EcoFootPrint Fio Dourado ESTUDO PARA CÁLCULO DA PEGADA DE CARBONO DO AZEITE VIRGEM EXTRA QUINTA DO JUNCAL EcoFootPrint Fio Dourado Estudo para cálculo da pegada de carbono do Azeite Virgem Extra Quinta do Juncal Projecto 7487 – ECOFOOTPRINT FD – VALE INOVAÇÃO Elaborado em Novembro 2016 com o apoio do
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Estudo para cálculo da pegada de carbono do Azeite Virgem Extra Quinta do Juncal
Projecto 7487 – ECOFOOTPRINT FD – VALE INOVAÇÃO
Elaborado em Novembro 2016 com o apoio do
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L ÍNDICE Resumo .................................................................................................................................... 2
I – Apresentação e Caracterização da Fio Dourado ..................................................... 3
I.1 – Contactos e Localização ..................................................................................... 4
reprodutibilidade, incerteza), para assegurar a validade dos cálculos, a precisão do
valor da pegada obtida e a reprodutibilidade e comparabilidade da metodologia.
Actividade 6 – Repartição de emissões
Os grandes processos considerados neste estudo são a produção de azeitona, a
transformação no lagar e embalamento.
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L Na produção de azeitona, por se ter uma base de dados bastante completa
relativamente a todas as operações culturais, conseguiu-se com algum detalhe, obter
as emissões por cada uma das etapas deste processo, obtendo as emissões
associadas a cada operação/consumo considerada.
Relativamente à produção no lagar, apenas dispomos dados relativos aos consumos
para a totalidade das etapas do fluxograma de produção, não existindo valores para
cada etapa individualizada, pois todas as etapas decorrem de forma sequencial,
contínua, e sem intervalos de tempo significativos. Os dados apresentados incluem
também as emissões associadas aos consumos dos processos de eliminação do
bagaço de azeitona e das águas residuais.
No que respeita ao embalamento, foi possível mais detalhe, pois o consumo energético
deste processo havia sido anteriormente medido, numa auditoria energética realizada
no âmbito de outro projecto, cujos dados permitiram obter o valor de consumo
energético associado ao enchimento da unidade funcional
Actividade 7 – Análise de dados e identificação das limitações do estudo
Todos os dados recolhidos foram convenientemente analisados e sempre que possível,
utilizaram-se dados específicos. Nas situações em que houve necessidade de optar por
dados genéricos, foi feita uma pesquisa junto de fontes credíveis, tentando sempre
optar por aqueles que melhor se ajustam à realidade da Fio Dourado.
Actividade 8 – Cálculo da pegada
O somatório das emissões associadas a cada processo, expressas por garrafa de vidro
de 0,5 l de azeite virgem extra, resulta na pegada de carbono desta unidade funcional.
Os dados primários e secundários foram convertidos utilizando os factores de emissão
disponíveis, elegendo sempre que possível, os mais actualizados e provenientes de
fontes e bases de dados de qualidade comprovada.
Posteriormente, somaram-se as diferentes componentes para obter a pegada de
carbono, considerando cada um dos sistemas de produção de olival.
Na produção primária, importa considerar o potencial de sequestro de carbono do olival,
muitas vezes não considerado na maior parte das metodologias existentes para cálculo
da pegada de carbono. Com efeito, através da pesquisa de vários artigos científicos
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L baseados em ensaios realizados em olival, concluiu-se que esta cultura, se conduzida
numa perspectiva de boas práticas agronómicas e ambientais, promove a fixação de
quantidades consideráveis de carbono, permitindo compensar as emissões que lhe
estão associadas.
Actividade 9 – Delineamento de medidas estratégicas para reduzir a pegada
Com base nos resultados obtidos, e analisando as diferentes contribuições de cada
etapa e de cada sistema produtivo, foi possível identificar um conjunto de medidas a
implementar, de planeamento e de operação, por forma a tentar reduzir as emissões
gasosas com efeito de estufa associadas ao azeite produzido e comercializado pela Fio
Dourado.
Actividade 10 – Avaliação e relatório
O presente relatório é o resultado da metodologia de cálculo da pegada de carbono do
azeite produzido e comercializado pela Fio Dourado, e procurou basear-se na melhor
informação disponível, retratando de forma transparente os cenários em que este
estudo incidiu, bem como identificando as suas limitações.
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L III - CÁLCULO DA PEGADA DE CARBONO
Definida a unidade funcional, a metodologia e os pressupostos a considerar em cada
etapa, apresentamos agora de forma detalhada a informação utilizada para o cálculo
da pegada de carbono.
O azeite comercializado pela Fio Dourado com a sua marca – Azeite Quinta do Juncal,
provém de azeitonas obtidas na exploração agrícola pertencente aos seus sócios. Os
olivais considerados são conduzidos principalmente de dois modos, em sistema
intensivo e em sistema superintensivo, também designado por olival em sebe.
Para cada um destes modos de condução de olival escolheu-se uma parcela
representativa.
As parcelas selecionadas para representar cada um dos sistemas estão caracterizadas
no quadro seguinte.
Olival intensivo Olival em sebe
Parcela Lavradios Alcaidaria
Variedade de azeitona Cobrançosa Arbosana
Área (ha) 6,49 8,75
Azeitona produzida (kg/ha) 1 6518,7 15500,14
Azeite obtido (l/ha) 2 912,17 2614,83
Rendimento (% l/kg) 13,99 16,87
1) Valores da produção de azeitona para cada parcela (em kg) retirados do programa informático WinLagar, tomando-se por referência a média de
produção das últimas 4 campanhas (2012/2013, 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016). 2) Valores da produção de azeite a partir da azeitona de cada parcela (em l) retirados do programa informático WinLagar, tomando-se por referência
a média de produção das últimas 4 campanhas (2012/2013, 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016).
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L Relativamente a operações culturais, os dois sistemas de olival em estudo apresentam
itinerários técnicos semelhantes, sendo apenas os consumos e emissões associadas
diferentes em termos quantitativos, o que irá originar diferentes níveis de contribuição
para a pegada.
A empresa agrícola dispõe de um software de gestão onde são registadas todas as
operações culturais, a partir do qual foram retirados dados específicos para o cálculo
da pegada, garantindo-se assim que os valores obtidos representam com bastante rigor
a realidade.
Seguidamente, para cada sistema de olival, são apresentados os fluxos associados a
consumos e emissões, que contribuem para a pegada de carbono.
III.1 – OLIVAL INTENSIVO
III.1.1 - Produção primária
Olival intensivo - Lavradios
Área (ha) 6,49
Produção (l/ha) 912,17
Figura 5 – Entradas e saídas no sistema de produção de azeitona em olival intensivo.
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L Operações culturais – consumo de gasóleo
Para o cálculo das emissões de CO2 decorrentes das operações culturais que implicam
o consumo de gasóleo, foram utilizados dados específicos relativamente às horas
consumos em cada operação, utilizando-se dados genéricos para a determinação das
emissões associadas a cada litro de gasóleo consumido.
Emissões de CO2eq/ litro de gasóleo: 2,63034 kgCO2eq
Valor calculado a partir do documento disponibilizado online pela Agência Portuguesa de Ambiente (APA) Formulário Único
SIRAPA - Manual de Apoio ao Preenchimento do Formulário PRTR - Emissões de Combustão - Determinação de emissões ar por
fatores de emissão emissões factores de combustão de Maio de 2015:
Emissão de CO2 = Dados da Atividade x Factor de Emissão x Factor de Oxidação
sendo: factor de emissão do gasóleo = 74,1 kgCO2eq/GJ, factor de oxidação do gasóleo = 0,990, PCI gasóleo = 43,07 GJ/ton,
e com base na Ficha Técnica Repsol Agrodiesel 10 e+, sendo efectivamente este o combustível utilizado na exploração agrícola,
considerando a sua densidade de 0,8325 t/ m3 (a 15º C).
Emissão de CO2 eq/litro de gasóleo = 0,0008325 ton/l x 43,07 GJ/ton x 74,1 kg CO2 eq /GJ x 0,99 = 2,63034 CO2eq/l
Operação Equipamento Consumo (l/h) Horas Kg CO2eq Kg CO2eq/ha Kg CO2eq/0,5 l azeite
Emissões decorrentes da transformação no lagar, de azeitona proveniente de diferentes sistemas de produção, para obtenção de 0,5 l azeite V. E.
Gráfico 3 – Emissões decorrentes da transformação no lagar, de azeitona proveniente de diferentes sistemas de produção, para obtenção de 0,5 l azeite V.E..
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A fase de produção primária é, em ambos os casos, a responsável pela maior parte das
emissões, sendo aquela em que haverá maior capacidade de actuação por forma a
tentar reduzir a pegada da produção de azeite.
O gráfico seguinte ilustra a pegada da unidade funcional, desde a fase de produção em
olival, até ao armazenamento. É bem a diferença entre os dois tipos de olival
considerados, sendo que, o olival superintensivo, por fazer um melhor aproveitamento
dos factores de produção, resulta numa menor pegada de carbono do azeite produzido.
73.66%
15.34%
11.01%
Contribuição de cada uma das fases de produção para as emissões totais, em %, associadas a uma garrada 0,5 l azeite virgem extra, proveniente de olival intensivo
produção primária transformação no lagar embalamento
67.08%
17.65%
15.28%
Contribuição de cada uma das fases de produção para as emissões totais, em %, associadas a uma garrada 0,5 l azeite virgem extra, proveniente de olival superintensivo
produção primária transformação no lagar embalamento
Gráfico 4 – Contribuição de cada uma das fases de produção, para as emissões totais, em %, associadas a uma garrafa 0,5 l azeite V.E., proveniente de olival intensivo.
Gráfico 5 – Contribuição de cada uma das fases de produção, para as emissões totais, em %, associadas a uma garrafa 0,5 l azeite V.E., proveniente de olival superintensivo.
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0.2000
0.4000
0.6000
0.8000
1.0000
1.2000
OlivalIntensivo
OlivalSuperintensivo
kg C
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eq /
gar
rafa
0,5
l az
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.
Pegada de Carbono de uma garrafa de 0,5 l azeite V. E., produzido a partir de azeitonas provenientes de diferentes sistemas de produção
Gráfico 6 – Pegada de Carbono de uma garrafa 0,5 l azeite V.E., produzido a partir de azeitonas provenientes de diferentes sistemas de produção.
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L IV – SEQUESTRO DE CARBONO
Na fase de pesquisa, foram consultadas várias fontes bibliográficas e estudos
desenvolvidos por diferentes entidades, relativos ao sequestro de carbono que ocorre
em olivais, com o objectivo de avaliar a pertinência da consideração dos valores de
carbono que a produção olivícola permite reter.
O CO2 retirado da atmosfera é armazenado nas árvores, em raízes, troncos, ramos,
folhas e frutos, consequência do processo fotossintético. A oliveira é uma espécie bem
adaptada e com tolerância elevada à escassez de água, apresentando elevados
valores de evapotranspiração, comparada com outras fruteiras, em condições de seca,
mas também quando em condições óptimas de fornecimento de água.
Apesar de as metodologias já desenvolvidas e validadas para cálculo das emissões de
carbono não considerarem o sequestro, possivelmente por ser uma situação específica
dos sectores agrícola e florestal, através da pesquisa realizada, considerou-se
essencial entrar em consideração com este processo.
Um estudo desenvolvido por investigadores do Departamento de Ciencias y Recursos
Agrícolas y Forestales da Universidade de Córdova (Bellido, García y Garrido),
publicado em Março de 2014 (“Balance y huella de carbono del olivar”), evidencia de
forma clara a compensação das emissões pelo sequestro de CO2, com consequente
redução da pegada, tornando-a mesmo negativa.
Do estudo referido, foi obtido um modelo para estimar a acumulação de carbono na
biomassa das oliveiras. Pelos pressupostos apresentados, considerámos que as
condições em que as determinações foram realizadas são semelhantes às dos olivais
em estudo, pelo que, elegemos o modelo apresentado para calcular o sequestro de
carbono, comparando essa retenção em ambos os sistemas de produção em estudo.
Sequestro de Carbono
O modelo desenvolvido traduz-se na seguinte equação:
y=0,49 x + 216, em que
y - taxa anual de sequestro de carbono, expressa em kg/ha e x – número de oliveiras/ha
Fonte: Balance y huella de carbono del olivar – Bellido L.L., García, M.P.F. y Garrido, P.J.L.B. – Departamento de Cienecias y
Recursos Agricolas y Forestales da Univerdidade de Córdova, publicado em Vida Rural, Março 2014
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L Considerando os olivais em estudo (intensivo – 235 oliveiras/ha; superintensivo ou sebe
– 1852 oliveiras/ha), obtiveram-se os valores de sequestro de carbono seguidamente
apresentados.
O balanço de CO2eq é calculado pela diferença entre as emissões e o sequestro ou
fixação (fluxo em sentido contrário, portanto com sinal negativo).
Em seguida apresentam-se os valores do balanço de CO2eq, para produção de 0,5 l de
azeite virgem extra, para cada sistema de produção, considerando apenas a fase de
produção primária, e também tendo em consideração as fases seguintes para obtenção
da unidade funcional na sua embalagem.
A maior capacidade de sequestro de carbono dos olivais em sebe ou superintensivos
advém da maior quantidade de massa vegetal em actividade fotossintética, por hectare,
sendo que, a maior produtividade destes olivais, com um maior rendimento em azeite
por hectare, traduz-se numa maior capacidade de sequestro de carbono por unidade
funcional. No caso em apreço, verifica-se mesmo que, o balanço entre as emissões,
expressas em kg CO2eq e o sequestro de carbono, corresponde a uma “pegada
negativo”, com a capacidade de fixação de carbono no olival em sebe a apresentar
valores superiores, relativamente à fase de produção primária, permitindo ainda
compensar e ultrapassar as emissões das fases sequentes (transformação da azeitona
Olival intensivo - Lavradios Olival em sebe - Alcaidaria
n.º oliveiras /ha 235 1852
Taxa anual de sequestro de C (kg C/ha ano) 331,15 1123,48
Sequestro anual, expresso em Kg CO2eq/ ha 1212,01 4111,94
Litros azeite /ha ano 912,17 2614,83
Sequestro de CO2eq/ garrafa 0,5 l azeite virgem extra 0,6644 0,7863
Olival intensivo - Lavradios Olival em sebe - Alcaidaria
Emissões produção primária/ 0,5 l azeite v.e. (kgCO2eq) 0,7723 0,5067
Sequestro/ 0,5 l azeite v.e. (kg CO2eq) 0,6644 0,7863
No caso do olival intensivo, o sequestro de carbono tem menor expressão, função da
menor quantidade de massa vegetal por unidade de área, e da consequente menor
produtividade (menor quantidade de azeitona e de azeite por hectare), quando
comparado com os valores apresentados pelo olival em sebe ou superintensivo. Ainda
assim, não é negligenciável o valor do sequestro no olival intensivo, uma vez que
permite minimizar o efeito das emissões, para 36,6 % do valor obtido se o sequestro
não fosse considerado.
1.0485
0.7554
-0.6644-0.7863
-1.0000
-0.5000
0.0000
0.5000
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1.5000
OlivalIntensivo
OlivalSuperintensivo
kg C
O2
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garr
afa
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.
Emissões e Sequestro de Carbono, expressas em kg CO2eq, correspondentes a uma garrafa de 0,5 l azeite V. E., produzido a partir de azeitonas provenientes de diferentes sistemas de produção
Gráfico 7 – Emissões e Sequestro de Carbono, expressas em kg CO2eq, correspondentes a uma garrafa 0,5 l azeite V.E., produzido a partir de azeitonas provenientes de diferentes sistemas de produção.
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L V – MEDIDAS PARA REDUÇÃO DA PEGADA DE CARBONO
Fazendo um paralelismo entre as duas situações apresentadas, e tenho em conta
aquilo que já foi referido quanto à origem das diferenças do valor de emissões em cada
uma, é bastante evidente que, quanto maior o rendimento em azeite de um sistema
produtivo, menos emissões por unidade funcional são produzidas. Ao optimizar o
aproveitamento dos recursos e factores de produção, os ganhos em termos de
rendimento permitirão diluir por uma maior quantidade de produto final, as emissões
pelas quais a produção e utilização desses recursos e factores de produção são
responsáveis.
Na produção primária, a fase com maior peso na pegada de carbono da unidade
funcional escolhida, a energia utilizada para a rega é o factor que mais contribui para a
pegada. Para compensar as emissões que lhe estão associadas, há que fazer uma
gestão optimizada e eficiente da rega, para que esta operação contribua para aumentar
a produtividade dos olivais, realizando-se sempre e apenas que necessário. Nos olivais
em estudo estão instaladas sondas que medem a humidade do solo, e transmitem
esses valores para uma plataforma que permite decidir quando regar e que quantidade
de água aplicar na rega. É uma boa prática que deve ser incentivada, para minimizar
as emissões associadas à produção no olival e simultaneamente controlar os custos e
fazer uma boa gestão de recursos.
A realização de análises de solo e foliares, para determinação da quantidade de
unidades fertilizantes a aplicar, é uma boa prática, permitindo equilibrar as
necessidades das plantas com as unidades aplicadas, por forma a se atingir o nível de
produtividade esperado e evitar fertilizações excessivas desnecessárias, com
consequente incremento da pegada de carbono.
Os olivais em estudo têm enrelvamento da entrelinha, sendo a aplicação de herbicidas
relativamente reduzida, e para além disso, embora aqui não quantificado, o
enrelvamento constitui uma forma de manutenção de carbono no solo.
O acompanhamento frequente dos olivais, permite decidir o momento oportuno de
realizar os tratamentos, procurando minimizar a utilização de produtos, reduzindo
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L custos e emissões associadas aos fitofármacos e sua aplicação.
A determinação do momento óptima de colheita, em que se pode obter o melhor
rendimento esperado, é também uma boa prática a manter, pois vai permitir que os
olivais aproveitem ao máximo os factores produtivos aplicados para a produção de
azeite, sem que se comprometa a qualidade do produto final. Neste aspecto,o valor da
pegada é muito influenciado pela qualidade pretendida para o produto final. O facto de
se fazer uma colheita mais cedo, para garantir a qualidade, tem normalmente associado
um rendimento menor, e assim, um valor de pegada de carbono superior.
Na fase de transformação, é importante assegurar que se extrai a maior quantidade de
azeite possível, optimizando os consumos de recursos, sobretudo energéticos, para
que as emissões específicas sejam também reduzidas.
Todas as medidas que contribuam para reduzir consumos, terão repercussão ao nível
da redução da pegada de carbono do processo. Organizar os ciclos de funcionamento,
evitando paragens frequentes, contribuirá para menos emissões, quer decorrentes de
consumo de energia eléctrica, como do consumo de biomassa (caroço de azeitona).
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L VI - CONCLUSÃO
O conhecimento transferido e as práticas introduzidas ficarão na empresa, que as
utilizará no futuro, no desenvolvimento de outros processos e produtos. A metodologia,
com algumas adaptações, permitirá monitorizar a pegada de outros produtos (azeites
com misturas de lotes e outras volumetrias e tipos de embalagem, por exemplo) e
permitirá ser acompanhada ao longo das campanhas futuras.
A Fio Dourado encontra-se a estudar a forma de divulgar a informação produzida com
este projeto e que certamente muito irá contribuir para a melhoria dos seus processos
e produtos e para a redução do impacte ambiental, bem como para influenciar os
produtores de azeitona com quem trabalha, para a adopção de práticas sustentáveis e
com menor impacto ao nível de alterações climáticas, reduzindo as emissões de CO2 e
outros gases com efeito de estufa.
Cremos ainda que, para além do objectivo primordial de constituir uma forma de
conhecer e controlar o impacte provocado, a pegada de carbono virá a ter uma especial
importância no futuro das exportações agroalimentares, em especial dos produtos mais
genuínos e relevantes, com especial destaque para os mercados onde existem já