Top Banner
ANA CRISTINA GOMES SANTOS Demanda e necessidade de informação dos participantes do Programa de Extensão “UFRA na Reforma Agrária” Dissertação de mestrado Março de 2014
108

ANA CRISTINA GOMES SANTOS Demanda e necessidade de ...

Jan 09, 2017

Download

Documents

vandien
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
  • ANA CRISTINA GOMES SANTOS

    Demanda e necessidade de informao dos participantes do

    Programa de Extenso UFRA na Reforma Agrria

    Dissertao de mestrado

    Maro de 2014

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIR - UFRJ

    ESCOLA DE COMUNICAO - ECO

    INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAO EM CINCIA E TECNOLOGIA - IBICT

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA DA INFORMAO- PPGCI

    ANA CRISTINA GOMES SANTOS

    Demanda e necessidade de informao dos participantes do Programa de

    Extenso UFRA na Reforma Agrria

    RIO DE JANEIRO

    2014

  • ANA CRISTINA GOMES SANTOS

    Demanda e necessidade de informao dos participantes do Programa de

    Extenso UFRA na Reforma Agrria

    Dissertao de Mestrado apresentada ao

    Programa de Ps-Graduao em Cincia da

    Informao convenio entre o Instituto

    Brasileiro de Informao em Cincia e

    Tecnologia e a Universidade Federal do Rio

    de Janeiro/Escola de Comunicao, como

    requisito parcial obteno do ttulo de

    Mestre em Cincia da Informao.

    Orientadora: Maria Nlida Gonzlez de Gmez

    RIO DE JANEIRO

    2014

  • S 237 Santos, Ana Cristina Gomes

    Demanda e necessidade de informao dos participantes

    do Programa de Extenso UFRA na Reforma Agrria/Ana

    Cristina Gomes Santos. Rio de Janeiro, 2014.

    107f. : il.

    Dissertao (Mestrado em Cincia da Informao)-

    Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao,

    Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia,

    Universidade Federal do Rio de Janeiro/Escola de

    Comunicao, Rio de Janeiro, 2014.

    Orientadora: Maria Nlida Gonzlez de Gmez.

    1. Regime de Informao 2. Aes de Informao 3.

    Demanda de Informao 4. Aes Transversais de

    Informao 5. Assentamento Rural; 6. Extenso Rural 7.

    Cincia da Informao Tese I. Gonzlez de Gmez, Maria

    Nlida (Orientadora) II. Universidade Federal Rural da

    Amaznia III. Titulo.

    CDU 001.5

  • ANA CRISTINA GOMES SANTOS

    Demanda e necessidade de informao dos participantes do Programa de Extenso UFRA na

    Reforma Agrria

    Dissertao de Mestrado apresentada ao

    Programa de Ps-Graduao em Cincia da

    Informao convenio entre o Instituto

    Brasileiro de Informao em Cincia e

    Tecnologia e a Universidade Federal do Rio de

    Janeiro/Escola de Comunicao, como

    requisito parcial obteno do ttulo de Mestre

    em Cincia da Informao.

    Aprovado em 31 de Maro de 2014.

    BANCA EXAMINADORA

    _________________________________________________

    Prof Dra. Maria Nlida Gonzlez de Gomez (Orientadora)

    PPGCI/IBICT - UFF

    _________________________________________________

    Prof Dra. Luisa Maria Gomes de Mattos Rocha (Co-orientadora)

    Museu do Meio Ambiente do Instituto de pesquisas Jardim Botnico do Rio de Janeiro

    Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO

    _________________________________________________

    Prof Dra. Liz Rejane Issberner

    PPGCI/IBICT - ECO/UFRJ

    _________________________________________________

    Prof Dra. Leonilde Servolo de Medeiros Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - CPDA/UFRRJ

    Programa de Ps-graduao de C. Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradecendo inicialmente a Deus pelo dom da vida.

    A Superintendncia da Biblioteca da UFRA na pessoa de minha colega de trabalho e

    amiga Suely Frana pela compreenso, esforo e confiana em conceder minha dispensa para

    que pudesse me dedicar aos estudos, mesmo sabendo que teria que administrar a Biblioteca

    com quadro reduzido de pessoal.

    Aos demais colegas de trabalho que se desdobraram para dar conta de suas tarefas e

    das minhas nesse perodo de afastamento.

    Aos meus colegas de curso com quem troquei experincias para aperfeioamento

    acadmico, pela amizade e companheirismo construdo, em especial as colegas de outros

    Estados Elinelle Borges (MA) e Aline Vieira (CE) com quem dividi residncia, a parceria

    incondicional de Milena Teles (SP) que formava o quarteto de Botafogo, a Solange e Fabiana

    que nos acompanhavam nos momentos culturais que aliviava a solido da distancia de casa.

    A Maria Urnia que me recebeu no Rio de Janeiro e entregou as chaves de sua casa

    como se fosse minha para que eu tivesse um ambiente e familiar tranquilo para estudar.

    A minha orientadora Professora Dra. Maria Nlida Gonzlez de Gomez pelos

    conhecimentos, perspiccia e simplicidade que me orientou os caminhos a seguir.

    A minha co-orientadora, Museloga e Professora Dra. Luisa Maria Gomes Rocha que

    colaborou e incentivou em todos os momentos fornecendo dicas e sugestes importantssimas.

    A todos os professores do IBICT que me possibilitaram enxergar mais longe e ampliar

    meus conhecimentos.

    Em especial a minha famlia que soube entender o afastamento, a meu marido Antonio

    Miguel pelos incentivos, compromissos e responsabilidades no cuidado com nossos filhos

    Adriano e Bruno, que me garantiu tranquilidade mesmo distante de casa.

    A meu Pai Lourival Gomes que abdicou de parte de sua tranquilidade ribeirinha para

    me levar, ainda menina, para cidade para que eu pudesse continuar meus estudos.

    A equipe do Programa UFRA na Reforma Agrria, pelo acolhimento e incentivo, pela

    oportunidade disponibilizada para alargar conhecimentos e pelo trabalho cansativo, porm

    empolgante, que realizam e que me proporcionaram participar.

    Por fim, a todos que direta ou indiretamente contriburam para que eu pudesse chegar

    at aqui.

  • RESUMO

    SANTOS, Ana Cristina Gomes. Demanda e necessidade de informao dos participantes

    do Programa de Extenso UFRA na Reforma Agrria. Orientadora: Maria Nlida

    Gonzlez de Gmez. Rio de Janeiro, 2014. 107 f. Dissertao (Mestrado em Cincia da

    Informao). - Escola de Comunicao da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa

    de Ps-Gradao em Cincia da Informao, Instituto Brasileiro de Informao Cincia e

    Tecnologia, Rio de Janeiro, 2014.

    Reflete sobre a necessidade e demanda de informao de grupos de pessoas do

    Assentamento Abril Vermelho localizado no Municpio de Santa Brbara no Estado do Par,

    e a relao que se estabelece no mbito de um programa de extenso universitria da

    Universidade Federal Rural da Amaznia (UFRA) realizado nesse ambiente. Apresenta

    histrico de mudana epistemolgica, poltica e informacional que passou o Ensino de

    Cincias Agrrias na Amaznia e a Instituio at sua transformao em Universidade. O

    estudo exploratrio vem pautado no referencial terico sociopoltico de Regime de

    Informao, em aes e prticas que demandam no contexto informacional de interaes das

    aes realizadas na extenso. As consideraes dessa interao so reportadas sob o ponto de

    vista do olhar dos assentados participantes e das prticas que se estabelecem nesse elo, no

    contexto do agricultor e os rgos responsveis pelo Assentamento e das aes da

    Universidade. O estudo apontou os desafios interdisciplinares de acesso, uso e produo de

    informao, o fluxo informacional e organizativo do Assentamento e tambm indicativos de

    aes futuras para insero no Programa de Extenso da UFRA.

    Palavras-chave: Regime de Informao. Aes de Informao. Demanda de Informao.

    Aes Transversais de Informao. Assentamento Rural. Extenso Rural. UFRA

  • ABSTRACT

    SANTOS, Ana Cristina Gomes. Demanda e necessidade de informao dos participantes

    do Programa de Extenso UFRA na Reforma Agrria. Orientadora: Maria Nlida

    Gonzlez de Gmez. Rio de Janeiro, 2014. 107 f. Dissertao (Mestrado em Cincia da

    Informao). - Escola de Comunicao da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa

    de Ps-Gradao em Cincia da Informao, Instituto Brasileiro de Informao Cincia e

    Tecnologia, Rio de Janeiro, 2014.

    Reflects on the need and demand for information from groups of people land

    settlement Abril Vermelho located in Santa Barbara County in the state of Par, and the

    relationship that is established within a university extension program of the Federal Rural

    University of Amazonia (UFRA) performed in this environment. Presents historical

    epistemological change, political and informational now the Teaching of Agricultural

    Sciences in the Amazon and the Institution until its transformation in University. The

    exploratory study has guided the theoretical framework of sociopolitical scheme info in

    actions and practices that demand the informational context of interactions of actions

    performed in the extension. The considerations of this interaction are reported from the point

    of view of the gaze of the participants seated and practices that establish this link, in the

    context of the farmer and the organs responsible for the actions of the land settlement and the

    University. The study pointed to the interdisciplinary challenges of access, use and production

    of information, the informational and organizational flow of the land settlement and also

    indicative of future actions for inclusion in the Extension Program UFRA.

    Keyword: Regimen Information. Actions Information. Demand for information. Transversal

    Actions info. Land settlement. Rural Extension. UFRA.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO 9

    1.1 Questo de pesquisa 12

    1.2 Objetivos 13

    1.3 Hiptese 14

    2 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZNIA: PRODUO E

    COMPARTILHAMENTO DE CONHECIMENTO

    15

    2.1 Histrico 15

    2.2 Ensino de Cincias Agrrias na Amaznia: mudana epistemolgica,

    poltica e informacional a transformao em UFRA

    15

    2.2.1 Estruturao institucional epistemolgica: evoluo da estrutura orgnica 19

    2.2.2 Faculdade de Cincias Agrrias do Par (FCAP) 21

    2.2.2.1 Vinte e cinco anos de existncia: evoluo e lanamento de publicaes 23

    2.3 As primeiras aes de extenso universitria na Instituio 27

    2.4 Servios de Documentao e Informao (SDI) 28

    2.5 Antecedentes de transio FCAP-UFRA: cooperao tcnica cientifica 30

    2.5.1 Os Institutos Temticos 34

    3 UM OLHAR DA CINCIA DA INFORMAO: AES

    TRANSVERSAIS DE INFORMAO

    38

    3.1 Abordagens Scio-Pragmtica 40

    3.2 Aes de Informao 43

    3.3 Regimes de Informao 46

    3.4 Aes Transversais de Informao 49

    3.4.1 Entre reas de conhecimento 49

    3.4.2 Entre a universidade e os atores locais que demandam de informao 49

    4 RECONSTRUO DE DOMNIO TRANSVERSAL DE AES DE

    INFORMAO

    50

    4.1 Extenso Universitria 50

    4.2 Extenso Rural 54

    4.3 Projetos de Assentamento 58

    4.3.1 Assentamento PA Abril Vermelho 60

    4.3.1.1 Reconstruo histrica do Assentamento PA Abril Vermelho 62

    4.4 Programa UFRA na Reforma Agrria: Extenso Universitria para a

    formao humanstica e cidad

    66

    4.4.1 Estruturao da metodologia aplicada no Assentamento 69

    4.5 A extenso universitria e as aes de informao 73

    4.5.1 Contedo 75

    4.5.2 Acesso e uso 79

    4.5.3 Gesto participativa da informao 80

    5 O OLHAR INFORMACIONAL DOS ASSENTADOS 82

    6 CONSIDERAES CONCLUSIVAS 95

    REFERENCIAS 100

    ANEXOS 106

  • 9

    1 INTRODUO

    A Informao apresenta-se como insumo indispensvel para o desenvolvimento em

    todos os campos, em todas as tarefas e iniciativa humanas, em funo de suas diferentes

    demandas, configuraes sociais e regimes estabelecidos. preciso, porem, que as

    informaes produzam sentido para os atores sociais envolvidos, de modo que aes de

    informao e estratgias comunicacionais levem em considerao suas prticas, costumes e

    contexto social.

    Neste estudo, so analisadas aes de informao no contexto de um Programa de

    Extenso da Universidade Federal Rural da Amaznia (UFRA).

    O Ensino Superior no Brasil tem sido afetado em todo seu processo histrico pelas

    polticas governamentais estabelecidas em cada momento sociopoltico, de modo que as

    atividades de extenso tambm foram adaptando-se a cada modelo estabelecido pela nao.

    Questes relacionadas ao extensionismo e, especificamente ao extensionismo rural, tambm

    sofreram, ao longo da sua existncia no Brasil, diversas influncias e transformaes nos

    objetivos e prticas. No incio, apresenta-se com um modelo utilitarista, segundo Minto

    (2006). A seguir, segundo Tauk Santos (2012), assume um modelo difusionista, visando

    difuso e a alocao de ideias novas, num movimento de transferncia de conhecimentos e

    traos culturais, provenientes de ambientes considerados civilizados para outro que seria "no

    civilizado". Nas ltimas dcadas, predominaram orientaes neoliberais, caracterizadas por

    incentivar parcerias e programa de crdito para a reforma agrria e programa de apoio

    agricultura familiar, finalmente, o estgio atual, o Estado regulador, com polticas voltadas

    para o desenvolvimento sustentvel e ambientalmente correto.

    Nesse contexto, o fluxo de informao estabelecido pela Universidade e Extenso

    Rural, sempre foi um elo entre o mundo rural e o urbano que buscou levar ao campo a

    civilizao e a modernizao, utilizando para isso metodologias e prticas de carter

    sociopoltico e cultural. Apesar desse papel da informao, como insumo de conhecimentos e

    de prticas, as atividades/aes de informao no esto sendo includas como tema ou como

    questo diferenciada, nos estudos e projetos recentes da Extenso Rural.

    Nos assentamentos rurais do Par, a assistncia tcnica1 uma atividade que traz em

    seu bojo uma srie de problemas como a descontinuidade dos programas, a falta de

    1 Segundo o INCRA a nova Assistncia Tcnica e Extenso Rural (ATER) e o Programa de Assessoria Tcnica, Social e Ambiental (ATES) devem estar comprometidos no emprego de mtodos participativos de diagnstico, planejamento e gesto de aes coletivas e

    empreendimentos solidrios colocando a assessoria a servio dos projetos das famlias (INCRA, 2010). Como extensionista a UFRA (2012; 2012a) entende que enormes desafios so demandados para que esse modelo seja colocado em prtica no campo.

  • 10

    engajamento dos tcnicos com a reforma agrria, a complexidade de problemas existentes nos

    projetos por eles desenvolvidos, a existncia de um pblico que nem sempre responde

    positivamente s determinaes das polticas governamentais, os entraves burocrticos na

    liberao de recursos, insatisfao e endividamento dos assentados entre outros. Em outros

    casos, mesmo depois de vrios anos assentados, a assistncia tcnica ainda no se fez

    presente, provocando inmeros problemas que se refletem no desmatamento desordenado, na

    perda da produo, nos conflitos ideolgicos, chegando at ao abandono do lote.

    A partir dos anos 1990, as mudanas polticas geraram novos sentidos de

    desenvolvimento nos assentamentos, com a incluso de mltiplas dimenses, como a

    tecnolgica, a econmica, a cultural, a poltico-institucional e a ambiental. Como metas

    dessas polticas, esperava-se a integrao do desenvolvimento sustentvel e do

    desenvolvimento local, conforme a nova concepo sobre o espao rural, a incorporar-se ao

    urbano. Tais mudanas exigem do extensionista aes que favoream o acesso das pessoas

    no apenas renda, mas tambm ao conhecimento, preservao ambiental, equidade

    social, identidade cultural e ao atendimento de suas necessidades bsicas.

    Neste sentido, a Universidade Federal Rural da Amaznia (UFRA), instituio

    eminentemente agrria desde sua concepo, desenvolve, dentre os servios de extenso,

    programas voltados para a extenso rural que lidam com os diversos setores rurais no Estado

    do Par. Nos ltimos anos, mesmo no sendo uma instituio de assistncia tcnica, vem

    desenvolvendo atividades nos assentamentos da reforma agrria onde, por um lado, assume o

    compromisso de partilhar conhecimento e educao com a sociedade e, por outro, oferecer a

    seus discentes uma oportunidade de formao da conscincia social e poltica vislumbrando o

    profissional extensionista.

    Este estudo tem-se por objetivo reunir referncias tericas e prticas acerca das

    interaes comunicativas-informacionais que se estabelecem entre os participantes do

    Programa de Extenso UFRA na Reforma Agrria, desenvolvido por uma equipe

    multidisciplinar de professores e tcnicos da UFRA em atividades de extenso no

    Assentamento Abril Vermelho, localizado no Municpio de Santa Barbara, Estado do Par.

    Com essa finalidade, tentou-se reconstruir o comportamento informacional e as necessidades

    de informao dos agricultores assentados participantes do Programa em sua relao com

    algumas das aes de informao institucional desenvolvidas.

    O referencial terico utilizado est pautado no aporte da Cincia da Informao,

    principalmente a partir dos conceitos de aes transversais de informao e regimes de

    informao. Para melhor construir a base conceitual da pesquisa, buscou-se a interlocuo

  • 11

    com alguns autores da Cincia da Informao que lidam com as mesmas ou prximas

    questes.

    Entre os autores tericos, Ekbia e Evans que abordam a informao na perspectiva de

    busca do entendimento das condies para a sua transferncia eficaz entre os diferentes

    sujeitos que a produzem e a utilizam, considera que as decises so tomadas a partir de

    determinado regime de valor que esto incorporados a vrias fontes de informao, que

    recebem tratamentos diferentes dependendo de onde ele vem, uma vez que pertencem a

    diferentes contextos com diferentes regimes de valor, isto , as pessoas possuem diferentes

    formas de avaliar dependendo, por exemplo, da atividade situada daqueles que usam a

    informao. Ele adota e desenvolve uma compreenso de informao situada como algo que

    criado na prtica, que promulgada. Wilson, outro pesquisador do comportamento de uso da

    informao, postula uma fidelidade ao estudo do fenmeno tal como ele vivido o que

    significa compreend-lo no contexto de interaes das pessoas numa situao concreta.

    Tambm fazemos uso da concepo de Savolaine, que aborda a ao da informao em seu

    comportamento na prtica, com finalidade de um construcionismo social buscando entender

    como os usurios so ativos no processo de escolher, de determinar os sentidos e usar as

    fontes de informao. Outros autores, como Bramann, Ekbia e Gonzlez de Gmez, utilizam

    o conceito de regime de informao para analisar direes preferncias de gerao e

    mobilizao de informaes, conforme aes e estratgias de atores coletivos, em diferentes

    contextos sociais. Para alguns desses autores, os regimes de informao, em configuraes

    contemporneas de prticas, meios e recursos informacionais, estariam condicionados pelas

    estruturaes do poder estabelecidas. Na sesso trs (p.39 e ss.), estes aportes tericos e sua

    relao com a proposta desta pesquisa, sero abordados de maneira especfica.

    O trabalho se estrutura a partir da evoluo histrica de mudanas epistemolgicas,

    polticas, estruturais e informacionas ocorrida na UFRA no contexto das Cincias Agrrias no

    Par. Passando pelo olhar da Cincia da Informao focamos suas aes transversais de

    informao entre reas de conhecimento, ancorados na Universidade e as demandas dos

    agricultores assentados. Desta feita nos detemos nos domnios transversais de extenso

    universitria e extenso rural numa perspectiva histrica. Para tal, nosso foco recai nos

    programas e projetos desenvolvidos no Assentamento Abril Vermelho, numa tentativa de

    identificar os contedos, o acesso, o uso e a gesto participativa da informao desenvolvida

    no Programa UFRA na Reforma Agrria, culminando no olhar informacional do assentado

    beneficirio da ao.

  • 12

    Espera-se que o resultado alcanado possa auxiliar na conduo de atividades prticas

    de extenso e aes de informao dispensadas aos usurios no acadmicos de informao

    agrria, alm de atividades especializadas nos cenrios da prtica de extenso da UFRA.

    1.1 Questo de pesquisa

    A informao como objeto de relao entre o espao agrrio e a UFRA traz consigo

    desafios interdisciplinares e transdisciplinares que esbarram em plurais dimenses que

    envolvem abordagens scio-pragmticas de acesso, uso e produo de informao.

    Dimenses que por sua vez precisam ser observadas a partir dos diferentes regimes de valor

    produzidos por cada tipo de usurio.

    Desta forma, o presente estudo visa abordar as seguintes questes de investigao:

    Qual a demanda e necessidade de informao dos participantes do Programa de

    Extenso "UFRA na Reforma Agrria"?

    Qual o papel da informao e quais questes informacionais surgem ou se

    constituem no contexto das atividades de extenso rural na UFRA?

    De que maneira, sob o ponto de vista do participante, os prprios assentados

    percebem, produzem, buscam e transformam a informao, ou ainda como ajudam

    a process-la para o melhoramento dos processos produtivos? Quais competncias

    especficas so desenvolvidas?

    Quais so os principais contextos relacionados misso de extenso da UFRA nos

    quais as necessidades de informao so abordadas pelos assentados?

    Quais so os principais constituintes desses contextos? Quais so os componentes

    caracterizados como fatores que afetam a formao e satisfao de necessidades de

    informao?

    Que tipo de imagem relacionada estrutura institucional epistemolgica, aos

    servios e recursos oferecidos os assentados concebem sobre a UFRA como fonte

    de informao? No caso de necessidade informacional como e a quem ou a que

    setor se reporta?

    Que tipo de imagem da necessidade de informao pode ser retratada atravs da

    anlise da natureza dos constituintes acima mencionados, que de alguma forma

    interferem como fator de mudana para os produtores rurais assentados?

    Para responder a estas questes principal ateno foi direcionada para os atores locais

    e suas aes de gerao, busca e comunicao de informao nos contextos de suas

  • 13

    atividades. A partir dessas orientaes foram utilizados os recursos conceituais e

    metodolgicos da abordagem scio-pragmtica para identificar e analisar as necessidades e

    demandas informacionais consideradas sob o ponto de vista dos atores participantes do

    Programa de Extenso e conceituada nos contextos de atividades dos grupos envolvidos.

    A partir desses comportamentos buscamos identificar o acesso aos vrios tipos de

    fontes disponveis utilizadas pelos assentados para suprir as suas necessidades de informao.

    1. 2 Objetivos

    Esta pesquisa visa descrever relaes entre as aes e fluxos de informao

    constitudas no decurso das atividades do Programa de Extenso da UFRA e os objetivos do

    programa, indagando se as aes institucionais de informao atendem necessidades e

    demandas de informao do ponto de vista dos assentados participantes no programa.

    Objetivo de extenso

    1. Identificar que tipo de capacitao os beneficirios do Programa de Assentamento -

    PA esto recebendo para o enfrentamento de oportunidades de negcio.

    2. Identificar as vivncias de campo vinculadas extenso universitria oportunizada aos

    estudantes da UFRA para fortalecer a formao humanstica preconizada pelo

    programa UFRA na Reforma Agrria que possa favorecer o acesso informao aos

    assentados.

    Objetivo das aes de informao

    Os objetivos da pesquisa esto pautados em nove objetivos especficos apresentados

    pelo Programa de Extenso com o intuito de identificar quais aes de informao contidas

    neles esto sendo realizadas.

    1. Identificar como ocorre o processo informacional para o desenvolvimento do eixo

    produtivo do PA atendido e como se promove ou se disponibiliza os elementos para

    essa formao.

  • 14

    2. Identificar o tipo de ao de informao oferecida na capacitao da base agro-

    ecolgica e de manejo de solo e o tipo de tecnologia ajustada ao perfil socioeconmico

    das famlias atendidas.

    3. Identificar o instrumento informacional utilizado para o fomento organizacional de

    produo, comercializao e incluso no mercado institucional (Programa de

    Aquisio de Alimentos -PAA e Programa Nacional de Alimentao Escolar - PNAE).

    4. Identificar o tipo de informao voltada para a profissionalizao e empreendimentos

    familiares solidrios promovidos para a consolidao do eixo produtivo do PA com

    vista apropriao de renda pelas famlias atendidas.

    5. Identificar o tipo de informao e instruo sobre programas governamentais de

    desenvolvimento agrrio e outras oportunidades de financiamento, como PRONAF-A,

    provido s famlias do PA.

    6. Identificar o tipo de promoo de capacitao e informao sobre legislao ambiental

    e outras elaboradas para atender os projetos de manejo e uso sustentvel das atividades

    do PA.

    7. Identificar o tipo de informao para a formao tcnica, humanstica e continuada

    oferecido aos alunos que atuam na rea de assistncia tcnica no contexto do programa

    UFRA na Reforma Agrria.

    8. Identificar o tipo de transferncia de tecnologia oportunizado s famlias do

    Assentamento para anlise de solo e planta, manejo e uso sustentvel dos recursos do

    solo e gua.

    9. Identificar os tipos de aes consolidadas na equipe multidisciplinar da UFRA que

    fortalecem os processos pedaggicos participativos com nfase na extenso rural e da

    incubadora tecnolgica de empreendimentos solidrios (ITES).

    1.3 Hiptese

    A principal hiptese levantada preconiza que, com a interveno da UFRA no

    Assentamento PA Abril Vermelho, pode haver modificao no regime de informao vigente

    dos produtores rurais assentados para o desenvolvimento de novas oportunidades de acesso

    informao.

  • 15

    2 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZNIA: PRODUO E

    COMPARTILHAMENTO DE CONHECIMENTO

    2.1 Histrico

    A Universidade Federal Rural da Amaznia (UFRA) apresenta desde a sua formao

    embrionria atitudes e aes voltadas para a formao profissional no atendimento da

    demanda da Amaznia no contexto das questes rurais. Esteve, desde os primrdios, inclinada

    a colaborar na construo das melhorias da produo e do abastecimento, sem esquecer o

    trabalhador rural e das questes especficas desse ambiente.

    A UFRA passou por vrias etapas de sua constituio cientfico-epistemolgica

    comeando como Escola de Agronomia do Par (1918), depois Escola Superior de

    Agricultura e Medicina Veterinria do Par (1931), mais tarde voltando ser Escola de

    Agronomia do Par (1934), at que em 1943 perdeu a autorizao de funcionamento.

    Em 1951, retomou oficialmente o seu funcionamento como Escola de Agronomia da

    Amaznia (EAA). No ano de 1972, a Escola foi transformada em Faculdade de Cincias

    Agrrias do Par, at a sua mais recente transformao em Universidade Federal Rural da

    Amaznia (UFRA), no ano de 2003.

    2.2 Ensino de Cincias Agrrias na Amaznia: mudana epistemolgica, poltica e

    informacional transformao em UFRA

    No Brasil, estudos sobre as polticas pblicas de Educao Superior indicam que as

    polticas pblicas de educao e desenvolvimento sempre estiveram intrinsecamente ligadas

    ao modelo de nao, institucionalizado atravs de documentos oficiais e textos da rea do

    Direito, os quais definem o papel do Estado e suas determinaes constitucionais dentro do

    Regime Representativo, a quem o povo outorga poder e do qual se espera polticas pblicas

    coerentes e consistentes, inclusive para a Educao Superior.

    O estudo da educao sistemtica e das polticas envolvidas utiliza-se de diferentes

    fontes, alem da literatura especializada e dos documentos oficiais, tal como notcias e artigos

    de jornais e revistas, para analisar a situao do ensino superior no Brasil. Lucchesi (2007),

    entre outros, destaca os documentos do Banco Mundial com prescries para a Educao

    Superior, que apontam as tendncias e desafios para a consolidao de uma perspectiva

  • 16

    democrtica de educao, capaz de contribuir para a incluso do social na discusso e soluo

    dos problemas nacionais e locais. (LUCCHESI, 2007, p.2).

    Sendo o Brasil pas de diversidades e condies regionais distintas, apresenta,

    tambm, condies diversas para que uma regio possa ingressar e se desenvolver em todos

    os setores, inclusive - principalmente - na rea da educao, cincia, tecnologia, informao e

    constituio de capital humano.

    Na Amaznia a construo de instituies de ensino superior foi marcada por esses

    modelos de nao, mas facilmente observvel no contexto em que foi se desenvolvendo o

    ensino de Cincias Agrrias.

    As condies adversas da Amaznia como seu gigantismo territorial, pouca densidade

    demogrfica, condies geogrficas e fsicas que provocam distanciamento do Centro-sul,

    entre outras, constituram um universo particular e em parte desconhecido, ainda que nas

    ltimas dcadas o desenvolvimento local da cincia tenha acelerado a sua atuao na tentativa

    de aprofundar descobertas e lanar-se na divulgao de conhecimento. Se em outros ramos do

    conhecimento humano vlida a importao de tecnologia e de tcnicos, o mesmo no

    recomendado para o campo das agrrias, onde h que se ter a criatividade de idealizar

    sistemas de produo que guardem estreita coerncia com as variveis dos ecossistemas

    local. (FCAP, 1992, p.9).

    No ano de 1918, o ensino de Cincias Agrrias no Par teve incio com a criao da

    Escola de Agronomia do Par, que tinha como objetivo a educao profissional aplicada

    agricultura, zootecnia, veterinria e indstrias rurais, mediante a difuso de conhecimentos

    cientficos e prticos necessrios explorao econmica da propriedade agrcola, com

    regimento registrado no Ministrio da Agricultura e auxilio financeiro das trs esferas

    pblicas. Assim, a Escola seguia as regras da nova reforma educacional estabelecida em 1911,

    que definia os critrios para o ensino superior. J em 1921, com novas instalaes, realiza

    uma exposio agropecuria com o fim de mostrar o estado da agricultura regional e

    demonstrar a utilidade e vantagens do ensino profissional agronmico e veterinrio na Regio

    Amaznica.

    No ano de 1931, por interveno federal, a Escola de Agronomia do Par passa a

    denominar-se Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinria do Par. Em 1934, novo

    decreto a transforma em duas unidades: Escola Superior de Agricultura do Par e Escola de

    Medicina Veterinria do Par, ambas sob a jurisdio da Diretoria Geral da Agricultura e

    Pecuria do Estado. Mais tarde, nova mudana a transforma em Escola de Agronomia do

    Par, obedecendo ao regulamento da Escola Nacional de Agronomia. Nesse percurso

  • 17

    histrico, seu modelo foi baseado em cursos isolados que no possuam nenhum valor de

    agregao de ensino, pesquisa e extenso.

    Aps a Revoluo de 1930, a educao no Brasil comeou a ser tratada como uma

    questo nacional, em particular onde o Governo detinha o controle educacional.

    Nos governos oligrquicos, a economia era agroexportadora e no conseguia manter

    posio poltica centralizada devido economia incerta. As camadas populares sofriam com a

    falta de polticas pblicas sociais efetivas e, na Amaznia, esse sentimento se tornou mais

    expoente devido distncia dos centros, as dificuldades de acesso e a escassez de

    profissionais. Com efeito, as reformas Capanema2 da dcada de 1940 foram marcadas pela

    contraposio entre ensino secundrio destinado s elites condutoras e ensino profissional

    voltado para o povo conduzido, o que levou a Escola de Agronomia do Par a uma srie de

    problemas inclusive da perda de autorizao de funcionamento, encerrando suas atividades

    em 1943, apesar de ser um dos poucos estabelecimentos de ensino superior no Norte do

    Brasil.

    No perodo da II Guerra Mundial foi criado o Instituto Agronmico do Norte (IAN),

    cuja misso era realizar levantamentos de solo, clima, flora e fauna. Acordos entre Brasil e os

    Estados Unidos da Amrica (USA), os chamados acordos de Washington, trouxeram

    pesquisadores americanos para realizar esses estudos no Brasil. Com o trmino da guerra, a

    perspectiva de criao da Superintendncia do Plano de Valorizao da Amaznia (SPVEA),

    a necessidade de formao de capital intelectual local e o retorno dos americanos a seu pas de

    origem resultaram no esvaziamento e na perda das pesquisas, fatos que favoreceram a criao

    da Escola de Agronomia da Amaznia (EAA) em 1945.

    A EAA, instalada oficialmente em 1951 para atuar em colaborao com o Instituto

    Agronmico do Norte, teve nos seus primeiros anos o esforo de mobilizao do corpo

    tcnico e de bons pesquisadores para atender os objetivos firmados. A Escola j apresentava,

    conforme manifesto no discurso proferido pelo representante do Ministrio da Agricultura e

    registrado na ata de posse, a necessidade de transforma-se numa Universidade da Amaznia:

    [...] congratulou-se e fez votos para que em breve seja instalada a Universidade Rural da

    Amaznia. (FCAP, 1992, p.19).

    2 Reforma Capanema foi o nome dado s transformaes projetadas no sistema educacional brasileiro em 1942,

    durante a Era Vargas, liderada pelo ento Ministro da Educao e Sade, Gustavo Capanema, que ficou

    conhecido pelas grandes reformas que promoveu, dentre elas a do ensino secundrio e o grande projeto da

    reforma universitria que resultou na criao da Universidade do Brasil, hoje, Universidade Federal do Rio de

    Janeiro.

  • 18

    Neste momento do Brasil as funes da universidade continuavam sendo a

    transmisso de cultura, ensino de profisses e investigao dos novos homens de cincia

    (ORTEGA Y GASSET, 1982 apud SANTOS, 1989) pouco se diferenciando das demais

    instituies desse porte. Talvez aqui as peculiaridades amaznicas deslocassem para outros

    objetivos como a integrao regional.

    A emancipao s veio no momento em que o Brasil passava pela reforma de 1950 e a

    expanso das Universidades trouxe, com o fim do Estado Novo e o comeo dos governos

    populistas, um processo de ampliao do acesso ao ensino mdio, conduzindo tambm

    ampliao da demanda por acesso ao ensino superior. Essa reforma transformou os

    professores e funcionrios de Universidades vinculadas aos Estados e Unio em

    funcionrios pblicos, com remunerao e privilgios idnticos aos da Universidade do Brasil

    antes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. (RAMOS, 2011, p.15).

    No entanto, a autonomia necessria para crescimento institucional da EAA s foi

    alcanada em 1960, com as presses e transformaes pelas quais passaram as universidades

    brasileiras. Dentre as transformaes importantes encontram-se a unidade oramentria sob a

    administrao da Unio, a autonomia didtica e disciplinar e a criao de cargos para o

    quadro permanente do Ministrio da Agricultura.

    A estrutura era composta de um (1) diretor e vinte (20) professores catedrticos, em

    uma instalao prpria cedida pelo governo do Estado do Par. Essa fase de autonomia

    consolida-se com aprovao pelo Conselho Federal de Educao, em 1963, do Regimento da

    Escola de Agronomia da Amaznia.

    2.2.1 Estruturao institucional epistemolgica: evoluo da estrutura orgnica

    Na primeira etapa de existncia efetiva da Escola de Agronomia da Amaznia (EAA),

    suas atividades estritas se resumiram consolidao institucional, das instalaes fsicas e da

    afirmao de suas prprias essencialidades. Sua estrutura orgnica de pequena amplitude

    concebida em forma de miniatura dos padres clssicos, cujo paradigma devia ser, por

    indicao legal, a Escola Nacional de Agronomia da Universidade Rural do Brasil, era assim

    composta:

    Congregao: rgo mximo de administrao composta somente de professores

    catedrticos, com poder de deciso de ltima instncia, com recursos nicos

    hierarquia ministerial e presidencial.

    Conselho Tcnico Administrativo: rgo consultivo e deliberativo, constitudo de

    trs professores catedrticos escolhidos pela congregao, funcionando como

    cmara de assessoramento presidido pelo diretor.

  • 19

    Diretor: o poder executivo apoiado pelo servio administrativo e escolar. (FCAP,

    1992, p.22. Grifo nosso).

    Em 1963 foram criados os Departamentos com a firme iniciativa de descentralizao

    da atividade fim, de composio resumida em essencialidade, o que possibilitou melhorar o

    processo e dinamizar as atividades. Essa nova organizao conduziu a entidade ao

    deslocamento de grande parte das atribuies da Congregao para o Conselho

    Departamental, que por sua composio em Chefes de Departamento dava ao rgo ndices

    excepcionais de sensibilidade problemtica global e setorial em funo da familiaridade de

    seus componentes com as nuances do cotidiano do ensino.

    Em 1964, o Conselho Federal de Educao aprovou um segundo Regimento para a

    EAA, que representava melhorias na organizao didtica e administrativa, mantendo como

    rgo de administrao: Congregao, Conselho Tcnico Administrativo, Conselho

    Departamental e Diretor, alterando a composio da Congregao que passou a contar, alm

    dos catedrticos e representantes do corpo discente, com um (1) representante de cada classe

    docente.

    Nas dcadas de 50 a 70 criaram-se Universidades Federais em todo o Brasil, ao menos

    uma em cada estado, alm de Universidades Estaduais, Municipais e Particulares. A

    descentralizao do ensino superior foi a vertente seguida na Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao Nacional, em vigor a partir de 1961, o que tambm influenciou mudanas na EAA.

    Em 1967, a EAA que desde os primrdios do ensino de agrrias esteve vinculada ao

    Ministrio da Agricultura, por decreto, foi transferida para a jurisdio do Ministrio da

    Educao e Cultura sendo inserida desse modo na estrutura desse Ministrio.

    Os Decretos Federais que fixaram normas de organizao e funcionamento do Ensino

    Superior no Brasil, bem como a Lei 5.539 (BRASIL, 1968) que modificou dispositivos do

    Estatuto do Magistrio, determinaram modificaes profundas de carter didtico e

    administrativo. Foram elas: a extino da ctedra, a criao do Conselho Curador e dos

    Colegiados de Cursos, inovao no regime de trabalho do pessoal docente com regime de 40

    horas e dedicao exclusiva, esta ltima visando profissionalizao do professor de ensino

    superior.

    O advento da Lei 5.539 de 1968 e de diplomas legais complementares possibilitou que

    vrios integrantes do corpo docente da EAA optassem pelo regime de tempo integral e

    dedicao exclusiva. Tal fator constitui-se em acontecimento determinante e transformador

    nas atividades da Escola, com uma melhor estruturao e desempenho do ensino ao mesmo

  • 20

    tempo em que permitiu o inicio de outras atividades fim da Universidade: pesquisa e

    extenso.

    O contedo utilitarista e produtivista continua sendo a tnica da educao, mas ao

    mesmo tempo cria-se uma multiplicidade de funes e um aumento considervel de discentes.

    Nesse perodo a EAA recebeu notoriedade nacional e internacional que permitiu a

    descentralizao do concurso de habilitao que passou a ser realizado tambm em So Lus

    (MA), Manaus (AM), Rio Branco (AC), Boa Vista (RR), Porto Velho (RO), Macap (AM) e

    estudantes da Amrica Latina, destacadamente a Venezuela. (FCAP, 1992, p.25, 59),

    elegendo a EAA como instituio educacional de formao profissional.

    Objetivando contemplar os ditames legais, em 1969 a EAA props modificaes no

    seu Regimento extinguindo o Departamento Scio Econmico e passando as suas disciplinas

    para o Departamento de Agricultura. A Diretoria tambm absorveu o cargo de Vice Diretor

    permitindo dotar a gesto com mais um integrante para atender a demanda crescente desse

    rgo, alm de um Conselho Curador que apresenta pela primeira vez o carter de

    socializao das decises e que possibilita um impulso s prticas de ensino atendendo a

    demanda local.

    Quadro 1- Evoluo da estrutura orgnica da primeira etapa de existncia da EAA

    1963 1964 1969

    Congregao: composto de

    professor catedrtico.

    Congregao: composto de professor

    catedrtico, representantes do corpo discente,

    um representante de cada classe docente

    Congregao: professores titulares (ex-

    catedrtico), um representante de cada uma das

    classes docente, um representante de cada classe

    discente e um representante da comunidade

    Conselho Tcnico

    Administrativo:composto por

    trs professores escolhidos pela

    congregao, funcionando

    como cmara de

    assessoramento presidido pelo

    diretor.

    Conselho Tcnico Administrativo:

    constitudo de trs professores catedrticos

    escolhidos pela congregao, funcionando

    como cmara de assessoramento presidido

    pelo diretor.

    Conselho Departamental: constitudo dos

    Chefes e Subchefes dos Departamentos e um

    representante do corpo discente

    Diretor: o poder executivo

    apoiado pelo servio

    administrativo e escolares.

    Conselho Departamental: constitudo pelos

    chefes de Departamentos e um representante

    de cada corpo discente

    Diretoria: constitudo do Diretor e Vice Diretor

    Diretor: o poder executivo apoiado pelo

    servio administrativo e escolar.

    Departamentos: constitudo de todos os docentes

    em cada um deles lotado e um representante do

    corpo discente.

    Departamento de Agricultura Departamento de Agricultura

    Departamento de Matemtica, Fsica e

    Engenharia Rural

    Departamento de Engenharia

    Departamento de Defesa Sanitria Departamento Fitossanitrio

    Departamento de Qumica, Tecnologia e

    Solos

    Departamento de Qumica

    Departamento de Zootecnia Departamento de Zootecnia

    Departamento Econmico Social Conselho Curador: constitudo de seis

    representantes do Corpo docente, um

    representante do corpo discente, um representante

    da Comunidade e um representante do Ministrio

    da Educao e Cultura

    Fonte: Adaptao de FCAP (1992); UFRA (2012)

  • 21

    Cada novo Regimento aprovado provocava uma ruptura, mesmo que tmida, mais que

    se fez sentir na organizao e na comunidade participante no que tange o deslocamento da

    rigidez para um fluxo mais dinmico da informao e mais participao na administrao.

    Vrios fatores conjunturais como a dedicao exclusiva do corpo docente e o incio

    das atividades de pesquisa trouxeram a primeira reunio de carter internacional que

    congregou administradores de universidades, faculdades e escolas de agronomia da Amrica

    Tropical para discusso de problemas comuns e a tomada de posio para solues. Essa

    projeo internacional foi caracterizada pela escolha para sediar a Secretaria Executiva do

    Programa Cooperativo para o Desenvolvimento do Trpico Americano em 1970, subsidiado

    pelo Instituto Interamericano de Cincias Agrrias (IICA) da Organizao dos Estados

    Americanos (OEA).

    Nesse evento o diretor de assuntos universitrios do Ministrio da Educao (MEC)

    anunciou a incorporao do curso de Engenharia Florestal a ser realizado na EAA. Segundo

    Souza (1991), a exploso do ensino superior no Brasil ocorreu somente nos anos 70.

    Durante esta dcada, o nmero de matrculas subiu de 300.000 (1970) para um

    milho e meio (1980). A concentrao urbana e a exigncia de melhor formao

    para a mo-de-obra industrial e de servios foraram o aumento do nmero de vagas

    e o Governo, impossibilitado de atender a esta demanda, permitiu que o Conselho

    Federal de Educao aprovasse milhares de cursos novos. (SOUZA, 1991, p.5).

    Nesse contexto nasce o Curso de Engenharia Florestal da EAA, em 1971. Tal projeto

    alicerava-se na justificativa de que a Regio Amaznica, detentora de um potencial florestal

    valiosssimo, enfrentava um problema da mais alta significao carncia de pessoal tcnico

    habilitado no manejo de floresta tropical, para melhor aproveitamento dos recursos naturais

    nela existentes, primordialmente os recursos madeireiros. (FCAP, 1992, p. 26).

    Considerando o momento histrico nacional e regional naquela poca (dcada de 70)

    concluiu-se ser necessrio aumentar os objetivos institucionais, para que seus preceitos

    atendessem ao processo desenvolvimentista, abrindo perspectivas mais amplas na capacidade

    criadora de formao diversificada de tcnicos. Atendendo sugesto do Ministrio da

    Educao e Cultura, o governo encerrou as atividades da EAA e a transformou em Faculdade

    de Cincias Agrrias do Par (FCAP), em 1972.

    2.2.2 Faculdade de Cincias Agrrias do Par (FCAP)

    No Brasil, nas dcadas de 50 e 60 do sculo XX, em que as manifestaes chegaram

    carregadas de significados polticos e culturais impactantes, busca-se na educao respostas

  • 22

    que chegam com a reforma universitria de 1968, expresso bem acabada de respingos dessa

    conjuntura mais ampla. (BOMENY, 1994, p.5).

    A partir de meados da dcada de 60, os debates e reivindicaes em torno das questes

    universitrias deixaram o mbito acadmico para atingir a opinio pblica; isso se deu pela

    falta de absoro da demanda existente e da ausncia de uma variedade de cursos e programas

    adequados diviso social do trabalho. As discusses no estavam mais confinadas

    estruturao e organizao das universidades, mas diziam respeito ao papel que

    desempenhavam os centros universitrios dentro da sociedade brasileira em

    desenvolvimento. (FVERO, 1977, p.32).

    A emancipao econmica e a consequente valorizao social da Amaznia

    repousaram em grande parte na agropecuria, assim como no uso metodizado e inteligente do

    ambiente e dos recursos naturais, inclusive os fluviais, lacustres e marinhos, da flora e da

    fauna.

    Tal assertiva levou concluso, e ainda hoje leva, de que no basta formar

    Engenheiros Agrnomos e Florestais, torna-se tambm necessrio formar outros profissionais,

    como veterinrios, zootecnistas, engenheiros de pesca, naturalistas e economistas rurais.

    Assim justificou-se a transformao de EAA para Faculdade de Cincias Agrrias do Par

    (FCAP).

    Com maiores responsabilidade e organicidade entre ensino, pesquisa e extenso, a

    FCAP possibilitou:

    [...] alm da capacidade criadora na formao e especializao de pessoal tcnico

    conduziu pesquisas no campo das Cincias Agrrias buscando respostas para a

    resoluo de problemas da produo, promovendo a difuso da tcnica e da cultura

    estendendo-se aos que dela necessitam, somando valores, com atividades sempre

    voltadas a atender o desejo de valorizar a Amaznia, o homem e o meio, integrando-

    os em definito a vida nacional. (FCAP, 1992, p.22).

    Em decorrncia das mudanas estabelecidas pela reforma universitria, os

    estabelecimentos isolados foram transformados em autarquias de regime especial com regime

    jurdico das universidades, passando a possuir autonomia didtica, disciplinar, financeira e

    administrativa. Isto possibilitou a criao em 1975 na FCAP, de uma Coordenadoria dos

    Cursos de Graduao e trs unidades de apoio ao ensino, pesquisa e extenso, bem como

    alguns rgos administrativos: Diviso de Pessoal, Diviso de Material, Diviso financeira e

    de Contabilidade, Diviso de Servios Gerais. Vale destacar a organizao do Servio de

    Documentao e Informao (SDI), que passa a desempenhar papel indispensvel no apoio

    para o desempenho das atividades de ensino, pesquisa e extenso.

  • 23

    Antes da constituio do SDI, a instituio j organizava documentos de divulgao

    do trabalho desenvolvido pelos tcnicos como os boletins, folhetos e informativos. Isto aponta

    para a necessidade de existncia de uma equipe responsvel pela promoo e divulgao da

    informao, percebido atravs das publicaes seriadas e/ou avulsas destinadas divulgao

    da produo do conhecimento realizado na EAA/FCAP, comeando pelo Boletim. Os

    primeiros resultados dos projetos de pesquisa realizados pela EAA/FCAP foram

    transformados em nove (9) trabalhos publicados em seis (6) Boletins da EAA/FCAP entre

    1971-73 o que refora a existncia de servios de informao mesmo antes de o servio ser

    formalmente estruturado.

    2.2.2.1 Vinte e cinco anos de existncia: evoluo e lanamento de publicaes

    Em 1976, a primeira turma de Engenheiros Florestais foi diplomada e a Instituio

    comemorou 25 anos, nessa segunda fase de existncia. Como marco dos festejos

    comemorativos do jubileu de prata foi lanado a publicao Cincias Agrrias na

    Amaznia, com o propsito de apresentar sociedade o conhecimento cientfico gerado e

    aplicado pela instituio. Destaca-se tambm nesse ano a inaugurao do prdio da

    Biblioteca, construdo em convnio com o Instituto Nacional de Colonizao e Reforma

    Agrria (INCRA) que tinha como propsito dar suporte fsico ao Servio de Documentao e

    Informao (SDI).

    Como foi anteriormente apresentado no Quadro1, histrico da FCAP e seus

    antecedentes, vale destacar alguns pontos evolutivos nesses 25 anos iniciais que a

    impulsionam, bem como indicar a continua evoluo nas dcadas seguintes, conforme se

    apresenta no Quadro 2, abaixo.

  • 24

    Quadro 2 - Pontos evolutivos da ao Institucional

    Ano 1976 Dcada de 80 Dcada de 90

    Passou a constituir autarquia de regime especial sob denominao de

    Faculdade de Cincias Agrrias do Par com autonomia administrativa,

    didtica e financeira com possibilidade de oferta de cursos profissionalizantes

    de plena ou curta durao em cincias agrrias alm de Agronomia

    originariamente precursora

    Implantao de atividades de

    pesquisa e extenso com maior

    participao das Unidades de Apoio.

    Continuidade na aquisio de

    equipamentos tcnicos e de

    informtica

    Implantao de estrutura departamentalizada com organizao administrativa,

    cientfica e de distribuio de pessoal

    Inicio do Servio de Planejamento,

    Avaliao e Controle

    Grade curricular com contedo

    acadmico e filosfico que norteia

    sua ao no ensino, na pesquisa e na

    extenso

    Desvinculao dos cargos de magistrio de ramos especficos de

    conhecimentos, respeitando as preocupaes cientfico-culturais dominantes

    em cada docente

    Construo da Estao de Biologia

    Pesqueira e Piscicultura,

    Gerenciamento de processamento de

    controle de pessoal, controle

    acadmico, controle de material e

    patrimnio e o sistema de controle

    bibliogrfico da Biblioteca.

    Organizao de colegiado de cursos Aprovao de Plano Quinquenal da

    FCAP para Capacitao de Recursos

    Humanos na Amaznia; Plano

    Diretor Fsico e Plano Diretor

    Global.

    Segundo Plano Diretor Global da

    FCAP para o binio 1991-1993

    Adoo de sistema integrado na administrao com participao dos membros

    da comunidade e das categorias docentes e representantes dos discentes

    Juno do Departamento de Qumica

    com o de Tecnologia

    Cursos vrios de extenso so

    oferecidos ao pblico externo

    Institudo o ciclo bsico comum a todos os cursos (Agronomia, Engenharia

    Florestal e Medicina Veterinria)

    Plano Diretor de Informtica Estgios de extenso

    Substituio do regime seriado anual para regime de matricula semestral por

    disciplina como critrio de pr-requisito

    Iniciou a implantao do Centro de

    Processamento de Dados

    Criao da Fazenda Experimental de

    Igarap-Au

    Adoo de sistema de vestibular unificado para diversos cursos Iniciou aquisio de equipamentos de

    informtica

    Parcerias com a SUDAM e com a

    EMATER/PA que possibilitaram

    cursos de Educao ambiental para

    vrios municpios

    Descentralizao do curso vestibular no apenas em Belm, mas em outras

    cidades da Amaznia Legal

    Uma variedade de publicaes

    voltadas para as atividades de

    extenso

    Editadas e distribudas Cartilhas

    Didticas, que possibilitavam uma

    comunicao entre o tcnico e o

  • 25

    produtor rural,

    Profissionalizao da carreira de magistrio, mediante implantao progressiva

    do regime de 40 horas semanais e dedicao exclusiva, preferencialmente

    Criao do Centro Avanado em

    Parauapebas (PA)

    Investimento em qualificao de especializao e aperfeioamento dos

    professores com incentivo para obteno do grau de mestre e doutor, alm de

    curso didtico-pedaggico em funo da maior produtividade docente

    Criao do Centro Avanado em

    Capito Poo (PA),

    Organizao dos setores administrativos, principalmente de pessoal, material,

    financeiro, contabilidade, servios gerais e assistncia social, com vistas ao

    apoio as atividades fim

    Expanso da rea da Fazenda

    Escola de Igarap-Au.

    Organizao do Servio de Documentao e Informao (SDI) indispensvel

    para o bom desempenho de ensino, pesquisa e extenso

    Maximizou a utilizao de reas no

    campus Belm do Ecossistema de

    Vrzea

    Desenvolvimento de atividades de apoio ao estudante com bolsas de ensino,

    trabalho, monitoria alm de restaurante e assistncia mdico odontolgica

    Ampliaes e melhoria

    Departamento de Zootecnia

    Desenvolvimento de programa de pesquisa cientfica Ampliou n de vagas ofertadas

    Adoo de meios para assegurar a presena ativa dos discentes na vida

    universitria inserindo-os nos processos decisrios

    Implantou o curso de Engenharia de

    Pesca e Zootecnia.

    Extenso comunidade nas atividades de ensino, dos resultados de pesquisas,

    bem como as atividades na forma de cursos e servios especiais e assistncia

    social

    Fuso da Unidade de Apoio

    Pesquisa e o Ncleo de Ps

    Graduao

    Adoo de medidas gerais possveis de transformar a FCAP em comunidade

    de trabalho de modo a participar eficazmente do processo global de reformas

    sociais

    Consolidao de seus cursos de

    mestrado, implantao dos cursos

    de ps-graduao em Medicina

    Veterinria e Botnica Tropical e

    Doutorado em Sistemas

    Agroflorestais

    Construo de novo prdio administrativo

    Fonte: Adaptao de FCAP (1992); UFRA (2002)

  • 26

    Na dcada de 80 foram incrementadas as atividades de pesquisa e extenso com maior

    participao das Unidades de Apoio. Nesse perodo ocorreu o incio do Servio de

    Planejamento, Avaliao e Controle e a construo da Estao de Biologia Pesqueira e

    Piscicultura, que funciona ainda hoje como laboratrio de aplicao para os alunos da

    graduao e ps-graduao.

    Na tentativa de se adaptar aos novos dispositivos legais foram aprovados trs

    importantes documentos institucionais bsicos: Plano Quinquenal da FCAP para Capacitao

    de Recursos Humanos na Amaznia, Plano Diretor Fsico e Plano Diretor Global.

    Dentre as transformaes ocorridas entre 1982 e 1992, est a juno do Departamento

    de Qumica com o de Tecnologia. Como consequncia natural de sua filosofia de ao,

    consubstanciada no prprio contedo acadmico e filosfico que a norteia, a FCAP fez sentir

    sua ao no ensino, na pesquisa e na extenso, consolidados na sua grade disciplinar, que, em

    ltima instncia, contribui para o desenvolvimento cientfico, tecnolgico, cultural e social da

    comunidade.

    Dada a importncia que as Tecnologias de Informao (TI) ganham nesse momento, a

    FCAP estabeleceu o Plano Diretor de Informtica e tambm iniciou com a aquisio de

    equipamentos a implantao do Centro de Processamento de Dados, que tinha como objetivo

    informatizar os sistemas de atividades meio e fim desenvolvidas pela instituio de forma a

    dar maiores e melhores condies organizacionais aos processos de documentao e

    informao dessas atividades. Dentre elas destacam-se: o processamento de controle de

    pessoal, controle acadmico, controle de material e patrimnio e o sistema de controle

    bibliogrfico da Biblioteca.

    Nesse contexto de informatizao, de agilidade e visibilidade s aes institucionais

    destacam-se a publicao da primeira dissertao de mestrado em Agropecuria Tropical e

    Recursos Hdricos, fruto de parceria FCAP/EMBRAPA e o Seminrio FCAP em discusso,

    avaliao e renovao institucional, que proporcionaram comunidade interna e de outras

    instituies do setor pblico e privado reflexo sobre seus principais problemas e possveis

    solues, visando seu crescimento institucional. Isto resultou no Segundo Plano Diretor

    Global da FCAP para o binio 1991-1993, aprovado pelo Conselho Departamental. (FCAP,

    1992, p. 36).

  • 27

    2.3 As primeiras aes de extenso universitria na Instituio

    A Faculdade estende comunidade, sob a forma de cursos e servios especiais, as

    atividades de ensino e os resultados das pesquisas por ela desenvolvidas. Cursos de extenso

    so oferecidos ao pblico com o objetivo de divulgar conhecimento e tcnicas dos trabalhos

    desenvolvidos, neste nterim...

    Os servios so prestados sob forma diversas de atendimento de consultas, de

    fornecimento de material bsico de reproduo e produtos agropecurios, realizao

    de estudos, elaborao e orientao de projetos relacionados a assunto cientfico,

    tcnico e educacional, assim como participao de docentes em projetos

    desenvolvidos em campi avanados na Amaznia. (FCAP, 1992, p. 42).

    Antes da mudana epistmica de Unidade de Apoio a Extenso, a programao,

    coordenao, apoio e superviso das atividades de extenso desenvolvidas pelo Departamento

    Didtico-cientfico se expandiram por diversos municpios do Estado do Par atravs do

    programa de interiorizao. Este estimulava os alunos para atividades fora do campus da

    Faculdade, orientando-os para a busca de autonomia intelectual e cientfica, dando-lhe a

    segurana de poder assimilar conhecimento, no apenas na base do que ouvem ou leem a

    respeito das coisas, mas sim, na base do que experimentaram e testaram no contato da

    realidade no meio rural. (FCAP, 1992, p. 42).

    Esse programa de extenso atendia especificamente o Nordeste Paraense e o Mdio

    Amazonas Paraense mediante assistncia s comunidades rurais, oferecendo cursos

    relacionados agropecuria, veterinria e florestal, [...] de repercusso imediata na evoluo

    tcnico-cultural da comunidade. (FCAP, 1992, p. 160).

    Seguindo esse pensamento, o programa oferecia tambm aos alunos estgios de

    extenso que visavam um adequado processo de capacitao do discente, seja em

    treinamento complementar que possibilita a adequada formao profissional, seja como meio

    de intercambio de informao entre instituies de ensino e mercado de trabalho. (FCAP,

    1992, p. 159).

    Ainda na atividade extensionista a implantao da Fazenda Experimental de Igarap

    Au desenvolvia a interao FCAP e Produtor Rural com assistncia tcnica de hortas, doao

    de mudas, cursos de avicultura, associao de culturas intercaladas, arborizao de

    municpios, distribuio de sementes e assistncia mdico veterinria. Essa interao rende

    frutos visveis na produo de material informacional identificado no Servio de

    Documentao e Informao. (FCAP, 1992, p. 154).

  • 28

    2.4 Servios de Documentao e Informao (SDI)

    O Servio de Documentao e Informao (SDI), criado em 1975 tinha como principal

    competncia o tratamento, guarda e disseminao da informao em Cincias Agrrias;

    editorao e a difuso da informao agrria gerada na FCAP pela comunidade tcnico-

    cientfica (FCAP, 1992, p. 47). Composta pela Biblioteca e pela Editora como aportes de

    organizao da informao da Instituio.

    Biblioteca

    A Biblioteca especializada, constituda de acervo voltado para as Cincias Agrrias

    tornou-se depositria das publicaes da Organizao das Naes Unidas para a Agricultura e

    Alimentao (FAO) e do Instituto Internacional de Cooperao Agrcola (IICA). As

    principais funes da Biblioteca eram organizar, manter atualizada e divulgar a

    documentao bibliogrfica sobre assuntos ligados aos programas de ensino, pesquisa e

    extenso; estabelecer e manter intercmbio documentrio com pessoas e instituies ligadas

    aos interesses da FCAP. (FCAP, 1992, p. 47).

    Como depositria das publicaes da FAO e do IICA, a biblioteca possibilita o acesso

    da comunidade acadmica ao material bibliogrfico de alta qualidade algo que no seria fcil

    caso no houvesse esse depsito legal.

    A Biblioteca se integra ao Catlogo Coletivo Nacional de Publicaes Peridicas do

    IBICT, objetivando reunir e utilizar dados referentes s colees de peridicos de Bibliotecas

    Universitrias Brasileiras, o que possibilita a utilizao do acervo de peridicos das

    Bibliotecas que fazem parte do referido catlogo atravs do COMUT. Alm disso, insere-se

    como integrante do Centro Cooperante do Sistema Nacional de Informao e Documentao

    Agrcola SNIDA e da Coordenao de Informao e Documentao Agrcola- CID, o que a

    torna uma instituio integrada aos sistemas de informao mais relevantes da rea, insero

    essa que lhe d visibilidade nacional para transmitir e receber informao documental de

    Cincias Agrrias.

    A Biblioteca tambm mantm intercmbio com outras instituies de cincias agrrias

    e afins do pas e do exterior. Essa relao cria uma rede cientfica atravs das publicaes,

    principal meio de comunicao do mundo acadmico, que representavam entrar nas

    bibliotecas internacionais conectando a cincia feita na UFRA ao mundo atravs da

    biblioteca.

  • 29

    O SDI era o setor responsvel pela editorao das publicaes geradas na FCAP

    fossem elas peridicas, seriadas ou avulsas. Peridicas: Boletim da Faculdade de Cincias

    Agrrias, O Trimestre, Sumrios de Peridicos (Cincias Agrcolas, Cincias Florestais,

    Zootecnia e Veterinria); Informes Tcnicos: Informe Didtico, Informe de Extenso, Nota

    Prvia; Avulsas: Livros e folhetos. (FCAP, 1992, p. 48).

    A atividade de pesquisa se consolidou e progrediu medida que crescia o corpo

    tcnico docente e se aperfeioava com os cursos promovidos pela instituio bem como com

    o retorno dos professores com grau de mestre e doutor.

    As atividades de extenso realizadas nas dcadas de 80 foram intensas demonstrando

    vio e abrangncia das aes da FCAP, aes que foram ampliadas a partir de sugestes

    apresentadas no Seminrio de Avaliao realizado nessa dcada.

    No inicio dos anos 90, os projetos se ampliaram com parcerias com a SUDAM e com

    a EMATER/PA que possibilitaram cursos de Educao ambiental para vrios municpios,

    instalao de um Laboratrio de Anlise de Solos e Plantas, estudos de Espcies Florestais de

    Capoeira, Demarcao de Terras e aes de Recuperao Ambiental em vrios municpios do

    Par.

    Dessas atividades extensionistas, desenvolvidas nesse perodo, foram organizadas,

    editadas e distribudas quatorze (14) ttulos de Cartilhas Didticas, que possibilitavam, com

    linguagem simples, uma comunicao entre o tcnico e o produtor rural, levava ao produtor

    informaes tcnicas para melhoria da sua produo.

    Alm das Cartilhas Didticas a FCAP editou outros documentos que tinham o intuito

    de divulgar a produo cientfica da Instituio, dentre eles esto dezoito (18) Boletins, quinze

    (15) Informes Tcnicos, onze (11) Informes Didticos, seis (6) Informes de Extenso,

    quatorze (14) Notas Prvias, treze (13) Livros, dezesseis (16) Folhetos. (FCAP, 1992, p. 162-

    173)

    De acordo com o perfil histrico desta Instituio, at aqui apresentado, o sistema de

    informao praticado pela EAAF e pela FCAP indica caractersticas que representam aspectos

    vividos por outras instituies do mesmo porte e funo existentes entre 1975 a 2000. Numa

    trajetria de avanos proporcionados pelo desenvolvimento das Tecnologias de Informao e

    Comunicao (TIC), vemos a sua aplicao e insero nas prticas e processos de informao.

    Depois da transformao jurdica e administrativa para UFRA algumas mudanas

    foram sendo implementadas tambm na Biblioteca. O SDI foi absorvido pela

    Superintendncia de Biblioteca, esta diretamente subordinada a Pr-Reitoria de Ensino

    (PROEN), portanto alinhada com o programa poltico desta Pr-Reitoria no que diz respeito

  • 30

    aquisio de livros, peridicos e demais materiais, atendendo nova formulao prevista na

    grade curricular elaborada a partir das mudanas estabelecidas nos programas aprovados pelo

    MEC.

    O acervo bibliogrfico especializado em Cincias Agrrias, na ultima dcada, a partir

    da implantao de novos cursos promovidos pela Reestruturao das Universidades REUNI,

    ampliou seu leque para incluir outras especialidades, inclusive as licenciaturas.

    O quadro de servidores permaneceu estvel por dez anos, abrindo novas vagas para

    ingresso de novos bibliotecrios somente em 2010, o que vem favorecendo novas aes de

    informao. Quatro novos campi foram criados nas cidades de Parauapebas, Paragominas e

    Capito Poo, sendo o mais recente de Capanema (2012). Cada um deles conta com o suporte

    de uma biblioteca.

    Com a contratao de novos bibliotecrios para atuar nas bibliotecas dos novos campi,

    o trabalho com o processo tcnico e apoio aos usurios da comunidade acadmica local

    possibilitaram uma maior equnime.

    2.5 Antecedentes de transio FCAP-UFRA: cooperao tcnica cientifica

    O Desenvolvimento e crescimento institucional da EAA/FCAP foram baseados na

    busca incessante de encontrar a capacidade criadora de idealizar sistemas de produo tanto

    para os ecossistemas como para o ensino, pesquisa e extenso que l se realizava. Nessa

    busca, a Instituio manteve a cooperao tcnica-cientfica com diversas instituies

    pblicas e privadas.

    Os instrumentos legais deram carter normativo e definiram ao prticas

    desenvolvidas durante os quarenta anos decorridos da existncia da EAA/FCAP 1951-1992.

    No perodo que se sucede aos quarenta anos at a virada do sculo, a FCAP melhorou seus

    indicadores de desempenho, aumentou a eficincia do quadro dos servidores atravs de

    programas de qualificao, regularizou pendncias administrativas e financeiras de

    patrimnio e material, expandiu o nmero de vagas ofertadas e implantou o curso de

    Engenharia de Pesca e Zootecnia. (UFRA, 2011, p.41)

    A Instituio tambm priorizou interesses eminentemente institucionais,

    racionalizando a administrao com a fuso da Unidade de Apoio Pesquisa e o Ncleo de

    Ps Graduao, o que permitiu mais agilidade nas aes de pesquisa e ps-graduao, a

    consolidao de seus cursos de mestrado, e a implantao dos cursos de ps-graduao em

    Medicina Veterinria e Botnica Tropical e o doutorado em Sistemas Agroflorestais.

  • 31

    A FCAP avanou no somente nos aspectos acadmicos, mas tambm fsico com a

    criao do Centro Avanado em Parauapebas (PA), uma rea experimental em Salinpolis

    (PA) e a expanso da rea da Fazenda Escola de Igarap Au (FCAP, 2002, p. 3-4). Da

    mesma forma, maximizou a utilizao de reas do prprio campus em Belm, a exemplo da

    utilizao do Ecossistema de Vrzea e ampliao e melhoria do Departamento de Zootecnia.

    Na busca de parcerias para enfrentar desafios e evoluir conseguiu aprovao no ano de

    2000 do Projeto de Fortalecimento Institucional da FCAP (Institutional Strengthening of

    FCAP Brazil). A proposta esteve entre as muitas encaminhadas por instituies de diversos

    pases ao Departamento para o Desenvolvimento Internacional (Department for Institutional

    Development, DFID) em Londres. (FCAP, 2002, p. 5).

    O Projeto apresentava a proposta de transformao curricular e crescimento qualitativo

    da Instituio, conforme pode ser visto no editorial de encerramento de mandato do Diretor da

    FCAP, em 2000, do Prof. Paulo Lus Contente:

    O projeto prev para os prximos seis anos uma transformao completa da

    Instituio, com a melhoria da qualidade de ensino e do profissional formado atravs

    da qualificao do corpo docente, dos servidores e, especialmente pela realizao de

    uma reforma curricular. O Projeto comea em 2001 e ser um marco referencial na

    histria da FCAP, que com o apoio do DFID ter perspectiva muito mais promissora

    para os prximos anos. (FCAP, 2002, p.5).

    Santos (2005) aponta a crise de hegemonia e contradies por que passavam as

    Instituies Universitrias, acirradas nessa fase de transio do sculo de um lado produo

    de alta cultura, pensamento crtico e conhecimentos exemplares, cientficos e humansticos,

    necessrios formao das elites e de outro lado padres culturais mdios e de

    conhecimentos instrumental voltado para a qualificao, exigncia do capitalismo para

    formar mo de obra. Era esta a contradio manifesta no atendimento s exigncias sociais e

    polticas da democratizao em contraposio relao entre a hierarquizao dos saberes e

    a restrio do acesso e as reivindicaes de autonomia na definio de valores e objetivos

    da universidade, alm das presses a que foi submetida para obter a critrios de eficcia e

    produtividade de natureza empresarial ou de responsabilidade social. (SANTOS, 2005, p. 5).

    Essa abordagem faz-se necessria para lembrar que a crise maior enfrentada nesse

    momento a da dependncia financeira do governo e a incapacidade que este apresenta para

    resolver o problema, tendo em vista que o Estado resolveu reduzir seu compromisso poltico

    com as universidades e com a educao em geral, o que levou ao sucateamento de muitas

    instituies.

    A FCAP tambm se ressentiu dessa crise e buscou alternativas para continuar

    respondendo pela demanda criada e mantida em cinquenta anos de histria, que se deixa

  • 32

    refletir no Projeto de Fortalecimento Institucional da FCAP, citado anteriormente, e que,

    com o financiamento do DFID, ajudou e estimulou a comunidade universitria a apresentar

    sociedade uma proposta de transformao da FCAP em UFRA.

    A transformao da Faculdade de Cincias Agrrias do Par (FCAP) em UFRA

    ocorreu no mbito de um grande projeto denominado, inicialmente, Projeto de

    Fortalecimento Institucional da Faculdade de Cincias Agrrias do Par

    (PROFCAP), iniciado em 01/05/2002 e, com a transformao, em Projeto de

    Fortalecimento Institucional da Universidade Federal Rural da Amaznia

    (PROUFRA). O Projeto foi apoiado financeiramente pelo Department for

    International Development (DFID), do Governo Ingls e contou com a colaborao

    de duas universidades inglesas: as Universidades de Harper Adams e de

    Wolverhampton, ambas com experincia nesse tipo de atividade. (UFRA, 2011,

    p.10).

    A transformao que se propunha no bojo do Programa no se encerrava apenas no

    aspecto da formatao jurdico-institucional, embora nesse aspecto as mudanas tenham sido

    extremamente importantes e vantajosas para nova Instituio. Ocorreram juntamente com a

    transformao institucional da FCAP em UFRA mudanas significativas que envolveram

    entre outras coisas a autoestima institucional que:

    [...] levou servidores tcnico-administrativo, discentes e docentes a se debruarem

    sobre um projeto comum de discutir e construir a universidade, at uma arrojada

    poltica de expanso e participao do seu papel desde o cenrio local ao

    internacional. O processo de transformao ocorreu, inicialmente, atravs de um

    documento denominado Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), elaborado

    pela equipe de colaboradores do ento candidato a Diretor da FCAP, que concorreu

    s eleies para o perodo 20002004 e que encerrava a semente das propostas para

    a transformao institucional. (UFRA, 2011, p. 11).

    A busca pela transformao tomou carter amplo, abrangendo aspectos poltico-

    institucionais, didtico-pedaggicos, e administrativos, levando a mudanas de posturas e

    concepes individuais e coletivas (UFRA, 2011, p.11). Transformou-se, portanto, em um

    projeto de construo coletiva de uma nova instituio de ensino superior, cujo papel e

    responsabilidade seriam, mais tarde, definidos pelo Planejamento Estratgico em sua misso

    Institucional.

    O projeto de reestruturao certamente buscou se alinhar s estruturas das instituies

    j conceituadas, bem como se adaptar para os moldes da realidade amaznica.

    O pedido de transformao foi sancionado em 23 de dezembro de 2002, o que trouxe

    consigo objetivos amplos no reprodutivos da instituio que ficava para trs, aspecto visvel

    no texto abaixo:

    Mas era necessrio consolidar essa transformao, ou ento a recm-criada

    Universidade estaria condenada a to somente reproduzir a forma de atuao da

    antiga faculdade sem promover um salto de qualidade, uma revoluo que

    justificasse essa transformao. A maior parte ainda estaria por vir. Para possibilitar

    as mudanas necessrias ao desempenho de sua misso, o Planejamento Estratgico

    Institucional 2002-2007 definiu seis objetivos estratgicos. 1) Conduzir o ensino a

  • 33

    padres mais elevados de qualidade, provendo aos estudantes habilidades

    vocacionais e empreendedoras gerando competncias para o mercado de trabalho; 2)

    Fortalecer a pesquisa de forma a alicerar o ensino e contribuir para o conhecimento,

    compreenso e otimizao do setor rural na Amaznia; 3) Interagir com o setor

    agrcola e promover a integrao com a indstria, o comrcio, o governo e outras

    organizaes com interesses na Amaznia e articular discusses desenvolvendo

    polticas peculiares a regio; 4) Envolver as populaes amaznicas,

    profissionalizando-as para inclu-las no processo produtivo, melhorar sua qualidade

    de vida e contribuir para o desenvolvimento sustentvel da regio; 5) Desenvolver e

    apoiar os servidores e estudantes para construir uma instituio educacional forte na

    conduo do desenvolvimento sustentvel da Amaznia; e, 6) Manter estratgias de

    fortalecimento poltico e financeiro para garantir o sucesso contnuo da Instituio e

    de seus objetivos. (UFRA, 2011, p.12).

    Para alcanar os objetivos estratgicos estabeleceu-se um processo participativo

    formado por Grupos de Interesse, a entendidos como todos aqueles atores sociais

    individuais, coletivos e institucionais que, de alguma forma, estavam relacionados com o

    papel e a atuao da UFRA. (UFRA, 2011, p.13).

    Foi organizado um grupo de trabalho para estruturar um Programa de Reforma

    Curricular em busca de uma nova proposta, com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais,

    que fosse possvel flexibilizar e contextualizar, de modo que se tornasse integrado e

    compatvel com a misso institucional: Um currculo cuja matriz estaria formada no mais

    por disciplinas estanques, mas por mdulos integrados compostos por disciplinas que

    agrupam contedos programticos similares e complementares (UFRA, 2011, p.13).

    Um Programa de Desenvolvimento Profissional dos Docentes foi criado para atender

    s mudanas curriculares, com aes de capacitao para aplicao dos mtodos novos. Por

    trs meses reuniu-se uma Assembleia Estatuinte paritria constituda por categorias de

    representantes da comunidade institucional para construir o novo Estatuto da UFRA. O

    mesmo foi realizado para a construo do seu Regimento Geral,

    [...] documento que estabeleceu as normas de funcionamento da organizao

    administrativa e acadmica da instituio foi elaborado atravs da convocao de

    uma comisso paritria composta dos segmentos que representam a comunidade,

    nos mesmos moldes da elaborao do Estatuto. As mudanas incorporadas no

    Estatuto e Regimento revelaram uma nova concepo de Universidade com uma

    estrutura mais leve, gil e adequada misso institucional, numa clara ruptura com

    os modelos complexos e burocrticos das Instituies Federais de Ensino Superior

    Brasileira. A antiga estrutura departamental, burocrtica e disciplinar cedeu

    espao para uma nova estrutura, mais factvel com o exerccio da

    interdisciplinaridade e da integrao de saberes. (UFRA, 2011, p.15. Grifo nosso).

    A antiga formao departamental que compunha a estrutura organizacional da FCAP

    favorecia a burocratizao, a compartimentalizao do conhecimento e o corporativismo.

    (UFRA, 2011, p.16). A nova reestruturao propunha a ruptura de paradigma de organizao

    e gesto, de forma a romper com a fragmentao, hierarquia verticalizada dos processos

    decisrios e com o poder individualizado.

  • 34

    Nessa perspectiva, os Departamentos foram substitudos por quatro Institutos

    temticos que obedecem a novos paradigmas de organizao e funcionalidade, a saber:

    Instituto de Cincias Agrrias (ICA); Instituto de Sade e Produo Animal (ISPA); Instituto

    Socioambiental e dos Recursos Hdricos (ISARH) e o Instituto Cberespacial (ICIBE). Essa

    nova estrutura permite repercusso no ensino e na misso da UFRA, conforme relatrio

    enviado ao MEC. (UFRA, 2011; 2012a).

    Cumprindo premissas estabelecidas no processo inicial construiu-se o Estatuto,

    Regimento Geral e Plano Estratgico, a partir de processos democrticos e participativos,

    registrados na histria da universidade.

    2.5.1 Os Institutos Temticos

    Os Departamentos foram transformados em quatro Institutos Temticos, que so as

    unidades responsveis pela execuo do ensino, da pesquisa e da extenso e tem carter

    inter, multi e transdisciplinar em reas do conhecimento. (UFRA, 2011, p.17). Estes so

    constitudos por docentes, tcnicos administrativos e discentes que nele exercem suas

    atividades. Cada um dos institutos atua em funes relacionadas aos seus campos do saber e

    compactua entre si o objetivo de ensino, pesquisa e extenso adotando estratgias para seu

    alcance.

    a) No Instituto Socioambiental e de Recursos Hdricos (ISARH) - as estratgias

    administrativas adotadas so:

    Gesto Corporativa, Capital Social, Comunicao. No ensino tem acompanhado e

    incentivado a reforma dos Currculos e planos didticos, a avaliao continuada,

    criao de novos cursos de graduao e ps-graduao e investindo na melhoria da

    infraestrutura e ambincia. Na pesquisa busca construir a sua identidade

    institucional, centrada em equipes multidisciplinares e projetos estruturantes,

    aprovao das linhas de pesquisa e o estabelecimento e fortalecimento dos grupos de

    pesquisa. Os grupos de pesquisa que esto vinculados ao instituto so: Cadeia

    Produtiva, Mercado e Desenvolvimento Sustentvel; Pesca e Avaliao de Recursos

    Pesqueiros Tropicais; Biodiversidade da Amaznia; Projeto Vrzea; Biofauna;

    Ecologia Aqutica Tropical; Ecologia e Tecnologia de Recursos Aquticos. Na

    extenso a nfase nas aes de organizao e formao de capital social. (UFRA, 2011, p. 17 e 18. Grifo nosso).

    Consolidar relaes interinstitucionais que aproximem a UFRA e rgos

    governamentais ou no governamentais tem sido a busca constante desse Instituto para firmar

  • 35

    apoio aos programas e projetos que favoream os pilares do ensino, pesquisa e extenso, entre

    eles esto:

    Prefeitura Municipal de Belm; SEMMA; SEMA; EMBRAPA; ELETRONORTE;

    MPEG; UFV; FAPESPA; FUNPEA; SAGRI; IFPA; IPEA; CDP; SEBRAE;

    TRAMONTINA; CIKEL; SECTEM; FETAGRI; ITERPA; REDE CELPA; Escola

    Mario Barbosa; Escola Bosque; Escola Virglio Libonati; INCRA, UFPA; NMU;

    WIU. Os municpios e comunidades tambm tem se constitudo em objeto de

    interveno dos projetos do ISARH: ilha de Caratateua; Comunidade Bacuriteua;

    Boa Vista; Santa Maria da Barreta; Monte Alegre; Ponta do Bom Jesus; So Joo do

    Ramo; Santa Brbara do Par; So Bento; So Benedito; Tracuateua; Curua;

    Bragana; So Caetano de Odivelas; Nova Timboteua; Tucurui. (UFRA, 2011, p.

    18, grifo nosso).

    Este instituto tem seus projetos desenvolvidos atravs de seu grupo de pesquisadores

    vinculados a Cadeia Produtiva, Mercado e Desenvolvimento Sustentvel; Pesca e Avaliao

    de Recursos Pesqueiros Tropicais; Biodiversidade da Amaznia; Projeto Vrzea; Biofauna;

    Ecologia Aqutica Tropical; Ecologia e Tecnologia de Recursos Aquticos. (UFRA, 2011.

    p.18). Estes so componentes intrinsecamente ligados ao Bioma Amaznico. Neste trabalho, o

    campo de pesquisa participante eleito como base de observao um Programa de Extenso

    proveniente deste Instituto, denominado Programa UFRA na Reforma Agrria e o Projeto

    elencado o Desenvolvimento Produtivo do Assentamento Abril Vermelho, localizado em

    Santa Brbara do Par.

    b) O Instituto Ciberespacial (ICIBE) a unidade administrativa que recebe os

    ltimos cursos aprovados pelo MEC principalmente na rea de licenciatura e

    responsvel...

    Pela execuo do ensino, pesquisa, extenso e desenvolvimento de tecnologia, com

    carter interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar, nas reas de

    conhecimentos da geomtica e no desenvolvimento de tecnologias na rea da cbero-

    informtica e outras que lhe so afetos. (UFRA, 2011, p.18).

    Atua nas reas de conhecimento da geomtica e no desenvolvimento de tecnologias no

    ramo da cbero-informtica, cujo objetivo est focado em suprir a necessidade do mercado de

    trabalho na rea de computao, com condies de desenvolver projetos educacionais com

    tecnologias de informao e comunicao e metodologias especficas, oferecendo os meios,

    orientaes e recursos pedaggicos e tecnolgicos necessrios.

    Os projetos de extenso esto voltados para incubadoras tecnolgicas de

    empreendimentos solidrios, redes de empreendimentos solidrios da cadeia de fruticultura do

    Par, incluso scio digital de adolescentes dos municpios parceiros, aes educativas de

    georeferenciamento de imveis rurais para pequenos produtores rurais e pequenos

    proprietrios de terra. Alm disso, auxilia na regularizao fundiria e licenciamento

  • 36

    ambiental, em parceria com governo do Estado do Par, no uso do computador no processo de

    formao continuada de professores, no desenvolvimento de plano de negcio baseado na

    plataforma moodle, alm de oferecer suporte tecnolgico e empreendedorismo no Programa

    EMAUS sobre sustentabilidade, compartilhamento e colaborao em rede.

    c) O Instituto de Cincias Agrrias (ICA), com foco na misso Institucional

    est pautado na busca de estratgias administrativas para manter maior

    interao entre gestores, docentes, discentes e tcnicos, coordenadores de

    Curso, diretores de Institutos, Pr-Reitorias e Reitoria, alm de maximizao

    do uso dos recursos para as atividades acadmicas de infraestrutura, dos

    equipamentos, de pessoal e de apoio extenso rural.

    Na pesquisa possui dez grupos e 55 projetos. Possui parceria com 25 instituies

    (federais, estaduais e municipais), empresas privadas, universidades, etc. Na

    extenso possui 19 Projetos, parceria com 15 Instituies (Federais, Estaduais e

    Municipais), Empresas Privadas, Universidades, etc. Outras aes de extenso: 12

    cursos de jardinagem, 08 cursos de Olericultura, convnio com 06 escolas estaduais

    para arborizao e jardinagem, convenio com 06 municpios para colaborao na

    arborizao, paisagismo e produo de mudas, participao em todas as feiras da

    UFRA. (UFRA, 2011, p. 18).

    d) O Instituto da Sade e Reproduo Animal (ISPA) atua nas reas da sanidade,

    clnica mdica e cirrgica e da produo de animais domsticos e silvestres, no

    controle, processamento e tecnologia dos produtos de origem animal, na

    biotecnologia e melhoramento gentico dos animais domsticos e silvestres. Possui

    estratgias administrativas que incluem a comunicao como elemento importante e

    na pesquisa busca a construo de equipes multidisciplinares para sua consolidao

    e crescimento, conforme aponta relatrio abaixo:

    As estratgias administrativas adotadas so: Gesto Corporativa, Capital Social,

    Comunicao. No ensino tem acompanhado e incentivado a reforma dos Currculos

    e planos didticos, a avaliao continuada, criao de novos cursos de graduao e

    ps-graduao e investindo na melhoria da infraestrutura e ambincia. Na pesquisa

    busca construir a sua identidade institucional, centrada em equipes

    multidisciplinares e projetos estruturantes, aprovao das linhas de pesquisa e o

    estabelecimento e fortalecimento dos grupos de pesquisa. (UFRA, 2011, p.18).

    Sua atuao est pautada em 13 linhas de pesquisa e 11 grupos de pesquisa (UFRA,

    2011, p. 18). As aes na extenso so desenvolvidas em atividades como: Ao PET e

    Projeto Carroceiro, desenvolvidos nos Municpios de Belm, Ananindeua, Algodoal e

    Cotijuba, Hospital Veterinrio (HOVET), Projeto Vida Digna, Cursos sobre Tuberculose e

    Brucelose, desenvolvidos em parceria com Ministrio da Agricultura Pecuria e

  • 37

    Abastecimento (MAPA) e Agncia de Defesa Agropecuria do Estado do Par (ADEPAR),

    Fazenda Escola de Igarap Au (FEIGA), Setor de Reproduo Animal e PET Veterinria.

    Atravs do Hospital Veterinrio aceita para estgio curricular supervisionado discentes

    de Medicina Veterinria e de cursos tecnolgicos na rea de diagnstico por imagem.

    Absorvem estagirios provenientes da UFRA, UFPA, UFG alm de outras escolas de

    formao tcnica do municpio de Belm.

    Desde 2010, o Projeto Vida Digna promove aes de educao em sade, versando

    principalmente o tema posse responsvel de animais, com palestras destinadas aos

    proprietrios de ces e gatos que esclarecem dvidas e informam acerca das diversas doenas

    de carter zoontico que so de importncia para a sade coletiva, alm do tema do controle

    populacional destas espcies.

    O HOVET tambm participa ativamente de atividades em conjunto com o ISPA,

    dentre elas a Ao Pet, e projeto intitulado Amazoneidade e cidadania: UFRA

    comunidade aprendendo e ensinando uma nova lio. De maneira geral, os servios

    prestados a comunidade pelo HOVET so muito variados, abrangendo a clnica mdica e

    cirrgica de animais de companhia, o diagnstico por imagem, a cardiologia, a anlises

    clnicas, dermatologia, anestesiologia, patologia veterinria, reproduo animal, clnica

    cirrgica de animais de produo at a inspeo de produtos de origem animal.

    O ISPA mantm uma rede bem ampla com outras instituies e/ou entidades, dentre

    elas: Bio Fauna, Polcia Militar, Exrcito Brasileiro, Polcia Ambiental, Carroc