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Filiada à Febrasgo e à AMB-AMG Goiás, novembro e dezembro de 2004 Ex-presidente Milton Barbosa de Lima, segundo a presidir a SGGO, dá sua visão histórica da especialidade Artigo Maurício Viggiano discorre sobre o diagnóstico e conduta na mola hidatiforme 2 0 5 0
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Artigo Maurício Viggiano discorre Goiás, novembro e ...

Jul 07, 2022

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Filiada à Febrasgo e à AMB-AMG Goiás, novembro e dezembro de 2004

Ex-presidenteMilton Barbosa de Lima,segundo a presidir a SGGO,dá sua visão históricada especialidade

ArtigoMaurício Viggiano discorresobre o diagnóstico econduta na mola hidatiforme

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Boletim da SGGO2

BOLETIM DA SGGO

Vamos superar os obstáculos com trabalho e determinação

Rui Gilberto FerreiraPresidente da SGGO

EDITORIAL

Esta é a última edição de 2004 do nosso boletim. Em nomeda diretoria da SGGO quero agradecer a todos aqueles queparticiparam e colaboraram com a nossa entidade no trans-correr deste ano. Espero que em 2005 as mulheres brasilei-ras, especialmente as mais humildes, realmente sejam maiscontempladas com as políticas públicas de saúde, pois, até omomento, trocam-se os governantes e não mudam os nossosdeploráveis indicadores de saúde.

Convido a todos os colegas a participarem da nossa Edu-cação Continuada dia 27 de novembro no Address Hotel,onde discutiremos temas relevantes em obstetrícia com apresença do renomado Dr. Wladimir Taborda (SP). A atua-lização profissional é de suprema importância para o bomexercício da nossa profissão.

Quero aproveitar esse editorial para externar o quantolamento profundamente a perda recente de nosso sócio fun-dador, Dr. Goianésio Ferreira Lucas, um dos grandes no-mes da especialidade em nosso estado. Externamos a seusfamiliares nossas condolências.

Vamos continuar superando os obstáculos com muitotrabalho e determinação. “O trabalho afasta três grandesmales: o tédio, a ansiedade e a neces-sidade” (Voltaire).

Feliz Natal e um 2005 de muitaprosperidade a todos.

Espero que em 2005 as mulheres brasileiras, especialmente as mais humildes,sejam realmente mais contempladas com as políticas públicas de saúde

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Goiás, novembro e dezembro de 2004 3

BOLETIM DA SGGO

A medicina goiana perde Goianésio LucasEx-prefeito de Goiânia e ex-presidente da AMG, Goianésio dedicou a vida à medicina

Goianésio Ferreira Lucas, a esposa Marildae a neta Jordana Mendonça Lucas

No dia 14 de novembro a medicina goianateve uma enorme perda: o ginecologistaGoianésio Ferreira Lucas, ex-prefeito deGoiânia, ex-presidente da Associação Mé-dica de Goiás e membro do CRM, faleceuàs 23h15, aos 73 anos, no Hospital LúcioRebelo, vítima de arritmia cardíaca, fibri-lação atrial e parada respiratória.

Nascido em Catalão e formado em Me-dicina pela Faculdade Nacional de Medi-cina, no Rio de Janeiro, em 1959, Goiané-sio foi proprietário do Hospital Santa Lú-cia por cerca de 30 anos. Presidiu a AMG,em 1975, e a Fundação Municipal do De-senvolvimento Econômico, de 79 a 82.

Teve também uma passagem rápidapela prefeitura de Goiânia. Foi nomeadoadministrador da Capital pelo então gover-nador Ary Valadão e governou de 17 demaio de 1982 a 14 de março do ano se-guinte. Sua gestão foi de transição, com avolta do processo eleitoral para eleger ogovernador do Estado.

Há três anos, exercia a medicina emHidrolândia, onde trabalhava no Progra-ma Saúde da Família (PSF) e visitava a re-sidência de pacientes carentes para as con-sultas. Por causa do trabalho, o médico ti-nha duas residências. Durante a semanamorava em Hidrolândia. Nos sábados edomingos, ficava com a mulher, a enfer-meira Marilda Mendonça Lucas, 63, noapartamento do casal, no Setor Nova Suí-ça, ou viajavam para o sítio da família, nomunicípio de Nerópolis (25 km de Goiâ-nia). “Ele era apaixonado pela medicina”,comenta Marilda Lucas. Os dois eram ca-sados há 44 anos e tiveram cinco filhos e11 netos. Ela destaca os principais pontosda personalidade dele: “Sinceridade, ho-

nestidade e garra. É uma perda irrepará-vel”, lamenta a viúva.

Amigos desde o tempo de faculdade,Goianésio e o radiologista Nabyh Salumcompartilharam diversos momentos pesso-ais e profissionais. Formaram-se na mesmaentidade e, depois de graduados, não per-deram o vínculo. Muito pelo contrário, es-treitaram ainda mais sua amizade. Nabyhtrabalhou junto com o ginecologista no Hos-pital Santa Lúcia, e quando presidiu a AMG,nomeou-o como seu segundo tesoureiro.Neste mandato, Nabyh teve que se afastarda Associação para ocupar o cargo de se-cretário do governo Irapuã Costa Júnior,período em queGoianésio assu-miu a presidênciada AMG. “ Ele eracomo um irmãopara mim, umcompanheiro deverdade. Sua au-sência já está mefazendo muita fal-ta, pois Goianésio

IN MEMORIAN

era meu amigo de todos os momentos, fos-sem eles bons ou ruins”, lamenta. Entre asprincipais características do estimado cole-ga de profissão, Nabyh destaca a perseve-rança e sua vontade de realizar. “Ele nuncadesistia e conseguia realmente concretizaro que queria, sempre com muita determi-nação e eficiência“, finaliza.

INTERNAÇÃOGoianésio Lucas passou mal no dia 25 deoutubro, enquanto trabalhava em Hidrolân-dia. Ele foi internado em estado grave noHospital Lúcio Rebelo. Depois de um pe-ríodo na Unidade de Tratamento Inten-sivo (UTI), o médico obteve melhora e foiencaminhado para a enfermaria.

Enquanto esteve na enfermaria dohospital, comenta Marilda, o médico fa-lava em voltar a trabalhar. “Ele dizia quea única coisa que sabia fazer era medici-na”, lembra. Essa foi a sua única ocupa-ção, após o período em que esteve en-volvido na política.

Muitas pessoas prestaram uma últimahomenagem ao médico. O governador doEstado, Marconi Perillo (PSDB), e o pre-feito eleito, Iris Rezende (PMDB), envia-ram coroas de flores aos familiares.

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Boletim da SGGO4

BOLETIM DA SGGO

Maurício ViggianoPresidente da Sociedade Brasileira de

Doença Trofoblástica Gestacional,professor do Departamento de

Ginecologia e Obstetrícia daFM-UFG, chefe da maternidade do

Hospital Materno Infantil

DIAGNÓSTICO� Diagnóstico clínico – O diagnóstico clínico da mola hidatiforme

se suporta na presença dos seguintes sinais e sintomas:� Atraso menstrual com exacerbação dos sintomas gravídicos.� Sangramento vaginal, por vezes acompanhado de cólicas

discretas, sem causa aparente, de repetição e de intensida-de progressiva.

� Tamanho uterino maior do que o esperado para idade ges-tacional.

� Exame ultra-sonográfico – A ultra-sonografia mostra:� Quando da mola hidatiforme completa, ecos amorfos in-

tra-uterinos, com a clássica imagem em “nevasca”, e au-sência do embrião.

� Quando da mola hidatiforme parcial, tecido placentário comecos dispersos de dimensões variadas, associado à presen-ça do concepto, saco amniótico e cordão umbilical

� Cistos tecaluteínicos em um ou em ambos os ovários, maisexuberantes na mola completa.

� Propedêutica bioquímica – Embora hoje seja exame faculta-tivo, a dosagem plasmática da fração beta da gonadotrofinacoriônica humana (ß-hCG) quando elevada, acima de 40.000mUI/ml, fala a favor da mola hidatiforme.

CONDUTASGERAIS� Avaliar complicações como a anemia, a pré-eclâmpsia, o hi-

pertiroidismo e a insuficiência respiratória.� Solicitar, como exames de rotina, sorologia para sífilis, tipa-

gem sanguínea, hematócrito e dosagem da hemoglobina.� Para a profilaxia da isoimunização materna, pacientes Rh-ne-

7H30 ÀS 8H - INSCRIÇÕES

8h às 10h - Módulo I

Presidente: Dr. Luiz Carlos Pinheiro - GO

Coordenadora: Dra. Rosicléia de Vlieger - GO

8h às 8h30 – Abordagem

das complicações do

trabalho de parto via vaginal

Palestrante: Dr. José Wesley B. Soares - GO

8h30 às 9h – Obstetrícia baseada

em evidências científicas na

assistência ao parto normal

Palestrante: Dr. Wladimir Taborda - SP

9h às 9h30 – Gestação

múltipla: como reduzir a

morbimortalidade materno-fetal

Palestrante: Dr. Marcello B. Viggiano - GO

9h30 às 10h - Discussão

10h às 10h20 - Coffee-Break

10h20 às 12h30 - Módulo II

Presidente: Dr. Gilberto Matos Filho - GO

Coordenador: Dr. Luiz Augusto Antônio

Batista – GO

10H20 ÀS 10H30

DESCERRAMENTO DA PLACA DR.

JOÃO BOSCO MACHADO DA SILVEIRA,

EX-PRESIDENTE DA SGGO

10h30 às 11h – Como conduzir

as complicações maternas

e fetais da pré-eclâmpsia

Palestrante: Washington Luiz F. Rios - GO

11h às 11h30 – Como reduzir a

mortalidade materna decorrente

das síndromes hemorrágicas

Palestrante: Vardeli Alves de Moraes- GO

11h30 às 12h – O desafio da

prematuridade: Como reduzi-la?

Critérios para interromper uma

gestação antes do termo

Palestrante: Wladimir Taborda - GO

12h às 12h30 - Discussão

12h30 – Almoço

PROGRAMAÇÃODATA > 27 DE NOVEMBRO LOCAL > ADRESS HOTEL

Diagnóstico e conduta na mola hidatiforme

DIRETORIA EXECUTIVA DA SGGOPresidente: Rui Gilberto FerreiraVice-Presidente: Juarez Antônio de Sousa1ª Secretária: Rossana de A. Catão Zampronha2º Secretário: Mohamed Kassem Saidah1º Tesoureiro: Washington Luiz F. Rios2º Tesoureiro: Akira SadoDiretor Científico: Maurício Machado da SilveiraDiretor de Defesa Profissional:José Wesley Benício Soares da Silveira,Diretor de Assuntos Comunitários:Wilzenir Brito Sandes BarbosaDiretor de Comunicação e Informática:Júlio da Fonseca Porto

PUBLICAÇÃO COM A QUALIDADE:

(62) [email protected]

Boletim da SGGO é o órgão informativo daSociedade Goiana de Ginecologia e Obstetrícia

SGGOAv. Mutirão, 2.653, Setor Marista Goiânia - GO

Fone/Fax: (62) 285-4607E-mail: [email protected] - Site: www.sggo.com.br

EXPEDIENTE

visite nosso sitewww.contatocomunicacao.com.br

Edição: Ana Maria Morais | Redação: Liliane BelloDiretora Comercial: Dorcas Serrano

Comercialização: Cleide MacielDireção de arte: Juliana Turkiewicz

Arte-final: Andes Fróes e Vinícius Alves

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Goiás, novembro e dezembro de 2004 5

BOLETIM DA SGGO ATUALIZAÇÃO

gativo deverão receber imunoglobulina anti-Rh após o esvazi-amento molar, já que o fator Rh está expresso nas células dotrofoblasto.

ESPECÍFICAS� Mola hidatiforme completa – esvaziar o útero por dilatação

e curetagem, por aspiração manual intra-uterina (AMIU) ou,de preferência, por vácuo-aspiração elétrica.

� Mola hidatiforme parcial – induzir o abortamento commisoprostol administrado por via vaginal e, após eliminaçãodo feto e da placenta, proceder à curetagem, se possível sobvisão ultra-sonográfica.

� Durante toda a etapa do procedimento que exige manipulação in-tra-uterina há que se prescrever instilação venosa de ocitocina, me-dida que diminui o sangramento e o risco de perfuração do útero.

� A necessidade de repetição da curetagem por mais de duasoportunidades é provável indicação de quimioterapia.

� O envio do material obtido par exame histopatológico é con-duta mandatória.

ESPECIAIS� Histerectomia profilática – em multíparas com idade superi-

or a 40 anos e que não mais desejam conceber, a histerectomiapoderá ser praticada com a mola hidatiforme in situ.

� Cistose ovariana – os cistos tecaluteínicos, se presentes, re-gredirão espontaneamente com a queda do ß-hCG. É excepci-onal a necessidade de aspirá-los no momento de esvaziamentomolar ou da histerectomia.

� Quimioprofilaxia – a administração profilática de quimiote-rápicos para o tratamento da mola hidatiforme é medida con-troversa. A impossibilidade do controle pós-molar é talvez suaúnica indicação não questionada.

CONTROLE PÓS-MOLARO diagnóstico precoce de mola hidatiforme não reduz o risco detumor trofoblástico gestacional (TTG) e, para assegurar completae sustentada remissão da doença, todas as pacientes portadoras deDTG devem ser monitoradas após o esvaziamento uterino. Sãocondutas pertinentes ao controle pós-molar:� Acompanhamento clínico – os sintomas gestacionais, como

náuseas, vômitos e mastalgia, desaparecem progressivamentee, com a involução uterina, o sangramento diminui, cessandoem cerca de sete a 10 dias. Os cistos tecaluteínicos regridem e,como conseqüência, diminuem as dores nas fossas ilíacas.

� Monitoração laboratorial – As pacientes devem ser acompa-nhadas semanalmente pela dosagem plasmática de ß-hCG, atéque seus valores, necessariamente declinantes, se mostrem ne-gativos por três semanas consecutivas. Segue-se controle men-sal durante seis meses, se persistentemente negativo, atesta a

cura da doença. Cerca de 80% das mulheres com DTG apre-sentam ß-hCG plasmático não titulável nas primeiras oito se-manas após o esvaziamento molar. Dosagens seqüenciais es-táveis ou em elevação confirmam o diagnóstico de tumortrofoblástico gestacional.

� Seguimento ultra-sonográfico – O exame ultra-sonográfico se-qüencial, demais de monitorar a involução uterina e a regressãoda cistose ovariana, é método importante para o diagnóstico dainvasão miometrial quando da mola invasora ou do coriocarci-noma. Há que se lembrar, contudo, que a rotina de se realizarexame ultra-sonográfico na paciente antes da sua alta hospitalartem provocado, em mãos menos experientes, curetagens repeti-das, aumentando a probabilidade de sinéquias uterinas.

� Controle dopplerfluxométrico – na detecção de tumortrofoblástico gestacional, a doppler-fluxometria mostra melho-res resultados do que a ultra-sonografia. Some-se a isso o fatode que o estudo das ondas de fluxo da artéria uterina permitemmonitorar a remissão da DTG.

� Acompanhamento radiológico – o raio-x de tórax deve sersolicitado:� Quando forem observados sintomas como taquicardia,

taquipnéia, ansiedade, dor torácica e palpitação, pelo riscode embolização trofoblástica antes e durante o esvaziamentomolar

� Quando não houver declínio da dosagem de ß-hCG.� Contracepção – durante o controle pós-molar, a contracepção

deve ser encorajada. Aconselha-se a prescrição de anovulatóriooral de baixa dosagem estrogênica, menos de 50 mcg de etinil-estradiol ou mestranol por unidade posológica.

� Futuro reprodutor – a paciente está liberada para nova gesta-ção após o término do controle pós-molar, ou seja, após seisdosagens negativas de ß-hCG plasmático intervaladas de 30dias. Exceto pelo risco aumentado de novo episódio de gesta-ção molar (cerca de 1%) mesmo com diferente parceiro, o seufuturo reprodutor é similar ao da mulher que cursou com ges-tação normal.

Principais achados clínicos da gravidez molarno Centro de Doença Trofoblástica de Goiânia

Achados Clínicos Freqüência (%)Metrorragia 97Anemia 62Aumento uterino desproporcional 52Cistos tecaluteínicos 34Hiperêmese gravídica 28Pré-eclâmpsia 18Dor 15Hipertiroidismo 5Embolização trofoblástica 2

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Boletim da SGGO6

BOLETIM DA SGGO ENTREVISTA

Um operário de formação hipocrática

Milton Barbosa de Lima: “medicina é ciênciae arte, para exercê-la com sabedoria há quese ter um mínimo de conhecimento técnico

e sobretudo muito bom senso”

Segundo presidente da SGGO, Milton Barbosa de Lima é natural de Alagoas. Tendo cursado medicinana Universidade do Brasil, em 1952, logo em seguida veio para Goiânia, onde iniciou a prática comoginecologista e obstetra no final de 1958. Segundo suas próprias palavras, a escolha da especialidadese deu por aliar cirurgia e clínica médica. Um dos fundadores da Faculdade de Medicina da UFG, ele

dá sua visão histórica e discorre sobre a situação atual da ginecologia no estado

Como surgiu o interesse pela ginecologia eobstetrícia?

Ele se deveu em boa parte ao fato dessasdisciplinas aliarem numa só a cirurgia e aclínica médica. Os médicos de minha gera-ção não se especializavam tão precocemen-te como hoje. Tínhamos uma formação ge-neralista, hipo-crática. Depois de concluir agraduação, você então se decidia, como nomeu caso, pela especialidade. Fui, possivel-mente, influenciado pelos diferentes profes-sores que tive nestas duas áreas.

Que cargos relevantes ocupou na medicina?Devo, antes de mais nada, admitir que sem-pre fui avesso a cargos de chefia, acreditona execução das tarefas que se sobrepõem,seja como um simples operário, seja comomestre de obra. Cargos relevantes: profes-sor adjunto do Departamento de Ginecolo-gia e Obstetrícia da Faculdade de Medicinada UFG, diretor do Hospital Materno Infan-til, da extinta Osego, diretor geral do Hos-pital de Urgências de Goiânia (Hugo), mem-bro efetivo do Conselho Regional de Medi-cina do Estado de Goiás (Cremego), presi-dente da Sociedade Goiana de Ginecologiae Obstetrícia (SGGO). Um cargo, em parti-cular, me é muito caro, pelos desafios e di-ficuldades que tivemos de superar. Refiro-me à direção de uma modesta entidade lo-calizada no Setor Fama, onde funcionava aMaternidade Irmã Celina, em convênio coma Secretaria de Saúde do Estado de Goiás.Sem maiores recursos e três profissionais,todos obstetras, Luiz Leonardo Borges,Oswaldo de Alencar Arraes e eu iniciamosum trabalho que se revelou uma verdadeiraepopéia. A equipe médica foi reforçada de-pois de alguns meses. No período de pouco

das no início de sua profissão?A maior dificuldade era a insegurança, mui-to compreensível para quem inicia a práticamédica, por ter de enfrentar o desconheci-do, no caso o paciente, no consultório, pelaprimeira vez, fora do ambiente hospitalar esem ter a quem recorrer. Medicina é ciênciae arte, para exercê-la com sabedoria há quese ter um mínimo de conhecimento técnicoe sobretudo muito bom senso, que é a parteartística do exercício da profissão. Nunca obom senso foi tão necessário ao principian-te. Há um postulado médico que diz: Primumnoh nocere, isto é, “primeiro não fazer omal”. Pensar, antes de obter um diagnósticoé sempre sábio, se o caso permitir. Fui real-mente um dos pioneiros em Goiás. Quandocomecei não éramos mais que meia dúzia.

O senhor ajudou na fundação da SGGO eda Faculdade de Medicina. O que de maisimportante destaca em sua gestão na SGGO?

Fui membro fundador da Sociedade de Gi-necologia e Obstetrícia e seu segundo pre-sidente. Colaborei na fundação da Faculda-de de Medicina da UFG como um dos mem-bros da comissão de vestibular, por indica-ção do professor Francisco Ludovico deAlmeida Neto. Como presidente da SGGO,fiz o que podia, isto é, pouco. Éramos pou-cos sócios, em sua maioria professores doDepartamento de Ginecologia e Obstetríciada Faculdade de Medicina. A identidade daSociedade com o departamento da faculda-de era total. De qualquer forma, as reuniõescientíficas nunca foram interrompidas e trou-xemos até um professor de renome da USP,Hans Halbe, para proferir em nosso meioalgumas palestras. As dificuldades financei-ras eram enormes e a vinda desses profes-

menos de 10 anos foram realizados, naque-la precária maternidade, nove mil partos,numa clara demonstração de que tão impor-tante quanto os recursos materiais, necessá-rios obviamente, é a determinação dos re-cursos humanos, o homem, que acredita serpossível fazer muito, mesmo dispondo depouco. Luiz Leonardo Borges, já falecido,foi um excelente obstetra, sempre trabalhouno anonimato, sem exibição, Oswaldo deAlencar Arraes é um colega dotado de gran-de disposição para o trabalho e quanto maispenosa a tarefa, mais ele se empenha. Noque diz respeito a mim, nada tenho a dizer,sou apenas um operário.

Quais as vantagens e dificuldades enfrenta-

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Goiás, novembro e dezembro de 2004 7

BOLETIM DA SGGO

Novo e-mailA Sociedade Goiana de Ginecologia e Obstetrícia está de novo endereçovirtual. Agora, para entrar em contato com a entidade e enviar sugestões edúvidas, o e-mail é [email protected]. Esperamos sua mensagem!

FLASH

Dia do GinecologistaNo dia 29 de outubro os ginecologistasgoianos se reuniram no La Fiesta byCafé Cancún para festejar a data em quesão homenageados, 30 de outubro. Oevento foi promovido pela SGGO com opatrocínio do Laboratório Schering.

sores para Goiânia dispendiosa.

Como o senhor vê a situação científica da gi-necologia em Goiânia?

Estou afastado do exercício efetivo da me-dicina há mais ou menos 10 anos. Por isso,não estou credenciado a opinar sobre essaquestão. Afirmo, entretanto, que a medicinaque se pratica em Goiânia é de bom nível,diante dos padrões nacionais. Tem credibi-lidade. Na ginecologia, nossos especialistasestão atentos aos progressos do setor, sobre-tudo na reprodução humana. Há vários pro-fissionais envolvidos com pesquisas e, aoque me consta, com sucesso reconhecidofora do estado. A ginecologia vai bem, nãoposso dizer o mesmo da obstetrícia, na qualos elevados índices de morbiletalidade ma-terna e de cesarianas comprometem sua ima-gem. Aos pesquisadores, vai um conselho:enquanto não se encontrar uma solução paraacelerar a dilatação do colo uterino duranteo trabalho de parto, os elevados índices decesariana prevalecerão. É um desafio.

Do ponto de vista político, o senhor acha quea categoria está mais unida e organizada?

Talvez uma mudança significativa se façanecessário nas posições assumidas pela ca-tegoria, como de resto pela classe como umtodo. Quais as bandeiras levantadas? Me-lhor remuneração pelos serviços prestados,menos ingerência dos agentes intermediári-os (os planos de saúde) no exercício profis-sional, melhores condições de trabalho, etc.As dificuldades surgiram com o desapare-cimento da medicina privada, lá pelos idosde 70. Saúde é um bem social caro. O pro-cesso é irreversível. A questão é: como en-contrar uma saída que nos conduza a umponto de equilíbrio. É assunto para fórumde debates amplo, com data para começarmas sem prazo para terminar. Sugestão detemas para o debate: escolas de medicina emfuncionamento sem a menor condição, proi-bição imediata de abertura de novas escolasde medicina, fechamento daquelas sem con-dições, recuperar as possíveis. Enfim, pro-por ao governo uma edição nacional do fa-moso relatório de Abrahão Flexman, nosEstados Unidos, em princípios do século 20.O tratamento é, a meu juízo, cirúrgico. Acontinuar como está, as companhias de se-guro contra erros médicos vão tomar contado que ainda sobra.

Centro-Oeste na disputaO ex-presidente da SGGO João Bosco Machado da Silveira, foi escolhido pelos profissionais doCentro-Oeste para ser o candidato a vice-presidente nas eleições da Febrasgo, que ocorremno próximo ano, na chapa de Nilson Roberto de Melo. Atéagora duas chapas disputam a diretoria da entidade.

Reunião SGGOA 3ª Reunião Ordinária da SGGO foi realizada no dia 20 deoutubro na Maternidade Ella. Na ocasião, foram discutidasas metas para a defesa profissional e preparada a EducaçãoContinuada do dia 27 de novembro, no Adress Hotel.

Contra a violênciaO Hospital Materno Infantil realizou um evento pelo Dia Internacional da Não-Violência Contraa Mulher, em 12 de novembro. Na oportunidade, foi apresentado o Serviço de Apoio às Vítimasde Violência Sexual, que iniciou uma campanha de combate aos maus-tratos domésticos. Numaparceria com a Secretaria Estadual de Educação, a equipe do HMI fará palestras em escolas sobreo assunto, durante todo o ano de 2005. A iniciativa tem o apoio da SGGO, Secretaria de Estadoda Saúde, conselhos tutelares e organizações não-governamentais, comoo grupo Transas do Corpo.

Parceria Febrasgo, SGGO e Dpto. deGinecologia e Obstetrícia FM/UFG

I Simpósio/Encontro de Ex-Residentes do Departamento deGinecologia e Obstetrícia FM/UFG. O evento foi uma promoçãoda Febrasgo, SGGO e Departamento de Ginecologia e Obstetrícia daFaculdade de Medicina da UFG. Além das palestras, os especialistasmais antigos na área receberam placas de homenagem emreconhecimento ao trabalho prestado à medicina goiana.

Começam os preparativos da jornadaA SGGO convoca os associados para uma reunião no dia 12 de dezembro para definir aComissão Científica e começar a discutir os temas que serão abordados na 31ª Jornada Goiana deGinecologia e Obstetrícia. O evento será no Lancaster Grill, às 20h.

Nos dias 5 e 6 de novembro, foirealizado no Adress Hotel o I Simpósiode Mastologia PEC – Febrasgo

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