da
amostra e, sem dvida, seu controle de fundamental relevncia para um
bom resultado nutricional e psicolgico. No que diz respeito dinmica
familiar foram encontrados muitos sujeitos de classe baixa, com
dificuldades financeiras, pais separados, cimes ao nascimento dos
irmos, alm do que, muitas das famlias desta amostra relatam inmeras
experincias de vida, que apresentam conflitos familiares, sociais e
afetivos, que so citados como fatores desencadeantes da obesidade
ou do sobrepeso da criana. Este resultado corrobora com os achados
de Fricker et al (2001); Fisberg (1995); Pizzinatto (1992) e Senise
(1970). Alguns dos sujeitos desta pesquisa parecem ter como causa
da obesidade a combinao de vrios fatores: genticos, nutricionais,
inatividade fsica e, em poucos sujeitos, uso de drogas, tais como
cortisol, vitaminas
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Aspectos psicolgicos da obesidade infantil
e soros fisiolgicos. Quando um dos pais obeso, a criana tem 40%
de chances de se tornar obesa. Quando os dois pais so obesos, essa
chance sobe para 80%. Mas, segundo Stunkard (1991) (citado em Costa
& Biaggio, 1998), a hereditariedade tem sido vista de modo
crescente como a maior determinante da obesidade humana, sendo que
esta requer um meio ambiente propcio para se manifestar, ou seja, a
gentica fornece ao indivduo a predisposio obesidade, porm o
ambiente que vai agir suprimindo ou expressando tal predisposio
(Mahan, 1998). Ao considerar o fator gentico nesta pesquisa, foi
visto que alguns sujeitos obesos ou com sobrepeso tinham pelo menos
um dos pais, com obesidade ou sobrepeso. Outros pais relataram que
j tiveram problemas com a balana em algum momento, geralmente na
adolescncia. O fator nutricional mais mencionado foi que as
escolhas e preferncias na alimentao so carboidratos, compostos de
gordura e glicose. As principais causas relatadas nas entrevistas
foram a inatividade fsica e a superalimentao. No que diz respeito
inatividade fsica, os relatos confirmam que o sedentarismo se faz
presente em grande parte da amostra, sendo poucas as crianas que
fazem exerccios efetivos. A superalimentao foi constatada por meio
de relatos sobre o que os sujeitos comem com o consentimento ou
pelo estmulo dos pais. Conforme os estudos de Fricker et al (2001);
Fisberg (1995); Pizzinatto (1992), os erros alimentares impostos ou
permitidos aos sujeitos esto intimamente relacionados aos hbitos e
comportamento dos adultos. Muitas mes so ansiosas e com isso podem
fazer seu filho engordar demais simplesmente por pensar que o peso
dele est abaixo do esperado. A questo dos limites tambm influencia
no sobrepeso dos sujeitos, pois os pais tm dificuldade para impor
disciplina aos filhos, deixando-os fazer o que querem e quando bem
quer. Como encontrado nesta pesquisa, o pai impe com mais eficincia
os limites, entretanto, muitos pais no se preocupam tanto e nem se
sentem culpados pelo sobrepeso do filho, tanto quanto a me. Sendo
assim, o pai impe limites para outras questes e acaba sendo passivo
em relao ao sobrepeso. Por outro lado, muitas famlias no admitem
que alimentam mal seus filhos ou que so incapazes de impor
disciplina. Alm deste fato e do sedentarismo j citado, quase todas
as crianas desta amostra passam horas assistindo televiso e, na
maioria das vezes, petiscam enquanto assistem. Alm da televiso
contribuir para aumentar o risco de obesidade por desviar a criana
das atividades fsicas, induz ingesto de alimentos altamente
calricos, visto que o nmero de comerciais que anunciam doces,
balas, chocolates e outros alimentos de contedo energtico so
inmeros (Varella, 2002). As conseqncias da obesidade so inmeras:
diabetes, hipertenso, elevao
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dos nveis de colesterol e triglicrides, maior produo de
insulina, distrbios cardiovasculares, alteraes ortopdicas,
dermatolgicas e respiratrias, problemas psicossociais, no-aceitao
social com conseqente isolamento social, e baixo nvel de
auto-estima. Na maioria da amostra os sujeitos no esto satisfeitos
com seus corpos, portanto, supe-se baixa auto-estima como
conseqncia do sobrepeso. Em geral a famlia do sujeito obesa ou j
possui antecedentes familiares obesos o que contribui para um outro
padro e a criana mais bem aceita. Quando isso no ocorre, ou seja,
ela no bem aceita pela famlia, alm de ser hostilizada dentro de
casa, o tambm fora dela, continua tendo de conviver com o
preconceito. Como visto nos resultados, as maiores crticas vm dos
amigos e, em segundo lugar, dos prprios parentes, mas as crticas
dos colegas possuem um peso maior do que as vindas da famlia.
Entretanto, as crticas que sofrem as crianas e os obesos em geral
no partem apenas da famlia e dos colegas, mas tambm da sociedade e
da mdia. E a reao das crianas diante dessas crticas de tristeza e
agresses, tanto fsicas como verbais. Ao agir dessa forma a criana
hostilizada mais ainda e, conseqentemente, pode afastar-se do
convvio social e das atividades esportistas, agravando enormemente
o processo. As famlias acreditam que o ser gordo pode tambm
significar falta de controle de impulsos, preguia, desleixo e
relacionam com baixos nveis de auto-estima. A transmisso desses
conceitos, at mesmo por parte da famlia, um fator de sofrimento
para os sujeitos. Alm disso, as famlias consideram que a gordura
sinnimo de feira, mas at certa idade o ser gordo admirado pela
famlia. Portanto, de acordo com os desenhos do sujeitos, o conceito
de beleza inexistente para as meninas abaixo dos nove e oito anos e
para os meninos, abaixo dos doze anos. Os meninos no se incomodam
tanto no que diz respeito ao conceito de beleza predominante na
cultura e seus desenhos no retratam a obesidade da mesma forma que
as meninas. Ainda de acordo com o conceito de beleza, os relatos
nos indicam que as famlias s buscaram tratamento nutricional porque
seus filhos estavam bem acima do peso, isto , a primeira viso que
se tem da obesidade a feira (externo) e no as complicaes de sade
dela decorrentes (interno). As famlias verificaram que esses quilos
a mais estavam prejudicando a criana em algum momento,
principalmente, em relao auto-estima e interao. Entretanto, dos
poucos sujeitos que foram inseridos num tratamento nutricional,
menos ainda aderiram ao mesmo. Verifica-se que as pessoas so
programadas para absorver calorias adicionais e armazen-las em
forma de gordura. O que podemos concluir, que corresponde com
outros estudos, que no mundo de hoje, em que todos esto cercados
por alimentos supercalricos, essa qualidade de proteger o organismo
de situaes inesperadas torna-se um desafio. A preveno obesidade de
extrema relevncia para o desenvolvimento da criana. Deix-la chegar
vida adulta com36
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Aspectos psicolgicos da obesidade infantil
excesso de gordura no corpo, alm de aumentar o risco de vrias
doenas, comear uma luta sem fim contra a balana (Varella, 2002). A
perspectiva principal a busca de sade e qualidade de vida, mais do
que o corpo perfeito. O objetivo deste estudo foi o de verificar as
causas e conseqncias psicolgicas da obesidade. Alcanamos nosso
objetivo quando nos foi mostrado que a ansiedade e tristeza so
caractersticas relacionadas obesidade, fato relatado tanto pelos
pais como pelos professores. Entretanto, em estudos futuros, estes
relatos devem ser confirmados pela aplicao de escalas de ansiedade
e de depresso nos sujeitos, para a verificao da genuinidade de tais
relatos.
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