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Acabe com Ele! - Bloqueio Criativo · Academia do Escritor 2014 BLOQUEIO CRIATIVO Acabe com Ele! Giselle Jacques

Jan 02, 2019

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Academia do Escritor2014

BLOQUEIO CRIATIVO

Acabe com Ele!

Giselle Jacques

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Giselle Jacques

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Bloqueio CriativoAcabe com ele!

O que é a Criatividade

A criatividade é algo inerente ao ser humano. O cérebro humano é dotado de sinapses neuronais que são a causa direta do pensamento criativo. Recombinar e renovar essas conexões capacita a porção mental criativa.

A criatividade não existe se não for posta em prática. Isto é, o processo criativo – e, consequentemente, seu resultado – precisa “sair” do âmbito mental para o físico, seja em forma de ideia, solução ou arte.

Ser criativo é um processo de invenção mental. É a capaci-dade de reorganizar conhecimentos e gerar possibilidades dife-rentes entre si. E o conhecimento é parte intrínseca da criativi-dade, pois não se cria o que não se sabe. Sem referências prévias, não há conteúdo a que explorar nem elementos a reorganizar.

Felizmente, o ser humano também é uma máquina muito eficiente no que tange ao aprendizado. A cada segundo de cada dia, aprendemos e absorvemos informação. Portanto, sempre haverá material para a criatividade se desenvolver.

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No livro O Erro de Descartes, o neurocientista Antonio Damásio diz que criar é o mesmo que escolher, inventar. Que a criatividade consiste em combinações úteis de informações. Já para Michael Ghiselin, biólogo, criatividade “é o processo de mudança, de desenvolvimento, de evolução na organização da vida subjetiva”.

O potencial criativo do ser humano tem seu início na infância. Quando mais se aprende, maior se torna esse poten-cial. Nessa fase – infância – o incentivo à criatividade também é essencial, pois estudos indicam que uma criança incentivada à criatividade se torna um adulto mais receptivo e dinâmico.

O processo criativo pode ser descrito em 4 fases, não exa-tamente conscientes para o indivíduo que o exerce:

• Percepção: primeiro estágio no processo de exercício da criatividade. Envolve o identificar o problema ou desafio a ser vencido.

• Teorização: é a observação e o estudo do problema e a conversão deste em um modelo que pode ser teórico ou mental.

• Consideração: etapa caracterizada pelo advento do in-sight, ou seja, a ideia inicial – geralmente instantânea ou inespe-rada – da solução do problema.

• Solução: conversão do modelo mental da solução em ideia prática. Consiste na realização objetiva da ideia que resol-ve o problema original.

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O que é o Bloqueio Criativo

Cientificamente, o cérebro é composto por três “outros cé-rebros”. É a Teoria do Cérebro Trino, que é composto de:

• Cérebro reptiliano: também chamado de basal, res-ponsável por movimentos básicos e focado no instinto.

• Cérebro mamífero: responsável pela psicomotricida-de grosseira e é embasado pelo comportamento emocional.

• Cérebro racional: diferencia o humano do restante dos primatas e é responsável pelos cinco sentidos, pelas funções executivas e pelo pensamento abstrato.

O que comumente se denomina Bloqueio Criativo é a perda da capacidade de regar novas sinapses a partir do co-nhecimento. É quando uma das partes cerebrais, reptiliana e/ou mamífera, atrapalha ou ofusca o processo sensorial da parte racional.

O bloqueio criativo pode ser entendido, então, como uma incapacidade momentânea, e em determinada esfera, de recombinar as conexões neuronais de forma a causar novas respostas.

Dilema e desespero de todos os artistas, o bloqueio criati-vo – ou BRANCO – pode determinar o sucesso ou o fracasso de um empreendimento artístico. No caso do escritor, essa in-terrupção do processo criativo causa frustração e sensação de impotência.

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Contudo, esse estancar de ideias é absolutamente comum e normal. Acomete 10 a cada 10 artistas pelo menos uma vez em suas vidas. Suas causas mais citadas são estresse, rotina, falta de conhecimento específico, sobrecarga emocional.

A boa notícia é que bloqueio criativo pode ser contornado e, até mesmo, eliminado. Muita pesquisa, empírica e científica, já foi realizada na área. A seguir, uma compilação de 10 técnicas funcionais para eliminar “o Branco”.

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1ª Técnica – Centralização

O que especialistas em saúde, psicólogos, gurus espiritu-ais, atletas e cientistas tem em comum? Todos eles concordam que práticas de bem-estar e relaxamento melhoram a qualidade de vida de qualquer ser humano.

A prática de esportes regulares, de meditação ou até mes-mo de uma alimentação mais saudável mostram melhorias sensoriais e são responsáveis pela redução do estresse diário. Maior qualidade de vida também significa melhor desempe-nho mental.

Quando o escritor deixa sua rotina para dedicar-se a qual-quer uma – ou a uma infinidade de variações – destas ativida-des, ele dá uma pausa ao fluxo de ideias, um descanso à mente.

Deixar de lado a frustração do bloqueio e oxigenar e dis-trair o cérebro através de atividades como cozinhar, jogar tênis, praticar ioga ou decorar um vaso de flores, por exemplo, pode ser aquela diminuição de fluxo consciente necessária para reno-var as sinapses neuronais.

Dar “tempo” ao raciocino para se recompor pode diminuir muito o estresse mental e, assim, restabelecer a dinâmica criativa.

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2ª Técnica – Trilha Sonora

O cérebro humano, em sua porção mamífera, tende a ligar-se emocionalmente a estímulos sensoriais. Constatamos esse efeito sempre que um cheiro nos remete a alguma lem-brança específica, ou quando uma melodia nos trás certo sen-timento.

Sabe-se que as porções “primitivas” do cérebro trino po-dem atrapalhar a porção racional, impedindo-a de realizar as conexões necessárias à criatividade. Mas também é possível fazer as partes reptiliana e mamífera operarem em favor do ser criativo.

Experimentar criar uma trilha sonora para os momentos de criatividade, ou mesmo para o trabalho artístico-criativo que o escritor está executando pode forçar o cérebro a relacionar emoção e estímulo à circunstância criativa.

A mesma música, tocada a cada evento ativo de criativi-dade, irá estimular esse padrão a repetir-se. Ou seja, o artista se “sentirá” criativamente estimulado ao ouvir tal canção ou som específico. Essa prática compele ao déjà vu e estabelece a conexão emocional entre a música e a prática criativa.

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3ª Técnica – Pesquisa

Outra essência do bloqueio criativo é a falta de conheci-mento a respeito do assunto abordado. Não se pode criar o que não se sabe. Muitas vezes, a barreira da criação é derrubada com estudo e pesquisa sobre o assunto ou tema em questão.

Mesmo que o artista conheça profundamente seu tema, mesmo que já o tenha pesquisado à exaustão, uma releitura de anotações ou a busca de um aspecto relacionado pode trazer de volta a estimulação neuronal.

Quando o objeto de pesquisa é, por exemplo, ficção cien-tífica, futurista ou fantástica, ou até mesmo um projeto abstra-to, ainda assim é possível encontrar algumas fontes de pesquisa adequadas. Por vezes, as fontes mais inusitadas trazem a fagulha criativa que vence o bloqueio.

A prática de pesquisa pode, inclusive, não se ater a livros ou referências artísticas. Pesquisar, por exemplo, sobre o que uma personagem veste ou come – mesmo que não seja relevan-te à história – pode estimular sinapses e revelar novos cursos criativos.

Ainda sobre este tema, tem-se o recurso da pesquisa alea-tória. Descobrir sobre assuntos que talvez nem mesmo existam no objeto criado, mas que, de forma relacionada, reforçam o tempo-espaço, a analogia descritiva ou realcem a manifestação de personagem e/ou objeto, pode intensificar o processo rea-tivo racional.

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4ª Técnica – Distância

Não adianta, ao escritor, ficar encarando a tela/folha em branco, aguardando pacientemente que a inspiração aflore. Em vez disso, distrair-se pode ser a essência do retorno criativo. Dis-tanciar-se do trabalho de criação por alguns instantes é como deixar a mente “respirar”.

Essa técnica assemelha-se à primeira no quesito redução do estresse. Entretanto, não se trata de uma prática diária ou prolongada, mas de um momento para deixar de lado o objeto de criação.

Trata-se de deixar de pensar a respeito do que se está crian-do e distrair-se com qualquer atividade corriqueira e próxima. Exemplos existem muitos. Um passeio com o cão, brincar com os filhos, uma conversa estimulante, fazer um lanche, assistir a um programa de televisão, ouvir música, etc.

Qualquer distanciamento é válido, desde que o artista real-mente esqueça-se do trabalho criativo durante aquele momento de descontração. Caso contrário, não haverá distância entre ele e o problema.

A técnica baseia-se em desativar momentaneamente as sinapses neuronais bloqueadas, esgotadas, e ativar outras com estímulos diferentes e não relacionados ao problema em ques-tão. A ideia é dar ao cérebro racional tempo suficiente para re-parar a sobrecarga elétrica que a conexão bloqueada gerou em si mesma.

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5ª Técnica – Contar a História

Uma prática ao mesmo tempo útil e divertida – para o es-critor – é narrar a história para um ouvinte interessado. Falar a respeito desencadeia estímulos neuronais diferentes de escrever e acaba por acender outras regiões no cérebro e ligá-los ao pon-to sobrecarregado.

Falar sobre o que se está criando pode ajudar muito a en-contrar saídas e novas ideias para problemas que estancam o processo criativo. A fala age gerando imagens mentais, diferente da escrita, que mesmo imagética, se utiliza de símbolos gráficos.

Além disso, o estímulo de verbalizar se une ao estímulo au-ditivo, criando sinapses entre os lobos parietal (fala) e tempo-rais (audição). Enquanto isso, a Área de Wernicke – responsável pela compreensão do que é ouvido – é avidamente estimulada porque vimos não apenas nosso interlocutor, mas a nós mesmo enquanto falamos.

O estímulo vocal acelera e cria as conexões elétricas no cé-rebro com incrível eficiência e velocidade, causando quase que o imediato fim da sobrecarga da antiga sinapse que havia sido esgotada e acabou por gerar o bloqueio.

Sem contar que é sempre estimulante quando falamos a respeito de algo a que estamos emocionalmente ligados. O pro-cesso de falar gera emoção e a emoção se relaciona diretamente com a criatividade.

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6ª Técnica – Rotina

É comum que o artista-escritor se utilize de uma rotina em sua prática criativa. Escrever de tal a tal hora, pintar durante o mesmo período do dia, criar em um ambiente específico, seja atelier ou escritório, ou mesmo em um lado específico da mesa. Alguns ainda vão mais longe, usando os mesmos trajes ou cer-cando-se de objetos que estão relacionados ao hábito criativo.

Apesar da sensação de segurança que um espaço próprio para a criação gera ao criador, este pode acabar por oprimi-lo do ponto de vista criativo. Uma técnica útil para renovar conexões neuronais é fugir da rotina natural. Forçar-se a ser criativo em outro meio, em mementos diferentes.

Se for hábito escrever pela manhã, o escritor pode forçar--se a escrever à noite. Se for hábito o atelier, o artista pode expe-rimentar a luz do sol ao ar livre. Levar o notebook ou o caderno ao parque e aproveitar a sombra de uma árvore para escrever é uma ótima estimulação.

Essa técnica costuma encontrar certa resistência, pois se torna desconfortável em um primeiro momento. Mas cabe aqui a persistência do criador e disciplina, forçando-se ao exercício criativo apesar das mudanças. Uma pequena mudança já é capaz de gerar resultados positivos.

Mesmo que a produção criativa obtida da experiência seja aleatória e não siga a linha daquela que manifestou o bloqueio, essa produção por si só consegue quebrar o padrão pré-estabe-lecido e que está efetivamente ligado ao problema.

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7ª Técnica – Perfeccionismo

É bastante normal que, quanto mais criativo é o ser huma-no, mais exigente ele se torne. A busca da perfeição é inata a todos nós. Quando o processo diz respeito ao artista, o perfec-cionismo pode lançar uma trava ao mecanismo natural da cria-tividade.

Há, nessa técnica especifica, certo grau de incômodo ao criador, pois apela para o temos da imperfeição. Isto é, pretende--se que o artista deixe de lado a intenção de perfeição da obra e simplesmente a exerça, sem a preocupação com o acabamento.

No caso do escritor, a prática é apenas “derramar” ideias no papel/computador sem se preocupar com o advento da es-tética. Esse derramamento de ideias tem o intuito de alavancar o que é realmente importante para a continuação da trama, dei-xando para mais tarde – para uma segunda leitura – o ajuste es-tético necessário.

Por exemplo, se a personagem está em um quarto de ho-tel, deixe a descrição do ambiente para depois e concentre-se na ação a ser construída. Outro exemplo é disparar diálogos como se a conversa fluísse verbalmente, sem o cuidado com o correto uso de travessões, aspas, etc.

Toda essa adequação pode ser feita posteriormente. O im-portante é não interromper o fluxo criativo em decorrência de detalhes.

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8ª Técnica – Mandala

Em situações nas quais o bloqueio criativo está diretamen-te relacionado ao conteúdo da obra, uma maneira bastante prá-tica de descobrir causas e consequências – e, é claro, soluções – é esmiuçar esse conteúdo.

A técnica de mandala reúne ao pensamento o estímulo visu-al. Outra vez o cérebro é convidado a criar conexões entre partes distintas utilizadas em um mesmo processo. Um exercício lúdico que pode resolver bloqueios referentes ao detalhamento da obra.

Trata-se de um gráfico em formato de pizza, no qual o ar-tista convida a si mesmo a discorrer tópicos sobre a composição da obra em si. Funciona muito bem em processos criativos que envolvam várias tramas ou personagens distintos ou, ainda, di-ferentes épocas e ambientações. Ou seja, escritores costumam se identificar com esse método.

A mandala consiste de partes encimadas por questões rele-vantes a cada ponto específico da obra. Em cada “fatia”, a questão deve ser respondida com uma listagem o mais completa possível.

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Um exemplo de quadro de questões voltado à personagem:

• Qualacaracterísticamarcantedessapersonagem?• Quaissãoseuspontosfortes?• Quaissãoospontosfracos?• Comoésualinhadepensamento?• Oqueapersonagemprecisaaprender?• Comquaisobjetivosparaatramaelafoicriada?

Sempre que houver algum dilema ou problema que impe-ça o escritor de seguir com a trama, a mandala pode ser usada para desvendar a causa. E, sabendo-se a fonte do bloqueio, tem--se muito mais possibilidade de achar também a solução.

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9ª Técnica – Mind Map

Outra estratégia bem elaborada para solucionar bloqueios que derivam da estruturação do enredo é o mapa mental (Mind Map). Nesse esquema, são traçados a trama principal, subtra-mas, conflitos, personagens, ambientações, e tudo é interligado para que o escritor não se perca na teia de acontecimentos.

Exemplo de mapa mental:

Mais um uso para o mapa mental é a evolução de uma personagem na trama. É possível listar características e peculia-ridades a cada fase da história, ou a cada capítulo. Desenhar e listar, mais uma vez, ativam novas sinapses neuronais e a lista serve para uma visualização do processo criativo à medida de sua evolução.

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10ª Técnica – Escreva!

Essa parece ser uma dica um tanto absurda, levando-se em conta que o bloqueio criativo faz com que o escritor não con-siga escrever. No entanto, o exercício da escrita pode, por si só, vencer o “branco”, já que o criador se está forçando à produção.

Quando o escritor se utiliza da quebra de padrões, como já foi visto nas técnicas da rotina e do perfeccionismo, várias cone-xões neuronais se estabelecem para, em primeiro lugar, adaptar--se à nova situação desconfortável ou inusitada e, em segundo lugar, obedecer à ordem de agir nesse novo conceito.

Forçando a produção artística, o artista pode lançar mão de uma gama de técnicas que irão ajudá-lo a produzir. Por exemplo:

• Escrita aleatória: consiste em deixar a imaginação va-gar sobre qualquer tema, sem o compromisso estético ou críti-co. Apenas escrever o que vier à mente.

• Sobre o próprio problema: escrever sobre o bloqueio e sobre o que o autor considera sua causa pode ser de grande ajuda na identificação e na produção de uma possível solução.

• Usar o problema como interlocutor: um jeito já bas-tante criativo de encarar o bloqueio é “conversar” com ele tex-tualmente. O escritor deve atentar para – após a conclusão do texto – as respostas “dadas pelo bloqueio”. A solução pode estar escondida nesse diálogo.

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• A respeito do tema: é outra boa forma de retomar a trama original se o escritor destacar um aspecto da obra e es-crever sobre ele. Um conto a respeito de uma personagem, por exemplo. Ou a descrição detalhada de um ambiente que é dei-xado de lado na trama.

Existe, ainda, uma técnica que é denominada Escrita Auto-mática. Nela, deixa-se que a mão escreva sem que o cérebro ra-cional dê-lhe um tema ou direção. O resultado são palavras, fra-ses aleatórias, até termos inexistentes. A psicologia afirma que essa prática pode ajudar a encontrar soluções para problemas do dia a dia e a vencer barreiras e bloqueios. Inclusive o criativo.